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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA

RELATÓRIO E
PARECER PRÉVIO DO TCE
SOBRE AS CONTAS
DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
DO ESTADO DA BAHIA

EXERCÍCIO DE 2015

João Bonfim
Conselheiro Relator

PROCESSO N.º TCE/002434/2016

SALVADOR

JUNHO – 2016
Tribunal de Contas do Estado da Bahia
COPYRIGHT© 2016 TCE

PEDIDOS E CORRESPONDÊNCIAS:
Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Avenida 04, Plataforma V – CAB
Edf. Cons. Joaquim Batista Neves
Cep: 41.745-002
Telefone: 0xx(71) 3115-4477
Fax: 0xx(71) 3115-4613
Email: biblioteca@tce.ba.gov.br

Capa: P55 Comunicação


Composição e Diagramação: Cristiano Pereira Rodrigues
Normalização: Denilze Alencar Sacramento
Revisão: Ane Gleide da Conceição de Araújo, Cristiano Pereira Rodrigues, Denilze Alencar
Sacramento, Edson Silva Santos, Josué Lima de França, Marcos André Sampaio
de Matos, Mário Sérgio Afonso Oliveira, Rosana Ferreira Lima, Rita de Cássia de
Araújo Melo, Simone Maria Ventura

Ficha catalográfica

B 151 Bahia. Tribunal de Contas


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as Contas do Chefe
do Poder Executivo do Estado da Bahia: exercício de 2015/Tribunal de Contas
do Estado da Bahia. João Evilásio Vasconcelos Bonfim – Cons. Relator,
Salvador: TCE/BA, 2016.
558p.

1. Controle externo – Orçamento I. Bonfim, João Evilásio Vasconcelos


– Cons. Relator II. Título

CDU 336.148(813.8)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA

TRIBUNAL PLENO:

Cons. INALDO DA PAIXÃO SANTOS ARAÚJO


Presidente

Cons. GILDÁSIO PENEDO FILHO


Vice-Presidente

Cons. ANTONIO HONORATO DE CASTRO NETO


Corregedor

Cons. PEDRO HENRIQUE LINO DE SOUZA

Consa. CAROLINA MATOS ALVES COSTA

Cons. JOÃO EVILÁSIO VASCONCELOS BONFIM


Relator das Contas

Cons. MARCUS VINÍCIUS DE BARROS PRESÍDIO

PRIMEIRA CÂMARA:

Consa. CAROLINA MATOS ALVES COSTA – Presidente

Cons. ANTONIO HONORATO DE CASTRO NETO

Cons. MARCUS VINÍCIUS DE BARROS PRESÍDIO

SEGUNDA CÂMARA:

Cons. PEDRO HENRIQUE LINO DE SOUZA – Presidente

Cons. GILDÁSIO PENEDO FILHO

Cons. JOÃO EVILÁSIO VASCONCELOS BONFIM

SUBSTITUTOS DE CONSELHEIRO:

Almir Pereira da Silva


Ivonete Dionizio de Lima
Lilian Damasceno Ferreira Santos
Paulo Henrique Nunes Neves da Rocha
Maria do Carmo Galvão do Amaral
Sérgio Spector

MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS/BA:


Danilo Ferreira Andrade – Procurador Geral

NÚCLEO DE ATUAÇÃO DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO JUNTO AO TCE/BA:


Aline Azevedo Nunes – Procuradora Assistente

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ÓRGÃOS TÉCNICOS E ADMINISTRATIVOS
SUPERINTENDÊNCIA TÉCNICA
José Raimundo Bastos de Aguiar

SECRETARIA GERAL
Soraia de Oliveira

DIRETORIA ADMINISTRATIVA
Veralucia Oliveira Lima

GABINETE DA PRESIDÊNCIA
Cláudia Maria Rocha Colavolpe da Silva

ASSESSORIA TÉCNICO-JURÍDICA
Wendel Régis Ramos

AUDITORIA INTERNA
Daniel Gomes Arruda

COORDENAÇÃO DE CONTABILIDADE
Daniela Couto

ESCOLA DE CONTAS CONSELHEIRO JOSÉ PEDREIRA LAPA


Luciano Chaves de Farias

OUVIDORIA
Paulo Sérgio Pacheco de Figueiredo

COORDENADORIAS DE CONTROLE EXTERNO (CCEs)


Jucival Santana de Souza (1ª CCE)
Márcia Silva Sampaio Cerqueira (2ª CCE)
Juliana Rocha Santiago (3ª CCE)
Antônio Luiz Carneiro (4ª CCE)
Gonçalo de Amarante Santos Queiroz (5ª CCE)
Raquel Leda Cordeiro Capistrano (6ª CCE)
Marcos André Sampaio de Matos (7ª CCE)

CENTRO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS PARA AUDITORIA


(CEDASC)
Edmilson Santos Galiza
COMISSÃO DE ASSESSORAMENTO AO RELATOR
ATO Nº 034, DE 01 DE MARÇO DE 2016

JOSÉ RAIMUNDO BASTOS DE AGUIAR, Superintendente Técnico, JUCIVAL SANTANA


DE SOUZA, MÁRCIA DA SILVA SAMPAIO CERQUEIRA, JULIANA ROCHA SANTIAGO,
ANTÔNIO LUIZ CARNEIRO, GONÇALO DE AMARANTE SANTOS QUEIROZ, RAQUEL
LEDA CORDEIRO CAPISTRANO, MARCOS ANDRÉ SAMPAIO DE MATOS,
Coordenadores de Controle Externo, JOSUÉ LIMA DE FRANÇA, JOSIMEIRE LEAL DE
OLIVEIRA, MAURÍCIO SOUZA FERREIRA e YURI MOISÉS MARTINS ALVES, Gerentes
de Auditoria, CRISTIANO PEREIRA RODRIGUES, Assessor Especial, DENILZE ALENCAR
SACRAMENTO, Gerente de Biblioteca e Documentação, MARYSTELLA DA SILVA DE
SOUZA, Assessor- Coordenador de Gabinete de Conselheiro, MARCELO MASCARENHAS
LIGUORI, Assessor Técnico-Jurídico, sob a coordenação de MÁRIO SÉRGIO AFONSO
OLIVEIRA, Auditor Estadual de Controle Externo, para o assessoramento ao Relator no
exame das referidas Contas.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 13
2 SEÇÃO ANALÍTICA ..................................................................................................................... 17
2.1 PLANEJAMENTO E GESTÃO DAS AÇÕES DE POLÍTICA PÚBLICA ................................... 23
2.1.1 ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO ESTADUAL PARA ELABORAÇÃO DO PPA ............. 23
2.1.2 PLANO PLURIANUAL 2012-2015 ................................................................................................... 27
2.1.3 PLANO PLURIANUAL 2016-2019 ......................................................................................... 31
2.1.4 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) ................................................................... 33
2.1.5 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) .................................................................................... 35
2.1.6 COMPATIBILIDADE ENTRE AS PEÇAS DE PLANEJAMENTO .......................................... 40
2.1.7 ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ................................................. 42
2.1.7.1 Estrutura Estadual de acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA ................... 42
2.1.7.2 Relatório de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA) .................................... 46
2.1.7.2.1 Desempenho do PPA por Eixo Estruturante, Áreas Temáticas e Programas ................... 46
2.1.7.2.2 Desempenho dos Programas em relação à Execução Física do Exercício ...................... 47
2.1.7.2.3 Distribuição das Fontes de Recursos por Programas ....................................................... 50
2.1.7.2.4 Indicadores do PPA 2012-2015......................................................................................... 51
2.1.7.3 Relatório Anual de Governo (RAG) ...................................................................................... 56
2.2 CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL ................................... 61
2.2.1 AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DAS UNIDADES DE CONTROLE INTERNO ...... 63
2.2.1.1 A Auditoria Geral do Estado (AGE) ...................................................................................... 64
2.2.1.2 As Coordenações de Controle Interno (CCIs) e as demais estruturas de Controle Interno
existentes ............................................................................................................................ 66
2.2.2 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS
DO CONTROLE INTERNO ................................................................................................... 69
2.2.3 INSTRUMENTOS DE CONTROLE INTERNO........................................................................ 71
2.2.3.1 Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) .......................... 71
2.2.3.2 Sistema Integrado de Material, Patrimônio e Serviços (SIMPAS) ........................................ 73
2.2.3.3 Sistema de Apropriação de Custos Públicos (ACP) ............................................................. 73
2.2.4 CONTROLE INTERNO E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA ....................................................... 74
2.2.4.1 Contextualização .................................................................................................................. 74
2.2.4.2 O esforço de normatização da Transparência em âmbito estadual ..................................... 75
2.2.4.3 Ações de promoção da Transparência do Executivo Estadual ............................................ 77
2.2.4.4 O Estado da Bahia em avaliações de Transparência ........................................................... 78
2.2.4.4.1 Índice de Transparência .................................................................................................... 78
2.2.4.4.2 Avaliação Estado Brasileiro e Transparência .................................................................... 79
2.2.4.4.3 Índice de Transparência do Contencioso Administrativo Tributário dos Estados
Brasileiros (ICAT) .............................................................................................................. 79
2.2.4.4.4 Escala Brasil Transparente................................................................................................ 79
2.2.4.4.5 Ranking Nacional de Transparência ................................................................................. 80
2.2.4.4.6 Ranking de Competitividade dos Estados ......................................................................... 80
2.2.4.4.7 Avaliações realizadas por Tribunais de Contas................................................................. 80
2.3 LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS ................................................................................ 85
2.3.1 SAÚDE .................................................................................................................................... 85
2.3.2 EDUCAÇÃO ........................................................................................................................... 88
2.3.2.1 Apuração dos limites constitucionais.................................................................................... 89
2.3.3 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS ..................................................................................... 91
2.3.4 PREVIDÊNCIA OFICIAL DO ESTADO .................................................................................. 99
2.3.4.1 Limite de gastos com inativos e pensionistas....................................................................... 99
2.3.4.1.1 Criação ou majoração de benefícios previdenciários ........................................................ 101
2.3.4.2 Compensação previdenciária ............................................................................................... 103
2.3.5 DÍVIDA PÚBLICA ................................................................................................................... 107
2.3.6 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPPs) .......................................................................... 112
2.3.7 RESULTADO NOMINAL ........................................................................................................ 115
2.3.8 RESULTADO PRIMÁRIO ...................................................................................................... 115
2.4 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DO ESTADO DA BAHIA –
EXAME DAS CONTAS DO PODER EXECUTIVO ................................................................... 123
2.4.1 RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E RELATÓRIO DE
GESTÃO FISCAL ................................................................................................................... 126
2.4.2 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA ................................................................................................... 128
2.4.2.1 Receitas Tributárias – Imposto de Renda na Fonte (repasse automático)........................... 128
2.4.2.2 Receita contabilizada no FUNPREV .................................................................................... 129
2.4.2.3 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) ........................................................................... 131
2.4.2.3.1 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no Poder Executivo ........................................ 134

