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DIREITO ADMINISTRATIVO

0 CÓDIGO DO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
Decreto-lei n.º 4/2015, de 7 de janeiro

24-10-2017 1
DIREITO ADMINISTRATIVO
CPA

Código Procedimento
Administrativo – CPA
conjunto de normas que regulam o
modo de actuação dos órgãos da AP
perante os particulares.

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PROCEDIMENTO E PROCESSO

Procedimento Processo
(Art 1º/1) Artº 1º/2
Sucessão
ordenada, Conjunto de
De actos e documentos em
formalidades, que se traduzem
Para formação/ os actos e
manifestação/ formalidades que
execução integram o
Da vontade da AP procedimento.

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OBJECTIVOS DO CPA

DISCIPLINAR E ORGANIZAR O
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO

REGULAR DE FORMA RIGOROSA E CLARA A


FORMAÇÃO DA VONTADE DA AP

ASSEGURAR INFORMAÇÃO
INTERESSADOS E A PARTICIPAÇÃO
NAS DECISÕES

SALVAGUARDAR A TRANSPARÊNCIA DA
ACÇÃO ADMINISTRATIVA

EVITAR A BUROCRATIZAÇÃO E APROXIMAR


SERVIÇOS PÚBLICOS DAS POPULAÇÕES

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ESTRUTURA DO CPA

CPA POSSUI NORMAS

CARÁCTER PROCESSUAL
Regulam forma agir AP

MATERIAIS OU SUBSTANTIVAS
Definem principios, atribuem direitos, impõem deveres

DE CARÁCTER ORGÂNICO
Estruturação orgânica da AP

SOBRE PRINCIPIOS GERAIS


DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA

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Apesar da designação de “Novo” Código de


Procedimento Administrativo, assinala-se, desde

já, que o texto publicado não representa uma

ruptura com o Código de 1991/96, na medida

em que se mantêm, no essencial, os princípios e

as regras estruturantes pelas quais se rege o

exercício da função administrativa.

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Uma significativa parte das alterações


introduzidas são meras clarificações ou
explicitação de
entendimentos já implícitos nas normas vigentes,
resultantes da experiência acumulada ao longo da
vigência do Código e da consagração da vasta
doutrina e jurisprudência entretanto formadas
em torno de matérias nele reguladas.

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Não obstante,
esta nova versão do Código,

apresenta soluções inovatórias, que


importa destacar:

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Como novidade, regista-se, desde


logo, a alteração introduzida à
ESTRUTURA DO CÓDIGO que, muito
embora mantenha a mesma
sistemática (igual número de Partes),
reorganiza a disciplina de
determinadas matérias em diferentes
Partes/Capítulos, alterando-se em
alguns casos, a respetiva
nomenclatura.
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Esta reorganização é sobretudo evidente ao


nível da Parte III, respeitante ao “Procedimento
Administrativo”, que agora regula, em títulos
separados, o regime comum do procedimento do
regulamento e do acto administrativo e os
regimes especiais do procedimento de cada um
destes institutos. Além disso, foi introduzido na
Parte III um capítulo intitulado “Relação
Jurídica Procedimental”, no qual se procede à
identificação dos sujeitos do procedimento e que
passa também a integrar as disposições
relativas às “Garantias da Imparcialidade”.

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Do ponto de vista “substantivo”,


comecemos por salientar, pelo seu
caráter inovador ao nível do Código e
pelas vantagens que poderá acarretar
para a agilização do procedimento, a
previsão, nos artigos 77.º e seguintes,
da possibilidade de realização, no
âmbito de um único procedimento ou
de vários procedimentos conexos, de
“CONFERÊNCIAS PROCEDIMENTAIS”:
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Com vista ao exercício


conjunto das competências
decisórias dos órgãos
participantes, através da
prática de um único acto de
conteúdo complexo -
Conferências Deliberativas -
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Ou, ao exercício individualizado,


mas simultâneo, das
competências de cada um dos
órgãos participantes, através da
prática por cada um deles de
actos administrativos
autónomos:
- Conferências de Coordenação -
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 Sem prejuízo da realização de


conferências de coordenação por
acordo entre os órgãos envolvidos, a
possibilidade de realização de
conferências procedimentais no âmbito
de cada tipo de procedimento depende
de previsão específica em lei ou
regulamento ou em contrato
interadministrativo a celebrar entre
entidades públicas autónomas (cfr.
artigo 78.º).
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 Esta exigência prévia de acto


instituidor não se aplica ao
procedimento previsto no Sistema
de Indústria Responsável (SIR), ao
qual a realização da conferência
procedimental é imediatamente
aplicável nos termos do disposto no
artigo 4.º do Decreto-Lei n.º
4/2015, de 7 de janeiro.

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 Novidade constitui, também, a


consagração de um REGIME
SUBSTANTIVO DOS REGULAMENTOS
ADMINISTRATIVOS que não existia no
CPA/91/96. Muito embora este regime
substantivo seja, no essencial, o
resultado de opções que merecem o
consenso da doutrina e jurisprudência,
inova, ao nível da disciplina da
invalidade do regulamento.

