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Universidade Federal de Alagoas

Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde

Marcos Vinicius Teles da Silva

Ovitrampa como forma de detecção do Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus,


1762; Diptera: Culicidae) em dois bairros da cidade de Maceió entre os anos de
2007 a 2012.

Maceió-AL
2014
Marcos Vinicius Teles da Silva

Ovitrampa como forma de detecção do Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus,


1762; Diptera: Culicidae) em dois bairros da cidade de Maceió entre os anos de
2007 a 2012.

Pesquisa de Trabalho de Conclusão de


Curso apresentado como exigência
para obtenção do título de Biólogo à
Banca Examinadora do Instituto de
Ciências Biológicas e da Saúde.

Orientador: Ozinaldo Oliveira Santos

Maceió-AL
2014
AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Ozinaldo Oliveira Santos, pela aceitação em orientar este trabalho e


por sua contribuição nos ensinamentos da entomologia mesmo em momentos
turbulentos de sua vida particular.
Ao colega de trabalho e grande incentivador e motivador Msc. Magliones
Carneiro de Lima.
À Msc. Lílian Cármen de Lima pela paciência (professora e “psicóloga” que
alcançou unanimidade em nossa turma sendo considerada nossa mãe) e
ensinamentos.
À Msc. Giana Rosa pelos ensinamentos de Teoria e Prática e pela rigidez.
Ao Dr. Gabriel Skurk pelo conhecimento filogenético.
À Dra. Shaula Sampaio pela troca de conhecimentos não obstante nossas
diferenças na linha do conhecimento científico.
À Dra. Claúdia Calheiros pela participação na Banca Examinadora.
À Dra. Liriane Monte Freitas pelos ensinamentos, pela recepção no momento
da matrícula no curso de Biologia e pela participação na Banca Examinadora.
Ao Professor Marcos Vital pelo esclarecimento na parte estatística do
trabalho.
Aos colegas de Universidade: Wilson da Silva, Jackson Fortaleza, Suellen,
André, Márbio, Claudine e Rosana Gouveia pela confiança e troca de ideias.
Aos colegas do Laboratório de Entomologia: Magliones, Ana, Rosemary,
Jogivaldo, Valmir e Severino.
A equipe de campo formada pelos agentes de endemias pela realização do
trabalho prático: Sandoval, Gildo, Betânia e Paulo.
À Coordenação de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde pelos
dados fornecidos.
Ao pessoal da Manutenção e Limpeza da UFAL por contribuir com o ambiente
saudável para o ensino e pesquisa.
Aos meus Pais, a minha amada esposa Jaqueline Cruz Silva pelo amor e
incentivo.
RESUMO

O controle da disseminação da dengue tem exigido que novas pesquisas e


novos métodos de vigilância sejam revelados para combater o vetor, e ao mesmo
tempo, como uma ação para inibir a doença na população humana. Vários métodos
estão sendo testados tanto contra o vetor como também na área imunológica com o
intuito do controle epidemiológico. Assim, foi realizado um trabalho de pesquisa para
captura de ovos do vetor através da armadilha denominada ovitrampa como método
de controle. Para isso utilizou-se os dados obtidos pelo Centro de Controle de
Zoonoses de Maceió entre os anos de 2007 a 2012. As armadilhas ovitrampas foram
instaladas para coleta de ovos do Aedes aegypti, na cidade de Maceió nos bairros
de Ponta Verde e Jatiúca, quando obtiveram-se informações sobre a presença e
densidade dos ovos. Com a identificação e posterior destruição dos ovos coletados
do vetor, esperou-se a redução da densidade dos mesmos. Foi utilizada a
Regressão Linear Simples como método estatístico para comparar o resultado das
ovitrampas positivas com a doença em humanos na área pesquisada. O resultado
indicou similaridade entre o aumento do número de ovitrampas positivas para ovos e
o número de casos de dengue na área pesquisada no ano de 2007. Nos anos de
2008, 2010, 2011 e 2012 não houve esta correlação. As ovitrampas constituem
método eficaz para coleta de ovos em áreas endêmicas para o Aedes aegypti na
cidade de Maceió.

PALAVRAS CHAVE: Aedes aegypti, ovitrampa, controle do vetor.


ABSTRACT

The spread of dengue control is required to new research and surveillance


methods are disclosed for combating vector, and at the same time as an action to
inhibit the disease in the human population . Various methods are being tested
against both the vector as well as the immunological area with the aim of
epidemiological control . Thus, a research paper to capture Vector eggs through the
egg trap trap called as a control method was performed . For this we used the data
obtained by the Maceio Zoonosis Control Center between the years 2007 to 2012.
The ovitraps traps were installed to collect eggs of Aedes aegypti in the city of
Maceió in the neighborhoods of Ponta Verde and Jatiúca , when yielded information
on the presence and density of eggs. With the identification and subsequent
destruction of vector eggs collected , it was hoped to reduce the density thereof. We
used the simple linear regression as a statistical method to compare the result of the
positive ovitraps with the disease in humans in the research area. The result
indicated similarity between the increase in the number of positive ovitraps for eggs
and the number of dengue cases in the area surveyed in 2007. In 2008 , 2010, 2011
and 2012 there was no such correlation. The ovitraps constitute effective method for
egg collection in endemic areas for the Aedes aegypti in the city of Maceio .

KEYWORDS: Aedes aegypti, egg trap, vector control.


LISTA DE TABELAS E FIGURAS

FIGURA 1: Armadilha ovitrampa................................................................................18

TABELA I: Resultado das ovitrampas do ano de 2007..............................................20

FIGURA 2: Densidade de ovitrampas positivas no ano de 2007...............................21

FIGURA 3: Densidade de ovos (2007).......................................................................22

FIGURA 4: Análise por Regressão Linear. (2007).....................................................25

TABELA II: Resultado das ovitrampas do ano de 2008.............................................24

FIGURA 5: Densidade de ovitrampas positivas no ano de 2008...............................25

FIGURA 6: Densidade de ovos. (2008)......................................................................25

FIGURA 7: Análise por Regressão Linear. (2008).....................................................26

TABELA III: Resultado das ovitrampas do ano de 2010............................................28

FIGURA 8: Densidade de ovitrampas positivas no ano de 2010...............................29

FIGURA 9: Densidade de ovos. (2010)......................................................................29

FIGURA 10: Análise por Regressão Linear. (2010)...................................................30

TABELA IV: Resultado das ovitrampas do ano de 2011............................................32

FIGURA 11: Densidade de ovitrampas positivas. (2011)...........................................33

FIGURA 12: Densidade de ovos. (2011)....................................................................33


FIGURA 13: Análise por Regressão Linear. (2011)...................................................34

TABELA V: Resultado das ovitrampas do ano de 2012.............................................36

FIGURA 14: Densidade de ovitrampas positivas. (2012)...........................................37

FIGURA 15: Densidade de ovos. (2012)....................................................................37

FIGURA 16: Análise por Regressão Linear. (2012)...................................................38


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................10

2. OBJETIVOS........................................................................................................12

2.1 GERAL...............................................................................................................12

