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Navegador
Contábil

Número 38
Imposto de renda diferido: conceitos básicos na divulgação da
12 de agosto de 2011 reconciliação de alíquota

Introdução

Um dos temas que mais geram refazimentos ou ajustes significativos ao resultado


é o imposto de renda e contribuição social (IR/CS) corrente e diferido. Este tema
envolve desde situações mais complexas até situações mais simples. Mas mesmo nas
situações mais simples, percebemos que ainda há algum espaço para aprimoramentos,
especialmente no que diz respeito a maneira como divulgamos essas informações nas
demonstrações financeiras. Em outras edições do Navegador Contábil abordamos
temas complexos sobre IR/CS diferido e, provavelmente, abordaremos outras mais
em edições futuras. IR/CS diferido é um tema complexo e o pronunciamento contábil
internacional não ajuda. Ele está na lista dos pronunciamentos que há muito precisam
ser revisados, mas por enquanto o IASB (e o próprio FASB) ainda não conseguiu
avançar de maneira significativa.

Mas nesse Navegador Contábil o objetivo é tratar de um esclarecimento/ajuste


simples na divulgação, especificamente da reconciliação entre a alíquota estabelecida
legalmente e a alíquota efetiva, que pode não somente ajudar o leitor a entender
melhor os efeitos mais comuns do IR/CS no resultado da empresa como também, “por
tabela”, nos ajudar a entender um pouco mais o mecanismo de contabilização do IR/
CS diferido.
Número 38 - 12 de agosto de 2011

Conceitos básicos

O IR/CS diferido é mensurado e contabilizado com uma perspectiva de balanço sobre as diferenças no valor de
cada ativo/passivo nas demonstrações financeiras e o valor desse ativo/passivo para fins fiscais. Apesar do imposto
diferido ser mensurado com uma perspectiva de balanço e com base nas diferenças no balanço, uma das divulgações
mais importantes é sobre o impacto que o IR/CS diferido no resultado da empresa. As diferenças temporárias podem
gerar um imposto de renda diferido ativo ou passivo.

No caso do Brasil, a despesa corrente de IR/CS, ou seja, o valor do imposto a pagar, no caso das empresas que pagam
estes tributos com base no lucro real, é apurada usando a chamada “parte A” do LALUR. As principais seções da Parte
A do LALUR são “Adições” e “Exclusões”. Dentro das adições e exclusões, temos aquelas que são temporárias e outras
que são não-temporárias (ou “permanentes”). Vamos analisar do ponto de vista contábil, ou seja, vamos eliminar
qualquer discussão teórica fiscal e focar no objetivo deste Navegador Contábil. A tabela abaixo dá alguns exemplos
mais comuns destes tipos de diferenças:

Adições Exclusões
Temporárias Temporárias
• provisão para contingências • depreciação acelerada incentivada
• despesas pré-operacionais • ganhos cambiais (tributados em regime de caixa)
• perdas cambiais (tributadas em regime de caixa)
Não-temporárias Não-temporárias
• multas • receita de incentivos fiscais
• resultado negativo de equivalência patrimonial • resultado positivo de equivalência
• depreciação da mais valia (“custo atribuído”)

Ao elaborar uma nota de reconciliação entre as despesas (corrente e diferido) de IR/CS para fins contábeis e aquelas
para fins fiscais, uma maneira fácil de fazê-lo é entender que as diferenças temporárias não são itens de reconciliação,
no pressuposto de que sempre se constitui IR/CS diferido sobre elas. Pensando assim, somente as diferenças não-
temporárias poderiam ser itens de reconciliação entre as duas despesas.

Exemplo

Vamos imaginar que em 31 de dezembro, uma entidade tenha preenchido a Parte A do LALUR da seguinte forma
(resumidamente):

R$
Lucro antes do IR/CS 10.000
Adições
Provisão para contingências(a) 2.500
Multas (não dedutíveis) (b)
400
Exclusões
Depreciação acelerada (a) (1.200)
Receita de incentivos fiscais (b)
(600)
Lucro Real 11.100
Alíquota combinada de IR/CS 34%
Despesa fiscal de IR/CS 3.774
(a) Diferenças temporárias
(b) Diferenças não-temporárias

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Número 38 - 12 de agosto de 2011

