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Atenção e
Reabilitação
Psicossocial
Autor:
Ludmila de Moura
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 52
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UNIDADE 1 – REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
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sentido de ir substituindo os leitos hospitalares por serviços substitutivos criados na
comunidade (BRASIL, 2010):
Os serviços
substitutivos são assim
chamados, pois têm por objetivo
a desinstitucionalização dos
pacientes psiquiátricos, de
forma a que recuperem a sua
cidadania, deixando de estar
apartados da comunidade da
qual pertencem.
Fonte: http://migre.me/cmnLO
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Fonte: http://migre.me/cmomW
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Com o fechamento de leitos de baixa qualidade,
Fonte: http://migre.me/cmoBl
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Fonte: http://migre.me/cmoLw
Exercício 1
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reação a acontecimentos estressantes.
V. Não é uma necessidade ética a desinstitucionalização dos internos em
manicômios.
a) Apenas os enunciados I, II e III estão corretos.
b) Apenas os enunciados I, II, III e V estão corretos.
c) Apenas os enunciados II, III e IV estão corretos.
d) Apenas os enunciados III, IV e V estão corretos.
e) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
Fonte: http://migre.me/cmnAO
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Essas situações podem trazer para o sujeito mudanças positivas e
crescimento do ser humano. Mas se não for uma resolução saudável, poderá
ocasionar rupturas no processo existencial (CIOMPI; DAUWALDER; AQUE, 1987,
apud LUSSI; PEREIRA; PEREIRA JUNIOR, 2006). Esses autores sugerem o
aprimoramento das habilidades em situações sociais, para diminuir a
vulnerabilidade da pessoa.
Para esse aprimoramento das habilidades sociais, muitas vezes vai ser
necessária a ajuda de profissionais de serviços de saúde mental.
No Brasil, a Reabilitação Psicossocial foi regulamentada com a publicação
da Lei n° 10.216, de 6 de abril de 2001 [ANEXO 2], que “dispõe sobre a proteção e
os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental”, que em seu artigo 5º define:
Fonte: http://migre.me/cmqLD
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Posteriormente os movimentos sociais e dos trabalhadores de saúde mental
vão defender a ideia de que a Reabilitação Psicossocial deve ser estendida a todos
os pacientes e não somente aos doentes “crônicos”.
Fonte: http://migre.me/cmrBR
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Já o termo (re:a.bi.li.ta.ção, sf.) significa (iDicionário Aulete, on line):
A história da doença deve ser parte de sua história, assim como da família e
da comunidade onde vive.
Juridicamente também se reforça o juízo de valor com a ideia de
“recuperação da estima pública”, “regeneração moral”, “recuperação de crédito”,
como se o “doente” sofresse apenas um desvio da “normalidade”.
Assim se mantém a ideia de um sujeito a-histórico, uma visão mecanicista,
biomédica, como se o portador de uma doença mental fosse apenas um órgão a ser
consertado.
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Fonte: http://migre.me/cmoiU
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1987 definiu a Reabilitação
Psicossocial como “[...] o conjunto de atividades capazes de maximizar
oportunidades de recuperação de indivíduos e minimizar os efeitos desabilitadores
da cronificação das doenças através do desenvolvimento de insumos individuais,
familiares e comunitários” (PITTA, 1996, p. 21).
Em continuidade, a OMS fez uma proposta terminológica reconhecendo:
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melhor qualidade possível para pessoas que experimentaram uma
desordem mental, ou têm uma deteriorização mental que produz um
certo grau de inaptidão (HIRDES, 2001, p. 65).
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As ideias de Pitta (1996, p. 21), vão nesta mesma direção, compreendendo
que:
[...] a reabilitação psicossocial seria um conjunto de programas e
serviços desenvolvidos para facilitar a vida de pessoas com
problemas considerados severos e persistentes em saúde mental,
através da ênfase em aspectos mais “sadios” do organismo e vida
destas pessoas e com uma abordagem compreensiva e um suporte
vocacional no potencial residencial, social, recreacional e
educacional ajustado com as demandas individuais de cada
indivíduo e seu contexto sócio-histórico-cultural.