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2.4.3.2 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no Tribunal de Justiça e Ministério Público ....... 137
2.4.2.4 Pagamento de multas e juros de mora ................................................................................. 137
2.4.2.5 Considerações sobre a execução de Despesas de Exercícios Anteriores em montante
elevado ................................................................................................................................ 139
2.4.3 RECEITA PÚBLICA ................................................................................................................ 140
2.4.3.1 Receita Tributária ................................................................................................................. 142
2.4.3.2 Outras Receitas Correntes ................................................................................................... 143
2.4.3.3 Transferências Correntes e de Capital ................................................................................. 143
2.4.3.4 Receita Corrente Líquida (RCL) ........................................................................................... 145
2.4.3.5 Renúncia de receita .............................................................................................................. 145
2.4.3.5.1 Benefícios concedidos às empresas no âmbito do Programa DESENVOLVE .................. 146
2.4.3.5.2 Fiscalização das empresas com benefícios fiscais ........................................................... 147
2.4.3.6 Receitas de Operações de Crédito....................................................................................... 149
2.4.4 DESPESA PÚBLICA............................................................................................................... 149
2.4.4.1 Classificação da Despesa .................................................................................................... 150
2.4.4.1.1 Classificação institucional da despesa .............................................................................. 150
2.4.4.1.2 Classificação funcional e programática da despesa .......................................................... 151
2.4.4.1.3 Classificação da despesa por categoria econômica .......................................................... 152
2.4.4.1.3.1 Despesas Correntes ....................................................................................................... 152
2.4.4.1.3.2 Despesas de Capital....................................................................................................... 153
2.4.4.2 Despesa com Pessoal e Encargos Sociais .......................................................................... 153
2.4.4.3 Despesas relacionadas com seguridade social dos servidores ..................................................... 157
2.4.4.3.1 Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (PLANSERV) ......... 157
2.4.4.3.2 Fundo de Custeio do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV).. 160
2.4.4.4 Despesa com propaganda, promoção e divulgação da ação governamental ..................... 162
2.4.5 GESTÃO PATRIMONIAL........................................................................................................ 167
2.4.5.1 Caixa e Equivalentes de Caixa ............................................................................................. 169
2.4.5.1.1 Disponibilidade de Caixa Bruta.......................................................................................... 170
2.4.5.1.2 Conciliação Bancária ......................................................................................................... 178
2.4.5.1.3 Royalties ............................................................................................................................ 182
2.4.5.1.3.1 Movimentação financeira dos royalties ........................................................................... 187
2.4.5.2 Créditos de curto prazo ........................................................................................................ 187
2.4.5.2.1 Estoque ............................................................................................................................. 189
2.4.5.2.2 Demais créditos a curto prazo ........................................................................................... 189
2.4.5.2.3 Outros Valores Realizáveis a Longo Prazo ....................................................................... 193
2.4.5.2.3.1 Dívida Ativa ..................................................................................................................... 194
2.4.5.2.3.1.1 Evolução da Dívida Ativa Tributária e da Recuperação de Créditos Inscritos ............. 194
2.4.5.2.3.1.2 Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT em 2015 – SIGAT x FIPLAN .......................... 200
2.4.5.2.3.1.3 Questões contábeis da Dívida Ativa Tributária ............................................................ 201
2.4.5.3 Investimentos ...................................................................................................................... 202
2.4.5.3.1 Ausência de enquadramento da EBAL como empresa estatal dependente ...................... 205
2.4.5.4 Imobilizado ........................................................................................................................... 206
2.4.5.4.1 Bens Móveis ...................................................................................................................... 207
2.4.5.4.2 Bens Imóveis ..................................................................................................................... 208
2.4.5.4.3 Intangível ........................................................................................................................... 210
2.4.5.5 Fornecedores e contas a pagar a curto prazo ...................................................................... 211
2.4.5.5.1 Demais Obrigações a Curto Prazo .................................................................................... 213
2.4.5.6 Empréstimos e financiamentos............................................................................................. 215
2.4.5.7 Obrigações trabalhistas e previdenciárias e fornecedores de longo prazo .......................... 216
2.4.5.7.1 Pessoal a Pagar ................................................................................................................ 216
2.4.5.7.2 Débitos Judiciais ................................................................................................................ 218
2.4.5.7.2.1 Registro Contábil ............................................................................................................ 218
2.4.5.7.2.2 Despesas orçamentárias ................................................................................................ 221
2.4.5.7.2.2.1 Precatórios .................................................................................................................. 222
2.4.5.7.2.2.1.1 Regime Especial de Pagamento de Precatórios....................................................... 222
2.4.5.7.2.2.1.2 Parcelas, Depósitos e Pagamentos .......................................................................... 223
2.4.5.8 Provisões de Longo Prazo.................................................................................................... 225
2.4.5.8.1 Seguridade Social dos Servidores Públicos Estaduais – Provisões Matemáticas............. 225
2.4.5.8.1.1 Situação patrimonial dos fundos previdenciários dos servidores ................................... 229
2.4.5.8.1.2 Receitas e despesas relacionadas com fundos previdenciários dos servidores ........... 230
2.4.5.8.2 Provisão para indenizações – Contingências .................................................................... 231
2.4.5.9 Patrimônio Líquido ............................................................................................................... 234
2.4.5.9.1 Resultados Acumulados .................................................................................................... 235
2.4.5.9.2 Resultado do Exercício – Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP).................... 235
2.5 AUDITORIAS E INSPEÇÕES REALIZADAS EM 2015 ............................................................. 243
2.5.1 AUDITORIA OPERACIONAL DE CUMPRIMENTO DA LEI DE ACESSO À
INFORMAÇÃO (TCE/013091/2014) ...................................................................................... 243
2.5.2 AUDITORIA OPERACIONAL NO PROJETO DE LEI N.º 21.474/2015, QUE INSTITUI O
PLANO PLURIANUAL PARTICIPATIVO – PPA DO ESTADO DA BAHIA PARA O
QUADRIÊNIO 2016-2019 (TCE/009393/2015)...................................................................... 248
2.5.3 AUDITORIA OPERACIONAL NA SISTEMÁTICA DE ELABORAÇÃO,
ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPA 2012-2015 E DE
ELABORAÇÃO DO PPA 2016-2019 (TCE/007741/2015) .................................................... 249
2.5.4 AUDITORIA DE ACOMPANHAMENTO DE LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS
CELEBRADOS PELA AGERBA (TCE/007771/2015)........................................................... 252
2.5.5 AUDITORIA NO CONTRATO DE CONCESSÃO ADMINISTRATIVA N.º 035/2013 –
INSTITUTO COUTO MAIA .................................................................................................... 253
2.5.6 AUDITORIA NO PROCESSO DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DO
ESTADO NO CAPITAL SOCIAL DA EBAL .......................................................................... 255
2.5.7 AUDITORIA NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA (SIGAT) – MÓDULO DE CRÉDITO ................................................................ 256
2.5.8 AUDITORIA NO CONTROLE DOS IMÓVEIS DO ESTADO DA BAHIA ............................. 257
2.5.9 AUDITORIA NA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO DE MEMÓRIA E ARQUIVO
PÚBLICO DA BAHIA (FPC) .................................................................................................. 260
2.6 ACOMPANHAMENTO DAS DELIBERAÇÕES CONSTANTES DO PARECER PRÉVIO
SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO – EXERCÍCIO DE 2014 ........ 265
2.6.1 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS AO
PLANEJAMENTO E GESTÃO DAS AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS .......................... 266
2.6.2 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS AO
CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................... 277
2.6.3 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS
AOS LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS .................................................................... 287
2.6.4 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS À
GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL ............................................ 291
2.6.5 RESUMO DO ACOMPANHAMENTO DO PLANO DE AÇÃO ............................................... 310
2.7 ENCAMINHAMENTO DA SEÇÃO ANALÍTICA ......................................................................... 315
2.8 RELAÇÃO DE AUDITORES ..................................................................................................... 316
3 SEÇÃO CONCLUSIVA. ................................................................................................................ 319
3.1 CENÁRIO ECONÔMICO E ARRECADAÇÃO DA RECEITA ESTADUAL EM 2015 ................ 319
3.2 PLANEJAMENTO, GESTÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE 322
POLÍTICA PÚBLICA .................................................................................................................
3.3 CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL ................................... 324
3.4 LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS ................................................................................. 326
3.4.1 LIMITE CONSTITUCIONAL PARA GASTOS COM SAÚDE.................................................. 326
3.4.2 LIMITE CONSTITUCIONAL PARA GASTOS COM EDUCAÇÃO ......................................... 327
3.4.3 LIMITE LEGAL PARA GASTOS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAS ......................... 327
3.4.4 LIMITES PARA GASTOS COM A PREVIDÊNCIA OFICIAL DO ESTADO ........................... 328
3.4.5 LIMITES DE ENDIVIDAMENTO DO ESTADO ....................................................................... 329
3.4.6 LIMITES OBRIGACIONAIS COM PPPS ................................................................................ 329
3.4.7 RESULTADO NOMINAL ........................................................................................................ 330
3.4.8 RESULTADO PRIMÁRIO ....................................................................................................... 331
3.4.9 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DO ESTADO ....................... 331
3.5 AUDITORIAS E INSPEÇÕES REALIZADAS EM 2015 ............................................................ 334
3.5.1 AUDITORIA OPERACIONAL DE CUMPRIMENTO DA LEI DE ACESSO À
INFORMAÇÃO (TCE/013091/2014) ....................................................................................... 334
3.5.2 AUDITORIA OPERACIONAL NO PROJETO DE LEI N.º 21.474/2015, QUE INSTITUI O
PLANO PLURIANUAL PARTICIPATIVO – PPA DO ESTADO DA BAHIA PARA O
QUADRIÊNIO 2016-2019 (TCE/009393/2015)....................................................................... 334
3.5.3 AUDITORIA OPERACIONAL NA SISTEMÁTICA DE ELABORAÇÃO,
ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPA 2012-2015 E DE
ELABORAÇÃO DO PPA 2016-2019 (TCE/007741/2015)..................................................... 335
3.5.4 AUDITORIA DE ACOMPANHAMENTO DE LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS
CELEBRADOS PELA AGERBA (TCE/007771/2015) ........................................................... 335
3.5.5 AUDITORIA NO CONTRATO DE CONCESSÃO ADMINISTRATIVA N.º 035/2013 –
INSTITUTO COUTO MAIA (TCE/007141/2015) .................................................................... 335
3.5.6 AUDITORIA NO PROCESSO DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DO
ESTADO NO CAPITAL SOCIAL DA EBAL (TCE/011305/2015) .......................................... 336
3.5.7 AUDITORIA NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA (SIGAT) – MÓDULO DE CRÉDITO (TCE/011407/2015) ................................ 336
3.5.8 AUDITORIA NO CONTROLE DOS IMÓVEIS DO ESTADO DA BAHIA (TCE/011170/2015) 336
3.5.9 AUDITORIA NA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO DE MEMÓRIA E ARQUIVO
PÚBLICO DA BAHIA (FPC) (TCE/010274/2015) .................................................................. 337
3.6 ACOMPANHAMENTO DAS DELIBERAÇÕES CONSTANTES DO PARECER PRÉVIO
SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO EXERCÍCIO ANTERIOR .... 337