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 Determinando-se que os
regulamentos que enfermem de
ilegalidade formal ou procedimental
da qual não resulte a sua
inconstitucionalidade só podem ser
impugnados ou declarados
oficiosamente inválidos pela
Administração no prazo de seis
meses a contar da respetiva
publicação (cfr. artigo 144.º).
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E previsão da publicação, em
“Diário da República”, como
condição de eficácia do
regulamento;
Esta exigência representa um
“retrocesso” relativamente ao
regime em vigor com o CPA/91.

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No REGIME DA INVALIDADE


DO ACTO ADMINISTRATIVO,
são introduzidas relevantes
modificações:

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No que respeita ao regime da


nulidade, salienta-se a previsão
de que a nulidade pressupõe a
respectiva cominação expressa,
abandonando-se, desta forma, as
designadas “nulidades por natureza”
que, apelando a conceitos
indeterminados, eram geradoras de
dúvidas interpretativas.
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Por outro lado, é alargado o


elenco legal dos actos nulos, que
agora abrange, por exemplo, os
actos praticados com desvio de
poder para fins de interesse
privado e os actos que criem
obrigações pecuniárias sem base
legal (cfr. artigo 161.º).

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 É no regime da anulabilidade que se


registam as alterações mais
significativas, a saber:
i) Distinção clara entre os regimes da
anulação administrativa - aplicável aos
praticados com ofensa dos princípios ou
normas jurídicas para cuja violação não se
preveja outra sanção – e revogação, acto que
determina a cessação dos efeitos jurídicos
de um acto administrativo por razões de
mérito, conveniência ou oportunidade.
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 ii) Previsão da possibilidade de revogação


de actos válidos constitutivos de direitos
com fundamento na superveniência de
conhecimentos técnicos e científicos ou
em alteração objetiva das circunstâncias
de facto, no prazo de um ano,
prorrogável por mais dois anos, a contar
da data do conhecimento, sem prejuízo,
porém, do direito a indemnização dos
beneficiários de boa-fé do acto revogado
(cfr. artigo 167.º);

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 iii) Diferenciação entre a anulação


administrativa e a anulação judicial, fixando-
se prazos que podem não coincidir para
ambos os efeitos e permitindo-se, em
determinadas circunstâncias, a anulação de
actos administrativos que se tenham tornado
inimpugnáveis judicialmente, como por ex., a
possibilidade de anulação administrativa
oficiosa, no prazo de cinco anos, de acto
administrativo inválido quando o respetivo
beneficiário tenha utilizado artifício
fraudulento com vista à sua prática (cfr. artigo
168.º)

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 Em matéria de EXECUÇÃO DO ATO


ADMINISTRATIVO, regista-se aquela que é uma
das maiores novidades deste “Novo Código” - que
vinha sendo reclamada ao longo de todos estes anos
de vigência do CPA por uma significativa parte da
doutrina - e que se traduz no abandono do
designado “privilégio de execução prévia” como um
dos principais e tradicionais princípios do Direito
Administrativo, ao abrigo do qual o cumprimento das
obrigações e o respeito pelas limitações que derivam
de um acto administrativo podem ser impostos pela
Administração sem recurso prévio aos tribunais.

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 De acordo com o “Novo” CPA, a


execução coerciva dos actos
administrativos só pode ser realizada
pela Administração nos casos
expressamente previstos ou em
situações de urgente necessidade
pública, devidamente fundamentada,
com salvaguarda, porém, do regime
aplicável à execução coerciva das
obrigações pecuniárias (cfr. artigo 176.º).
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 A aplicação deste novo regime é


contudo diferida para a data da
entrada em vigor do diploma que
definirá os casos, as formas e os
termos em que os actos
administrativos poderão ser impostos
coercivamente pela Administração, a
aprovar no prazo de 60 dias a contar
da data da entrada em vigor do novo
CPA. (Cfr. artºs 6º e 8º, nº 2, preambulares)
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O NOVO CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

1. Apresentação do (N)CPA

1.1. Aplicação no tempo

1.2. Âmbito de aplicação

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Apresentação do CPA/2015:

1. Forma:
O novo Código do Procedimento Administrativo mantém a
mesma divisão do CPA/91 contando com 4 Partes,
respeitantes ao Âmbito de Aplicação e Princípios; Órgãos;
Procedimento; e Actividade.

2. Substância:
O novo Código altera com bastante profundidade o
tratamento da relação jurídica-procedimental e o regime da
atividade administrativa, quer no domínio regulamentar, quer
no domínio do acto administrativo.
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Aplicação no tempo:

Vacatio legis de 90 dias

As partes I e II (1º a 52º), capítulo III do título I da parte III


(conferência procedimental, 77º-81º) e a parte IV (135º-fim) do
Código aplicam-se aos procedimentos em curso e as demais regras
(que são, no fundo, as regras sobre tramitação procedimental)
apenas aos iniciados após a entrada em vigor do NCPA

O diploma preambular faz menção à aprovação pelo Conselho de


Ministros de um “Guia de boas práticas administrativas”, no prazo de
um ano, com “carácter orientador” e enunciando “padrões de
conduta a assumir” pela AP.