2.2 ESPECÍFICOS...................................................................................................12

3. REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................13

4. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................17

4.1 PROCEDIMENTOS NO LABORATÓRIO..........................................................19

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................20

5.1 ANO DE 2007.....................................................................................................20

5.2 ANO DE 2008.....................................................................................................24

5.3 ANO DE 2010.....................................................................................................28

5.4 ANO DE 2011.....................................................................................................32

5.5 ANO DE 2012.....................................................................................................36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................44

REFERÊNCIAS...................................................................................................45
OBRAS CONSULTADAS...................................................................................48

ANEXOS............................................................................................................49
10

1. INTRODUÇÃO

A dengue é um problema de saúde pública no Brasil e em outros países. As


campanhas feitas pelo governo não eliminaram o vetor do nosso país e muito
desse fracasso deu-se por falta de profissionais especializados (entomólogos) que
tivessem conhecimento amplo dos hábitos do Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e de
estudos para saber quais melhores formas de detecção, densidade espacial e
temporal ao seu combate. A distribuição e a frequência do A. aegypti está
relacionada ao ambiente antrópico (CHRISTOPHERS, 1960) e devido a isso, nos
últimos anos pesquisas paralelas aos meios tradicionais de tentativa de detecção,
redução e eliminação do mosquito vetor da doença têm sido aplicadas (FAY e
PERRY, 1965). Recentemente houve uma mudança de pensamento ao se reduzir o
uso de inseticidas como forma de eliminação do mosquito vetor, tendo mais ênfase
na educação em saúde da população.
Entre as novas formas de tentativa de detecção, redução e eliminação do
mosquito vetor foi aplicada em algumas cidades do Brasil pelo Ministério da Saúde,
a pesquisa de detecção do A. aegypti pela armadilha denominada ovitrampa (FAY
e PERRY, 1965) que possui o objetivo de capturar ovos do mosquito, através da
oviposição das fêmeas nas armadilhas em lugares estratégicos das residências.
Entre as cidades que instalaram a pesquisa de ovos por ovitrampa inclui-se a
cidade de Maceió que realiza o trabalho de captura dos ovos em duas áreas, desde
2006 até o presente. Paralelamente a essa pesquisa houve a continuidade ao
programa de eliminação de larvas pelos métodos tradicionais (uso de larvicidas).
Pesquisas anteriores afirmam que o método de ovitrampa é mais sensível, a
constatar a presença do mosquito no ambiente que outros métodos (FAY e
ELIASON, 1966). Segundo esses estudos as ovitrampas fornecem dados úteis para
investigação da distribuição espacial e temporal (sazonal) de ovos do mosquito
vetor. Dados obtidos com essa metodologia também são usados para verificar o
impacto de medidas de controle. Sendo assim, o trabalho de pesquisa de ovos tem
sua importância como parâmetro de detecção do vetor. O trabalho de pesquisa por
captura de ovos por ovitrampas foi iniciado em 2006 pelo Centro de Controle de
Zoonoses (CCZ/Maceió), através da Coordenação de Entomologia, sendo
executado por uma equipe de campo para instalação das armadilhas e o apoio
laboratorial através de técnicos que fazem a leitura das palhetas e a posterior
11

destruição dos ovos. Nesse contexto através do CCZ/Maceió foi determinado dois
bairros da capital alagoana para aplicação da ovitrampa como teste para a presença
do vetor. A avaliação da detecção de ovos do vetor pelas armadilhas é importante
para determinar sua eficácia. Durante os anos desta avaliação também foi
pesquisado a presença de casos humanos de dengue e a sua possível correlação
com as armadilhas positivas.
12

2. OBJETIVOS
2.1 Geral:

Analisar as armadilhas ovitrampas como forma de detecção e sensibilidade


de ovos do mosquito Aedes aegypti em dois bairros de Maceió entre os anos de
2007 a 2012.

2.2 Específicos:

A. Avaliar as armadilhas ovitrampas como forma de indicador da presença


do mosquito vetor nas áreas instaladas, comparando os resultados das ovitrampas
positivas com os casos de doentes humanos na área estudada.
B. Sugerir que o Programa de Controle do Dengue em Maceió adote a
ovitrampa como método de vigilância para o controle do vetor da doença.
13

3. REVISÃO DA LITERATURA

O Dengue é um problema de saúde pública mundial sendo considerada a


mais importante arbovirose transmitida ao homem devido a sua morbidade e
mortalidade (GUBLER e KUNO, 1997). Segundo a Organização Mundial de Saúde
houve um crescimento do Dengue nas últimas décadas, sendo necessário
investimentos em pesquisas científicas que tragam como resultado o alívio para a
população. Há quatro sorotipos existentes do dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e
DENV-4) todos transmitidos pelos vetores das espécies A. aegypti e Aedes
albopictus (SKUSE, 1894); (CONSOLI e LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994;
GUBLER e KUNO, 1997; Organização Mundial de Saúde (OMS), 1997).
No Brasil há registros do Dengue desde 1846 (MEIRA, 1916; MARIANO,
1916; FIGUEIREDO, 2000). No século XX houve elevada letalidade causada pelo
Dengue, o que motivou o empenho para o combate ao mosquito vetor do gênero
Aedes através da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS, 1997). O vetor foi
considerado erradicado nos anos 1950, inclusive no Brasil. O retorno do dengue no
Brasil ocorreu na década de 1980 em Boa Vista, Roraima; entre 1994 e 2001 o
dengue foi detectado em 25 estados do Brasil (BRASIL, 2001).
A. aegypti e A. albopictus pertencem ao subgênero Stegomyia, são naturais
do Velho Mundo e ambos se expandiram para regiões diferentes da distribuição
zoogeográfica natural original, chegando ao Brasil (CONSOLI e LOURENÇO-DE-
OLIVEIRA, 1994). Atualmente o A. aegypti é considerado um mosquito cosmopolita,
com distribuição em regiões tropicais e subtropicais sendo sua frequência associada
ao ambiente antrópico, já que é reconhecido como mosquito de peridomicílio e
domicílio humano (CHRISTOPHERS, 1960).
Aedes aegypti tem hábitos diurnos com aumento da hematofagia na
proximidade do crepúsculo; a postura de ovos também é realizada nos crepúsculos
matutino e vespertino onde as fêmeas colocam seus ovos em criadouros artificiais
(CONSOLI e LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994).
A postura é feita em substratos próximos à água e não diretamente nela,
sendo os ovos resistentes a longos períodos sem o contato com água, podendo
eclodir após meses de sua desova. Os recipientes usados para postura são
artificiais (pneus, garrafas, copos descartáveis, latas, potes, vasos de plantas, caixas
14