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 9


3.7 PROVIDÊNCIAS REQUERIDAS NO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS .. 338
3.8 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 339
4 PROPOSTA DE PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER
EXECUTIVO DO ESTADO DA BAHIA ........................................................................................ 343
SIGLAS UTILIZADAS .................................................................................................................... 351
PRINCIPAIS FONTES DE CRITÉRIOS ......................................................................................... 359
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 379
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................... 385
PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS .................................................................... 395
DECLARAÇÃO DE VOTO – CONSELHEIRO MARCUS PRESÍDIO .............................................. 459
VOTO EM SEPARADO – CONSELHEIRO PEDRO LINO .............................................................. 465
DECLARAÇÃO DE VOTO – CONSELHEIRA CAROLINA COSTA................................................ 479
PRONUNCIAMENTO DO CONSELHEIRO-PRESIDENTE INALDO ARAÚJO............................... 509
ATA DA 31ª SESSÃO ORDINÁRIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA,
REALIZADA EM 07 DE JUNHO DE 2016 ....................................................................................... 513
PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO
DA BAHIA ....................................................................................................................................... 553
1 Introdução

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 11


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1 INTRODUÇÃO
O Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA), órgão incumbido de auxiliar o controle
externo, a cargo da Assembleia Legislativa, dotado de autonomia administrativa e
independência funcional, em conformidade com o disposto no art. 91, inciso I, da
Constituição Estadual (CE), aprecia as contas prestadas anualmente pelo Chefe do Poder
Executivo do Estado, sendo produzidos Relatório e Parecer Prévio no prazo de 60 dias a
partir da data de seu recebimento. O Parecer Prévio, documento de natureza técnica, auxilia
a Assembleia Legislativa no exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial do Estado quanto à legalidade, legitimidade, economicidade na
gestão dos recursos públicos.

As contas foram prestadas pelo Excelentíssimo Senhor Governador, Rui Costa, à


Assembleia Legislativa em 15/02/2016, na forma prevista no art. 105, XV, da Constituição
Estadual. Por sua vez, a Assembleia Legislativa as enviou a este Tribunal em 15/04/2016,
tendo sido aqui autuado sob o nº TCE/002434/2016, em 18/04/2016. Sua composição
compreende: Relatório Anual de Atividades do Governo; Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado; Inventário dos Bens Imóveis dos Órgãos da Administração Direta
do Poder Executivo (Relatório Imobiliário do Estado) e Relatório Anual de Avaliação Parcial
da Execução do PPA 2012-2015, ano 2015, volumes I e II.

Tem-se que os primeiros vestígios de controle via atividade auditorial foram encontrados em
Uruk, na Suméria, cerca de 8.000 a.c., ou seja, há 10.016 anos, quando fichas de barro
eram utilizadas na contagem do patrimônio, auxiliando o exercício do controle. Agora
estamos apreciando as contas governamentais do exercício de 2015, ano no qual o TCE/BA
completou 100 anos de criação.

Desde a sua fundação, o Tribunal de Contas tem envidado esforços para estimular a prática
da transparência das ações estatais e o aperfeiçoamento da gestão pública. Neste sentido,
em 10/12/2015, foi aprovada a Resolução n.º 164/2015, que dispõe sobre a Normatização
dos Procedimentos para Emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas de Governo no
âmbito do TCE/BA. Não obstante à Resolução encontrar-se vigente, foi prevista regra de
transição, estabelecendo que suas disposições somente se aplicarão aos processos de
contas de governo a partir do exercício de 2016.

Entretanto, este Relator, considerando a existência de normas de organização interna dos


trabalhos na aludida Resolução, que não guardam relação com a formalização e o exame
de mérito das Contas de Governo, como meio de preparar as equipes técnicas para o novo
modelo, resolveu orientar sua Relatoria pelos ditames da mencionada Resolução, no
pertinente à organização e elaboração deste Relatório e Parecer Prévio. Dentre as
inovações propostas foi estabelecido que o Relatório das Contas de Governo do TCE/BA
deve ser composto, necessariamente, de uma seção analítica e uma conclusiva.

A seção analítica é formada pelo relatório consolidado das CCEs e a seção conclusiva é
formada pelo relatório sintético, a cargo do conselheiro relator, que analisará os resultados
auditoriais da seção analítica, com a exposição dos fatos e fundamentos que suportam a
sua proposta de Parecer Prévio.

O item 2.1 promoveu a análise do planejamento e gestão das ações de política pública que
nortearam e viabilizaram a atuação do Governo Estadual. O estudo mapeou as fragilidades
relativas ao processo de elaboração, monitoramento e avaliação do Plano Plurianual e suas
repercussões sobre as demais leis orçamentárias.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 13


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No item 2.2, foi abordado o controle interno, englobando a concepção de sistema adotado
no Estado, com avaliação das estruturas primárias de controle interno das diversas
unidades administrativas, suas fragilidades e o impacto sobre a elaboração, execução,
acompanhamento e avaliação das ações de política pública. Também foi verificado se tais
elementos, em conjunto, atendem às exigências constitucionais. Os esforços ainda foram
empregados na análise dos instrumentos de controle, com foco nos sistemas corporativos,
bem como na aferição do cumprimento da transparência pública.

Encontra-se no item 2.3, a análise do cumprimento dos dispositivos constitucionais e legais


no que diz respeito aos limites da despesa com pessoal, manutenção do ensino, despesas
com saúde e previdenciárias, dívida e operações de crédito, além dos resultados nominal,
primário e financeiro, bem como o cálculo do limite relativo às Parcerias Público-Privadas.

A gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Estado da Bahia – exame das contas do


Poder Executivo, abordada no item 2.4, compreende a análise dos Balanços Orçamentário e
Patrimonial do Estado, com comentários sobre a composição das principais contas
integrantes. No item 2.5, dedicado às Auditorias e Inspeções realizadas pelo Tribunal de
Contas, são apresentadas as informações resultantes da apuração da atuação do Estado,
conforme sua relevância na representação das principais políticas públicas empreendidas
pelo Governo Estadual.

São registradas, no item 2.6, as ações adotadas pelo Governo Estadual para a correção das
falhas apontadas nas recomendações do Relatório sobre as Contas do Chefe do Poder
Executivo relativas ao exercício de 2014. Em consonância com o esforço de aprimoramento
da gestão pública, foi elaborado o quadro resumo que apresenta o nível de implementação
das deliberações constantes do Parecer Prévio do TCE/BA para o exercício de 2014.