Embora para fins do pagamento do IR/CS o valor apurado tenha sido de R$ 3.774, ainda do ponto vista fiscal a
empresa lançou na “Parte B” do LALUR as diferenças temporárias para uso nos próximos exercícios. Ou seja, embora
do ponto de vista contábil e fiscal as despesas/receitas possam ocorrer em tempos diferentes (e por isso são chamadas
diferenças temporárias), ao longo do tempo elas irão, em algum momento, se equalizar. Assim, no caso acima, as
seguintes diferenças temporárias estão identificadas:

R$
Provisão para contingências – Diferença temporária dedutível 2.500
Depreciação acelerada – Diferença temporária tributável (1.200)
Diferenças temporárias, líquidas 1.300
Alíquota combinada de IR/CS 34%
Benefício fiscal (i.e. credor) de IR/CS diferido 442

Somando os dois valores, a despesa de IR/CS apurada e a receita de IR/CS diferida temos um total de R$ 3.332
(R$ 3.774 – R$ 442).

Com essas informações, a nota de reconciliação da despesa contábil de IR/CS com a despesa teórica, considerando a
alíquota fiscal, pode ser assim demonstrada:

Reconciliação da despesa de Imposto de Renda e Contribuição Social


R$
Lucro antes do IR/CS 10.000
Alíquota combinada de IR/CS 34%
Despesa teórica de IR/CS (3.400)
Despesas não dedutíveis (multa) (R$ 400 x 34%) (136)
Receita não tributável (incentivo fiscal) (R$ 600 x 34%) 204
Despesa de IR/CS (3.332)
Sendo:
Corrente (despesa) (3.774)
Diferida (receita) 442

Dicas para elaborar uma boa reconciliação


• Elabore-a mensal ou trimestralmente. Não deixe para fazê-la somente no final do ano ou em
alguma data em que a empresa tenha que reportar.
• No LALUR, classifique as diferenças entre temporárias e não-temporárias, para facilitar o
trabalho de busca das informações. Tem algumas empresas que fazem isso com aplicativos
específicos ou em planilha eletrônica. Neste último caso com o uso de fórmulas, já elabora
automaticamente boa parte, senão toda, da reconciliação contábil. Lembre-se: planilha eletrônica
é controle manual e, por isso, mais suscetível a erros. Portanto, aprecie com moderação!
• Depois de pronta a reconciliação, submeta para revisão de uma pessoa que não tenha auxiliado
em sua elaboração.
• Pesquise e estude a nota de conciliação de outras empresas. Isto nos ajuda na autocrítica.
• Identifique exceções e temas mais complexos e discuta com seus consultores contábeis ou
auditores.

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Número 38 - 12 de agosto de 2011

Temas mais complexos:

Como dissemos acima, há muitos outros temas


complexos que as empresas podem enfrentar tanto
no cálculo dos tributos, quanto na elaboração da
reconciliação. Para dar uma idéia de alguns deles,
exemplificamos abaixo:

• Consolidação de empresas em diferentes países,


com diferentes alíquotas.
• IR/CS não constituído por ausência de histórico
de rentabilidade.
• Posições tributárias incertas.
• IR/CS apurado de acordo com o lucro presumido
ou com benefício do lucro da exploração.
• O que considerar ao elaborar as projeções de
realização do IR/CS diferido.

Oportunamente poderemos tratar desses temas em


edições futuras do Navegador Contábil.

As opiniões manifestadas neste informativo


são preparadas para orientação geral e não
constituem consultoria ou opinião profissional. A
decisão sobre determinado tratamento contábil
é de responsabilidade da administração. Outros
profissionais da área e reguladores podem ter
opiniões diferentes das manifestadas neste
informativo. Alterações futuras nas normas e
interpretações podem afetar os comentários e
conclusões aqui incluídos. Em caso de dúvida,
consulte um especialista.

As opiniões manifestadas neste informativo são preparadas para orientação geral e não constituem consultoria ou opinião profissional. A decisão sobre determinado tratamento contábil
é de responsabilidade da administração. Outros profissionais da área e reguladores podem ter opiniões diferentes das manifestadas neste informativo. Alterações futuras nas normas e
interpretações podem afetar os comentários e conclusões aqui incluídos. Em caso de dúvida, consulte um especialista.

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