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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA ARTE


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SOFIA DE MELLO KERR AZEVEDO

O USO DO DESIGN DE INTERIORES COMO FERRAMENTA DE


INFLUÊNCIA NA INGLATERRA DO SÉCULO XVI E XVII

(CURITIBA, PARANÁ)
AGOSTO 2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA ARTE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SOFIA DE MELLO KERR AZEVEDO

O USO DO DESIGN DE INTERIORES COMO FERRAMENTA DE


INFLUÊNCIA NA INGLATERRA DO SÉCULO XVI E XVII

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Estácio
de Sá como requisito parcial para
conclusão do Curso de
Pós-Graduação em História da Arte

Professor Orientador: Me. Raul


Fonseca Silva

(CURITIBA, PARANÁ)
AGOSTO 2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA ARTE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SOFIA DE MELLO KERR AZEVEDO

O USO DO DESIGN DE INTERIORES COMO FERRAMENTA DE


INFLUÊNCIA NA INGLATERRA DO SÉCULO XVI E XVII

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Estácio
de Sá como requisito parcial para
conclusão do Curso de
Pós-Graduação em História da Arte

Professor Orientador: Me. Raul


Fonseca Silva

Aprovada em: ........... / ...................... / .............. Nota: ........ ( ...............)


Dedicatória

Dedico esse trabalho a duas pessoas, em especial, importantíssimas na minha vida.


São elas, minha mãe, Elisa, e meu marido, Patrick. Cada um com sua forma singular
de demonstrar amor, carinho e apoio nos momentos que mais precisei e por sempre
estarem presentes, segurando as pontas para que eu não caísse. Obrigada, mãe,
por sempre me mostrar que eu sou capaz de muito mais do que eu acredito e por
me apoiar tanto. E muito obrigada, Patrick, por respeitar minhas escolhas e não
medir forças para que eu consiga realizar meus sonhos.
Agradecimentos

Quero agradecer as pessoas que de forma direta ou indireta zelam e cuidam de


mim, demonstrando sua confiança e carinho de formas sutis, mas muito apreciadas.
São elas: meu pai, Ivana, que me ajuda e incentiva mesmo quando não pode; minha
avó, Nancy, que é minha segunda mãe; meu avô, Ravel, que me ensinou sobre a
arte da educação e sempre se preocupou com meus resultados; meu irmão, Victor,
por me ensinar que eu posso ser mais paciente; meus sogros e cunhados, Marlene e
José, Roderick e Ana, por serem minha família de coração quando a de sangue está
tão longe; ao meu grande amigo, Vina, por ser a pessoa maravilhosa que ele é e
uma inspiração, mesmo sendo mais novo que eu.
Gostaria de agradecer a todas essas pessoas que de uma forma ou de outra me
ajudaram a chegar a esse momento e a convicção da carreira que quero seguir, bem
como aos professores maravilhosos que encontrei durante minha formação e me
inspiraram a seguir suas carreiras.
Resumo
O objetivo desse artigo é demonstrar como o design de interiores e a arquitetura
eram usados para demonstrar poder durante o século XVI e XVII. É possível ver
como a ostentação de mobiliários, tapeçarias e acessórios, assim como a aplicação
de princípios arquitetônicos eram ferramentas utilizadas pelos reis absolutistas para
influenciar diretamente as relações de poder e a reafirmação da soberania, não só
para com seus oponentes, mas também com a própria corte com quem coabitavam.

Palavras-chave: Design de Interiores; Mobiliário; História da Arte; Barroco;


Renascimento Inglês.
Abstract

The purpose of this article is to demonstrate how interior design and architecture
were used to demonstrate power during the 16th and 17th century. It is possible to
see how the display of furniture, tapestries and accessories, as well as the
application of architectural principles were tools used by absolutist kings to directly
influence power relations and the reaffirmation of sovereignty, not only with their
opponents, but also with own court with whom they cohabited.

Keywords: Interior Design; Furniture; Art history; Baroque; English Renaissance.


.
SUMÁRIO

1. ESCOLHA DO TEMA
2. PROBLEMATIZAÇÃO
3. JUSTIFICATIVA
4. OBJETIVO GERAL
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
7. METODOLOGIA DE PESQUISA
8. INTRODUÇÃO
9. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
9.1 INGLATERRA: ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E POLÍTICOS
9.2 ARQUITETURA E DESIGN NA INGLATERRA DO SÉCULO XVI E XVII
9.3 UMA ANÁLISE DE ESTILOS: DE TUDOR A STUART
9.3.1 ESTILO TUDOR
9.3.1.1 ESTILO ELISABETANO
9.3.1.2 ESTILO JACOBINO
9.3.1.3 ESTILO CROMWELL OU PROTETORADO
9.3.2 ESTILO RESTAURAÇÃO
9.3.3 ESTILO GUILHERME E MARIA
9.4 O USO DO DESIGN DE INTERIORES COMO FERRAMENTA DE
DEMONSTRAÇÃO DE PODER: HAMPTON COURT
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ESCOLHA DO TEMA
O design de interiores é um conceito novo em nossa sociedade,
justamente por isso o estudo desse tema relacionado à história da arte é
escasso. O tema discute a dinâmica existente entre os dois assuntos,
demonstrando como

2. PROBLEMATIZAÇÃO
Indo além do estudo da arquitetura, qual a função que o design de

interiores exerceu na história? Podemos traçar um paralelo entre os diversos


temas que compõem o design com o design propriamente dito?

3. JUSTIFICATIVA
O design de interiores é uma técnica visual que busca a composição e
decoração de ambientes internos, com a definição recente dessa prática já
antiga, faz-se necessário o estudo de sua influência. Não só a arquitetura, não
só o mobiliário e não só a arte, mas o resultado da combinação desses
elementos e sua função social em cada período histórico.

4. OBJETIVO GERAL:
● Demonstrar a importância do uso da arte e do design para ostentação
do poder da realeza, mantendo assim as relações de poder entre
monarca e corte.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
● A importância do design de interiores e da arquitetura de interiores;
● O uso do design de interiores antes da criação desse conceito;
● A ostentação como forma de afirmação de poder;
● O uso da arte como registro histórico;
● A manutenção do poder no absolutismo;
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estudo baseia-se em diversos livros publicados sobre design de


interiores, arte e mobiliário histórico, bem como no trabalho do historiador
arquitetônico Dr. Jonathan Foyle, com grande enfoque no documentário inglês
produzido pela PBS em 2013, Secrets of Henry VIII’s Palace: Hampton Court.
Contando com os trabalhos de nomes como Dra Suzzanah Lipscomb, Dra Lucy
Worsley, Linda Collins, Andrew Brunt e Alayde Mascarenhas. Também foram
utilizados livros e publicações que abordam a temática de forma completa,
sendo analisadas de forma minuciosa a fim de formar um referencial teórico
relevante e conciso.