Em razão das inovações promovidas, cabe destacar que a seção analítica é um documento
encaminhado pelo Superintendente Técnico e Titulares das CCEs, que foi produzido pelos
Auditores relacionados no item 2.8 deste Relatório. Após o exame aprofundado, o
mencionado trabalho foi apresentado a esta Relatoria, o que permitiu a elaboração da seção
conclusiva, proposta de Parecer Prévio e parecer do Ministério Público de Contas. Esta
nova metodologia faz jus a qualidade técnica dos Auditores e contribui para a segregação de
responsabilidades, contribuindo de forma significativa para a evolução do controle externo a
cargo desta Casa. A seguir, é apresentado quadro com o histórico de apreciação e
julgamento dos últimos cinco exercícios:

Quadro 1 – DATAS DE APRECIAÇÃO E JULGAMENTO DAS CONTAS GOVERNAMENTAIS


EXERCÍCIO
2010 2011 2012 2013 2014
GOVERNO Exmo. Sr. JAQUES Exmo. Sr. JAQUES Exmo. Sr. JAQUES Exmo. Sr. JAQUES Exmo. Sr. JAQUES
WAGNER WAGNER WAGNER WAGNER WAGNER
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TCE/001980/2011 TCE/002110/2012 TCE/002064/2013 TCE/004093/2014 TCE/004023/2015
Cons. Filemon Cons. Ridalva Cons. Inaldo Cons. Gildásio Consa. Carolina
RELATOR
Matos Figueiredo Araújo Penedo Filho Costa
PARECER Aprovação com Aprovação com Aprovação com Aprovação com Aprovação com
PRÉVIO recomendações recomendações recomendações recomendações recomendações
SESSÃO 07/06/2011 12/06/2012 04/06/2013 11/06/2014 02/06/2015
PUBLICAÇÃO
16/06/2011 19/06/2012 12/06/2013 18/06/2014 19/06/2015
DOE Cad. 3
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
PARECER Favorável Favorável Favorável Favorável Favorável
DECRETO
2032/2013 2033/2014 2034/2014 2035/2014 2038/2016
LEGISLATIVO
PUBLICAÇÃO
21/11/2013 26/11/2014 26/11/2014 31/12/2014 01/06/2016
DOE
Fontes: Diário Oficial do Estado (DOE).
* Pendente de julgamento pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA).

14 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Introdução

2 Seção Analítica

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 15


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

16 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2 SEÇÃO ANALÍTICA
Em conformidade com a Resolução n.º 168, de 15/12/2015, deste Tribunal de Contas, que
aprovou as diretrizes para o Plano Operacional do TCE de 2016, e em consonância com a
Resolução n.º 164, aprovada em 10/12/2015, que normatizou os procedimentos para
emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas de Governo no âmbito do TCE/BA, foi
elaborada a presente Seção Analítica, contendo a consolidação dos exames dos elementos
componentes da prestação de contas do Chefe do Poder Executivo do Estado, objetivando
subsidiar a emissão do Relatório e do Parecer Prévio sobre as Contas de Governo do
exercício de 2015.

A análise técnica promovida pelas Coordenadorias de Controle Externo (CCEs) foi realizada
com base nas peças contidas no processo de prestação das contas governamentais, bem
como nos resultados das auditorias, inspeções e outros procedimentos, atentando para os
aspectos de consistência, integridade, objetividade, transparência e relevância. As
informações, observações, constatações e recomendações foram consolidadas pela 7ª
CCE.

Cabe salientar o caráter inovador do presente exame, tendo em vista a Resolução n.º
164/2015, editada em dezembro de 2015, não se encontrar em plena vigência, inclusive não
sendo exigida neste exercício, dentre outros elementos, a apresentação pelo Poder
Executivo de diversos documentos.

A análise técnica foi desenvolvida considerando-se a experiência das Coordenadorias de


Controle Externo no exame das Contas Governamentais de anos anteriores e o disposto no
art. 29, da citada Resolução quanto à sua aplicabilidade, “no que couber”. Assim, os
procedimentos auditoriais foram implementados com base no cronograma de atividades, as
informações constantes no processo, bem como os esclarecimentos apresentados pelas
Secretarias e Órgãos por solicitação das CCEs.

• Análise da Formalização do Processo

As contas foram prestadas pelo Excelentíssimo Senhor Governador Rui Costa dos Santos à
Assembleia Legislativa em 15/02/2016, através do Ofício GE n° 15/2016, na forma prevista
no art. 105, XV, da Constituição Estadual. Foram anexados, o discurso proferido pelo
Governador, o Relatório Anual de Atividades do Governo 2015, as Demonstrações
Contábeis Consolidadas do Estado (DCCEs), exercício de 2015, o Relatório Imobiliário do
Estado exercício 2015, e o RAPPA do PPA 2012-2015: ano 2015.

A Assembleia Legislativa enviou ao TCE as citadas peças em 18/04/2016, em conformidade


com o prazo descrito no caput do art. 12 da Lei Complementar n.º 005, de 04/12/1991.

Posteriormente, foram anexados aos autos o Plano de Ação e, em abril de 2016, o Relatório
de Acompanhamento deste Plano, elaborados pela Comissão Estadual de Ações Corretivas
e Preventivas de Ressalvas relativas às Contas Governamentais (criada pelo Decreto
Estadual n.º 12.474, de 24/11/2010, alterado pelo Decreto Estadual n.º 14.582, de
04/07/2013), em atendimento às recomendações propostas no citado Parecer Prévio.

Quanto aos requisitos formais, as peças componentes do Processo atendem ao disposto no


parágrafo 2º, do art.12, da Lei Orgânica do TCE.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 17


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Procedimentos Auditoriais

Em observância ao quanto requerido na Resolução n° 164/2015, foram desenvolvidos, pelas


Coordenadorias de Controle Externo, procedimentos de revisão, análise e avaliação das
principais ações de responsabilidade do Poder Executivo e dos controles internos
relacionados, além de outras verificações. Para tanto, foram expedidos ofícios e solicitações
de informações, objetivando esclarecer aspectos sobre as peças componentes da prestação
de Contas do Governo.

Na realização dos trabalhos, foram aplicados os seguintes procedimentos:

• exame dos documentos componentes da prestação de contas e documentos


comprobatórios de registros considerados relevantes;

• verificação de informações e dados disponíveis na internet, em sítios de órgãos


públicos estaduais;

• confrontação de dados e informações contábeis e financeiras do FIPLAN e das


prestações de contas de órgãos jurisdicionados; e

• realização de entrevistas e reuniões com servidores da SEPLAN e SEFAZ.

As principais fontes de critério utilizadas foram as Constituições Federal e Estadual,


dispositivos legais, doutrina e jurisprudência aplicáveis, bem como o Relatório e Parecer
Prévio das Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia, exercício de 2014.

• Análises e Comentários das Coordenadorias de Controle Externo (CCEs)

Os comentários, constatações e recomendações foram ordenados em seis tópicos, de forma


semelhante à disposição dos assuntos nos Relatórios das Contas de Governo dos
exercícios anteriores, sendo abordados os seguintes temas em cada um deles:

a) Análise dos instrumentos de planejamento e orçamento que nortearam e viabilizaram


a atuação do Governo Estadual. Foram avaliados os procedimentos relativos ao
processo de elaboração, monitoramento e avaliação do Plano Plurianual e suas
repercussões sobre as demais leis orçamentárias e do Relatório da Avaliação Parcial
da Execução do Plano Plurianual;

b) Avaliação do sistema de controle interno do Estado, englobando a concepção de


sistema, reportado nos arts. 70 e 74 da Carta Magna, considerando as normas,
sistemas corporativos, a estrutura organizacional e de recursos humanos destinados
a promoverem o controle interno das diversas unidades administrativas, suas
fragilidades e o impacto sobre a elaboração, execução, acompanhamento e
avaliação das ações de política pública, bem como a verificação do cumprimento da
transparência pública, que é um dos princípios norteadores das atividades de
controle interno;

c) Verificação quanto ao cumprimento dos dispositivos constitucionais e legais no que


diz respeito aos limites da despesa com pessoal, manutenção do ensino, despesas
com saúde e previdenciárias, dívida e operações de crédito, além dos resultados
nominal, primário e financeiro. Incluiu-se, também, o cálculo do limite relativo às
Parcerias Público-Privadas (PPPs), previsto na Lei Federal n.º 11.079, de
30/12/2004;

18 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica

d) Revisão do conteúdo das demonstrações contábeis buscando avaliar se evidenciam


adequadamente a gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Estado, e
proporcionam a interpretação dos aspectos relevantes contidos nos Balanços
Orçamentário e Patrimonial do Estado;

e) Resumo dos Achados e Deliberações do Plenário do TCE sobre as Inspeções e


Auditorias realizadas, relativas ao exercício de 2015; e

f) Avaliação das ações adotadas pelo Governo Estadual para a correção das falhas
apontadas nas recomendações do Relatório sobre as Contas do Chefe do Poder
Executivo, relativas ao exercício de 2014 e do respectivo Plano de Ação proposto.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 19


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

20 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


2.1 Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


21
Seção Analítica
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

22 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.1 PLANEJAMENTO E GESTÃO DAS AÇÕES DE POLÍTICA


PÚBLICA
O Planejamento é função balizadora para a programação das ações do Governo na
execução das Políticas Públicas, uma vez que direciona para o que deve ser ofertado,
visando atender às demandas da sociedade e do Estado. Nesse sentido, a Constituição
Federal, em seu art. 174, estabelece o planejamento como uma função determinante para o
setor público a ser exercida pelo Estado.

À luz da Carta Magna, a Constituição do Estado da Bahia, no seu art. 159, explicita os
instrumentos norteadores da Administração Pública, que formam a tríade orçamentária, o
Plano Plurianual (PPA), as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, a serem
estabelecidos por meio de leis de iniciativa do Poder Executivo.

Nesse contexto, a Constituição Estadual confere ao PPA a característica de instrumento de


planejamento, visto que estabelece que a lei que o instituir estabelecerá de forma
regionalizada diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada,
e explicita a integração das demais peças, Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei
Orçamentária Anual (LOA), com esse instrumento.

