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FORMA SONATA
o DRAMA MUSICAL DO DILACERAMENTO
IBANEY CHASIN
FORMA SONATA
IBANEY CHASIN
r\
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE (MG) - AGOSTO/1990
Ao Pai,
Por Tudo.
ÍNDICE
RESUMO 7
INTRODUÇÃO 1
Capitulo 1 - A EXPOSIÇÃO 23
1. Das Relações Harmônicas 23
2. Das Relações Temáticas 47
Capitulo 2-0 DESENVOLVIMENTO 90
1. A Lógica do Desenvolvimento 90
2. A Exposição e a Lógica do Desenvolvimento 155
GOETHE
Máximas e Reflexões (1047)
MARX
Manuscritos de 1844
RESUMO
ser-precisamente-assim.
7
dominante. No Capitulo 2-0 Desenvolvimento - designação da
7 7
estético-fi1osof1camente aquilo que foi posto e conquistado na
de toda a dissertação.
1
modo de estruturação - e, concomitantamente, uma tentativa de
precisamente e.
2
provavelmente se faria, e essencialmente simples: a FS chega a sua
dado que e neste momento que seus traços estão fixados, sua
3
Outra questão relativa ao objeto tematizado deve aqui também
4
como linha de tendência - aqui me refiro especificamente a
Beethoven.
grande compositor.
5
menos transparentes a essencia ou o fundamento de uma determinada
sentido real desta forma musical, uma vez que a partir da linha
6
estrutura, ao longo do tempo, podem ser plenamente apreendidas. A
7
preocupação com as questões de estrutura podem ser francamente
piano o torna "palpavel". Não pode ser, pois, mera casualidade que
necessári a.
captura do conteúdo que lhe é próprio, visto que uma análise, que
8
evidenciado ao longo do texto, é um meio para a expressão de um
que, tanto quanto sabemos, nunca antes foram formados para uma
9
sociedade, estavam fundadas numa verdadeira compreensão daquela
10
expressão musical em foco. De todo modo,isso evidencia, por
porque.
11
representação da verdadeira, da essencial natureza do mundo
12
ocorreu - a uma recusa radical da arte de Mozart ou Lessing, de
13
que Marx, precisamente ao criticar os direitos do homem em sua
1793), denuncia que "O homem está longe de ser considerado, nos
14
que significa que a ela e imanente a tematizaçào densa, profunda,
que não vislumbra uma solução real para os problemas que massacram
15
isto sim, na tentativa do resgate, a nivel musical, de um período
objetivo, que nào pode, sem mais, ser negado ou rechaçado. Quando
Lukacs afirma que "A ruptura com o século XIX - o autor se refere
16
sentido, hoje cada dia mais atual, o século XIX alemào tem algum
estão por ser encontrados, mas que ja não resultaram, nem podem
17
Beethoven nào esta morto. E isso deve ser apreendido em seu
18
fato, ocorre que o processo de determinação da lógica do objeto
aparentemente indecifrável.
19
especifico nivel de explicitaçào. É natural que algumas
pretendida riquesa.
atual. Homem este que, tal qual o homem que viu se despedaçarem os
termos mais gerais, o século XIX alemão, como afirma Lukács, "tem
perspectivação.
20
pleonasma. Em suma, delucidar a lógica da musica de Beethoven e
21
PARTE I
GOETHE
Máximas e Reflexões (1050)
capítulo 1
A EXPOSIÇÃO
de sua realização.
23
musica harmomcamente, instaura regiões harmônico-tonais
24
A determinação da essencia da FS,enquanto configuração de uma
25
primeira das tres de suas seções estruturais - a Exposição
instaurador do discurso):
de conf1i to);
27
Como o objetivo nodal da Exposição e a instauração de uma
28
é referida nào meramente a transição de um a outro pólo, mas
29
polos ou regiões tonais em conflito. Estabelecer a dominante, num
conf1i to.
30
" o estilo clássico dramatiza este movimento ou, em outros
determinante do discurso.
da estrutura da forma.
31
cadência suspensiva a dominante; compassos 5/10 - cadência
32
agora predominante, é meio de consolidá-la, o que reafirma que
essas funções opostas, que se vinculam uni tar i amente, sào pelo
45 e 46).
33
Uma simetria, portanto, estabelecida na inversão, que assim
se objetivam.
Fig.3
da frase anterior.
34
3- frase: compassos 21-26 - melodia descendente em grau
Fig.4
35
gerando efetivamente um equilíbrio simétrico, em apenas tres. Sua
36
contraposição tônica-dominante. Ao revés, a presença de
harmônico.
37
A Exposição e iniciada com o acorde de tônica - dô maior
- sol maior.
38
compasso sete e configurada. Os compassos 5-7 delineiam fá maior,
aqui posta numa radical idade para a qual se deve atentar. Ou seja,
e intenso,
39
de vista temático, se opõe e contrapõe aos compassos 5-7.
40
concreto - a cada obra especifica - repõe, então, pela
sào os modos pelos quais toma forma a Exposição de uma FS. Porem,
que o antecipa^ ^.
41
mUmetm gminic «i ÂiUjnv:
Allefcro dl molto e con brio
42
melódico-temática a frase anterior. Uma contraposição - que nasce
acentuação da tônica.
43
entre esses dois momentos, apontando por si a fragmentação que
Fig.7
Laríro AlleKTO
44
dois dominante, compassos três e quatro tônica. Mas a afirmação
enquanto identidade.
desconti nuidade.
45
que o conflito polar é a configuração pretendida. E o plano
no interior da unidade.
46
da estrutura do Desenvolvimento - seção que dá continuidade a
47
possibilidades imanentes. Ha uma frase de Basil Lam que se insere
a objetividade musical.
do discurso.
48
estrutura na qual a Exposição e caracterizada pela presença de
49
a polaridade tônica-dominante - efetivada pelo plano harmônico - é
pólos contrapostos.
na unidade.
50
plano temático, em relação a estrutura global, sustentada pelo
plano temático.
pois sua objetTvaçao e por eles mediada; nem o mais simples coral
51
demarcação - das duas forças em choque. Nesse sentido, o tema e o
52
imanentemente contrapostas - o conflito polar fragmentário.
forma; e afirmado.
53
o tema na dominante, contrariamente, apresenta um movimento
54
de ré maior.
Fig.9
Tema 1 Tema 2
descendente
ascendente descendente
direção do movimento -
descendente ascendente
ascendente descendente
ascedente descendente
55
e a reelaboraçâo rítmica e melódica dos motivos é que
56
Fig.10 ill 'ii I'l n ■!
