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Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 18: 299-306, 2008.

A importância do controle climático em museus

Kwok Chiu Cheung*

CHEUNG, K.C. A importância do controle climático em museus. Revista do Museu de


Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 18: 299-306, 2008.

Resumo: Entre os principais fatores climáticos que causam interferência nas


coleções e devem ser controlados pelo sistema de climatização estão à temperatura,
umidade absoluta, saturação e a condensação. Durante o monitoramento do
acervo etnográfico exposto no Museu das Culturas Dom Bosco verificou-se a
ocorrência de infestação causada por fungos. A presença desses organismos
indicou que os artefatos estavam susceptíveis a danos permanentes e de difícil
restauração, devido à rápida taxa de reprodução desses organismos em condições
favoráveis e ao modo pelo qual utilizam o substrato para alimentação. Desse
modo, a equipe administrativa, junto à equipe técnica, decidiu antecipar a
instalação do sistema de climatização do salão de exposição permanente. Além da
instalação dos climatizadores foram estabelecidas várias medidas associadas ao
controle e manutenção da temperatura e umidade estabelecidas.

Palavras-chave: Conservação – Higienização – Infestação biológica – Fungos.

Introdução acelerar o processo de degradação das obras ou


pode ajudar a suavizar, ou reter, o processo de

A s modificações físicas ou químicas


causadas por flutuações climáticas
intensas afetam o material que compõe os
envelhecimento da coleção que está ali abrigada.
Em uma edificação podemos identificar que
alguns setores são mais frios que outros ou que
artefatos (Maekawa & Toledo 2001). A os ambientes nos andares inferiores são mais
umidificação, o dessecamento, a dilatação ou úmidos em relação aos superiores. Isso ocorre
retração, assim como a luminosidade excessiva porque cada zona dentro de um prédio tem seu
são processos que provocam modificações próprio comportamento climático. Alguns
temporárias, mas que podem causar danos ambientes podem reagir da mesma forma às
irreversíveis ao material. variações climáticas externas, enquanto outros
O clima dentro de um edifício é diretamente podem ter variações individuais de acordo com
influenciado pelo ambiente externo. Para sua localização dentro do prédio (Padfield 1990;
Toledo (2003) o edifício pode contribuir para Energy Estrategies Comittee 2005).
De acordo com Padfield & Larsen (2002),
para se estabilizar o clima interno, as construções
(*) Departamento de Conservação e Pesquisa do
devem possuir barreiras como: isolamento em
Museu das Culturas Dom Bosco – MCDB. Universida- telhados para redução do efeito do calor da
de Católica Dom Bosco – UCDB. cheung@ucdb.br radiação solar, isolamento das paredes para

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proteção da chuva e do ar úmido, redução do – Julgar quando é o melhor momento