A Lei Complementar Federal n.º 101, de 04/05/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
por sua vez, em seu art. 1º, correlaciona a responsabilidade na gestão pública com a ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas. Assim, no seu domínio, a LRF, além de introduzir novos
elementos às peças orçamentárias, reforça a compatibilização entre elas quando, no seu
art. 16, inciso II, condiciona a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
governamental, que acarrete aumento da despesa, à declaração do seu ordenador de que o
aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

Ressalta, ainda, que se considera compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes
orçamentárias, a despesa que esteja de acordo com as diretrizes, objetivos, prioridades e
metas previstos nesses instrumentos e não infrinja quaisquer de suas disposições.

Contudo, para que estes instrumentos possam de fato assumir o papel a eles atribuído pela
Constituição Estadual, não basta que sejam simplesmente elaborados, é imperioso que
apresentem condições de direcionar a administração pública na boa aplicação dos recursos
e, sobretudo, que ofereçam condições de demonstrar com transparência o alcance dos
resultados almejados, o que faz do ambiente de controle do planejamento a base para
assegurar, nos instrumentos previstos, essas características.

2.1.1 ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO ESTADUAL PARA ELABORAÇÃO DO PPA

O Tribunal de Contas do Estado da Bahia tem apontado diversas fragilidades nos planos
plurianuais elaborados pelo Estado, as quais vão desde a existência de metas quantitativas,
sem definição de valores a serem alcançados durante o plano, e entregas de caráter
genérico com baixa transparência do bem ou serviço a ser ofertado, ao estabelecimento de
indicadores sem definição de parâmetros mínimos de validade e qualidade, dentre outros
aspectos.

Tais fragilidades comprometem a operacionalização do PPA, a transparência da gestão na


aplicação dos recursos públicos e impactam nas atividades de monitoramento e avaliação,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 23


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

seja da própria administração, quanto das instituições de controle interno e externo, bem
como no exercício do controle social, refletindo-se na qualidade dos resultados
apresentados pelas políticas públicas.

Diante desse quadro recorrente, o TCE/BA realizou, no período de janeiro a agosto/2015,


Ordem de Serviço n.º 012/2015, auditoria operacional na sistemática de elaboração,
acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do PPA
2016-2019, com vistas a avaliar de que forma a sistemática de elaboração do Plano tem
viabilizado a construção de um instrumento que efetivamente norteie a condução das ações
das diversas secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, com vistas ao alcance dos
objetivos estratégicos definidos pelo Estado.

Os resultados da referida auditoria operacional, processo TCE/007741/2015, apontaram


oportunidades de melhoria na SEPLAN, coordenadora do processo de elaboração do PPA,
com atribuição de acompanhar e avaliar a execução dos programas nele estabelecidos;
assim como nas secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, partícipes nesse
processo. As fragilidades encontradas na sistemática de elaboração sinalizam para
situações que contribuem para construção de PPAs pouco eficazes no direcionamento das
ações de governo e, consequentemente, com pouca condição para serem monitorados e
avaliados, quais sejam:

• Pouca garantia de efetividade dos resultados da escuta social na elaboração do


PPA

A LRF estabelece que a transparência da gestão fiscal deve ser assegurada também
mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos.

A análise dos cronogramas de elaboração do PPA 2012-2015 e 2016-2019 evidenciou, nos


dois processos, intempestividade na disponibilização dos resultados da escuta social aos
participantes do processo de elaboração do PPA. O acesso a esses resultados ocorreu, nos
dois processos, respectivamente, após e concomitante à realização das mesas temáticas,
etapa na qual são alinhados os compromissos dos programas, o que foi corroborado pelo
resultado da pesquisa eletrônica aplicada na auditoria aos participantes dos processos de
elaboração do PPA.

• Pouca transparência da devolutiva da escuta social para elaboração do PPA 2012-


2015

Foi evidenciado um baixo percentual de vinculação das demandas captadas no processo de


escuta social aos programas do PPA. Das 1.952 propostas validadas, segundo dados
apresentados no PPA 2012-2015, apenas para 542 a SEPLAN apresentou a identificação a
qual (is) programa(s), compromisso(s) e entrega(s) estavam associadas, representando
apenas 27,76% das propostas. Também foi verificada pouca transparência dessas
vinculações no processo de devolutiva da escuta social.

24 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

• Fragilidades na organização administrativa da SEPLAN para a elaboração do PPA

As fragilidades observadas no ambiente de controle da SEPLAN evidenciaram a baixa


cultura de planejamento do Estado, tendo em vista a insuficiente formalização da
sistemática de construção do Plano. Tal fato pode ser demonstrado pela apresentação de
documentos, em 21/03/2016, por parte da Secretaria, em minuta como: “Diretrizes para a
construção do PPA Bahia 2016-2019”, “Cenários Prospectivos para a Bahia”, os “Recortes
Territoriais para Políticas Públicas de Combate à Pobreza” e a “Avaliação Rápida da
Dimensão Estratégica do PPA 2012-2015”.

As versões finais dos documentos “Recortes Territoriais para Políticas Públicas de Combate
à Pobreza” e “Avaliação do PPA 2012-2015” foram apresentadas apenas em 21/08/2015, o
que corroborou com as percepções dos participantes da SEPLAN, que responderam à
pesquisa eletrônica, informando a necessidade de conhecimento da situação atual e das
necessidades do Estado, para estarem melhores capacitados a participarem do processo de
elaboração do PPA.

Ressalte-se, também, que não houve a identificação de capacitações para o público interno,
voltadas para a lógica de construção de programas, as quais são consideradas relevantes
para construção de modelos teóricos, com encadeamento lógico adequado para direcionar a
execução e o alcance dos objetivos pretendidos.

• Deficiência na orientação dada pela SEPLAN às secretarias/órgãos/entidades para


a elaboração do PPA

Foi identificada pela auditoria fragilidade na metodologia utilizada para elaboração do PPA.
A ausência da norma legal prevista para regulamentar a elaboração do PPA, conforme
estabelece o parágrafo 9º do art. 159 da Constituição Estadual, foi um dos fatores citados
pela auditoria que compromete o processo de construção do Plano, vez que deixa sob a
discricionariedade da gestão a determinação da metodologia a ser utilizada para elaboração
do PPA, bem como a definição dos elementos que comporão sua estrutura, ainda que a
Constituição Estadual determine o estabelecimento de diretrizes, objetivos e metas e que o
Decreto Federal n.º 2.829/1998, que estabeleceu normas para a elaboração e execução do
Plano Plurianual e fomentou o gerenciamento por programas, tenha trazido a figura dos
indicadores, num avanço para a gestão voltada a resultados.

A análise da documentação recebida pela auditoria demonstrou a insuficiência, na SEPLAN,


de sistemática formalizada (normas, manuais, modelos, procedimentos, etc.) para auxiliar as
secretarias/órgãos/entidades na construção dos programas e indicadores, nos processos de
elaboração dos PPAs 2012-2015 e 2016-2019. O documento “Orientações para construções
de Indicadores do PPA 2016-2019” foi apresentado em formato de minuta. A ausência de
capacitações voltadas para construção de programas e indicadores foi apontada pelos
participantes das secretarias/órgãos/entidades, respondentes à pesquisa, como principal
fator que compromete a qualidade da orientação.

Por ser uma peça fundamental no âmbito do planejamento governamental e por seu
processo de elaboração ser revestido de um alto grau de complexidade, faz-se necessário
que todos os atores envolvidos estejam devidamente capacitados a participarem do
processo.

Ademais, foi constatada a ausência de sistemática formalizada utilizada pela SEPLAN, a


exemplo de normas e procedimentos, para revisão ou análise crítica dos programas de
Governo e seus respectivos indicadores – antes do envio do Projeto de Lei (PL) à
Assembleia Legislativa – referentes aos PPAs 2012-2015 e 2016-2019, de forma a reduzir

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 25


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

deficiências na estruturação de seus elementos que venham a comprometer a sua


implementação e avaliação.

• Fragilidades na organização administrativa das secretarias/órgãos/entidades para a


elaboração do PPA

No âmbito das secretarias, órgãos e entidades auditados, a supracitada auditoria


operacional evidenciou, de forma similar, a baixa cultura de planejamento, no sentido de
subsidiar a elaboração dos planos plurianuais, sendo destaque: a rotatividade, insuficiência
e intempestividade na designação das equipes para elaboração do PPA, que compromete a
consolidação de expertise voltada ao referido processo, e a insatisfação de representantes
e participantes do processo em relação à capacitação ofertada pelas próprias
secretarias/órgãos/entidades voltada a esse fim.

• Insuficiência de estudos/diagnósticos específicos que fundamentem a construção


dos compromissos, das metas (e suas regionalizações) e das entregas/iniciativas
dos programas do PPA

De forma similar ao verificado no âmbito da SEPLAN, o referido trabalho de auditoria


operacional também demonstrou insuficiência de estudos/diagnósticos nas
secretarias/órgãos/entidades para fundamentar a construção dos programas do PPA. A
análise da documentação e das respostas às solicitações encaminhadas evidenciou que
66,18% das secretarias/órgãos/entidades não apresentaram estudos ou diagnósticos
específicos para fundamentar os compromissos, metas e entregas/iniciativas dos programas
do PPA 2012-2015. Com relação ao PPA 2016-2019, verificou-se que este índice foi de
77,94% das instituições. Foi ressaltada, ainda, pelos respondentes à pesquisa, a pouca
contribuição dos estudos/diagnósticos utilizados para o estabelecimento dos componentes
dos programas.

