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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

ANDRÉ GUILHERME CINTRA VILELA

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL E IMPLEMENTAÇÃO NUMÉRICA DO


GRAU DE COMPRESSIBILIDADE EM ELASTÔMEROS EM FUNÇÃO DAS
PROPRIEDADES VISCOELÁSTICAS

São Bernardo do Campo


2019
ANDRÉ GUILHERME CINTRA VILELA

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL E IMPLEMENTAÇÃO NUMÉRICA DO


GRAU DE COMPRESSIBILIDADE EM ELASTÔMEROS EM FUNÇÃO DAS
PROPRIEDADES VISCOELÁSTICAS

Relatório Parcial de Iniciação Científica


apresentado ao Centro Universitário FEI,
como parte dos requisitos do Programa
PIBIC-FEI. Orientado pelo Profª. Débora
Francisco Lalo.

São Bernardo do Campo


2019
RESUMO

A viscoelásticidade é o fenômeno pelo qual os elâstomeros, e os polímeros em


geral, apresentam tanto características de um sólido como as de um fluído. Os
parâmetros que representam esse fenômeno podem ser obtidos em função do tempo,
frequência ou temperatura. Desta forma, técnicas de ensaio de fluência e/ou relaxação
no domínio do tempo tem sido largamente empregada na carcterização deste
fenômeno.
Para representar fisicamente o comportamento viscoelástico de um polímero
deverão ser realizados ensaios experimentais em corpos de prova para que possam
ser tratados matematicamente e incorporados como modelos de análise em softwares
de simulação através do Método dos Elementos Finitos (MEF).
Um parâmetro fundamental para a caracterização do comportamento mecânico
de um material é o coeficiente de Poisson, que está atrelado ao seu grau de
compressibilidade. Em geral, o coeficiente de Poisson pode ser dado pela relação
entre os módulos de cisalhamento e volumétrico. Assim, a principal motivação deste
trabalho é conferir a análise e o estudo da caracterização de elastômeros através de
ensaios mecânicos para a definição do grau de compressibilidade da borracha,
visando a implementação de seus parâmetros constitutivos em modelos de simulação
computacional via Método dos Elementos Finitos (MEF). O grau de compressibilidade
obtido pelos parâmetros viscoelásticos deverá ser comparado com o ensaio de
compressão volumétrica realizado através da medição direta em um dispositivo
acoplado à máquina de ensaio uniaxial.

Palavras-chave: Elastômero. Método dos Elementos Finitos (MEF).


Viscoelasticidade. Grau de Compressibilidade.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estado genérico de tensão (a) inicial e (b) final. ........................................... 8


Figura 2 – (a) Compressão uniaxial e (b) tração uniaxial ............................................. 10
Figura 3 – Extensão biaxial .............................................................................................. 11
Figura 4 – Deformação plana .......................................................................................... 12
Figura 5 – Reações da deformação ao degrau de carregamento constante .............. 16
Figura 6 – Representação gráfica de um elemento mecânico elástico e de um
elemento mecânico viscoso ............................................................................................. 18
Figura 7 – (a) Parcela elástica representada por uma mola e (b) parcela plástica
representada por um amortecedor .................................................................................. 18
Figura 8 – Representação gráfica do modelo viscoelástico linear de Kelvin-Voigt .... 19
Figura 9 – Representação gráfica do modelo viscoelástico linear de Maxwel ........... 21
Figura 10 – Representação gráfica do modelo viscoelástico Sólido Padrão .............. 23
Figura 11 – Exemplo de um ensaio axial ........................................................................ 27
Figura 12 – Exemplo de ensaio de compressão volumétrica ....................................... 28
Figura 13 – Teste de um elastômero em um equipamento de DMA ........................... 29
Figura 14 – Instron 5667 .................................................................................................. 30
Figura 15 - Punção superior............................................................................................. 31
Figura 16 - Peça de ajuste intermediária ........................................................................ 31
Figura 17 - Base de apoio ................................................................................................ 32
Figura 18 - (a) Desenho de conjunto e (b) corte isométrico do isométrico ................. 32
Figura 19 - Modelagem gerada do corpo de prova através do software Abaqus ....... 34
Figura 20 - Dispositivo para o ensaio de compressão volumétrica confeccionado .... 35
Figura 21 - Dispositivo desmontado ................................................................................ 36
Figura 22 - Deformações verticais simuladas no modelo ............................................. 38
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Curvas de Tensão x Deformação ................................................................. 33


Gráfico 2 – Curva de Tensão x Razão Volumétrica ...................................................... 34
Gráfico 3 - Ajuste de curvas para cada modelo constitutivo ......................................... 37
Gráfico 4 - Análise das curvas ......................................................................................... 38
SUMÁRIO

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 6

1.1 ELASTÔMEROS .......................................................................................... 6

1.2 COMPORTAMENTO HIPERELÁSTICO .................................................... 6

1.3 MODELOS CONSTITUTIVOS HIPERELÁSTICOS ................................ 13

1.3.1 MODELO POLINOMIAL ............................................................................ 13

1.3.2 MODELO DE MOONEY-RIVLIN .............................................................. 13

1.3.3 MODELO NEO-HOOKEANO .................................................................... 14

1.3.4 MODELO DE OGDEN ............................................................................... 14

1.3.5 MODELO DE YEOH .................................................................................. 14

1.4 COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO ................................................. 15

1.4.1 VISCOELASTICIDADE LINEAR ............................................................... 17

1.4.2 MODELOS CONSTITUTIVOS VISCOELÁSTICOS ............................... 19

1.4.2.1 MODELO KELVIN-VOIGT ......................................................................... 19

1.4.2.2 MODELO MAXWELL ................................................................................. 20

1.4.2.3 MODELO SÓLIDO PADRÃO .................................................................... 23

1.5 CARACTERIZAÇÃO VISCOELÁSTICA SEGUNDO UMA SÉRIE DE PRONY


25

1.6 ENSAIOS MECÂNICOS ............................................................................ 26

2 METODOLOGIA......................................................................................... 29

2.1 MATERIAIS ................................................................................................. 29

2.2 DISPOSITIVO VOLUMÉTRICO................................................................ 30

2.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA ......................................................................... 33

3 RESULTADOS E CONCLUSÕES ........................................................... 35

3.1 CONFECÇÃO DO DISPOSITIVO VOLUMÉTRICO ............................... 35


3.2 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO NUMÉRICA....................................... 36

4 CRONOGRAMA ....................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 40
6

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 ELASTÔMEROS Commented [DFL1]: Todas as citações devem ser referenciadas.