d’ água, cisternas e toneis contendo água parada), os quais servem como pontos
estratégicos na proliferação do vetor, tendo grande atenção dos programas de
vigilância vetorial (CHRISTOPHERS, 1960; CONSOLI e LOURENÇO-DE-OLIVEIRA,
1994).
A. albopictus foi primeiramente encontrado no Brasil na década de 1980, e
apesar de sua distribuição estar associada à presença humana é um mosquito que
ocupa ambientes urbano, suburbano e rural. Sua maior frequência acontece nos
locais de menor concentração humana e com maior cobertura vegetal (HAWLEY,
1988; BRAKS, HONÓRIO, et al., 2003). Diferentemente do A. aegypti, embora use
criadouros artificiais, suas formas imaturas são encontradas mais abundantemente
em recipientes naturais como bromélias e cascas de bambu.
Nos estudos realizados com o intuito de conter a disseminação do Dengue
foram aplicados diversos métodos: inquéritos populacionais (através da sorologia
para esclarecimento dos níveis de anticorpos), permitindo a avaliação da
intensidade do Dengue em determinadas áreas específicas. Os fatores associados
determinantes e fundamentais da distribuição espacial e temporal do Dengue são: o
homem, o vírus, o vetor, o clima, a densidade demográfica, condições econômicas,
culturais e políticas (LIMA-CAMARA, HONÓRIO e LOURENÇO-DE-OLIVEIRA,
2006), sendo esses fatores interligados que contribuem na disseminação do
mosquito vetor. A estratégia para conter o avanço do vetor é interromper seu ciclo
de reprodução, é através da interferência em um ou mais fatores que associados
determinam sua disseminação.
Estudos da presença do A. aegypti pelo método da armadilha ovitrampa
foram realizados anteriormente com o objetivo de detectar a presença do mosquito
e sua distribuição (FAY e PERRY, 1965), sendo aplicado também no Brasil em
algumas cidades pelo Ministério da Saúde com o objetivo de validar esse método
como eficaz e econômico na vigilância vetorial (BRASIL, 2014).
Durante muito tempo o governo vem tentando obter êxito em eliminar o vetor
que transmite o vírus do Dengue no Brasil, sendo enfoque maior no A. aegypti no
perímetro urbano, e A. albopictus na zona rural. O pouco número de profissionais
especializados e a forma de combate, contribuiram para o fracasso na eliminação
do mosquito vetor. Além da poluição do meio ambiente com os inseticidas
utilizados, um grande número de agentes de saúde foram contaminados com as
substâncias químicas utilizadas nas campanhas de eliminação do mosquito adulto,
15

causando insatisfação nas equipes de profissionais envolvidos no combate à


dengue.
Sobre a dispersão do vetor, o Manual de Normas Técnicas do Dengue (BRASIL,
2001), explica:
“É pequena a capacidade de dispersão do Aedes aegypti pelo
voo, quando comparada com a de outras espécies. Não é raro
que a fêmea passe toda a sua vida nas proximidades do local
de onde eclodiu, desde que haja hospedeiros. Poucas vezes, a
dispersão pelo voo, excede a 100 metros, entretanto, já foi
demonstrado que uma fêmea grávida pode voar até 3 km em
busca de local adequado para a oviposição, quando não há
recipientes apropriados nas extremidades (…) os Aedes podem
permanecer vivos em laboratório durante meses, mas, na
natureza, vivem em média de 30 a 35 dias. Com uma
mortalidade diária de 10%, a metade dos mosquitos morrem
durante a primeira semana de vida e 95% durante o primeiro
mês (p.14).”

A armadilha de oviposição vem sendo empregada com sucesso em alguns


países, assim, procurou-se verificar sua validade como método útil para ser usada
como controle da presença do vetor. A ovitrampa vem demonstrando ser superior no
número de espécimes capturados e na positividade em relação à pesquisa larvária
(MARQUES, C.; MARQUES, G., et al., 1993). A identificação do A. aegypti por
oviposição, fica positiva mais precocemente que a pesquisa larvária, por estar ligada
a um estágio anterior de maturação do mosquito (LOK, 1985). Isto caracteriza a
oviposição como proeminente para ser usada como instrumento de vigilância.
A pesquisa de ovos por armadilha ovitrampa foi o melhor marcador da
presença do mosquito vetor, nas regiões anteriormente pesquisadas por este
método (RAWLINS, MARTINEZ, et al., 1998). Desde sua invenção e aplicação a
armadilha de oviposição mostrou ser um método sensível e econômico para detectar
a presença do A. aegypti (CHADEE, CORBET e TALBOT, 1995), e ainda mais
quando os níveis de infestação das localidades estão tão baixos que o levantamento
larvário não os revela. Em outro estudo a ovitrampa apresentou aumento
significativo da oviposição, com a adição de feno à água da torneira (REITER,
AMADOR e COLON, 1991).
A área estudada apresenta índice Predial para proliferação do A. aegypti alta,
como demonstração no ano de 2007, 43% das amostras coletadas para pesquisa
larvária foi positiva no bairro de Ponta Verde, e na Jatiúca esse índice foi de 28%,
enquanto o número de pessoas doentes foi de trezentos e oitenta e nove. Já no ano
de 2008 o resultado do índice Predial foi de 31% para o bairro de Ponta Verde e de
16

24% na Jatiúca; o número de pessoas doentes foi trezentos e vinte oito. Os


possíveis criadouros onde existe facilidade de proliferação do vetor são em
construções em andamento ou inacabadas onde há acúmulo de materiais
provenientes delas, como vasilhas, baldes e locais escuros e com água parada.
Outro grande problema para o controle do vetor é os imóveis abandonados,
muitas vezes com piscinas servindo de criadouro, constituindo grande obstáculo
para o poder público, já que para entrar nesses imóveis sem autorização do dono é
necessária uma ordem judicial. Há ainda os imóveis habitados em que os donos não
permitem o agente de endemias realizar seu trabalho, seja porque não se encontra
em casa ou por insegurança, devido ao alto índice de assalto as residências na
região por falsos agentes de serviços.
17

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo ocorreu em dois bairros, Ponta Verde e Jatiúca, na cidade de


Maceió, Estado de Alagoas. A escolha desses bairros inicialmente estudados
deveu-se aos muitos edifícios em construção, além de casas residenciais, onde tais
tipos de moradia apresentam locais propícios a oviposição das fêmeas do A.
aegypti. O estudo aconteceu entre Janeiro de 2007 a Dezembro de 2012, sendo
que no ano de 2009 o trabalho foi interrompido, devido à falta de material para
realizá-lo, retornando em Janeiro de 2010.
As duas áreas tiveram a cobertura de um supervisor e quatro agentes de
endemias. As ovitrampas foram instaladas nas residências/edifícios e recolhidas de
cinco a sete dias depois. No mesmo dia do recolhimento das ovitrampas, foram
instaladas novas ovitrampas nos imóveis vizinhos. Durante todo o trabalho
manteve-se o cuidado na hora da instalação, de colocar as ovitrampas em locais
não acessíveis a animais domésticos ou crianças, e de se procurar lugares
sombreados.
O método estatístico escolhido para comparar o número de ovitrampas
positivas com o número de doentes por ano foi a Regressão Linear Simples,
realizada no software livre “R”. Procurou-se verificar se havia relação entre o
número de ovitrampas positivas e o número de casos de dengue em humanos a
cada ano. A análise dos resultados foi enviada a Secretaria Municipal de Saúde de
Maceió através de relatório, como sugestão de uma possível implantação nos
demais bairros, desse tipo de armadilha.
Vale salientar que encontramos dificuldades na análise dos dados por não
haver um padrão do número de armadilhas instaladas por mês, e ao mesmo tempo
a ausência do levantamento do índice larvário pelo município que serviria como
avaliação entre os dois métodos de vigilância (ovitrampa x índices de Breteau e
Predial). Portanto, não houve um aproveitamento melhor na comparação com outros
autores, já que os mesmos costumam comparar a ovitrampa com outros métodos de
vigilância vetorial.
A armadilha ovitrampa consiste em um vaso de plástico preto, com
capacidade aproximada de 300 ml, onde se coloca uma solução atrativa (água com
extrato de feno) para a fêmea de A. aegypti. Como suporte para oviposição,
18

elabora-se uma palheta (geralmente de Eucatex) com dimensões de 2,5 cm por


12,5 cm, sendo que uma das superfícies tem que ser rugosa ou áspera em uma
das faces. Um terço aproximadamente do comprimento desta palheta ficará imersa
em água para garantir a faixa de umidade adequada à oviposição. Um clipe
mantém a palheta fixa e em posição diagonal dentro da armadilha. O vaso precisa
ser perfurado lateralmente para manter o limite máximo de imersão da palheta na
água em caso de cair água da chuva.