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Âmbito de aplicação:
Enquadramento histórico: Os 3 âmbitos de aplicação do CPA/1991:

1. Todo o CPA: i) órgãos da Administração Pública; ii) actividade


administrativa de gestão pública + órgãos do Estado que desenvolvam
actividade materialmente administrativa + entidades privadas que
exerçam poderes de autoridade, apenas quanto ao exercício desses
poderes.

2. Só os princípios gerais da actividade administrativa: os órgãos da


administração pública que actuem em gestão privada.

3. Só as normas que ofereçam garantias acrescidas face a procedimentos


especiais: todas as entidades que estejam sujeitas a procedimentos
especiais.

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 O critério gestionário: “gestão pública” vs “gestão


privada”

1. Gestão Pública:
a) poderes públicos - normas de competência em sentido
lato;
b) poderes públicos de autoridade - poderes capazes de
estabelecer unilateralmente uma relação de subordinação.

2. Gestão privada - estabelecimento de relações paritárias


(ainda que enquadradas pelo direito administrativo).

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O CPA/2015 e o novo artigo 2.º :

1. A reconfiguração dos âmbitos de aplicação.

2. O estabelecimento de novos critérios ou a manutenção


do critério gestionário.

3. A difícil delimitação do que seja “Administração Pública”.

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Os quatro âmbitos de aplicação do CPA/2015:

1. Todo o CPA: Órgãos da Administração Pública que exerçam poderes públicos ou


sejam regulados de modo específico por disposições de direito administrativo (n.ºs 1, 2
e 4 do art. 2.º).

2. As partes I, III e IV: Todas as entidades não integrantes da Administração Pública em


sentido orgânico que exerçam poderes públicos ou sejam regulados de modo específico
por disposições de direito administrativo (n.º 1 do art. 2.º).

3. A Parte I e as normas que concretizam disposições constitucionais: órgãos da


Administração Pública que actuem em gestão privada.

4. As normas que asseguram garantias melhores dos que as previstas nos procedimentos
especiais: quaisquer entidades que estejam sujeitas a regimes procedimentais
especiais.

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2. Princípios Gerais da Atividade Administrativa

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Princípios Gerais da Actividade Administrativa

1. Princípio da Legalidade (mantém-se):

a) precedência de lei;
b) preferência de lei;
c) estado de necessidade.

2. Princípio da prossecução do interesse público e da protecção dos


direitos e interesses dos cidadãos (mantém-se):

a) particular importância nos casos de actuação em gestão privada;


b) a exigência de ponderação.

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3. Princípio da boa administração (mantém-se embora


renomeado e antecipado):

a) eficiência;
b) economicidade;
c) celeridade;
d) desconcentração;
e) desburocratização.
f) o confronto com o artigo 41.º da Carta dos Direitos Fundamentais da
União Europeia - a natureza formal da boa administração.

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4. Princípio da igualdade (mantém-se, embora com ligeiras


alterações)

a) igualdade material;

b) igualdade formal;

c) categorias suspeitas (cfr. artigo 13º, nº 2 da CRP);

d) auto-vinculação no âmbito de poderes discricionários.

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5. Princípio da proporcionalidade (tem a sua formulação


alterada)

a) princípio da adequação;
b) princípio da necessidade;
c) princípio da proporcionalidade em sentido estrito.

6. Princípio da Justiça

a) princípio aplicável apenas em casos-limite;


b) referência objectiva de justiça, nos termos constitucionais.

7. Princípio da Razoabilidade
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8. Princípio da Imparcialidade (desenvolvido)

a) exigência de correta selecção de elementos de ponderação para a


actuação e decisão administrativas.

9. Princípio da boa-fé (mantém-se)

a) a confiança suscitada na outra parte;


b) o objectivo a alcançar com a actuação compreendida.

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10. Princípio da colaboração com os particulares


(mantém-se)

a) necessidade de demonstração das consequências da falta


de colaboração;
b) a responsabilidade pela informação.

11. Princípio da participação (mantém-se)

a) a audiência prévia;
b) os casos especiais.
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12. Princípio da decisão (mantém-se)

a) Distinção do dever de pronúncia entre resposta ou decisão;

b) Após o período de 2 anos, a decisão é necessária, mas pode ser


meramente confirmativa.

13. Princípios aplicáveis à administração electrónica (novo)

a) Um artigo consagra várias normas e várias delas verdadeiras


regras e não princípios (má técnica legística!)

