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1 A) O argumento coerente daqueles que criticam o sistema de cotas é que, por um lado, tal medida

fere o princípio da igualdade, podendo fazer um “efeito contrário”, confirmando a segregação das
pessoas negras, sendo que, na verdade, as cotas não eliminariam nenhum racismo existente.
Além disso, afirma-se que a falta de utilização de um critério econômico, e não só racial, acaba por
beneficiar negros que também estão na classe mais alta da sociedade, que possuem condições
financeiras para uma melhor educação.

1 B) Aqueles que defendem o sistema de cotas raciais fundamentam seus argumentos no fato de que
houve, desde o descobrimento do Brasil, a escravidão das pessoas negras, o que favoreceu a
segregação racial e o racismo até os dias atuais. Deste modo, a fim de diminuir a desigualdade social
existente, as cotas raciais seriam necessárias.
Além disso, verifica-se que o Poder Público, ao longo da história, não promoveu políticas públicas
afirmativas para enfrentar o problema racial no Brasil, e, justamente por tal motivo, a ação afirmativa
das cotas raciais se presta a construir a igualdade social.

2) A violência social possui diversos fatores. Fora das discussões sobre suas causas, é preciso que
haja discussão sobre como extingui-la. Sabe-se que já existem leis mais do que suficientes para
penalizar as condutas violentas, e também mesmo antes delas ocorrerem – como, por exemplo, punir
o porte de arma de fogo para quem não possui registro, etc. Portanto, se fosse esta a solução, a
violência já teria diminuído. Porém, ao contrário, esta só aumenta, conforme apontam os dados.
É necessário, portanto, que o Estado atue de maneira preventiva, com políticas públicas de redução
da desigualdade social (para, assim, diminuir violência em crimes patrimoniais), como, por exemplo,
investir em educação; fortalecer a segurança pública, especialmente aquela preventiva, com
policiamento e treinamento adequado e moderno aos trabalhadores desta área (e, assim, evitar
também violência policial).
A violência no trânsito, de igual forma, deve ser evitada com políticas públicas direcionadas à
educação do trânsito, implementando a medida desde o ensino básico nas escolas, para que as crianças
de hoje sejam motoristas conscientes no futuro. Ainda, conscientizar a população no geral sobre
sinalização, controle de velocidade e influências negativas do álcool na condução de veículo
automotor.

3) a) Identidade regional é o conjunto único e específico das características de uma determinada


região, que lhe conferem exclusividade, sua própria identidade.

b) Multiculturalismo global é a interligação mundial, nos âmbitos econômico, político, social,


cultural, denotando a pluralidade de culturas e a globalização hoje existente no mundo.

c) Separatismo é a tendência de um território separar-se do Estado em que faz parte, para constituir
um Estado independente, podendo também significar uma doutrina defendida, baseada em tal
separação ou independência.
A discussão que existe no Brasil é que há movimentos que defendem a separação dos estados no Sul
do Brasil do resto do país, porém, tal hipótese não é legal perante o ordenamento jurídico pátrio, tendo
em vista que a Constituição Federal de 1988 prevê o princípio da indissolubilidade do vínculo
federativo em seu art. 1º. Portanto, veda-se o direito de secessão, que seria o de um determinado
estado romper com alguma outra unidade da federação brasileira.
d) O fundamentalismo caracteriza-se pela interpretação literal dos livros sagrados, e seus defensores
pregam que os dogmas descritos em livros religiosos diversos sejam seguidos à risca.
Hoje, há preocupação sobre o ressurgimento do fundamentalismo, pois existem grupos extremistas e
fanáticos que agem em nome de um “Deus”, criando guerras e matando inocentes, agindo contra
determinados grupos que não coadunam com suas ideias.
Como exemplo, cita-se o ataque de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, realizado pelo grupo
“Al Qaeda”, uma organização fundamentalista islâmica internacional, que possui uma ideologia
religiosa.

