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O CONSTRUTIVISMO

O Construtivismo é um movimento de arte abstracta que se manifesta pouco antes da


Revolução Russa de 1917 e veio a subsistir até 1922.

Os Construtivistas pretendiam fazer da arte, uma investigação autónoma e cientifica,


indagando das propriedades abstractas da superfície pictórica, da construção, da linha e da
cor.

Pretendiam aplicar esta arte ás necessidades industriais e sociais do tempo, integrando-a com
o Urbanismo, a Arquitectura e os objectos de uso comum.

Tiveram inicialmente influencias dos Futuristas e do Suprematismo, e fora da Rússia,


exerceram enorme influencia na Bauhaus através de Moholy-Nagi e El Lissitzky; no De Stijl
através de El Lissitzky e genericamente no Movimento Moderno da Arquitectura.

O Construtivismo é lançado em Moscovo após a Revolução, por Vladimir Tatlin (o inicio das
suas pinturas em relevo é de 1914) e Alexander Rodchenco, e ainda El Lissitzky e Naum Gabo;
as suas ideias vêm para o ocidente no inicio dos anos vinte influenciando o Urbanismo, a
Arquitectura, o Design e as Artes visuais.

Era de inicio uma tendência escultórica derivada da colagem, evoluindo para a execução de
objectos tridimensionais, utilizando o ferro, a madeira, o vidro, arame de aço, etc.

Estes objectos acentuam a noção de estrutura e movimento no espaço, por meio de tensões e
equilíbrios em detrimento de massas sólidas e estáticas.

O termo Construtivismo surge pela primeira vez em Janeiro de 1922, num catálogo para uma
exposição no Café dos Poetas em Moscovo, onde se afirmava que “todos os artistas devem ser
operários, a fábrica é o local onde se cria e constrói a verdadeira vida”. O conceito tradicional
de uma arte exaltante deveria ser abandonado, e em vez disso, a arte deveria estar ligada á
produção fabril, á industria e á nova ordem social e política.

O “Artista novo” devia abandonar as Belas-Artes, meramente contemplativas, burguesas e


reaccionárias e tornar-se um artista activo e interveniente no contexto social e da produção
industrial ou produtivista (no sentido actual, designer industrial).

Os Construtivistas eram apologistas da anti-Arte, criticando os métodos académicos e


evitavam utilizar os media tradicionais: a tela e os óleos e a pintura de cavalete. Inovaram
radicalmente nos domínios da propaganda, colagem, artes gráficas, tipografia, fotografia e
fotomontagem, cerâmica, têxteis, moda, cinema, teatro, etc. e mais tarde no Design,
Arquitectura e Urbanismo.

Os objectos artísticos seriam construídos a partir de materiais preexistentes, (préfabricação) e


utilizando de modo conjugado todas as técnicas disponíveis na criação de novas sínteses e
aplicáveis a todos os domínios, quer da produção, quer da vida humana, para a realização de
uma nova sociedade e de uma nova realidade construída.
O seu ideal era colocar a sua arte em produção, visando a satisfação das necessidades
humanas básicas, através da definição científica e técnica dos seus requisitos quantificados de
modo objectivo.

Os VkhUTEMAS:

Em 1920, em Moscovo, é fundada a escola de arte avant-garde e de arte aplicada (Design),


VkhUTEMAS (Escola Superior de Oficinas Técnicas e Artísticas). A escola estava estruturada
para o treino de artistas para a industria e para a transformação cultural do país, sendo um
lugar de disseminação das ideias do Construtivismo. Rodchenko e El Lissitzky fizeram parte do
corpo docente. Os VkhUTEMAS produziram têxteis, cerâmicas, mobiliário em madeira e metal
e equipamentos. O seu ensino baseava-se no ideal Construtivista de que “a forma dos objectos
deve ser determinada pelo material com que será construído”. Muitos protótipos foram feitos,
mas poucos entraram em produção. Os VkhUTEMAS tiveram a mesma importância para a
União Soviética que a Bauhaus para a Alemanha, tendo havido ligações pessoais entre as duas,
nomeadamente através de Kandinsky e El Lissitzky. Tal como a Bauhaus a sua actividade foi
atribulada (aos construtivistas opunham-se os produtivistas), tendo sido dissolvido em 1930.

Sobolev: sofá-cama

Os projectos iniciais do Construtivismo, alguns utópicos, integravam múltiplas tecnologias: as


estruturas trianguladas em aço, o betão armado, a estrutura pênsil, a fachada de vidro, o
elevador, o plackard luminoso e o altifalante, o telefone e a radio, etc.

O Construtivismo e o Funcionalismo tiveram uma enorme importância na construção da


sociedade industrial moderna Soviética: infra-estruturas, industria, arquitectura e novas
cidades.

Após a morte de Lenine os construtivistas foram esquecidos ou proscritos e o estado soviético


adoptou o “Realismo Socialista” como “Estilo Oficial de Estado”.

Principais Projectos e Obras Construtivistas:

- Póster: “Golpeia os Brancos com a cunha vermelha”, El Lissitzky,1919.

- Grafismo: “História de dois quadrados”, El Lissitzky, 1922.


- Modelo para o Monumento á terceira internacional, 1919/20, Vladimir Tatlin.

- Projecto para a tribuna de Lenin, El Lissitzky,1920.

- Exposição em Berlim das obras de Malevich, Rodchenko e Tatlin, 1922/3.


- Projecto para o Edifício Pravda em Moscovo, irmãos Vesnin, 1923.

- Mercado Sucharev em Moscovo, Melnikov, 1924/25.

- Pavilhão da URSS para a Exposição das Artes Decorativas de Paris, Melnikov,1925,

com mobiliário desenhado por Rodchenko.

- Edifício Pravda em Moscovo, irmãos Vesnin, 1926.

- Projecto para apartamentos colectivos duplex, Ivanov e LavinsKy, 1927.


- Módulo de cozinha (kitchenette),RSFSR, 1928/9.

- Edifício Narkomfin, habitação colectiva com cozinha comunal (self-service),

Moscovo, M. Ginzburg, 1928/9.

- Clube Operário (espaço polivalente), Moscovo, Melnikov, 1929.

- Clube Operário, Moscovo, Golossov, 1929.

E. S. J. O. HA Prof. Melo 2001

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