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Noções de Direito Administrativo p/ Auditor de

Controle Externo do TCDF. Teoria e exercícios


comentados
Prof. Daniel Mesquita Aula 04

AULA 04: Atos administrativos.

SUMÁRIO

1) INTRODUÇÃO À AULA 04 2

2) TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO. 2

2.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULÁVEIS E INEXISTENTES. 3


2.2 TEORIAS MONISTA (OU UNITÁRIA) E DUALISTA. 3
2.3 VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO. 4
2.4 DESCONSTITUIÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 6
2.4.1 INVALIDAÇÃO E DECADËNCIA 6
2.4.2 REVOGAÇÃO 17
2.5 CONVALIDAÇÃO (OU SANATÓRIA) 27
2.6 CADUCIDADE 31

3) PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 32

4) RESUMO DA AULA. 36

5) QUESTÕES 41

6) REFERÊNCIAS 46

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1) Introdução à aula 04

Que bom que você veio para a nossa aula!


Nesta nossa aula 04 do curso de Direito Administrativo
preparatório para Auditor de Controle Externo do TCDF, falaremos do
seguinte assunto: “3.2 Extinção do ato administrativo: cassação,
anulação, revogação e convalidação. 3.3 Decadência administrativa.”.
Não se esqueça que, ao final, você terá um resumo da aula e as
questões tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na
véspera da prova!
Num concurso como este, em que a matéria é muito extensa, não
há como você ler uma aula hoje e apreender tudo até o dia da prova.
Por isso, programe-se para ler os resumos na semana que antecede a
prova. Lembre-se: o planejamento é fundamental.
Chega de papo, vamos a luta!

2) Teoria das nulidades no direito


administrativo.

Este ponto da aula representa cerca de 50% das questões


cobradas a respeito dos atos administrativos nos concursos.
Não é só por isso que você deve prestar atenção nesse ponto. A
teoria das nulidades no direito administrativo é a que sedimenta as
maiores divergências entre os administrativistas. Por isso, concluiremos
cada ponto com a posição dominante.
Portanto, MUITA ATENÇÃO!

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2.1 Atos administrativos nulos, anuláveis e


inexistentes.
Inicialmente, vamos diferenciar os conceitos básicos de atos
irregulares, nulos, anuláveis e inexistentes, no seguinte quadro:
Ato irregular Ato nulo Ato Ato inexistente
anulável
Apresentam Nasce com vício Nasce com Tem aparência de
defeitos insanável nos vício manifestação regular da
irrelevantes. seus elementos. sanável. Administração, mas
constitutivos. resta ausente um dos
elementos do ato
administrativo.

É importante a distinção entre os atos inexistentes e os nulos, pois


aqueles, ao contrário destes, nunca entraram no ordenamento jurídico,
não prescrevem, não podem ser convalidados e podem ser resistidos,
inclusive manu militari (Bandeira de Mello, 2010, p. 483).

2.2 Teorias monista (ou unitária) e dualista.


Há também divergência doutrinária quanto a própria existência de
distinção entre atos nulos e anuláveis. Afinal, existe diferença entre
atos nulos e atos anuláveis ou tudo é “farinha do mesmo saco”?
A teoria monista (Hely Lopes Meirelles, Gasparini e outros) informa
que o vício do ato administrativo acarreta sempre a sua nulidade. Tudo
seria “farinha do mesmo saco”. Não se poderia transportar para o
direito administrativo a distinção realizada pelo direito privado entre
atos anuláveis e atos nulos.
A teoria dualista (Bandeira de Mello, Carvalho Filho, Marcelo
Caetano e outros), por outro lado, enxerga diferença entre aos nulos e
anuláveis de acordo com a maior ou menor gravidade do vício, uma vez

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que é distinto o tratamento jurídico que se dá a cada uma das
situações.
Essa é a teoria que prevalece.
Mas qual seria o critério para diferenciar um ato nulo de um ato
anulável?
Para Bandeira Mello (2010, p. 471), o critério para se distinguir os
tipos de invalidade reside na possibilidade ou não de convalidar-se o
vício do ato. Desse modo, os atos inválidos se dividem em convalidáveis
e não convalidáveis. Os atos anuláveis são suscetíveis de convalidação,
os atos nulos e os inexistentes não.
Caro aluno, não estranhe se encontrar as expressões “nulidade
relativa” ou “nulidade absoluta”, elas designam, tão somente, atos
anuláveis (=convalidáveis) e atos nulos (=não convalidáveis),
respectivamente.
Assim, são nulos os atos que a lei assim os declare e aqueles em
que é racionalmente impossível a convalidação. São anuláveis os atos
que a lei assim os declare e os que podem ser novamente praticados
sem vício. Essa é a teoria que prevalece.

2.3 Vícios do ato administrativo.


Nesse ponto, não há muito mistério, caro concursando. Os vícios
do ato são analisados de acordo com os seus elementos (sujeito –
competência e capacidade –, objeto, forma, motivo e finalidade). Eles
estão definidos no art. 2º da Lei da Ação Popular, podendo atingir os
cinco elementos do ato. Passa-se à análise de cada um deles, com
fundamento na dicção legal e na doutrina mais aceita do direito
administrativo.
Os vícios relativos ao sujeito subdividem-se em vícios de
competência e vícios de capacidade (lembre-se, o elemento sujeito é
subdividido em competência e capacidade).

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A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir
nas atribuições legais do agente que o praticou, seja porque o agente
não é detentor das funções que exerce seja por exercê-las com
exorbitância de suas atribuições. No primeiro caso, o indivíduo estará
incorrendo em crime de usurpação de função (art. 328 do CP). No
segundo, ele age com excesso de poder.
Há também vício de competência na situação do agente de fato –
há apenas a aparência de investidura regular no cargo. Nesse caso,
protege-se a boa-fé dos administrados em razão da teoria da aparência
de legitimidade do ato.
Os vícios de incapacidade do sujeito são os previstos na
legislação civil (relacionados à idade e às patologias mentais) e -
segundo Di Pietro (2009, p. 240) – os decorrentes das situações de
impedimento (presunção absoluta de incapacidade) e de suspeição
(presunção relativa), previstas nos arts. 18 a 20 da Lei nº 9.784/99.
Nas hipóteses de suspeição e impedimento, o ato pode ser
convalidado pela autoridade que detém a capacidade para a prática do
ato.
O vício de forma, por sua vez, consiste na omissão ou na
observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à
existência ou seriedade do ato.
Ainda segundo a Lei nº 4.717/65, há vício no objeto quando o
resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo. Além disso, o objeto deve ser legítimo (lícito e moral),
possível e determinado.
Há vício quanto ao motivo quando a matéria de fato ou de direito,
em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado obtido. Além disso, pode-se
identificar vício no motivo quando a Administração se vale de
fundamento falso para a prática do ato.

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Por fim, há vício quanto à finalidade quando o agente pratica o
ato visando fins diversos daquele previsto, explícita ou implicitamente,
na regra de competência (desvio de finalidade = desvio de poder).

