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ALESSANDRO CASCARDO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, pessoa jurídica de direito privado, por meio de seu
presidente, com inscrição no Ministério do Trabalho n. ..., inscrita no CNPJ n. ..., com sede à ...,
por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa, com endereço profissional
à ..., para onde devem ser remetidas as notificações e intimações, nos termos do art. 39, I, do
CPC, vem mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, a, da
CRFB/88 e na Lei n. 9.868/99, propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR

Em face da Lei Estadual editada pelo Estado KWY, elaborada pelo Governador do
Estado e a Assembleia Legislativa estadual, objetivando ver declarada a incompatibilidade
com o texto da grundnorm pátria da Lei Estadual X, esta lei estabelecendo a obrigatória
gratuidade dos estacionamentos privados vinculados a estabelecimentos comerciais, como
supermercados, hipermercados e shopping centers, estabelecendo multas pelo
descumprimento e gradação nas punições administrativas, além de delegar ao PROCON local a
responsabilidade pela fiscalização dos estabelecimentos relacionados no instrumento
normativo. Isto porque a mencionada norma estadual contraria o disposto no art. 22, I, e afronta
também o art. 5º, XXII, ambos da Constituição da República, conforme se verá na continuidade.

I - DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR

O art. 102, I, alínea a, da CRFB/88 estabelece que compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente, a
ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Desse modo, verifica-se que
a competência para processamento e julgamento da presente ação direta de
inconstitucionalidade é originária do Supremo Tribunal Federal.
II - DA LEGITIMIDADE ATIVA/PERTINÊNCIA TEMÁTICA

O art. 103, IX, da CRFB/88 estabelece o rol dos legitimados para propor uma ação direta
de inconstitucionalidade, dentre os quais, verificam-se as confederações sindicais ou entidades
de classe de âmbito nacional. Corroborando com essa assertiva, o art. 2º, IX, da Lei n. 9.868/99
discorre sobre o mesmo tema.

É sabido que se faz necessária no caso em tela a comprovação da pertinência temática


como requisito para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. No entanto, não
resta dúvida de que a confederação nacional de comércio possui claro interesse na presente
ação, haja vista a atividade ser extremamente afetada pela norma que deu finalidade à
propositura da presente ação.

III - DA LEGITIMIDADE PASSIVA

A legitimidade passiva da ação direta de inconstitucionalidade em referência é do


Governador do Estado e da Assembleia Legislativa estadual que criaram a norma estadual
inconstitucional.

IV - DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA

Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, confirma-se a competência privativa por parte da
União para legislar sobre direito civil, comercial, penal processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho. Diante de tal assertiva, configura-se a inconstitucionalidade
formal da norma objeto da presente ação, haja vista não haver competência do Estado para
legislar sobre matéria afeta à União de forma privativa.

Não se pode olvidar que a norma que deu finalidade à ação fere o fundamento da livre
iniciativa constante do art. 1º, IV, da CRFB/88. Além da garantia ao direito de propriedade
previsto no art. 5º, XXII, da Carta Magna. Verifica-se, ainda, o total desacordo com o que
preconizam os princípios gerais da atividade econômica, da propriedade privada e da livre
concorrência, dispostos no art. 170, caput, I e IV, da CRFB/88.

Ante o exposto, fica fundamentada a violação dos ditames constitucionais,


caracterizando-se tanto na inconstitucionalidade formal quanto na inconstitucionalidade
material da norma ora impugnada.

V - DA MEDIDA CAUTELAR

É cediça, no caso em tela, a possibilidade de Medida Cautelar nos termos do art. 102, I,
p, da Carta Magna, corroborada pelos arts. 10 e 12 da Lei n. 9.868/99, por serem identificáveis
os requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.

O requisito do fumus boni juris fica patente na violação do texto constitucional, quanto
a livre iniciativa, propriedade privada e livre concorrência. Além de ferir a competência da União
no que diz respeito ao art. 22, I, da CRFB/88.
E, quanto ao periculum in mora, poderemos verificar o cumprimento de tal requisito na
possibilidade identificada de dano irreparável ao reclamante, em face da relevância da matéria
e segurança jurídica, evitando, desta forma, danos e prejuízos advindos da norma ora vigente,
de acordo com o art. 12 da Lei n. 9.868/99.

VI - DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer:

a) A concessão da medida cautelar para suspender a norma impugnada até a sentença definitiva
com fulcro nos arts. 10 a 12 da Lei n. 9.868/99;

b) A notificação da autoridade coatora, na pessoa do Governador do Estado KWY, para prestar


informações no prazo legal, com fundamento no art. 6º da Lei n. 9.868/99;

c) A intimação do Procurador-Geral da República para que se manifeste no prazo de quinze dias,


conforme o art. 8º da Lei n. 9.868/99;

d) A intimação do Advogado- Geral da União para prestar informações no prazo de quinze dias,
em conformidade com art. 8º da Lei n. 9.868/99;

e) Procedência do pedido, com a ratificação da cautelar, para que seja declarada a


inconstitucionalidade com efeitos erga omnes.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Local e data

Alessandro Cascardo

201301530565

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