Verificar todas do arquivo (ACERTADO)!!!

Segundo Smith e Hashemi (1993), as indústrias têm utilizado nos últimos


tempos os elastômeros como material de engenharia dentro dos setores
automotivos e em uma ampla gama de aplicações como rodas, isolantes de
vibração, dispositivos médicos, acoplamentos e componentes estruturais.
Para Mars (2002), a borracha é um excelente material devido a sua
capacidade de ser submetida a altas deformações sob pequenas cargas e
retornar à configuração inicial sem considerável deformação permanente ou
fratura após a remoção da carga.
Coran e Patel (2006) afirmam que além da recuperação elástica, os
elastômeros possuem propriedades físicas como flexibilidade, extensibilidade,
resiliência e durabilidade que não são encontrados em nenhum outro tipo de
material. Contudo, estas características, segundo Nagdi (1993), mudam
conforme diversas variáveis, estando elas no domínio do tempo, temperatura ou
frequência.

1.2 COMPORTAMENTO HIPERELÁSTICO

A mecânica dos elastômeros possui alto nível de complexidade e podem


surgir diversas hipóteses na descrição de uma equação constitutiva. Conforme
Roque (2007), é muito difícil obter uma lei capaz de modelar todos os
comportamentos sob qualquer solicitação. Isto ocorre porque os elastômeros
não possuem o mesmo comportamento onde é possível verificar grandes
diferenças no seu comportamento dependendo das suas solicitações. Roque
(2007) afirma que outro aspecto a ser considerado prende-se com a variabilidade
de resposta a diferentes velocidades de deformação. O autor ressalta a
importância de que quando houver interesse em desenvolver uma equação
constitutiva para modelar um elastômero, é de grande importância ter atenção
nas condições de deformação a que o material será sujeito.
Segundo Treloar (1975), uma equação constitutiva é um modelo matemático
fenomenológico utilizado para descrever a relação entre a tensão e a extensão
7

num material. Este tipo de modelo não leva em consideração os conceitos


moleculares e estruturais, mas sim um matemático. O objetivo deste método é
encontrar a forma mais ampla de caracterizar as propriedades, não se
preocupando, segundo Roque (2007) em interpretar o conteúdo físico e
molecular do material.
Segundo Marckmann e Verron (2006), os modelos constitutivos
hiperelásticos podem ser divididos em modelos fenomenológicos e modelos
micromecânicos. Os modelos fenomenológicos consistem em parâmetros
desconhecidos e cuja determinação necessita de dados experimentais. Os
dados experimentais são depois aproximados utilizando, por exemplo, o método
dos mínimos quadrados. Já os modelos micromecânicos baseiam-se nas
características químicas do material, como tipo de ligação química, comprimento
de cadeias e variáveis termodinâmicas.
Treloar (1975) explica que a equação constitutiva mais simplificada para um
material hiperelástico é desenvolvida a partir de uma função potencial de energia
isotrópica. A função é dita isotrópica porque é invariante sob rotação e assim
pode ser expressada segundo os termos dos invariantes principais do seu
argumento. Os invariantes são independentes da direção e têm o mesmo valor
indiferente do sistema de coordenadas. Segundo Bergström (1999), uma vez
que os argumentos utilizados nas funções potenciais elásticas são o tensor
gradiente da deformação (𝐹), o tensor direito das deformações de Cauchy (𝐶)
ou o tensor das extensões para grandes deformações (𝐸), que são tensores de
segunda ordem, cada um com três invariantes respectivamente, portanto um
material isotrópico hiperelástico pode ser definido por três invariantes como
medidas de deformação.
Segundo Roque (2007), o primeiro invariante a soma das entradas da
diagonal da matriz. O segundo invariante é definido pela Eq. 1 abaixo, o terceiro
invariante é o determinante da matriz.

1
𝐼2 = (𝐶 − 𝐶𝑗𝑖 𝐶𝑖𝑗 )
2 𝑖𝑗
(Eq. 1)
8

Assim os invariantes para o tensor 𝐶 são dados na sua forma final pelas Eq.
2, Eq. 3 e Eq. 4 mostradas abaixo:

𝐼1 = 𝑐11 + 𝑐22 + 𝑐33


(Eq. 2)

1
𝐼2 = (𝑐 𝑐 + 𝑐11 𝑐33 + 𝑐22 𝑐11 + 𝑐22 𝑐33 + 𝑐33 𝑐11 + 𝑐33 𝑐22 − 𝑐21 𝑐12 − 𝑐31 𝑐13
2 11 22
− 𝑐12 𝑐21 − 𝑐32 𝑐23 − 𝑐13 𝑐31 − 𝑐23 𝑐32 )
(Eq. 3)

𝐼3 = 𝑐11 𝑐22 𝑐33 − 𝑐11 𝑐23 𝑐32 − 𝑐12 𝑐21 𝑐33 + 𝑐12 𝑐23 𝑐31 + 𝑐13 𝑐21 𝑐32 − 𝑐13 𝑐22 𝑐31
(Eq. 4)

Treloar (1975) afirma que em um estado genérico de tensão, há três tensões


principais atuando em direções paralelas sobre os eixos de deformação
principais. Se estas tensões forem denominadas por 𝑡1 , 𝑡2 𝑒 𝑡3 , o problema é visto
para a determinação do valor em função das extensões principais, 𝜆1 , 𝜆2 𝑒 𝜆3 ,
definidas a partir de um quociente entre as dimensões inicial e final, conforme a
figura 1 abaixo.