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Segundo Pinto (2006, apud SANTOS, 2008, p. 72), analisando um CAPS da
cidade do Rio de Janeiro, chama a atenção que:
Fonte: http://migre.me/cmqHa
Exercício 2
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mesmos benefícios.
b) É a superação de antigos problemas familiares e melhor relacionamento
com os parentes.
c) É a conquista de novas habilidades profissionais e desenvolvimento
artístico.
d) É a recuperação da identidade psíquica e social dos doentes mentais.
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UNIDADE 2 - TEORIAS SOBRE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
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Desta forma, por ser a reabilitação algo que busca lidar com a
questão da saúde mental de forma global já implicaria em uma
mudança de perspectiva do que viria a ser um serviço em saúde
mental. Assim, não haveria os profissionais reabilitadores, mas sim
equipes com profissionais em diversas especialidades criando e
trabalhando em serviços de reabilitação psicossocial. E, ainda, não
seria algo restrito à relação técnico de referência e usuário, mas
envolveria todos os usuários e profissionais, as famílias dos
usuários e a comunidade (SARACENO, 1996, p. 14).
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Fonte: http://migre.me/cmtss
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confiança entre usuário-profissional de saúde, para a tomada de decisões, sendo
que a última palavra seria a do cliente, inclusive sobre a duração de seu tratamento
(SANTOS, 2008, p. 70-71).
Essa autora entende “a reabilitação psicossocial como um processo que se
dá em um determinado contexto sócio-histórico-cultural e seria irrealizável dentro de
hospitais psiquiátricos”. Porque a psiquiatria tradicional, que mantém a lógica dos
manicômios, é positivista, alheia ao contexto sócio-histórico-cultural que produz e
mantém a “loucura” em oposição a uma “racionalidade”, a uma “normalidade”.
Fonte: http://migre.me/cmtLM
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Exercício 3
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UNIDADE 3 - A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL: POLÍTICA
DE SAÚDE MENTAL DO SUS
Fonte: http://migre.me/cr0bF
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serviços e relações interpessoais, tornando-se um rico conjunto de práticas,
saberes, valores sociais e culturais (BRASIL, 2010).
Nas próximas linhas faremos uma descrição geral dos principais marcos
históricos da Reforma Psiquiátrica no Brasil, aprofundando um pouco o processo de
desenvolvimento da política de saúde mental do Ministério da Saúde contemplando
as diretrizes da Reforma (BRASIL, 2010).
O movimento, formado por trabalhadores que integravam o movimento
sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de
profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas (Movimento
dos Trabalhadores em Saúde Mental - MTSM), surgiu em 1978. Este movimento
protagonizou e construiu a denúncia e as violências dos manicômios, da
preeminência de uma rede privada de assistência e da mercantilização da loucura,
formando uma crítica ao saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico presente
(BRASIL, 2010).
Um exemplo é a ruptura com paradigmas que houve no asilo Colônia Juliano
Moreira, que tinha mais de 2.000 internos no início da década de 1980, no Rio de
Janeiro, que usou a experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria.
(BRASIL, 2010).
No II Congresso Nacional do
MTSM realizado em Bauru – SP, em
1987, adotou-se o lema “Por uma
sociedade sem manicômios”. Também
neste ano foi realizada I Conferência
Nacional de Saúde Mental, no Rio de
Janeiro. (BRASIL, 2010).
Fonte: http://migre.me/cpTsC
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3.1 Hospital Psiquiátrico
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de macro para micro hospitais, além de vários já estarem em processo de
fechamento.
60.000
51.393
50.000 48.303
45.814
42.076
40.000 39.567 37.988
36.797
34.601 32.735
32.284
30.000
20.000
10.000
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
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Tabela 1 – Leitos em Hospitais Psiquiátricos por UF (Brasil 2011)
Leitos por
UF População Nº Hospitais Leitos SUS
10.000 hab.