7. METODOLOGIA DE PESQUISA

Busquei um referencial teórico conciso que abrange todo o conceito


desenvolvido neste trabalho. A fundamentação teórica embasa toda o conceito
do trabalho, formando teorias para explicar e entender a função do design de
interiores muito além da análise unicamente da arquitetura e da arte como
elementos separados. A análise de livros, documentários, publicações e
imagens do período é o que une tudo, criando um texto elaborado e
fundamentado.
8. INTRODUÇÃO

O Renascimento e o Barroco europeu foram períodos culturais


marcados por novas descobertas, avanços científicos e pela influência das
navegações. Ocorrendo simultaneamente, o absolutismo foi resultado do
processo de centralização política das monarquias nacionais europeias. Nesse
sistema o Estado exigiu uma relação entre reis e súditos marcada pela
fidelidade e obediência.
Aqui é feita uma análise do contexto histórico no qual ocorreram os
reinados Tudor e Stuart e a forma que isso influiu no design de interiores e
mobiliário de cada período.
Trazendo também traz uma análise sobre o renascimento e o barroco
inglês, mostrando como a arquitetura, o design de interiores e o mobiliário
escolhidos pelos monarcas refletiam características únicas de seus reinados,
desde a adaptação de um móvel para atender novos hábitos, ou uma crítica
pelos excessos absolutistas.
9. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

9.1 INGLATERRA: ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E POLÍTICOS

A Guerra dos Cem Anos foi um dos maiores conflitos da Idade Média
entre as duas principais potências: Inglaterra e França. Não foi uma guerra
ininterrupta, mas sim uma série de pequenas disputas que termina com a
vitória da França. A importância desse conflito se dá pelo fato de que ele
começou com territórios pertencentes a uma aristocracia e termina com dois
Estados consolidados como nação. (NAVARRO, 2016)
Um dos resultados dessa guerra foi a privação econômica e a perda de
território para a França. Inicia-se a Guerra das Duas Rosas: três décadas de
intensa violência e alternância da coroa entre a Casa Lancaster e a York, que
acabaram por enfraquecer a nobreza.
Encerrando o conflito entre as duas famílias, sobe ao trono Henrique VII
que liderando a Casa Lancaster, casa-se com Elizabeth York, iniciando dessa
forma a Dinastia Tudor. No final da guerra, a nobreza perde seu espaço político
para a burguesia e no fim do século XV, com o apoio dos burgueses, Henrique
VII tem seus poderes monárquicos elevados estabelecendo o absolutismo.
(PERRY, 1995)
O Absolutismo inglês foi marcado por condições específicas e muito
diferente de outros países. De acordo com Perry Anderson (1995, p.113) as
diferenças entre os estados absolutistas foram determinadas muito antes de
sua implantação, visto que, desde o século XII a Inglaterra já possuia um
parlamento, limitando assim o poder do rei, que continuou subordinado ao
mesmo. Tal fato não ocorria em outras nações com o mesmo regime, visto que
tais monarcas não eram restringidos por um parlamento.
Após anos dessa desgastante guerra civil, o rei Tudor estabeleceu a paz
e a autoconfiança nacional, evidenciada posteriormente na separação de Roma
do Estado – por causa do divórcio de Henrique VIII e Catarina de Aragão – e
no fechamento dos conventos. Com o fim do reinado de Henrique VIII sua filha,
Maria I tenta restabelecer as ligações com o estado papal, mas morre sem
conseguir e em meio a polêmicas religiosas.
Apoiada pelo povo Elisabete I, fruto do relacionamento de Henrique com
sua segunda esposa, Ana Bolena, sobe ao trono e toma medidas democráticas
no tocante a religiões.
A rainha começou a exploração além-mar, provocando disputas com
outras potências europeias interessadas no Novo Mundo. A Renascença nas
artes e no conhecimento espalhou-se pela Europa e chegou à Grã-Bretanha,
em sua corte, com a inestimável contribuição de William Shakespeare (1564-
1616).
O fim do reinado de Elizabeth I, em 1603, representa uma crescente
inquietação interna, com o trono passando para Jaime I (1566 - 1625),
anglicano e absolutista. Sua crença no direito divino dos monarcas provocou
protestos no parlamento. Quando seu filho, Carlos I, assume o trono em 1625
os conflitos se acentuam até a Guerra Civil, que culmina na sua execução.
Sobre Oliver Cromwell, regente responsável pelo Protetorado Inglês,,
Morrill faz a seguinte afirmação em sua publicação para a BBC:

“Oliver Cromwell se levantou das fileiras medianas da


sociedade inglesa para ser o lorde protetor da Inglaterra,
Escócia e Irlanda, o único não-real a ocupar essa posição. Ele
desempenhou um papel de liderança ao levar Carlos I a
julgamento e execução; ele empreendeu a mais completa e
mais brutal conquista militar já realizada pelos ingleses sobre
seus vizinhos; ele defendeu um grau de liberdade religiosa
desconhecida na Inglaterra antes dos últimos cem anos; mas o
experimento que ele liderou desabou dois anos depois de sua
morte, e seu cadáver ficou pendurado em uma forca em
Tyburn. Ele foi - e continua sendo - uma das figuras mais
contenciosas da história mundial” (MORRILL, 2011)

O regime de Cromwell não foi dado a luxo, com palácios e igrejas


destruídos. O Palácio de Richmond foi vendido e o Castelo de Greenwich foi
usado como fábrica e prisão. A monarquia só foi restabelecida dois anos após
a morte do regente, com Carlos II.
Carlos II retorna do exílio para a Inglaterra com novos ares, reconstrói
Greenwich e estabelece o Observatório Real. Os teatros e jardins fechados na
ditadura são reabertos ao público, promovendo entretenimento popular.
Após a morte do monarca, quem sobe ao trono é seu irmão mais novo,
Jaime II, causando uma divisão religiosa derivada de sua proximidade com o
catolicismo. Apesar das muitas guerras, os ingleses mantinham relações
próximas com o holandeses, seus aliados contra a França católica. Com
apenas três anos de reinado Jaime II deixa o país para evitar uma guerra civil,
quando William lidera a Revolução Gloriosa, desembarcando no país e
marchando sobre Londres.
William já era casado com a filha protestante de Jaime II, Maria e no ano
de 1688 eles assumem o trono juntos. O rei é um estrategista militar, sem
gosto pela vida social da corte. (CLEAVE, 2014)
9.2 ARQUITETURA E DESIGN NA INGLATERRA DO SÉCULO XVI E XVII