Figura 1: Armadilha ovitrampa. CCZ/Maceió.


As armadilhas foram instaladas em casas e edifícios com as seguintes
premissas:
1. As ovitrampas foram instaladas no peridomicílio, em lugares sombreados
e protegidos da chuva e do alcance das crianças e animais domésticos.
2. As palhetas ficaram imersas em água, por algum tempo, antes de colocá-
las na armadilha.
3. Na ovitrampa foi adicionada solução de 10% de infusão de feno e
completou-se com água, para um volume total de 300 ml. Posteriormente foi
colocada uma palheta de “Eucatex,” devidamente identificada, fixada na diagonal,
no interior da ovitrampa com um clips grande, com o lado da palheta mais áspero
exposto para cima para melhor aderência dos ovos nesta.
4. Ao final de cinco dias as palhetas e ovitrampas foram retiradas da
seguinte forma:
19

- Retirada da palheta.
- Enxugamento do excesso de água da palheta.
- Deixou-se a palheta em local seguro para evitar eclosões dos ovos.
- Transporte das palhetas para o Laboratório de Entomologia.
- Registro de todas as informações de campo (boletim).

4.1 Procedimentos no Laboratório

1. Verificação dos registros do material de campo no boletim.


2. Verificação ao microscópio entomológico das palhetas e separação das
positivas (contando-se o número de ovos).
3. Eliminação dos ovos; a palheta foi lavada com bucha ou escova.
20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Ovitrampas instaladas nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca no
ano de 2007, e relação com casos humanos de dengue.

Referente à análise do ano de 2007, conforme a TABELA I e FIGURAS 2 e 3,


o maior número de doentes com dengue na área pesquisada foi no mês de Junho
com a notificação de 70 casos e, em Janeiro, o menor, com apenas um caso. O mês
de Fevereiro foi o mais relevante proporcionalmente para armadilhas ovitrampas,
com 88,6% de residências positivas e, o menos relevante, o mês de Dezembro com
22,3% de residências positivas.
A maior densidade de ovos capturados foi no mês de Julho com 21.018 ovos,
nesse mesmo mês foram 60 casos diagnosticados de pessoas doentes. A menor
densidade de ovos foi encontrada no mês de outubro com 9.339 ovos capturados e
31 casos de doentes.

TABELA I: Armadilhas ovitrampas instaladas e casos de humanos de dengue nos


bairros de Jatiúca e Ponta Verde no ano de 2007 em Maceió.
Mês Quant.armadilhas Quant.positiva % Ovos Doentes

Janeiro 0160 108 67,5 13960 01


Fevereiro 0247 219 88,6 16714 07
Março 0450 331 73,5 13179 15
Abril 0446 320 71,7 18304 21
Maio 0625 318 50,8 12403 45
Junho 0752 428 56,9 16801 70
Julho 0892 491 55,0 21018 60
Agosto 0880 403 45,7 11761 60
Setembro 0869 402 46,2 13539 43
Outubro 0668 262 39,2 09339 31
Novembro 1138 438 38,4 16053 20
Dezembro 1173 262 22,3 09349 16

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.


21

1400

1200
1173
1138

1000

892 880 869


800
752
Quant.armadilhas
668
600 625 Quant.positiva

491
450 446 428 438
400 403 402
331 320 318
247 262 262
200 219
160
108

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 2: Densidade de ovitrampas instaladas e positivas no ano de 2007 nos bairros


de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.

Ovos
25000

21018
20000
18304
16714 16801 16053
15000
13960 13539
13179 12403 11761 Ovos
10000 9339 9349

5000

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 3: Densidade de ovos por ovitrampa no ano de 2007 nos bairros de Jatiúca e
Ponta Verde em Maceió.
22

A análise das ovitrampas para o ano de 2007 detectou a presença dos ovos
mesmo quando o número de casos de dengue em Janeiro foi apenas um e em
Setembro começou a decrescer conforme a TABELA 1 e FIGURA 2. O resultado da
Regressão Linear para o ano de 2007 conforme a FIGURA 4 demonstra através do
item “P1” realçado de amarelo, que a cada armadilha positiva aumenta o número de
caso de Dengue em 0.15931 (isso significa que para cada seis armadilhas positivas
tem um doente).
Em Adjusted R-squared temos que 53% do aumento do número de casos de
dengue são explicados pelo número de palhetas positivas. No valor de p1 =
0.004332, vemos que a hipótese nula foi afastada com o seu valor menor que 0,05.
No teste normal Shapiro-Wilk vemos que o resultado do valor de p2 = 0.9837 foi
maior que 0,05 o que nos indica que os resíduos foram bem distribuídos.
Independente da relação de 53% do número de casos de dengue serem explicados
pelo aumento de ovitrampas positivas no ano em questão, a ovitrampa se mostrou
sensível para detectar a presença do mosquito vetor.
70
60
50
40
D

30
20
10
0

100 200 300 400 500

FIGURA 4: Frequência da quantidade de armadilhas positivas e o número de pessoas


doentes para o ano de 2007 nos bairros de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.
23

Estimate Std.
Error t value Pr(>|t|)
(Intercept) -20.44804 15.09854 -1.354 0.20545
P1 0.15931 0.04343 3.668 0.00433 **
Signif. codes: 0 ‘***’ 0.001 ‘**’ 0.01 ‘*’ 0.05 ‘.’ 0.1 ‘ ’ 1
Residual standard error: 15.59 on 10 degrees of freedom
Multiple R-squared: 0.5736, Adjusted R-squared: 0.531
F-statistic: 13.45 on 1 and 10 DF, p1-value: 0.004332 de
Shapiro-Wilk normality test
data: resid(resultados) W = 0.98, p2-value = 0.9837

FIGURA 4: Quanto mais próximo os pontos estiverem da reta, maior similaridade entre
ovitrampas positivas e o número de doentes.
Onde:
D=casos humanos de dengue.
P=palhetas positivas nas ovitrampas.
P1 é dependente de Adjusted R-squared sendo seu valor significante quando R-squared é
maior que 0.5 em %.
Adjusted R-squared: em %
0.5 > é significativo, 0.5 < é insignificante.
Resultado de p1-valor:
p1-valor > 0,05 a hipótese nula não foi afastada e o resultado do teste não é significativo.
p1-valor < 0,05 o resultado é significativo.
Resultado de Shapiro-Wilk normality:
p2-valor > 0,05 os resíduos foram bem distribuídos e o resultado é significativo.
p2-valor < 0,05 os resíduos não foram bem distribuídos e o resultado não é significativo.
24

5.2 Ovitrampas instaladas nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca no


ano de 2008, e relação com casos humanos de dengue.