AC 15993583 1 53 0,03
AL 3120922 5 880 2,82
AM 41252160 1 126 0,03
BA 10439601 7 832 0,80
CE 8796032 7 928 1,06
DF 6004045 1 85 0,14
ES 3766834 3 620 1,65
GO 3168133 10 1171 3,70
MA 3512672 3 663 1,89
MG 2068031 17 2242 10,84
MS 19595309 2 200 0,10
MT 1383453 2 202 1,46
PA 84488055 1 56 0,07
PB 6249682 5 706 1,13
PE 6569683 13 2028 3,09
PI 2449341 1 160 0,65
PR 10695532 15 2460 2,30
RJ 3033991 33 5819 19,18
RN 14021432 4 572 0,41
RS 3119015 6 801 2,57
SC 732793 4 670 9,14
SE 2562963 2 280 1,09
SP 7588078 54 10570 13,93
TO 3480937 1 160 0,46
Total 188.052.277 198 32.284 1,717
Total Brasil 190.732.694 1,693
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, álcool e outras drogas (2011)
Essa redução ocorre numa ponta, enquanto na outra se amplia uma rede de
assistência aberta e inserida na comunidade. Inicia-se a desinstitucionalização de
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pacientes longamente internados, num processo responsável tanto com a
implantação de Residências Terapêuticas, como com a inclusão de beneficiários no
Programa de Volta para Casa. Simultaneamente, outra rede aberta e diversificada
de atenção à saúde mental vem sendo implantada, com Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), Centros de Convivência e Cultura, ações de saúde mental na
atenção básica e programas de inclusão social pelo trabalho (SANTOS, 2008).
Desta maneira, a redução de leitos psiquiátricos no país se combina com a
expansão desses novos serviços comunitários de atenção à saúde mental. Essa
redução de leitos – gradual, pactuada e programada – se realiza por 2 mecanismos,
concomitantemente:
1 - Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares –
PNASH/Psiquiatria (PT GM 251, de 31 de janeiro de 2002): este Programa já
vistoriou todos os hospitais psiquiátricos públicos e conveniados ao SUS entre 2002
e 2007, avaliando os hospitais pela qualidade da assistência. As deficiências mais
comuns referem-se desde o projeto terapêutico dos pacientes e da própria
instituição, até aos aspectos gerais da assistência (longo tempo de permanência,
número alto de pacientes longamente internados) e aos aspectos gerais dos
pacientes (limpeza, calçados e roupas, entre outros). Esta avaliação gera uma
pontuação que, cruzada com o número de leitos do hospital, permite classificar a
instituição em 4 grupos de acordo com a qualidade da assistência: boa; suficiente;
aqueles que precisam de adequações e devem sofrer revistoria; e aqueles de baixa
qualidade, encaminhados para o descredenciamento pelo Ministério da Saúde, com
os cuidados necessários para evitar desassistência à população. (SANTOS, 2008).
O programa avalia todos os anos a estrutura física de todos os hospitais, a
dinâmica de funcionamento dos fluxos hospitalares, os processos e os recursos
terapêuticos da instituição, assim como a adequação e inserção dos hospitais à
rede de atenção em Saúde Mental em seu território e às normas técnicas gerais do
SUS, demonstrando, assim, ser um dispositivo fundamental para a melhoria da
qualidade à assistência hospitalar em psiquiatria e para a indução e a efetivação da
política de redução de leitos psiquiátricos.
