Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HISTÓRIA
VOLUME 2
VOLUME 3
Exercícios de aprofundamento
Leia o texto a seguir e responda à questão.
“No presente, o homem se faz através da posse da razão. Se as árvores e bestas selvagens crescem,
os homens, creia-me, moldam-se. (...) A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma criatura
rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se converta em um homem de verdade. Se este ser
moldado se descuidar, continuareis tendo um animal; se, ao contrário, ele se realizar com sabedoria, eu
poderia quase dizer que resultaria em um ser semelhante a Deus.”
Erasmo de Rotterdam. Reproduzido de VAN ACKER, T. Renascimento e Humanismo. São Paulo: Atual, 1992. P. 32-3
1 A ideia central desse trecho, escrito pelo humanista holandês Erasmo de Rotterdam, em 1529, é que “o
homem se faz através da posse da razão”. Segundo o autor, como se adquire a razão? Você concorda
com isso?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Michelangelo, Leonardo da Vinci, Luis de Camões, Willian Shakespeare, Galileu Galilei. É bem
provável que, na televisão, na Internet, num livro, numa revista você já tenha visto esses nomes. O que eles
têm em comum? Bem, além do talento excepcional, todos eles estão inseridos num profundo movimento
de renovação artística e cultural: o Renascimento Cultural.
Nesse movimento, as mais variadas manifestações do talento humano (pintura, escultura,
arquitetura, literatura, ciências...) tiveram um desenvolvimento extraordinário. Algumas obras-primas
do gênio humano foram produzidas nessa época e são admirados até hoje.
Se formos um pouco mais longe, o Renascimento Cultural pode estar presente em nosso dia a dia.
Podemos vivenciar a cultura renascentista em filmes, peças teatrais e na leitura de livros.
Costuma-se definir o Renascimento como um conjunto de manifestações artísticas, filosóficas e científicas,
ocorridas na transição da Idade Média para a Idade Moderna (séculos XIV, XV, XVI). Essas manifestações
ocorreram numa época de profundas transformações econômicas e sociais: o desenvolvimento de
uma economia mercantil, o crescimento das cidades, o fortalecimento da burguesia. Era, portanto, uma
época de declínio das instituições feudais e de afirmação de uma economia capitalista.
No campo religioso, a Igreja Católica começou a sofrer fortes contestações, o que fez com que
surgissem duras críticas às suas atitudes e também levou ao processo denominado Reforma Religiosa.
Importante recordar que, no Feudalismo, a sociedade era estratificada, na qual a posição social do
indivíduo era imutável, e a principal fonte de conforto espiritual era a fé. Para a maioria absoluta das
pessoas (os servos), só a morte e a possível ida para o paraíso poriam fim à vida terrena, que mais parecia
um “vale de lágrimas”. O sofrimento, o desprezo pelo corpo carnal, o desapego a tudo que era humano
e terreno eram vistos como necessários para se conquistar o paraíso. A própria beleza era vista como algo
ameaçador, pois aquele que se prendia às questões carnais estava se desviando do caminho do paraíso.
Mudanças maiores ocorreram à medida em que a nova classe social de comerciantes, a burguesia,
começou a acreditar e a difundir a ideia de que, graças à riqueza e ao sucesso nos negócios, era possível
encontrar um “pedacinho do paraíso na face da Terra”.
“Fortuna era um dos emblemas mais populares do Renascimento, o outro Occasio, a oportunidade.
Fortuna era frequentemente mostrada em um barco com timão à vela, a fim de que o homem pudesse
dirigi-la. (...) A oportunidade não era mais algo que se devesse temer, mas algo de que se devia tirar o
máximo de vantagem.”
Enciclopédia Life. A Renascença. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970
6 História
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
O auto da Com
padecida,
de Ariano
Suassuna,
retrata a re
ligiosidade,
com influência
Boccaccio, de
Decameron cujo
inspira a
história do
morto que
ressuscita.
Gomes,
obra de Dias
om es sa s, baseado na no rd es tino.
pr aginário do
O pagador de io sidade no im
fo rt e re lig
retrata a
Na tentativa de sintetizar a cultura renascentista, pode-se afirmar que foi marcadamente humanista,
burguesa e urbana. Suas principais características foram:
• O racionalismo – enquanto a fé foi o atributo humano mais valorizado no mundo medieval, a razão foi
a qualidade humana mais apreciada no Renascimento. Os renascentistas acreditavam firmemente que o
homem criava, conhecia e se distinguia dos animais por meio da razão.
Tudo, portanto, teria uma explicação lógica, racional e humana. A observação e a experimentação
seriam também meios para se examinar as verdades estabelecidas.
Nesse aspecto, o homem do Renascimento era completamente diferente do homem medieval. As
explicações baseadas na fé e nos dogmas da Igreja começaram a ser substituídas pela razão.
• O antropocentrismo e o humanismo – de acordo com a mentalidade medieval, Deus era o centro
de tudo e a explicação para todas as coisas. A sociedade era pautada no teocentrismo. Por essa razão, a
Igreja orientava os indivíduos para que concentrassem suas atenções na vida após a morte. Para o homem
medieval, tudo o que acontecia no mundo era fruto da vontade do Criador. O homem sentia-se pequeno
demais e inferiorizado diante da onipotência divina.
