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Dicas de Português PDF
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Dicas
de
Português
SINTAXE
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Presidente Ministro Ricardo Lewandowski
Corregedor Nacional de Justiça Ministra Nancy Andrighi
Conselheiros Ministro Lelio Bentes Corrêa
Ana Maria Duarte Amarante Brito
Flavio Portinho Sirangelo
Deborah Ciocci
Saulo José Casali Bahia
Rubens Curado Silveira
Luiza Cristina Fonseca Frischeisen
Gilberto Valente Martins
Paulo Eduardo Pinheiro Teixeira
Gisela Gondin Ramos
Emmanoel Campelo de Souza Pereira
Fabiano Augusto Martins Silveira
EXPEDIENTE
Secretaria de Comunicação Social
Secretária de Comunicação Social Giselly Siqueira
Projeto gráfico Eron Castro
Revisão Carmem Menezes
2015
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
Seja bem‑vindo(a)!
Esta coletânea Dicas de Português nasceu a partir do material publi‑
cado pela Comunicação Interna do Conselho Nacional de Justiça na
intranet e está agora disponível para você!
Aqui, você encontrará dicas reunidas em cinco livretos temáticos –
Morfologia e Fonologia; Sintaxe; Redação Oficial; Produção de Texto e
Variados – lançados como parte das celebrações dos 10 anos do CNJ.
O foco é língua portuguesa padrão, apresentada segundo a teoria
gramatical e acompanhada de prática em exercícios.
Este material foi uma ideia concebida pela Secretaria de Comunica‑
ção Social em 2010 para o aprimoramento linguístico dos servidores
e colaboradores. De lá pra cá, revisoras de texto abraçaram a causa,
que, atualmente, possui espaço específico na intranet, além de ser
enviada por e‑mail semanalmente a todos do CNJ!
Assim como o CNJ aproxima a Justiça do cidadão, esperamos que
você se regale com nossos livretos e que eles aproximem você da
língua portuguesa padrão!
Rejane Rodrigues
Chefe de Seção de Comunicação Institucional
Giselly Siqueira
Secretária de Comunicação Social
Sumário
Usos e costumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Concordância Verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Infinitivo Flexionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Informá‑lo ou informar‑lhe? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Sujeito subentendido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Concordância verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Concordância verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Complementos verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Concordância de pronomes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
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mais próximo ou com o conjunto. Ex.: nhos) Podem‑se reconhecer duas pes‑
Chegou o relatório e o processo. Chega‑ soas na foto (sujeito = duas pessoas).
ram o relatório e o processo.
»» Verbo impessoal é aquele que não pos‑
»» Sujeito composto formado por palavras sui sujeito e é empregado na terceira
sinônimas aceita a concordância com pessoa. São verbos impessoais:
o núcleo mais próximo ou com o con‑
a) fenômenos da natureza. Ex.: Ven‑
junto. Ex.: A honestidade e a probidade
tou muito ontem. Choveu à noite.
faz (ou fazem) bem à sociedade.
b) o verbo haver no sentido de ocor‑
»» Sujeito composto formado por pes‑
soas gramaticais diferentes concorda rer, existir, acontecer ou tempo
o verbo com o conjunto se possuir pri‑ decorrido. Ex.: Houve muitos aci‑
meira pessoa. Ex.: Paula, Pedro, tu e eu dentes na estrada. Há processos
saímos. sobre a mesa. Haverá espetáculos
interessantes em Santos. Há dias
»» Sujeito composto formado por pes‑
não chove.
soas gramaticais diferentes sem a pri‑
meira pessoa concorda o verbo com Fonte: Gramática Portuguesa II – PosEAD
o conjunto ou com a terceira pessoa
do plural. Ex.: Paula e tu andais (ou
andam).
Sobre concordância
»» Sujeito composto formado por verbos
verbal: parte 2
no infinitivo mantém o verbo da oração
principal no singular. Ex.: Andar e sorrir »» Com o verbo “fazer” no sentido de
faz bem à saúde. tempo decorrido ou clima. Ex.: Faz dez
»» Sujeito composto formado por verbos dias que não vejo você. Faz invernos
no infinitivo com ideias contrárias leva rigorosos na Argentina.
o verbo da oração principal para o plu‑ »» Com o verbo “ser” e o verbo “estar” no
ral. Ex.: Rir e chorar fazem bem à vida. sentido de tempo, clima, estação do ano
»» Sujeito composto formado por verbos e distância. Ex.: São dez horas. É prima‑
substantivos entra na regra geral. Ex.: vera. Está calor. São trezentos quilôme‑
O andar e o sorrir fazem bem à saúde. tros de Brasília a Goiânia.
»» Pronome apassivador “se”: o verbo con‑ »» Com as expressões “já passa de”, “basta
corda com o sujeito. Ex.: Procuram‑se de”, “chega de”. Ex.: Já passa das dez.
novos Caminhos. (sujeito = novos cami‑ Basta de bobagens. Chega de tarefas.
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de um advogado encontraram‑se no Sobre concordância
corredor.
nominal
»» A expressão “um e outro” e suas
variações aceita o verbo no singular Teoricamente, o nome concorda com seu
ou no plural. Se houver reciprocidade, referente em gênero e número. Na prática,
o plural se torna obrigatório. Ex.: Um devemos tomar cuidado com alguns casos.
e outro delegado chegou (ou chega‑
»» O termo “quite” concorda com o refe‑
ram). Uma e outra menina se abra‑
rente. Ex.: Estou quite/ Estamos quites.
çaram na festa.
»» O termo “leso” concorda com o refe‑
»» A expressão “um ou outro” e suas repre‑
rente. Ex.: Crime de lesa‑pátria/Crime
sentações com substantivos mantém o
de leso‑patriotismo.
verbo no singular com ideia de exclu‑
são. O verbo vai para o plural com ideia »» Um e Outro – seguida de substantivo
de adição. Ex.: São Paulo ou Santos será e adjetivo mantém o substantivo no
campeão do Brasil em 2009. Uva ou singular e o leva o adjetivo para o plu‑
manga me agradam sempre. ral. Ex.: Um e Outro deputado federais
saíram.
Observações importantes sobre o
uso do e/ou. »» “Obrigado” concorda com o referente.
Ex.: Homem diz obrigado/ Mulher diz
A expressão significa uma abreviatura que
obrigada.
encerra elipse, e não só uma oração. Não
existe aí concurso de duas conjunções dife‑ »» Os termos “mesmo”, “próprio”, “só”,
rentes em uma única coordenada. Nossa “junto”, “anexo”, “incluso”, “bastante”
forma usual de escrever é “e(ou)”, quando e “meio”, quando adjetivos, concor‑
o inglês escreve “and/or”, com uma barra dam com o referente. Ex.: Eles mesmos
entre as conjunções. saíram. Elas mesmas saíram. Nós pró‑
prios chegamos. Estou só. Estamos sós.
Só existem as duas possibilidades quando
A carta seguiu anexa. O livro seguiu
necessário expressar a de conjunção, cone‑
anexo. Comprei bastantes livros. Bebi
xão, adição, participação, combinação ou
uma garrafa e meia.
simultaneidade e a de exclusão de uma
delas. Veja os exemplos: um cheque pode »» O predicativo do sujeito fica invariável
ser emitido por fulano “e” fulano ao mesmo quando o sujeito não está determinado.
tempo (ambos o assinam) “ou” por qual‑ Se o sujeito estiver determinado, con‑
quer deles. A educação será dada pelo pai corda com ele. Ex.: Água é bom. A água
e(ou) pela mãe. é boa. É proibido entrada. É proibida a
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guesa culta só ocorrerá a mesóclise a) Se o verbo principal (o que indica
quando não houver palavra atrativa a ação ou a qualidade) estiver no
e o verbo estiver no futuro do pre‑ infinitivo (terminado em “ar, er ou
sente (amanhã eu irei) ou no futuro ir”) ou no gerúndio (terminado
do pretérito (se você fosse, eu também em “ndo”), pode‑se colocar o pro‑
iria). Exemplos: Far‑te‑ei o prometido. nome ligado a este verbo ou ao
Dir‑lhe‑ia, se viesse. outro, o denominado auxiliar. Se
ele for colocado junto do principal,
3) Colocação do pronome depois do
ocorrerá a ênclise; se for colocado
verbo (Ênclise): Na língua portu‑
junto do auxiliar, seguem‑se as
guesa culta só ocorrerá a ênclise
regras anteriores.
quando não houver palavra atrativa
b) Se o verbo principal estiver no
nem o verbo estiver no futuro do
particípio (terminado em “ado” ou
presente ou no futuro do pretérito.