2 - Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar no SUS
(PRH) – PT GM 52, de 20 de janeiro de 2004 – A principal estratégia deste
Programa é promover a redução progressiva e pactuada de leitos a partir dos
macro--hospitais, hospitais-cidade e hospitais de grande porte (de 240 a mais de mil
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leitos). São componentes fundamentais desse Programa a redução do peso
assistencial desses hospitais de maior porte, que tendem a apresentar assistência
de baixa ou péssima qualidade, e a pactuação entre os gestores do SUS, os
hospitais e as instâncias de controle social, da redução planejada de leitos, evitando
a desassistência. Assim garante-se uma transição segura, onde a redução dos
leitos hospitalares é planificada e simultaneamente oferece alternativas de
atendimento no modelo comunitário. Para que isso ocorra, o Programa define os
limites máximos e mínimos de redução anual de leitos para cada classe de hospitais
(conforme o número de leitos existentes, contratados pelo SUS). Assim, todos os
hospitais com mais de 200 leitos devem reduzir no mínimo, a cada ano, 40 leitos.
Entre 320 e 440 leitos podem reduzir até 80 leitos ao ano (mínimo: 40), e com mais
de 440 leitos podem reduzir, no máximo, 120 leitos ao ano. Desta forma, busca-se a
redução progressiva do porte hospitalar, de modo a situarem-se os hospitais, ao
longo do tempo, em classes de menor porte (até 160 leitos).
Foram retirados do sistema nos últimos anos leitos de péssima qualidade
assistencial. O perfil dos hospitais psiquiátricos mudou. Se em 2002 apenas 24%
dos leitos se localizavam em hospitais de pequeno porte (com até 160 leitos), em
2007, cerca de 44% leitos em psiquiatria encontram-se nestes hospitais. (SANTOS,
2008).
Com a publicação da Portaria GM nº 2644/09 houve uma mudança estrutural
nesta redução de leitos de hospitais psiquiátricos, que contribuiu para a diminuição
dos problemas presentes nos macro hospitais além da qualificação do atendimento.
A partir de dezembro de 2002 a julho de 2011 houve uma migração dos leitos
de macro-hospitais para micro hospitais, sem que houvesse a criação de novos
hospitais e novos leitos psiquiátricos. De janeiro de 2004 a maio de 2005
aproximadamente 2.000 leitos foram desativados. Até o final de 2006 era esperado
pelo Ministério da Saúde a redução de 3.000 leitos de hospitais psiquiátricos de
grande porte.
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Gráfico 2 – Porcentagem de leitos psiquiátricos por porte hospitalar
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Tabela 2 – Proporção de recursos do SUS destinados aos hospitais
psiquiátricos e aos serviços extra-hospitalares entre 2002 e 2011
Gastos
Programa de 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Saúde Mental
Ações e
Programas
153,31 226,00 282,35 406,13 541,99 760,47 871,18 1.012,35 1.280,60 1.290,70
Extra-
hospitalares
Ações e
Programas 465,98 452,94 465,51 453,68 427,32 439,90 458,06 482,83 534,25 522,07
Hospitalares
Total 619,29 678,94 752,86 859,81 969,31 1.200,37 1.329,24 1.495,18 1.814,85 1.812,77
% Gastos
Hospitalares/ 75,24 66,71 61,83 52,77 44,08 36,65 34,46 32,29 29,44 28,80
Gastos Totais
% Gastos Extra-
Hospitalares/ 24,76 32,29 38,17 47,23 55,92 63,35 65,54 67,71 70,56 71,20
Gastos Totais
Orçamento
Executado
28.293,33 30.226,28 36.538,02 40.794,20 46.185,54 49.489,17 54.120,30 62.919,10 67.399,28 78.541,27
Ministério da
Saúde
% Gastos
Programas de
2,19 2,25 2,06 2,11 2,10 2,43 2,46 2,38 2,70 2,31
Saúde Mental/
Orçamento MS
Gastos MS em
Ações e
Serviços 24.293,34 27.181,16 32.703,50 37.145,78 40.750,59 45.801,74 48.670,19 58.270,26 61.965,20 72.332,28
Públicos de
Saúde
% Gastos
Programas de
Saúde 2,55 2,50 2,30 2,31 2,38 2,62 2,73 2,57 2,93 2,51
Mental/Gastos
ASPS
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Gráfico 3 – Proporção de recursos do SUS destinados aos hospitais
psiquiátricos e aos serviços extra-hospitalares entre 2002 e 2011
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em saúde mental, o que ainda vinha problematizar a questão da cidadania daqueles
ditos “insanos”.