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14. Princípio da gratuitidade (mantém-se)

15. Princípio da responsabilidade (novo)

16. Princípio da Administração Aberta (mantém-se: antigo


artigo 65.º)

17. Princípio da Protecção de Dados Pessoais (novo)

18. Princípio da cooperação leal com a União Europeia (novo)

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3. Órgãos da Administração Pública

Delegação de Competências

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Órgãos da Administração Pública

a) Uma nova noção (art. 20.º)

b) Distinção entre órgãos colegiais e singulares (art. 21º, nº 2)

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1. Órgãos colegiais:

a) Presidente e Secretário;

b) A nova regra de superação da suspensão das reuniões pelo


presidente (art. 21.º/3);

c) Suplência do Presidente e do Secretário;

d) Reuniões ordinárias;
e) Reuniões extraordinárias - nova regra da convocação por
vogais (art. 24.º, nº 5);

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1. Órgãos colegiais (cont.):

f) Ordem do dia - nova regra de fixação (artº 25º, n º 3);


g) Publicidade das reuniões - nova regra de intervenção dos
assistentes (artº 27º, nº 3);
h) Quórum;
i) Forma de votação;
j) Empate na votação;
k) Ata da reunião - a nova regra de exclusão da aprovação (artº 34º,
nº 3);
l) Registo de voto de vencido;

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2. Competência

a) irrenunciabilidade;
b) inalienabilidade
c) fixação da competência
d) questões prejudiciais
e) conflitos de competência territorial;
f) controlo de competência
g) Apresentação de requerimento a órgão incompetente - simplificação
do regime com a exclusão dos critérios do tipo de incompetência e da
natureza do erro (art. 41.º)
h) suplência e substituição de órgãos - clarificação do regimes jurídico
(arts. 42.º e 43.º)

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CPA

3. Delegação de competências

O novo CPA não contempla grandes alterações na matéria, sendo de


sublinhar:

A previsão expressa e genérica de poderes indelegáveis, seguindo a posição


da doutrina: globalidade dos poderes, poderes a exercer sobre o próprio
delegado, poderes que exorbitem a competência territorial do delegado
(art. 45.º).

Consagração expressa da posição doutrinal e jurisprudencial acerca das


consequências da falta de menção à delegação (art. 48.º/2)

A inovação do art. 44.º, n.º 5: uma muito discutível aproximação à


representação.
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CPA

3. Delegação de competências (cont.)

Na Administração actual, é questionável a ideia de que toda a delegação de


competência é intuitu personae.

O regime de caducidade por mudança dos titulares (v.g., um ministro ou um


secretário de Estado) importa a caducidade das subdelegações a jusante.

Isso por sua vez leva à prática de os órgãos inferiores irem praticando actos
ilegais em massa, viciados de incompetência, esperando depois a respectiva
ratificação pelo novo membro do Governo, aquando da aprovação dos novos
despachos de delegação e subdelegação de competências – prática arriscada
para os titulares de órgãos e pouco transparente para os particulares.

O CPA, no entanto, mantém as regras sobre extinção.

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CPA

4. Regime comum do procedimento


administrativo, em especial os novos
mecanismos procedimentais

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CPA

A nova figura do responsável pela direcção do procedimento


(art. 55º)

Delegação obrigatória da direcção do procedimento pelo órgão


competente para a decisão em subalterno seu, salvo lei especial
ou directiva interna, ou outros motivos, devidamente
justificados

A identidade do responsável pelo procedimento é notificada aos


participantes e a quaisquer outras pessoas que demonstrem
interesse legítimo

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Novos princípios da adequação procedimental (56º), que é


essencialmente uma afirmação da discricionariedade
procedimental, e da cooperação e boa-fé procedimental (60º)

Acordos endoprocedimentais (57º), que em contexto de


discricionariedade, podem, com efeitos vinculativos:
regular aspectos da tramitação procedimental
(designadamente, contraditório dos vários interessados no
procedimento), ou
definir (total ou parcialmente) o conteúdo da decisão final

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Os princípios gerais aplicáveis à administração electrónica (artigo 14.º)

a) promoção da eficiência, transparência e proximidade;

b) garantias de disponibilidade, acesso, integridade, autenticidade,


confidencialidade, conservação e segurança da informação;

c) disponíveis para: formular pretensões, obter e prestar informações,


realizar consultas, apresentar alegações, efectuar pagamentos e impugnar
actos administrativos

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Princípio da igualdade e diferenciação positiva (artigo 14.º/5 e 6)

a) o Código proíbe as restrições em razão de procedimentos electrónicos;

b) o Código permite “diferenciação positiva” para aqueles que utilizem


procedimentos electrónicos”

Aplicação de meios electrónicos à fase da iniciativa

a) Iniciativa do particular

- Requerimento electrónico (artigo 104.º, nº 1, alínea c)


- Recibo electrónico automático (artigos 105.º, nº 4 e 106º, nº 3)

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Aplicação de meios electrónicos à fase de instrução (artigo 61.º)

As aplicações devem (n.º 2)


a) indicar o responsável pela direcção do procedimento;

b) indicar o órgão responsável pela decisão

c) garantir o controlo de prazos

d) garantir a ordenação da tramitação

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Salvo lei especial em contrário, preferência por meios electrónicos (61º),


garantindo, por exemplo, o acesso do particular ao andamento do procedimento
por plataforma electrónica

Quando na instrução do procedimento se utilizem meios electrónicos, deve-se


indicar o responsável pela direção do procedimento e o órgão competente para a
decisão, assim como garantir o controlo dos prazos, a tramitação ordenada e a
simplificação e a publicidade do procedimento (61º, nº 2).