“ido”), não se pode colocar o pro‑
Isso acontece:
nome junto dele, somente junto
a) quando o verbo abrir o período. do auxiliar.
Ex.: Ordeno‑lhe que saía imedia‑
Conclui‑se, então, que o primeiro verso
tamente. Levantei‑me assim que
de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, sem a
você saiu.
licença poética, deveria ser assim escrito:
b) quando o sujeito – substantivo “Eu sei que te vou amar” ou “Eu sei que
ou pronome (que não seja de vou amar‑te”.
significação negativa) – vier
Somente mais um detalhe: quando hou‑
imediatamente antes do verbo,
ver dupla atração, o pronome poderá ficar
tanto nas orações afirmativas
entre ambas ou após elas. Por exemplo:
como nas interrogativas. Ex.:
“Espero que se não aborreça comigo”
O aluno queixava‑se do calor.
João convidou‑o para sair. Desde A tendência para a próclise na língua
então, ele afastou‑se da nossa falada atual é predominante, mas iniciar
casa. Os dois amavam‑se desde frases com pronomes átonos não é lícito
a infância? numa conversação formal. Por exem‑
plo: Linguagem Informal: Me alcança a
»» Quando houver locução verbal (dois
caneta. Linguagem Formal: Alcança‑me
ou mais verbos, indicando apenas uma
a caneta.
ação ou qualidade), existem as seguin‑
tes regras: Autoria: Fernando Sérgio Zucoloto
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Como identificar se dois “aa” se encontram que se possa referir. Ex.: Estivemos no tri‑
em duas expressões? Para isso, é preciso que bunal do fórum que foi fundado em 2005.
nelas estejam duas preposições e dois artigos. Corrigindo: Naquele tribunal, estivemos no
fórum que foi fundado em 2005.
Observe: de terça a quinta (Nesse caso não
há, pois não cabe a preposição). Da (de + a) Uso do “que” em orações
página 7 à (a) (página) 11, da (de+a) SQN temporais
303 a (a) = à 316.
Em orações como “Todas as vezes que... No
Fonte: SQUARISI, Dad. Português com humor.6.ed. São Paulo: Contexto, 2002. dia que...” não há necessidade absoluta de
preposição “em” antes do “que”, porque em
outras expressões do tipo ela pode ser omi‑
tida. Ex.: Dia 8 de agosto (em vez de “no” dia
Infinitivo Flexionado 8 de agosto). O ano que vem (em vez de “no”
Sempre que o infinitivo vier antecedido de ano que vem).
preposição, a regra deve ser usar o singu‑ Fonte: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de questões
vernáculas. 4. ed. São Paulo: Ática, 2008.
lar. Quando a clareza ficar comprometida,
flexione o verbo.
Atenção para os exemplos: Esses são
os temas a ser tratados. Há formas a ser
desenvolvidas pelos cientistas. Muitas de
Informá‑lo ou
suas afirmações são abrangentes demais informar‑lhe?
para ser aceitas ao pé da letra. Os presen‑
Verbos transitivos diretos podem ser
tes foram forçados a sair. Os clientes eram
empregados na voz passiva.
obrigados a esperar duas horas na fila. Con‑
vidam os homens a perseverar na continu‑ No caso do verbo “informar”, há variações.
ação do pecado. Forçou os inimigos a fugir. Exemplo: Ele foi informado de que...assim
dizemos: informei‑o(ele) de que (disso) é
Fonte: SQUARISI, Dad. Português com humor. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2002. sã a construção.
Entretanto, com o significado de “avisar,
participar”, é o verbo “informar” sem‑
Sobre o uso do “que” pre duplamente transitivo; se a pessoa
é objeto direto, a coisa será o indireto.
Uso do “que” e antecedente
Exemplo: informei‑o (objeto direto) de
Não se deve empregar o pronome “que” que (objeto indireto), informei‑o de que ou
quando houver mais de um antecedente a informei‑lhe (a você, objeto indireto) que
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(coisa, objeto direto) – informei‑o disso ou 80 anos (pelo que se sabe, só FHC
informei‑lhe isso. completou 80 anos por agora). Minha
tia Maria chega hoje. Aluno estudioso
Fonte: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de questões
vernáculas. 4. ed. São Paulo: Ática, 2008. tira boas notas. Aluno que estuda tira
boas notas (só o aluno que estuda tira
boas notas).
Situações básicas Fonte: SQUARISI, Dad. Português com humor. 6. ed. São Paulo:
Contexto, 2002.
de vírgula
As vírgulas são usadas para separar:
»» sujeito composto; ex.: Marina, Rosa e Colocação pronominal
Mara foram ao teatro.
nas locuções verbais e
»» objeto composto; ex.: Gosto de cinema
teatro, música.
nos tempos compostos
»» adjunto adverbial composto; ex.: Jorge A colocação do pronome antes do verbo
viaja de trem, carro, ônibus, avião. principal é tendência no português bra‑
»» sujeitos diferentes; ex.: A Organiza‑ sileiro, entretanto ele pode aparecer em
ção atacou o Oriente, e o Ocidente outras posições. Ex.: Estou lhe comu‑
reagiu. nicando a minha decisão. Eu lhe estou
comunicando a minha decisão. Eu estou
»» termos explicativos; ex.: A presi‑
comunicando‑lhe a minha decisão.
dente do Brasil, Dilma, prepara nova
viagem (só existe um presidente). A Caso o pronome esteja entre o verbo
Capital do Brasil, Brasília, tem mais auxiliar e o principal, o uso do hífen é
de dois milhões de habitantes (só há optativo: ex.: estou‑lhe enviando (prá‑
uma capital no Brasil). Minha mãe, tica portuguesa) ou estou lhe enviando
Rosa, é inteligente. Dom Casmurro, (prática brasileira). Se o verbo principal
de Machado de Assis, é obra‑prima estiver no particípio, o pronome oblíquo
do Realismo brasileiro. Comprei um pode vir antes ou depois do auxiliar, mas
Focus, carro da Ford. O homem, mor‑ nunca após o particípio. Ex.: Os alunos
tal, tem alma imortal. O homem, que haviam se encontrado. Os alunos se
é mortal, tem alma imortal. haviam encontrado.
»» termos restritivos; ex.: O ex‑presi‑
Fonte: Manual de revisão e padronização de publicações do TSE.
dente da República FHC completou Brasília, 2001.
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Situações em que em exemplos desse tipo, o adjetivo per‑
manece no masculino singular, caso o
a ortografia oficial substantivo não esteja acompanhado
brasileira separa o do artigo a ou dos demonstrativos “esta,
“por que” essa ou aquela”, quando então ocorrerá
a flexão. Veja os exemplos: É proibido
Observamos que, conforme a função, entrada. É necessário paciência. É proi‑
determinados advérbios podem ser con‑ bida a entrada. É proibida essa entrada.
juntivos e assim interrogativos. Ortogra‑ (Corretas).
ficamente, o advérbio interrogativo de
Assim, ficam erradas frases como: É
causa traz os elementos separados, tanto
proibido a entrada. É proibida entrada.
nas orações interrogativas diretas (Por que
(Erradas).
você não vai?) quanto nas indiretas (Quero
saber por que você não vai). Quando ocorre Em frases em que o substantivo vem
no fim do período ou separado, traz o antes, o critério para a concordância é
acento circunflexo (Você não vai, por quê?). o mesmo. Veja: Ginástica é ótimo para a
Não confundir o advérbio interrogativo saúde. A Ginástica é ótima para a saúde.
“por que” com o “por que” de frases como: A (Corretas).
razão por que (pela qual) procedi. O cami‑ Ginástica é ótima para a saúde. A Ginástica
nho por que (pelo qual) devo Passar. Com a é ótimo para a saúde. (Erradas).
função de relativo, o que sempre se separa
do por (preposição). Fonte: AQUINO, Renato. Dicionário de gramática: português prático
e acessível, noções de linguística e filologia. 2. reimp. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
Fonte: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua
portuguesa. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Emprego correto
É proibido entrada ou é do gerúndio
proibida a entrada?
Emprega‑se corretamente o gerúndio
O verbo “ser” e alguns casos de concordân‑ quando essas formas:
cia nominal »» modificarem um substantivo ou um
Determinadas expressões formadas termo substantivado, assumindo a fun‑
pelo verbo “ser” e com outros verbos de ção de adjetivo. Ex.: Notei seus olhos
ligação causam certas confusões, mas, vagando pelo imenso horizonte.
