Você está na página 1de 1

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto - Dezembro 2008

D A O R G A N I Z A Ç AÃ O D O E S P A Ç O – F E R N A N D O T AÁ V O R A

Este ensaio “Da Organizaçaã o do Espaço” de Fernando Taá vora, escrito em 1962, retrata
os problemas arquitectoá nicos da eá poca e as suas limitaçoã es. Um dos objectivos principais
do autor, eá tornar cada leitor consciente do seu papel na organizaçaã o do espaço, assim
como, a importaâ ncia da harmonia das formas na nossa vida individual e em sociedade.
Organizar um espaço, implica logo inteligeâ ncia por parte do Homem e a participaçaã o de
todos os homens, mas em graus de intensidade e responsabilidade diferentes. Nesta
participaçaã o colectiva deve existir compreensaã o, respeito e colaboraçaã o por parte de todos,
o que conduz a uma organizaçaã o harmoá nica. Duas das caracteríásticas do espaço
organizado, eá a sua continuidade e irreversibilidade. EÁ contíánuo naã o podendo ser
organizado parcialmente e eá irreversíável pois o espaço nunca pode voltar a ser o que jaá foi.
Tambeá m na arquitectura existe factores condicionantes e eá o homem o criador de
muitos desses factores, pois se eá condicionado a elaborar um espaço organizado, a sua
existeâ ncia passaraá a ser uma condicionante em organizaçoã es futuras.
A evoluçaã o do conhecimento cientíáfico permitiu ao homem um domíánio progressivo do
seu meio com o auxíálio das maá quinas. Satisfeito com as suas descobertas, o homem deixa
de pensar nas suas consequeâ ncias e em si proá prio ateá ao ponto de começar a ser
ultrapassado pelas suas criaçoã es e a ser víátima delas. Começa entaã o a olhar para o espaço
da cidade e entra em decadeâ ncia, mas logo surge uma posiçaã o de esperança e resolve
tomar a atitude de ser ele a controlar e reestruturar todo o sistema. Mas a obtençaã o da
harmonia do espaço organizado, resultante da harmonia do homem consigo proá prio, com
os outros e com a natureza seraá sempre uma luta aá rdua e longa mas um dos seus maiores
objectivos.
Para resolver o caos instalado, resolve elaborar um planeamento fíásico bem estruturado
do territoá rio, que consiste numa atitude de colaboraçaã o, de conhecer totalmente o meio
em questaã o e começar a eliminar as formas, esta eliminaçaã o acontece quando uma forma
naã o satisfaz a sociedade, aparecendo o termo “delapidaçaã o” que traduz um processo de
criaçaã o que nada acrescenta ao espaço e em nada faz sentido.
Fernando Taá vora classifica dramaá tica a situaçaã o actual do nosso espaço portugueâ s e
reconhece a desarmonia e desequilíábrio, pois existem grandes contrastes e decadeâ ncia
contíánua em algumas zonas. Critica a auseâ ncia de um planeamento nacional realista e
dinaâ mico, e a evoluçaã o contraá ria do particular para o geral, que Portugal assume. A
situaçaã o caoá tica da arquitectura portuguesa manifesta-se pela utilizaçaã o de teá cnicas
ultrapassadas, pela criaçaã o de espaços com funçoã es incorrectas, pela ignoraâ ncia do sistema
de relaçoã es entre arquitectura e espaço e os graves problemas econoá micos.
Aponta como soluçaã o a industrializaçaã o da construçaã o e a educaçaã o, sendo o uá nico
grande meio capaz de unificar, integrar e reestruturar. A educaçaã o naã o serve para destruir
a individualidade, mas antes para troca de conceitos, de valor e para criar uma sociedade
unitaá ria, embora diversificada, concluindo que apenas educando e colaborando se pode
reencontrar o equilíábrio da base, para uma organizaçaã o contíánua do nosso espaço.
Para terminar o seu ensaio o autor, escreve algumas palavras sobre o que pensa ser a
posiçaã o do arquitecto, encarado como um criador de formas, um organizador de Espaço,
que utiliza a sua profissaã o para benefíácio da sociedade, denunciando a ideia de que a forma
criada pelo homem eá um prolongamento de si mesmo, com as suas qualidades e defeitos.
“Que seja assim o arquitecto – homem entre os homens – organizador do Espaço – criador
de felicidade.”- Fernando Taá vora

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de TGOE por: Mariana Oliveira – turma 8

Você também pode gostar