número de aberturas para diminuir a troca de de montar uma exposição temporária, a
ar, entre outros. fim de evitar mudanças climáticas
Dependendo da inércia higrotérmica e da abruptas, que podem colocar em risco a
capacidade de isolamento do prédio as variações coleção.
climáticas externas serão menos sentidas interna-
mente. A inércia térmica de uma construção é
sua capacidade de resistência às variações Características ideais da climatização em
extremas de temperatura, ocorridas no ambiente museus
externo. Inércia higrotérmica é um conceito
equivalente, quando consideradas as variações de De um modo geral, os museus possuem
umidade relativa (Diniz 2006). coleções muito sensíveis a diversos fatores, sejam
Um edifício pode atuar como agente passivo biológicos ou climáticos. Desse modo, o controle
de conservação, ou seja, quando cria condições desses fatores atua como regulador das condi-
adequadas à manutenção do acervo, quando ções micro-climáticas, diminuindo as variações e
promove um ambiente seco e estável (Toledo impedindo o aparecimento de infestações por
2003). Nesse contexto, o edifício do museu pode fungos ou insetos.
suavizar, ou agravar, as condições climáticas O controle climático em edificações
externas. Este funciona como um envelope, como destinadas a abrigar coleções difere dos demais
um escudo, é a primeira barreira de proteção da sistemas de condicionadores de ar devido a
coleção (Maekawa & Toledo 2001). Mas se este diversos fatores. Dentre eles podemos destacar:
não for pensado e construído de maneira
– A climatização visa primordialmente
adequada, poderá piorar tais condições externas.
à manutenção e conservação das cole-
Mesmo que muitos prédios sejam especial-
ções, considerando os tipos de materiais
mente construídos para abrigar coleções e
que compõem os artefatos e sua resposta
museus, é muito importante monitorar a relação
às mudanças climáticas;
existente entre os climas interno e externo. Desse
– Deve controlar, além da temperatu-
modo, é importantíssimo ter uma boa compre-
ra, a taxa de umidade relativa do ar nos
ensão do comportamento climático de um
diferentes ambientes da edificação;
prédio que abriga coleções (Suarez & Tsutsui
– Deve manter a temperatura e a
2004). Para identificação e detalhamento das
umidade interna em valores estáveis ou
características climáticas internas de uma
com flutuações mínimas entre valores
edificação é necessário um estudo climático
previamente estabelecidos;
preliminar. Segundo Diniz (2006), um estudo
– Deve permanecer ligado durante 24
climático deve permitir:
horas e em tempo integral (inclusive nos
– Reconhecer em qual extensão as dias em que o museu estiver fechado),
condições internas do prédio são afetadas considerando que determinados objetos
pelo clima externo; não podem sofrer grandes variações de
– Selecionar as áreas mais adequadas temperatura e umidade devido a sua
para abrigar as coleções; capacidade de dilatação e retração, ou
– Colocar as coleções mais sensíveis ganho e perda de umidade;
nos locais mais estáveis; – Mesmo propiciando um ambiente
– Indicar se uma vitrine está montada confortável ao visitante, o público é
adequadamente; considerado um elemento interferente na
– Proporcionar uma base sólida para estabilidade do clima interno de um
propor a estabilização, umidificação ou museu, isso porque a respiração humana
desumidificação de um ou mais setores aumenta a umidade do ar e a temperatu-
durante certos períodos do ano; ra. Assim, grupos muito grandes podem

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alterar as condições micro-climáticas de Museu das Culturas Dom Bosco permaneceu


um determinado setor durante a sua aberto até o mês de fevereiro de 2007, quando
visita. foi fechado devido à continuidade do processo
de montagem dos expositores e adequação do
Outros fatores que também causam interfe-
edifício aos padrões museológicos.
rência nas coleções e devem ser controlados pelo
Durante esse período de fechamento foram
sistema de climatização são umidade absoluta,
avaliados os materiais utilizados na construção e
saturação e a condensação. Entretanto, pode-
montagem das vitrines, bem como o acabamento
mos sintetizar em basicamente dois grandes níveis
feito pela equipe executora. Para essa avaliação
os processos conservativos em um museu:
foram considerados todos os padrões e técnicas
– O controle da temperatura é internacionais de museologia, assim como
fundamental para conservação preventiva padrões de estética e execução do projeto. Além
de um acervo, pois níveis elevados de disso, foi feita uma avaliação do ambiente
calor contribuem sensivelmente para a interno do salão de exposição permanente e de
desintegração dos materiais. O calor como os objetos expostos estavam respondendo
excessivo acelera a velocidade da maioria a possíveis variações de temperatura e umidade.
das reações químicas, inclusive a deterio-
ração, que é dobrada a cada aumento de Monitoramento da coleção etnográfica
10° C (Ackery et al. 2002).
– Os altos níveis de umidade fornecem Após monitoramento e vistoria do acervo
o meio necessário para promover as etnográfico exposto no Museu das Culturas
reações químicas prejudiciais aos materi- Dom Bosco verificou-se a ocorrência de infestação
ais e, combinados com a alta temperatu- causada por fungos, sendo que o grau de
ra, favorecem a proliferação de fungos e a desenvolvimento desses microrganismos variou
atividade de insetos. de acordo com a composição dos próprios
artefatos. Os objetos compostos basicamente por
celulose (madeira, palha, folhagem) apresentaram
Estudo de caso: maior suscetibilidade a este tipo de infestação,
A dinâmica da infestação e o processo de embora as cerâmicas também estejam sujeitas à
climatização do Museu das Culturas Dom Bosco ação de fungos.
Assim, os objetos de madeira apresentavam
As novas instalações do Museu das Culturas estágios avançados de infestação e, muitos deles,
Dom Bosco foram inauguradas oficialmente no com estruturas reprodutivas (hifas e esporos)
dia 30 de novembro de 2006 dentro do Parque cobrindo toda a sua superfície. Nos artefatos de
das Nações Indígenas, em Campo Grande, Mato madeira da coleção Karajá (Fig. 1) podia-se
Grosso do Sul. A inauguração dá início a uma facilmente observar a formação de diversas
nova fase do Museu que agora está situado em colônias (bolor). Algumas cerâmicas da coleção
uma região nobre da cidade, dispondo de maior Bororo também apresentavam grandes infestações
área física, apresentando novo espaço expositivo e formação de corpo reprodutivo, sendo que
e, principalmente, apresentando novas tendênci- nos demais artefatos de madeira e plumária
as e conceitos museais. foram observadas fases iniciais de infestação
Entretanto, é importante destacar que se (Figs. 2 e 3).
tratou de uma inauguração parcial, pois parte
das instalações ainda estão em fase de constru- Características da infestação por fungos
ção. Mesmo assim, o salão de exposição perma-
nente, que estava completamente montado A presença de fungos indicou que os
expondo objetos referentes à Arqueologia e artefatos estavam susceptíveis a danos permanen-
Etnologia do Brasil, foi apresentado com sucesso tes e de difícil restauração, devido à rápida taxa
ao público presente. Após a inauguração o de reprodução desses organismos em condições