2.4 Desconstituição dos atos administrativos

2.4.1 Invalidação e decadëncia


Meu amigo concursando. Este tópico e o próximo são
indispensáveis à sua preparação para o seu concurso. Se você me
perguntasse qual tema deveria revisar nos últimos 10 minutos que
antecedem a prova desse concurso, eu diria, com toda sinceridade:
“Invalidação e revogação dos atos administrativos”.
Portanto, não desgrude os olhos dos próximos parágrafos!
O termo “invalidade” é usado pela doutrina majoritária como
gênero que engloba o conceito de atos nulos e anuláveis (Bandeira de
Mello, 2010, p. 461 e Carvalho Filho, 2005, p. 123), distanciando-se,
desse modo, do conceito de revogação (você verá abaixo que
revogação está relacionada ao mérito administrativo, ou seja, ao juízo
de conveniência e oportunidade do administrador público).
A invalidação é a retirada do ordenamento de um ato
administrativo produzido em desconformidade com a ordem
jurídica e se opera com efeitos retroativos (ex tunc). Ou seja,
com a invalidação, não só o ato viciado é retirado do ordenamento
jurídico, mas também todas as relações jurídicas que foram por ele
produzidas.
Tanto a Administração, de ofício ou por provocação (no exercício do
poder de autotutela), quanto o Judiciário, no curso de uma lide, podem
promover a invalidação.
O principal fundamento que autoriza a invalidação é o princípio da
legalidade. A Administração funda-se nesse princípio e, por isso, não
pode manter no ordenamento ato que sabe ser contrário ao direito. Do

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mesmo modo, o Poder Judiciário, não pode manter no ordenamento um
ato com vício de legalidade.
SINAL DE ALERTA: É importante observar que há algumas
distinções entre a invalidação do ato nulo e do ato anulável. O ato nulo
pode ser invalidado de ofício pelo juiz e não pode ser convalidado. O ato
anulável pode ser convalidado, legitimando o ato desde a sua edição, e
o Poder Judiciário só pode retirá-lo do ordenamento mediante
provocação. Nesse sentido, vale a transcrição do seguinte trecho da
julgamento do Superior Tribunal de Justiça no RESP 850270:
“II - A doutrina moderna do direito administrativo tem admitido,
mutatis mutandis, a aplicação das regras sobre nulidade dos atos
jurídicos do direito privado nas relações de direito público, definindo
os atos inválidos em nulos e anuláveis, a depender do grau de
irregularidade. No caso da primeira espécie (nulos), o ato é
insanável, não permitindo convalidação, podendo o vício ser
reconhecido de ofício pelo Juiz. Quanto aos atos anuláveis, admite-se
a convalidação, sendo possível o reconhecimento da invalidade
apenas por provocação do interessado”.

Assim, temos:
Ato nulo Ato anulável
não pode ser convalidado; pode ser convalidado;
pode ser retirado do mundo pode ser retirado do mundo
jurídico pela Administração e pelo jurídico pela Administração e pelo
Poder Judiciário; Poder Judiciário;
o Poder Judiciário pode retirar até o Poder Judiciário só retira
mesmo de ofício (sem que mediante provocação;
ninguém tenha alegado);
a Administração retira de ofício ou a Administração retira de ofício ou
por provocação. por provocação.

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Não pode o aluno confundir a situação da invalidação pelo Poder


Judiciário com a exercida no poder de autotutela pela Administração.
Nesta última, seja o ato nulo ou anulável, a Administração deve anulá-
lo de ofício, independentemente da provocação do interessado.
CUIDADO: O poder-dever da Administração de invalidar atos nulos
ou anuláveis não é irrestrito, há limitações. Como bem observa
Carvalho Filho (2005, p. 126), “em certas circunstâncias especiais
poderão surgir situações que acabem por conduzir a Administração a
manter o ato inválido”, uma vez que haverá uma única conduta
juridicamente viável para o administrador. Essas circunstâncias se
traduzem no decurso do tempo (=decadência), na consolidação dos
efeitos produzidos (segurança jurídica) e na persistência de efeitos com
relação aos indivíduos de boa-fé.
Com relação ao decurso do tempo (=decadência do direito da
Administração de anular), o art. 54 da Lei nº 9.784/99 dispõe que “o
direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 (cinco)
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé”.
Se houver má-fé do beneficiado pelo ato nulo, não há prazo
decadencial.
Se essa lei é de 1999, qual é o prazo decadencial para a
Administração anular os atos praticados antes da existência da Lei nº
9.784/99?
Para os atos anteriores à vigência da Lei nº 9.784/99, a Corte
Especial do STJ sedimentou o entendimento de que esses atos “podem
ser revistos pela Administração a qualquer tempo, por inexistir norma
legal expressa prevendo prazo para tal iniciativa. Somente após a Lei
9.784/99 incide o prazo decadencial de 5 anos nela previsto,

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presente mesmo nos casos de desrespeito ao devido processo legal pela
administração pública.
A presunção de legitimidade, meus caros, é relativa, iuris
tantum, de forma que o ato pode cair em face de prova que demostre,
inclusive, desrespeito ao devido processo legal, causa de ilegalidade.
Resposta: errado.

4. (CESPE – 2013 – TELEBRAS – Analista Superior) A


ilegalidade ou ilegitimidade do ato administrativo que determina a sua
anulação deve decorrer expressamente de violação da lei.

A ilegalidade ou ilegitimidade do ato administrativo que determina


sua anulação pode decorrer de violação aos princípios gerais de direito
também. Logo, está INCORRETA.

5. (CESPE - 2005 - TRE-GO - Técnico Judiciário - Área


Administrativa - adaptada) Um dos significados do princípio da
impessoalidade acarreta a validade, em alguns casos, dos atos do
chamado funcionário de fato, isto é, aquele irregularmente investido na
função pública, por entender-se que tais atos não são atribuíveis à
pessoa física do funcionário, mas ao órgão que ele compõe.

Pessoal, essa questão está localizada aqui para chamar a atenção


de vocês. Estamos tratando de anulabilidade do ato administrativo. Mas
tome cuidado! Quando se trata de agente de fato, nem sempre o caso é
de anulação. Esse é um peguinha típico de prova, por isso o coloquei
aqui.
Na Administração, não importa se é o servidor A ou B quem pratica
o ato (princípio da impessoalidade), aquele ato praticado é um ato da
administração, ou melhor, do órgão ao qual aquele agente está
vinculado (teoria do órgão). Assim, o ato do funcionário de fato, em
alguns casos (nas hipóteses em que não houver má-fé), poderá praticar

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atos que serão considerados válidos e esses atos serão atribuíveis ao
órgão que ele compõe.
Questão correta.

6. (CESPE – 2013 – CNJ – Analista Judiciário – Área Judiciária)


Com base no princípio da autotutela, e em qualquer tempo, a
administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando
estes estiverem eivados de vícios.