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»» Implicar: transitivo direto no sentido de Aprenda a concordar o
“acarretar, originar, produzir, ser causa
de, dar a entender, fazer supor”; ex.: A
sujeito com o verbo
nulidade da obrigação principal implica Casos especiais de concordância verbal.
a das obrigações acessórias. Os prece‑ Aprenda a concordar o sujeito com o verbo.
dentes daquele juiz implicam grande
honestidade. Com
É transitivo indireto no sentido de “ter Sujeito ligado pela preposição “com” leva
implicância”; ex.: O chefe implica muito o verbo para o plural, quando a ideia for
com seus subordinados. de participação simultânea deles na ação.
Ex.: O líder com o vice‑líder elaboraram o
Apesar da normal observância do regime
projeto.
direto, tal como entendem os gramáticos,
foram encontrados em pesquisa sobre Se o objetivo é priorizar o primeiro ele‑
textos de lei exemplos em que “implicar” mento, o verbo ficará no singular. Assim,
se apresenta como transitivo indireto: A não se pode falar em sujeito composto,
falsificação de diploma ou outros quais‑ pois o segundo elemento é adjunto adver‑
quer títulos implicará na instauração de bial de companhia. Ex.: O presidente, com
processo que no caso couber (CLT, art. 345, os familiares, compareceu à solenidade.
parágrafo único). Tal, desde que não tenha
Como/Assim como/Bem como/
implicado em falta de pagamento do tri‑
Tanto... como
buto (CNT, art. 106, II, b.)
Se os sujeitos estiverem ligados por uma
»» Responder: Bons exemplos da lín‑
dessas conjunções, o verbo concordará:
gua apontam que a melhor sintaxe é
aquela que faz do conteúdo da resposta »» com o primeiro sujeito, quando se qui‑
o objeto direto e daquilo a que se res‑ ser destacá‑lo. Neste caso, o segundo
ponde o objeto indireto. Assim: O réu sujeito vem entre vírgulas. Ex.: O recor‑
respondeu argumentos irrefutáveis rente, como seu advogado, ficou incon‑
(conteúdo da resposta = objeto direto). formado com a decisão da justiça.
O magistrado respondeu ao ofício da »» com os dois sujeitos, se considerados
Corregedoria (aquilo a que se responde termos que se adicionam. Assim, não
= objeto indireto). há vírgula entre os sujeitos. Ex.: Tanto
o juiz como o conselheiro colocaram‑se
Fonte: COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 3. ed.
Campinas/SP: Millennium, 2007. a favor da causa.
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Peculiaridades do verbo
A maioria dos “precaver”
conselheiros confirmou O verbo “precaver” só possui as formas
ou confirmaram? arrizotônicas (vocábulo cujo acento tônico
não recai na raiz, mas em um sufixo deri‑
Casos especiais de concordância verbal.
vacional ou flexional. Ex.: precav‑emos;
Saiba como escrever corretamente.
am‑amos) do presente do indicativo;
A maioria de/grande parte de a 2ª pessoa do imperativo afirmativo e
nenhuma do presente do subjuntivo e do
O sujeito formado por essas expressões
imperativo negativo.
seguidas de nome no plural leva o verbo
para o singular ou para o plural. Ex.: a É um verbo regular, não dependendo nem
maioria dos conselheiros confirmou/con‑ de ver, nem de vir.
firmaram presença na sessão. COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 3. ed.
Campinas/SP: Millenium Editora, 2007.
Cerca de/mais de/menos de/
perto de
Tais expressões seguidas de um número
no plural, para indicar quantidade apro‑ Como fazer a
ximada, levam o verbo para o plural. Ex.: concordância do
Cerca de 500 pessoas manifestaram apoio
à Resolução. verbo “haver”?
Observação: Quando se tratar da expres‑ Utiliza‑se “haver” sempre na terceira pes‑
são “mais de um”, o verbo fica no singu‑ soa do singular quando tem o mesmo
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sentido de “existir”. Ex.: “Há dois convi‑ indica que o verbo deve ficar no singular,
tes sobre a minha mesa” e “Existem dois qualquer que seja a pessoa e o número do
convites sobre a minha mesa” são frases sujeito da oração principal. Ex.: Somos nós
equivalentes. quem paga (Somos nós aquele que paga).
Essa regra vale também para os tempos Sou eu quem vai (Sou aquele que vai).
pretéritos (“Havia dois convites sobre a Quem paga sou eu (Aquele que paga sou
minha mesa”) e futuros (“Haverá dois eu). Fui eu quem abriu essa polêmica. Eu e
convites sobre a minha mesa”). Isso não V.Excia. somos quem vende. Fui eu quem o
se aplica, contudo, ao “haver” com função deu. És tu quem favorece a minha resolu‑
de verbo auxiliar. Nesse caso, a concordân‑ ção. Fôssemos nós quem fizesse isso.
cia deve ser feita com o sujeito da oração.
E assim: Sou eu quem primeiro vai tirar
Exemplo: “Os rapazes haviam estudado a
isso a limpo. És tu quem lucra. Obrou diver‑
semana inteira”.
sas maldades. Foi eu quem o fez.
Formas corretas: Houve muitas festas no
fim de semana passado. Haverá muitas Fonte: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua
portuguesa. 4. ed. 6. impr. São Paulo: Ática, 2008.
festas no próximo fim de semana. Havia
muitas festas programadas para o fim de
semana.
Formas incorretas: Houveram muitas fes‑ Sobre o sujeito
tas no fim de semana passado. Haverão
muitas festas no próximo fim de semana. indeterminado
Haviam muitas festas programadas para o Sujeito indeterminado é aquele em que o
fim de semana. verbo – sempre na terceira pessoa – não
se refere a uma pessoa determinada, mar‑
Fonte: Denise de Barros Weiss, doutora em Letras e professora da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). cada nas frases anteriores ou posteriores,
ou por se desconhecer quem executa a
ação, ou por não haver interesse no seu
conhecimento.
Quem, o que, A língua portuguesa procede de três
aquele que? maneiras na construção de orações com
sujeito indeterminado. Nesta edição, fala‑
Quando se tratar de pronome relativo, remos apenas daquela que trata do verbo
é imprescindível para efeito de análise na 3ª pessoa do plural sem referência a
separá‑lo em seus dois pronomes equiva‑ nenhum termo que, anterior ou seguinte,
lentes, “o que”, “aquele que”. Essa divisão lhe sirva de sujeito.
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Sobre o adjunto Sobre adjunto
adverbial e o objeto adnominal
indireto O termo sintático com esse nome estra‑
É fácil confundir o objeto indireto e o nho indica aquela palavra, locução ou ora‑
adjunto adverbial – duas categorias sin‑ ção que ocorre “junto, pegado, contíguo”,
táticas bem distintas –, pois ambos são a um nome, ou seja, a um substantivo,
construídos com preposição seguida, nor‑ que por ele é modificado, delimitado ou
malmente, de substantivo. Só que objeto especificado em seu significado. Não tem
indireto é termo essencial e adjunto
exceções nem mistérios. Todas as palavras
adverbial é acessório. Para se determinar
com ou sem preposição que surgirem após
o objeto indireto e até mesmo o identifi‑
o substantivo funcionam como adjunto
car na oração, deve‑se indagar ao verbo
se ele necessita de algum complemento adnominal. Mas, atenção: desde que o
preposicionado, ou seja, se o verbo rege núcleo seja um substantivo concreto. Ex.:
algum termo preposicionado. É a clássica Os cidadãos brasilienses revoltaram‑se
pergunta: Joana gosta de quem? De João, contra o lixo nas ruas.
para a frase Joana gosta de João para sem‑
O adjunto adnominal pode ser expresso
pre. Quanto Joana gosta? Para sempre. Esse
por:
complemento será:
1) Adjunto adverbial, se estiver expres‑ »» um adjetivo: O cachorro preto fugiu de
sando um significado adicional, como casa.
lugar, tempo, companhia, modo etc. »» uma locução adjetiva (preposição +
Ex.: Ele sabia o assunto de cor, em substantivo): A janela da casa foi pin‑
que “de cor” é um adjunto adverbial
tada.
de modo.
»» artigo: A menina comprou umas balas.
2) Objeto indireto, se estiver comple‑
tando o sentido do verbo, sem acres‑ »» pronome adjetivo: Minha mãe chegou
centar outra ideia à oração. Ex.: O João ontem.
encarregou Pedro de corrigir a carti‑
»» numeral: Encontrei três amigos na
lha, em que “de corrigir” é um objeto
indireto. festa.