Figura 1 – Estado genérico de tensão (a) inicial e (b) final.

Fonte: (Roque, 2007)

Este cálculo é feito a partir do funcional de energia densidade de deformação


(𝑊), que utilizam das extensões principais, definidas pelas Eq. 5, Eq.6 e Eq.7
abaixo:
9

𝑥
𝜆1 =
𝑥0
(Eq. 5)

𝑦
𝜆2 =
𝑦0
(Eq. 6)

𝑧
𝜆3 =
𝑧0
(Eq. 7)

Para determinar as tensões principais, Treloar (1975) explica que o método


utilizado faz a equação da variação da energia elástica armazenada em função
da variação das extensões principais, ou seja, o trabalho feito pelas forças
externas aplicadas. Porém, segundo Roque (2007) estas três extensões não
variam independentemente, uma vez unidos pela condição de
incompressibilidade, o que implica que ao escolher dois como independentes o
terceiro está automaticamente definido. Reescrevendo os invariantes em função
das extensões principais, obtém-se as Eq. 8, Eq. 9 e Eq. 10 abaixo:

𝐼1 = 𝜆12 + 𝜆22 + 𝜆23


(Eq. 8)

𝐼2 = 𝜆1 𝜆2 + 𝜆1 𝜆3 + 𝜆2 𝜆3
(Eq. 9)

𝐼3 = 𝜆12 𝜆22 𝜆23 = 1


(Eq. 10)

Existem diversos estados simples de deformação, como sejam, por exemplo,


a tração/compressão uniaxial, a deformação biaxial simétrica e a deformação
plana. Estes são estados de deformação onde é possível determinar as
10

extensões principais, e através delas determinar os invariantes para cada um


desses estados de deformação.
O estado uniaxial de deformação é obtido partir de ensaios de tração e
compressão uniaxial, conforme a figura 2 abaixo.

Figura 2 – (a) Compressão uniaxial e (b) tração uniaxial

Fonte: (Roque, 2007)

Sendo ambos os casos a deformação na direção em 𝑥 é imposta, o valor de


𝜆1 é conhecido. Assim, por simetria da deformação, o valor de 𝜆2 é igual a 𝜆3 ,
permitindo pela condição de incompressibilidade, relacionar 𝜆 = 𝜆1 com 𝜆2 e 𝜆3,
conforme a Eq. 11.

1
𝜆 2 = 𝜆3 = 𝜆 2
(Eq. 11)

Substituindo este resultado nas Eq. 8 e Eq. 9, obtêm-se as Eq. 12 e Eq. 13


abaixo:

𝐼1 = 𝜆2 + 2𝜆−1
(Eq. 12)

𝐼2 = 𝜆−2 + 2𝜆
(Eq. 13)
11

Segundo Roque (2007), nos ensaios de deformação biaxial, a deformação é


imposta em duas direções perpendiculares entre si e dessa forma os valores de
𝜆2 𝑒 𝜆3 são conhecidos, conforme a figura 3 abaixo.

Figura 3 – Extensão biaxial

Fonte: (Roque, 2007)

Determina-se a relação entre as três direções de deformação a partir das


Eq. 14 e Eq. 15, descritas abaixo:

𝜆 2 = 𝜆3 = 𝜆
(Eq. 14)

1
𝜆1 = = 𝜆−2
𝜆2
(Eq. 15)

Substituindo as Eq. 14 e Eq. 15 nas Eq. 8 e Eq. 9, obtém-se as seguintes


equações:

𝐼1 = 𝜆−4 + 2𝜆2
(Eq. 16)

𝐼2 = 𝜆4 + 2𝜆−2
(Eq. 17)
12

A deformação plana ocorre em um plano, sendo que a terceira direção é


restringida. A figura 4 abaixo, representa a deformação plana, em que a direção
em z é restringida.

Figura 4 – Deformação plana

Fonte: (Roque, 2007)

Portanto, é estabelecido uma relação entre as três extensões principais,


conforme as equações abaixo:

𝜆1 = 𝜆
(Eq. 18)

𝜆2 = 𝜆−1
(Eq. 19)

𝜆3 = 1
(Eq. 20)

Então, substituindo os valores encontrados obtêm-se para os invariantes da


deformação plana os seguintes resultados, expressados pelas Eq. 21 e Eq. 22:

𝐼1 = 𝜆2 + 𝜆−2 + 1
(Eq. 21)

𝐼2 = 𝜆2 + 𝜆−2 + 1
(Eq. 22)
13

Portanto, pela Eq. 22 pode-se concluir que os dois primeiros invariantes da


deformação plana são idênticos.

1.3 MODELOS CONSTITUTIVOS HIPERELÁSTICOS

1.3.1 MODELO POLINOMIAL

O modelo polinomial é baseado nos dois primeiros invariantes. Sua energia


densidade de deformação é indicada pela Eq. 23 abaixo:

𝑁 𝑁
𝑖 𝑗
1
𝑊 = ∑ 𝑐𝑖𝑗 (𝐼1 − 3) (𝐼2 − 3) + ∑ (𝐽 − 1)2𝐾
𝐷𝐾
𝑖+𝑗=1 𝐾=1

(Eq. 23)

Onde, segundo Ali (2010):


 𝑐𝑖𝑗 é a constante do comportamento cisalhante do material;
 𝐷𝐾 é a constante de compressibilidade do material;
 𝑁 é o número de termos para a função energia de deformação;
 𝐽 é a relação entre os volumes da configuração inicial e deformada.