Com o fim da Guerra das Duas Rosas, um clima de paz reinava sobre a
Inglaterra, dando início a um novo capítulo das construções reais. Os monarcas
não mais necessitam de castelos como a Torre de Londres garantindo sua
segurança, podendo dessa forma começar a construir palácios mais
confortáveis.
Henrique VIII foi um construtor nato e ainda hoje é difícil dimensionar o
tamanho de suas ambições. A grande herança que recebeu de seu pai foi
consideravelmente enriquecida com o confisco de todas as terras de
monastérios, após o rompimento com a Igreja. Esse rompimento com Roma,
após o papa não ter concedido o divórcio de Catarina de Aragão foi o que deu
início a Reforma Inglesa, que junto com os monastérios apreendidos ajudou a
financiar o Renascimento local e a transformar a Grã-Bretanha em uma
potência mundial. (CLEAVE, 2014)
Segundo Wilfried Kolch, o Renascimento foi o período idealizado como a
“Idade de Ouro” pelos humanistas, que sonhavam com o homem como a
medida de todas as coisas. O comércio e o artesanato prosperavam e novas
invenções eram feitas, como a pólvora, a imprensa, o mapa-mundi e o relógio.
Uma nova geração de humanistas que refina seu intelecto nas universidades
adquirindo liberdade espiritual a nível mundial, algo impossível para o período
gótico, tão ligado à Igreja.
O renascimento inglês, em comparação com o italiano, aconteceu
tardiamente. Entre fatores históricos e culturais, temos a Guerra dos Cem Anos
e das Duas Rosas, bem como a mentalidade inglesa que valorizava seu
passado e restringia a expansão cultural italiana. A literatura e a música foram
as formas de artes mais desenvolvidas durante o período, sendo as artes
visuais muito menos significativas. A arquitetura em destaque da época foi a
transformação do ​Hampton Court Palace​ e da Cúpula da ​St Paul Cathedral
Acompanhando a tendência europeia, Henrique VIII, com expandindo o
comércio e a navegação inglesa e trazendo riquezas ao país dá início ao que
se tornaria o renascimento inglês. (O GRANDE…,1976)
É compreendido como Renascimento Inglês as regências de Henrique
VIII, Eduardo VI, Maria Tudor, Elizabeth, Jaime I, Carlos I e a Ditadura
Cromwell ou Protetorado Inglês, como também ficou conhecido. Dentro do
período renascentista inglês temos três estilos diversos: o Isabelino ou
Elisabetano, o período Jacobino e o período Protetorado. (CASTELNOU, 1999)
A restauração da monarquia por Carlos II depois do governo Cromwell é
o que marca o início do período Barroco. O reinado de Carlos II, Jaime II,
Guilherme III e Maria II e Rainha Ana são compreendidos como o Barroco
inglês, sendo os dois primeiros conhecidos como Restauração e os últimos três
dando seus nomes aos seus estilos. (O GRANDE…,1976)
Koch diz em seu Dicionário dos Estilos Arquitetônicos que o barroco é a
descoberta de energias ainda não utilizadas na evolução das formas
renascentistas e que a essência dessa nova arquitetura é a representação. O
período chega com entusiasmo nas cortes dos monarcas absolutistas e é
utilizada com exuberância e dimensões gigantescas. Por cento e cinquenta
anos se torna um modelo de vida: está na escultura e pintura integrando-se
com a arquitetura; na música, responsável por conferir esplendor as cerimônias
principescas e religiosas; no mobiliário, no vestuário e nas formas de
expressão. Todos os elementos do Renascimento estão presente no Barroco,
contudo são elevados ao máximo de representação.
É um novo período tanto na vida social quanto na arquitetura, interiores
e mobiliário inglês. Durante o exílio os partidários do rei puderam visitar
Versalhes e conviver na corte luxuosa de Luís XIV. Com esse retorno é
importada a elegância francesa e o país abre-se para artistas estrangeiros e
influências continentais. A massa imigratória de franceses e holandeses
aceleram as mudanças do mobiliário, desaparecendo assim os modelos
pesados fabricados no período anterior substituídos por um mais leve e
ornamentado. De 1660 a 1714 a Inglaterra permanece submetida ao barroco
francês, com toques do barroco italiano e surge aqui a influência do Extremo
Oriente, com ênfase na Índia e China.
Em 1666 ocorre o Grande Incêndio de Londres, destruindo dez mil
edifícios e cinquenta igrejas. Com os móveis reduzidos a pó e a nobreza e alta
burguesia investindo para mobiliar suas mansões, marceneiros e ebanistas
enriquecem nos anos seguinte. (O GRANDE…,1976)

Figura: St Paul’s Cathedral

Fonte: https://www.telegraph.co.uk/news/2019/04/15

Mascarenhas menciona que Christopher Wren foi o grande arquiteto do


período. Após o incêndio ele propõe ao rei um projeto de reconstrução da
cidade com uma planta harmoniosa e monumental, mas é vetado e a cidade é
reconstruída mantendo ruas tortuosas e sinuosas. Contudo, o arquiteto é o
responsável por grandes construções como a Catedral de São Paulo,
Winchester, Kensington Palace, Hampton Court, entre outros, resultando em
sua fama e renome. Em alguns de seus projetos é memorável e tipicamente
inglês o uso de tijolos vermelhos em contraste com pedra.
9.3 UMA ANÁLISE DE ESTILOS: DE TUDOR A STUART

Na Europa o móvel renascentista era de base italiana, enquanto na


Grã-Bretanha surge o ​Estilo Tudor-Stuart, de 1558 a 1688 e que pode ser
subdividido em outros estilos, Tudor, Elisabetano, Jacobino, Cromwell,
Restauração e Guilherme e Maria, que serão analisados a seguir.

9.3.1 ESTILO TUDOR

O estilo Tudor foi o último estágio da arquitetura medieval inglesa,


surgindo entre os reinados de Henrique VII e Henrique VIII e abrangendo até o
reinado de Jaime I. Com o tempo, o estilo foi substituído pela arquitetura
elisabetana nas construções domésticas, mas o estilo continuou no gosto
inglês, sendo Oxford e Cambridge um exemplo de arquitetura Tudor
(ESTILOS…,s.d.) .
De acordo com Mascarenhas, nesse período transformam-se
sensivelmente os castelos ingleses. Apesar de não serem “castelos fortes”
como os da França, nesse período é evidente o alargamento das janelas, fruto
da menor preocupação de Henrique com a defesa. Inicialmente ainda eram
construções irregulares provenientes da Idade Média, contudo simetria e
beleza vão aos poucos nascendo.