• Deficiência no processo de elaboração/seleção dos indicadores dos programas

Em relação a este item, a análise da documentação e das respostas às solicitações


encaminhadas evidenciou que 69,12% das secretarias/órgãos/entidades não apresentaram
a documentação suporte e as fontes de informação utilizadas para definição dos indicadores
referentes ao PPA 2012-2015, índices de referência e índices esperados. Com relação aos
indicadores a serem definidos para o PPA 2016-2019, este índice foi de 79,41%.

Com relação ao processo de elaboração do PPA 2016-2019, 76,92% dos gestores das
secretarias/órgãos/entidades e 77,72% dos participantes das secretarias/órgãos/entidades
do processo de elaboração, respondentes à pesquisa, demonstraram algum nível de
insatisfação em relação à disponibilização da documentação base que fundamentaria a
elaboração/seleção dos indicadores.

Como se verifica, os achados supracitados evidenciam aspectos da estrutura de


planejamento estadual que fragilizam a qualidade dos PPAs 2012-2015 e 2016-2019,
construídos como instrumentos direcionadores das ações de governo e da aplicação dos
recursos públicos. De acordo com o referido trabalho, as fragilidades apontadas no processo
de elaboração do PPA 2012-2015, ainda que com pequena melhora em alguns aspectos, se
repetiram no processo de elaboração do PPA 2016-2019, realizado em 2015.

A utilização de estudos e diagnósticos incompletos ou finalizados ao longo do processo,


somados à ausência de um planejamento estratégico estadual e à insuficiência de
estudos/diagnósticos das setoriais norteando o estabelecimento de compromissos, metas e
iniciativas, assim como de uma sistemática previamente formalizada e disseminada, tanto
sobre o processo de elaboração quanto sobre a lógica de construção do modelo teórico dos

26 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

programas, sinalizam o quão frágil ainda é o ambiente de controle estadual para o processo
de planejar, o que se reflete na qualidade dos PPAs elaborados. Registre-se, ainda, que a
rotatividade das pessoas envolvidas nesse processo, também compromete o aprimoramento
do processo de planejamento.

Isto posto, o que se verificou, no exercício de 2015, durante o processo de elaboração do


PPA 2016-2019, foi a reincidente fragilidade da estrutura de planejamento estadual para
elaboração do plano plurianual para o quadriênio. Cabe ressaltar que trabalhos anteriores,
realizados no âmbito da própria SEPLAN, citados no Relatório e Parecer Prévio sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo, exercício 2014, já sinalizavam para fragilidades na
estrutura de planejamento estadual, quais sejam: “Planejamento e Gestão Governamental
na Esfera Estadual: Uma análise comparativa dos processos, conteúdos e sistemas de
acompanhamento dos PPAs” (SEPLAN/SEI/IPEA) e Relatório “Avaliação Inicial de 20
Programas Prioritários do Plano Plurianual” (SEPLAN).

Desta forma, embora possam ser observados avanços no processo de realização das
escutas sociais para elaboração do PPA Participativo, na modelagem mais estratégica para
o Plano e na capacidade crítica da SEPLAN, em relação à estrutura e operacionalização do
PPA 2012-2015, o Estado ainda carece de condições básicas para viabilizar a construção
de um instrumento que efetivamente norteie a condução das ações do governo e das
diversas secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, com vistas ao alcance dos
anseios da sociedade e ao desenvolvimento do Estado.

Diante do quadro apresentado, torna-se primordial, ao aprimoramento e fortalecimento da


estrutura de planejamento estadual, a implementação das ações acordadas no Plano de
Ação do Governo do Estado, consolidado com os demais órgãos sistêmicos envolvidos com
as atividades de elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do Plano
Plurianual, com observância aos comentários da Auditoria, processo TCE/007741/2015, de
forma a garantir a construção de planos plurianuais não apenas para atender a uma
obrigatoriedade legal formal, mas para de fato contribuir para a melhor aplicação dos
escassos recursos públicos.

2.1.2 PLANO PLURIANUAL 2012-2015

Desde a edição do Decreto Federal n.º 2.829, de 29/10/1998, que estabeleceu normas para
a elaboração e execução do Plano Plurianual, fomentando o gerenciamento por programas
no âmbito de todas as esferas de governo, que os planos plurianuais subsequentes do
governo estadual têm sido estruturados no modelo de gerenciamento por programas.

A Lei Estadual n° 12.504/2011 instituiu o Plano Plurianual para o Estado da Bahia, referente
ao quadriênio de 2012-2015, estabelecendo as diretrizes, objetivos e metas da
Administração Pública Estadual para as despesas de capital e outras delas decorrentes,
assim como as relativas aos programas de duração continuada, visando atender ao art. 159
da Constituição Estadual. O PPA 2012-2015, embora mantenha a estruturação por
programas, trouxe modificações significativas em relação aos três últimos planos
plurianuais.

Diferentemente dos anos anteriores, a metodologia para construção do PPA 2012-2015 não
mais contempla no seu escopo as ações orçamentárias, que passaram a figurar apenas nos
orçamentos anuais, vinculando-se ao Plano por meio das entregas/iniciativas. O referido
Plano estabeleceu, ainda, que a criação de ações no orçamento fosse orientada para o
alcance das metas dos compromissos e pela viabilização da execução das
entregas/iniciativas, conforme descrito nos arts. 6º e 7º da referida Lei.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 27


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Art. 6º – O investimento plurianual de que trata o parágrafo 1º do art. 161 da


Constituição do Estado, para o período 2012-2015, está contemplado por
meio das Entregas ou Iniciativas e respectivas ações orçamentárias
vinculadas e compõe o montante dos Recursos do Programa.

Parágrafo único – A Lei Orçamentária Anual detalhará o valor dos


Programas para o exercício de sua vigência.

Art. 7º – A criação de ações no orçamento será orientada:

I – para o alcance das metas dos Compromissos;


II – pela viabilização da execução das Entregas ou Iniciativas.

De acordo com o parágrafo 1º, art. 161, da Constituição do Estado, “nenhum investimento,
cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia inclusão
no plano plurianual, ou sem lei que a autorize, sob pena de crime de responsabilidade.”

Neste contexto, o PPA 2012-2015 foi organizado em Eixos Estruturantes que se


desdobraram em Áreas Temáticas, apresentando 55 programas de governo distribuídos
pelo Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública (DP),
destacando-se o Poder Executivo, que ficou responsável por três Eixos Estruturantes e 47
programas de governo. O Quadro a seguir apresenta os programas contemplados pelo PPA
2012-2015.

Quadro 2 – ESTRUTURA DO PLANO PLURIANUAL (PPA) 2012-2015

PODER EIXO ESTRUTURANTE ÁREA TEMÁTICA PROGRAMAS


Desenvolvimento Social Proteção Social
Segurança Alimentar e Nutricional
Água para Todos
Regularização Fundiária e Reforma
Agrária
Inclusão Produtiva Vida Melhor – Oportunidade para quem
mais precisa
Saúde Bahia Saudável
Educação Fortalecimento da Educação Básica
Alfabetização e Educação de Jovens e
Adultos
Educação Profissional
Educação Superior no Século XXI
Segurança Pública Pacto pela Vida
I – INCLUSÃO SOCIAL E
AFIRMAÇÃO DE Esporte e Lazer Bahia Esportiva
EXECUTIVO
DIREITOS Trabalho e Renda Trabalho Decente
Bom Trabalho: ampliando oportunidades
Bahia Solidária: mais trabalho e mais
renda
Cidadania e Direitos Promoção, Proteção, Defesa dos Direitos
Humanos humanos e Cidadania
Ressocialização: direito do interno e do
cumpridor de penas e medidas
alternativas
Juventude
Criança e Adolescente
Envelhecimento Ativo
Promoção da Igualdade Racial e Garantia
de Direitos
Gênero, Raça e Etnia Desenvolvimento Sustentável de Povos e
Comunidades Tradicionais
Enfrentamento da Violência contra as

28 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

PODER EIXO ESTRUTURANTE ÁREA TEMÁTICA PROGRAMAS


Mulheres
Autonomia das Mulheres
Infraestrutura Logística Logística Integrada de Transporte
e de Telecomunicações Infraestrutura de Telecomunicações
Energia Energia para o Desenvolvimento
Meio Ambiente Sustentabilidade Ambiental
Economia
Economia Verde
Verde
Ciência e Tecnologia Ciência, Tecnologia e Inovação
Desenvolvimento Moradia Digna
II – DESENVOLVIMENTO Urbano e Cidades Mobilidade e Acessibilidade Urbana
SUSTENTÁVEL E Sustentáveis Reabilitação do Centro Antigo de
INFRAESTRUTURA Salvador
PARA O
DESENVOLVIMENTO Turismo Turismo Sustentável
Copa 2014
Cultura e Economia Criativa
Desenvolvimento Desenvolvimento Cultural
Indústria, Mineração e Indústria e Mineração
Serviços Estratégicos Comércio e Serviços Estratégicos
Microempresa e Empresas de Pequeno
Porte
Cadeias Produtivas do Desenvolvimento e Sustentabilidade da
Agronegócio Agropecuária Empresarial
Bahia Segura: da produção ao consumo
Planejamento e gestão Planejamento e Gestão Estratégica
estratégica
Gestão fiscal Gestão Fiscal
III – GESTÃO
DEMOCRÁTICA DO Modernização da Modernização da Gestão Pública
ESTADO gestão pública
Relação governo- Relação Governo-Sociedade
sociedade
Pacto federativo Pacto Federativo
Ação Legislativa Fortalecimento da Ação Legislativa
AÇÃO LEGISLATIVA E Controle Externo Aperfeiçoamento do Controle Externo
LEGISLATIVO CONTROLE DAS Estadual Estadual
CONTAS PÚBLICAS
Controle Externo dos Aperfeiçoamento do Controle Externo dos
Municípios Municípios
EFETIVIDADE NO Justiça Justiça Presente
JUDICIÁRIO
PODER JUDICIÁRIO

PROTEÇÃO DA Defesa da Sociedade Defesa da Sociedade e Garantia da


MINISTÉRIO Cidadania Plena
SOCIEDADE E
PÚBLICO
FOMENTO À CIDADANIA Modernização do Ministério Público
JUSTIÇA INTEGRAL E Acesso à Justiça Integral e Gratuita
DEFENSORIA GRATUITA E GARANTIA
Justiça Cidadã Modernização da Gestão da Defensoria
PÚBLICA DOS DIREITOS DO
CIDADÃO Pública
Fonte: PPA 2012-2015.