1.3.2 MODELO DE MOONEY-RIVLIN

Segundo Steinmann, Hossain e Possart (2012), o modelo de Mooney-Rivlin


é formulado a partir da função densidade de energia de deformação, conforme
a Eq. 24:

𝑊 = 𝑐10 (𝐼1 − 3) + 𝑐01 (𝐼2 − 3)


(Eq. 24)

Para Reis (2015), este modelo se assemelha ao modelo Neo-Hookeano, visto


em sequência, contudo, a incorporação da hipótese de que a deformação do
14

elastômero também depende do segundo invariante do tensor de Cauchy-Green


diferencia ambos os modelos.

1.3.3 MODELO NEO-HOOKEANO

O modelo Neo-Hookeano consiste em determinar que 𝑐01 é igual a zero e 𝑐10


é equivalente a metade do módulo de cisalhamento (𝜇). A relação para o modelo
Neo-Hookeano pode ser expressa pela Eq. 25 descrita abaixo:

𝜇 1
𝑊= (𝐼 − 3) + (𝐽 − 1)2
2 1 𝐷
(Eq. 25)

Segundo Ali (2010), dentre os modelos hiperelásticos, o modelo Neo-


Hookeano é o mais simples já desenvolvido para casos em que dados
experimentais do material não são suficientes.

1.3.4 MODELO DE OGDEN

Segundo Steinmann, Hossain e Possart (2012), o modelo de Ogden possui


a formula a partir da função densidade de energia de deformação, conforme a
Eq. 26 abaixo:

𝑁 𝑁
𝜇𝑖 𝛼𝑖 𝛼 𝛼 1
𝑊=∑ (𝜆 + 𝜆2 𝑖 + 𝜆3 𝑖 − 3) + ∑ (𝐽 − 1)2𝐾
𝛼𝑖 1 𝐷𝐾
𝑖=1 𝐾=1
(Eq. 26)

Onde:
 𝛼𝑖 é a constante que representa o comportamento cisalhante.

1.3.5 MODELO DE YEOH

Segundo Bertoni (2010), este modelo propõe que a deformação depende do


primeiro invariante do tensor de Cauchy-Green, sendo vantajoso não considerar
15

efeitos do segundo invariante. A função densidade de energia de deformação é


descrita pela Eq. 27 abaixo:

𝑁 𝑁
1
𝑊 = ∑ 𝑐𝑖0(𝐼1 − 3)𝑖 + ∑ (𝐽 − 1)^2𝐾
𝐷𝐾
𝑖=1 𝐾=1
(Eq. 27)

1.4 COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO

As fórmulas que compõem o comportamento hiperelástico apresentadas


acima descrevem o comportamento de elastômeros em uma condição de
equilíbrio. Contudo, Reis (2015) afirma que o comportamento mecânico desta
classe de materiais é dependente também da taxa de carregamento.
Bem como fora feito na análise dos materiais hiperelásticos, o
comportamento mecânico em função da taxa de carregamento pode ser
entendido ao analisar a microestrutura dos elastômeros. Segundo Carnevarolo
Jr. (2006), a elasticidade dos polímeros provém da deformação de suas cadeias
poliméricas. Ao deformar-se, a parcela elástica da borracha ocorre devido as
distorções do ângulo e à distorção do ângulo e à distância de ligação entre os
átomos da cadeia polimérica e, a parcela plástica devido ao atrito entre as
cadeias. Tal fato gera um atraso na resposta à solicitação, proporcionando uma
defasagem entre as mesmas.
Segundo Reis (2015), dependendo da temperatura de trabalho e/ou do tempo
de aplicação de carregamento, o efeito do atrito entre as cadeias poliméricas
pode se tornar mais evidente. Com isto, Ward e Sweeney (2004) afirma que
segundo o exposto verifica-se a presença de toda a gama de respostas
intermediárias entre sólido perfeitamente elástico e líquido viscoso ideal.
Os materiais viscoelásticos demonstram, segundo Farina (2009), uma
relação entre a tensão e a deformação que é dependente do tempo e da
frequência. Para Lakes (2009), todos os materiais apresentam uma resposta do
tipo viscoelástica, sendo que a elasticidade não existe em materiais reais.
Entretanto, isto é uma descrição aproximada do material para o qual o efeito
viscoelástico é pequeno suficiente para ser desprezado.
16

Farina (2009) explica que os materiais que apresentam uma resposta


viscoelástica em fluência, dada uma temperatura específica, o seu
comportamento pode ser definido com uma ação elástica devido o
carregamento, seguido por um lento e contínuo aumento da deformação a uma
taxa de variação da deformação decrescente com o tempo. Quando a tensão é
cessada, ocorre uma rápida recuperação elástica seguida por uma recuperação
da deformação dependente do tempo a uma taxa de variação continuamente
decrescente, como demonstrado na figura 5 ilustrada a seguir:

Figura 5 – Reações da deformação ao degrau de carregamento constante

Fonte: (Farina, 2009)

Esses tipos de materiais que demonstram este fenômeno são influenciados


pela quantidade de tensão e, segundo Farina (2009), quanto maior o tempo
passado em tensão constante, maior será a deformação correspondente.
O comportamento influenciado pelo tempo de materiais viscoelásticos deve
ser expressado por equações constitutivas que consideram o tempo como
variável em relação à tensão e à deformação.
Farina (2009) explica que mesmo sob o mais simples programa de
carregamento, como o carregamento constante ao longo do tempo, a forma da
curva tempo-deformação pode ser complexa. Para Findley, Lai e Onaran (1976),
devido ao fato de que o tempo não pode ser mantido constante ou eliminado
durante um ensaio, o estudo experimental do comportamento mecânico pode ser
mais complexo que o estudo de materiais independentes do tempo.
17

Segundo Farina (2009), o comportamento viscoelástico manifesta-se de


várias formas, incluindo fluência sob carga constante, relaxação de tensão sob
deformação constante, recuperação da deformação dependente do tempo após
a completa remoção do carregamento, ruptura por fluência dependente do tempo
e dependência da frequência na resistência à fadiga.
Schapery (2000) afirma que se após a remoção da carga, uma parcela da
deformação não desaparece depois de um longo período de tempo, sendo esta
porção residual afetada pelo tempo de carregamento, então a deformação é
chamada de viscoplástica. O autor explica que sólidos viscoelásticos podem ou
não exibir viscoplasticidade.