Oliveira e Fortunato (2007), tentando desconstruir a loucura como sendo
elemento de estudo e tratamento regularizado
com uma veracidade científica, utilizam-se de
conceitos de Michel Foucault, no livro “A História
da Loucura”, onde o autor sugere uma
abrangência da loucura e os saberes em práticas
em saúde mental não apenas a partir da
racionabilidade, mas sim advindo de distintas
questões concernentes à vida, à julgada verdade
natural da ciência contemporânea, e da
problematização dos apontamentos de verdade e
dos conceitos de “loucura” e de “razão”.
Fonte: http://migre.me/cmoeO
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Fonte: http://migre.me/cnMwU
A Reforma Psiquiátrica no Brasil teve início na década de 1970,
concomitante ao movimento sanitarista, que vinha propor uma mudança no modelo
de saúde ofertada, passando-se a defender um modelo de prática de saúde
centrada no sujeito, na saúde como produção de tecnologias de cuidado, e não
mais saúde como ausência de doença como caracterizava o modelo biomédico.
Apesar da Reforma Sanitária aparecer contemporaneamente à Reforma
Psiquiátrica no Brasil, esta teve sua própria história com acontecimentos marcantes
e individuais. (BRASIL, 2005).
A forte recessão pela qual passava a sociedade brasileira originou uma
época de aclamada insanidade. Via-se, portanto, absoluta a necessidade da
reorganização do sistema de cuidado de saúde mental no país. As instituições para
doentes mentais eram locais onde as pessoas acometidas por estas enfermidades
eram “depositadas” para serem voluntariamente esquecidas e assim, não fazerem
mais parte do contexto social.
Diante de um processo de redemocratização, não havia espaço para a
configuração da problematização do processo saúde/doença mental presente no
país, tornando-se imediata necessidade de sua modificação. Sendo assim, a
Reforma Psiquiátrica é um movimento sociopolítico. (FERREIRA, 2006).
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde teve por base a promoção
da saúde com a tentativa da melhoria da qualidade de vida, unindo fatores como
educação, moradia, alimentação e
direito à liberdade, colocando o
Estado como facilitador dessas
condições por meio da criação do
Sistema Único de Saúde (SUS), que
tinha por base central o direito de
todos à cidadania.
Fonte: http://migre.me/cnMLa
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Nesta Conferência foram estabelecidas as bases para 1ª Conferência
Nacional de Saúde Mental, realizada em 1987, na qual se apresentaram denúncias
sobre violência e maus tratos ao quais estavam expostos os internos dos hospitais
psiquiátricos. (FERREIRA, 2006).
Em decorrência destas duas conferências, evidenciaram-se dois fatos
importantes: O fechamento da Casa de Anchieta, em Santos – SP, em 1989, devido
a denúncias de mortes, violências para com os internos e maus tratos que levaram
a uma intervenção pública que começou com a desapropriação do prédio e do
terreno nos quais a clínica de administração municipal estava instalada. Logo os
eletrochoques que eram utilizados como práticas de punição foram suspensos, bem
como foram arrancadas as grades das janelas e as portas da cela, tendo sido
proibido qualquer tipo de violência psicológica ou física.
Os modos de atendimento em saúde mental, depois desta intervenção
passaram a ser discutidos, então, por uma atenta população (SANTOS, 2008),
oriunda da adesão ao SUS e em 1990, na Conferência Regional para a
reestruturação da assistência psiquiátrica na América Latina, promovida pela
Organização Panamericana de Saúde resultou na Declaração de Caracas
(BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008).
De acordo com a Organização Panamericana de Saúde – OPAS, a
Declaração de Caracas destaca:
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condições de vida para o paciente e para a sua família (SADIGURKY; TAVARES,
1998).
