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Curso online do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz

Módulo 1 Básico

Aula DEUS

Parte 1

Na questão n°1 do Livro dos espíritos, Kardec pergunta: ”Que é Deus?”, o Espírito de Verdade
responde: ”Deus é a INTELIGÊNCIA SUPREMA, CAUSA PRIMÁRIA de todas as coisas.”

E “como” é Deus? Defini-lo é praticamente impossível, porque não possuímos entendimento,


faculdades, para compreender o infinito, o eterno, o perfeito. Nossos conhecimentos e linguagem
são limitados.

Paulo de Tarso dizia: “As coisas do espírito não podem ser entendidas, nem explicadas pelo
intelecto.”

Embora impotentes para defini-lo, a ideia de Deus impõe-se, por ser indispensável à nossa vida,
o mais importante, sim, é senti-lo, ter certeza de que Ele existe que é fácil e natural.

Santo Agostinho a refletir com a frase: “Quando me perguntam que é Deus, eu não sei; porém, se
não me perguntam, então eu sei.”

Leon Denis esclarece: “Deus não é um desconhecido: é somente invisível. Não compreendemos,
em essência, a Alma, o Bem, a Beleza Moral, que são igualmente invisíveis. Entretanto, sabemos
que existem e não podemos escapar à sua influência e deixar de cultuá-los, assim como a Deus,
origem de todas as virtudes.”

O mesmo ocorre em relação ao átomo, à eletricidade, ao açúcar dissolvido na água, que não
vemos, mas podemos sentir-lhes os efeitos...

Na questão n°14 do Livro dos espíritos, Kardec pergunta: “O homem pode compreender a
natureza íntima de Deus?” e a resposta: “Não; é um sentido que lhe falta.” Diante da insistência
de Kardec em querer conceituar Deus, a Equipe Espiritual responde: “Deus existe, não podeis
duvidar, é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não
podereis sair...”

Como provas da existência de Deus, temos primeiramente um sentimento instintivo, uma fé inata,
da existência de um Ser Superior à nossa capacidade, desde as épocas primitivas. Temos
“apetite pelo divino”, “anseio de transcendência”, “senso moral” que os animais não possuem. “O
homem é o único a ter consciência de si próprio, das coisas que o rodeiam e dos seus
semelhantes” (Marilena Chauí). Percebe que há coisas que fogem ao seu alcance e que ocorrem
sem a sua intervenção. Constata, então, que há um Poder Superior que comanda todos os
fenômenos.

A princípio, confunde esses fenômenos com o próprio Criador e, buscando proteção e favores,
cultua o Sol, a Lua, o Trovão, etc. Depois, cultua ídolos de pedra, animais e vegetais. Sempre há
um Ser Maior a quem os demais devem obediência. Ex: Zeus (mitologia grega); Tupã (mitologia
indígena bras.)etc. Temos aqui, o Politeísmo (vários deuses, com atribuições diferentes).
A incapacidade do homem em definir esse Ser Superior, Deus, leva ao Antropomorfismo: Deus
com características humanas, com virtudes e defeitos... Esse Deus com barbas brancas, sentado
num trono, em uma região nunca identificada, guerreiro, ciumento, que castiga eternamente seus
filhos (não lhes dando outra oportunidade), até hoje permanece, em muitas religiões.

Mesmo aqueles que se dizem ateus, em situação de perigo iminente e terrível, dão-se as mãos
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em preces, solicitando ajuda a um Poder Maior: “Meu Deus!” A idéia de Deus, presente no
pensamento humano, desde sempre, manifesta-se universalmente, através da Lei de Adoração.

Também podemos considerar que temos em Kardec: “É princípio elementar que se julgue uma
causa por seus efeitos, mesmo quando não se vê a causa.“. Por exemplo, um pássaro no ar é
atingido por um chumbo mortal. Não é preciso ver o atirador para concluir que foi um hábil
atirador que o feriu..., a existência de um relógio mostra a existência de um relojoeiro que o
construiu.

Kardec diz: ”A harmonia existente no mecanismo do universo patenteia combinações e desígnios


determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao
acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência
produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.”

“O poder de uma inteligência se julga por suas obras, Não podendo nenhum ser humano criar o
que a natureza produz, a causa primária é conseguintemente, uma inteligência superior à
humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela
própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária.
Aquela Inteligência Superior é que é a Causa Primária de todas as coisas, seja qual for o nome
que lhe dêem.”

A insuperável estrutura da natureza, tanto nas coisas muito grandes como estrelas e planetas,
como nas coisas muito pequenas como o mundo microscópico, todas as leis que regem o
Universo, mostram a existência de uma inteligência maior.