1.4.1 VISCOELASTICIDADE LINEAR

O comportamento de materiais viscoelásticos sobre tensão uniaxial é


apontado por Marques e Creus (2012), assim como por outros autores,
Carnevarolo Jr. (2006), Flugge (1975) e Christensen (2010), como sendo um
sistema de forma simplificada, composto por modelos que, quando combinados,
representem fisicamente cada parcela viscoelástica.
A parcela elástica de um modelo viscoelástico linear é representado por uma
mola cujo comportamento é regido pela Lei de Hooke. A tensão que atua no
elemento é proporcional à deformação sujeita, cuja proporcionalidade é
estabelecida por um módulo de elasticidade 𝐸, conforme a Eq. 28:

𝜎=𝐸𝜀
(Eq. 28)

Já a parcela viscosa é representada por um amortecedor. Assim, a tensão


atuante no elemento viscoso é proporcional à taxa de deformação ao qual é
aplicada, o coeficiente de viscosidade 𝜂 representa a constate de
proporcionalidade, como demonstrado pela Eq. 29:

𝑑𝜀
𝜎= 𝜂
𝑑𝑡
(Eq. 29)
18

Os componentes são representados conforme a figura 6 bem como o seu


comportamento devido a uma solicitação é ilustrado na figura 7.

Figura 6 – Representação gráfica de um elemento mecânico elástico e de um elemento


mecânico viscoso

Fonte: (Reis, 2015)

Figura 7 – (a) Parcela elástica representada por uma mola e (b) parcela plástica representada
por um amortecedor

Fonte: (Carnevarolo Jr, 2006)


19

1.4.2 MODELOS CONSTITUTIVOS VISCOELÁSTICOS

1.4.2.1 MODELO KELVIN-VOIGT

O modelo de Kelvin-Voigt é composto por uma mola e um amortecedor em


paralelo, conforme ilustra a figura 8.

Figura 8 – Representação gráfica do modelo viscoelástico linear de Kelvin-Voigt

Fonte: (Reis, 2015)

A tensão que atua no modelo é equivalente a soma das tensões de cada


elemento, contudo, a deformação total do modelo é igual à deformação de cada
um dos componentes, sendo demonstrado nas Eq. 30 e Eq. 31.

𝜎 = 𝜎1 + 𝜎2
(Eq. 30)

𝜀 = 𝜀1 = 𝜀2
(Eq. 31)
20

Conforme indica Reis (2015), aplica-se as relações constitutivas de cada


elemento vistas nas Eq. 28 e Eq. 29 na Eq. 30, onde obtêm-se a expressão que
descreve a tensão atuante no modelo de Kelvin-Voigt, representada pela Eq. 32.

𝑑𝜀
𝜎=𝐸𝜀+ 𝜂
𝑑𝑡
(Eq. 32)

Um método para checar se ocorre efeitos viscoelásticos em materiais é a


realização de ensaios de relaxação, na qual uma deformação é aplicada e a
aumenta-se a tensão de forma controlada. A condição de relaxação é
representada pela Eq. 33.

𝑑𝜀
=0
𝑑𝑡
(Eq. 33)

Segundo Reis (2015), compreende-se que o modelo de Kelvin-Voigt se


comporta em relaxação como um sólido perfeitamente elástico, pois o resultado
fica degenerado à solução do elemento mecânico elástico.

1.4.2.2 MODELO MAXWELL

O modelo de Maxwell é definido pela junção de uma mola e um amortecedor


em série, conforme ilustrado na figura 9.
21

Figura 9 – Representação gráfica do modelo viscoelástico linear de Maxwel

Fonte: (Reis, 2015)

Segundo Reis (2015), como os elementos estão em série, a tensão atuante


em ambos os elementos deve ser a mesma, enquanto que a deformação total
do modelo pode ser descrita como a soma das deformações individuais de cada
elemento:

𝜎 = 𝜎1 = 𝜎2
(Eq. 34)

𝜀 = 𝜀1 + 𝜀2
(Eq. 35)

Fazendo o tratamento diferencial da Eq. 35 em relação ao tempo, obtêm-se


a Eq.36 a seguir.

𝑑𝜀 𝑑𝜀1 𝑑𝜀2
= +
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 36)
22

Diferenciando a equação constitutiva do elemento elástico, representado pela


em relação ao tempo, obtêm-se a Eq. 37. Substituindo as equações, é definido
a Eq. 38.

𝑑𝜎 𝑑𝜀1
=𝐸
𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 37)

𝑑𝜀 1 𝑑𝜎 𝜀2
= +
𝑑𝑡 𝐸 𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 38)

Substituindo a equação constitutiva do elemento viscosos, é obtida a fórmula


que descreve a taxa de deformação do modelo de Maxwell:

𝑑𝜀 1 𝑑𝜎 𝜎
= +
𝑑𝑡 𝐸 𝑑𝑡 𝜂
(Eq. 39)

Uma análise importante a ser realizada no modelo de Maxwell, conforme é


explicado por Reis (2015), leva em consideração a solicitação de fluência, ou
seja, em que a tensão atuante no material é permanecida constante e a evolução
de deformação é controlada. A expressão que rege a fluência é apresentada pela
Eq. 40.

𝑑𝜎
=0
𝑑𝑡
(Eq. 40)

Aplicando a Eq. 40 na Eq. 39, obtêm-se a expressão da Eq. 41.