Em 2008 conforme a TABELA II e FIGURAS 5 e 6, o maior número de


doentes na área pesquisada foi no mês de Abril, com a notificação de 85 casos de
dengue; e o mês de Outubro com o menor número, com quatro casos notificados. O
mês de Maio foi o mais relevante proporcionalmente para armadilha ovitrampa, com
62,3% de residências positivas, e o mês de Janeiro com 20,7% de residências
positivas, o menos relevante.
A maior densidade de ovos capturados foi no mês de Junho com 15.441 ovos,
nesse mesmo mês foram 36 casos de pessoas doentes. A menor densidade de ovos
foi encontrada no mês de Agosto com 6.101 ovos capturados e treze pessoas
doentes.

TABELA II: Armadilhas ovitrampas instaladas e casos de humanos de dengue nos


bairros de Jatiúca e Ponta Verde no ano de 2008 em Maceió.
Mês Quant.armadilhas Quant.positiva % Ovos Doentes

Janeiro 1194 248 20,7 09979 11


Fevereiro 1510 352 23,3 12803 26
Março 0544 195 35,8 07566 29
Abril 0432 257 59,4 10633 85
Maio 0667 416 62,3 15038 68
Junho 0633 355 56,0 15441 36
Julho 0761 292 38,3 09509 21
Agosto 0737 206 27,9 06101 13
Setembro 0798 270 33,8 08750 10
Outubro 0470 217 46,1 08078 04
Novembro 0626 307 49,0 13349 10
Dezembro 0710 301 42,3 10854 15

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.


25

1600
1510
1400

1200 1194

1000

800 798 Quant.armadilhas


761 737
710 Quant.positiva
667
633 626
600
544
470
432 416
400
352 355
292 307 301
248 257 270
200 195 206 217

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 5: Densidade de ovitrampas instaladas e positivas no ano de 2008 nos bairros


de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.

Ovos
18000
16000
1503815441
14000
12803 13349
12000
10633 10854
10000 9979 9509
8750 Ovos
8000 7566 8078
6000 6101
4000
2000
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 6: Densidade de ovos por ovitrampa no ano de 2008 nos bairros de Jatiúca e
Ponta Verde em Maceió.
26

A ovitrampa teve um bom desempenho em detectar a presença do vetor.


Quando os casos de dengue decresceram em Maio a ovitrampa conseguiu ser um
marcador sensível na área pesquisada no ano de 2008 conforme as FIGURAS 5 e 6.
O resultado da Regressão Linear para o ano de 2008, conforme a FIGURA 7
demonstra através do item “P1” realçado de amarelo que a cada armadilha positiva
aumenta o número de casos de dengue em 0.1446; em Adjusted R-squared, temos
que 6% do aumento do número de casos de dengue são explicados pelo aumento
do número de palhetas positivas nas ovitrampas.
No valor de p1 = 0.2165 vemos que a hipótese nula não foi afastada com o
seu valor maior que 0,05. No teste normal Shapiro-Wilk vemos que o resultado do
valor de p2 = 0.003929 foi menor que 0,05 o que nos indica que os resíduos não
foram bem distribuídos. Esse ano de 2008 não houve uma relação entre o aumento
do número de ovitrampas positivas e os casos de dengue, porém, a ovitrampa se
mostrou sensível para marcar a presença do vetor durante todo o ano em questão.
80
60
D

40
20

200 250 300 350 400

FIGURA 7: Frequência da quantidade de armadilhas positivas e o número de pessoas


doentes para o ano de 2008 nos bairros de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.
27

Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)


(Intercept) -13.8360 31.9787 -0.433 0.674
P1 0.1446 0.1096 1.319 0.217
Residual standard error: 24.19 on 10 degrees of freedom
Multiple R-squared: 0.1482, Adjusted R-squared: 0.06306
F-statistic: 1.74 on 1 and 10 DF, p1-value: 0.2165
Shapiro-Wilk normality test
data: resid(resultados1)
W = 0.7658, p2-valor = 0.003929

FIGURA 7: Quanto mais próximo os pontos estiverem da reta, maior similaridade entre
ovitrampas positivas e o número de doentes.
Onde:
D=casos humanos de dengue.
P=palhetas positivas nas ovitrampas.
P1 é dependente de Adjusted R-squared sendo seu valor significante quando R-squared é
maior que 0.5 em %.
Adjusted R-squared: em %
0.5 > é significativo, 0.5 < é insignificante.
Resultado de p1-valor:
p1-valor > 0,05 a hipótese nula não foi afastada e o resultado do teste não é significativo.
p1-valor < 0,05 o resultado é significativo.
Resultado de Shapiro-Wilk normality:
p2-valor > 0,05 os resíduos foram bem distribuídos e o resultado é significativo.
p2-valor < 0,05 os resíduos não foram bem distribuídos e o resultado não é significativo.
28

5.3 Ovitrampas instaladas nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca no


ano de 2010, e relação com casos humanos de dengue.

Em 2010 conforme a TABELA III e FIGURAS 8 e 9, o maior número de


doentes foi em Junho com a notificação de 218 casos de dengue na área
pesquisada, e o menor em Janeiro com a notificação de quatro casos; em Junho foi
o mês mais relevante proporcionalmente para armadilhas ovitrampa na área
pesquisada com 43,6% de residências positivas, e o menos relevante foi em
Dezembro com 17,2 de residências positivas.
A maior densidade de ovos capturados foi no mês de Setembro com 7656
ovos, nesse mesmo mês foram 51 casos de pessoas doentes; a menor densidade
de ovos foi encontrada no mês de Dezembro com 728 ovos capturados e onze
pessoas doentes. Nos meses de Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Julho à pesquisa
com ovitrampa não foi realizada por motivos operacionais.

TABELA III: Armadilhas ovitrampas instaladas e casos de humanos de dengue nos


bairros de Jatiúca e Ponta Verde no ano de 2010 em Maceió.
Mês Quant.armadilhas Quant.positiva % Ovos Doentes

Janeiro 000 000 00,0 0000 004


Fevereiro 000 000 00,0 0000 018
Março 000 000 00,0 0000 049
Abril 000 000 00,0 0000 112
Maio 610 205 33,6 6356 158
Junho 298 130 43,6 5305 218
Julho 000 000 00,0 0000 190
Agosto 324 099 30,5 4261 119
Setembro 608 199 32,7 7656 051
Outubro 639 181 28,3 7420 028
Novembro 331 068 20,9 2255 010
Dezembro 151 026 17,2 0728 011

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.


29

700

639
600 610 608

500

400
Quant.armadilhas
324 331
300 298 Quant.positiva

200 205 199


181
151
130
100 99
68
26
0 0 0 0 0 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 8: Densidade de ovitrampas instaladas e positivas no ano de 2010 nos bairros


de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.

