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BELÉM
2016
Data: 18/04/2016
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SÍNTESE
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1990.
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pelo fato de dizer algo. Tais questionamentos fazem referência aos três atos performativos, o
locucionário, o ilocucionário e o perlocucionário.
O ato locucionário está diretamente ligado ao primeiro questionamento, em que sentido
dizer é fazer, esse ato é relacionado a produção de signos vocais segundo o código interno de
uma língua, encontra-se dividido em três atos, o fonético, o fático e o rético. O fonético atrelado
a produção de determinados sons; o fático consistindo na produção de determinados vocábulos,
em uma determinada construção, com uma determinada entonação; o rético consistindo na
utilização de tais vocábulos, com sentido e referência.
O ato ilocucionário faz referência ao segundo questionamento, em que sentido fazemos
algo dizendo algo, esse ato consiste na realização de um proferimento, é pertinente salientar,
todos os enunciados apresentam uma certa força (ou valor) ilocutória que se acrescenta a seu
sentido.
O ato perlocucionário mantém relação com o terceiro questionamento, em que sentido
fazemos algo pelo fato de dizer algo, esse ato trata dos efeitos ou consequências causadas nos
ouvintes por meio do que foi dito, ou seja, os efeitos causados sobre seus sentimentos,
pensamentos ou ações. Essas consequências não são parte integrante do ato locucinário,
acontecem depois, contudo, pode-se falar com a intenção de suscitar esses efeitos.
A distinção entre os atos ilocucionários e perlocucinários ocorrem de três maneiras,
representam elementos para assegurar sua apreensão, apresentam um resultado e demandam
uma resposta. Das três formas citadas, a primeira é considerada a mais importante, visto que a
apreensão evidencia o fato da referência está diretamente ligada ao momento da enunciação, no
momento em que há o reconhecimento entre os interlocutores de que algo está assegurado, o
objetivo ilocucionário é realizado através de sua força. Nesse sentido, uma das características
marcantes da reflexão sobre a performatividade é construída por meio da questão eu-sujeito e
sua relação com a apreensão, estabelecendo uma nova concepção de referência e
intencionalidade.
No que tange o estudo das forças ilocucionárias, Austin, em suas análises, sustenta que
há diversos tipos de força implicados nesses atos, tais forças são de alcance e gênero muito
diversos e podem articular-se em grupos ou classes. Assim, os valores ilocucionários da
enunciação são apresentados em cinco classes, a saber: os vereditivos, os exercitivos, os
comissivos ou promissivos, os comportamentais e os expositivos.
Os vereditivos consistem em emitir um juízo, oficial ou extraoficial, sobre evidências
ou razões quanto ao valor ou ao fato, na medida em que são passíveis de distinção, concernem
a pronúncia de um veredito sobre determinado assunto, o seu conteúdo tem a possibilidade de
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ser verdadeiro ou falso, como exemplo, podemos citar os performativos absolvo, condeno,
analiso, determino, descrevo etc.
Os exercitivos são referentes ao exercício de poderes, direitos ou influências, há a
ocorrência de ordenação objetivando que algo seja realizado de determinada forma, e,
consequentemente, a autorização ou não de que certos atos aconteçam, a exemplo temos os
performativos ordeno, revogo, voto, anuncio, demito etc.
Os comissivos ou promissivos caracterizam-se por comprometer o falante a cumprir o
que prometeu ou assumiu. Nesse ato, podemos incluir a ação de “tomar partido”, que revela
certa indecisão no ato que está sendo praticado; apresenta ligação com os vereditivos e
exercitivos, no que concerne a realizar a ação e se comprometer com as consequências de um
ato. Como exemplo podemos encontrar os proferimentos do tipo prometo, pretendo, me
pronuncio por, tomo partido, sou a favor de etc.
Os comportamentais designam as atitudes e o comportamento social, adotados diante da
conduta e do destino de outros. A exemplo podemos citar os seguintes proferimentos: abençoo,
felicito, critico, peço desculpas, agradeço etc.
Os expositivos esclarecem como as palavras são utilizadas quando opiniões são
expressas e sua condição de fidelidade ao pensamento do falante. Compõem essa classe
proferimentos como afirmo, menciono, explico, formulo, exemplifico etc.
Em síntese, o vereditivo consiste em um exercício de julgamento, o exercitivo é uma
afirmação de influência ou exercício de poder, o comissivo ou promissivo é quando se assume
uma obrigação ou declara uma intenção, o comportamental é a adoção de uma atitude e o
expositivo é o esclarecimento de razões, argumentos e comunicações.
Austin na construção de seus estudos procurou esclarecer como os fatos da linguagem
ordinária ocorrem, sem fazer uma distinção entre os estudos filosóficos e linguísticos, visto que,
a abordagem da linguagem por meio de uma visão performativa não se preocupa em delimitar
fronteiras entre a filosofia e linguística. As contribuições tecidas pelo teórico foram de grande
valia para o avanço dos estudos no campo da Pragmática Linguística.
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