𝑑𝜀 𝜎
=
𝑑𝑡 𝜂
(Eq. 41)
23

A partir do resultado, verifica-se que o modelo de Maxwell se comporta em


fluência como um fluído viscoso.

1.4.2.3 MODELO SÓLIDO PADRÃO

Os modelos Kelvin-Voigt e de Mawell falham em descrever completamente o


comportamento viscoelástico de polímeros, sendo que cada modelo possui uma
determinada deficiência frente a uma solicitação específica.
De forma a descrever com maior veracidade o comportamento de um
polímero, Reis (2015) explica que o modelo conhecido como Sólido Padrão é
composto pela junção do modelo de Maxwell em paralelo com um elemento de
mola, conforme ilustrado na figura 10.

Figura 10 – Representação gráfica do modelo viscoelástico Sólido Padrão

Fonte: (Reis, 2015)

Como o elemento de mola adicional é acoplado em paralelo ao modelo de


Maxwell, o autor afirma que a tensão atuante no modelo Sólido Padrão é dada
pela soma das tensões de cada ramo, porém a deformação total do modelo é
igual à deformação de cada ramo, conforme expressado nas Eq. 42 e Eq. 43.
24

𝜎 = 𝜎1 + 𝜎2
(Eq. 42)

𝜀 = 𝜀1 = 𝜀2
(Eq. 43)

Aplicando a solução do modelo de Maxwell e a equação constitutiva do


elemento elástico, obtêm-se a expressão a seguir indicada pela Eq. 44.

𝑑𝜀 1 𝑑𝜎1
𝜎=𝜂 ( − ) + 𝐸2𝜀
𝑑𝑡 𝐸1 𝑑𝑡
(Eq. 44)

Desenvolvendo a equação realizando a sua diferenciação em função do


tempo, define-se a Eq. 45.

𝑑𝜎 𝑑𝜎1 𝑑𝜎2
= +
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 45)

Substituindo a Eq. 45 na Eq. 44, encontra-se a expressão Eq. 46.

𝑑𝜀 1 𝑑𝜎 𝑑𝜎2
𝜎 = 𝜂[ − ( − )] + 𝐸2 𝜀
𝑑𝑡 𝐸1 𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 46)

Realizando a diferenciação da equação constitutiva do elemento elástico em


relação ao tempo, obtêm-se a Eq. 47.

𝑑𝜎2 𝑑𝜀
= 𝐸2
𝑑𝑡 𝑑𝑡
(Eq. 47)
25

Desenvolvendo as equações e reordenando os termos, é obtida a equação


diferencial que descreve o comportamento do modelo Sólido Padrão:

𝜂 𝑑𝜎 𝐸2 𝑑𝜀
𝜎+ = 𝐸2 𝜀 + (1 + ) 𝜂
𝐸1 𝑑𝑡 𝐸1 𝑑𝑡
(Eq. 48)

Segundo Reis (2015), a eficiência do modelo Sólido Padrão pode ser


analisada observando o seu comportamento sob uma solicitação de relaxação
ou de fluência, as quais os modelos anteriormente deduzidos falharam em
descrever.

1.5 CARACTERIZAÇÃO VISCOELÁSTICA SEGUNDO UMA SÉRIE DE


PRONY

Uma das características marcantes da borracha é a dependência de suas


propriedades mecânicas com a temperatura, tempo e frequência. Esta
dependência pode ser observada sobre alguns aspectos: fluência e relaxação.
Ao submeter uma amostra a um esforço uniaxial de tal forma que o mesmo
seja aplicado com intensidade constante, observa-se que o exemplar irá se
deformar continuamente, resultando no fenômeno conhecido como fluência.
Para relaxar a tensão aplicada, as moléculas, quando solicitadas escoam uma
sobre as outras devido a sua mobilidade natural, resultando no aumento contínuo
da deformação com o tempo.
Porém, ao deformar a mesma amostra de forma instantânea e, em seguida,
mantê-la em um estado de deformação constante, ocorrerá o fenômeno
conhecido como relaxação da tensão, no qual em virtude da relaxação individual
das moléculas, a tensão necessária para manter a deformação constante diminui
com o tempo.
As equações constitutivas no domínio do tempo de um material viscoelástico
incluem este histórico de deformações, sendo que o esforço, o deslocamento, a
taxa de deformação e o tempo de aplicação da carga na amostra são parâmetros
necessários para determinar as constantes nas equações constitutivas. Com
determinados ensaios mecânicos é possível ainda obter fatores relacionados ao
26

desempenho do material, como o módulo de armazenamento, o módulo de perda


e o fator de perda. Com a obtenção destes parâmetros, é possível criar modelos
viscoelásticos e implementa-los em softwares de simulação computacional.
Segundo Chen (2000), uma forma comum para estas equações tem o aspecto
de uma série de Prony, como a função de relaxação indicada na Eq. 49.

𝑡

𝑌(𝑡) = 𝐸0 . (1 − ∑𝑛𝑖=1 𝑝𝑖 . (1 − 𝑒 𝜏𝑖
))

(Eq. 49)

onde:
 𝑌(𝑡) é a função de relaxação;
 𝑝𝑖 é a constante de Prony;
 𝜏𝑖 é a constante de retardo temporal de Prony.