Ovos
9000
8000
7656 7420
7000
6356
6000
5000 5305

4000 4261 Ovos


3000
2000 2255

1000
728
0 0 0 0 0 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 9: Densidade de ovos por ovitrampa no ano de 2010 nos bairros de Jatiúca e
Ponta Verde em Maceió.
30

O resultado da Regressão Linear para o ano de 2010 conforme a FIGURA 10


demonstra através do item “P1” realçado de amarelo que a cada armadilha positiva
aumenta o número de casos de dengue em 0.4025. Em Adjusted R-squared temos
que - 5% do número de casos de dengue são explicados pelo aumento do número
de palhetas positivas.
No valor de p1 = 0.4531 vemos que a hipótese nula não foi afastada sendo
seu valor maior que 0,05. No teste normal Shapiro-Wilk vemos que o resultado do
valor de p2 = 0.3008 foi maior que 0,05 o que nos indica que os resíduos foram bem
distribuídos.
Esse ano não houve uma relação entre o aumento do número de ovitrampas
positivas e os casos de dengue, porque o teste estatístico sofreu limitações devido a
descontinuidade do trabalho em alguns meses do ano, porém, a ovitrampa se
mostrou sensível para a presença do vetor durante todo o ano, apesar da
descontinuidade do trabalho de instalação das armadilhas em alguns meses do ano
de 2010.
200
150
D

100
50

50 100 150 200

FIGURA 10: Frequência da quantidade de armadilhas positivas e o número de pessoas


doentes para o ano de 2010 nos bairros de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.
31

Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)


(Intercept) 32.7922 71.5809 0.458 0.666
P1 0.4025 0.4950 0.813 0.453
Residual standard error: 83.72 on 5 degrees of freedom
Multiple R-squared: 0.1168, Adjusted R-squared: -0.05985
F-statistic: 0.6612 on 1 and 5 DF, p1-value: 0.4531
Shapiro-Wilk normality test
data: resid(resultados2)
W = 0.8948, p2-value = 0.3008

FIGURA 10: Quanto mais próximo os pontos estiverem da reta, maior similaridade entre
ovitrampas positivas e o número de doentes.
Onde:
D=casos humanos de dengue.
P=palhetas positivas nas ovitrampas.
P1 é dependente de Adjusted R-squared sendo seu valor significante quando R-squared é
maior que 0.5 em %.
Adjusted R-squared: em %
0.5 > é significativo, 0.5 < é insignificante.
Resultado de p1-valor:
p1-valor > 0,05 a hipótese nula não foi afastada e o resultado do teste não é significativo.
p1-valor < 0,05 o resultado é significativo.
Resultado de Shapiro-Wilk normality:
p2-valor > 0,05 os resíduos foram bem distribuídos e o resultado é significativo.
p2-valor < 0,05 os resíduos não foram bem distribuídos e o resultado não é significativo.
32

5.4 Ovitrampas instaladas nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca no


ano de 2011, e relação com casos humanos de dengue.

No ano de 2011 conforme a TABELA IV e FIGURAS 11 e 12, o maior número


de doentes se deu em Março com a notificação de 22 casos na área pesquisada, e o
menor em Outubro com a notificação de cinco casos. No mês de Março tivemos a
maior relevância proporcionalmente na área pesquisada de armadilhas ovitrampas
com 25,2% de residências positivas, e a menor relevância em Dezembro com 1% de
residências positivas.
A maior densidade de ovos capturados foi no mês de Junho com 2.619 ovos,
nesse mesmo mês foram oito casos de pessoas doentes; a menor densidade de
ovos foi encontrada no mês de Dezembro com 86 ovos capturados e nove pessoas
doentes. A pesquisa com armadilha ovitrampa não foi realizada nos meses de
Janeiro, Fevereiro e Novembro por motivos operacionais.

TABELA IV: Armadilhas ovitrampas instaladas e casos de humanos de dengue nos


bairros de Jatiúca e Ponta Verde no ano de 2011 em Maceió.
Mês Quant.armadilhas Quant.positiva % Ovos Doentes

Janeiro 000 00 00,0 0000 19


Fevereiro 000 00 00,0 0000 10
Março 348 88 25,2 2073 22
Abril 437 70 16,0 1757 12
Maio 483 42 08,0 1693 06
Junho 532 68 12,7 2619 08
Julho 390 16 04,0 0579 09
Agosto 910 35 03,0 1126 11
Setembro 669 48 07,0 1026 07
Outubro 523 61 11,0 1748 05
Novembro 000 00 00,0 0000 08
Dezembro 199 03 01,0 0086 09

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.


33

1000

900 910

800

700
669
600
532 523
500 Quant.armadilhas
483
437 Quant.positiva
400 390
348
300

200 199

100 88 70 68 61
42 35 48
0 0 0 0 163
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 11: Densidade de ovitrampas instaladas e positivas no ano de 2011 nos bairros
de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.

Ovos
3000
2619
2500

2000 2073
1757 1693 1748
1500
Ovos
1126 1026
1000

500 579

0 0 0 0 86
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 12: Densidade de ovos por ovitrampa no ano de 2011 nos bairros de Jatiúca e
Ponta Verde em Maceió.
34

O resultado da Regressão Linear para o ano de 2011 conforme a FIGURA 13


demonstra através do item “P1” realçado de amarelo que a cada armadilha positiva,
aumenta o número de casos de dengue em 0.08581; em Adjusted R-squared temos
que 9% do aumento do número de casos de dengue são explicados pelo aumento
do número de palhetas positivas.
No valor de p1 = 0.212 vemos que a hipótese nula não foi afastada sendo seu
valor maior que 0,05. No teste normal Shapiro-Wilk vemos que o resultado do valor
de p2 = 0.6156 foi maior que 0,05 o que nos indica que os resíduos foram bem
distribuídos. Esse ano não houve relação entre o aumento do número de ovitrampas
positivas e os casos de dengue, porém, a ovitrampa se mostrou sensível para a
presença do mosquito durante todo o ano, apesar da descontinuidade do trabalho de
instalação das armadilhas em Janeiro, Fevereiro e Novembro por motivos
operacionais.

FIGURA 13: Frequência da quantidade de armadilhas positivas e o número de pessoas


doentes para o ano de 2011 nos bairros de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.
35

Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)


(Intercept) 5.77939 3.39311 1.703 0.132
P1 0.08581 0.06248 1.374 0.212
Residual standard error: 4.802 on 7 degrees of freedom
Multiple R-squared: 0.2123, Adjusted R-squared: 0.09977
F-statistic: 1.887 on 1 and 7 DF, p1-value: 0.212
Shapiro-Wilk normality test
data: resid(resultados) W = 0.9432, p2-value = 0.6156

FIGURA 13: Quanto mais próximo os pontos estiverem da reta, maior similaridade entre
ovitrampas positivas e o número de doentes.
Onde:
D=casos humanos de dengue.
P=palhetas positivas nas ovitrampas.
P1 é dependente de Adjusted R-squared sendo seu valor significante quando R-squared é
maior que 0.5 em %.
Adjusted R-squared: em %
0.5 > é significativo, 0.5 < é insignificante.
Resultado de p1-valor:
p1-valor > 0,05 a hipótese nula não foi afastada e o resultado do teste não é significativo.
p1-valor < 0,05 o resultado é significativo.
Resultado de Shapiro-Wilk normality:
p2-valor > 0,05 os resíduos foram bem distribuídos e o resultado é significativo.
p2-valor < 0,05 os resíduos não foram bem distribuídos e o resultado não é significativo.
36

5.5 Ovitrampas instaladas nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca no


ano de 2012, e relação com casos humanos de dengue.

