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SRRF06/Disit

Fls. 4

Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil


da 6ª RF

Solução de Consulta nº 143 - SRRF06/Disit


Data 20 de novembro de 2012
Processo
Interessado
CNPJ/CPF

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP


CRÉDITOS VINCULADOS A RECEITA NÃO TRIBUTADA.
MÉTODO DE DETERMINAÇÃO.
Em relação aos custos, despesas e encargos comuns às vendas tributadas e
às vendas sujeitas à alíquota zero, a pessoa jurídica deve determinar o
crédito vinculado às vendas com alíquota zero utilizando-se de um dos
seguintes métodos:
a) apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema
de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou
b) rateio proporcional, aplicando-se aos custos, às despesas e aos encargos
comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à
alíquota zero e a receita bruta total, auferidas no mês.
Na hipótese de opção pela apropriação direta, para apuração do crédito
decorrente de encargos comuns, aplica-se o método de custo real de
absorção, mediante a aplicação de critérios de apropriação por rateios que
dêem uma adequada distribuição aos custos comuns.
O método de determinação dos créditos eleito pela pessoa jurídica deve ser
aplicado consistentemente por todo o ano-calendário para a Contribuição
para o PIS/Pasep e para a Cofins.
Dispositivos Legais: Lei nº 11.033/2004, art. 17; Lei nº 11.116/2005, art.
16; Lei nº 10.637/2002, art. 3º, §§ 7º a 9º; IN SRF nº 594/2005, art. 40.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL - COFINS
CRÉDITOS VINCULADOS A RECEITA NÃO TRIBUTADA.
MÉTODO DE DETERMINAÇÃO.
Em relação aos custos, despesas e encargos comuns às vendas tributadas e
às vendas sujeitas à alíquota zero, a pessoa jurídica deve determinar o
crédito vinculado às vendas com alíquota zero utilizando-se de um dos
seguintes métodos:
a) apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema
de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou

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b) rateio proporcional, aplicando-se aos custos, às despesas e aos encargos


comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à
alíquota zero e a receita bruta total, auferidas no mês.
Na hipótese de opção pela apropriação direta, para apuração do crédito
decorrente de encargos comuns, aplica-se o método de custo real de
absorção, mediante a aplicação de critérios de apropriação por rateios que
dêem uma adequada distribuição aos custos comuns.
O método de determinação dos créditos eleito pela pessoa jurídica deve ser
aplicado consistentemente por todo o ano-calendário para a Contribuição
para o PIS/Pasep e para a Cofins.
Dispositivos Legais: Lei nº 11.033/2004, art. 17; Lei nº 11.116/2005, art.
16; Lei nº 10.833/2003, art. 3º, §§ 7º a 9º; IN SRF nº 594/2005, art. 40.

DOCUMENTO FORNECIDO EM CUMPRIMENTO À LEI DE ACESSO A INFORMAÇÃO.


REGISTRE-SE QUE A PUBLICAÇÃO, NA IMPRENSA OFICIAL, DE ATO NORMATIVO
SUPERVENIENTE MODIFICA AS CONCLUSÕES EM CONTRÁRIO CONSTANTES EM
SOLUÇÕES DE CONSULTA OU EM SOLUÇÕES DE DIVERGÊNCIA,
INDEPENDENTEMENTE DE COMUNICAÇÃO AO CONSULENTE (arts. 99 e 100 do Decreto
nº 7.574, de 29 de setembro de 2011).

Relatório

A consulente, sociedade empresária dedicada à preparação de leite,


industrialização e comercialização de laticínios, apresenta consulta sobre interpretação da
legislação tributária, na forma da IN RFB nº 740, de 2007.

2. Informa que está submetida à apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da


Cofins, e que grande parte das suas receitas têm a alíquota desses tributos reduzida a zero.

3. De acordo com o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, o saldo credor do PIS/Pasep


e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, e do
art. 15 da Lei nº 10.865, e 2004, vinculado a receitas não tributadas no mercado interno
(suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência) pode ser objeto de compensação com
débitos próprios relativos a outros tributos e contribuições, ou de pedido de ressarcimento,
observada a legislação específica aplicável à matéria.