De acordo com a Lei Estadual n.º 12.504, de 29/12/2011 que instituiu o PPA 2012-2015, os
programas são compostos por Ementa, Indicadores, Recursos do Programa e
Compromissos, assim definidos:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 29


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Art. 3º – O Plano Plurianual 2012-2015, alicerçado no fortalecimento da


função de planejamento governamental, pelo maior diálogo com a dimensão
estratégica e estruturação na dimensão tática, está organizado em Eixos
Estruturantes e respectivas áreas temáticas, em que as políticas públicas
estão expressas por meio de Programa, composto por Ementa, Indicadores,
Recursos do Programa e Compromissos.

§1º – A Ementa, formulada a partir das diretrizes estratégicas, expressa o


resultado ou impacto pretendido pela ação de governo.

§2º – Os Indicadores são instrumentos que permitem identificar e aferir a


efetividade do Programa, auxiliando o seu monitoramento e avaliação.

§3º – Os Recursos do Programa indicam uma estimativa para a consecução


dos Compromissos.

§4º – Os Compromissos refletem o que deve ser feito e as situações a


serem alteradas pela implementação de um conjunto de Entregas ou
Iniciativas, sob a responsabilidade de um órgão setorial, e tem como
atributos:

I – Meta: uma medida do alcance do Compromisso, podendo ser de


natureza quantitativa ou qualitativa;

II – Entrega ou Iniciativa: declara as iniciativas a serem empreendidas para


a entrega de bens e serviços à sociedade, resultantes da coordenação de
ações orçamentárias e outras ações institucionais e normativas, bem como
da pactuação entre entes federados, entre Estado e sociedade e da
integração de políticas públicas.

Observa-se, assim, que o Plano Plurianual 2012-2015 se traduziu na concepção de grandes


programas de governo nos quais são estabelecidos diversos compromissos, com vistas ao
alcance de seus macro-objetivos. Contudo, não obstante a notória importância do PPA, não
somente para a administração pública, como também para os organismos e instituições de
controle, tanto interno quanto externo, bem como para o controle social, o que se verifica é
que o planejamento governamental ainda se apresenta frágil em relação ao processo de
construção desse instrumento direcionador de tamanha relevância.

Como já mencionado na análise do planejamento estadual, o Relatório e Parecer Prévio


sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo, exercício 2014, destacou diversas
fragilidades referentes à elaboração e execução do Plano Plurianual 2012-2015 com base
nos seguintes documentos: “Planejamento e Gestão Governamental na Esfera Estadual:
Uma análise comparativa dos processos, conteúdos e sistemas de acompanhamento dos
PPAs” (SEPLAN/SEI/IPEA), Relatório “Avaliação Inicial de 20 Programas Prioritários do
Plano Plurianual” (SEPLAN) e “Relatório de Auditoria Operacional do Programa de
Fortalecimento da Educação Básica”, processo TCE/007344/2013, Resolução n.º 187, de
23/09/2014.

As fragilidades apontadas no Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder


Executivo, exercício 2014, no âmbito do capítulo “Planejamento e Gestão das Ações de
Política Pública”, relacionadas ao PPA 2012-2015, refletem as condições da estrutura de
planejamento estadual, evidenciadas pela auditoria operacional na sistemática de
elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de
elaboração do PPA 2016-2019, processo TCE/007741/2015. Isto posto, é relevante que o
Plano de Ação apresentado pelo Governo do Estado, para atendimento às recomendações
deste Tribunal no Parecer Prévio de 2014, relativas ao Planejamento e Gestão das Ações
de Políticas Públicas, alinhe-se ao quanto acordado no âmbito da referida auditoria
operacional, com vistas ao aprimoramento e fortalecimento da estrutura de planejamento
estadual.
30 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Outrossim, cabe destacar que o Parecer Prévio de 2014 recomendou que somente se altere
o Plano Plurianual 2012-2015 após a aprovação do Projeto de Lei de revisão encaminhado
ao Poder Legislativo, como determina o art. 10, § 1°, da Lei Estadual n.º 12.504/2011.
Contudo, verificou-se nova revisão do PPA, sem a submissão de Projeto de Lei de revisão
ao Poder Legislativo, tendo em vista que o Anexo I da Lei Orçamentária/2015, denominado
“Demonstrativos Orçamentários Consolidados”, trouxe o item “Atualização do Plano
Plurianual – PPA”, onde são informadas as Entregas/Iniciativas Atuais, por Programa,
destacando-se em negrito as que foram incluídas para o exercício.

Ressalte-se que a não submissão das revisões do Plano a Projeto de Lei específico,
aprovado pelo Poder Legislativo, foi objeto de apontamento da auditoria operacional no
Projeto de Lei n.º 21.474/2015, que institui o PPA 2016-2019.

2.1.3 PLANO PLURIANUAL 2016-2019

Em 31/08/2015, o Governo do Estado apresentou à Assembleia Legislativa da Bahia o


Projeto de Lei n.º 21.474/2015 1, que institui o Plano Plurianual Participativo (PPA) do Estado
da Bahia para o quadriênio 2016-2019, de forma regionalizada, conforme o disposto no
inciso I do caput e § 1º, ambos do art. 159, da Constituição do Estado, estabelecendo
diretrizes, objetivos e metas com a finalidade de viabilizar a implementação e a gestão das
políticas públicas, convergir a ação governamental, orientar a definição de prioridades e
ampliar as condições para o desenvolvimento sustentável.

Assim, considerando as fragilidades na elaboração e execução do PPA 2012-2015 relatadas


no Relatório e Parecer Prévio de 2014, bem como as apontadas pela auditoria operacional
na sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-
2015 e de elaboração do PPA 2016-2019, o TCE/BA realizou, no exercício de 2015, análise
do modelo apresentado pelo Governo do Estado para o PPA 2016-2019, processo
TCE/009393/2015, com vistas a avaliar o novo instrumento em relação ao PPA 2012-2015,
e emitir considerações técnicas quanto à sua estruturação, de forma a contribuir para
aprovação de um instrumento de planejamento que melhor direcione a administração
pública e que viabilize seu acompanhamento, monitoramento e avaliação.

De acordo com o modelo apresentado, a base estratégica do novo PPA levou em


consideração as diretrizes estabelecidas no Programa de Governo (PGP), a Avaliação do
PPA 2012-2015, as Escutas Sociais realizadas em 2015, as informações contidas nos
Cenários Prospectivos para a Bahia 2015-2030, além das diretrizes estabelecidas pelo
Governo Federal para o PPA 2016-2019.

Em decorrência da necessidade de tempestividade no pronunciamento por parte do


TCE/BA, a análise do modelo apresentado para o PPA 2016-2019 restringiu-se a
observações acerca dos elementos que o compõem, considerando os aspectos já relatados
em trabalhos anteriores deste Tribunal.

Assim, a avaliação do modelo apresentado para o PPA 2016-2019 evidenciou


oportunidades de melhoria no Projeto de Lei em questão, as quais são apresentadas no
Quadro a seguir, com as respectivas recomendações da Auditoria apresentadas em
Relatório:

1
Convertida na Lei Estadual n.º 13.468/2015.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 31


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Quadro 3 – OPORTUNIDADES DE MELHORIA IDENTIFICADAS NO PROJETO DE LEI


DO PPA 2016-2019 E RESPECTIVAS RECOMENDAÇÕES DA AUDITORIA

OPORTUNIDADES DE MELHORIA RECOMENDAÇÃO DA AUDITORIA


Alteração do artigo oitavo do Projeto de Lei n.º
21.474/2015, que institui o Plano Plurianual Participativo
– PPA do Estado da Bahia para o quadriênio 2016-2019,
com vistas a condicionar as revisões no plano plurianual
Revisões do Plano Plurianual pelo Poder Executivo à apresentação pelo Poder Executivo de projeto de lei
sem trâmite específico de apreciação pelo Poder específico para revisão do PPA, a ser apreciado pelo
Legislativo Poder Legislativo, em consonância com o estabelecido
na Constituição do Estado;
Definir, formalizar e dar publicidade aos critérios para
revisão do PPA.

Explicitar, nos Projetos de Leis Orçamentárias anuais, as


vinculações entre ações orçamentárias e as Iniciativas
Não explicitação do elemento vinculante entre PPA e
do PPA 2016-2019, com vistas a garantir a transparência
LOA
da compatibilização, legalmente exigida, do orçamento
com o Plano;

Especificar os principais temas estratégicos relacionados


aos programas, assim como a correlação dos
respectivos compromissos com os temas estratégicos,
de forma a apresentar de forma clara, os temas
estratégicos que orientaram a concepção e a
Ausência de vinculação dos Programas aos Temas implementação da dimensão tática do plano,
Estratégicos representada por 19 programas e respectivos
compromissos;
Dar publicidade aos indicadores estratégicos,
viabilizando a utilização do PPA como instrumento de
gestão estratégica por todas as instâncias de governo.
Formalizar no PL 21.474/2015 as alterações propostas
Deficiência na conceituação dos atributos do
para os arts. 4º e 5º, para posterior apreciação pela
Programa
Assembleia Legislativa.
Deficiência no estabelecimento das metas para os Revisar as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de
compromissos dos Programas, comprometendo o forma a eliminar o caráter de ação a ser executada,
monitoramento e a avaliação do PPA dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou
quantitativo, bem como realizar projeções anuais, que
Metas com características de ações a serem
permitam o monitoramento regular de seu cumprimento,
executadas e sem especificações claras e
e, consequentemente, dos compromissos a elas
mensuráveis
atrelados.
Estabelecimento de metas globais para os
compromissos, sem quantificação anual
Revisar os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019,
de forma a projetar os índices esperados, para cada ano
Estabelecimento de indicadores para os programas
e para o final do plano, que viabilize a mensuração do
sem definição de índices esperados
resultado obtido após a implementação das ações de
governo.
Fonte: Relatório de Auditoria.