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Dicas de Português
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Nesse texto, o alvo do racionamento é o lexical e têm propriedade de seleção
termo de energia, classificado, portanto, semântica e sintática, isto é, determi‑
como complemento nominal. nam o número e o tipo do complemento.
Ex.: na oração “A pedra precisa de trata‑
Disponível em: <http://www.editorasaraiva.com.br/.../gramatica_8_
mento”, a noção de “ajuda, necessidade”
complemento_nominal > Acesso em 26 de out. 2012, com alterações
e adaptações. que o verbo “precisar” carrega impede
a relação entre tratamento e pedra.
Somente algum contexto muito especí‑
Comportamento do fico é que tornaria essa oração realidade
na fala dos brasileiros.
sujeito com verbos de
O verbo “ir”, por exemplo, apresenta com‑
ação e de estado plementação, pois quem vai, vai a algum
Além da classificação sintática dos verbos, lugar, porém lugar é uma circunstância
e não uma complementação, como pode
como intransitivos, transitivos e de ligação,
parecer. Trata‑se de um verbo intransitivo.
é possível classificá‑los segundo critérios
Veja o exemplo: A seleção brasileira vai ao
semânticos, que digam respeito ao signi‑
exterior para mais um amistoso.
ficado que têm em certas orações. É pelo
estudo do comportamento dos verbos na Diferentemente, em “Quando entrei no
oração que se analisa a ocorrência da ação elevador, observei uma mãe, com uma
e da qualidade ou o modo de ser do sujeito; criança no colo, que comentava: – Minha
é o verbo que seleciona quem ou o quê filha cresce feliz”, ocorre um predicativo
pode ocorrer como sujeito ou como com‑ do sujeito (feliz) com verbo intransitivo
plemento. Ex.: o verbo engravidar só pode (cresce).
ter como sujeito um substantivo feminino Agora veja um exemplo de verbo de liga‑
e humano: Maria engravidou. Nunca ocor‑ ção: Os acusados andam preocupados
rerá “Paulo engravidou”. Isso não existe na (indica o estado em que eles se encon‑
língua portuguesa. Para os animais, existe tram).
ficar prenha.
Diferentemente, este exemplo, em que o
Parte‑se do princípio de que é necessário mesmo verbo não é mais de ligação e, sim,
conhecer a predicação de cada verbo; se intransitivo: O julgamento anda depressa
intransitivo, transitivo ou de ligação. (indica a ação de como prossegue o julga‑
Os verbos transitivos e os intransitivos, mento).
também denominados verbos significa‑
Fonte: COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 3.ed.
tivos ou plenos, possuem um significado Campinas/SP: Millenium, 2007.
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Dicas de Português
SINTAXE
29
“Paulo correu rápida e fortemente”, daria Acha essa definição de núcleo do sujeito
no mesmo. complicada? E essa história de sujeito pre‑
posicionado? Sabe onde isso se manifesta
E “melhor” e “pior”? Também são advérbios.
com firmeza? Na voz passiva. Só há voz
Então é correto dizer “Ele está melhor pre‑
passiva de verbo transitivo direto, não é?
parado”, já que haveria advérbio modifi‑
E por quê? Porque, como a preposição do
cando adjetivo? Não! Com particípios na
verbo não pode desaparecer, se houvesse
função de adjetivos, cabe apenas o com‑
voz passiva de verbo transitivo indireto,
parativo regular. O correto é “Ele está mais haveria sujeito preposicionado. Exemplos:
bem preparado.”.
»» “Maria gosta muito das crianças” – voz
ativa.
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Dicas de Português
SINTAXE
31
juntivo, a forma é “vier”: “Quando você Foi infeliz.
vier aqui, ficarei feliz”. Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
»» quanto ao verbo “pôr”: também perma‑ Tentou ir para os EUA.
Não deu.
nece com acento, nada mudou. Na 3ª
Acharam um artigo indefinido em sua
pessoa do singular do futuro do subjun‑ bagagem.
tivo, use “puser”: “Quando você puser A interjeição do bigode declinava partícu‑
suas coisas nesta mesa, tenha cuidado”. las expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo
Uma semana feliz! todo.
Um dia, matei‑o com um objeto direto na
cabeça.
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Dicas de Português
SINTAXE
vi e venci”. O fundamental, nos três casos, A língua portuguesa é uma língua SVO.
é a construção de enunciado de sentido Como? É uma língua em que a ordem
completo. Nem toda palavra isolada é padrão dos termos da oração é sujeito–
uma frase. Depende do contexto. A exten‑ verbo–objeto. Isso facilita a vida, porque
são também não determina se há frase ou deve‑se procurar o sujeito em algum lugar
período. Essa é tarefa do verbo. antes do verbo.
Portanto, como vamos tratar de sintaxe, Pode ser núcleo do sujeito um substan‑
interessa‑nos a oração e o período. tivo ou uma palavra substantivada, como
adjetivo, verbo e até advérbio. São os arti‑
Quer ouvir uma música com vários perí‑
gos os responsáveis pela substantivação.
odos não tão longos e boa para uma
Sujeitos podem ser formados por uma só
segunda‑feira? Eu não vou me adaptar.
palavra ou muitas palavras. Por exemplo,
Uma semana sinestésica! em “O samba da minha terra deixa a gente
mole”, o sujeito é formado por 5 palavras,
o núcleo é um substantivo no singular –
Sujeito: o essencial que “samba” – e, por consequência, o verbo está
dizem inexistir... no singular. Outro exemplo: “Eu nasci com
o samba”; aqui, o sujeito tem uma palavra
“Quem não gosta de samba bom sujeito não é / só – um pronome – e com ele o verbo con‑
Ou é ruim da cabeça ou doente do pé”
corda em número. Isto é fundamental: o
(Dorival Caymmi )
verbo sempre concorda em número com o
Nesta semana, vamos tratar de sujeito. núcleo do sujeito.
Sujeito, palavra que precisa ser bem defi‑
O terceiro exemplo, a seguir, “e do danado
nida, de tão polissêmica que é: pode ser
do samba nunca me separei”, mostra que
substantivo com 12 acepções ou adjetivo,
é possível outra ordem de termos da ora‑
com 11, segundo o dicionário Houaiss.
ção, e a identificação da função sintática
Não vamos tratar do sujeito que é ruim da
de cada um deles depende das relações
cabeça ou doente do pé. Vamos tratar de
semânticas, de regência e sintáticas. Qual
sujeito gramatical, aquele termo da oração
é o sujeito do verbo desse terceiro exem‑
com o qual o verbo concorda.
plo? A forma verbal indica que o sujeito é
Sujeito gramatical é um termo essencial “eu”. Mas não há pronome “eu” no trecho.
da oração, o que significa que, se há ora‑ Tem‑se um caso de sujeito presente (não
ção, há um sujeito, mesmo que ele não seja está oculto!), não manifestado fonologica‑
expresso fonologicamente. A prova de que mente, marcado pela desinência verbal: é
há sujeito é a flexão verbal. um sujeito desinencial.
33
Vamos à sistematização dos tipos de sujeito predicado nominal, como nos exemplos a
que a gramática normativa descreve: seguir: “Eu sou tua sombra”, “Joana perma‑
»» sujeito simples: um único núcleo. neceu calada”, “João estava cansado”.
»» sujeito composto: mais de um núcleo. A maioria dos verbos tem significado pró‑
prio, declara algo sobre o sujeito e ocorre
»» sujeito desinencial (o que você chamava
em um predicado verbal. Às vezes, esses
de oculto): não aparece na oração, mas é
significados são absolutos, autocentra‑
identificado pela forma verbal.
dos, e os verbos não têm transitividade,
»» sujeito indeterminado: não aparece ou seja, não precisam de outras palavras
na frase, mas o verbo, que necessaria‑ a lhes completar o sentido, como em “O
mente está na terceira pessoa do plural, sol vai brilhar”, “Os juízes chegaram”, “A
marca sua presença. criança sorriu”. Esses verbos são chama‑
Quer ouvir Caymmi? Clique aqui. dos de intransitivos. Já se a ação do verbo
vai além dele e transita para outra pala‑
Quer ler uma abordagem discursiva sobre o
vra que lhe completa o sentido, tem‑se um
sujeito (o nosso e o da música)? Clique aqui.
verbo transitivo. Se essa complementação
Uma semana nada assujeitada! ocorre na ausência de uma preposição,
há um verbo transitivo direto e a palavra
que lhe complementa é o objeto direto. Se
há preposição, a NGB chama o verbo de
Complementos verbais transitivo indireto e o seu complemento de
objeto indireto. Vamos aos exemplos:
“A tristeza vai transformar‑se em alegria, /
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia” »» A cozinheira aspirava o perfume do refo‑
(Cartola)
gado (verbo “aspirava”, transitivo direto;
Nesta semana, vamo‑nos colocar à “o perfume do refogado”, objeto direto).
esquerda do verbo. O assunto é transitivi‑ »» Os presos aspiram à liberdade em pouco
dade verbal e complementos verbais. tempo (verbo “aspirar a”, transitivo indi‑
Os verbos, na morfologia, têm conjugação. reto; “a liberdade”, objeto indireto).