Como atributos de Deus, temos: ele é único, eterno, imaterial, imutável, onipotente,
soberanamente justo e bom. Todos estes atributos, Deus tem em grau infinito.

Com Jesus, aprendemos que devemos adorar a Deus em Espírito e Verdade, isto é, através de
nosso pensamento e sentimento, sempre com completa sinceridade.

BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan, A Gênese, cap.II;
Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, 1ª parte cap. I e 4ª parte cap. II.

Parte 2

OBJETIVOS:

 Apresentar Deus nas várias concepções ao longo da história da humanidade


 Compreender a relação entre Deus e o infinito conhecendo os atributos da divindade –
Deus

APRESENTAR DEUS NA VÁRIAS CONCEPÇOES AO LONGO DA HISTÓRIA DA


HUMANIDADE
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A ideia de Deus que, intuitivamente, foi sendo formada no cérebro humano, evoluiu ao mesmo
tempo em que o homem também evoluiu física, intelectual e socialmente.

A necessidade de sobrevivência do homo sapiens, fisicamente inferior a outras espécies,


inclusive de “humanos” primitivos, fez com que ele desenvolvesse a “imaginação” – tentar
imaginar o que o outro estava pensando era crucial num ambiente que, segundo alguns
estudiosos, há 200 mil anos, era cheio de intrigas, fingimentos e traições. Eles tentavam, por meio
da imaginação, prever as intenções uns dos outros e quem se saia melhor nesse jogo tinha
melhores resultados.

Essa imaginação também fez com que o homem visualizasse que atrás de fenômenos naturais
com a chuva, o sol, a lua, o vento, etc., haveria alguém infinitamente mais poderoso – um Deus -
surgindo aí às raízes instintivas da espiritualidade, chamada por alguns estudiosos de “infância de
Deus”.

A mesma imaginação dava forma a esses deuses, onde se misturavam características humanas
e animais, conforme é possível constatar em obras de arte de cerca de 30.000 anos.

Há 10.000 anos, no Oriente Médio, surgem as primeiras cidades, com a evolução da agricultura,
e a percepção de espiritualidade acompanha essa evolução passando a centrar-se mais nas
pessoas do que na natureza selvagem. Há indícios, inclusive, de que ancestrais mortos
assumiam status divinos nessa época.

Vem dessa “humanização” das divindades as figuras dos deuses gregos e romanos. Tais
“divindades”, apesar de seus poderes, no entanto, apresentavam traços fortes das paixões
humanas e sempre refletiram as suas fraquezas apresentando até mesmo certa crueldade em
defesa do sentido de justiça.

Mesmo o Deus único adotado por alguns povos, era o deus que punia, que castigava e,
ardilosamente, os líderes religiosos se aproveitaram dessa ideia de Deus para manipular e
dominar os povos por muitos séculos, muitas vezes promovendo guerras e destruições em Seu
nome.

A figura de Deus que para nós é mais conhecida é a de Jeová ou Javé, o Deus bíblico, retratado
por Michelangelo no teto da Capela Sistina. O Deus que amparou a trajetória e a herança cultural
de Moisés.

Se observarmos mais atentamente, essa ideia de Deus, apregoada por Moisés, era a única que
poderia ser utilizada para os homens daquela época, pois era a única que eles eram capazes de
compreender naquele momento.
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Cerca de 1.500 anos depois de Moisés, nasce Jesus trazendo uma ideia de Deus totalmente
diferente e assinala um outro momento evolutivo da humanidade.

Nessa trajetória evolutiva da ideia de Deus, o papel da ciência passa a se destacar mais
firmemente no final do século XIX, a partir da Teoria da Evolução das Espécies de Darwin, a
ponto de, com o passar dos anos, alguns cientistas chegassem a afirmar que, em breve tempo, a
humanidade abandonaria a fé na existência de Deus diante das explicações científicas dos
fenômenos naturais.

Entre o século XIX e o século XX, pensadores como Nietzsche, Marx, Freud, Sartre, entre outros,
protagonistas do que viria a ser a “era da razão”, chegaram a defender a “morte” de Deus, o que
“efetivamente” não ocorreu!! Pelo contrário, a humanidade, cada vez mais, vem buscando
respostas que somente a crença de que há um Deus, uma energia, um “sagrado”, ou seja, qual
for o nome que se dê, pode nos oferecer.

Por outro lado, são muitos os pensadores que admitem que ciência e religião ou fé na existência
de Deus caminham paralelamente para chegarem a um ponto comum. Segundo o paleontólogo
americano Stephen Jay Gould, citado por Cavalcante (2016), nenhuma teoria (nem mesmo a da
evolução) pode ser vista como uma ameaça às crenças religiosas, “porque essas duas grandes
ferramentas da compreensão humana trabalham de forma complementar, e não oposta: a ciência
para explicar os fenômenos naturais e a religião como pilar dos valores éticos e da busca por um
sentido espiritual para a vida”.