Prezados, o direito da Administração de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé (art. 54, “caput”, Lei nº 9.784/99).
O poder-dever de rever seus atos nem sempre é em qualquer tempo.
Logo, está INCORRETA.

7. (CESPE/ACE-TCU/2009) A revogação e a invalidação são


modalidades de extinção do ato administrativo. Quanto ao tema, é
pacífico o entendimento o do STF no sentido de que a administração
pública somente poderá revogar seus próprios atos por motivo de
conveniência e oportunidade, mas não poderá anulá-los, haja vista que
a análise relacionada aos vícios de legalidade do cabe Poder Judiciário.

Veja que esse é um tema bem recorrente em provas, meu


amigo, mais uma vez, lembre-se de que a Administração pode tanto
revogar quanto anular seus próprios atos sem a necessidade da atuação
do Judiciário.
Resposta: errado.

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8. (CE PE 2010 MPU Analista Biologia) A legalidade dos
atos administrativos vinculados e discricionários está sujeita à
apreciação judicial.
Olha o seu ponto garantido aqui. Essa você não pode errar. Essa
é uma decorrência da súmula 473 do STF e claro, as duas modalidades
de atos, vinculados e discricionários, estão sujeitos ao controle de
legalidade por parte do Judiciário.
Resposta: Certo.

9. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) O ato


administrativo com vício de legalidade somente pode ser invalidado por
decisão judicial.
A Administração está vinculada ao princípio da legalidade e, por
isso, deve anular os seus atos quando eivados de vício de legalidade. A
Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício
de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos (art. 53, Lei nº
9.784/99).
Resposta: errado.

10. (CESPE/Anac/2009) A revogação, possível de ser feita pelo


Poder Judiciário e pela administração, não respeita os efeitos já
produzidos pelo ato administrativo.
Alunos, não me canso de repetir para vocês gravarem: somente
quem pode revogar os atos da Administração é ela própria, pois o
Judiciário está restrito a análise da legalidade.
Resposta: errado

11. (CESPE/DPU/2010) Pedro Luís, servidor público federal,


verificou, no ambiente de trabalho, ilegalidade de ato administrativo e

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decidiu revoga lo para não prejudicar administrados que sofreriam
efeitos danos em consequência da aplicação desse ato. Nessa situação,
a conduta de Pedro Luís está de acordo com o previsto na Lei n.
9784/1999.
Prezado, a intenção do Pedro Luís foi boa, mas vocês já sabem
me responder: se há vício de legalidade, então é necessário anular ou
revogar? Anular, claro!
Resposta: errado.

12. (CESPE - 2010 - SERPRO - Analista - Advocacia) Segundo a


jurisprudência do STF, na hipótese de serem afetados interesses
individuais, a anulação do ato administrativo pela administração pública
não prescinde da instauração de processo administrativo para oitiva
daqueles que terão modificada a situação já alcançada.
Uma dica para vocês, sempre que lerem “não prescinde”,
substitua, por “é imprescindível” que é igual a “necessita”.
Reformulando a frase, poderíamos dizer: Segundo a jurisprudência do
STF, na hipótese de serem afetados interesses individuais, a anulação
do ato administrativo pela administração pública necessita da
instauração de processo administrativo...
Assim fica mais fácil entender a assertiva. Conforme foi visto, a
assertiva traz uma decorrência da aplicação da súmula 473 do STF.
Vejamos:
Súm. 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
Resposta: Certo.

13. (Juiz Federal Substituto – TRF 5ª Região – CESPE 2009)


Segundo o entendimento firmado pela Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça, caso o ato acoimado de ilegalidade tenha sido
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praticado antes da promulgação da Lei n.º 9.784/99, a Administração
tem o prazo de cincos anos para anulá-lo, a contar da prática do ato.

Por contrariar o entendimento do STJ acima explicado, ou seja,


contam-se os cinco anos a partir da vigência da Lei nº 9.784/99, a
questão está errada.

14. (CESPE - 2012 – TC/DF – Auditor) A extinção de ato


administrativo perfeito por motivo de conveniência e oportunidade é
denominada anulação.
A revogação é a extinção do ato por questões de conveniência e
oportunidade.
Gabarito: Errado.

15. (CESPE - 2010 – TI – AFCE) O Poder Judiciário pode, de


ofício, apreciar a validade de um ato administrativo e decretar a sua
nulidade, caso seja considerado ilegal.
Atenção: o Judiciário não atua de ofício. Se não for provocado,
mesmo diante de um ato ilegal, o Judiciário não poderá anulá-lo de
ofício.
Gabarito: Errado.

16. (CESPE - 2012 – MPE/PI - Analista Ministerial) O ato


administrativo com vício de legalidade somente pode ser invalidado por
decisão judicial.
A Administração Pública, conforme princípio da autotutela, pode
por si mesma, independentemente de autorização judicial, anular seus
atos administrativos, quando verificar vício de legalidade.
Gabarito: Errado.

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17. (CE PE 2012 MPE/PI Analista Ministerial) A anulação
de ato administrativo pela administração pública independe de
provocação e produz efeitos ex tunc.
A Administração Pública independentemente de provocação, ou
seja, de ofício, pode anular seus próprios atos quando ilegais
(autotutela). Ademais, a anulação produzirá efeitos retroativos (ex
tunc).
Gabarito: Certo.

18. (CESPE - 2012 – TRE/RJ - Analista Judiciário – Judiciária)


Tratando-se de nulidade superveniente, os efeitos da declaração de
nulidade de determinado ato administrativo não retroagem.
A declaração de nulidade opera efeitos retroativos (ex tunc).
Gabarito: Errado.

Outra limitação ao poder-dever de invalidação dos atos nulos ou


anuláveis é a relativa à consolidação dos efeitos produzidos.
A Constituição brasileira prevê como direito fundamental do
indivíduo a segurança jurídica. Em certas hipóteses a situação
decorrente do ato nulo já se consolidou de tal maneira que atenderá
mais ao interesse público a manutenção do ato do que a sua
invalidação, ou seja, as conseqüências jurídicas da manutenção do ato
atenderão mais ao interesse público do que as consequências da
invalidação.
Em outros casos, o comportamento da Administração em
decorrência de um ato inválido já se consolidou de tal maneira que o
administrado já tem a expectativa e já sabe que a Administração
operará daquele modo. Essa expectativa decorre do princípio da
confiança, ou seja, o cidadão já sabe que a conduta da Administração
será aquela (mesmo que inválida).