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Fig. 1. Lanças Karajá apresentan-


do infestação por fungos no salão
de exposição.

Fig. 2. Plumária dos arcos Bororo


apresentando infestação por fun-
gos no salão de exposição perma-
nente do Museu das Culturas Dom
Bosco, Campo Grande, MS.

Fig. 3. Artefato Bororo apresen-


tando infestação por fungos no
salão de exposição permanente do
Museu das Culturas Dom Bosco,
Campo Grande, MS.

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favoráveis e ao modo pelo qual utilizam o proteger os acervos que envolvem materiais
substrato para alimentação. Os fungos em geral orgânicos.
se alimentam por absorção, formam uma Desse modo, pode-se afirmar que os dois
camada celular (biofilme) sobre determinados principais fatores que favoreceram a infestação
substratos (principalmente matéria orgânica) das coleções foram altas temperaturas e umidade
que retém a umidade do ar e acelera o processo elevada. A elevada umidade do ar é explicada
de decomposição. Além disso, produzem pelas características do ambiente externo, uma
exoenzimas similares às enzimas digestivas animais vez que as instalações estão próximas ao curso do
que são responsáveis pela degradação do córrego Prosa, situada no declive do terreno em
substrato. direção ao mesmo, somando ainda a proximida-
De um modo geral, os fungos possuem ciclo de de uma área florestada (Parque Estadual do
biológico variando entre 7 e 15 dias e utilizam Prosa). A alta temperatura é reflexo do clima da
uma variedade de substratos alimentares. Devido região Centro-Oeste, médias de 35°C, e dentro
ao modo pelo qual se desenvolvem, degradando das instalações o problema se acentuou devido à
estruturas orgânicas, estão classificados em dois ausência de sistemas de condicionamento de ar,
tipos: decompositores e parasitas. Os decompositores aliada à baixa ventilação e pouca iluminação
são aqueles capazes de degradar matéria orgânica natural.
morta, fragmentando-as em pequenas partes e Outro fator importante foi o período
tornando possível sua reutilização por outros chuvoso (novembro a março), principal respon-
organismos. Os fungos considerados parasitas sável pela elevada umidade nesse período do ano
sobrevivem à custa de organismos vivos e são e, do mesmo modo níveis de umidade extrema-
agentes patógenos de plantas e animais, inclusive mente baixos nos meses de estiagem (abril a
do homem. outubro). A umidade relativa em níveis muito
A infestação encontrada no acervo do baixos que, costuma ocorrer no inverno, pode
Museu das Culturas Dom Bosco foi causada por levar ao ressecamento e aumento da fragilidade
fungos decompositores, possivelmente do grupo de certos materiais. Essas flutuações de tempera-
Zygomiceta que formam tecidos filamentosos tura e umidade relativa do ar são também
sobre o substrato utilizado como alimento. extremamente danosas. Muitos objetos reagem às
Devido a isso, foi necessário o tratamento mudanças sazonais, absorvendo e liberando
urgente do acervo infestado, pois, além dos umidade, ou contraindo-se e expandindo-se,
danos causados aos objetos, existem muitos sendo que estas alterações podem acarretar
grupos extremamente oportunistas e patógenos, danos permanentes.
que poderiam acarretar infecções respiratórias
nos funcionários que manuseiam as peças e Medidas de conservação e restauro das peças
mesmo em visitantes do museu, principalmente infestadas
indivíduos alérgicos.
É importante destacar que não existem Após a identificação da infestação os objetos
ambientes livres da presença de fungos, pois se foram retirados dos expositores para análise do
reproduzem por esporos microscópicos que são grau de infestação e aplicação do melhor
lançados no ar e se disseminam com enorme método de higienização. O nível de infestação
facilidade. Entretanto, esses microrganismos variou de acordo com a composição dos objetos,
somente se desenvolvem quando encontram sendo que aqueles feitos de madeira apresenta-
condições favoráveis, ou seja, basicamente altas ram maior susceptibilidade, quando compara-
temperaturas e umidade relativa do ar elevada. A dos com outros tipos de material (cerâmica e
ausência de luminosidade solar aumenta conside- penas).
ravelmente a velocidade da infestação, por tornar Os procedimentos de higienização foram
ainda mais propício às condições microclimáticas. aplicados de acordo com dois principais fatores:
Contudo, o controle efetivo dos fatores que grau de infestação e de fragilidade de cada
favorecem tal proliferação é a única forma de objeto. O grau de infestação foi diferente entre