Esta reestruturação no pensar o tratamento do doente mental fez com que
surgissem os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),
os NAPS (Núcleo de Atenção Psicossocial) e os
CERSAM (Centros de Referência em Saúde Mental)
que integram as diretrizes e princípios normativos do
SUS, em um objetivo central de substituir o modelo
hospitalocêntrico, na tentativa de evitar a internação,
oferecendo um atendimento diuturno, cuidados clínicos
e reabilitação psicossocial das pessoas com transtorno
mental (BRASIL, 2004).
Fonte: http://migre.me/cmtds
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portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental” (BRASIL, 2005, p.1).
Durante a mesma houve a consolidação da Reforma Psiquiátrica como
política pública, na qual foram instauradas as diretrizes, estratégias e princípios
norteadores da mudança de assistência de saúde mental no Brasil.
E, assim, por meio de políticas públicas complexas, a Reforma Psiquiátrica
Brasileira consubstanciada em leis e portarias ministeriais, leis municipais e
estaduais realizou uma completa modificação na forma de atendimento do usuário
impulsionando a desinstitucionalização do paciente por meio da concessão de
auxílio-reabilitação psicossocial e inclusão em programas de atenção; criou a
assistência de saúde mental para os detentos do sistema penitenciário; tratou da
assistência farmacêutica na atenção psiquiátrica. Enfim, gerou condições e instituiu
novas práticas terapêuticas objetivando a inclusão do usuário em saúde mental na
sociedade e na cultura. (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008).
Fonte: http://migre.me/cnQgU
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Os CAPS diferenciam-se como CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e
CAPSad, de acordo com os tipos de demanda dos usuários atendidos, da
capacidade de atendimento e do tamanho.
Os CAPS I oferecem atendimento a municípios com população entre 20 mil
e 50 mil habitantes (19% dos municípios brasileiros, onde residem
aproximadamente 17% da população do país) com uma equipe mínima de 9
profissionais de nível médio e superior, o foco são usuários adultos com transtornos
mentais graves e persistentes, e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras
drogas, podendo acompanhar por volta de 240 pessoas por mês, de segunda a
sexta-feira, funcionando das 8 às 18 horas.
Os CAPS II oferecem atendimento a municípios com mais de 50.000
habitantes (equivalente a 10% dos municípios, onde residem aproximadamente
65% da população brasileira). O público-alvo é adultos com transtornos mentais
persistentes, operando com uma equipe mínima de 12 profissionais, com nível
médio e superior, tendo um suporte para acompanhar cerca de 360 indivíduos por
mês, de segunda a sexta-feira, com horário de funcionamento das 8 às 18 horas,
podendo ter um terceiro período, funcionando até às 21 horas.
Os CAPS III são caracterizados por serem os serviços de maior porte da
rede. Com uma previsão de cobertura para municípios com população acima de
200.000 habitantes, que representam uma baixa parcela dos municípios do país,
apenas 0,63%, entretanto, concentram cerca de 29 % de toda a população do
Brasil. Podem funcionar 24 horas, diariamente, também nos feriados e fins de
semana.
Os CAPS III trabalham com uma equipe mínima de 16 profissionais com
instrução entre nível médio e superior, com uma equipe noturna e de final de
semana. Este tipo de CAPS oferece acolhimento noturno, se necessário, realizando
internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 ou 10 dias, durante o prazo de
30 dias. Esta permanência e internações temporárias devem ser compreendidas
como recurso terapêutico, que visa evitar as internações em hospitais psiquiátricos,
promovendo uma atenção integral às pessoas que buscam o serviço do CAPS.
O CAPSi é um tipo de serviço especializado em atender crianças e
adolescentes com transtornos mentais, e se operacionaliza em municípios com
população acima de 200.000 habitantes. O funcionamento acontece de segunda a
sexta-feira, das 8 às 18 horas, podendo também ter um terceiro período,
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funcionando até às 21 horas. O trabalho é realizado com uma equipe mínima de 11
profissionais com instrução entre nível médio e superior, com capacidade média de
realizar 180 acompanhamentos com crianças e adolescentes por mês.