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Nesses casos, prevalece o interesse público, a segurança jurídica e
o princípio da confiança sobre a legalidade estrita.
Há casos, também, em que há impossibilidade material de se
retornar ao estado anterior: é a aplicação da teoria do fato
consumado (mesmo que o fato seja nulo, ele continua produzindo
efeitos, diante da consolidação da situação fática que não pode retornar
ao status de antes).
O STJ, via de regra, rejeita a aplicação dessa teoria na anulação de
atos administrativos relacionados a direitos de servidores públicos (RMS
20572 e MS 11123).
Com relação à proteção aos indivíduos de boa-fé, há uma
limitação ao dever de invalidar em vários aspectos. Bandeira de Mello
(2010, p. 480) afirma, com razão, que se o ato nulo restringiu direitos,
a sua invalidação deve produzir efeitos ex tunc (deve retroagir para ter
efeitos pretéritos, resgatando os direitos desde a data da edição do ato
nulo), se ampliou direitos, a sua invalidação deve se proceder com
efeitos ex nunc, porquanto o administrado não concorreu para o vício
do ato.
Assim, não deve a Administração promover o ressarcimento ao
erário daquele que tomou posse e assumiu cargo após a aprovação em
concurso público declarado ilegal. Esse entendimento evita o
enriquecimento sem causa da Administração e o dano injusto ao
administrado que não concorreu para o vício do ato (RESP 963578).
Além disso, está pacificado no STJ que os servidores não devem
restituir ao erário as verbas recebidas indevidamente, quando o erro na
aplicação da lei foi da Administração e eles estavam de boa-fé.
Noutro giro, saindo um pouco da questão da relação servidor-
Administração e passando para a relação contratado ou cidadão-
Administração, a Administração não pode impor prejuízos ao cidadão ou
àquele que contratou com o poder público em decorrência da
invalidação de determinado ato administrativo.

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conveniência e oportunidade, respeitando se os efeitos precedentes (ex
nunc) e o direito adquirido.
Ela pode ser de todo o ato (total) ou apenas de parte dele
(parcial). A revogação pode, ainda, ser expressa ou tácita. Será
expressa se o agente, no novo ato, referir-se expressamente à
revogação do anterior e tácita se o novo ato for incompatível com o que
lhe antecedeu.
A revogação legítima não gera direito à indenização, até porque ela
opera efeitos para o futuro.
Importante observar que se o ato A revogar o ato B e o ato C
revogar o ato B, o ato A não “ressuscita” automaticamente, ou seja, a
revogação da revogação não faz repristinar o primeiro ato revogado.
No ato administrativo revogador (ato C, no exemplo), o agente deve
fazer constar a constituição de um novo ato idêntico ao inicialmente
revogado (ato A) e os seus efeitos se iniciarão a partir da edição desse
último ato (ato C).
SINAL DE ALERTA! Um dos temas mais recorrentes de todo o
Direito Administrativo é o relativo ao sujeito ativo da revogação do ato
administrativo. Em decorrência do princípio da separação dos poderes
constitucionalmente determinado (art. 2º da Constituição), entende-se
que a autoridade administrativa é o sujeito ativo da revogação, não
podendo o Poder Judiciário analisar o mérito do ato
administrativo para retirá-lo do mundo jurídico (STJ: MS 14182 e
RESP 973686). Essa é a regra geral.
Atualmente, contudo, observa-se tendência crescente na doutrina e
na jurisprudência, sobretudo amparada nos princípios da
proporcionalidade, razoabilidade e da eficiência, no sentido de se
admitir o controle judicial da conveniência e oportunidade dos atos
administrativos discricionários em hipóteses excepcionais.
Sobre esse tema, no STJ, destacam-se os seguintes julgados: RMS
27566 e RESP 801177. No STF, esse entendimento foi adotado em

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20. (CE PE 2010 ANEEL Técnico Administrativo Área 1) A
revogação do ato administrativo, que implica extinção de um ato válido,
produz efeitos retroativos.
Assunto recorrente em provas: os efeitos da revogação são ex
nunc, por tanto, não operam efeitos retroativos.
Resposta: Errado.

21. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil) A administração


pública pode anular os próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, hipótese em que a anulação produz efeitos retroativos à
data em que tais atos foram praticados.
Se a revogação não produz efeitos ex nunc, ou seja, retroativos,
a anulação produz. O ato já nasce ilegal e portanto, não pode produzir
efeitos.
Resposta: Certo.

22. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE


INTELIGÊNCIA – ÁREA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E
PROPAGANDA) A revogação de um ato revogador não restaura,
automaticamente, a validade do primeiro ato revogado.
Pessoal, se o ato revogador foi revogado, então era válido e
produziu efeitos válidos durante sua vigência, ou seja, de fato revogou
o ato anterior. Como a revogação foi válida, o primeiro ato revogado
não pode simplesmente ressurgir, pois foi validamente retirado do
mundo jurídico.
Resposta: Certo.
23. (Juiz Federal Substituto – TRF 5ª Região – CESPE 2009)
Cada vez mais a doutrina e a jurisprudência caminham no sentido de
admitir o controle judicial do ato discricionário. Essa evolução tem o
propósito de substituir a discricionariedade do administrador pela do
Poder Judiciário.

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O item está errado, pois “essa tendência que se observa na
doutrina, de ampliar o alcance da apreciação do Poder Judiciário, não
implica invasão na discricionariedade administrativa; o que se procura é
colocar essa discricionariedade em seus devidos limites, para distingui-
la da interpretação (apreciação que leva a uma única solução, sem
interferência da vontade do intérprete) e impedir as arbitrariedades que
a Administração Pública pratica sob o pretexto de agir
discricionariamente” (Di Pietro, p. 219)
CUIDADO! Outro aspecto da revogação é que, assim como a
invalidação, ela também encontra limites em determinadas situações.
Di Pietro (2009, p. 249) assim elenca o rol de hipóteses em que os atos
administrativos não podem ser revogados:
 Atos vinculados (É o ato que decorre diretamente da lei, se
foi a lei quem determinou a prática do ato, não pode o
administrador ir contra a norma);
 Atos que já exauriram seus efeitos (É inócuo revogar um ato
que já produziu todos os efeitos que deveria produzir);
 Quando já exaurida a competência da autoridade que
praticou o ato (Ex: a decisão administrativa já foi submetida
a recurso à autoridade superior. A autoridade que praticou o
ato não é mais competente para revogá-lo.);
 Meros atos administrativos, cujos efeitos decorrem de lei (ex:
certidões, votos etc. – esses atos apenas declaram ou
enunciam uma situação);
 Atos que integram um procedimento e se submeteram à
preclusão em razão da edição de outro ato posterior;
 Atos que já geraram direitos adquiridos (A súmula 473 do
STF manda ressalvar os direitos adquiridos, ou seja, os
direitos que já integram o patrimônio do particular e que
foram gerados pelo ato que se pretende revogar.).