4. Nesse ponto, não há dúvida que os créditos decorrentes de gastos direcionados


exclusivamente aos produtos com alíquota zero são vinculados a receitas não tributados,
portanto passíveis de compensação com outros tributos e pedido de ressarcimento, na forma da
legislação em vigor. E os créditos decorrentes de gastos direcionados exclusivamente aos
produtos onerados pelas contribuições não estão vinculados a receitas de vendas com alíquota
zero, portanto não são passíveis de compensação com outros tributos nem de pedido de
ressarcimento, devendo ser utilizados exclusivamente para desconto na apuração das
respectivas contribuições.

5. Entretanto, não há regra na legislação para determinar qual parte dos créditos
decorrentes de gastos comuns a produtos tributados e não tributados no mercado interno pode
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ser considerada vinculada às receitas não tributadas, e, portanto, passível de compensação com
outros tributos e de pedido de ressarcimento. A consulente indaga se, nesse caso, pode aplicar a
apropriação direta ou o rateio proporcional, tendo em vista que o art. 3º, § 8º das Leis nº
10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, estabeleceu esses critérios para apuração dos créditos
vinculados a receitas submetidas à incidência não cumulativa das contribuições, nos casos de
pessoas jurídicas submetidas à incidência não cumulativa em relação apenas à parte de suas
receitas.

6. Esse é o relatório, em breve resumo.

Fundamentos

7. A Lei nº 11.033, de 2004, dispõe:

Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não
incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a
manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.

8. Por sua vez, a Lei nº 11.116, de 2005, dispõe:

Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado


na forma do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de
29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004,
acumulado ao final de cada trimestre do ano-calendário em virtude do disposto
no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de:

I - compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a


tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal,
observada a legislação específica aplicável à matéria; ou

II - pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica


aplicável à matéria.

Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de


agosto de 2004 até o último trimestre-calendário anterior ao de publicação desta
Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da
promulgação desta Lei.

9. Está claro que os créditos apurados pela consulente com base em gastos comuns
aos seus produtos submetidos à alíquota zero e aos seus produtos tributados não podem ser
integralmente considerados como vinculados a vendas efetuadas com alíquota zero. Assim, é
preciso que haja um critério para determinar qual parte desses créditos está vinculada às
receitas não tributadas e, portanto, são passíveis de compensação com outros tributos e
contribuições e de pedido de ressarcimento, na forma da legislação específica aplicável à
matéria.

10. Como a consulente sublinhou, o art. 3º, §§ 7º a 9º das Leis nº 10.637, de 2002, e
10.833, de 2003, estabelece método de apropriação de créditos para pessoas jurídicas que têm
parte das receitas com incidência não cumulativa e parte com incidência cumulativa:
Art. 3º (...)

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§ 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitar-se à incidência não-cumulativa da


contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o
crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e
encargos vinculados a essas receitas.

§ 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal,


no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e
àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o
crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de:

I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de


contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou

II – rateio proporcional, aplicando-se aos custos, despesas e encargos comuns a


relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-
cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês.

§ 9o O método eleito pela pessoa jurídica será aplicado consistentemente por


todo o ano-calendário, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria
da Receita Federal.

11. Os dispositivos acima foram regulamentados pelo art. 40 da IN SRF nº 594, de


2005:

Art. 40. Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitar-se à incidência não-cumulativa


da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação apenas a parte de suas
receitas, o crédito deve ser apurado, exclusivamente, tendo por base os custos, as
despesas e os encargos vinculados a essas receitas, que deverão ser registrados
separadamente daqueles vinculados às receitas sujeitas à incidência cumulativa
das contribuições.

§ 1º Para efeito do disposto no caput, os valores a serem registrados devem ser


determinados, a critério da pessoa jurídica, pelo método de:

I - apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de


contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, com a
utilização do método de custo real de absorção, mediante a aplicação de
critérios de apropriação por rateios que dêem uma adequada distribuição aos
custos comuns; ou II - rateio proporcional, aplicando-se aos custos, às despesas
e aos encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta
sujeita à incidência não-cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada
mês.

§ 2º O método referido no § 1o, eleito pela pessoa jurídica, deve ser aplicado
consistentemente por todo o ano-calendário para a Contribuição para o
PIS/Pasep e para a Cofins.

12. A Receita Federal do Brasil, por meio do Ajuda do programa Demonstrativo de


Apuração de Contribuições Sociais (Dacon Mensal-Semestral 2.6), definiu que o método de
rateio seria idêntico ao estabelecido para as pessoas jurídicas que auferem receitas sujeitas às
incidências não cumulativa e cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins. O método de determinação
dos créditos deve ser informado na Ficha 1 – Dados Iniciais da Dacon, conforme as seguintes
instruções copiadas do Ajuda do programa:

Ficha 01 - Dados Iniciais

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(...)