ÍÉ
conjunto ascendente:
Fig.11
57
A Op.22, composta no ano de 1800, e igualmente um claro
Fig. 12 ■ r~ ! Í ^ ) '2.1 ^
7}i-
F19 • 15 „ rr
Fig.14
§g
é aqui a necessária mediação para a objetivaçào de uma distinção
Fig.16
Allesrro vIvAce
' 'l ^ 1
1*^ i «rTffni i*
t i "1 j ^ 1^ j
59
oposto - e desse modo firmada:
Fig.17
confi guradas.
melódicas etc., que desse modo dão forma a este novo momento
I 60
firmemente). A mera reordenação superficial dos motivos é
polarização do discurso.
w' •
basica 18 . AA ■
inversão em movimento contrario surge entre os
Tema 1 Tema 2
Fi g. 18
'í! Allrirro
61
Com a mesma imediata clareza e capturada,na Op.57, a oposição
62
Uma forma que engendra um tema radicalmente distinto do inicial:
colisão motivica:
63
Na Op.Ill - ultima sonata pianistica de Beethoven - o tema do
Fig.22
Fig.23
Ê;. i*, fs.
í 1 í 1 1
) 6^*" "-li U-U -
«ai
^ — T4 Z « - s « *
64
Sol-sol bemol-là bemol e fâ-fâ bemol infundem ao tema, assim, um
um do tema de tônica.
compasso 22 compasso 61
65
efetivados numa relação de oposição, é pois a maneira de
auto-reconf i guraçào.
66
configuração mais plena e intensa do conflito, e exatamente por
plano sintático. O que significa que o discurso, uma vez que este
67
lado, que é intensificada pela intensificação da singularização
descendentemente.
68
que, quanto mais radical, mais efetivamente demarca a
69
intensamente expresiva - figura 16. Embora haja entre eles, como
vez que esta oposição so pode ter como ponto de partida o motivo
os conecta.
70
com nitidez
Fig.26
- S_í_Ijjèí^íê
conflito fragmentário.
71
ff-i
L
93
simplesmente descendente. A Op.111 realiza seu movimento disjunto
72
propositadamente aquelas analisadas quando das
Fi g . 27 Alleifro vivacr
73
composta em 1797. Expressividade que se objetiva em função da
seguinte frase:
74
construção e feita através da rearticulação dos motivos
•
1 i—'?• 1
mi
75
A descontinuidade que esta inflexão de movimento engendra
contraposi çào;
F i g. 3 3 ,
« « «
76
um tema e desenvolvida pelo plano sintático , aparece entre os
compassos 67-77:
motivo um.
dlscurso:
77
e terceiro tempos - a 99 reestabelecem, por sua vez, o motivo um.
78
a inversão em aumentaçáo de : a nota pontuada aparece
Fig.38
79
e 20 realizam um movimento que e a inversão do tema: estabelecem,
afi rmaçào).
oposição).
81
Precisamente a inflexão na direção do sentido do movimento
Fig .41
, "T V ! T ■
^ ■ m . 1 .M
s *
82
bemol , dó, ré natural, rin bemol , fâ, sol, lâ bemol, lâ natural, si
do plano temático.
83
motWica. Ou seja, os temas partem de um solo comum - o tema de
unidade fragmentada.
84
por temas opostos intrinsecamente vinculados (gerados por uma
85
geneticamente antagônicas, - o material dos temas e comum - mas,
elas) sua razão de ser. Mas sua necessidade ao longo de uma obra
86
ao discurso, que e conseqüência, não causa, de sua presença.
porque uma nova região harmonica tomou forma. (Se se pensa, por
87
sua função real no discurso, passando a uma irrelevante - ou no
conf1ito.
pela 81ngu1 ar 1zação tematica. (Isso nao quer dizer que nao haja
profundos).
88
significa que a obra haydniana seja inferior à sua. De fato,
89
capítulo 2
O DESENVOLVIMENTO
1. A Lógica do Desenvolvimento
90
enquanto que simultaneamente os temas a corporif1 cam.
radicalizada, aprofundada.
91
reconfigurar o material expositive, tornando mais determinadas -
92
não contrapõe tônica a dominante. De fato, consubstancia-se
93
somente enquanto seçào contrastante, e nào, verdadeiramente,
94
enquanto momento de concreçào. As formas binarias, do mesmo modo,
simultaneamente ao conterem claras relações com as formas
sonatisticas, delas diferem fundamentalmente. Assim, a forma
binaria de duas frases apresenta a seguinte simetria harmonica:
A-B (tônica-dominante)/ A-B (dominante-tônica). Tematicamente,A e
B configuram momentos distintos, mas sua articulação não explicita
uma contraposição. "Não obstante, a reelabolaraçào,na Parte II,do
esquema do primeiro grupo, inclui a elaboração motivica, as
modulações e o movimento seqüencial mais rápido, que vão
se converter em caracteristicas essenciais das seções de
desenvolvimento no correr deste século" - o autor refere-se ao
século XVIII (C. ROSEN,Formas de Sonata, op. cit.,
p.36 ).
Uma outra forma binaria, que se tornou quase que
invariavelmente a forma das partes internas de uma area da capo,
deve ser também mencionada,dada sua influencia na estrutura dos
movimentos de sonata. Seu plano tonai caracteriza-se pela sequinte
conformação: A (tônica-dominante) - A" (tônica-tônica). Ou seja,
por uma articulação tonai na qual está contida uma relação que
embrionariamente prefigura a conexão Exposição - Reexposição
típica do clacissismo.A ária da capo,por sua vez,fundada sobre uma
estrutura ABA, diretamente influenciou as formas da musica
instrumental, e paulatinamente sua seção B adquiriria efetiva
conformação de Desenvolvimento.
Portanto, ao mesmo tempo que as formas sonatisticas
geneticamente vinculam-se as barrocas, nelas operam uma radical
mudança: as tornam fragmentárias, dramaticas. O Desenvolvimento,
apenas neste contexto, pôde aparecer, e seu surgimento corresponde
a uma necessidade intrinseca a propria organicidade musical de
finais do secilo XVIII e principios de XIX. A "criação" da FS,
pois, ao ser posta no bojo do barroco, a ele se opõe
95
Harmomcamente, dois momentos básicos se afirmam e contrapõem
96
de tensionalização do Desenvolvimento, e atingem a tonalidade
97
tonal. Somente no compasso 109 é consolidado o processo
98
bemol, si bemol, sol bemol, embora funcionalmente pertencentes a
99
o Desenvolvimento da Op.57 nào se encerra, contudo, em sol
reexposi ti vo.
100
relações motivico-temàticas a nWel estrutural, uma nítida
ruptura.
101
pois esse motivo se auto-contrapòe. (Ver Nota 11 deste Capítulo).
imanente a ele.