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No nº 3 deste artigo refere-se que os interessados têm direito:

a) A conhecer por meios electrónicos o estado da tramitação dos


procedimentos que lhes digam directamente respeito;

b) A obter os instrumentos necessários à comunicação por via


electrónica com os serviços da Administração, designadamente
nome de utilizador e palavra-passe para acesso a plataformas
electrónicas simples e, quando legalmente previsto, conta de
correio electrónico e assinatura digital certificada.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Balcão único eletrónico (artigo 62.º)

Procedimentos administrativos que se desenvolvem através de balcões


electrónicos:

DL nº 92/2010, de 26 de Julho que transpôs a “Directiva Serviços”, prevê


que os prestadores de serviços ou destinatários de serviços, de todos os
Estados, acedam por via electrónica às autoridades administrativas
competentes, mediante a utilização do Balcão da Empresa (6º, nº 1 e 2);

DL nº 48/2011, de 1 de Abril, que instituiu o regime do “Licenciamento


Zero” criou um balcão único electrónico, designado «Balcão do
empreendedor» (3º, nº 1 e 2);

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Balcão único eletrónico (artigo 62.º)


a) Requisitos de simplificação (alíneas do n.º 1)

b) Garantias quanto a prazos

- a questão da não obrigatoriedade do Balcão Único

Prevê-se no nº 2 do artigo 62º do CPA que os balcões electrónicos possam


intermediar nos procedimentos a serem desenvolvidos entre os interessados e as
autoridades administrativas competentes, recebendo os atos de uns e outros,
mediante a entrega do correspondente recibo, e transmitindo-o imediatamente.

O BUE é, pois, no fundo, um mecanismo de ligação, mais do que um serviço


administrativo que decide ou prepara propostas de decisão

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Balcão único eletrónico (artigo 62.º)

Salvo o disposto em lei especial, os balcões electrónicos asseguram a


emissão automatizada de atos meramente certificativos e a notificação
de decisões que incidam sobre os requerimentos formulados através
daquele suporte electrónico (62º, nº 4).

Regras sobre aplicação de taxas: nºs 5 e 6.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Comunicações eletrónicas entre Administração e


Particulares

a) A possibilidade de notificação através de aplicação electrónica (artigo


112º, nº 1, alínea c))

b) Regras de admissibilidade (artigo 112º, nº2)

- Iniciativa da Administração

- Consentimento prévio do notificando

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Preocupação de conceptualizar a relação jurídica procedimental

Enunciado dos respectivos sujeitos – 65º (são os órgãos, por


um lado, e os interessados, que são os referidos no art. 68º)

Capacidade procedimental dos particulares – 67º (moldada


sobre a capacidade civil; possibilidade de atribuição de poderes
de representação, designadamente a advogado ou solicitador)

Legitimidade regulada com detalhe – 68º

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade


(arts. 69º e ss.)

Ajustes na redacção dos impedimentos e casos de suspeição,


com os seguintes destaques:

A par da referência ao cônjuge surgem agora as situações de


união de facto;

A par das situações de filiação ou outro parentesco e economia


comum, surgem agora as relações de adopção, tutela ou
apadrinhamento civil

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade


(cont.)

Casos de exclusão expressa do âmbito de incidência dos


impedimentos – 69º nº 2

A alínea a), sobre actos de mero expediente, já existia;

A nova alínea c), que se refere à pronúncia do autor do ato


recorrido, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, não levanta
dúvidas

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade (cont.)

Permanecem dúvidas sobre como é que esta norma se articula


com outras normas do ordenamento jurídico que permitem
(mas não impõem) que titulares do órgão decisório façam parte
de júris:

Art. 67º/2 CCP: “Os titulares do órgão competente para a


decisão de contratar podem ser designados membros do júri”

Art. 21º/3/a) EPD: “O júri é constituído: a) Pelo titular do cargo de


direcção superior de 1.º grau do serviço ou órgão em cujo quadro
se encontre o cargo a prover ou por quem ele designe, que preside
(…)”
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DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade (cont.)


Normas de prevenção de conflitos de interesses:

estabelecendo casos em que se considera taxativamente que há


conflito de interesses e por isso, impedimento: “não pode haver
lugar, no âmbito do procedimento administrativo, à prestação
de serviços de consultoria, ou outros, a favor do responsável
pela respetiva direção ou de quaisquer sujeitos públicos da
relação jurídica procedimental, por parte de entidades
relativamente às quais se verifique qualquer das situações
previstas no n.º 1, ou que hajam prestado serviços, há menos
de três anos, a qualquer dos sujeitos privados participantes na
relação jurídica procedimental.” – 69º, nº 3; v. também o n.º 5

24-10-2017 67
DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade (cont.)

Normas de prevenção de conflitos de interesses:

obrigando as empresas prestadoras de serviços a emitir uma


declaração sobre a inexistência de tais conflitos – 69º/4

consagrando a invalidade do acto/contrato e a eventual


responsabilidade civil: além de gerar invalidade (76º, nº 1), a
violação dos preceitos anteriormente referidos “constitui o
prestador no dever de indemnizar a Administração Pública e
terceiros de boa-fé pelos danos resultantes da anulação do acto
ou contrato.” – 76º, nº 3

24-10-2017 68
DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade (cont.)