Figura: Exemplo de porta e janelas com arco Tudor

Fonte: https://www.casadevalentina.com.br/blog/estilo-tudor/
A principal característica arquitetônica do estilo é o arco de quatro
centros, hoje conhecido como arco Tudor, descrito por Francis D. K. Ching
(2010, p.25) como “Arco com quatro centros, cujas duas curvas internas
apresentam um raio muito maior do que as duas externas.”. O estilo é uma
adaptação inglesa da arquitetura gótica. As edificações possuem planos
assimétricos e janelas terminadas em ângulos, formando pontas. Após 1500,
ganhou novas alterações e características que incorporaram torres octogonais,
tijolos coloridos, chaminés decoradas e dentro das casas, uma maior
preocupação com as lareiras, tornando-se mais elaboradas (PINHAL, 2009).
Sobre a arquitetura no início do renascimento Mascarenhas afirma que:

“O caráter geral da decoração inglesa da “Renascença


Primitiva” era rigoroso, másculo, sóbrio e austero.
As salas eram ora longas e estreitas, ora em formatos variados
de L, E ou H, (...). As janelas, semelhantes às das igrejas
góticas, tinham vidraças em losangos ou em “Arco Tudor”, (...).
(MASCARENHAS, p. 141, 1979)

Mesmo com as alterações ao longo dos anos, o ​Hampton Court Palace,​


onde residiu Henrique VIII, ainda é considerado um símbolo da Era Tudor, além
dele o estilo pode ser observado nos castelos ​Leeds​, ​Knole e ​Hever em Kent,
na antiga casa de Elizabeth I em Hattfiel e na ​Burghley House ​e ​Hardwick Hall
nas Midlands.
Imagem: Burghley House

Fonte: https://www.artfund.org/whats-on/museums-and-galleries/burghley-house

Ao falar sobre mobiliário inglês, pode-se dizer que seu refinamento teve
início com os Tudor, pois nesse período os móveis passaram a ter mais vida e
mais importância no conforto da casa. Henrique VIII traz para a nobreza novas
ideias de influência estrangeira. O mobiliário renascentista era bem acabado,
com estrutura retilínea, dando enfoque as superfícies horizontais.
Nesse período o trabalho ​Romayne era muito valorizado, contendo
medalhões entalhados enquadrando cabeças de perfil. Formas arredondadas
eram entalhadas nas pernas das cadeiras e também nos suportes de armários,
contudo nos móveis mais suntuosos eram utilizados animais como motivos nos
suportes. Aqui prevalece o costume medieval de dourar e pintar o mobiliário.
(BRUNT, 1982)
As formas e adereços góticos prevalecem. O design inglês foi mais
simples e menos elaborado. Os detalhes não eram tão elegantes como na
renascença francesa ou italiana, fazendo com que as partes torneadas fossem
mais simplificadas e planas e os motivos menos rebuscados. A madeira mais
utilizada foi o carvalho e assim como na França, o interesse pela arte
renascentista foi até o século XVII. (O GRANDE…,1976)
.
9.3.1.1 ESTILO ELISABETANO

Corresponde à época em que Elizabeth I, filha de Henrique VIII e Ana


Bolena, governou. Este estilo abrange desde a última fase do gótico inglês até
a Renascença. A influência italiana é sutil e só observada nos detalhes
ornamentais com a estrutura ainda obedecendo à arte gótica. (CASTELNOU,
1999)
O reinado de Elisabete deu ao país o controle dos mares, resultando em
progresso industrial, desenvolvimento colonial, paz e riquezas.
Nesse período a arquitetura e o design de interiores possuem conceitos
semelhantes e se aproximam com os elementos ornamentais: colunas jônicas,
painéis com medalhões circulares ou retangulares, incrustações e
entrelaçados. (O GRANDE…,1976)
Na arquitetura Elisabetana surgem as galerias, usadas principalmente
em dias de chuva, dotadas de grandes janelas fundamentais para a entrada de
luz num país brumoso como a Inglaterra e poderiam atingir até 70 metros de
comprimento. Em seu reinado as escadas ganham grandes proporções
situadas no grande hall e com madeira trabalhada. (MASCARENHAS, 1979)
Referente à interiores, o mobiliário conversava com a vida social da
época. Haviam banquetes ruidosos após as caçadas, tornando-se necessário
móveis robustos que resistissem a esses eventos. Peças para os reis poderiam
ser feitas de ébano e ferro. Nos entalhamentos eram utilizados motivos
variados, como trançados, tulipas, corações, rosas, acantos, folhas de hera,
figuras humanas e desenhos geométricos. Como descrito em O Grande Livro
da Decoração de 1976:
O estilo Isabelino é, ainda, muito severo, visto que, durante os
séculos XV e XVI o mobiliário inglês sofreu as influências
europeias com evidente atraso. Os móveis são pesados e
maciços, fabricados em madeira de azinho com uma decoração
que pouco difere dos elementos góticos da dinastia Tudor, com
laivos do estilo renascentista, numa orgial interpretação inglesa
de influências diversas.(O GRANDE..., p. 293 e 296, 1976)

A preferência era pelo carvalho ou roble, madeiras que permitiam


cadeiras altas talhadas e grandes mesas. Eram comuns armários pesados e
exageradamente esculpidos, assim como cadeiras sem molas, formando um
ângulo reto entre encosto e assento. Pilastras e mesas tinham a “bola
torneada”, um recipiente com tampa que tornava o conjunto pesado. Os móveis
apresentam incrustações geométricas, mas a ornamentação preferida era a
Rosa Tudor.​ (CASTELNOU, 1999)

Imagem: Armário Elisabetano

Fonte: Arte e Decoração de Interiores, Alayde Mascarenhas

Passa a ser utilizado nesse estilo o ​strapwork,​ uma espécie de


decoração geométrica plana, importada dos Países Baixos, que geralmente é
talhada em baixo relevo e ornamentos ovais em relevo eram comumente
utilizados como motivo nessa técnica.

Imagem: Trabalho em ​Strapwork

Fonte: https://www.marhamchurchantiques.com/antique/elizabeth-i-childs-chest/

É um período importante, pois associa a tradição inglesa as


características do renascimento. Quando artistas românticos e pré-rafaelitas do
fim do século XIX remontam à fontes medievais, escolhem o estilo elisabetano,
amplamente desenvolvido e corrigido. (O GRANDE…,1976)

9.3.1.2 ESTILO JACOBINO

É chamado de Jacobino o período que compreende a regência de Jaime


I, de 1603 a 1625, e de Carlos I,de 1625 a 1649.
O período de Jaime I é marcado por um classicismo original trazido pelo
arquiteto Inigo Jones. Ele traz do renascimento italiano os volumes puros e
harmoniosos das ​villas de Palladio. Ducher também diz que: “A simetria
Elisabetana é aqui assimilada a uma definição do edifício concebido como um
todo”.
Imagem: Arquitetura de Inigo Jones

Fonte: Características dos Estilos, Robert Ducher

Contudo, o estilo de Jones não é o mais adequado ao clima do país.