102
compassos 79-90, inversamente, tinham no movimento ascendente sua
103
que engendra uma articulação sintática que se efetiva na
104
do tema inicial) em nova configuração que conserva o mesmo
105
U F M G - BiRLlOTECA CENTRAL
MKMÒKIA UFMG
de ambas as seções, o configuram, espelhando assim,o conteúdo que
106
interna dessas frases a contraposição esta do mesmo modo
107
Esta ruptura , concretada de modo tào intenso no
108
compassos - 130/135 - repõem a figura derivada do segundo motivo
que tem no tema inicial seu elemento fundante, colide com a seção
polo de dominante.
109
espelhamento de uma pugna entre forças geneticamente unitárias.
110
a uma nova descontinuidade da textura; esta, quer no bojo desses
111
col cheias e semínima, tema um - e,na contraposição a este
112
motivico-tematica das que as precederam, mas sua articulação e
113
reposição da anterior (os compassos 89/90, com pequena variação no
cada uma destas é posta pela fragmentação. Por outro lado, este
114
região grave e estabelecido o motivo do tema inicial, enquanto que
tecido no qual toda unidade musical, por menor que seja, é uma
115
contraposição entre sol maior e mi bemol maioi—menor, no entanto,
a afirmação de sol maior. Neste polo foi tão somente delineada sua
117
fragmentado em sua continuidade , e contraposto imediatamente a
que poderia se dar na medida em que sol maior e mi bemol menor nào
se objetivar.
118
distintos sào afirmados: dó menor, si bemol menor e sol maior. Se
ele aqui se põe (dó menor/si bemol menor - area de subdomi nante,
119
distensionalização, na medida em que sua senswel é suprimida (é
esboçada.
120
processo de tensionalizaçào efetivado,porem,a partir de relações
121
Fig.44
122
- movimento integralmente posto na região da subdominante é
123
matrizadora da FS
Fig.45
1
1
Aparentemente os compassos 126 a 128 sào absolutamente idênticos
124
ascendente em relação â nota lâ anterior, estes quatro compassos
Fig.46
129/132, toma forma uma frase de dez compassos que, por sua
125
abrupto seccnonamento no tecido musical, descontinuando o discurso
126
que aos arpejos em pp e conectato, no seccionamento da textura, um
127
e reafirmando a determinação, deve-se indicar que as relações
ruptura da e na unidade.
128
configuração esta fundada na colisão tematica. Aqui
130
constatado na Op.57 - pois tonalidades funcionalmente análogas,
132
em geral por períodos mais curtos que os do começo da exposição,
Fig.49
1 33
A sucessão de frases e efetivada numa descontínua e assimétrica
+(2+2+2(6)) +4+5.
134
que predominante, uma norma absoluta, presente invariavelmente.
sua estruturação:
Fi g.50
135
consubstancia equilíbrio - simetria - geradora quase de
sintaxe ).
136
subdominante de sol bemol maior, o que funcionalmente e
137
efetivada na relaçào arpejo/grau conjunto. Estabelecem, por outro
138
Do mesmo modo, por outro lado, essa relação de contraposição
fragmentação.
139
inversamente, e configurada a partir do segundo tema; compassos
objetiva como uma configuração musical que - dai sua razão de ser
intrinsecamente relacionados.
140
forma a FS sofreu com o compositor alemão, ao longo dos anos, um
Fig.51
j..;- ' ^ i""
•• Ir» '■
Fig.52
141
compassos 83/84, 87/88 e 91 tem no motivo do tema inicial seu
142
salto sem mediações a ré maior - terceiro grau maiorizado; região
harmônicas opostas.
143
dominante menor, e, por outro, todas as tonalidades estào em menor
144
145
distintas frases que se sucedem e articulam. Os compassos 68-72,
figura em seminimas.
portanto, sua força motriz. Fragmentação que revela, mesmo que sem
146
a densidade e rigor de obras posteriores, a natureza da estrutura
por um lado, que é reposta pelos compassos 85-88, tem por núcleo a
instaurados, que, por sua vez, são extrai dos dos compassos 68-72.
147
do Desenvolvimento - a aproximação a um novo momento estrutural do
configuração do discurso.
148
A tonalidade de fá menor, por fim, que começa a ser demarcada
interior do Desenvolvimento.
149
Fig.54
150
seqüência é afirmada. Uma área que, mesmo proporcionalmente menor
151
A estruturação do Desenvolvimento obedece portanto - como no
pela e na fragmentação.
152
qual nào se podem objetivar. Nesse sentido, a configuração da
153
é consubstanciado na concreçào do conflito, o que imediatamente o
154
a formas de existência radicalmente inautênticas - anti-humanas e
155
material compositive - diverso a cada obra. Em complementação,
terça (Fig.55).
156
acompanhamento, ora como linha principal - e movimento melodico.
fragmentadas.
157
*» , . _i ^ j r"
r_*
erexe.f ^ |-*r»t53 |t|55S5 = 5
gf*t tá ■I <»T«f
V ■> '» ■> ■ V '» 'l-w—^ '' r v-'t' ^
158
159
conecta-se, na inversão, a mesma figura motwica, efetivada em
160
Desenvolvimento.
161
organi ci dade.
6+4+6+4.
162
Entretanto, não se pode constatâ-lo aqui. Tanto que após a
estruturação do Desenvolvimento.
163
portanto, em funçào da lógica que determina a FS. Se há que se
164
movimento, portanto, simetricamente contraposto à linha melódica).
processo modulatorio.
165
harmônico caminha no sentido de um desacirramento. O que pode ser
segue.
166
oposto e contraposto. Antes, contudo, de prosseguir nessa
sexta acima (ou uma terça invertida) de sol: mi bemol, ré, dó/
167
uma unidade - o tema - fazem-no fundados na oposição interna do
Isso gera imediatamente uma ruptura no tecido musical, uma vez que
uma fragmentação.
168
temática sutil mente objetivada, realiza-se como a contra-exposiçào
169
discurso, impondo uma radical inflexão harmonico-tematica. A
musicalmente configurada.
170
relativo menor da tônica). Portanto, o mesmo material é articulado
Fig.56
171
A primeira frase - compassos 67/70 - e articulada, pois, a partir
172
ascendente em seminimas: si-dó bequadro-ré-mi-sol. Esta nova
173
subsequente - a si bemol maior, sexto grau napolitano de ré maior.
relações harmônico-tematicas.
174
Em função de específica reordenaçào motivica, uma ruptura é
contraposição.
175
frase - contravertem a disposição anterior das vozes. A última
176
formas que assume, nào menos efetiva enquanto tal. Dessa maneira,
fragmentári a.
177
demanda atenção especial. A forma de objetivaçào de suas relações
178
179
Seu primeiro periodo e formado por treze compassos
180
fP3gp^0iTtaçãoJ 03 ©xâts msdiòâ ©m pus são srticulsdos 3 psrtir do
descontinuidade - do fracionamento.
se interligam na contraposição.