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os diferentes setores do salão de exposição fatores é de essencial importância para a manu-


temporária, indicando também diferenças na tenção das características originais do objeto, e
distribuição da umidade relativa. É importante para a saúde da equipe de um museu.
destacar que o Museu das Culturas Dom Bosco Assim, para finalizar o processo de higienização
apresentou uma nova forma de expor suas dos objetos infestados foram aplicados diferentes
coleções, novos conceitos e técnicas. Os exposito- produtos, de acordo com a composição e o nível
res localizam-se no chão, sob os pés dos visitantes de infestação sofrida. Objetos compostos de
que caminham sobre vidros duplos e resistentes a madeira e sem pintura, adornos, plumária ou
500 Kg de peso. Todos os expositores foram quaisquer ornamentos foram tratados com
impermeabilizados com uma camada de manta tribromofenol e cipermetrina na forma de
asfáltica de aproximadamente 1 cm de espessura, aspersão direta. Os objetos que possuíam penas,
revestida com duas camadas de concreto. Esses pinturas naturais ou características que poderi-
procedimentos visam a impedir que a umidade am ser perdidas devido ao solvente foram
venha do solo. hermeticamente acondicionados em sacos
A composição dos objetos infestados variou plásticos especiais juntamente com absorvedores
entre celulose (madeira, bambu, folhas de de oxigênio (anoxia).
palmeira, algodão), queratina (penas, pêlos e
couro) e argila (cerâmica e vasos). As peças de O processo de climatização do Museu das
madeira apresentaram maior susceptibilidade à Culturas Dom Bosco
infestação, isso porque a celulose pode ser
facilmente degradada em condições de altos Após a constatação dos problemas com o
níveis de umidade e temperatura, além disso, ambiente interno do Museu das Culturas Dom
outro fator importante a ser considerado como Bosco, a equipe administrativa, junto à equipe
um facilitador foi a idade desses objetos (média técnica, decidiu antecipar a instalação do sistema
de 50 anos de coleta). de climatização do salão de exposição permanen-
De um modo geral, toda a superfície dos te. A climatização do Museu envolveu a instala-
objetos infestados foi inicialmente aspirada com ção de controladores climáticos adequados e sua
um aparelho aspirador de pó apropriado ao operação no sentido de manter condições
trabalho em museus, aqueles que continham estáveis, bem como padrões de conservação pré-
plumária foram cobertos com tule para evitar estabelecidos.
danos durante a higienização. Os objetos com De acordo com as especificações técnicas
pinturas e resinas também receberam o mesmo obtidas com a equipe executora, instalou-se um
cuidado para evitar alterações na coloração e sistema de ar condicionado do tipo expansão
estrutura do objeto. Após serem aspiradas, direta (multisplit), dotado de compressores tipo
utilizaram-se trinchas para higienização e papel scroll com condensador remoto arrefecido a ar.
toalha. Para aferir o controle da temperatura e umidade
Este tipo de infestação causada por fungos foi instalado um controlador Thermidstat. A
merece atenção diferenciada devido ao desenvol- distribuição de ar no salão foi feita através de dutos
vimento desses organismos ocorrer inicialmente construídos em chapa de aço galvanizado com
dentro dos objetos, tornando-se visíveis somente medidas estabelecidas pela ABNT-NBR- 6401.
quando já estão formando estruturas reprodutivas Para tomada de ar externa foram construídas
(esporulando). Desse modo, é importante tratar seis casas de máquinas que possuem entradas de
internamente os objetos com produtos adequa- ar fabricadas em alumínio anodizado, na cor
dos para evitar re-infestações. Entretanto, deve-se natural, dotadas de telas metálicas, registro de ar
ter extremo cuidado e analisar muito bem qual o para regulagem da quantidade de ar exterior e
produto a ser utilizado, qual a melhor forma de filtro de ar permanente e lavável. Todo o sistema
aplicação, qual o tipo de solvente e, indispensável recebeu isolamento termoacústico para evitar os
para segurança de quem manuseia os objetos, efeitos do calor externo e, ruídos ou vibrações
qual o poder toxicológico. A consideração desses excessivas.