Um importante parâmetro a ser verificado para aplicações de engenharia é o


coeficiente de Poisson, que segundo Tschoegl (2002) é definido como a razão
entre a contração lateral e o alongamento exercido por uma tensão uniaxial
infinitesimal de um corpo isotrópico homogêneo. Em um material viscoelástico,
o coeficiente de Poisson é uma função do tempo (ou frequência) que depende
do regime escolhido para extrai-lo

1.6 ENSAIOS MECÂNICOS

Como dito anteriormente, para a realização da análise em componentes


elastoméricos através de softwares de simulação via MEF, se faz necessário a
criação de modelos hiperelásticos e viscoelásticos do material e, para obtenção
dos parâmetros do modelo, requer-se a realização de ensaios mecânicos. Os
ensaios que são normalmente utilizados para caracterizar elastômeros são
listados a seguir:

 Ensaio de tensão uniaxial

Ensaio comumente empregado em elastômeros tem como objetivo a


criação de um experimento onde não haja influências na diminuição da largura
27

da amostra em estudo, para que a mesma atinja o estado puro de tensão


uniaxial. Para que tal efeito seja expressivo, se faz necessário a utilização de
corpos de prova com o comprimento bem maior na direção de estiramento que
a largura e a espessura. Este modo de deformação pode ser empregado nos
ensaios de relaxação. A figura 11 ilustra um ensaio de tensão uniaxial.

Figura 11 – Exemplo de um ensaio axial

Fonte: (Miller, 2000)

 Ensaio de compressão simples

Ensaio de compressão simples ao qual há dificuldade de obter o estado


puro de tensão pois há interferência de atrito da amostra e o equipamento, porém
este efeito pode ser minimizado com a utilização de uma fina camada de óleo.
Um corpo de prova cilíndrico é utilizado neste tipo de ensaio. O ensaio de
fluência pode ser realizado através desta metodologia.
28

 Compressão volumétrica

O ensaio de compressão volumétrica verifica o grau de compressibilidade


do elastômero, com a utilização de um corpo de prova cilíndrico solicitado por
um punção, onde o mesmo sofre compressão confinado dentro de um
compartimento. A representação do modelo do ensaio de compressão
volumétrica é definida pela figura 12.

Figura 12 – Exemplo de ensaio de compressão volumétrica

Fonte: (Shahzad, 2015)

 DMA

O ensaio de DMA (Dynamic Mechanical Analysis) é realizado no domínio


da frequência, onde o corpo de prova é submetido a uma tensão/deformação
senoidal e a respectiva resposta é analisada. O ensaio de DMA analisa ambas
respostas elástica e viscosa simultaneamente. Um elastômero instalado em um
equipamento de DMA para realização do teste de cisalhamento é apresentado
na figura 13.
29

Figura 13 – Teste de um elastômero em um equipamento de DMA

Fonte: (Rouleau, Pirk, Pluymers e Desmet, 2015)

2 METODOLOGIA

2.1 MATERIAIS

Para a realização deste de trabalho, a borracha natural será utilizada como


objeto de estudo. Os corpos de prova foram fornecidos pela empresa Vibtech e
possuem o formado cilíndrico de 80 mm de comprimento e diâmetro nominal de
10 mm. Estes corpos de prova serão utilizados para a realização do ensaio de
compressão volumétrica.
O equipamento que será utilizado para a realização dos ensaios é a Instron
5667, um sistema eletromecânico de bancada com coluna dupla, localizada no
laboratório de polímeros do Centro Universitário Fei. Os métodos de ensaios
mecânicos são programáveis através do software Bluehill. O sistema de
deslocamento do equipamento é por fusos e sua estrutura possibilita a utilização
de diferentes tipos de extensômetros. A figura 14 representa o modelo do
equipamento encontrado no laboratório.
30

Figura 14 – Instron 5667

Fonte: (Autor, 2019) Commented [DFL2]: Essa foto não é autor. Já esta em trabalhos
publicados meu e do joão, então deve citar (ACERTADO: Tinha
tirado uma também, esqueci de trocar. Me baseie no artigo que você
me encaminhou)

2.2 DISPOSITIVO VOLUMÉTRICO

O laboratório de polímeros não possui um dispositivo para a realização do


ensaio de compressão volumétrica. Para tanto, fora necessária a confecção do
mesmo para se dar continuidade ao projeto.
Fora projetado três peças feitas de aço ABNT 1045 que, quando
montadas, definem o conjunto do dispositivo, sendo o mesmo composto pelo
punção superior, peça de ajuste intermediária e a base de apoio.
O punção superior, representado pela figura 15, consiste em um corpo
cilíndrico de 95 mm de diâmetro, um punção com o mesmo diâmetro e
comprimento do corpo de prova.
31

Figura 15 - Punção superior

Fonte: (Autor, 2019)

A peça de ajuste intermediária possui o corpo com diâmetro escalonado


com diâmetro superior de 95 mm e diâmetro inferior de 45 mm. Esta peça tem
por finalidade centralizar, ajustar e conduzir o punção em encontro ao corpo de
prova. Há um furo passante de 10 mm ao centro do componente e comprimento
de 120 mm, o qual define um curso guia de 40 mm para o objeto de ensaio de
borracha. Quatro furos tipo M10 são necessários para fixar a peça com a base,
para evitar rotações durante o ensaio e, assim, comprometer o ensaio, conforme
ilustra a figura 16.

Figura 16 - Peça de ajuste intermediária

Fonte: (Autor, 2019)


32

A base de apoio serve para assegura o conjunto e servir de ponto de


fixação da peça intermediária, para evitar a rotação do conjunto durante o ensaio.
Ambos as partes superior e inferior do dispositivo possuem abas para
acoplamento nas garras de fixação da Instron. A figura 17 representa a base de
apoio e a figura 18 o desenho do conjunto montado.

Figura 17 - Base de apoio

Fonte: (Autor, 2019)

Figura 18 - (a) Desenho de conjunto e (b) corte isométrico do isométrico

Fonte: (Autor, 2019)


33

2.3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA

Através do software Abaqus, designado para a realização de simulações


estruturais através do método dos elementos finitos, propõem-se a realização de
um modelo virtual do ensaio de compressão volumétrica.
Buscou-se através da literatura, ensaios já realizados para a criação de
um pré-modelo para a validação da proposta. O gráfico 1 indica os ensaios de
tensão uniaxial, equibiaxial e planar realizados e divulgados pela empresa Axel
Products, bem como o ensaio de compressão volumétrica, representado pelo
gráfico 2.