181
um lado, porque essa frase se contrapõe e opõe â que a antecede,
182
ascendente, ao qual, na contraposição, e conectado o motivo dois.
da unidade.
183
objetivado. (No capitulo anterior foram feitas considerações mais
consubstanci ar.
Exposi ção.
184
essencialmente distintos e contrapostos. O primeiro é de textura
185
compassos 50 e 51, delineam, na seqüência, uma linha melódica
186
intervalos, como já determinado, constitutivos do material
simétrica de fragmentação.
187
verdade desta formulação, naquele momento não era possível ainda
188
respetivamente, mi-si (quinta ascendente) e ré-sol (quinta
evidenciação disto.
figuras motivicas.
189
Os primeiros dois tempos do compasso apresentam, em suas segunda e
compassos 50 a 53:
Fig.60
objetivação.
190
A simetria no discurso sonatistico beethoveniano, portanto,
fragmentação.
ela inerente.
191
confronto frasico - interno e nas relações entre as frases - de
Fig.62
192
CAPÍTULO 3
A REEXPOSIÇAO
1 . A LÓgica da Reexposição
193
inexoravelmente, uma efetiva reordenaçào do expositi vãmente
mesmo tempo que,de outro lado,se pode sustemtar igualmente que essa
194
conflito. Nas palavras de Rosen: -Quanto maior a tensão dramática
195
desenvolvimento harmônico e motivico, não para prolongar a
Fig.63
Ad&frlo
196
Fig.64
AdAfrio
197
maior de ré menor - nào resolvida, que e seguida pelo delineamento
198
relações entre os compassos 153/154 e 155/170, embutem na unidade
199
Produzem uma linha melódica ascendente firmada entre mi 1 e ré
cada uma das frases desse periodo. Cada qual, nesse sentido, como
200
conflito. Aqui, concretamente, a configuração do desenvolvimento
42 da Exposição).
201
Fig.65
tit «
202
é uma unidade fragmentada:
Fig.66
203
226-229:
Fig.67
204
tônica e condição essencial. Com este mesmo fim, ou seja, para a
domi nante.
205
sol maior. Tonalidade essa que pela contraposição assim
206
reexposiçào do segundo tema - tal qual a frase iniciada no fim do
Fig.69 n ■ - ■ —1
A Reexposição nào e - nem poderia ser como visto, uma
208
Porém, momento que simultaneamente, dado seu modo de
dominante) - subdominante.
Fig.70 /li?lia
(»^ m. m. áí mm m * "■ m. m. M eu a
t:g»gg£pe»gfce;cg»gcg;:e»e=g
^ PI'
nri '
3 5- t 3• —"•> ' wt —'
209
Pelas redundâncias que geraria a efetivação de uma análise
211
concluídos pela figura derivada dos segundo motivo do primeiro
212
na Coda, o que não ocorre na propria Reexposição demonstra a
/
intima relação que as une). Por fim, o período formado pelos
afirmação da tônica.
213
um devei—ser conduz o discurso a efetivação da Coda, uma vez que
214
Fig.71
CS) ^
' U ' ü I
If
AiC=
9'^ li r'
• '1 •* I*1i~ •
215
TI
216
respectivamente), em seu sexto grau o tema e seguido entào por
Fig-72
217
' !>• i i
218
da consolidação da tônica leva o discurso, então, a conformação de
Reexposiçâo e Coda:
Fi g.74
Si
A I. !— »líà'« ?•= rffr 'i.
r—_
220
Reexposição da Op.10 N- 2 em fâ maior é principiada,estranhamente,
221
firmado: a -resolução- do conflito polar-fragmentário. Qualquer
222
em suma, que a Reexposição é a expressão musical de um dever-ser,
223
fragmentação, uma vez que a polarização tonica-dominante
224
que contrapõe agora a tônica a si propria. (A permanência do
harmoni CO, não pelo surgimento d© algo novo, mas a partir de uma
225
Portanto, sua configuração e mediada, não obstante a eliminação do
226
estrutura da FS. Aqui, o esforço foi centrado na tentativa de
correcào daquilo que por ela e expresso, mas, sim, que o confirma
228
Precisamente nesse itinerário, creio, constata-se que o elemento
nome. Este e sem duvida um estilo que se põe como normativo, seja
12
nas aspirações, seja nos resultados- . E isso não pode ser
229
CAPÍTULO 4
230
sonata beethoveniana ou, especificamente aqui, cada Allegro de
aquele.
dissertação.
231
essência da FS e a explicitaçào de uma colisão, fundada em
forma a partir dele, uma vez que o plano harmônico, como mais
232
muito apropriadamente afirma Rosen, ao analisar a lógica da
233
Na Hammerklavier, portanto, e de forma radical, cada menor
Seu primeiro tema, nesse sentido, nada mais e do que uma "simples"
da Exposição:
Fig.77
•I :• • à' 1 1 il 1 « 0
j ..ii-K»:
w
i". «; •• •• 1; II ft|
234
OS compassos 13-16, em nova reordenaçào motWica - portanto na
bemol maior.
235
enquanto o segundo grupo e efetivado, distintamente apartir de um
descontinuidade interna.
236
Os compassos 31 a 34, por sua vez, encerrando esse periodo,
237
salientar, esse segundo penodo e produto de fragmentações que se
efeti va (F i g.81 ).
238
nos compassos 39-44. Sua efetivação e o resultado, então, do salto
Fig.82
de sua fragmentação.
239
temática dominante, tanto na instauração do polo de tônica, quanto
240
descendente seu elemento motWico fundante. Porém, distintamente
i denti dade;
Fi g.84
» \ \ . im^
> >
^— u
•a ■■ « —
241
o movimento por terças descendentes, que se põe entre as vozes
242
A afirmação de uma terceira tonalidade, tematicamente
243
contraposição fragmentária é mediação na configuração de uma
244
Fi g.86
245
caso concreto, o que não significa que nào hâ reordenações
Desenvolv i mento.
246
que se caracteriza por sua intrínseca descontinuidade. Essa
inflexões efetivadas pelos compassos 177, 179, 181, 183, 185, 187
e 1 89 - Fi g . 87 ) .
247
248
ponto de vista funcional a ela oposta radicalmente. Isso, por si,
249
rompida. Rompimento que torna mais radicalmente fragmentário a
250
é alcançado pela e na contraposição harmonico-tematica
conteúdo posto pela FS, na exata medida em que uma ruptura radical
e si natural.
251
No bojo do discurso efetivado, tematicamente fundado na
do baixo contem essas notas, que violam a tônica. Por outro lado,
compassos 20, 22, 24, 25 e 26, revela sua lógica quando se observa
252
configuram-se numa colisão, mas fundamentalmente porque a
conformação inicial.