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Em regra, a Administração deve conferir o contraditório quando a
Administração vai anular ou revogar um ato que gerou direitos a um
indivíduo.
Mas isso ocorre sempre?
Não, há casos em que se dispensa o contraditório em hipótese de
revogação de ato administrativo. São eles:
 ato administrativo de caráter precário (Esses atos são
editados no interesse da Administração, sem qualquer
segurança ao administrado e a Administração pode revogá-lo
a qualquer tempo. É o caso da autorização de uso de bem
público – autorização para colocar mesas nas calçadas, por
exemplo);
 situação em que o afastamento de servidor nomeado para
cargo em comissão pode ser promovido a qualquer
momento, segundo um juízo de conveniência e oportunidade,
nos termos do art. 37, II, da CF (STJ: RMS 26165 – esses
cargos são de livre nomeação e destituição).
Diante da importância do tema da revogação, apresentamos o
quadro resumo:

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Administração Pública do país, em atenção ao art. 5º, LV, da CF,
conforme reiterada jurisprudência do STJ (EDCL no MS 8958, MS 7217)
e do STF (RE 158543).
É bom observar, também, ainda com relação à súmula vinculante
em comento, que a ressalva formulada em sua parte final decorre da
constatação de que o ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão é classificado como complexo, nos termos do art. 71,
III, da CF. Assim, se o ato de concessão de aposentadoria depende da
manifestação de dois diferentes órgãos – do Tribunal de Contas e do
que o servidor integrava – ele só se tornará perfeito e acabado após a
manifestação de ambos.
Não há razão para se conferir o contraditório ao servidor antes da
análise pelo TCU, porque se considera que o ato de concessão de
aposentadoria ainda não se formou nesse momento.
A questão se torna interessante quando se analisa os reflexos do
prazo decadencial da Lei nº 9.784/99 na análise pelo TCU do ato de
concessão inicial de aposentadoria. É justamente nesse ponto, meu
amigo concursando, que o seu concorrente vai escorregar!
O STF entende que não se opera a decadência prevista no
art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato
administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o
posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo Tribunal
de Contas da União, ou seja, se o TCU demorar 10 anos para
analisar o ato concessivo da aposentadoria, ele não vai perder o
direito de avaliar a legalidade desse ato.
Isso não quer dizer que o TCU pode engavetar um processo dessa
natureza indefinidamente, violando o postulado da segurança jurídica. O
cidadão tem direito de ver seu ato de aposentadoria confirmado (ou
não) pelo órgão de controle.
Quando houver esse “engavetamento”, por um período
superior a 5 (cinco) anos, contados da chegada do processo ao

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26. (CE PE 2010 TRE/BA Analista Judiciário) Apesar
de o ato de revogação ser dotado de discricionariedade, não podem ser
revogados os atos administrativos que geram direitos adquiridos.
Não se admite a revogação dos atos: a) que a lei declare
irrevogáveis; b) atos consumados; c) direito adquirido; d) atos
vinculados; e) Meros atos administrativos, e; f) atos integrante de
procedimento administrativo.
Gabarito: Certo.

27. (CESPE - 2010 - TRT 1ª REGIÃO – Juiz Do Trabalho)


O pressuposto da revogação é o interesse público, razão pela qual ela
incide sobre atos válidos e inválidos que a administração pretenda
abolir do rol de normas jurídicas, em razão dos inconvenientes e dos
malefícios que causem à coletividade.
A revogação só alcança os atos discricionários e válidos. O ato
inválido deve ser anulado.
Gabarito: Errado.

28. (CESPE - 2012 – MPE/PI - Analista Ministerial) A


revogação não pode atingir os meros atos administrativos, tais como as
certidões e os atestados.
Atos de meros atos administrativos não são passíveis de
revogação. Portanto, não é possível revogar certidões ou atestados por
serem atos enunciativos.
Gabarito: Certo.

2.5 Convalidação (ou sanatória)


Meu caro aluno, concentre, pois estamos na RETA FINAL da aula de
atos administrativo e o seu concurso se aproxima a cada minuto.
A convalidação é o meio de que se vale a Administração para suprir
a invalidade e aproveitar os atos administrativos já praticados nas

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hipóteses em que o vício no ato administrativo é superável. Assim, se
promove a convalidação com efeitos ex tunc, retroagindo para o
momento da edição do ato anulável.
Mas, afinal, a convalidação é um ato discricionário ou vinculado da
Administração? Ela pode escolher entre convalidar ou não convalidar, ou
ela deve convalidar quando o vício for sanável?
O art. 55 da Lei nº 9.784/99, por outro lado, trata a convalidação
como uma faculdade da Administração, ou seja, como um ato
discricionário. Na redação da lei, “em decisão na qual se evidencie
não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração”.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (e a maioria da doutrina),
amparados na redação legal, entendem que o ato de convalidação é
discricionário, pois a Administração pode escolher entre convalidar
(sanar o vício) ou anular o ato, a depender de sua conveniência e
oportunidade.
Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Melo, de outro lado,
entendem que a convalidação é um ato vinculado, pois a Administração
tem o dever de velar pela legalidade de seus atos. Mas esta é a posição
que não prevalece na doutrina.
A convalidação também sofre limitações. O ato anulável não pode
ser convalidado:
 Quando o ato já se exauriu;
 Se o ato já foi impugnado judicial ou administrativamente;
 Se a convalidação acarretar lesão ao interesse público;
 Se a convalidação acarretar prejuízo a terceiros.
Mas e o decurso do tempo, é uma limitação para a convalidação?
O decurso do tempo não é propriamente uma limitação, pois se a
Administração não pode mais mexer no ato em razão do transcurso do
prazo decadencial de 5 anos previsto na Lei nº 9.784/99, o ato estará

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Di Pietro (2009, p. 247) entende que são convalidáveis os vícios de
competência – quando esta não for exclusiva – e de forma – quando
esta não for essencial à validade do ato.
Carvalho Filho entende que são sanáveis os vícios de competência,
de forma, de objeto ou de conteúdo (quando este for plúrimo). Por
outro lado, são insanáveis os vícios no motivo, no objeto (quando
único), na finalidade e na falta de congruência entre o motivo e o
resultado do ato.
São convalidáveis os vícios de:
Di Pietro Carvalho Filho
 competência (não  competência
exclusiva)
 forma (não essencial)  forma
 objeto (quando este for
plúrimo)

O STJ, com fundamento no magistério de Di Pietro e de Carvalho


Filho, já teve oportunidade de afirmar que o vício na competência do
sujeito é ato anulável e, por isso, pode ser convalidado (RESP 850270).
Assim, você pode afirmar, com base na doutrina majoritária que
são convalidáveis os vícios de competência e de forma.
Em hipóteses excepcionais, atendendo ao princípio da segurança
jurídica e a consolidação dos efeitos, o STJ já assinalou ser possível
convalidar um ato inconstitucional, como ocorre no caso de provimento
em cargo efetivo sem concurso público. No informativo 347, o STJ
convalidou uma nomeação de uma servidora sem concurso público,
uma vez que já transcorridos cerca de 15 anos entre a sua nomeação e
a decisão do tribunal.
O STJ deixou claro que não se tratava de aplicação do instituto da
decadência da Administração (= convalidação tácita), pois a decadência

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A caducidade nada mais é do que a perda de efeitos jurídicos em
razão da norma jurídica superveniente que contraria a respaldada na
prática do ato.
Carvalho Filho ainda diz: "O ato, que passa a ficar antagonismo
com a nova norma, extingue-se. Exemplo: uma permissão para o uso
de um bem público; se, superveniente, é editada lei que proíbe tal uso
privativo por particulares, o ato interior, de natureza precária, sofre
caducidade extinguindo-se".