Na sintaxe, têm ou não transitividade. Se Há também verbos cuja transitividade é
o verbo servir para estabelecer a união mais complexa e são dois os complemen‑
entre duas palavras ou expressões de cará‑ tos, como em “A tristeza transforma‑se
ter nominal e não trouxer ideia nova ao em alegria”. Discussão curiosa sobre a
sujeito, sendo apenas elo entre o sujeito e natureza desses complementos está na
seu predicativo (um tipo de adjetivo), ele Gramática Escolar da Língua Portuguesa,
é um verbo de ligação, que ocorre em um de E. Bechara.
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Dicas de Português
SINTAXE
Para o assunto ficar mais interessante, ambos técnicos que fazem referência ao assunto
os objetos podem ser pleonásticos, ou seja, desta semana: aquelas funções sintáticas
apesar da presença do objeto direto, há um que não são obrigatórias para a macrossig‑
pronome que o recupera: “As flores, via‑as nificação da oração, mas que fazem toda
todos os dias”, em que “As flores” é o objeto a diferença para tornar individual e exclu‑
direto e “as” é o objeto direto pleonástico. sivo um núcleo sintático.
Há também verbos cujo sentido se modi‑ Em uma oração, ao núcleo do sujeito
fica a depender da transitividade, como podem‑se acrescer vários qualificado‑
“aspirar, assistir, visar”. Quando são empre‑ res, formados, em geral, por um adjetivo
gados, é importante ter em mente o sen‑ ou uma preposição mais adjetivo, um
tido pretendido e verificar se é necessária, artigo, um numeral ou uma oração adje‑
ou não, a preposição. Quanto ao verbo tiva. Exemplo: “Esta bela menina de tran‑
“assistir”, apesar das mudanças linguísti‑ ças que tem seis anos chegou”. O núcleo
cas que vêm ocorrendo, ainda é de regra o é “menina”; há quatro qualificadores
emprego da preposição no sentido de “ver, conhecidos como adjuntos adnominais.
presenciar”. Um deles é uma oração adjetiva, por isso
Saber isso tudo serve para o emprego recebe outro nome diferente de adjunto
correto da vírgula principalmente. Tam‑ adnominal.
bém serve para identificar a necessidade Do outro lado da oração, considerando‑se
ou não de preposição, como no caso dos a ordem direta, o núcleo do predicado
verbos cujo sentido se modifica de acordo verbal – o verbo – também pode receber
com a transitividade. Serve também para vários qualificadores, formados, em geral,
saber se tem ou não preposição antes do por um advérbio, ou uma preposição mais
pronome relativo. advérbio ou uma oração adverbial, ou seja,
Uma semana com muitos predicados! por tudo que envolva advérbio. Exemplo:
“Ela chegou rapidamente, no dia certo,
quando combinamos”. Nesse exemplo, há
três adjuntos adverbiais, sendo um deles
Termos acessórios da uma oração iniciada por uma conjunção
oração: os detalhes que subordinativa.
Há também o aposto, termo que se junta
fazem toda a diferença a um substantivo para explicá‑lo ou apre‑
Adjunto adnominal. Adjunto adverbial. ciá‑lo. Normalmente, ocorre entre vírgulas
Aposto. Vocativo. Essas palavras fazem e sem pronome relativo “que”, para se dife‑
você se lembrar de algo? Elas são os termos renciar das orações adjetivas.
35
E o vocativo? É um caso à parte, justamente Na análise sintática de orações e períodos,
porque não se relaciona diretamente com observa‑se que as palavras organizam‑se
os outros termos da oração. Está à parte. É de duas formas diferentes: por parataxe
uma oração exclamativa que chama a pes‑ e por hipotaxe, ou seja, respectivamente,
soa com quem se fala, a segunda pessoa do por coordenação e subordinação. Os ter‑
discurso, para determinada oração. Sempre mos coordenados podem estar justapostos,
deve ocorrer seguido de vírgula. separados na escrita por vírgula, ou liga‑
dos por conjunção coordenativa. Vamos
Então, resumindo tudo, nas orações com
aos exemplos:
predicado verbal, são núcleos o substan‑
tivo e o verbo; são acessórios artigos, pro‑ »» “a casa ampla, arejada” – coordenação
nomes, adjetivos, numerais e advérbios. As de “ampla” e “arejada” por justaposição.
preposições servem para estabelecer rela‑
»» “a casa e a sala foram pintadas” – coor‑
ções. Se o predicado for nominal, o verbo
denação de “casa” e “sala” com ligação
é só de ligação e o núcleo é o predicativo
pela conjunção “e”.
do sujeito.
»» “vim, vi e venci” – coordenação entre
Muitos nomes e muitas funções são “Dese‑
“vim” e “vi” por justaposição e entre “vi”
nhos que a vida vai fazendo / Desbotam
e “venci” pela conjunção “e”.
alguns, uns ficam iguais”. Vamos identifi‑
car as funções sintáticas existentes neste Então, no caso das orações coordenadas, a
trecho enquanto você ouve a música toda? relação entre elas pode ser sem conjunção
(assindética, sem conectivo) ou com con‑
Uma semana qualificada!
junção (sindética, em que ocorre síndeto).
As orações coordenadas são independentes
uma da outra, ou seja, não exercem fun‑
Coordenação: orações ção sintática uma na outra. Os elementos
coordenados não modificam o outro, sem
independentes contribuição alguma de sentido. Os ele‑
mentos coordenados são simétricos e, por
Imagine‑se em um campo de batalha
isso, podem mudar de lugar no período
romano. Os soldados estão arrumados,
sem alterar sua interpretação semântica.
alinhados, um depois do outro. A palavra
O núcleo de uma oração coordenada está
que nomeia essa arrumação vem do grego,
nela mesma.
parátaksis. Em língua portuguesa, a palavra
é parataxe que se materializa na voz do A gramática tradicional diz que há cinco
general recém‑chegado do campo de bata‑ tipos de orações sindéticas: aditiva, adver‑
lha: “Vim, vi e venci”. sativa, alternativa, explicativa e conclusiva.
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Dicas de Português
SINTAXE
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função de conector. O linguista agrupa‑as envolve orações, há orações subordinadas
com as subordinadas. Assim, a distinção que podem ocorrer no lugar de um subs‑
mui famosa entre explicativa e causal – tantivo, de um adjetivo ou de um advérbio.
muito discutida aqui e aqui – não existe. A depender da ocorrência, há a respectiva
Um exemplo que escancara essa questão, classificação.
retirado de Castilho:
Vamos aos exemplos; tente seguir o racio‑
»» A rua está molhada porque choveu. – cínio em cada um deles:
oração causal, na ordem direta.
»» A menina disse que viria. – o que a
»» Choveu, porque a rua está molhada. – menina disse? “que viria”. Então, “que
seria uma oração explicativa? A ordem viria” é o complemento da forma ver‑
mudaria a classificação? bal “disse”. Só que esse complemento
é uma oração. Então, “que viria” é uma
Para estudar mais sobre isso, há a Moderna
oração (porque tem verbo conjugado)
Gramática Portuguesa, de Bechara, e a
subordinada (porque exerce função
Nova Gramática do Português Brasileiro,
de Castilho. E um artigo, ainda da fase de sintática) substantiva (porque está
transição teórica, de Travaglia. no lugar de um substantivo) objetiva
direta (porque completa o sentido do
Uma semana sem sustos! verbo sem a ocorrência de uma pre‑
posição).