Fig.90
mprf fid
253
marca. Esse efeito clarifica a estrutura de modo incomparável ,
bemol maior (si bemol), sol maior (si natural), mi bemol maior (si
254
interconexào harmônica entre Exposição e Desenvolvimento. Pois o
255
Fig.91 fi f; Mji8; 1- Í . fPl f'f: i,\—p, i";.
p—
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ÚÈJZ
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^VA—c
,'g ,^3r>S»
sustenta Rosen: "O retorno a si bemol maior, no inicio da
257
impossibilidade desta resolução se manifesta de forma nitida no
258
ao seu ponto de maior tensão, é mediada por um movimento
259
discurso - infundem uma tal densidade final a configuração radical
inteiramente desequilibrado;
260
Nesse sentido, um continuo movimento em arpejo, articulado em
261
sua auto-contraposiçào - portanto, que se atualiza ou entifica em
conteúdo.
262
Conteúdo que é configurado de forma distinta em cada uma delas. A
essencialmente distensionadas.
263
Contudo, a inflexão romântica levada a cabo nào correspondeu,
264
da música de Beethoven, como também de Haydn e Mozart, e
inquestionável.
o
sua lAnira
' oy * - de seu conteúdo. Ou melhor, de seus conteúdos, na
265
medida em que a tonalidade e o resultado de formas particulares de
266
PARTE II
A literatura se corrompe
na medida em que se corrompem os homens."
GOETHE
Máximas e Reflexões (1028 e 1029)
INTRODUÇÃO
ausênci a.
267
Não é possWel detectar, nem mesmo se pretende, todo o
267a
mais concreta de seu conteúdo necessita da organização e analise
que é seu conteúdo, daquilo que por ela é configurado.Por fim, com
267b
das determinações alcançadas. Reafirmação essa que,
simultaneamente, será a realização de um novo momento de
267c
mundo que parece ter perdido ou negado os caminhos que conduzem a
267d
capítulo 1
268
campo. Nesse ponto, em suma, toma-se como referencia fundante a
outra dissertação.
269
A - Lineamentos do Gênero Dramático
270
"Também o drama /.../ se orienta para uma refiguraçào total do
271
geneticamente vinculada à existência de relações humano-sociais
272
contradições da vida empurra necessariamente no sentido de uma
dramático na vida.
que o drama nào tem por conteúdo uma colisão entre distintas
isso: nele está contido o de onde para onde do homem. Vale dizer,
273
- o que, aliás, artisticamente seria muito pobre. Assim, a colisão
274
distorções em relaçào ao que o texto pretende expor).
respei to.
tudo, ela não vale nada. Isso e o que quero dizer com
275
depreende.de suas colocações; a ela toma por conteúdo. Uma outra
exposta; "O mais belo livro do mundo não salvara da dor uma
queremos que a obra seja ao mesmo tempo um ato; queremos que seja
276
realidade humana da qual parte. Ao nuclear-se sobre uma colisão,
277
consequentemente, que a tragédia esta intrinsecamente vinculada a
relaçao com o homem; nao queremos nenhuma arte a nao ser aquela
13
que seja o reflexo dessa relaçao." Uma vinculaçào, por outro
lógica interna deste, dos nexos que o poem e repõem em sua efetiva
pu1saçao.
Lear, Lukacs explicita com nitidez essa questão, ao mesmo tempo que
278
conseguida esta impressão de totalidade? Na relação entre Lear e
279
drama, com o mundo que o circunda. Vale dizer, "A exigência de que
a exigência de uma
refiguraçào artistica da sociedade humana tal
15
como esta se produz em seu cotidiano processo vital." Portanto,
280
seria falso, ou meramente mecânico, afirmar que o gênero
que é, nào tem porque revelar sempre, segundo seu modo direto de
tal base com a forma concreta da colisão pode ser muito complicada
281
imediatamente indique ou se direcione por essa transformação. O
esse rumo.
282
fundantes, essenciais, tipicos. Ou seja, os heróis df^amaticos
herói darmático.
283
esquecer nunca que o rumo à catástrofe tragica foi sempre, nos
284
permaneceriam ocultas, que nào se manifestariam. O herói dramático
cresce através da colisão até alcançar uma altura que não havia
antes em seu caráter, a nào ser como possibilidade por ele mesmo
pode se dar.- e tem mesmo que se dar „ uma vez que na malha de
conflito, uma vez que essas mudanças sociais se põem como produto
285
objeto reproduzido, na medida em que o movimento no sentido de sua
Julieta.
286
isto é, da expl 1 ci taçào, basicamente, de que um drama e a
287
vinculados ao conflito. Nunca, pois, distante ou à margem da
288
exato sentido de que por esta via o conflito musical adquire
envolvimento a não ser das forças em pugna. Estas, são pelos temas
289
present^ como ocorre exatamente em Beethoven. Assim, se
explicitaçào do conflito.
290
significa a efetivação de um confronto, na medida em que esta
musi cal.
291
25
dessa colisão e supérfluo do ponto de vista do drama" . Isto e,
292
/
afirmação de Rosen (Parte I, Capitulo 1, Nota 6), segundo a qual a
293
inclui um movimento inicial da tônica a dominante, porem o estilo
294
temático, que se realiza a partir do conflito harmônico, entào o
como de todas as
formas sonatisticas em geral, "...o drama esta
28
implícito na estrutura" . O que significa, enfim, que o sonatismo
nenhuma outra determinação para alem das que ate aqui foram
295
manifestam entre si densos liames e relações; não sendo meramente
296
inexorável do dever-ser pelo trágico, uma vez que este é a via da
297
dever-ser que passe pelo trágico, de um dever-ser que seja a
articulação dramatica.
transfiguração das formas de soei abi 1idade, pois não são geradas
elimina de sua conformação o trágico, uma vez que este não emerge
298
realiza-se, assim, "desnaturada" em sua lógica. Ou mais
299
do capitalismo que terá inicio pouco depois, ou que mesmo ja
capHulo seguinte.
300
Lukacs, ao considerar o alcance ideológico do referido
301
poderia vislumbrar respostas para os problemas inerentes a vida
da soei abi 1idade do capital, uma vez que nào estavam presentes -
302
um perfil da personalidade de Beethoven, L. Magnani tece
303
enquanto tal. Isto reflete o fato de que Beethoven, como humanista
maxima autenticidade.
304
Tudo isto significa, afinal, que a FS, incluída a
305
casualidade que ela nào se ponha, nem possa se por, como uma
306
35
desenvolvimento histórico em torno de uma grande colisão" o
307
exemplo, dispõe vanas ações paralelas ao destino trágico de sua
desencontros humanos.