Os CAPSad focam o atendimento a pessoas que utilizam, de maneira
prejudicial, o álcool e outras drogas, em cidades com mais de 200.000 habitantes,
ou aquelas que estejam nas fronteiras, ou ainda, as que façam rota de tráfico de
drogas e possuem relevantes cenários epistemológicos, que precisem deste tipo de
serviço para responder de forma eficaz à demanda da saúde mental. É composta
por uma equipe mínima de 13 profissionais entre nível médio e superior, e pode
realizar 240 atendimentos por mês, de segunda a sexta-feira, podendo ter um
terceiro período, funcionando até às 21 horas.
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O quadro de desassistência que caracterizava a saúde mental no Brasil tem
sido alterado nos últimos anos com as expansões dos CAPS que produziram
notáveis mudanças na atenção aos indivíduos com transtornos mentais. Apesar de
ainda estar com parâmetros abaixo do nível de cobertura estimado pelo Ministério
da Saúde.
De acordo com o levantamento realizado pela Coordenação de Saúde
Mental Álcool e Outras Drogas, houve significativa habilitação de novos serviços na
rede de Apoio Psicossocial no Brasil, no período de 1998 a 2011, tendo sido
criados 122 somente neste ano, o que demonstra uma expansão contínua destas
instalações no decorrer dos anos. Em 2011 chegaram a 1.742 serviços,
representando assim um aumento considerável de 1.117% de 1998 a 2011, ou
seja, um aumento de mais de 10 vezes a partir do número inicial apresentado no
gráfico abaixo.
2000
1800 1742
1620
1600 1467
1400 1326
1155
1200
1010
1000
800 738
605
600 500
424
400 295
208
200
148 179
0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Ano CAPS I CAPS II CAPS III CAPSi CAPSad CAPSad III Total
2006 437 322 38 75 138 - 1010
2007 526 346 39 84 160 - 1155
2208 618 382 39 101 186 - 1326
2009 686 400 46 112 223 - 1467
2010 791 418 55 128 258 - 1620
2011 822 431 63 149 272 5 1742
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O indicador CAPS/100.000 habitantes, que intenciona produzir uma reflexão
acerca das modificações da Rede extra-hospitalar de saúde mental, bem como do
estado em que se encontra. Conforme este indicador os CAPS I abrangem 50.000
habitantes, os CAPS III e CAPSad III 150.000 habitantes, enquanto os CAPS II, ad
e i, 100.000 habitantes.
Atualmente o país apresenta um índice de 0,72 CAPS/100.000 habitantes, e
11 estados demonstram possuir cobertura acima da média. O estado da Paraíba foi
o que apresentou maior crescimento, enquanto que o menor crescimento foi
atribuído ao Distrito Federal, tendo sido ultrapassado, no que diz respeito à
cobertura assistencial em saúde mental, até mesmo pelo Amazonas, que, por sua
vez, não apresenta nenhuma unidade de CAPSi, CAPSad e CAPSad III. Cinco
CAPSad III foram implantados no país, serviços que estão regulamentados pela
Portaria GM nº130 de 25/12/2012. Mesmo que a intenção desta ampliação seja
diminuir as igualdades nas áreas de cobertura, o quadro espacial de distribuições
de CAPS pelas regiões do Brasil ainda revela disparidades estruturais.