Observa-se, então, total convergência com o que apregoa Kardec que, no Evangelho Segundo o
Espiritismo, Capítulo I, afirma que a ciência e a religiãosão as alavancas da inteligência humana e
que ambas têm o mesmo princípio que é Deus. A ciência revela as leis do mundo material e a
religião as leis do mundo moral.

CONCEPÇÃO ESPÍRITA DE DEUS

Chegamos então à concepção de Deus que nos foi trazida por Kardec, transcrita na questão 1 do
Livro dos Espíritos:

1. O QUE É DEUS?

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

4. ONDE PODEMOS ENCONTRAR A PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS?

Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo
o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.
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COMPREENSÃO DA RELAÇÃO ENTRE DEUS E O INFINITO CONHECENDO OS ATRIBUTOS


DA DIVINDADE

Continuando com os esclarecimentos do Livro dos Espíritos:

2. O QUE PODEMOS ENTENDER POR INFINITO?

O que não tem começo nem fim; o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.

3. PODERÍAMOS DIZER QUE DEUS É O INFINITO?

Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, que é insuficiente para definir as
coisas que estão acima de sua inteligência.

Deus é o infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é
tomar o atributo de uma coisa por ela própria, é definir uma coisa que não é conhecida por uma
outra igualmente desconhecida.

10. O HOMEM PODE COMPREENDER A NATUREZA ÍNTIMA DE DEUS?

Não, falta-lhe, para isso, um sentido.

11. UM DIA SERÁ PERMITIDO AO HOMEM COMPREENDER O MISTÉRIO DA


DIVINDADE?

Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, estiver mais
próximo de Deus, então o verá e o compreenderá.

A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de
Deus. Na infância da humanidade, o homem O confunde muitas vezes com a criatura, da qual lhe
atribui as imperfeições; mas, à medida que o senso moral nele se desenvolve, seu pensamento
compreende melhor que o fundo das coisas e ele faz uma ideia de Deus mais justa e mais
conforme ao seu entendimento, embora sempre incompleta.

13. QUANDO DIZEMOS QUE DEUS É ETERNO, INFINITO, IMUTÁVEL, IMATERIAL, ÚNICO,
TODO PODEROSO, SOBERANAMENTE JUSTO E BOM, NÃO TEMOS UMA IDEIA
COMPLETA DE SEUS ATRIBUTOS?

Do vosso ponto de vista sim, porque acreditais abranger tudo. Mas, ficai sabendo bem que há
coisas acima da inteligência do homem mais inteligente e que a vossa linguagem, limitada
às vossas ideias e sensações, não tem condições de explicar”.A razão vos diz, de fato, que
Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se tivesse uma só de menos, ou que
não fosse de um grau infinito, não seria superior a tudo e, por conseguinte, não seria Deus. Por
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estar acima de todas as coisas, Ele não pode estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter
nenhuma das imperfeições que a imaginação possa conceber.

CONCLUSÃO

Nesta aula foram abordadas algumas concepções sobre a existência de Deus ao longo da
história, constatando-se que a ideia de Deus é intrínseca ao ser humano e nele se consolidou no
decorrer do seu próprio processo evolutivo. Tendo, inicialmente, se evidenciado por meio das
crenças religiosas e mesmo tendo sido objeto de negação por parte de alguns pensadores, um
número cada vez maior de pesquisadores admitem que, hoje, ciência e religião caminham para
uma opinião comum sobre tal existência.

A Doutrina Espíritanos define Deus como uma inteligência suprema, causa primária de todas as
coisas, ressaltando que a nossa linguagem e o nosso estágio evolutivo ainda não são suficientes
para descrevê-lo ou explicá-lo.

Podemos, no entanto, senti-lo em nós e em tudo o que nos rodeia!

BIBLIOGRAFIA:

CAVALCANTE, Rodrigo. Procura-se por Deus. Super Interessante. 31 out 2016, 18h34 -
Publicado em 6 dez 2005, 22h00. Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/procura-se-
deus/. Acesso em 12 mar. 2019.
CHOPRA, Deepack. Como conhecer Deus. Rio de Janeiro: Rocco, 2001
KARDEC, Alan. O Livro dos Espíritos. Questões 1 a 16
KARDEC, Alan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 1 – Eu não vim destruir a lei.
MOTA JR., Elizeu. O que é Deus. 3 ed. Matão (SP): O Clarim, 1997.

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