308
epica.
conecta-se de forma mais direta com seu contorno social, uma vez
309
ressaltado, o resultado de uma arbitrariedade estetica, operada
310
A delucidaçao aqui, de fato, nao procurou ir alem, e ainda assim
31 1
do desenvolvimento daquele. Contraditonamente, contudo, e
necessário firmar, por outro lado, que as formas de soei abi 11dade
312
burguês sobre os privilégios medievais. A revolução de 1648 foi o
sociais, que deram origem ao genero épico, não estão mais presente
313
..42
da carcteristica da epopeia pura. Vale dizer, o romance e uma
314
movimento musical que é parte dela se estrutura como momento
315
pelo barroco, que passam a integrar o genero sonata, fazem-no a
316
dramas trágicos (e tragi comi cos) da vida que sao na propria vida
mas uma forma que é uma das ações - mesmo que central - de um todo
317
por ISSO, as relações temáticas de toda a obra, como também as
que o conflito nao aparece -em si-, mas em sua ampla vinculaçao
tarefa.
318
numa lógica de conformação estética na qual a relação entre as
essenc1 a 1.
dramas inerentes à vida burguesa, uma vez que estes nao podem
319
de um momento histórico onde indivíduo e comunidade estão em
320
conteúdo próprio que engendra e tipifica o genero épico, o que
para a
» falta de uma definição mais precisa daquilo que
321
musicalmente e expresso. Em verdade, o que isso reflete e uma
322
centro de sua refiguraçao o homem dividido, dilacerado; o herói
a epica possíveis de seu tempo. Com isso se quer indicar que ambas
323
necessanamente, consubstanciam-se enquanto objetivacoes estéticas
324
SÓfocles ou Shakespeare; pois, a forma estetica e a forma de um
conteúdo, de que drama se fala, uma vez que nno se pode negar que
sua forma seja uma forma dramatica? Ou, em outros termos, qual e o
325
capítulo 2
A FORMA SONATA
esteticamente compreendida?
qual o homem se objetiva numa soei abi 11dade regida pelo capital,
326
juntamente com Lessing e Goethe forma o tnpe dos representantes
327
trabalhadores: 'Muitos ofícios nao requerem, de fato, uma
pode ser comparada com uma maquina cujas peças singulares sao
328
homens, a clareza de suas aspirações, a amplitude de sua
campo humanista. Isto nao é, nem pode ser entendido como mera
329
mercadorias. Uma produção crescente, portanto uma ampliação da
330
básica. Propoe a busca da mui ti 1ateralidade, o livre
331
obstante a correta e coerente convicção da ilustração de que era
332
forma de soei abi 1idade grega, uma clivagem radical entre o publico
333
aparece, pois, como "membro imaginário de uma soberania", falseado
334
objetivamente inexistente - resta-lhe apenas a dimensão privada
335
com os objetos naturais, como um mundo estranho que a ele se
fato oposto, pelo qual a consolidação das formas de soei abi 11dade
336
burguês ja se explicitam de modo mais nítido, as formas de arte e
estrutural da arte.
337
idealmente ainda revolucionaria aparecem como traços essenciais,
bastante elucidativa.
338
grande configuração poética de uma tragédia de amor, também
Werther esta para alem de uma mera tragédia amorosa " ^ \ Ou seja,
339
colocou veementemente o problema do livre desenvolvimento da
13
personalidade, opoe também a ele sucessivos obstáculos" . Isto e,
340
unitário reflete-se na "ética como exigòncia de leis gerais
15
unitárias da açao humana " . Ocorre, todavia, que esta
sociedade. "E nao so, como imaginou Kant, porque alguns meros
341
desfibramento enquanto homem - atender a generalidade abstrada
personal idade.
342
entre paixões que por si mesmas nao tem nada de associai ou
343
seu direito ao suicídio de um modo que reflete, ainda,
,20
ressonâncias revolucionárias . Nesse sentido, quando Werther
344
de valores autênticos.
345
das formas de sociabi1 idade burguesa ja revelavam mais
346
dominam a tematizaçíio posta. Nesse sentido, o teatro
347
emancipaçáo de um alma poética, na segunda, o que o leva ao teatro
rodeio até à meta. A nova versão se amplia, desse modo, ate ser
„35
uma representação da sociedade inteira
348
efetivação que só pode se realizar na relação entre individuos,
s
1 deals iluministas é o fio condutor que perpassa e funda a açao
349
apreende-se genencamente esta determinação, mas tao somente a
presença matrizante.
350
viajou por todo o mundo, mas lutou, por exemplo, na
sempre, faça o que faça /.../.Nâo pode perguntar quem es, mas
apenas que tens/.../e se pressupõe que em seu ser nao ha, nem deva
critica Ha
ua divisão capitalista do trabalho, da excessiva
351
especialização do homem, do rompimento do homem por esta divisão
centro ativo que a vertebre, sem uma atividade que nasça do centro
44
humano da personalidade e ponha em movimento o homem inteiro"
autêntico, gerada por uma soei abi 1idade que dilacera a unidade do
^ st?
qU© oQ tr
evidencia,
V I vrf uma vez que a preocupação basica com o homem e
352
seus destinos e a substancia que as matnza. Ou mais
353
revolucionános, exigia de quem dela se aproximasse esteticamente,
determi naçao.
humani dada•
354
A preocupação com o homem e seus destinos, que perpassa a obra
355
or,-i - de aue Beethoven esta em luta contra a mesquinha e
L.
apodrecida sociedade a)ema e contra a prosaica ordem social
precisamente porque ambas impedem o livre
^ ^ ^,„-.r.ar>ao
a dst»©! minai, da FS enquanto forma do di 1 aceramento humano se ve
CO 1I I SaU no
' interior da unidade (Cf. Capitulo 1, Parte I)
br©ves o
^ suscintos contornos. Nesse sentido. Garnets de
356
L»Antinomie Kantienne e Ia Forme-Sonate, apresenta a seguinte
"Inserindo no esquema tradicional da composição um
cons 1 aerav"*-^ •
musica, r-nmo
COmu Kant outrora na filosofia, a nova concepção dos
materia, nonntivo*
negativu, o outro como instinto da forma,
positivo • aq forras
lur^a em colisão nao sao porem, como sugere a
citaçao, orincíoios
P' ^ abstratos. Mas, como indicado e fundamentado,
iihietivo,»
repente sudj uma relação de oposição entre os temas, mas sim
357
relação tematica de oposição e contraposição nao esta, pois, em
um dade.
358
caso, com algum sentido. Profundamente examinado, este ponto de
359
nossos dias, a oposição e sentida de um modo particularmente vivo
que sacudido por todos os lados. Uma vez mais: ao homem importa
numa forma concreta. Mas dai a pretender que o conteúdo como tal e
360
Qfle Uma vez então que na sua concepção o conteúdo da obra nao
Capitulo.