Em 2012 conforme a TABELA V e FIGURAS 14 e 15, o maior número de


doentes foi em Maio com a notificação de 136 casos na área pesquisada, e o menor
em Dezembro com a notificação de seis casos; em Setembro tivemos a maior
relevância proporcionalmente na área pesquisada de armadilhas ovitrampa com
11,3% de residências positivas, e a menor relevância em Maio com 5% de
residências positivas.
A maior densidade de ovos capturados foi no mês de Março com 1686 ovos,
nesse mesmo mês foram 104 casos de pessoas doentes; a menor densidade de
ovos foi encontrada no mês de Abril com 231 ovos capturados e 124 pessoas
doentes.

TABELA V: Armadilhas ovitrampas instaladas e casos de humanos de dengue nos


bairros de Jatiúca e Ponta Verde no ano de 2012 em Maceió.
Mês Quant.armadilhas Quant.positiva % Ovos Doentes

Janeiro 227 23 10,0 1122 012


Fevereiro 227 23 10,0 1120 033
Março 356 37 10,3 1686 104
Abril 210 22 10,4 0231 124
Maio 458 27 05,0 0723 136
Junho 277 20 07,0 0588 121
Julho 147 13 08,0 0524 120
Agosto 157 30 19,0 1140 100
Setembro 422 48 11,3 0647 045
Outubro 163 24 14,0 0713 047
Novembro 449 33 07,0 1204 032
Dezembro 100 06 06,0 0350 006

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.


37

500

450 458 449


422
400

350 356

300
277
250 Quant.armadilhas
227 227 Quant.positiva
200 210

157 163
150 147

100 100

50 48
37 30 33
23 23 22 27 20 24
13 6
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 14: Densidade de ovitrampas instaladas e positivas no ano de 2012 nos bairros
de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.

Ovos
1800
1686
1600
1400
1200 1204
1122 1120 1140
1000
800 Ovos
723 713
600 588 647
524
400 350
200 231
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

FIGURA 15: Densidade de ovos por ovitrampa no ano de 2012 nos bairros de Jatiúca e
Ponta Verde em Maceió.
38

O resultado da Regressão Linear para o ano de 2012 conforme a FIGURA 16


demonstra através do item “P1” realçado de amarelo que a cada armadilha positiva,
aumenta o número de caso de dengue em 0.1548. Em Adjusted R-squared temos
que -9% do número de casos de dengue são explicados pelo aumento do número de
ovitrampas positivas.
No valor de p1 = 0.9141 vemos que a hipótese nula não foi afastada sendo
seu valor maior que 0,05. No teste normal de Shapiro-Wilk vemos que o resultado
do valor de p2 = 0.06092 foi maior que 0,05 o que nos indica que os resíduos foram
bem distribuídos. Esse ano não houve uma relação entre o aumento do número de
ovitrampas positivas e os casos de dengue, porém, a ovitrampa se mostrou sensível
para a presença do mosquito durante todo o ano de 2012.
140
120
100
80
D

60
40
20

10 20 30 40

FIGURA 16: Frequência da quantidade de armadilhas positivas e o número de pessoas


doentes para o ano de 2012 nos bairros de Jatiúca e Ponta Verde em Maceió.
39

Estimate Std. Error t value Pr(>|t|)


(Intercept) 69.3848 38.5794 1.798 0.102
P1 0.1548 1.3999 0.111 0.914
Residual standard error: 50.69 on 10 degrees of freedom
Multiple R-squared: 0.001222, Adjusted R-squared: -0.09866
F-statistic: 0.01224 on 1 and 10 DF, p1-value: 0.9141
Shapiro-Wilk normality test
data: resid(resultados) W = 0.8676, p2-value = 0.06092

FIGURA 16: Quanto mais próximo os pontos estiverem da reta, maior similaridade entre
ovitrampas positivas e o número de doentes.
Onde:
D=casos humanos de dengue.
P=palhetas positivas nas ovitrampas.
P1 é dependente de Adjusted R-squared sendo seu valor significante quando R-squared é
maior que 0.5 em %.
Adjusted R-squared: em %
0.5 > é significativo, 0.5 < é insignificante.
Resultado de p1-valor:
p1-valor > 0,05 a hipótese nula não foi afastada e o resultado do teste não é significativo.
p1-valor < 0,05 o resultado é significativo.
Resultado de Shapiro-Wilk normality:
p2-valor > 0,05 os resíduos foram bem distribuídos e o resultado é significativo.
p2-valor < 0,05 os resíduos não foram bem distribuídos e o resultado não é significativo.
40

Análise dos resultados do ano de 2007:


- O maior número de doentes por dengue na área pesquisada foi no mês de
Junho (70 casos) representando 18% do total do ano. O menor foi em Janeiro (um
caso) representando 0,25% do total anual.
- Em Fevereiro houve a maior densidade de armadilhas positivas para ovos
proporcionalmente sendo 88% do total de armadilhas instaladas. No mês de
Dezembro foi encontrado o menor número de armadilhas positivas sendo 22% do
total de armadilhas instaladas.
- Em julho (21018 ovos) ocorreu a maior densidade de ovos sendo 12% do
total de ovos capturados no ano inteiro, e em Outubro (9339 ovos) a menor
densidade com 5% do total anual.
-No resultado da Regressão Linear onde foi investigada a possível relação
entre o número de armadilhas positivas e número de doentes, 53% do número de
casos de dengue são explicados pela quantidade de armadilhas positivas na área
pesquisada; para cada seis armadilhas positivas tem um doente por dengue.
Análise dos resultados do ano de 2008:
- O maior número de doentes por dengue na área pesquisada foi no mês de
Abril (85 casos) representando 26% do total do ano. O menor foi em Outubro (quatro
casos) representando 1% do total anual.
- Em Fevereiro houve a maior densidade de armadilhas positivas para ovos
proporcionalmente sendo 62% do total de armadilhas instaladas. No mês de Janeiro
foi encontrado o menor número de armadilhas positivas, sendo 20% do total de
armadilhas instaladas.
- Em Junho (15441 ovos) ocorreu a maior densidade de ovos sendo 12% do
total de ovos capturados no ano inteiro, e em Agosto (6101 ovos) a menor
densidade com 4% do total anual.
-No resultado da Regressão Linear onde foi investigada a possível relação
entre o número de armadilhas positivas e número de doentes, não houve relação
entre as variáveis porque a hipótese nula não foi afastada no resultado do teste
estatístico.
Análise dos resultados do ano de 2010:
- O maior número de doentes por dengue na área pesquisada foi no mês de
Junho (218 casos) representando 22% do total do ano. O menor foi em Janeiro
(quatro casos) representando 0,04% do total anual.
41