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Piauí 3119015 30 7 1 1 4 43 0,91
Rio de
15993583 36 39 1 16 18 1 111 0,59
Janeiro
Rio Grande
3168133 15 11 1 2 7 36 0,92
do N
Rio Grande
10695532 66 37 17 26 1 147 1,07
do Sul
Rondônia 1560501 11 5 1 17 0,74
Roraima 451227 1 1 2 0,33
Santa
6249682 47 13 2 6 11 79 0,90
Catarina
São Paulo 41252160 64 79 27 43 67 2 282 0,64
Sergipe 2068031 19 4 3 2 4 32 1,16
Tocantins 1383453 7 2 1 10 0,47
BRASIL 190732694 822 431 63 149 272 5 1742 0,72
Fonte: Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (2011)
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Fonte: http://migre.me/coyAS
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MA 3 1 4 18
MG 77 27 104 518
MS 1 0 1 2
MT 10 0 10 76
PA 0 2 2 0
PB 17 6 23 107
PE 45 24 69 329
PI 4 0 4 22
PR 22 3 25 138
RJ 106 25 131 593
RN 3 0 3 20
RS 39 4 43 141
SC 4 1 5 31
SE 20 0 20 103
SP 233 52 285 1136
TO 0 1 1 0
Total 625 154 779 3470
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (2011)
700
625
600
550
500 514
487
475
Núm ero de S RTs
400 393
300
265
200
141
100
85
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Anos
Exercício 4
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2. Analise os enunciados a seguir:
I. O Centro de Atenção Psicossocial é um serviço de caráter privado.
II. O processo de adoecer psíquico deve ser percebido em sua complexidade
multidimensional.
III. A Reforma Psiquiátrica possibilitou a hospitalização dos doentes mentais.
a) Apenas o enunciado I está correto.
b) Apenas o enunciado II está correto.
c) Apenas o enunciado III está correto.
d) Nenhum enunciado está correto.
e) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
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beneficiários, que recebem um cartão magnético, com o qual podem sacar e
movimentar estes recursos, mensalmente.
Além de assegurar o bem-estar global das pessoas, estimulando o total
exercício de seus direitos civis, políticos e de cidadania, o Programa permite a
ampliação da rede de inclusão dos usuários. Para habilitar-se ao Programa, o
município de residência do beneficiário deve ter garantida uma tática de
acompanhamento dos benefícios e uma rede de atenção à saúde mental apropriada
para dar uma concreta resposta a estas demandas.
Este Programa é um dos fundamentais órgãos no processo de reabilitação
psicossocial, de acordo com a bibliografia existente no campo da Reforma
Psiquiátrica, e na medida em que potencializa a emancipação e autonomia de
egressos de hospitalizações psiquiátricas, tem efeitos imediatos nestes usuários.
O Programa enfrenta, entretanto, um paradigma, experienciado após um
longo período de exclusão social, pois a grande maioria dos beneficiários em
potencial, egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos, não possui a
mínima documentação pessoal para se cadastrarem no Programa, visto que muitos
não possuem certidão de nascimento, ou carteira de identidade.
Estas pessoas, após um secular processo de exclusão e isolamento,
encontram-se desprovidas dos requisitos mínimos para o exercício de sua
cidadania. Considerado um dos desafios ainda a ser enfrentado pelo Programa,
com parceria entre o Ministério da Saúde, a Procuradoria Federal dos Direitos do
Cidadão do Ministério Público Federal e a Secretaria Especial de Direitos Humanos
da Presidência da República, com o intuito de restituir o fundamental direito de
Identificação, assegurando assim o auxílio-reabilitação do Programa Volta para
Casa. Assim, várias frentes estão surgindo, com estruturas municipais que visam
garantir a tardia, mas necessária identificação destes indivíduos com transtornos
mentais, o que se estabelece como desafio principal da Reforma Psiquiátrica
Brasileira.
Em fevereiro de 2004, o Programa de Volta para Casa, alcançou mais de 4
mil beneficiários em folha de pagamento, tendo os processos de fechamento de
hospitais psiquiátricos em Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, de significativa
importância para o aumento de beneficiários cadastrados. Atualmente, 1.747
pessoas recebem o auxílio-reabilitação. A estimativa é que até o final de 2006,
aproximadamente 3.000 usuários já estariam sendo beneficiados pelo Programa.
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Gráfico 8 – Beneficiários do Programa de Volta para Casa por UF (2003-2011)
Exercício 5
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REFERÊNCIAS
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ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Reestruturação da
Atenção Psiquiátrica na América Latina. Boletim Informativo, 3. Washington,
D.C., 1992.
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