3) Prescrição e Decadência

Não podemos encerrar o assunto “atos administrativos” sem


antes estudarmos a prescrição e a decadência.

A prescrição traduz a perda do prazo para ajuizamento de uma


ação (ou apresentação de uma petição administrativa) mediante a qual
se pretendesse defender um direito contra uma lesão ou ameaça de
lesão (o prazo de prescrição tem curso antes de ser iniciado o processo
judicial ou administrativo).

A finalidade da prescrição é assegurar a estabilidade das


relações jurídicas entre a administração pública e os administrados, ou
entre ela e seus agentes, depois de transcorrido determinado lapso
temporal, em atenção ao princípio da segurança jurídica.

Falaremos, inicialmente, da prescrição da pretensão do


particular contra a Administração, subdividindo-a em dois grupos: a
pretensão formulada na via administrativa e a formulada perante o
Judiciário. Depois falaremos da prescrição da pretensão da
Administração contra o particular.

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Na via administrativa, o interessado tem o direito de
apresentar sua pretensão contra a Administração em um ano contado
da data do fato que originou a pretensão (art. 6º do Decreto
20.910/32). Assim, o prazo prescricional para o administrado perante a
Administração é de um ano. Se houve o requerimento nesse prazo,
suspende-se o curso do prazo prescricional até a decisão final da
Administração (STJ: AgRg no REsp 698268 e RESP 571310).

OLHO ABERTO!

Na via judicial, o administrado tem 5 anos para ingressar com


uma demanda contra a Administração (art. 1º do Decreto 20.910/32).
Essa regra vale para pretensões contra a União, Estados, Municípios e
Fazendas federais, estaduais e municipais, bem como contra as
autarquias, e demais entidades da administração indireta e órgãos
paraestatais.

Se ocorreu algum fato que fez interromper a prescrição, o prazo


de cinco anos recomeça a ser contado pela metade, a partir do evento
interruptivo. Mas, nos termos da Súmula 383/STF, “a prescrição em
favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do
prazo”.

É bom você ter em mente que a prescrição só poderá ser


interrompida uma única vez.

Mas a partir de quando é contado esse prazo prescricional de 5


anos?

O termo inicial é o nascimento do dano, de acordo com o


princípio da actio nata (STJ: RESP 911841 e AgRg no RESP 1108801).

IMPORTANTE: Esse é o prazo geral do Decreto 20.910/32.


Existem outros prazos prescricionais?

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Sim, o disposto no art. 1º da Lei nº 7.144/83, assim consignado:
“prescreve em 1 (um) ano, a contar da data em que for publicada a
homologação do resultado final, o direito de ação contra quaisquer
atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na
Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais”.

Lembre-se de que na responsabilidade extracontratual do Estado


o prazo prescricional da pretensão de reparação de danos contra o
Estado é de 5 anos, conforme entendimento mais recente do STJ.

Há casos em que a pretensão é imprescritível para o particular?

Sim! Por incrível que pareça, contrariando o princípio da


segurança jurídica, o STJ admite como imprescritível a pretensão
indenizatória decorrente de violação a direitos humanos fundamentais
durante o Regime Militar de exceção (REsp 890930).

Mas e o prazo prescricional da pretensão da Administração se


voltar contra o particular ou o administrado, esse prazo prescricional
existe?

Existe sim! Assim como a lei protege a Administração contra


pretensões tardias formuladas contra ela, por uma questão de
isonomia, o particular também tem o direito a essa proteção perante o
poder público.

Por isso, a regra geral é a aplicação inversa do art. 1º do


Decreto 20.910/32: o prazo prescricional contra o poder público é de
cinco anos.

Há legislação específica com relação a algumas situações.

É de 5 (cinco) anos a “prescrição da ação punitiva da


Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do
poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente
ou continuada, do dia em que tiver cessado” (Lei nº 9.873/99).

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Há também os prazos prescricionais previstos na legislação
tributária.

E há hipóteses de imprescritibilidade para a Administração?

OLHO ABERTO: Sim! Assim como o particular não se submete à


prescrição nos atos decorrentes da violação aos direitos humanos pelo
regime militar, a Administração não se submete a qualquer prazo
prescricional para promover a reparação de dano ao erário em
decorrência de atos ilícitos. Esse é o entendimento do STF (MS
26210 e 24519) e do STJ (AgRg no RESP 1038103, RESP 1067561,
RESP 801846 e RESP 1107833) na interpretação da parte final do art.
37, § 5º, da CF, que assim dispõe: “A lei estabelecerá os prazos de
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento”.

ATENÇÃO PARA O RESUMO:

Com relação à prescrição, você já observou: o prazo do


particular perante a Administração é de 1 ano, perante o
Judiciário é de 5 anos. Este é reduzido para 1 ano para concurso
público. Para pretensão de atos que violaram direitos humanos
na ditadura: imprescritível. Para a Administração a regra geral
também é de 5 anos, havendo a imprescritibilidade para a
reparação ao erário.

Com relação à decadência, lembramos que, na esfera federal, o


art. 54 da Lei nº 9.784/99 estatui que é de 5 anos o prazo de
decadência para a administração pública anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, salvo
comprovada má-fé.

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Não há prazo para a administração proceder à revogação de seus
atos administrativos que se tornem inoportunos ou inconvenientes ao
interesse público.

Nesse sentido, declarou o STF, recentemente, que “o art. 54 da


Lei 9.784/99 não estabeleceria o prazo decadencial de cinco anos para
que a Administração revisse seus atos, mas sim para a anulação de atos
administrativos dos quais decorressem efeitos favoráveis para os
destinatários, salvo comprovada má-fé” (Informativo-STF nº 656, RMS
30795).

As hipóteses de prescrição administrativa concernentes aos prazos


para a administração pública aplicar sanções administrativas aos seus
próprios agentes ou aos administrados em geral seguem as mesmas
regras acima já expostas.

Lembre-se que as ações de ressarcimento ao erário são


imprescritíveis.

4) Resumo da aula.

Revisando a teoria das nulidades, apresentamos o seguinte


quadro:
Ato irregular Ato nulo Ato Ato inexistente
anulável
Apresentam Nasce com vício Nasce com Tem aparência de
defeitos insanável nos vício manifestação regular da
irrelevantes. seus elementos. sanável. Administração, mas
constitutivos. resta ausente um dos
elementos do ato
administrativo.