Superintendente das construções reais, em algumas de suas construções
nota-se a deficiência de luz e a falha em adaptar a arquitetura de um país
ensolarado como a Itália para um cinzento como a Inglaterra.
(MASCARENHAS, 1976)
Nesse período é enfatizado o uso de maiores painéis nas paredes,
separados por colunas, prática iniciada no reinado anterior. Os painéis
Jacobinos possuíam formas geométricas e é uma característica do período o
uso de tapeçarias de Arrás para cobrir algumas das paredes, imprimindo mais
calor e riqueza ao ambiente.
Também iniciado no período Elisabetano e continuado no Jacobino
temos os tetos que, antes formados por pesadas vigas trabalhadas no período
Tudor, passam a ser recobertos com argamassa. Tal processo facilitava a
ornamentação, podendo manter o aspecto de viga ou fazendo-a desaparecer,
trabalho esse mais econômico e decorativo.
Nesse estilo os móveis são de menores dimensões e maior leveza,
embora ainda apresentem uma estrutura retilínea. Motivos renascentistas são
utilizados, como capitéis jônicos, folhas de acanto e folhas de palmeira,
diferenciando-se pelos entalhamentos mais sóbrios e com menor profundidade.
(O GRANDE…,1976)
É somente aqui, com Jaime I que os prumos de camas e pernas de
mesas com bolbos enormes que atingiam proporções disformes deixam de ser
utilizados, exemplificando a leveza que o período trouxe. (BRUNT, 1982)
Balaústres possuem torneados fortes e volumosos, mas ainda assim
menos exagerados do que no período precursor. Os fundos possuem molduras
com desenhos geométricos e entalhados semicirculares tangentes, no centro
ficavam as folhas de acanto e rosetas. (O GRANDE…,1976)
Segundo Mascarenhas, a cadeira passa a ganhar mais popularidade na
renascença, deixando de ser utilizada somente por figuras importantes, mas é
somente nesse período que as almofadas passam a ser utilizadas para dar
maior conforto a quem ali se sentasse.

Figura: Cadeira Jacobina

Fonte:
http://arquiteturadeinteriores.weebly.com/uploads/3/0/2/6/3026071/apos1999_unopar
O carvalho continua sendo utilizado na produção dos móveis e as
cadeiras yorkshire e Derbyshire ficam famosas com seus encostos abertos em
arco e ricamente adornados em gotas e colunas.

9.3.1.3 ESTILO CROMWELL OU PROTETORADO

Oliver Cromwell foi um protestante convicto e defensor dos direitos do


parlamento e em 1653 toma o poder, derrubando Carlos I e dando início ao que
ficou conhecido como Ditadura Cromwell ou Protetorado inglês. Devido a
instabilidade política do período não se tem construções na Inglaterra entre
1640 a 1660, ano este em que a monarquia é então restabelecida com Carlos
II. (O GRANDE…,1976)
O estilo imprime austeridade e simplicidade se opondo aos luxos dos
monarcas anteriores. O mobiliário da sua época é caracterizado por essas
duas características, resultado da depuração total do estilo Tudor, tendo a
ornamentação suprimida. Durante esse período as formas se simplificam ainda
mais. (CASTELNOU, 1999)
Brunt cita que de uma maneira geral a mobília do Protetorado foi mais
simples que a do período anterior, tendo a ornamentação sido reduzida ao
mínimo.
A revolução comunitária que durou 11 anos imprimiu uma austeridade
que travou o evolução do estilo Elisabetano e Jacobino, assim como os
avanços renascentistas. (O GRANDE…,1976)
Figura: Cadeira Cromwell

Fonte: https://www.britannica.com/topic/Cromwellian-chair

Como característica as cadeiras passam a ter o encosto mais baixo,


feitas de couro e adornadas por tachas de latão. Condenando Carlos I por
excessos e luxos, Cromwell fez questão de ter menos elementos decorativos
no mobiliário e trazer mais simplicidade e austeridade.

9.3.2 ESTILO RESTAURAÇÃO OU STUART

O estilo Restauração, Stuart ou Jacobino II foi o período inicial do


Barroco. Durante o reinado Stuart, que sucedeu o período conturbado de
protetorado, surgiu um estilo muito influenciado pelos ideais do Barroco
continental. Inicialmente temos a influência elisabetana, mas esses elementos
vão gradativamente desaparecendo. (O GRANDE…,1976)
Brunt descreve que quando a monarquia é restabelecida por Carlos II o
rei volta do exílio familiarizado com o mobiliário estrangeiro da corte de Luis
XIV, que já estava no caminho de transformar sua corte na mais luxuosa da
Europa. Carlos volta inspirado pelo luxo e mobiliário francês até então sem
precedentes. Sobre essas influências desse monarca, o autor cita que:

“Às influências francesas e holandesas, acrescentou-se um


elemento exótico, introduzido pelo casamento do rei com
Catarina de Bragança. A rainha trouxe consigo mobiliário
português, que incluía algumas peças feitas no trabalho
característico da feitoria portuguesa de Goa e uma bela
coleção de charões chineses e japoneses.​” (BRUNT, p. 147,
1982)

É importante enfatizar que em 1685, próximo ao fim do reinado de Jaime


II é revogado na França o Édito de Nantes, que garantia o direitos dos
protestantes, movimentando uma massa migratória de refugiados franceses,
entre eles muitos artesãos. Esse fato reforçou a influência francesa no período.
(BRUNT, 1982)
Tratando-se de decoração de interiores Mascarenhas diz que, durante a
Restauração as paredes receberam painéis de madeira retangulares, maiores
que no período anterior. Embora inicialmente fosse notável a influência
francesa, logo o estilo torna-se mais sóbrio refletindo o temperamento inglês,
livrando-se de excessos de dourados, espelhos e tapeçaria. Os painéis, de
carvalho ou castanheiro poderiam ser deixados naturais ou eram pintados em
tonalidade claras de verde azeitona ou cinza, com molduras salientes. As
paredes em argamassa passam a ser cobertas com veludo e tapeçarias
inglesas e francesas.
Figura: Cadeira Estilo Restauração