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O processo de umidificação e desumidificação – Acompanhamento das variações


foi pré-estabelecido dentro de um setpoint entre higro-térmicas externas para efeito
40 e 50% de umidade relativa, assim quando os comparativo;
valores decrescem ou aumentam e atingem níveis – Realização de monitoria e vistoria
que não estão dentro desta faixa de variação, o técnica diariamente dos objetos expostos
Thermidstat responde através da ativação da e acondicionados em todos os setores do
saída ou entrada de umidade. De um modo Museu.
geral, existem vários modos para umidificar e
desumidificar um ambiente, o sistema adotado
no Museu das Culturas Dom Bosco utiliza a Considerações Finais
umidificação com ventilador e o resfriamento
para desumidificar. Dentro de uma edificação destinada a
Para climatização total do salão de exposi- abrigar um museu, o sistema de climatização
ção permanente que possui 960 m2 foram representa um elemento indispensável, seja para
instalados seis módulos ventiladores de 7,5 TR atender aos padrões estéticos ou museológicos e
40MSC 090236V, seis módulos ventiladores de conservativos. O Museu das Culturas Dom
7,5 TR 40MSC090 TRF, e para controle da Bosco figura como a principal instituição ligada
entrada de ar seis grelhas modelo VDF-711 397 à preservação da cultura material, a educação
x 397 e seis grelhas AGS-A 625 x 1225. patrimonial e ambiental em Mato Grosso do
A programação pré-definida do sistema de Sul. O Museu possui coleções extremamente
climatização obedece aos seguintes valores: sensíveis às variações ambientais devido à
estrutura dos artefatos e sua susceptibilidade aos
– Temperatura: estável em 25° Celsius
agentes físicos e químicos do clima.
– Umidade Relativa do Ar: mínima de
Devido a isso, um sistema de climatização
40% e máxima de 50%
deve obedecer a diversos critérios previamente
– Horário de funcionamento: integral
estabelecidos que visem primordialmente à
(24 horas por dia), todos os dias inclusive
conservação e manutenção das coleções pelo
sábados, domingos e feriados.
maior tempo possível. Deve controlar as condi-
Além da instalação dos climatizadores ções micro-climáticas, para que não ocorram
foram estabelecidas várias medidas associadas ao situações propícias ao desenvolvimento de
controle e manutenção da temperatura e fungos, proliferação de insetos ou outros
umidade estabelecidas. Entre essas medidas organismos que possam acelerar o processo de
podem-se destacar: degradação dos objetos.
– Diminuição das aberturas de
ventilação e exclusão total do sistema de Apoio:
ventilação forçada;
– Monitoramento climático do
ambiente expositivo e das vitrines através
de termo-higrômetros digitais portáteis;

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A importância do controle climático em museus.
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CHEUNG, K.C. The importance of the climatic control in museums. Revista do


Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 18: 299-306, 2008.

Abstract: Among the principal climatic factors that cause interferences in the
collections and have to be controlled by the climatization system are the temperature,
absolute humidity, saturation and condensation. Throughout tracking of the
exposed etnographic collection at the Museum of the Cultures Don Bosco it was
verified the occurrence of infestation by fungi. The presence of these organisms
has indicated that the artifacts were susceptible to permanent damages and of
difficult restoration, because of the fast rate of reproduction of these organisms
in favorable conditions and the way that they use the substract for feeding. In this
way, the administrative team joined to the technical team decided to anticipate the
installation of the climatization system of the permanent exposition hall. Besides
the installation of climatizators, many measures were established together with
the control and maintenance of the established temperature and humidity.

Key-words: Conservation – Biological infestation – Fungi.

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1990 Low-Energy Climate Control in Museum agenda/2003/seminario/franciza_toledo.htm

Recebido para publicação em 17 de março de 2008.

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