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O critério para se distinguir os tipos de invalidade (se nulo ou


anulável) reside na possibilidade ou não de convalidar-se o vício do ato.
Ato anulável = convalidável, ato nulo = não convalida.
A invalidação é a retirada do ordenamento de um ato
administrativo produzido em desconformidade com a ordem jurídica (=
razões de legalidade) e se opera com efeitos retroativos (ex tunc). Ou
seja, com a invalidação, não só o ato viciado é retirado do ordenamento
jurídico, mas também todas as relações jurídicas que foram por ele
produzidas.
Destacamos as seguintes características e distinções dos atos nulos
e anuláveis:
Ato nulo Ato anulável
não pode ser convalidado; pode ser convalidado;
pode ser retirado do mundo pode ser retirado do mundo
jurídico pela Administração e pelo jurídico pela Administração e pelo
Poder Judiciário; Poder Judiciário;
o Poder Judiciário pode retirar até o Poder Judiciário só retira
mesmo de ofício (sem que mediante provocação;
ninguém tenha alegado);
a Administração retira de ofício ou a Administração retira de ofício ou
por provocação. por provocação.

O poder-dever da Administração de invalidar atos nulos ou


anuláveis sofre as seguintes limitações:
 decurso do tempo (=decadência do direito da
Administração de anular): 5 anos, salvo comprovada má-fé;
esse prazo conta-se apenas a partir da data da edição da Lei
nº 9.784/99; se o ato anulável gerou efeitos financeiros
periódicos, os cinco anos serão contados a partir do primeiro
pagamento recebido pelo servidor (RMS 15433).

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 consolidação dos efeitos produzidos: hipóteses em que
a situação decorrente do ato nulo já se consolidou de tal
maneira que atenderá mais ao interesse público a
manutenção do ato do que a sua invalidação (princípio da
segurança jurídica e da confiança);
 impossibilidade material de se retornar ao estado
anterior: é a aplicação da teoria do fato consumado (mesmo
que o fato seja nulo, ele continua produzindo efeitos, diante
da consolidação da situação fática que não pode retornar ao
status de antes). Essa teoria, via de regra, não é adotada
pelo STJ em se tratando de servidor público.
 proteção aos indivíduos de boa-fé: a Administração não
promove o ressarcimento ao erário daquele que tomou posse
e assumiu cargo após a aprovação em concurso público
declarado ilegal. Além disso, está pacificado no STJ que os
servidores não devem restituir ao erário as verbas recebidas
indevidamente, quando o erro na aplicação da lei foi da
Administração e eles estavam de boa-fé.
A revogação, por sua vez, é o ato discricionário utilizado pela
Administração para extinguir um ato administrativo e/ou seus efeitos
por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos
precedentes (ex nunc) e o direito adquirido.
Como vimos, em decorrência do princípio da separação dos
poderes constitucionalmente determinado (art. 2º da Constituição),
entende-se que a autoridade administrativa é o sujeito ativo da
revogação, não podendo o Poder Judiciário analisar o mérito do ato
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admitir o controle judicial da conveniência e oportunidade dos atos
administrativos discricionários em hipóteses excepcionais.
Não podem ser revogados:
 Atos vinculados;
 Atos que já exauriram seus efeitos;
 Quando já exaurida a competência da autoridade que
praticou o ato;
 Meros atos administrativos, cujos efeitos decorrem de lei;
 Atos que integram um procedimento e se submeteram à
preclusão em razão da edição de outro ato posterior;
 Atos que já geraram direitos adquiridos (A súmula 473 do
STF manda ressalvar os direitos adquiridos, ou seja, os
direitos que já integram o patrimônio do particular e que
foram gerados pelo ato que se pretende revogar.).
Casos em que se dispensa o contraditório em hipótese de
revogação de ato administrativo: revogação de ato administrativo de
caráter precário e situação em que o afastamento de servidor nomeado
para cargo em comissão pode ser promovido a qualquer momento,
segundo um juízo de conveniência e oportunidade, nos termos do art.
37, II, da CF.
Súmula Vinculante nº 3: “Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando
da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.”.

A prescrição traduz a perda do prazo para ajuizamento de uma


ação (ou apresentação de uma petição administrativa) mediante a qual
se pretendesse defender um direito contra uma lesão ou ameaça de
lesão (o prazo de prescrição tem curso antes de ser iniciado o processo
judicial ou administrativo).

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Na via administrativa, o interessado tem o direito de apresentar
sua pretensão contra a Administração em um ano contado da data do
fato que originou a pretensão (art. 6º do Decreto 20.910/32).
Na via judicial, o administrado tem 5 anos para ingressar com uma
demanda contra a Administração (art. 1º do Decreto 20.910/32). Essa
regra vale para pretensões contra a União, Estados, Municípios e
Fazendas federais, estaduais e municipais, bem como contra as
autarquias, e demais entidades da administração indireta e órgãos
paraestatais.
Com relação à prescrição: o prazo do particular perante a
Administração é de 1 ano, perante o Judiciário é de 5 anos. Este é
reduzido para 1 ano para concurso público. Para pretensão de atos que
violaram direitos humanos na ditadura: imprescritível. Para a
Administração a regra geral também é de 5 anos, havendo a
imprescritibilidade para a reparação ao erário.
Com relação à decadência, lembramos que, na esfera federal, o
art. 54 da Lei nº 9.784/99 estatui que é de 5 anos o prazo de
decadência para a administração pública anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, salvo
comprovada má-fé.
Lembre-se que as ações de ressarcimento ao erário são
imprescritíveis.

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5) Questões

1. (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA – FINEP –


ANALISTA CESPE 2009): O direito da administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em 2 anos, contados da data em que foram
praticados, mesmo que comprovada a má-fé do beneficiário.

2. (CESPE/ACE TI-TCU/2010) Sempre que a lei expressamente


exigir determinada forma para que um ato administrativo seja
considerado válido, a inoberv6ancia dessa exigência acarretara a
nulidade do ato

3. (CESPE – 2013 – DPE/TO – Defensor) A presunção de


legitimidade é atributo de todos os atos administrativos, estando
presente mesmo nos casos de desrespeito ao devido processo legal pela
administração pública

4. (CESPE – 2013 – TELEBRAS – Analista Superior) A


ilegalidade ou ilegitimidade do ato administrativo que determina a sua
anulação deve decorrer expressamente de violação da lei

5. (CESPE - 2005 - TRE-GO - Técnico Judiciário - Área


Administrativa - adaptada) Um dos significados do princípio da
impessoalidade acarreta a validade, em alguns casos, dos atos do
chamado funcionário de fato, isto é, aquele irregularmente investido na
função pública, por entender-se que tais atos não são atribuíveis à
pessoa física do funcionário, mas ao órgão que ele compõe.

6. CESPE – 2013 – CNJ – Analista Judiciário – Área Judiciária)


Com base no princípio da autotutela, e em qualquer tempo, a

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administração pública tem o poder dever de rever seus atos quando
estes estiverem eivados de vícios.