361
expande Lukâcs, ao tematizar a concepção estetica de Hegel,
K-cal •
yniversa De modo que toda a estetica converte-se numa grande
uma ..n^iira
rup ° imDôe-se
^ como centro da forma porque e a expressão
'
"heroí conatistico
tjwii"" sao a expressão do homem dividido,
362
(Recordamos,uma vez mais,que todos os movimentos de uma sonata tem
ser por grande falta de rigor, encontrar uma vinculaçao real entre
estética beethoveniana e o romantismo nascente. Uma
a 109 '
^^caracterização ou degenerescencia que encontra seu paralelo na
363
sobre o ajuizamento de Goethe em relação a poesia romântica,
Lukacs, na pobre,
nd M ' vazia e abstrata concepção de que "a Ilustração
364
enquanto expressão de uma irracionalidade existente no bojo do
COíTtO a
« mais alta expressão do pensamento burguês, tendo
■ia
burguesia, nue
m" somente reconhece na ciência, na arte ou na vida
r.r.r ISSO
— 0 qu6 P^' ' desfigura a obra estética efetivada. Nas palavras
pratica rift
uo Cornei lie, de que ponto de vista o faz?
365
Parte, precisamente, de que a concepcao do trágico
1
revela, ^rr,
s'" wprriade.
" ' que o Sturm und Drank e um braço alemao da
raiz, pnuivocada,
"u uma vez que desconsidera, entre outros fatores,
" CO
Q g©n6S61 o
^ solo especifico de sua origem. Como diz Lukacs; "em
-1
realiuauc, hoie
> esta claro que os verdadeiros pais do Sturm ufia
59
Drank sao Montesquieu, Diderot e Hosseau..." .Nesse sentido, vale
desse r^orínrto
per ' • induzindo a supor a existência de um Goethe e
366
A arte ilurmmsta alema estava devotada e capacitada, dado
367
tempo O que subentendia a critica radical ao modo de objetivaçao
Q S O Wlmfi
11 w sua organização musical e 2) a quadra histórica em que e
reforçada.
vida, mas
"1°" de uma fragmentação dramatica no interior da
368
individualidade. Quando Lukacs afirma que o drama - o conflito de
^
natureza tráaica
urayi"-" - e um fato geral da vida, tal determinação pode
drama roali .
rea Em outros termos, a FS e expressão de um fato
riP wii
sociais uc um determinado complexo social (Cf. Capítulo anterior)
^ Q— S© T■forma
U í I"" » em ultima analise, a um problema humano que se poe a
m ve 1I Ha
ud individualidade.
' Isto e, da-se forma a um problema
adqu 1-ii-ni
r I u o car.-^ter de um assunto privado... o que jri ò um outro
pela cc
hb p
« o
^ drama de cada individualidade sensível, que nao
modo, •cráaico
L-r I e FS nao se conectam, nem mesmo poderiam, embora a
369
PS e ISSO e que precisa ser fortemente s i na 1 i zado, se.i a a
370
capítulo 3
ARTE E REFIGURAÇAO
««/-■in
transparência e densidade ainda se objetivarão as determinações
371
tecidas ao longo dessa segunda parte do texto, uma vez que serão
aicançadas.
372
investigação, mas que demanda necessariamente prosseguimento.
Si nfoni a.
373
necessariamente que ignorar a essencia da realidade"^. Em outras
374
embute e expressa uma generalização. Observa Lukacs acerca do
375
todas as raízes da arte do terreno no qual ela cresce e atua. A
partir da qual o artistico se efetiva, uma vez que seu objeto, seu
376
efetivamente mimetizado. Nesse sentido, e necessário abordar,
ser, oníQ-
po •° não é a arte (nem ciência alguma) que cna o típico,
corretamente.
377
real concreto que, realiza determinada obra, efetiva-se enquanto
lógica fundante que a matriza, uma vez que ela é posta a partir
378
simples conformação fenomenica da epiderme imediata do objeto. Em
este objeto sob forma estetica, uma vez que suas categorias estão
•
artística - M"
nue uma obra - entifica uma singularidade para alem da
foram 4-£»/~irias
teuiua^ quando,no
m capítulo anterior, surgiu a questão da
nuais o
pelBS QUa indivíduo se faz indivíduo, todas as suas relações
379
campo de açâo, ponto de coincidência e única revelação possível e
■e-ir-am
^TplTiCani^ O indivíduo enquanto indivíduo, sâo imanentes a
0Xp i-ir-ita
• «Cl a interpenetraçào que se poe entre singular e geral:
ou aniioio
aquo I" individuo, queira ou nao, é representante
■ - -.-ia ou
ciência uu da arte, passa necessariamente pelo estabelecimento de
Aac ontre
relaçoei» ok" singularidade e universalidade, verifica-se que o
P.204.
15. Idem, ibidem, p.247.
380
singular porta em si a generalidade que lhe é propria. De modo que
'.,«1
impossível Qfiu ascenço espontâneo e elementar ao nível da
^í-.inrâo
conceituaçao-. Ou ainda, em outros termos: "Como a
PP-200/201 .
381
antes da reciproca mutação entre ambos "^Isto nao quer dizer,
especi T I I que
^ tipifica um campo de singulares; está-se
-«In Ha
pflpC©I» ^ vida; ou seja, algo que se consubstancia enquanto um
382
singular nao pode explicitar sua propria orgamcidade efetivo. 0
por mais peculiar que seja, tudo quanto seja possivel expressar,
prende-se n
a seu concreto modo de existência. Isto e, e numa
383
quer atingí-los»^^® Que se caminhar na direçdo da general i zaçdo; ou
seja; "co
se o Densamento se orienta a essencia tem que atender
0 X p licita
* 1c e expressa o essencial do objeto que refigura, que da
forma aò lAoica
• interna da realidade reproduzida; que atualiza o
de singularidades.
4...ria. rtfi
•jnfiriituatj uo seu
^ objeto, que é uma totalidade intensiva, ou que
wo om
intensiva em nue se consubstancia uma obra resulta ou e expressão
^0 ■mn
umo aeneralizaçâo
w determinada, isto é, enquanto mundo
304
pois quando o reflexo eetetico se propoe a evocação de uma
. ^
0XlSt»6nuW» mas se efetiva enquanto tal na exata medida em que
ó alcançado
O QU6 ü » ▼ uma vez que seja singularizaçíjo típica. Pois o
385
Vale dizer, tipificar e tornar a singularidade estôtica
reveladora da particularidade.