»» A menina que está aqui é a esco‑
Subordinação: uma lhida. – qual é a escolhida? A “que está
aqui”. Então, “que está aqui” qualifica
relação desnivelada “menina”. Só que esse adjunto é uma
oração. Então, “que está aqui” é uma
Nesta semana, o assunto é o par dicotô‑
oração subordinada adjetiva (porque
mico da coordenação: a subordinação.
está na função de adjetivo) restritiva
Subordinação é uma forma de organização
(porque separa uma menina do grupo
de unidades linguísticas em que os termos
– só há uma única que foi a escolhida).
não estão no mesmo nível, embora per‑
maneçam ligados fortemente. Assim, em »» A menina participou do jogo quando
uma oração como “A menina de tranças estava sol. – quando a menina partici‑
chegou agora”, há adjuntos adnominais pou do jogo? “quando estava sol”. Essa
– “A” e “de tranças” – que modificam o circunstância está expressa em uma
núcleo “menina”, com ele concordam e a oração. Então, “quando estava sol” é
ele se subordinam. Quando a subordinação uma oração subordinada adverbial
38
Dicas de Português
SINTAXE
39
O mesmo grafema, O grafema “que” tem umas 13 classifica‑
ções diferentes, ao se considerar a subdivi‑
várias funções são semântica das conjunções subordinati‑
“Preciso pegar minhas coisas e partir. vas. Fiquemos com duas delas. A primeira
Viajar, esquecer, talvez amar.” a se identificar é o “que” como pronome
(Caio Fernando Abreu) relativo, quando ocorre em orações adjeti‑
Nesta última coluna com “matéria” do vas, tanto explicativas quanto restritivas.
Em “A menina que está aqui trouxe pre‑
Dicas de Português de 2013, é hora de fazer
sente”, o pronome (porque substitui um
economia. Ou de ver que nossa língua,
nome, no caso, “menina”) relativo (porque
que não tem casos como o latim, o grego
se refere a algo e a este se relaciona) está
ou o alemão, faz que o mesmo grafema,
presente.
sem diferença nenhuma, tenha funções
sintáticas tão distintas. Vamos ver dois A segunda a se classificar é como con‑
grafemas: “a” e “que”. Grafema é o termo junção integrante: aqui, o “que” introduz
técnico que faz referência às letras empre‑ um complemento oracional com função
gadas na escrita de uma palavra, por de substantivo. Em “Ela disse que está
oposição a fonema, que, como já vimos, feliz”, “Eu não esqueço de que você virá”,
refere‑se ao som: ao mesmo fonema “A necessidade de que beba leite é vital
para ele”, temos exemplos de ocorrência
podem corresponder vários grafemas.
de conjunção integrante introduzindo
O grafema “a”, a depender do lugar de
orações subordinadas substantivas.
ocorrência na oração, pode classificar‑se
Agora algo muito importante: se você for
como artigo, preposição ou pronome. Em
procurar “funções do que” em qualquer
“A menina a convidou à festa”, temos um
buscador da Internet, em muitas das pági‑
artigo antes de “menina”, um pronome
nas indicadas, estará um erro: o uso do
antes de “convidou” e uma preposição “que” como preposição em contexto exclu‑
fundida com um artigo antes de “festa”. O sivo como em “Eu tenho que estudar isso”.
“a” que ocorre à esquerda de um substan‑ Esse não é um uso abonado pelas gramá‑
tivo é um artigo; o que ocorre à esquerda ticas normativas. O certo, nesse contexto,
de uma forma verbal é um pronome; o é o uso da preposição “de”. Preposição e
que ocorre à esquerda de um verbo no Conjunção são classes de palavra muito
infinito é uma preposição; o que ocorre semelhantes e o principal traço distintivo
à direita da forma verbal ou é um pro‑ é justamente o emprego em contextos dife‑
nome, que necessariamente está ligado a rentes. Não se misturam. Então, “que” é pro‑
ela por hífen, ou é uma preposição regida nome, conjunção e até substantivo. Mas só.
pela forma verbal. Que essa semana seja intensa!
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Dicas de Português
SINTAXE
Quando há um adjetivo a qualificar a auto‑ Por fim, ainda quanto ao emprego dos
ridade, a concordância se dá com a auto‑ pronomes, os átonos às vezes precisam se
ridade: “Vossa Alteza está cansada, Vossa modificar se estiverem enclíticos: “avisa‑
Reverência está cansado”. ram‑na, buscamo‑lo, buscá‑la, substituí‑lo,
vendê‑los, pô‑lo”.
Mudando para os pronomes pessoais, o uso
da língua portuguesa padrão indica que: Uma semana profícua!
41
Explicação, restrição e No caso das resoluções, como a numera‑
ção é sequencial e não se repete desde a
numeração: emprego primeira, a vírgula separa a explicação, a
de vírgulas e de informação a mais que a data traz, já que
numerais a resolução 185 e a resolução de 18/12/2013
são o mesmo texto.
Nesta semana, o assunto é emprego de
Então, resumindo, para todos os atos admi‑
vírgula e de numerais.
nistrativos: se há reinício de numeração,
Os usos da vírgula foram descritos ano sem vírgula entre o número e a data; se
passado, tais como a gramática norma‑ a numeração é contínua, vírgula entre o
tiva os apresenta, neste texto. Agora, número do documento e a data. A ideia
cabe reforçar a ideia de explicação e de de restrição e de explicação não vale só
restrição. A explicação serve para dizer nesse contexto, mas em todos e em qual‑
algo mais sobre alguma coisa que já está quer texto.
perfeita e inequivocamente determinada:
Mudando de assunto para os numerais,
“O atual presidente do CNJ, ministro Joa‑
usados tanto nas portarias quanto nas
quim Barbosa, abriu a audiência.”. O tre‑
cho entre vírgulas identifica exatamente a resoluções, cabe lembrar que:
pessoa a que se fez referência em “O atual »» a abreviatura de número é “n ponto”:
presidente do CNJ”. A restrição serve para “n.” Há outras possíveis, mas esta é a
distinguir um entre vários com as mesmas adotada pelo CNJ.
características: “O conselheiro Guilherme
»» os artigos são numerados com núme‑
Calmon participou da sessão do CNJ.”.
ros ordinais até o 9º e depois com os
Como o CNJ tem mais de um conselheiro,
cardinais: Art. 1º, Art. 2º, Art. 3º, ... Art.
fazem‑se necessárias a restrição e a con‑
9º, Art. 10.
sequente ausência de vírgula. Na atual
composição, a ideia de restrição também »» a grafia de ordinais é necessariamente
se aplica às conselheiras. com ponto e bolinha (1.º) ou com boli‑
nha com traço embaixo (1º) após o alga‑
No caso das portarias, como a numeração
rismo. Apenas a bolinha indica grau e
é reiniciada a cada ano, a data restringe a
não cabe com ordinais, mas com tem‑
abrangência do número. Então, não se usa
peratura.
vírgula depois do número: “Portaria 405 de
19 de novembro de 2013”. Uma semana ordenada!
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Dicas de Português
SINTAXE
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Regência verbal: lista »» “fazer vir, convocar” – sem preposi‑
ção: “Chamei‑o para uma conversa”
de consulta rápida
»» “invocar” – com preposição: “Os
Nesta semana, a ideia é pôr à disposição fiéis chamaram por Deus”
lista com alguns verbos e a respectiva »» “apelidar” – sem preposição: “Cha‑
regência. Lembremos que regência é a maram‑no baixinho”
relação de dependência entre termos; no
2) Esquecer
caso específico desta semana, entre um
verbo transitivo e uma preposição, a qual »» “sair da lembrança” – com prepo‑
não só introduz o termo que lhe completa sição e pronome: “Esqueceu‑se de
o significado como pode mudar‑lhe o sig‑ tudo” OU sem preposição e sem
nificado. Assim, o verbo “assistir” significa pronome: “Esqueceu tudo”. Não
“ajudar”, se ocorrer sem preposição (“O pode haver cruzamento dessas
médico assiste o doente”); “estar presente”, possibilidades.
com a preposição “a” (“João assiste ao espe‑ 3) Implicar
táculo”); e “morar”, com a preposição “em”
»» “acarretar” – sem preposição: “A
(“O Papa assiste em Roma”). E essa diver‑
resolução implicará mudanças
sidade de significados é o que mantém a
aqui”
necessidade da regência com preposição
“a” para o significado de “ver, presenciar”, 4) Importar
apesar da ausência frequente dela nas »» “trazer, ter com consequência” –
falas informais. sem preposição: “As ideias impor‑
tavam a realização da festa”
Para consultar como referência, há os
dicionários de regência, tanto de Celso »» “atingir o total de” – com preposi‑
Luft quanto de Francisco Fernandes, e ção “em”: “As despesas importam
também as gramáticas normativas tradi‑ em 100 mil reais”
cionais – como a de Bechara, Celso Cunha »» “dizer respeito, interessar” – com
e Napoleão –, que reservam páginas para preposição “com”: “Não me importo
tratar desse assunto. Na internet, aqui e com isso”
aqui estão listas de verbos e informações
5) Obedecer
sobre regência.