7. (CESPE/ACE-TCU/2009) A revogação e a invalidação são


modalidades de extinção do ato administrativo. Quanto ao tema, é
pacífico o entendimento o do STF no sentido de que a administração
pública somente poderá revogar seus próprios atos por motivo de
conveniência e oportunidade, mas não poderá anulá-los, haja vista que
a análise relacionada aos vícios de legalidade do cabe Poder Judiciário.

8. (CESPE - 2010 - MPU - Analista - Biologia) A legalidade dos


atos administrativos vinculados e discricionários está sujeita à
apreciação judicial.

9. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) O ato


administrativo com vício de legalidade somente pode ser invalidado por
decisão judicial.

10. (CESPE/Anac/2009) A revogação, possível de ser feita pelo


Poder Judiciário e pela administração, não respeita os efeitos já
produzidos pelo ato administrativo.

11. (CESPE/DPU/2010) Pedro Luís, servidor público federal,


verificou, no ambiente de trabalho, ilegalidade de ato administrativo e
decidiu revoga-lo para não prejudicar administrados que sofreriam
efeitos danos em consequência da aplicação desse ato. Nessa situação,
a conduta de Pedro Luís está de acordo com o previsto na Lei n.
9784/1999.

12. (CESPE - 2010 - SERPRO - Analista - Advocacia) Segundo a


jurisprudência do STF, na hipótese de serem afetados interesses
individuais, a anulação do ato administrativo pela administração pública

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não prescinde da instauração de processo administrativo para oitiva
daqueles que terão modificada a situação já alcançada.

13. (Juiz Federal Substituto – TRF 5ª Região – CESPE 2009)


Segundo o entendimento firmado pela Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça, caso o ato acoimado de ilegalidade tenha sido
praticado antes da promulgação da Lei n.º 9.784/99, a Administração
tem o prazo de cincos anos para anulá-lo, a contar da prática do ato.

14. (CESPE - 2012 – TC/DF – Auditor) A extinção de ato


administrativo perfeito por motivo de conveniência e oportunidade é
denominada anulação.

15. (CESPE - 2010 – TI – AFCE) O Poder Judiciário pode, de


ofício, apreciar a validade de um ato administrativo e decretar a sua
nulidade, caso seja considerado ilegal.

16. (CESPE - 2012 – MPE/PI - Analista Ministerial) O ato


administrativo com vício de legalidade somente pode ser invalidado por
decisão judicial.

17. (CESPE - 2012 – MPE/PI – Analista Ministerial) A anulação


de ato administrativo pela administração pública independe de
provocação e produz efeitos ex tunc.

18. (CESPE - 2012 – TRE/RJ - Analista Judiciário – Judiciária)


Tratando-se de nulidade superveniente, os efeitos da declaração de
nulidade de determinado ato administrativo não retroagem.

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19. (STJ 2012 CESPE Técnico Judiciário Apoio
Especializado/Telecomunicações e Eletricidade) A administração pode
anular seus próprios atos por motivo de conveniência ou oportunidade.

20. (CESPE - 2010 - ANEEL - Técnico Administrativo - Área 1) A


revogação do ato administrativo, que implica extinção de um ato válido,
produz efeitos retroativos.

21. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil) A administração


pública pode anular os próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, hipótese em que a anulação produz efeitos retroativos à
data em que tais atos foram praticados.

22. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE


INTELIGÊNCIA – ÁREA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E
PROPAGANDA) A revogação de um ato revogador não restaura,
automaticamente, a validade do primeiro ato revogado.

23. (Juiz Federal Substituto – TRF 5ª Região – CESPE 2009)


Cada vez mais a doutrina e a jurisprudência caminham no sentido de
admitir o controle judicial do ato discricionário. Essa evolução tem o
propósito de substituir a discricionariedade do administrador pela do
Poder Judiciário.

24. (CESPE - 2010 – MPE/CE – Promotor De Justiça) Como


faculdade de que dispõe a administração para extinguir os atos que
considera inconvenientes e inoportunos, a revogação pode atingir tanto
os atos discricionários como os vinculados.

25. (CESPE - 2011 – TCU – AFCE) Os atos vinculados são


passíveis de revogação.

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26. (CESPE 2010 TRE/BA Analista Judiciário) Apesar de o
ato de revogação ser dotado de discricionariedade, não podem ser
revogados os atos administrativos que geram direitos adquiridos.

27. (CESPE - 2010 - TRT 1ª REGIÃO – Juiz Do Trabalho) O


pressuposto da revogação é o interesse público, razão pela qual ela
incide sobre atos válidos e inválidos que a administração pretenda
abolir do rol de normas jurídicas, em razão dos inconvenientes e dos
malefícios que causem à coletividade.

28. (CESPE - 2012 – MPE/PI - Analista Ministerial) A revogação


não pode atingir os meros atos administrativos, tais como as certidões e
os atestados.

29. (CESPE – 2013 – TELEBRAS – Assistente Administrativo)


Caso um ato administrativo seja expedido sem finalidade pública, ele
poderá ser convalidado posteriormente por autoridade superior que
estabeleça os motivos determinantes.

30. (CESPE – 2013 – TJDFT – Técnico Administrativo – Área


Administrativa) O ato administrativo eivado de vício de forma é passível
de convalidação, mesmo que a lei estabeleça forma específica essencial
à validade do ato.

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Gabarito:
1) E 16) E
2) C 17) C
3) E 18) E
4) E 19) E
5) C 20) E
6) E 21) C
7) E 22) C
8) C 23) E
9) E 24) E
10) E 25) E
11) E 26) C
12) C 27) E
13) E 28) C
14) E 29) E
15) E 30) E

6) Referências

ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo


Descomplicado. 18ª Ed., São Paulo, Método, 2010.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Intervenção no VI Fórum da
Reforma do Estado. Rio de Janeiro, 1º. de outubro de 2007.
CAETANO, Marcelo. Princípios Fundamentais de Direito
Administrativo. Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1977.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
Administrativo, 13ª Ed., Lumen Juris Editora, Rio de Janeiro, 2005.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª Ed.
Editora Atlas, São Paulo, 2009.
GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo, 13ª Ed., Editora
Saraiva, São Paulo, 2008.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo, Tomo I, 3ª Edição,
Salvador, 2007, Jus Podivm.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 23ª ed.,
São Paulo: Malheiros Editores, 1998.

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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo,
27ª Ed., Malheiros Editores, São Paulo, 2010.
TALAMINI, Daniele Coutinho. Revogação do Ato Administrativo,
Malheiros Editores, 2002.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo –
24ª edição, São Paulo: Malheiros Editores, 2005.
ZANCANER, Weida. Da Convalidação e da Invalidação dos Atos
Administrativos, 3ª Ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2008.
ZANNONI, Leandro. Direito Administrativo – Série Advocacia
Pública, Vol. 3, Ed. Forense, Rio de Janeiro, Ed. Método, São Paulo,
2011.
Informativos de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em
www.stf.jus.br, e do Superior Tribunal de Justiça, em www.stj.jus.br.

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