4) O Código Penal brasileiro traz em seu artigo 28, inciso II a embriaguez, voluntária ou culposa,
pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos, como causa não excludente de imputabilidade.
Todavia o parágrafo §1º do mesmo artigo traz a embriaguez proveniente de caso fortuito ou força
maior como causa de isenção de pena, desde que o agente, ao tempo da ação ou omissão, seja
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
O estabelecido pelo art. 28, inciso II, trata de embriaguez voluntária ou não acidental, que pode ser:
dolosa, quando o agente faz o uso da bebida com o intuito de alcançar as consequências que
costumeiramente são proporcionadas por seu uso excessivo; ou culposa, que o indivíduo chega ao
estado de embriaguez, mesmo que essa não seja sua vontade inicial, desde que para se divertir, não
podendo se tratar de patologia. A doutrina entende estar presente responsabilidade objetiva, uma
excepcionalidade do direito penal brasileiro, que em regra analisa dolo ou culpa nas condutas,
determinando-se que independentemente de a embriaguez ter sido dolosa ou culposa o agente irá
responder pelos resultados decorrente de sua ação ou omissão, haja vista a presença da actio libera
in causa (ação ser livre na causa), ou seja, a livre opção do indivíduo na ingestão do álcool.
A disposição do §1º do CPB traz a embriaguez involuntária ou acidental, que decorre de caso fortuito
ou força maior. Diferentemente da embriaguez voluntária aqui o agente chegou ao estado de
embriaguez não por sua vontade própria e sim por intercorrências que não pôde dominar, o que faz
com que não lhe seja justo a aplicação de pena se preencher os requisitos do tipo – a saber: o estado
de embriaguez ser completo e o agente ser inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito do
fato no momento de sua conduta.

5) Com o advento da lei 11.829/08 a conduta de publicar fotos, vídeos ou outros registros que
contenham cenas de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescente nuas ou em
situações que denotam atividade sexual, passou a ser crime previsto no art. 241-A do Estatuto da
Criança e do Adolescente, apenado com reclusão de 3 a 6 anos. O tipo penal é norma penal em branca
imprópria ou homogênea homovitelínea, visto que deve ser interpretado em conjunto com o art. 241-
E do mesmo estatuto, haja vista que o artigo explica o que vem a ser “cenas de sexo explícito ou
pornográfico”.
Além das pessoas que divulgam tais matérias há previsão da mesma pena para quem assegura o acesso
por rede de computadores a tais materiais.
Pode ser punido também o responsável legal pela prestação do serviço, desde que após oficialmente
notificado não deixe de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito, conforme previsão do §2º do art. 241-
A.
Com relação ao assunto é importante salientar que os tribunais superiores têm entendido que a
competência para julgar condutas como esta, que ultrapassem os limites do território nacional por
serem praticados por rede mundial de computadores, haja vista o alcance a qualquer lugar do mundo,
é da Justiça Federal, conforme informativo 805 do STF e 532 do STJ.

6) a) O conceito de justiça, tratado por Aristóteles, é a virtude que rege os homens dentro de uma
sociedade, é uma disposição de caráter em que os homens ficam propensos a desejar e fazer o justo.
A justiça particular em si está na ideia de agir corretamente para com o outro.
b) Injustiça é justamente a ruptura da justiça, conceituada acima, em que contraria-se a lei e a
igualdade.
c) Segundo Aristóteles, a virtude é aquilo que completa a natureza de um ser, para o homem, seria
agir conforme a razão. Para ele, alguns exemplos de virtude são coragem, persistência, paciência,
determinação. Dizia que a virtude “está no meio”, ou seja, entre os vícios do excesso e da deficiência.
d) Ética é a teoria que objetiva explicar os fundamentos, natureza, condição da moral, relacionando
com o homem e suas necessidades. Também é considerada como parte da Filosofia, que teria como
objeto pensar sobre quais os fundamentos da moral quando da busca por explicações sobre fatos
morais. Além disso, em outra acepção pode-se considerar a ética como objeto de ciência, a conduta
esperada pelas regras morais no comportamento em sociedade.