Fonte:http://www.european-furniture-styles.com/Stuart-Furniture.html

As maiores características no mobiliário são o uso da esteirinha de


palha para encostos, a voluta flamenga e o espaldar das cadeiras em forma de
escudo ou coroa. Além do uso do carvalho, temos o início do uso da nogueira,
oliveira e sicômoro. A corte inglesa retoma o luxo, fomentando o uso de móveis
atapetados em terciopelo e brocado, assim como os ​lits de repos, ​divãs ou
leitos diurnos pequenos com um ou dois espaldares ou abas laterais, surgidos
em 1620. A marchetaria trazida pelos holandeses é amplamente desenvolvida
e aprovada pela corte. (O GRANDE…,1976)
Carlos II converte o quarto de dormir no ambiente mais importante, onde
as damas os utilizam como local de recepção. Surge aqui um mobiliário
específico para acomodar o gosto inglês por jogos e por reuniões elegantes.
Tratando-se desses aparatos desenvolvidos para esse fim, Andrew Brunt cita
em seu Guia dos Estilos do Mobiliário de 1982 que:
“Na segunda metade do século XVI, inventaram-se mesas com
abas que podiam ser puxadas para fora para comer e uma
mesa pequena de abas caídas usada como mesa de jogo
(estas mesas tinham compartimentos para os dados), que se
acrescentou a outras variedade de mesas de jogo inventadas
no princípio do século.” (BRUNT, p. 142, 1982)

As mesas tinham pés torneados e em espirais, opostas as cadeiras que


eram retilíneas. Pela primeira vez os sofás e cadeiras passam a ter “orelhas”
laterais, como nos móveis chineses. É uma característica do estilo os
torneados em espiral e as curvas em “S” e “C”. Aqui o desenho das cadeiras se
transforma com a adição à curva em S. Por vezes tinham o assento e espaldar
em palhinha e almofadas de veludo. Aumentando o conforto tem-se uma maior
inclinação no espaldar.
Espelhos e quadros emoldurados de forma grandiosa eram utilizados e
a iluminação era feita com lustres de ferro ou prata e nos salões de cristal.
Nesse período nota-se, em acordo com a arquitetura, um maior equilíbrio e
simetria no arranjo dos móveis, com domínio das cores brilhantes.
(MASCARENHAS, 1979)

9.3.3 ESTILO GUILHERME E MARIA

Apesar de não representar grandes diferenças arquitetônicas entre as


subdivisões do barroco inglês, no reinado de Guilherme e Maria as lareiras em
mármore chegavam até quase o teto de onde desciam ornamentos esculpidos
por Gibbons. O mármore era utilizado em diversas cores, com a predominância
do verde, do laranja e do branco. Portas e janelas eram arquitetônicas, tais
quais as lareiras, e também eram decoradas com entalhamentos de Gibbons.
O piso poderia ser de mármore ou ladrilho, mas principalmente de madeira ou
parque cobertos por tapetes orientais. (O GRANDE…,1976)
Christopher Wren foi o encarregado de remodelar o Hampton Court
para a rainha Maria, contratando o decorador francês, Daniel Marot. Contudo
apesar das influências francesas e italianas, a tendência ao conforto vinda da
simplicidade de Guilherme de Orange e sua influência holandesa, é fator
determinante na adequação do mobiliário a tamanhos mais adequados para o
corpo humano. Esse período é chamado de “Idade da Nogueira” devido ao uso
quase exclusivo dessa madeira.
O suporte e ornamentação em curva de influência flamenga,
característico de períodos anteriores, vem gradativamente desaparecendo. Tal
espaço é preenchido com mobiliário de pernas retas, podendo também ser
quadradas como nos móveis Luis XVI, e de maneira mais comum, com
torneados em sinos ou bolacha. (MASCARENHAS, 1979)
É nesse período que a sala de estar gradativamente ganha importância
e móveis destinados a esse ambiente, como mesas e móveis de apoio com
prateleiras. Estantes com portas, já conhecidas em outros períodos, passam a
ser excessivamente ornamentadas com frontão de volutas. A ornamentação de
marchetaria feita com madeiras raras e marfim é constante, bem como o uso
da laca preta, vermelha, verde e azul escuro com paisagens orientais. Todo o
mobiliário é muito envernizado, com algumas peças com ornamentação
dourada imitando móveis franceses. Veludos e brocados continuam a ser
usado até próximo ao fim do século XVII, quando a influência barroca italiana
substitui a francesa, dando origem a móveis pesados e vistosos.
Os móveis tinham influência oriental e se tornaram elegantes e atrativos,
com a aplicação de motivos decorativos, como arabescos e folhas. Cadeiras e
sofás passam a ter o espaldar torneado e com encosto e assento de palhinha,
assim como os pés passam a imitar patas de animais. Os ornamentos eram
flores, borboletas, espigas e algas. Os acessórios passam a ser relógios com
pencûlo e depois de mesa ou pé. (CASTELNOU, 1999)
Móveis como consolas de madeira dourada, com grandes pássaros
servindo de apoio para caixas revestidas em laca chinesa, secretárias
sustentadas por esculturas entrelaçadas e mesas com cariátides de ébano
foram móveis surgidos da influência do barroco italiano e eram destinados
somente as residências reais. (O GRANDE…,1976)

Figura: Cômoda ​Highboy

Fonte: Arte e Decoração de Interiores, Alayde Mascarenhas

Uma série de outros móveis surgiram nesse período como armários,


bibliotecas, secretárias e cabinets, mas o móvel que melhor expressa o estilo é
o ​Highboy​. Como definição dessa estante que caracteriza o estilo temos:

Este móvel consta de uma cômoda de três ou quatro


gavetas, terminada por cornija e friso, colocada sobre uma
mesa com “avental” (parte que vai do tampo até certa altura
das pernas) em recortes, e pernas torneadas. O “​highboy​“ era
às vezes simplesmente ornamentado com gavetas em painéis,
ou muito trabalhado em laca e marchetaria. (MASCARENHAS,
p 150, 1979)
Entre esses novos móveis estavam as escrivaninhas, que apresentavam
dois corpos, um inferior contendo gavetas e o superior com características de
armários. Já os pés possuem como característica a forma de esfera achatada
ou bola.

Imagem: Escrivaninha Guilherme e Maria

Fonte: O Grande Livro da Decoração, Selecções do Reader’s Digest

Nessa época desenvolve-se o gosto pelo colecionismo de porcelanas e


peças orientais, surgindo a necessidade de uma espécie de vitrine formada por
dois corpos. O superior envidraçado e o inferior com partes maciças e
decoração a base de laca e incrustações. (O GRANDE…,1976)
Assim como no período anterior, neste estilo a migração, aqui de
holandeses e não franceses, também foi um fator influente para o design de
interiores e mobiliário.
É atribuído a Daniel Marot a forma característica da cadeira ​William and
Mary. ​Derivada da cadeira de braços em nogueira de Carlos II, peça essa mais
convencional, a cadeira do estilo em questão tinha as pernas traseiras mais
curtas e torneadas e as pernas frontais de consola, com assento baixo e costas
estreitas. A moda se espalhou pelo país com a produção sucessiva da peça em
diversos materiais, destinada à corte.
9.4 O USO DO DESIGN DE INTERIORES COMO FERRAMENTA DE
DEMONSTRAÇÃO DE PODER: HAMPTON COURT