»» “submeter‑se à vontade de alguém”
Vamos à lista:
– com preposição: “Nós obedece‑
1) Chamar mos às regras”
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Dicas de Português
SINTAXE
45
Preposição e pronome sição é obrigatória e é o assunto desta
semana!
relativo: uma
Reconhecer a obrigatoriedade dessa pre‑
combinação sofisticada posição é um dos últimos estágios do pro‑
Nesta semana, o foco volta‑se para uma cesso de apropriação da língua portuguesa
estrutura sintática bem sofisticada: oração padrão. Exige treino e percepção linguís‑
relativa precedida por preposição. O que tica. Vamos a outros exemplos:
é isso? a) O assunto de que trataremos na reu‑
De duas orações 1 e 2, nião é delicado.
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Dicas de Português
SINTAXE
»» transitividade: indireta, rege preposi‑ 3) “um dos que”: o verbo fica no plural.
ção “a”. Ex.: “Ele é um dos que participaram
Uma semana com muitos gols! da festa”; “João é um dos que compra‑
ram a rifa”.
4) “quem”: o verbo fica na 3ª pessoa
do singular. Ex.: “Tu és quem traz os
Concordância verbal: só bolos”.
os casos particulares 5) substantivo com plural aparente: o
verbo fica no singular, se não hou‑
Sobre concordância verbal, já conversa‑
ver artigo, e fica no plural, se houver
mos, mas apenas no âmbito da regulari‑
dade. Você já sabe que o verbo concorda artigo. Ex.: “Vassouras, no estado do
em número com o núcleo do sujeito: se o Rio de Janeiro, está em festa!”; “Os
núcleo está no singular, como em “Maria Estados Unidos participaram da ofen‑
comprou batatas”, o verbo fica no singu‑ siva”.
lar; se o núcleo está no plural, como em 6) “nem, ou”: quando o sujeito composto
“As crianças ganharam presentes”, o verbo é ligado por “nem” ou “ou”, o verbo fica
fica no plural. Depois das irregularidades no singular ou no plural, a depender
dos verbos, vistas na semana passada, o de o fato expresso pelo verbo poder
assunto desta semana são os casos par‑
ser atribuído a todos os sujeitos. Ex.:
ticulares de concordância verbal, aqueles
“Nem você nem ele fez isso”; “Nem
que impedem o bom andamento do texto.
o sol nem a chuva podem destruir a
Vamos a eles, segundo a gramática de
casa”; “Ou a casa ou o carro seriam
Celso Cunha e Lindley Cintra:
vendidos”; “Ou Maria ou João é o res‑
1) “parte de, uma porção de, o resto de, a ponsável por isso”.
metade de” + substantivo ou pronome
no plural: o verbo fica no singular ou 7) “um/outro”, nem um/nem outro”: o
no plural. Ex.: “O resto das folhas fica‑ verbo fica no singular. Ex.: “Um ou
ram no chão”; “Uma porção de peixes outro menino participava da festa”;
foi apreendida”. “Nem um nem outro idealizou o
encontro”.
2) “cerca de, mais de, menos de” +
número no plural: o verbo fica no plu‑ 8) “com”: quando os sujeitos são ligados
ral. Ex.: “Cerca de 50 pessoas estive‑ por “com”, o verbo fica no plural ou no
ram presentes”; “Menos de dois quilos singular, para marcar hierarquia. Ex.:
de farinha estão no saco”. O papa e os cardeais participaram do
47
consistório”; “A viúva, com o resto da na presença da preposição “a” regida por
família, mudou‑se”. um verbo, ou substantivo ou adjetivo ou
em locução adverbial seguida imedia‑
9) “como, assim como, bem como”: o
tamente por uma palavra que possa ser
número do verbo depende da inter‑
usada com um artigo definido singular ou
pretação, o que muda também a pon‑
plural. Essa é a regra geral, que serve para
tuação. Ex.: “O dinheiro, bem como
quase todos os casos que ocorrem no nosso
a carteira, foi encontrado”; “Maria
dia a dia.
assim como João estiveram lá”.
Assim, está correto o emprego do acento
Uma semana com concórdia!
grave nos exemplos a seguir:
»» Vou à feira. (preposição + substantivo
feminino)
Crase: fenômeno »» Assistimos à novela. (preposição +
fonológico substantivo feminino)
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Dicas de Português
SINTAXE
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Verbos modais: entre obrigatoriedade de fazer ponderada
pela possibilidade de escolha.
características dos
Portanto, escolher usar esses ou outros
verbos principais verbos modais não é trivial e do emprego
adequado ao contexto obtém‑se mais efe‑
Nesta semana, o assunto é verbo modal,
tividade.
verbos que atribuem certa característica
ao verbo principal, como obrigação ou pos‑ Se você gostou do assunto, aqui e aqui há
sibilidade. informações mais aprofundadas.
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Dicas de Português
SINTAXE
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pode também estar passando por fax, estar tendo‑se firmado apenas no século XVII.
mandando pelo correio ou estar enviando Surgiram com a intenção de direcionar
pela Internet.
a leitura de textos escritos que, com a
O importante é estar garantindo que a pes‑ prensa de Gutemberg, passaram a ser mais
soa em questão vá estar recebendo esta
comuns. A segunda gramática de língua
mensagem, de modo que ela possa estar
lendo e, quem sabe, consiga até mesmo portuguesa, de João de Barros, publicada
estar se dando conta da maneira como em 1540, distingue como sinais de pontua‑
tudo o que ela costuma estar falando deve ção: a coma, o colo, a verga, o parêntesis e a
estar soando nos ouvidos de quem precisa
interrogação. De lá para cá, os outros sinais
estar escutando.
foram surgindo, sendo os mais recentes as
A versão integral você encontra aqui. reticências, o travessão e as aspas. Você lê
E, como o espaço para o contraditório tem mais sobre a história dos sinais de pontu‑
de ser garantido, aqui você lê considera‑ ação aqui.
ções favoráveis a esse uso linguístico. Vamos tratar dos sinais de pontuação cujo
emprego gera menos dúvida:
Uma semana maravilhosa!
»» Ponto de interrogação: usado no final
da frase ou da oração para indicar uma
pergunta direta, que se faz com ento‑
Programação do ano: nação ascendente (aquela entonação
característica de pergunta). Pode‑se
começando a pontuar combinar com ponto de exclamação.
“A persistência é o caminho do êxito.” Exemplos: “– Que vai fazer?”; “A mim?!
Charles Chaplin Que ideia!”.
Começamos a programação de 2015 desta »» Ponto de exclamação: usado depois
coluna neste mês de fevereiro. de interjeições, locuções ou frases
Neste ano, a cada mês, teremos um exclamativas, expressando surpresa,
assunto diferente: pontuação, concordân‑ espanto, piedade, súplica etc. Exem‑
cias, regras da ABNT, questões vernáculas, plos: “– Nunca! gemeu o enfermo.”;
orações, acentos e grafias, crase, colocações “Céus! Que injustiça!”.
e regências. Esses temas serão associados E vamos treinar o emprego de vírgulas,
a exercícios e desafios. cujo emprego gera alguma dúvida e é o
assunto da semana que vem?
Se a escrita surgiu por volta do ano 4000
a.C., os sinais de pontuação apareceram Pontue corretamente com vírgulas os tex‑
centenas de milhares de anos depois, tos que se seguem.
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tão estudado, como ainda não foi assi‑ Vamos lá!
milado? Talvez seja porque a informação
Em “As meninas que estavam com ves‑
sobre esse tópico seja construída com lis‑ tido verde, foram as primeiras a chegar”,
tas de regras difíceis de compreender, ou a vírgula separa termos essenciais, assim
porque se gasta muita energia com usos como em “O juiz proclamou também, a
arcaicos... ou outro motivo... ou pela fama sentença do réu”. Então, os dois exemplos
de poderosa que a vírgula tem... qual é o estão errados.
seu motivo?