- Em Junho houve a maior densidade de armadilhas positivas para ovos


proporcionalmente sendo 43% do total de armadilhas instaladas. No mês de
Dezembro foi encontrado o menor número de armadilhas positivas, sendo 17% do
total de armadilhas instaladas.
- Em Setembro (7656 ovos) ocorreu a maior densidade de ovos sendo 22%
do total de ovos capturados no ano inteiro e em Dezembro (6101 ovos) a menor
densidade com 2% do total anual.
-No resultado da Regressão Linear onde foi investigada a possível relação
entre o número de armadilhas positivas e número de doentes, não houve relação
entre as variáveis porque a hipótese nula não foi afastada no resultado do teste
estatístico.
Análise dos resultados do ano de 2011:
- O maior número de doentes por dengue na área pesquisada foi no mês de
Março (22 casos) representando 17% do total do ano. O menor foi no mês de
Outubro (cinco casos) representando 4% do total anual.
- Em Março houve a maior densidade de armadilhas positivas para ovos
proporcionalmente sendo 25% do total de armadilhas instaladas. No mês de
Dezembro foi encontrado o menor número de armadilhas positivas, sendo 1% do
total de armadilhas instaladas.
- Em Junho (2619 ovos) ocorreu a maior densidade de ovos sendo 20% do
total de ovos capturados no ano inteiro, e em Dezembro (86 ovos) a menor
densidade com 0,06% do total anual.
-No resultado da Regressão Linear onde foi investigada a possível relação
entre o número de armadilhas positivas e número de doentes, não houve relação
entre as variáveis porque a hipótese nula não foi afastada no resultado do teste
estatístico.
Análise dos resultados do ano de 2012:
- O maior número de doentes por dengue na área pesquisada foi no mês de
Maio (136 casos) representando 15% do total do ano. O menor foi no mês
Dezembro (seis casos) representando 0,06% do total anual.
- Em Setembro houve a maior densidade de armadilhas positivas para ovos
proporcionalmente, sendo 11% do total de armadilhas instaladas. No mês de Maio
foi encontrado o menor número de armadilhas positivas sendo 5% do total de
armadilhas instaladas.
42

- Em Março (1686 ovos) ocorreu a maior densidade de ovos sendo 16% do


total de ovos capturados no ano inteiro, e em Abril (231 ovos) a menor densidade
com 2% do total anual.
- No resultado da Regressão Linear onde foi investigada a possível relação
entre o número de armadilhas positivas e número de doentes, não houve relação
entre as variáveis porque a hipótese nula não foi afastada no resultado do teste
estatístico.
Em achados de pesquisas anteriores com o método de ovitrampa, vários
autores confirmam que esta armadilha é sensível e prática, e que pode ser utilizada
na vigilância vetorial por detectar a presença do A. aegypti mais precocemente e
onde a densidade é tão baixa que outros métodos de vigilância entomológica não
conseguem detectar.
A ovitrampa mostrou-se ser um método mais eficiente de detecção precoce
da presença do A. aegypti em relação à pesquisa pelo método de captura de larvas
na vigilância vetorial como demonstraram Junior Rubens et al. (1997) e Fay e
Eliason (1966). Em seu trabalho Honório (2009) também enfoca:
“De fato, nossos resultados corroboram com estudos
anteriores, que mostraram que as ovitrampas são armadilhas
muito sensíveis e capazes de detectar a presença ou ausência
de Ae. aegypti em áreas de baixa infestação, discriminar e
comparar a infestação entre diferentes áreas e períodos do ano
(p.151).”

Já Morato et al. (2005) afirmam que o índice de ovitrampa positivas e o índice


de densidade de ovos, oferece condições de melhor mensurar a infestação de uma
cidade com custo operacional reduzido e com maior facilidade de padronização do
que outros métodos de vigilância, como índice de Breteau e Predial. As ovitrampas
registram dados úteis para análise da dispersão espacial e temporal (sazonal) de
ovos do mosquito, ainda, os resultados obtidos com essa metodologia são usados
para verificar o impacto de medidas de controle (BONAT, JUNIOR, et al., 2009).
Sobre a importância da ovitrampa como método prático e econômico Camargos
et al. (2013) assim se posicionam:
“O uso de ovitrampas é um método prático, eficiente e
econômico de monitoramento de população do vetor do
DENGUE... uma vez que os ovos são um indicativo da
presença de fêmeas de Aedes spp. grávidas... Assim, estes
contribuem para atuar como preditores de casos de dengue...
(p.66).”
43

Em seu estudo Marques et al. (1993) esclarecem que a ovitrampa apresenta-


se como um bom instrumento de detecção precoce de vetores do Dengue e Febre
Amarela. No uso do método por ovitrampa “a chance de detectar um domicílio
positivo para ovos é significantemente maior que a chance de identificar um
domicílio positivo para larvas” (BRAGA, GOMES, et al., 2000). Por fim, em sua Nota
Técnica a FIOCRUZ (2014) em sua avaliação dos diversos métodos de vigilância
entomológica entre os anos de 2009 a 2012 afirma:
“Especificidade: definida como a capacidade da armadilha em
capturar preferencialmente a espécie-alvo, A. aegypti. A
ovitrampa foi a armadilha significativamente mais específica,
sempre superior a 90%... A ovitrampa foi a armadilha mais
sensível e específica do estudo, e a de menor custo. Contudo,
apresenta desvantagens, como o tempo gasto para contar os
ovos e a necessidade de eclodi-los para obter informação em
nível de espécie (p. 4 e 5).”

Nosso trabalho confirmou estes estudos quando indica que a ovitrampa é um


ótimo marcador da presença do vetor pelo encontro de ovos característicos da
espécie A. aegypti nas armadilhas colocadas em dois bairros de Maceió.
44

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em Fevereiro de 2007 houve a maior densidade de armadilhas positivas para


ovos característicos de Aedes aegypti do total (88%) de armadilhas instaladas.
Em Junho de 2007 ocorreu a maior densidade de ovos (21.018) e em
Dezembro (86 ovos) de 2011 a menor densidade.
O resultado da Regressão Linear para o ano de 2007 conforme o GRÁFICO 4
indicou que 53% do número de casos de dengue são explicados pela quantidade de
armadilhas positivas na área pesquisada. Para cada seis armadilhas positivas temos
um doente por dengue. Nos demais anos 2008, 2010, 2011 e 2012 não houve
relação entre as variáveis porque a hipótese nula não pôde ser afastada sendo o
seu valor maior que 0,05 no teste estatístico.
O maior número de doentes por dengue foi encontrado em Junho de 2010
com 218 casos representando 22% do total do ano e o menor em Janeiro (quatro
casos) representando 0,04% .
A ovitrampa apresentou sensibilidade para detectar a presença do Aedes
aegypti e pode discriminar áreas de alta e baixa infestação podendo ser utilizada
como índice espacial e de densidade.
Os ovos coletados foram destruídos o que pode ter levado a diminuição da
densidade do mosquito na área pesquisada.
O Programa de Controle do Dengue da Secretaria Municipal de Saúde de
Maceió foi comunicado destes resultados como sugestão da possível implantação
da ovitrampa como método de controle nos demais bairros de Maceió por ser um
método prático e de um custo x benefício razoável.
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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49

ANEXOS

Anexo I – Ovos de Aedes depositados na palheta

Fonte: CCZ/Maceió
50

Anexo II – Boletim de Campo


51

Anexo III – Boletim do Resultado do exame da Palheta para entrega ao


morador.

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