Além dos até aqui previstos, acrescentou-se um novo caso de


suspeição [73º, nº 1/e)]:

“Quando penda em juízo ação em que sejam parte o titular do


órgão ou agente, o seu cônjuge ou pessoa com quem viva em
condições análogas às dos cônjuges, parente em linha reta ou
pessoa com quem viva em economia comum, de um lado, e, do
outro, o interessado, o seu cônjuge ou pessoa com quem viva
em condições análogas às dos cônjuges, parente em linha reta
ou pessoa com quem viva em economia comum.”

24-10-2017 69
DIREITO ADMINISTRATIVO

Algumas novidades nas garantias de imparcialidade (cont.)

Omissão do dever de comunicar o impedimento (por parte de


quem está impedido) é falta disciplinar grave – 76º, nº 2

O NCPA procura resolver divergência doutrinal, estabelecendo


que o efeito invalidante decorre apenas dos impedimentos
(69º) e que a falta de levantamento de suspeição não cria uma
invalidade automática, podendo a mesma, contudo, resultar
das circunstâncias do caso – 76º, nºs 1 e 4

24-10-2017 70
DIREITO ADMINISTRATIVO

Novos Mecanismos Procedimentais

A. Acordos Endoprocedimentais (artigo 57.º)

Objetivos:

a) Flexibilização do procedimento

b) Aplicação da melhor solução ao caso concreto

c) Diminuição da litigiosidade

71
DIREITO ADMINISTRATIVO

A. Acordos Endoprocedimentais (artigo 57.º)

Espécies:

1. Acordo endoprocedimental em sentido próprio (artigos 57.º, nº 1 e


98º, nº 2)

2. Acordo endoprocedimental substantivo (artigo 57º, nº 3)

Natureza jurídica:

São verdadeiros contratos administrativos

72
DIREITO ADMINISTRATIVO

Acordos Endoprocedimentais (artigo 57.º)

a) Partes: órgão competente para a decisão final + interessados (artigo 65,


nº 2 e 68º)

b) Forma escrita

c) Efeito vinculativo

- no acordo endoprocedimental em sentido próprio conforma-se a


discricionariedade do procedimento
- no acordo endoprocedimental substantivo conforma-se a margem de
discricionariedade da decisão

73
DIREITO ADMINISTRATIVO

Auxílio Administrativo (artigo 66.º)

a) Consagração do princípio da cooperação leal

b) Iniciativa do órgão competente para a decisão final (artigo 66º,


nº 1)

- própria;
- proposta do órgão responsável pelo procedimento;
- requerimento de um sujeito da relação jurídica procedimental

74
DIREITO ADMINISTRATIVO
O

Auxílio Administrativo (artigo 66.º)

c) A quem pode ser solicitado auxílio:

- “outros órgãos da Administração Pública” (artigo 66º, nº 2)


ou
- critério do n.º 1 do artigo 2.º do CPA/2015

d) em que situações:

- competências exclusivas para investigação


- posse de documentos instrutórios
- intervenção de pessoal ou meios técnicos específicos e não disponíveis

75
DIREITO ADMINISTRATIVO

Auxílio Administrativo (artigo 66.º)

e) a questão da proteção de dados (artigo 66.º/2)

- aplicação a Lei de Acesso a Documentos Administrativos e a Lei de Proteção de


Dados Pessoais

f) Recusa de auxílio ou dilação da prestação de auxílio

- intervenção da entidade competente para dirimir conflitos de atribuições (artigo


52.º)

- intervenção do órgão que exerça poderes de direcção, superintendência ou tutela

76
DIREITO ADMINISTRATIVO

Conferência Procedimental Conceito e modalidades

1. Noção (art. 77º, nº 1):

Exercício em comum ou conjugado de competências

2. Tipos (art. 77º, nº 2):

a) Conferência deliberativa - um único acto complexo;


b) Conferência de coordenação - vários actos simultâneos.

77
DIREITO ADMINISTRATIVO
O

Instituição de Conferências Procedimentais

1. Previsão em lei, regulamento ou contrato (cf. 78.º/1)

2. Elementos necessários (art 78.º/3):

a) Órgão competente para convocar e presidir;


b) Vinculação dos demais órgãos participantes;
c) Habilitação de delegação de poderes;
d) Fixação da competência conjunta em conferência deliberativa.

78
DIREITO ADMINISTRATIVO

Realização da Conferência Procedimental (artigo 79.º)

1. Uma situação concreta;


2. Iniciativa do órgão competente ou requerida por interessados (15
dias para a convocação);
3. Cinco dias entre convocatórias e reuniões, com adiamentos até 10
dias;
4. Dever de participação e de deliberação/decisão;
5. Ausência equivale anuência de deferimento, excepto justo
impedimento invocado até 8 dias;
6. Competência consultiva é exercida oralmente, com parecer escrito
até até 8 dias;
7. Os interessados podem ser convocados a estar presentes.

79
DIREITO ADMINISTRATIVO

Audiência dos interessados e audiência pública (artigo 80.º)

1. Audiência dos interessados é realizada com todos os órgãos


presentes;

2. Interessados podem apresentar alegações escritas, registadas


em acta;

3. A audiência pública suspende o prazo para a conclusão da


conferência.