Em “João, que batizou o primo, foi assassi‑
Para saber usar a vírgula, uma dose de nado por Herodes”, “As folhas, por exemplo,
conhecimento sintático é fundamental: brancas e vermelhas ficam aqui”, “Mário,
o básico mesmo. Afinal, se não se sabe o o moço que traz o pão, não veio hoje”, há
que é sujeito ou o que é predicado, de que exemplos de vírgulas que isolam termos
adianta saber uma regra de não uso da vír‑ explicativos, tudo certinho.
gula que diz: não se separa por vírgula o
E a alteração da ordem canônica? Fica
sujeito do predicado? Ou também: usa‑se
assim: “Na semana passada, viajamos”, “O
vírgula no começo das orações coordena‑ remédio, eu o trouxe”, “Deve‑se dar, a ele,
das assindéticas adversativas. Sabe o que a documentação”.
significa “não se separa” nesse contexto?
Quer dizer que não pode ter uma vírgula E o resto das ocorrências? Há duas que
entre o término do sujeito e o começo do merecem destaque, por causa da frequên‑
cia de ocorrência nos textos:
predicado. Tudo no texto escrito, porque na
fala a vírgula pode ser pausa. a) vírgula antes do “e”: é certo usar vír‑
gula apenas quando os sujeitos das
Então, é importante saber que:
orações ligadas por essa conjunção
a) vírgulas não separam termos essen‑ forem diferentes: “A menina fez o
ciais da oração; dever, e a amiga não”, “A menina
fez o dever e arrumou a mala” está
b) vírgulas isolam termos explicativos;
certo, porque os sujeitos são os
c) vírgulas marcam alteração da ordem mesmos.
canônica sujeito‑verbo‑objeto‑cir‑
b) vírgula em dupla: em muitos casos,
cunstância.
para o texto ficar certo, a vírgula
Como essas três informações muito claras precisa estar em par: “As crianças
é possível raciocinar e acertar no uso da participarão dos jogos e, também, do
vírgula. Muito importante: vírgulas não acampamento”, “Verde e vermelho
marcam respiração! são, respectivamente, a cor da blusa
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Os colchetes são usados para inserção de pondente ao período de pontuação
palavras ou expressões em citações e tam‑ correta:
bém em referências bibliográficas, quando
a) Hoje, eu daria o mesmo conselho,
não se tem certeza da informação. Exem‑
menos doutrina e, mais análise.
plos: “As pessoas [homens e mulheres]
precisam participar do curso.”. MOURA, b) Hoje eu daria o mesmo conselho:
L. Linda pessoa. São Paulo: Ática, [1996?]. menos doutrina e mais análise.
Os travessões são usados para isolar ele‑ c) Hoje, eu, daria o mesmo conselho,
mentos explicativos e em diálogos. Impor‑ menos doutrina e mais análise.
tante saber que hífen (‑) tem tamanho d) Hoje eu daria o mesmo conselho
diferente de travessão (–). No teclado do menos doutrina e mais análise.
computador, para fazer o travessão, em
e) Hoje eu, daria o mesmo conselho:
fontes que o distinguem, é só teclar Ctrl
menos doutrina, e, mais análise.
+ o sinal de menos do teclado numérico.
4) Atente‑se para o enunciado abaixo,
Vamos exercitar?
atribuindo‑lhe a devida pontuação:
1) Analise o fragmento extraído de um Charles Darwin coletou muitos fósseis na via‑
conto machadiano, intitulado – “Um gem naquela época os fósseis eram considera‑
apólogo”, pontuando‑o de acordo com dos restos preservados de animais e vegetais há
as regras preestabelecidas: muito extintos a opinião aceita era que esses
fósseis se formavam após uma grande catás‑
Era uma vez uma agulha que disse a um trofe como o dilúvio que exterminava muitos
seres vivos
novelo de linha
(PARKER, Steve. Darwin e a evolução. São
Por que está você com esse ar, toda cheia Paulo: Scipione, 2002. p.11. Caminhos da
de si toda enrolada para fingir que vale Ciência)
alguma cousa neste mundo
5) Indique a frase em que o uso da vír‑
2) Explique a diferença de sentido em gula está INCORRETO.
ambas as orações, levando em con‑
a) Sapos e pirilampos esquisitos, habi‑
sideração os sinais de pontuação.
tavam a floresta misteriosa.
Eleitor quer justificar seu voto.
b) Sujeito teimoso, Policarpo agora
Eleitor, quer justificar seu voto? cismava em aprender medicina.
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b) Porque falei com ela, para mim não 1 Concordância de adjetivo na função
há mais dúvidas. de adjunto adnominal:
c) Falei com ela que eu, estaria aqui a) o adjetivo concorda em gênero e
número com o substantivo a que
cedo hoje se tudo corresse bem.
se refere: “O alto ipê cobre‑se de
d) Falei ao chefe que, se o plano cor‑ flores amarelas.”
resse bem, estaríamos salvos.
b) o adjetivo que se refere a mais
Uma semana feliz! de um substantivo concorda com
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o mais próximo ou com ambos: e) Vai ________________ a lista de preços. (incluso)
“Esperava tios e tias maternas/
f) É tempo, é paciência, é dinheiro __________
maternos”, “Cheirava a cal e barro
_____________________________ (perdido)
fresco/frescos”.
2 Concordância de adjetivo na função g) Não custa muito a gente elogiar‑se a si
_____________________________ (mesmo)
de predicativo
a) o adjetivo concorda em gênero e h) Visitei os museus e as escolas _____________
número com o sujeito: “A ciência ___________________ (recém‑fundado)
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d) Seguiam‑na, a distância, o esposo e o O sujeito de “acabou” – “A maioria” –
médico. está no singular e concorda com o verbo.
Apesar dessa regra geral, a gramática
O sujeito de “seguiam” – “o esposo e o
autoriza a concordância no plural, com o
médico” – tem dois núcleos e concorda com
objetivo de evidenciar os vários elementos
o verbo no plural.
que compõem o todo.
e) Obelisco não é mourão em que se
j) Ao lado, em distância, conveniente
amarram cavalos.
para o fogo não chamuscar a copa
O sujeito de “amarram” – “cavalos” – está verde, uma palmeira ou árvore esguia
no plural e concorda com o verbo, que está era plantada.
na voz passiva.
O sujeito de “era” – “uma palmeira ou
f) Chegava a multidão de passageiros árvore esguia” – pode levar o verbo para
dos subúrbios. o singular ou o plural, a depender de o fato
O sujeito de “Chegava” – “a multidão” – expresso pelo verbo poder ser atribuído a
está no singular e concorda com o verbo. todos os sujeitos ou não, com a ideia de
alternativa. No caso desta oração, há ideia
g) Eu, o silêncio e a solidão éramos de atribuição aos dois sujeitos e o verbo
quem estava aí. deve ficar no plural.
O sujeito de “éramos” – “Eu, o silêncio e l) O falso e o verdadeiro, a verdade e a
a solidão” – tem três núcleos, sendo um mentira, tudo passa.
deles um pronome de primeira pessoa.
O sujeito de “passa” – “tudo” – está no
Então, o verbo fica na primeira pessoa
singular e concorda com o verbo.
do plural.
m) Mais de um ricaço ficou reduzido à
h) A maior parte das companheiras
miséria.
eram felizes.
O sujeito de “ficou” – “mais de um” – está
O sujeito de “eram” – “a maior parte” –
no singular e concorda com o verbo.
está no singular e o verbo deve estar no
singular também: “era”. Apesar dessa n) Nem o macaco nem a ema conse-
regra geral, a gramática autoriza a con‑ guem escapar à agilidade do puma.
cordância no plural, com o objetivo de evi‑
O sujeito de “conseguem” – “Nemo macaco
denciar os vários elementos que compõem
nem a ema” – pode levar o verbo para o
o todo.
singular ou o plural, a depender de o fato
i) A maioria dos condenados acabou expresso pelo verbo poder ser atribuído a
nas plagas africanas. todos os sujeitos ou não, com a ideia de
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b) A sua meta ___________________ os grandes
centros da europa. (era/eram)
c) João _______________ só problemas. (era/eram)
d) Isto __________________ teorias que a prática
desmente. (é/são)
e) Cem mil reais _________________ muito. (é/são)
f) Hoje ____________________ 25 do mês. (é/são)
g) Quando voltei da cidade _____________ uma
hora e meia da tarde. (era/eram)
h) ______________ cinco horas da manhã quando
me chamaram. (seria/seriam)
i) Aquilo _____________________ caprichos que não
durariam muito. (era/eram)
j) Os EUA ___________ país rico. (é/são)
l) ___________ uma vez dois mágicos famosos.
(era/eram)
m) O responsável __________ tu. (és/é)
n) O que mais me agradou no filme ___________
as cenas finais. (foi/foram)
o) Bons divertimentos ________________ é o que
não lhe falta. (é/são)
p) Preservemos a natureza: os beneficiados
_________________ nós. (são/somos)
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