Henrique VIII separa Estado e Igreja em 1531, libertando a Inglaterra da


autoridade papal. Apesar das construções religiosas paralisarem por quase um
século, a arquitetura civil prosperou com novo impulso. (BRUNT, 1982)
Com a expansão do comércio e navegação inglesas, Henrique busca
tornar a vida na corte mais luxuosa e requintada, se aproximando ao continente
europeu. Arquitetos italianos, artistas holandeses, flamengos e alemães foram
convidados para trabalhar no que hoje conhecemos como a “Renascença
Inglesa” (MASCARENHAS, 1979)
Mesmo tendo cerca de 60 propriedades, Hampton Court era o favorito
do Rei. Fazia constantes visitas acompanhado pelos mais de 800 cortesãos
que faziam parte de sua comitiva real. Cada uma dessas pessoas precisava
ser alimentada e acomodada, trazendo vida ao imenso palácio. (LIPSCOMB,
2013)

Imagem: Hampton Court

Fonte: https://www.visitbritain.com/br/pt-br/palacio-de-hampton-court
O palácio é referência do mais sofisticado Estilo Tudor. Foi projetado por
Thomas Wolsey, conselheiro próximo de Henrique VIII. Wolsey seria nomeado
cardeal, e sendo quem administrava todas as propriedades e o principal
ministro do jovem rei, precisava de uma local a altura para corresponder ao seu
prestígio. O que antes era uma mansão dos Cavaleiros Hospitaleiros, foi
transformado em um extraordinário palácio.
Como conselheiro, Wolsey tinha que agradar ao rei construindo algo que
fosse digno da suas frequentes visitas, contudo como representante do papa e
futuro cardeal ele também deveria agradar a Igreja Católica. Por esse motivo é
possível ver no pátio afrescos de imperadores romanos. A parte externa do
palácio foi revestida com tijolos vermelhos. Formando o característico padrão
diamante, temos uma primeira camada de pintura em vermelho, seguida de
outra camada em preto e a argamassa que une esse revestimento recebendo a
cor branca. O tijolo colorido era um material novo na época e denota opulência.
Sobre o layout externo do palácio Foyle afirma que:

“Este meio preciso de organizar um complexo inteiro de


edifícios não pode ser encontrado em nenhum plano inglês
antes deste tempo, mas há paralelos claros para isso nos
projetos de arquitetos renascentistas italianos, como o
contemporâneo de Filarete e Wolsey, Leonardo da Vinci.”
(FOYLE, BBC, 2011)

Wolsey conclui as obras do Hampton Court em 1515 e temos então um


palácio digno de um rei, mas construído para o seu ministro, o segundo homem
mais importante da corte. Os ambientes e a arquitetura do que ficou conhecido
como o Palácio de Henrique VIII foram construídos para demonstrar a força e
opulência da Coroa, bem como da Igreja Católica. (FOYLE, 2013)
Henrique se tornou rei com apenas 18 anos, era um homem alto para a
média nacional e tinha um desempenho magnífico em tudo que se propunha a
fazer. Somando essas coisas, temos um monarca jovem, viril e com a
preocupação de demonstrar isso para a sua corte. (PBS, 2013)
Uma forma de exibir sua colocação no campo de batalha e se mostrar
como um monarco próspero e opulento foi usando a decoração de interiores.
Existem três pinturas decorando as paredes do palácio. São três quadros
grandes e coloridos ilustrando as vitórias e os feitos do rei na cena
internacional, exaltando e enaltecendo sua imagem como soberano.
Segundo a historiadora de arte, Linda Collins (PBS, 2013), a obra, A
Batalha das Esporas, é uma propaganda do palácio e sua corte. Como
exemplo de que essa pintura foi usada para influenciar a imagem do rei, temos
sua colocação em local de destaque, coisa que não seria permitida pelos seus
conselheiros, a fim de protegê-lo. As outras duas pinturas, justamente por não
representarem vitórias de Henrique VIII no campo de batalha, mostram como
esse tipo de artefato era usado para projetar seu poder. Uma das ilustrações
mostram sua frota de navio sendo abastecida de jóias, tapeçarias e animais,
voltando de uma conferência de paz na França.
O outro quadro, ​The Field of The Cloth of Gold (​ O Campo do Pano de
Ouro), mostra suntuosas tendas feitas de ouro, muito dourado e um enorme
palácio temporário: um pequeno Hampton Court na estrada, cercado com
nobres e pelo rei montado em seu cavalo em uma gloriosa procissão. As três
ilustrações foram encomendadas pelo próprio rei, mostrando seu interesse em
projetar sua riqueza e poder nos habitantes do palácio.
Figura: The Field of the Cloth of Gold

Fonte: http://timesoftudors.blogspot.com.br/2013/02/field-of-cloth-of-gold.html

Nos detalhes, como forma de eternizar a relação Espanha e Inglaterra


que foi estabelecida com o casamento de Henrique com Catarina de Aragão,
Wolsey grava o emblema real em pedra. Sementes de romã, representando a
potência do reino Espanhol, e o emblema real da Dinastia Tudor foram
esculpidos em todas as pedras do palácio. A mistura da romã e da rosa como
adereços mostra o que era esperado dessa união: algo permanente.
(LIPSCOMB, 2013).
Figura: Emblema Espanhol

Fonte: Secrets Of Henry VIII’s Palace


Hampton Court só se torna moradia oficial da Coroa com a tentativa de
Wolsey de apaziguar a fúria do rei, após não ter conseguido o divórcio com o
Papa. O rei passou a ter o controle total do palácio. (WORSLEY, 2013)
Em 1533 há o rompimento com a igreja católica e Henrique VIII e Ana
Bolena se casam. A nova rainha convida mais de cem jovens mulheres e
nobres para a festa, uma forma de apresentar a si mesma e estabelecer seu
poder como rainha.

Figura: Emblema de Ana Bolena e Henrique VIII

Fonte: Secrets Of Henry VIII’s: Hampton Court, PBS

O Grande Salão demonstrava o amor do rei por sua segunda esposa,


Ana Bolena. Henrique passou 3 anos reconstruindo o salão para honrá-la.
Assim como o brasão de Catarina e Henrique adornavam as pedras e
representavam sua união, o salão possui esculturas com o brasão de Ana e
Henrique, tendo “H” e “A” entrelaçados com nós de amantes (FOYLE, 2013).
Figura - “Espiões debruçados”

Fonte: Secrets Of Henry VIII’s: Hampton Court, PBS

Presos ao beiral de madeira no teto do Grande Salão é possível ver


pequenos rostos debruçados. Tais figuras são inspirados no nome
eavesdropper (espião) e são uma constante lembrança do olhar do rei sobre
todos que ali estão.