Gráfico 1 - Curvas de Tensão x Deformação

0.8

0.7

0.6
Tensão (MPa)

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Deformação

Ensaio de Tensão Uniaxial Ensaio de Tensão Equibiaxial Ensaio de Tensão Planar

Fonte: (Adaptado de Axel Products) Commented [DFL3]: Deve ser adaptado de .....pq não é a figura
original. Sempre tem que colocar o ano do trabalho q tirou a foto (O
arquivo que contém os dados do ensaio não possui uma data. Estes
dados retirei da plataforma da Dassault que você me recomendou,
porém o autor somente postou os ensaios, sem colocar uma data)
34

Gráfico 2 – Curva de Tensão x Razão Volumétrica

300

250
Tensão (MPa)

200

150

100

50

0
0.9 0.91 0.92 0.93 0.94 0.95 0.96 0.97 0.98 0.99 1 1.01
Razão Volumétrica

Ensaio de Compressão Volumétrica

Fonte: (Adaptado de Axel Products)

Um modelo axissimétrico do corpo de prova foi criado para a simulação


via MEF e as curvas obtidas pelos ensaios foram utilizadas para se fazer o ajuste
das curvas para, primeiramente, se fazer o ajuste das curvas para os modelos
constitutivos hiperelásticos. Foi definida uma malha com quatro nós axisimétrica
quadrilateral, com formulação híbrida e pressão constante, seguindo as
condições de contorno conforme apresentado na figura 19.

Figura 19 - Modelagem gerada do corpo de prova através do software Abaqus

Fonte: (Autor, 2019)


35

Assim, a curva de tensão por razão volumétrica foi obtida para cada
modelo constitutivo para o corpo de prova que foi submetido ao carregamento.

3 RESULTADOS E CONCLUSÕES

3.1 CONFECÇÃO DO DISPOSITIVO VOLUMÉTRICO

Com o projeto do dispositivo para a realizar os ensaios de compressão


volumétrica feito, foi solicitado a sua confecção. A empresa Mecpreci Indústria e
Comércio de Usinagem foi cotada para a fabricação do produto. As figuras 20 e
21 demonstram a peça final produzida.

Figura 20 - Dispositivo para o ensaio de compressão volumétrica confeccionado

Fonte: (Autor, 2019)


36

Figura 21 - Dispositivo desmontado

Fonte: (Autor, 2019)

Devido a dilatação natural da borracha após a sua manufatura, constatou-


se o não alojamento dos corpos de prova com o dispositivo. A solução proposta
para reaproveitar os corpos de ensaio será a realização de um desbaste do furo
da peça intermediária, adequando-se, assim, as condições para o ensaio.

3.2 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO NUMÉRICA

A partir das curvas obtidas através dos ensaios, foram geradas as curvas
de ajuste pelo Abaqus, para os modelos hiperelástico abordados, em relação a
curva experimental, conforme é indicado pelo gráfico 3. Segundo a
documentação do software, o mesmo faz uma aproximação de curvas para cada
modelo em relação a curva experimental utilizando o método dos mínimos
quadrados.
37

Gráfico 3 - Ajuste de curvas para cada modelo constitutivo

280

240

200

160
Tensão (MPa)

120

80

40

0
0.91 0.94 0.97 1
Razão Volumétrica
Mooney-Rivlin Polinomial Ogden
Yeoh Van Der Walls Neo-Hookeano
Arruda-Boyce Curva Experimental

Fonte: (Autor, 2019)

Caracterizado o material pelo ajuste de curvas obtido pelo método dos


mínimos quadrados, é possível correlacionar a resposta do modelo
implementado pelo método dos elementos finitos com os dados experimentais
pré-definidos. Assim, o ensaio de compressão volumétrica é simulado e para
validar a resposta obtida para o comportamento do modelo, fez-se uma análise
das deformações e forças reativas nos elementos. Para a simulação, foi
imposta a condição de deslocamento seguindo os dados retirados do ensaio da
Axel Products e, assim, pode-se obter as forças reativas causadas pelo
deslocamento. A figura 22 representa os resultados da simulação com a
indicação das deformações verticais do modelo. Tais dados permitiram o
cálculo das tensões e das razões volumétricas do modelo.
38

Figura 22 - Deformações verticais simuladas no modelo Commented [DFL4]: Explicar esse foto.....e tb deve ter as
distribuições do modelo, apenas a legenda não quer dizer nada
(ACERTADO, contudo não entendi o que se refere as distribuição
do modelo)

Fonte: (Autor, 2019)


O gráfico 4 demonstra as curvas obtidas através da simulação pelo
método dos elementos finitos para os modelos que melhor se aderiram a curva
experimental.

Gráfico 4 - Análise das curvas

250.00

200.00
Tensão (MPa)

150.00

100.00

50.00

0.00
0.925 0.935 0.945 0.955 0.965 0.975 0.985 0.995 1.005
Razão Volumétrica

Experimental Arruda-Boyce Ogden Yeoh

Fonte: (Autor, 2019)


39

Com os resultados obtidos, pode-se verificar que o modelo de Yeoh


obteve a melhor aproximação para o data-fitting e para a simulação via MEF,
sendo este então o modelo que será utilizado para os futuros ensaios de
validação.
Com o pré-modelo calibrado, será realizado os ensaios sobre os corpos
de prova seguida da atualização do modelo computacional. Visando o
progresso deste projeto serão implantadas as características viscoelásticas no
modelo a fim de atingir os objetivos estabelecidos anteriormente.

4 CRONOGRAMA

Atividade Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisão
Bibliográfica
Ensaios
mecânicos
Relatório
parcial
Simulação
computacional
Conclusões

Relatório final

.
40

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