7) A ação direta de inconstitucionalidade, regida pela Lei 9868/99, é uma ação do controle
concentrado de constitucionalidade, de natureza objetiva, que tem por órgão competente para o
julgamento o Supremo Tribunal Federal, e por objeto uma lei federal ou estadual, objetivando
decretar sua inconstitucionalidade face a CF/88, no todo ou em parte. Os legitimados para propor a
ação as autoridades previstas no rol taxativo do artigo 103 da CF/88. Existe a possibilidade de
concessão de medida cautelar em ADI, conforme art. 12 da referida lei. Para seu julgamento, é
necessário um quórum de 08 ministros, e o quórum para decisão de 06 ministros.
Os efeitos da decisão, em regra, são erga omnes e vinculantes – vinculam todos os entes da
Administração Pública em todos os âmbitos (federal, estadual, municipal) e ao Poder judiciário. Não
atinge o poder legislativo em sua função legiferante.
Em regra, a decisão possui efeito ex tunc, podendo ser modulado para ex nunc, desde que seja
fundamentada por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, bem como, a
votação favorável de 2/3 dos ministros dos membros do STF.

8) A reincidência ocorre quando o agente comente novo crime, depois de transitar em julgado
sentença penal condenatória anterior ao novo fato delituoso, conforme conceitua o art. 63 do Código
Penal brasileiro. O trânsito em julgado é importante marco para se distinguir a reincidência de um
instituto muito parecido – os maus antecedentes – que também ocorrem quando o delito anterior ainda
não transitou em julgado até o momento da nova incidência delitiva, tendo transitado em julgado
somente após o crime posterior e antes da nova condenação, conforme já sedimentado pelos Tribunais
Superiores. Ainda, importante salientar que a reincidência é circunstância agravante de pena analisada
pelo Magistrado na segunda fase da aplicação penal, nos termos do artigo 61 do Código Penal. Logo,
é reincidente aquele que tendo uma ou mais condenações criminais irrecorríveis, pratica outro crime,
obedecido o lapso temporal de cinco anos, previsto no artigo 64 do mesmo Diploma. Além disso, a
reincidência em crime doloso pode obstar diversos benefício que poderiam ser concedidos ao réu,
como por exemplo: a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito (art.44, inciso
II do CP), a suspensão condicional da pena (art.77, inciso I do CP) e a suspensão condicional do
processo (art. 89 da lei 9.099/95.
O infanticídio é crime previsto no art. 123 do Código Penal brasileiro, que tem como previsão para
sua incidência “matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após”. O delito é apenado com detenção, de dois a seis anos. A doutrina entende que no presente tipo
penal houve a fusão de critérios biológicos e psicológicos, haja vista a forte influência genética e
psicológica que uma gravidez pode resultar no corpo humano. O estado puerperal somente incidirá
na própria mulher parturiente ou que acabara de dar à luz, desse modo é a única pessoa que pode ser
autora do crime. Todavia tal elementar se comunica quando houver eventual partícipe no delito, como
por exemplo marido, enfermeiro ou médico que auxilie a mulher com seu intento, conforme
disposição do art. 30 do CP. Assim, mesmo que seja impossível outra pessoa, que não a mulher, ser
autora do crime, o delito admite participação, que acarretará ao partícipe responder pelo crime de
infanticídio em concurso de pessoas.
O crime de roubo tem previsão no art. 157 do Código Penal brasileiro, consiste em “Subtrair coisa
móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. O tipo penal traz pena de
reclusão de quatro a dez anos, e multa, quando o agente não incidir em nenhuma das causas de
aumento de pena. A doutrina denomina este tipo penal como um exemplo de crime complexo, uma
vez que é a junção do crime de furto (“subtrair para si”) mais o “emprego de violência ou grave
ameaça”, para que seja constituído o crime. No delito de roubo não se admite o reconhecimento da
atipicidade material - a aplicação do princípio da insignificância - pois o emprego de violência ou
grave ameaça obsta tal instituto por não cumprir os requisitos estabelecidos pelo STF, a saber: mínima
ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade
da conduta e inexpressividade da lesão ao bem jurídico. Desse modo, por menor que seja o valor da
res furtiva o crime restará configurado, entretanto o que pode ocorrer é a aplicação do princípio da
bagatela imprópria, que consiste em deixar de aplicar a pena quando o caso concreto demonstre
desnecessária sua aplicação, diante das especificidades do caso.