Se entrar no Grande Salão hoje, Você verá estes


espiões que o arquiteto tinha realmente construído no teto.
São pequenas figuras que estão olhando para baixo, sobre os
cortesãos. E é quase um aviso a esses cortesãos dizendo:
“Olha, tudo pode ser ouvido aqui”. (BORMAN, 2013)

Com a execução de Ana Bolena, os emblemas de madeira são retirados


das paredes e os vitrais feitos por Galyon Hone, que demoraram oito meses
para serem construídos, são novamente reformados (FOYLE, 2013).
Próximo ao Grande Salão, fica a Grande Câmara de Observação e era
ali que os súditos esperavam para ver o monarca. Esse ambiente foi reformado
para sua terceira esposa, Jane Seymour, a única a dar-lhe um herdeiro
homem. O teto é preenchido com a rosa Tudor em couro vermelho e com o
emblema de Jane. Toda a câmara é revestida com grandes tapeçarias que
representam a história de Abraão. Feitas de pano de ouro, as cores eram muito
vívidas e brilhantes, feitas para causar impacto em quem estivesse ali
esperando por uma audiência com o rei (LIPSCOMB, 2013).
Também para sua terceira esposa, em frente ao grande portão do
palácio, Henrique coloca o leão coroado da Inglaterra segurando um escudo
representando suas armas e de Seymour. (CLEAVE, 2014)

Imagem: Câmara de Observação

Fonte: http://www.barryhyltondavies.co.uk/hampton-court.html

Ao longo da Galeria Processional do palácio Henrique é imortalizado em


uma enorme quadro de Hans Holbein. De acordo com Linda Collins (PBS,
2013), mesmo representando o rei já obeso os quadros de Holbein podem ter
um elemento de propaganda, o pintor deu a Henrique VIII substância, o fez
forte e magnífico. Impondo sua rigidez como soberano naquele ambiente.
Imagem: Retrato de Henrique VIII por Hans Holbein

Fonte:
https://www.britain-magazine.com/features/royals/henry-viii-think-six-wives/

Um dos aspecto que trazia status e magnificência ao reinado de


Henrique VIII era a cozinha. Eram quase mil pessoas que precisavam se
alimentar pelo menos duas vezes por dia. Tudo dentro do palácio denota poder
e tinha que ser o melhor. Desde a arquitetura, a decoração e as roupas até o
que era servido e oferecido. Cada detalhe tinha sua função estabelecida em
reafirmar a relação de poder entre o rei e sua corte. (MELTONVILLE, 2013)
O dragão Tudor, usado pelo avô de Henrique VIII era um símbolo da sua
suposta descendência do mítico rei Cadwalader, intimidando na Ponte do
Fosso. A peças originais foram destruídas no reinado de Guilherme III.
Henrique VIII e sua corte não foram os únicos monarcas a utilizarem o
enorme palácio como sede de sua soberania.
Com o fim do Protetorado inglês e o restabelecimento da monarquia há
novamente a vontade de imitar o luxo da corte francesa, tendo a corte maior
vida social e artística, durante o reinado de Carlos II. A arte desse período,
conhecido como Restauração mostra influências do Barroco francês, flamengo
e holandês, sendo este último encontrado principalmente no reinado de
Guilherme III e Maria II, devido a nacionalidade de Guilherme.
(MASCARENHAS, 1979)
Para o casal, o palácio estava muito antiquado, não era como os
edifícios que a monarquia francesa estava construindo em Versalhes. (FOYLE,
2011)
Alguns meses depois de sua ascensão, Guilherme e Maria iniciam a
reconstrução do Hampton Court. O projeto, de Christopher Wren, consistia na
transformação do palácio Tudor em um enorme construção Barroca. Devido a
morte prematura da rainha, os planos foram reduzidos, e somente os
apartamentos estatais de Henrique VIII foram perdidos.
Por esse motivo, hoje existe no Hampton Court uma mistura de estilos.
Podendo ver-se a reforma barroca no lado sul e na maior parte mantido o estilo
Tudor. Em primeiro plano tem-se o Jardim Privado, originalmente o jardim
particular de Guilherme. (CLEAVE, 2014)
Esses dois monarcas, que reinaram entre os anos 1688 e 1702, foram
um grande exemplo do uso da arquitetura e do design de interiores para
engrandecer o monarca e inspirar e intimidar quem adentrar o palácio.
Imagem: Trono colocado em um cômodo do Hampton Court

Fonte: Secrets Of Henry VIII’s: Hampton Court, PBS


Um trono foi colocado em cada quarto exterior do Hampton Court e os
cortesãos deveriam se curvar até mesmo quando ele estivesse vazio. O rei
muitas vezes se sentava em sua sala de jantar, extremamente rica em
ornamentos e detalhes, enquanto o público convidado e pagante, em
cerimônia, o assistiam atentamente desfrutar sozinho de seu enorme banquete.
Como disse a Dra Lucy Worsley: “O ponto de Hampton Court, e de fato,
o ponto de qualquer palácio, é realmente intimidar qualquer um que venha para
este lugar. Não é para ser quente, acolhedor e descontraído. Isto é sobre “O
Rei” (PBS, 2013)
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com toda pesquisa feita para elaboração deste artigo, entende-se que o
design, a decoração e a organização de um ambiente, eram amplamente
utilizados para exaltar a figura soberana do rei e manter uma relação de
vassalagem com sua corte. Antes mesmo do desenvolvimento de conceitos
como o de design de interiores, suas bases já eram amplamente utilizados e
desempenhavam um papel importante na sociedade e na relação entre as
diversas figuras reais históricas e suas devidas cortes. Cada detalhe foi
pensado para que a imagem do monarca fosse retratada na história de acordo
com a sua vontade, bem como nas suas relações mais presentes, seja
intimidando membros da corte, exaltando seus ganhos militares ou
favorecendo aliados com suas representações.
É interessante observar como os fatores externos também influíam nas
características do mobiliário e arquitetura, como é o caso do Protetorado.
pode-se notar que o design de uma simples cadeira refletia criticas sociais e
opiniões políticas.
Que o estudo do design de interiores não se volte somente ao futuro,
mas também ao passado, buscando entender sua relevância e seu
enquadramento com arte.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fontes, 2001.
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Mobiliário.​ Universidade Norte do Paraná, Londrina - PR, 1999.
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Reader’s Digest, 1976.
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de Janeiro: Tecnoprint/Edições de Ouro, 1979.
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Acesso em: 27.nov.18
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NAVARRO, Roberto. ​O que foi a Guerra dos Cem Anos?. ​Disponivel em
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BRITROYALS. ​King William III and Queen Mary II (1689 - 1702).​ Disponível
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Acesso em 19.07.19

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