80
DIREITO ADMINISTRATIVO

Conclusão da Conferência Procedimental (81.º)

1. Prazo de 60 dias, prorrogável por 30 dias;

2. Suspensão dos prazos de conclusão dos procedimentos;

3. Conclusão com a prática dos atos visados ou decurso do tempo;

4. Exigência de acta detalhada;

81
DIREITO ADMINISTRATIVO

Conclusão da Conferência Procedimental (continuação)

5. Previsão de razões de discordância e alterações necessárias -


Indeferimento das pretensões;

6. Acordo quanto às alterações necessárias + Acordo para repetição da


Conferência = Impedem indeferimento;

7. Órgãos sem objeções têm 8 dias para praticar atos a partir do termo
da conferência;

8. Pode haver repetição da conferência extinta por decurso do prazo


mediante acordo unânime, aproveitando-se os atos prévios possíveis.

82
DIREITO ADMINISTRATIVO

Impugnação de Actos da Conferência Procedimental

a) Deve entender-se que é necessária a realização de uma


conferência procedimental para a revogação ou anulação
administrativa de atos praticados em conferência

b) Sempre que possa existir uma revogação ou anulação


administrativa parcial poderá haver dispensa da realização da
conferência procedimental

83
DIREITO ADMINISTRATIVO

Direito à Informação

1. Princípio gerais aplicáveis à informação

a) Princípio da colaboração com os particulares (artigo 11.º)

b) Princípio da participação (artigo 12.º)

c) Princípio da administração aberta (artigo 17.º)

2. A base constitucional

- artigo 268.º CRP

84
DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Direito dos interessados à informação (artigo 82.º)

Âmbito:

a) Informação, sob requerimento, sobre o andamento dos procedimentos que lhes


digam respeito;
b) Resolução definitiva.

Conteúdo (n.º 2)

a) Indicação do serviço onde o procedimento se encontra;


b) atos e diligências praticados;
c) deficiências a suprir pelos interessados;
d) outros elementos solicitados

85
DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Direito dos interessados à informação (artigo 82.º)


Prazo (n.º 3)

- máximo de 10 dias

Em especial: a informação eletrónica (n.º 4)

4. Consulta do processo e passagem de certidões (artigo 83.º e 84.º)

Âmbito

- quaisquer processos administrativos para os quais exista legitimidade procedimental (artigo


65.º/2 e 68.º)

- em especial: as certidões independentes de despacho (artigo 84.º) e a utilização de meios


eletrónicos

86
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 84º: prevê-se no nº 3 que quando os elementos constem


de procedimentos informatizados, as certidões, reproduções ou
declarações previstas no n.º 1 são passadas, com a devida
autenticação, no prazo máximo de três dias, por via eletrónica
ou mediante impressão nos serviços da Administração.

O CPA poderia ter consagrado a regra de desnecessidade de


impressão de documentos informatizados, como sucede hoje
em dia com as certidões permanentes comerciais e prediais.

24-10-2017 87
DIREITO ADMINISTRATIVO

Prazos:
Apesar da regulação da administração electrónica, mantêm-se as
regras tradicionais sobre contagem de prazos (art. 87º):

Prazos procedimentais são em dias úteis, excepto superiores a seis


meses;

Art. 87º, alínea f): O termo do prazo que coincida com dia em que o
serviço perante o qual deva ser praticado o ato não esteja aberto ao
público, ou não funcione durante o período normal, transfere-se para o
primeiro dia útil seguinte;

Art. 87º, alínea g): Considera-se que o serviço não está aberto ao
público quando for concedida tolerância de ponto, total ou parcial.

24-10-2017 88
DIREITO ADMINISTRATIVO

Dilação

Prevê-se no nº 5 do artigo 88º que as diversas


dilações previstas nesse artigo (residentes fora de
Portugal continental, etc.) não se aplicam quando os
actos e formalidades em causa sejam praticados
através de meios electrónicos

24-10-2017 89
DIREITO ADMINISTRATIVO

Pareceres

Alteração ao regime dos pareceres para resolver a questão da falta de emissão de


pareceres vinculativos:

o procedimento pode prosseguir após interpelação, que tem lugar já depois do


incumprimento do primeiro prazo, tendo o órgão ainda 20 dias adicionais para decidir
(92º/6)

Várias questões a propósito deste regime:

O responsável pela direcção do procedimento deve interpelar nos termos do n.º 6?

Qual o efeito do decurso do prazo de 10 dias sem que a interpelação seja feita?

Como deve a falta do parecer vinculativo ser gerida pelo órgão decisor?

24-10-2017 90
DIREITO ADMINISTRATIVO
CPA

5. Procedimento do Acto Administrativo

24-10-2017 91
DIREITO ADMINISTRATIVO

Alteração ao modo e tempo de apresentação de requerimentos (art.


104º):
1 - Os requerimentos dirigidos a órgãos administrativos podem ser apresentados
por uma das seguintes formas:

a) Entrega nos serviços, valendo como data da apresentação a da respectiva


entrega;
b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo como data da apresentação a da
efectivação do respectivo registo postal;
c) Envio através de telefax ou transmissão electrónica de dados, valendo como
data da apresentação a do termo da expedição;
d) Formulação verbal, quando a lei admita essa forma de apresentação.