9) A constitucionalização do direito é a ideia de observar os valores e princípios constitucionais como


base para aplicação do ordenamento jurídico como um todo, em todas as suas esferas, e também, a
interpretação dos textos infraconstitucionais de acordo com a Constituição Federal. Assim, tem-se
maior controle sobre as leis em geral, limitando discricionariedades e impondo deveres.
Como exemplo, pode-se citar alguns princípios constitucionais utilizados no direito processual,
presentes no rol do artigo 5º da CF/88: devido processo legal; isonomia; duração razoável do
processo; contraditório e ampla defesa; juiz natural; inafastabilidade da jurisdição; publicidade dos
atos processuais; motivação das decisões; duplo grau de jurisdição; proibição da prova ilícita;
imparcialidade do juiz; obrigatoriedade e oficialidade; assistência judiciária gratuita; estado de
inocência.
Portanto, em processos no geral, em qualquer âmbito, deve-se observar os preceitos previstos na Lei
Maior, sendo que as leis processuais devem estar sempre em consonância com tais princípios citados.

10) Do art. 37 §6º da Constituição Federal, extrai-se que atualmente é adota, em regra, a teoria do
risco administrativo, a qual é fundamento para a responsabilidade objetiva do Estado, ou seja, este
responde independentemente de dolo ou culpa pelos atos lesivos causados por seus agentes no
exercício da função, embora haja a possibilidade de posteriormente ser analisado o dolo ou culpa do
agente para o reembolso estatal através de ação de regresso. Tal responsabilidade, que surgiu lá na
Constituição de 1946, tem como requisitos para demonstração a ação ou omissão por parte do Estado,
a ocorrência de dano material ou moral e o nexo de causalidade da conduta. Dessa forma, quando
preenchidos tais requisitos o Estado irá responder perante o particular pela conduta de seus agentes,
salvo se presente alguma das causas excludente ou atenuantes da responsabilidade, quais sejam: ato
ilícito de terceiros, caso fortuito ou força maior, ou culpa exclusiva da vítima.
No entanto, não se pode falar somente na teoria do risco administrativo, haja vista que a Constituição
Federal ainda traz outras espécies de responsabilidades, como ocorre nas decorrentes de danos
nucleares, que não admitem causas excludentes de ilicitude, visto que para a demonstração da
responsabilidade estatal basta que haja uma ação ou omissão do Estado (servidores no exercício de
suas funções representam o Estado), um dano e o nexo de causalidade. Assim, entende-se que para a
responsabilidade decorrente de danos nucleares adotou-se a teoria do risco integral, visto que a União
é o único ente responsável por gerir tais atividades, na forma do art. 21 inciso XXIII da CF, devendo
assumir toda responsabilidade que decorrer delas.
No que tange à responsabilidade do Estado por danos causados por terroristas a teoria adotada é a da
culpa administrativa ou culpa não individualizada ou culpa do serviço, ambas denominações comuns,
pois necessita estar presente a falha na segurança por parte do Estado, dessa forma deve-se analisar
se houve: inexistência do serviço, má prestação do Estado ou retardamento na prestação, uma vez que
o Estado falha quando tinha o dever de agir.
Importante destacar que sobre o tema o Ministro Carlos Ayres Brito na decisão (RE 327904/ SP)
estabeleceu a tese da dupla garantia, na qual prevê que a parte que foi lesada por um agente estatal
somente pode pleitear indenização contra o próprio Estado e não diretamente contra o agente público
causador do dano, estabelecendo assim uma garantia tanto para o particular lesado, como para o
servidor público, que tem a segurança de somente ser cobrado pelo estado, em ação de regresso, em
caso de danos causados a particular.

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