O Renascimento, de uma certa forma, inverte essa situação, pois exalta e valoriza o talento, a
capacidade, a criatividade e a inteligência do homem que é, agora, o centro de tudo e a medida para todas
as coisas. O antropocentrismo, portanto, valoriza e glorifica o homem.
• A inspiração na cultura clássica – o homem renascentista tinha uma imagem extremamente negativa
e preconceituosa sobre a Idade Média, que era considerada como um período de trevas, de ignorância e
de atraso cultural.
História 9
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
A verdadeira fonte de inspiração para os artistas do Renascimento era a cultura greco-romana. Sócrates,
Platão, Aristóteles, Eurípedes, Sófocles, Heródoto, Píndaro, Cícero, Sêneca, esses, para os renascentistas,
eram homens que representavam a cultura e o conhecimento humano. O Renascimento teve, porém, sua
originalidade, extremamente rica e variada, por isso as obras não foram meras cópias da cultura greco-
romana.
• O individualismo e o otimismo – enquanto o homem medieval valorizava o espírito de associação e de
coletivismo (todos se consideravam membros da cristandade), o homem renascentista exaltava o espírito
de competição e o individualismo, ou seja, o homem passou a ser valorizado e reconhecido pelo seu
talento, pela sua competência e pela sua capacidade individual.
Já o otimismo era decorrência do próprio antropocentrismo e do humanismo. O homem renascentista
era otimista porque acreditava em sua criatividade, em seu talento e em seu poder de realização,
diferenciando-se do homem medieval, que se sentia pequeno e inferiorizado diante da grandeza de Deus.
Agora responda:
2 O homem renascentista deveria se especializar na aquisição de um único conhecimento?
3 Cite os objetos contidos na imagem que estão associados ao saber, ao conhecimento e à cultura.
A riqueza literária do período renascentista deixou uma grande contribuição para a posteridade.
Veja alguns exemplos.
• Luís de Camões (1524-1580) – português – é considerado por muitos como o poeta mais versátil
e completo da Literatura Portuguesa. Sua obra mais importante, Os Lusíadas, narra, em tom épico,
parte da História de Portugal. O tema central é a viagem de Vasco da Gama em busca de um novo
caminho marítimo para as Índias.
10 História
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
• A presença da cultura clássica – a Itália foi sede do Império Romano do Ocidente. Sendo assim, ela
absorveu muitos aspectos da cultura grega. Esse ambiente cultural facilitou a revalorização da cultura
clássica (greco-romana).
• O mecenato – as cidades italianas eram governadas, geralmente, por famílias milionárias e muito
poderosas, como a dos Médici, em Florença; a dos Sforza, em Milão; ou a dos Bentivoglio, em Bolonha.
Essas famílias, para se projetarem socialmente, financiavam os artistas e os intelectuais renascentistas.
Os financiadores da cultura renascentista eram chamados mecenas. Além da rica burguesia, os reis
e a Igreja Católica também financiaram e protegeram as artes.
Exercícios de aprofundamento
Nas grandes capitais do Brasil são realizados eventos artísticos e culturais de grande repercussão.
Exposições, mostras internacionais, apresentação de músicos e grandes bandas de rock, eventos literários
como a Bienal Internacional do Livro em São Paulo e a Flipe (Feira Literária Internacional de Parati) dentre
outros eventos que normalmente são financiados pelo Estado e por grandes empresas privadas.
Agora, responda:
5 Quais os interesses das empresas em financiar eventos dessa natureza? Que benefícios recebem do
Estado?
Na Idade Média os livros em circulação eram poucos e caros, escritos à mão, página por página, pelos
monges copistas que praticamente monopolizavam a cultura letrada.
A invenção da imprensa promoveu uma verdadeira revolução na produção de livros e contribuiu
enormemente para a propagação e difusão de novas ideias, como se pode ver no texto a seguir:
12 História
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
A circulação de conhecimento, por meio dos livros e de demais escritos que eram impressos, foi
importante instrumento da difusão de novos ideiais. Outro meio de propagação de conhecimento foram
as academias, em que se discutiam textos escritos.
Ampliando o conhecimento
A arte renascentista é marcada pela “ perfeição, humanização das formas e proporção adequada. Na
pintura, obtêm-se a ilusão de tridimensionalidade. O desenho tem mais importância que a cor. (...) Na
escultura, a figura humana é representada segundo os padrões clássicos”. Observe as imagens a seguir e
analise-as.
As imagens anteriores são uma pequena amostra da riqueza e da diversidade da produção artística
do Renascimento. Algumas obras de artistas são expoentes desse movimento: na escultura, temos Pietá,
de Michelangelo; na pintura, a Monalisa, o quadro mais famoso do mundo, de Leonardo da Vinci e Festa
Camponesa, de Pieter Brueguel.
6 Para conhecer mais sobre os artistas renascentistas, faça uma pesquisa sobre a vida e a obra de um
dos pintores citados anteriormente e/ou sobre a vida de Albrecht Dürer e Giotto, artistas que não foram
mencionados.