2 - Os requerimentos enviados por telefax ou transmissão electrónica de dados


podem ser apresentados em qualquer dia e independentemente da hora da
abertura e do encerramento dos serviços.

24-10-2017 92
DIREITO ADMINISTRATIVO

Porém, ocorre algum desfasamento entre regras que já pressupõem a


administração electrónica e outras que são tributárias de uma lógica mais
tradicional

No art. 103º, epigrafado “Local de apresentação dos requerimentos”, não


se prevê a possibilidade de apresentação dos requerimentos mediante a
utilização de um balcão electrónico ou através do site dos serviços do
órgão competente.

O art. 103, nº 2, fala em envio electrónico dos requerimentos aos órgãos


competentes, mas pelos órgãos que os receberam (quando não coincidem)

É só através de outras disposições (dispersas pelos arts. 104º e 105º,


especialmente) que o intérprete fica com uma compreensão total da
admissibilidade de submissão de requerimentos por via electrónica

24-10-2017 93
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 104º, nº 5: Refere-se que o requerimento electrónico deve observar o


formato definido, para cada caso, no sítio institucional da entidade pública.

Porém, a lei não define o que seja o requerimento electrónico. Diz-se somente
que é possível enviar electronicamente os requerimentos. Será que se pretende
que só seja possível apresentar electronicamente requerimentos com formato
pré-definido?

Requerimento electrónico que não observa o modelo pré-definido e aplicação do


art. 108º

Art. 105º, nº4: Nos serviços que disponibilizem meios electrónicos de


comunicação, o registo da apresentação dos requerimentos deve fazer-se por
via electrónica.
Como se relaciona esta norma com os demais números do artigo 105º?

24-10-2017 94
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 112º, nº 1, c): prevê-se que as notificações possam ser


efectuadas (como meio comum e já não apenas em casos de
urgência) por

telefone (tem de ser confirmada por escrito: n.º 5),


telefax,
correio electrónico ou
notificação electrónica automaticamente gerada por sistema
incorporado em sítio electrónico pertencente ao serviço do
órgão competente ou ao balcão único electrónico.

24-10-2017 95
DIREITO ADMINISTRATIVO

Tais notificações podem ter lugar (paralelo com o art. 63º):

a) Por iniciativa da Administração, sem necessidade de prévio


consentimento, para plataformas informáticas com acesso
restrito ou para os endereços de correio electrónico ou número
de telefax indicados em qualquer documento apresentado no
procedimento administrativo, quando se trate de pessoas
colectivas;

b) Mediante o consentimento prévio do notificando, nos


restantes casos (112º, nº 2)

24-10-2017 96
DIREITO ADMINISTRATIVO

Audiência dos Interessados

1. Fase autónoma ou parte da instrução?

O novo CPA não deixa dúvidas de que se trata de uma fase autónoma:

a) já tem que existir projeto de decisão (artigo 121.º/1);


b) há suspensão dos prazos procedimentais (artigo 121.º/3)
e
c) não é sequer necessário que tenha existido instrução prévia (a
contrario artigo 100.º/1 CPA/91)

97
DIREITO ADMINISTRATIVO

2. Fonte constitucional e natureza jurídica

a) a relação com o artigo 268.º CRP

b) direito procedimental formal ou direito análogo a direito liberdade e


garantia?

c) formalidade essencial do procedimento

98
DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Forma da audiência prévia

a) opção entre forma oral ou escrita é feita pelo responsável pelo


procedimento (artigo 122.º/1);

b) prazo nunca pode ser inferior a 10 dias e deve ser notificado;

c) notificação tem que conter todos os elementos necessários à compreensão


do sentido provável da decisão, bem como a hora e local onde o processo pode
ser consultado (artigo 122.º/2);

d) NOVIDADE: possibilidade de consulta eletrónica em sítio da internet (artigo


122.º/3)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

4. O caso específico da audiência oral

a) Realização presencial ou por teleconferência (artigo 123.º/1);

b) Realização de ata com as alegações do particular, podendo juntar


alegações escritas caso queira (artigo 123.º/4);

c) A falta de comparência só permite adiamento e nova marcação, de


preferência por acordo, nos 20 dias subsequentes, se houve apresentação
prévia de justificação (artigos 123.º/2 e 3).

d) em qualquer caso deve sempre haver audiência dos interessados


(problema face ao artigo 124.º/1/b)

100
DIREITO ADMINISTRATIVO

5. Dispensa da audiência dos interessados (artigo 124.º)

a) decisão urgente;
b) comprometimento da execução ou utilidade da decisão;
c) impraticabilidade por número elevado de interessados - Opção
pela substituição por Consulta Pública (artigo 124.º/d)
d) pronúncia prévia dos interessados sobre a decisão e provas
e) decisão favorável aos interessados

- na decisão a Administração passa a ter que indicar qual a razão


da dispensa, quando ocorra (artigo 124.º/2)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
O

6. Diligências complementares

Mantém-se esta possibilidade, após a realização da audiência e em sua


consequência.

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