386
inexistência seja reflexo de que a arte se afasta da vida.
critica que Werther tem de seu mundo. Isto nao quer dizer, porem,
que a nhra
<->1-" " desrespeita o real do qual parte, ou dele se
387
plenamente mantida ,se o objetivo é alcançar uma efetiva
aparece ^■ior,Qi-cn
disperso, que no individuo nao pode ganhar,
raizes ria
oe uma
uma verdadeira obra sao tâo profundamente fincadas na
induzir aò raio"
fBl<?a idéia de que entre ambas ha um hiato. Lukacs, ao
^
mostrar fl
« relação vital da arte com a vida, elabora uma
causa Ma
ae «íua fidelidade apaixonada a realidade tomada em seu
388
singularidade estética,a lógica de um particular. Razflo pela
QUuoiI « CO evidencia
^ que a refiguraçao estetica nao e algo linear ou
" i ca.
ftiecan ^ na fato
" • a arte cria algo que, enquanto tal, nâo existe
.lar-
part1CUI ar, e
^ nrecisamente
K esse processo indica o carater nâo
desenvolve ciins
suai. atividades e relaciona-se com outros homens em
389
configuração de seu típico contorno social. Portanto, a
tm suma f "a
" arte representa a vida tal qual ela e realmente: ou
27
seja exatamente em sua estrutura real e em seu movimento real"
390
uma vez que a arte caminha na direção da apreensfio da essencia de
por^ icQo
' 0='-' • o conhecimento do mundo, pois o objeto refigurado e
391
o típico, jamais perde o perfil de uma singularidade. Ou seja, na
392
como qualquer outra relaçao humana, envolve, necessariamente,
obra de arte jamais ela pode assumir uma forma autônoma, separada
e-i
0(T) Si 'na realidade, em um ser-para-nòs. A especificidade da arte,
393
Werther Trata-se de um homem, de um indivíduo especifico, cuja
fenomeno «vnr«<;sa
exproooa imediatamente a essência. Nas palavras de
genera 1nzaça" m
aue conserva suas formas fenomenicas, mas as torna
transparentes, nropícias à
m ininterrupta revelaçdo da essência.
394
estruturais da "fatia" humano-soci etar i a que
deternn naçooo
395
ou transitoriedade. Uma abordagem, contudo, que estara limitada a
como mais
a nia I^ satisfatória. Young afirmava que a originalidade se
conceito ae -imitarao,
un.uav e a i ndetermi nação que pairava sobre seu
conceito ria
ae natureza, ele estabeleceu, e isto e o decisivo, a
kantiano, uma
uma vez que este, segundo Lukacs, so admitia
^ ,.0
Signifca concretamente dizer que na estetica hegel iana "a
396
tarde sutentada e desenvolvida pelo romantismo, de que uma obra de
partir da qual tudo seria gerado. Como também, por outro lado, que
odn do material
elaboraçau deve corresponder a legalidade de um genero
especiTico. o aue
M está em direta correlação com a determinação de
lados r.rtn
nau conserva nada de estranho em relação ao outro. De um
Hn nue
mais ao a natureza do objeto, de tal forma que aquela
397
ao conteúdo - o respeito a legalidade do gênero - eis o que
ela nâo pode ser esquecida no reflexo estetico. Alias, elo chego
398
originalidade, portanto, segundo Lukacs, vincu1a-se intimamente
399
dramático. O original que aflorava com o sonatismo está imerso,
400
busca compreender e reproduzir, organiza sua conformação estética,
em intima conexão.
anterior.
401
ao gênero, à ti pi cidade de um momento especifico da realidade. Foi
t *
dito ainda que obra original e aquela que da forma ao novo em sua
estéticas".
f *
O que se afirma, em suma, e que a eficacia de uma obra de
402
portanto, se objetiva como o meio que viabiliza essa explicitaçào,
403
as obras assim realizadas correspondem à uma deformação do real,
novo". Esta nova forma, por mais pesquisada e rebuscada que possa
404
Uma obra de arte e o resultado, como se apreende da
em que uma obra e uma mimese, uma mimese que explicita o essencial
405
si, isoladamente tomada, não se consubstancia enquanto fator da
406
concretamente o sonatismo alemào esta determinação aflora de
evolução humana.
407
estética objetiva, enquanto perspectiva humana superadora em
408
derrota, fazendo ressaltar energicamente o direito social do novo,
409
real. Vale dizer, na medida em que os homens nao podem reconhecer
visa apontar ou esboçar aquilo que deva ser perseguido pelo homem.
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pelo qual deva se inclinar e direcionar, no sentido de levar â
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como ocupa um lugar central nessa esfera, um lugar matrizador.
da existência.
se está aludindo - uma vez que a arte não toma por objeto um
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atendemos, pois, aos concretos problemas da literatura, deveremos
concreto, determinado.
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cada movimento tem por centro precisamente uma colisão - que se
cotidianeidade.
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decisivamente presente. Nesse sentido, o que aqui se está
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põe-se não somente em sua pura dimensão objetiva. Na arte, à
que e a obra de arte, que não apenas reproduz o mundo dos homens,
arte, a real idade humana. Não obstante, o que por elas e buscado
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complexo de complexos humano-societário - buscam em essência, com
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forma ser um drama musical determina já, por um lado, a natureza
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mundo representado na individualidade da obra de arte" ; ou em
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referência ao homem. Isto nào significa, porem, uma subjetivação
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embora longa, a citação desta passagem, através da qual se destila
tudo o que o determina junto com o seu destino. Porém isto não
personalidade. Ate esse ponto, não vemos nada que constitua uma
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em-si em para-nós. O que torna a esfera estética portadora,
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mundo do homem enquanto autoconhecimento humano, e é nisso que se
basicamente simples.
fragmentação humana.
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daquilo que tem importância e decisibi1idade para o homem - que
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seja humanamente fundamental . Nas palavras de Lukacs: "inclusive
CapHulo anterior. Desse modo, não pode ser meramente casual que a
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se punha naquela quadra histórica. Por outro lado, - e isto
que merece ser refigurado, que ganha importância real na vida dos
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As determinações alcançadas nesse capítulo final são,
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descobrir e por de manifesto no próprio concreto aquelas
nesta tensão põe-se a obra, sem que haja, pois, uma supressão do
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plausibi1 idade dessa hipótese. Isto porque o drama, a tragédia, é
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A dura realidade da arte de nosso século - especialmente a
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artístico, - e agora nos referimos particularmente à esfera
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de um elemento fundamental da música: a harmonia. Elemento cuja
pois, não refere essa questão decisiva, mas tão somente, aponta
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destorrados o estúpido vazio da frase e todo o mentiroso gesto
musicalT onue a
a coerência e o rigor musicais estivessem presentes
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seja, que não se efetivaram de modo tào "radical", nega-se o
refiguração estética.
vez que tomam como referência uma arte problemática, uma arte que
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realização artística de Beethoven. Renúncia que se objetiva, em
esta que sequer pode ser aqui tocada, uma vez que demandaria, para
ambas.
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reduzida mesquinhamente a ela própria. Vale dizer, conhecer
que nelas estão representados. Compreensão essa, por sua vez, que
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inviabi1izado.
seu mundo. Sua tragédia não deve passar em vão. Cabe ao menos
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BIBLIOGRAFIA
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