História 13
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
No movimento renascentista, encontram-se muitos aspectos das sociedades humanas: a busca pelo
conhecimento, pelo bem-estar material e pela riqueza, a inquietação religiosa, o sentimento de propriedade,
o desejo de poder, dentre outros. Foi um período rico da História, o qual influenciou fortemente a
formação das sociedades modernas e, como afirma José Jobson Arruda:
“O Renascimento é uma verdadeira revolução cultural que corresponde à transição da época medieval
ao mundo moderno. Expressa os ideais, a visão de mundo da nova sociedade emergente com a crise do
Feudalismo e o desenvolvimento da economia mercantil.
A denominação Renascimento é decorrência da preocupação dos homens que viveram esse momento
histórico em se inspirarem nos valores e ideais da Antiguidade Clássica (greco-romana), por oposição aos
valores medievais que desprezavam. Em vários aspectos, contudo, esse movimento cultural representa
mais uma continuação do que uma ruptura em relação ao mundo da Baixa Idade Média, em que teve sua
origem, atingindo a máxima plenitude nos séculos XV e XVI”.
Enfim, o Renascimento promoveu profundas mudanças na mentalidade do homem e no seu modo
de ver o mundo.
Passados mais de 500 anos, é notável a grande importância desse movimento de valores pessoais e
sociais, de descobertas científicas e de concepções filosóficas que fundamentaram a modernidade.
Ampliando o conhecimento
A PERSPECTIVA RENASCENTISTA
Se uma das propostas do humanismo era ver o mundo com outros olhos, essa tarefa foi plenamente
conseguida pelos pintores do Renascimento. Afinal, eles desenvolveram um novo estilo artístico que
promoveu verdadeira revolução nas artes plásticas: a perspectiva.
Os quadros pintados, até então, retratavam as pessoas, os animais, os objetos de uma forma chapada,
ou seja, essas imagens eram feitas utilizando-se apenas duas dimensões: a altura e a largura. As pinturas
góticas, por exemplo, tinham um tradicional fundo dourado, que eliminava qualquer noção de espaço.
Com os renascentistas, isso começou a mudar. Os artistas desse período passaram a se preocupar
com o efeito de profundidade em suas pinturas, ou seja, em fazer o uso
da tridimensionalidade. Assim, ao olhar para uma tela, tinha-se a
impressão de que se via além dela; como se a moldura do
quadro fosse apenas uma janela aberta para uma outra
realidade ilimitada e contínua.
Os corpos, os objetos e a natureza ganharam
volume graças aos trabalhos iniciais de mestres
italianos, como Duccio, Giotto, ou de flamengos,
como os irmãos Jan e Hubert van Eyck, Mestre
de Flémalle, Rogier van der Weyder. Foi com o
arquiteto florentino Fillippo Brunelleschi, todavia,
que a técnica da perspectiva ganhou um
acabamento rigoroso, pois, por volta de 1420,
ele passou a utilizar conceitos matemáticos para
criar a noção de uma perspectiva exata, capaz de
conduzir o olhar do observador a um determinado
ponto da obra.
Tamanha sofisticação exigia do artista
conhecimentos não apenas de pintura, mas também
de matemática, geometria e óptica. Afinal, os objetos
mais distantes, além de serem retratados em tamanhos
menores, exigiam colorações diferentes, devido a jogos
de luz e sombra. Dessa maneira, o pintor deixava de ser um
simples artesão e se transformava em um cientista completo. Com
LIPPI, Filippo. Nossa Senhora com menino.
isso, a arte alcançou um novo status.
OLIVIERI, Antonio Carlos. O Renascimento. Coleção O Cotidiano na História. São Paulo: Ática, 2008. Pag. 33
14 História
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
Exercícios de sala
8 Dois elementos se destacam na pintura renascentista: a expressão corporal, que garante o equilíbrio e
revela, assim, uma figura humana de tendências levemente torneadas e de proporções perfeitas; e as
expressões das figuras, que refletem seus sentimentos.
Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado para refletir o Naturalismo.
Disponível em: <www. história net.com.br> Acesso em 23 out. 2007.
Com relação às artes e às letras de seu tempo, os mestres do Renascimento dos séculos XV e XVI
afirmavam:
a) que a Literatura e as Artes Plásticas passavam por um período de florescimento, dando continuidade ao
Período Medieval, valorizando a vida no campo e o mundo feudal.
História 15
Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo
b) que a Literatura e as Artes Plásticas, em decadência no Período Medieval, renasciam com o esplendor
da Antiguidade. Entretanto, a quase totalidade da população europeia continuava analfabeta.
c) que as Letras continuavam as tradições medievais, enquanto a Arquitetura, a Pintura e a Escultura
rompiam com os velhos estilos.
d) que as Artes Plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a Literatura criava novos estilos.
e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade ou com o Período
Medieval.
12 Explique por que a invenção da imprensa, na Europa, contribuiu para o Renascimento cultural e científico.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Prezado leitor,
Agradecemos o interesse em nosso
material. Entretanto, essa é somente
uma amostra gratuita.
loja.cneceduca.com.br