Método de Determinação dos Créditos

O programa possibilita o preenchimento do campo "Método de Determinação


dos Créditos", conforme o regime de apuração da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins adotado.

I) no caso do Regime Não-Cumulativo:

a) Vinculados à Receita Auferida Exclusivamente no Mercado Interno

Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo
Demonstrativo, auferir apenas receitas sujeitas à incidência não-cumulativa da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes exclusivamente de
atividades no mercado interno.

b) Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação

Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo
Demonstrativo, auferir receitas sujeitas à incidência não-cumulativa da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e efetuar concomitantemente:

I - operações de vendas de produtos ou prestação de serviços no mercado


interno; e

II – exportação de produtos para o exterior ou prestação de serviços para pessoa


física ou jurídica residente no exterior, cujo pagamento represente ingresso de
divisas, ou vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de
exportação.

Neste caso, a pessoa jurídica deve indicar o método por ela escolhido, dentre os
seguintes:

b.1) Com Base na Proporção dos Custos Diretamente Apropriados – que


consiste na determinação dos créditos através do método de apropriação direta
previsto no inciso I do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de
2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, inclusive em relação aos custos,
por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a
escrituração; ou

b.2) Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida – que consiste na


determinação dos créditos através do método de rateio proporcional previsto no
inciso II do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003,
aplicando-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual
existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-cumulativa e a receita
bruta total, auferidas em cada mês.

Atenção:

1) O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito deve ser:

a) aplicado consistentemente por todo o ano-calendário;

b) adotado para todos os custos, despesas e encargos comuns; e

c) adotado igualmente na apuração dos créditos relativos à Contribuição para o


PIS/Pasep e à Cofins não-cumulativa.

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2) Deve também selecionar este campo a pessoa jurídica que auferir receitas
não-tributadas no mercado interno que geram direito a crédito,
concomitantemente, com receitas tributadas e/ou com exportação. (grifei)

13. Nas instruções de preenchimento da Ficha 06A do Dacon, o Ajuda oferece mais
explicações sobre os métodos de determinação dos créditos, inclusive apresentado alguns
exemplos.

Conclusão

14. Em relação aos custos, despesas e encargos comuns às vendas tributadas e às


vendas sujeitas à alíquota zero, a pessoa jurídica deve determinar o crédito vinculado às vendas
com alíquota zero utilizando-se de um dos seguintes métodos:

a) apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de


contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou

b) rateio proporcional, aplicando-se aos custos, às despesas e aos encargos


comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à alíquota zero e a receita
bruta total, auferidas no mês.

15. Na hipótese de opção pela apropriação direta, para apuração do crédito


decorrente de encargos comuns, aplica-se o método de custo real de absorção, mediante a
aplicação de critérios de apropriação por rateios que dêem uma adequada distribuição aos
custos comuns.

16. O método de determinação dos créditos eleito pela pessoa jurídica deve ser
aplicado consistentemente por todo o ano-calendário para a Contribuição para o PIS/Pasep e
para a Cofins.

À consideração superior.
Assinado Digitalmente
Roberto Domingues de Moraes
Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil

Ordem de Intimação

17. Aprovo o parecer e a conclusão propostos.

18. Dê-se ciência desta Solução de Consulta.

19. [...]

20. Na forma do disposto no art. 48 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, os


processos administrativos de Consulta são solucionados em instância única, não comportando
recurso de ofício ou voluntário à presente solução de consulta. Excepcionalmente, se a
interessada tomar conhecimento de outra solução divergente desta, aplicada à mesma matéria e
fundada em idêntica norma jurídica, poderá interpor recurso especial, sem efeito suspensivo,
no prazo de 30 (trinta) dias da ciência desta solução, para a Coordenação-Geral de Tributação -

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Cosit, em Brasília - DF, na forma da Instrução Normativa RFB nº 740, de 2 de maio de 2007,
art. 16.

Belo Horizonte, 20 de novembro de 2012.


Assinado Digitalmente
MÁRIO HERMES SOARES CAMPOS
Chefe da DISIT/SRRF06
Competência delegada pela Portaria SRRF nº 444/2011 (DOU 24/05/2011)

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