Analisados os esclarecimentos apresentadas pela SEPLAN, em razão da Notificação deste


TCE, foi constado que a Lei n.º 13.468/2015, que institui o PPA 2016-2019, publicada em
29/12/2015, e republicada no DOE de 08/03/2016, incorporou as recomendações da
auditoria, bem como foram definidas pelo Gestor ações que deverão ser objeto de
monitoramento, no que se refere aos itens 2.1, 2.2 e 2.4 do Relatório (Processo n.º
TCE/009393/2015). Contudo, verificou-se a não apropriação pela SEPLAN das
recomendações a seguir, fundamentais ao satisfatório desenvolvimento e transparência da
gestão:

32 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

• Explicitar nos Projetos de Leis Orçamentárias anuais as vinculações entre ações


orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-2019, com vistas a garantir a
transparência da compatibilização, legalmente exigida, do orçamento com o
Plano;
• Revisar as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o
caráter de ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável,
qualitativo ou quantitativo, bem como realizar projeções anuais, que permitam o
monitoramento regular de seu cumprimento, e, consequentemente, dos
compromissos a elas atrelados; e
• Revisar os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os
índices esperados, para cada ano e para o final do plano, que viabilize a
mensuração do resultado obtido após a implementação das ações de governo.

De forma a garantir a devida transparência da compatibilidade entre a Lei Orçamentária


Anual e o PPA, é fundamental tornar explícita a vinculação das ações orçamentárias às
“Iniciativas” apresentadas no Plano. Assim como, é imprescindível que as metas e
indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019 apresentem condições para serem
monitorados e avaliados, de forma a não comprometer a capacidade de accountability
governamental com fragilidades tais quais as apontadas no item deste Relatório relativo ao
acompanhamento, monitoramento e avaliação.

2.1.4 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

A Lei de Diretrizes Orçamentárias está prevista no art. 159, § 2º, da Constituição Estadual,
que estabelece:

Art. 159
[…]
§ 2º – A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e
prioridades da Administração Pública, incluindo despesas de capital para o
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária
anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a
política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

A Lei Estadual n.º 13.190, de 11/07/2014, no seu Anexo I, determinou as prioridades da


Administração Pública Estadual para o exercício de 2015, representadas pelos Programas
de Governo definidos no Plano Plurianual, os quais são vinculados às respectivas Áreas
Temáticas e Eixos Estruturantes, conforme demonstrado no Quadro a seguir:
Quadro 4 – PRIORIDADES APROVADAS PELA LDO 2014 – EXERCÍCIO 2015
PODER EIXO ÁREA TEMÁTICA PROGRAMA
ESTRATÉGICO
Proteção Social
DESENVOLVIMENTO SOCIAL Água para Todos – PAT
Regularização Fundiária e Reforma Agrária

Vida melhor – Oportunidade para Quem Mais


INCLUSÃO PRODUTIVA
INCLUSÃO SOCIAL E Precisa
EXECUTIVO AFIRMAÇÃO DE
SEGURANÇA PÚBLICA Pacto pela Vida
DIREITOS
Desenvolvimento Sustentável de Povos e
Comunidades
Tradicionais
GÊNERO, RAÇA E ETNIA
Enfrentamento da Violência Contra as Mulheres
Autonomia das Mulheres

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 33


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

PODER EIXO ÁREA TEMÁTICA PROGRAMA


ESTRATÉGICO
INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA E Logística Integrada de Transportes
DE
TELECOMUNICAÇÕES Infraestrutura de Telecomunicações

ENERGIA Energia para o Desenvolvimento


DESENVOLVIMENTO URBANO – Mobilidade e Acessibilidade Urbana
CIDADES
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEIS Reabilitação do Centro Antigo de Salvador
SUSTENTÁVEL E
INFRAESTRUTURA Desenvolvimento e Sustentabilidade da
CADEIAS PRODUTIVAS DO
PARA O Agropecuária
AGRONEGÓCIO
DESENVOLVIMENTO Empresarial
TURISMO Turismo Sustentável
CULTURA E DESENVOLVIMENTO Economia Criativa
INDÚSTRIA, MINERAÇÃO E
SERVIÇOS Indústria e Mineração
ESTRATÉGICOS
GESTÃO
PLANEJAMENTO E GESTÃO
DEMOCRÁTICA DO Planejamento e Gestão Estratégica
ESTRATÉGICA
ESTADO
AÇÃO LEGISLATIVA E CONTROLE
Fortalecimento da Ação Legislativa
DAS CONTAS PÚBLICAS
AÇÃO LEGISLATIVA E
LEGISLATIVO CONTROLE DAS CONTROLE EXTERNO ESTADUAL Aperfeiçoamento do Controle Externo Estadual
CONTAS PÚBLICAS
CONTROLE EXTERNO DOS Aperfeiçoamento do Controle Externo dos
MUNICÍPIOS Municípios
EFETIVIDADE NO
JUDICIÁRIO JUSTIÇA Justiça Presente
PODER JUDICIÁRIO
PROTEÇÃO DA Defesa da Sociedade e Garantia da Cidadania
MINISTÉRIO SOCIEDADE E Plena
DEFESA DA SOCIEDADE
PÚBLICO FOMENTO À
CIDADANIA
JUSTIÇA INTEGRAL E Acesso à Justiça Integral e Gratuita
DEFENSORIA GRATUITA E
PÚBLICA DO GARANTIA DOS JUSTIÇA CIDADÃ
ESTADO DIREITOS DO Modernização da Gestão da Defensoria Pública
CIDADÃO
Fonte: Anexo I da LDO/2015.

Conforme o art. 3º, Parágrafo único da LDO, as prioridades do Anexo I devem ter
precedência na alocação dos recursos no orçamento e na sua execução, respeitado o
atendimento das despesas dispostas no art. 22 do mesmo instrumento legal, a saber: a)
transferências e aplicações vinculadas constitucionais e legais; b) pessoal e encargos
sociais; c) juros, encargos e amortizações da dívida; d) precatórios judiciários; e)
contrapartidas previstas em contratos de empréstimos, convênios ou outros instrumentos
similares; e f) outras despesas administrativas e operacionais.

Não obstante ao que dispõe o mencionado art. 22, a LDO determina que em caso de
necessidade de limitação de empenho e movimentação financeira, os órgãos, fundos e
entidades devem ressalvar, sempre que possível, as ações vinculadas às metas e
prioridades estabelecidas no Anexo I (art. 3º, Parágrafo único, II).

34 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

2.1.5 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

A Constituição do Estado, no seu art.159, assim estabelece para a Lei Orçamentária Anual:

Art. 159
[...]
§ 5º – A lei orçamentária anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, referente aos
Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administração direta,
autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que o Estado, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e


órgãos a ela vinculados, da administração direta ou autárquica, bem como
os fundos e fundações instituídas pelo Poder Público;

§ 6º – A lei orçamentária anual conterá obrigatoriamente, especificado por


órgão de cada Poder, o quadro de pessoal a ser adotado no exercício,
destacando as necessidades de admissão, bem como a previsão total de
gastos com propaganda, promoção e divulgação das ações do Estado.

§ 7º – Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, terão:


I – compatibilização com o plano plurianual;
II – função de reduzir as desigualdades interregionais, segundo critérios de
população e renda per capita [...].

Para o exercício de 2015, a LOA contemplou 61 Programas de Governo, incluindo os 55


Programas que ofertam bens e serviços à sociedade e ao Estado, inseridos nos eixos
estruturantes do PPA, bem como aqueles destinados à sua manutenção e Operações
Especiais, e aprovou, inicialmente, recursos orçamentários no montante de
R$39.091.321.000,00. Com as alterações realizadas no decorrer do exercício, o total de
recursos orçamentários aprovados passou a ser de R$44.796.169.192,00.

Entre os 61 Programas de Governo, 25 foram definidos como prioridades da Administração


por meio da LDO/2015, restando 36 como Programas não prioritários. A Tabela a seguir,
apresenta a participação percentual dos Programas prioritários e dos não prioritários na LOA
2015.

Tabela 1 – PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS PROGRAMAS DE GOVERNO NA LOA


2015
Em R$
(1) PROGRAMAS PROGRAMAS NÃO
DESCRIÇÃO LOA 2015 (A) % (B / A) % (C / A)
PRIORITÁRIOS (B) PRIORITÁRIOS (C)
Orçamento inicial 39.091.321.000,00 9.049.022.602,00 23,15 30.042.298.398,00 76,85
Orçamento atual 44.796.169.192,00 11.493.277.127,19 25,66 33.302.892.064,81 74,34
Fonte: FIPLAN Gerencial. Relatório emitido em 07/04/2016.
(1)
Os montantes desta coluna incluem os recursos, inicial e atual, destinados à Reserva de Contingência.

Com as alterações ocorridas no orçamento durante o exercício, observa-se que houve


incremento de recursos alocados aos Programas prioritários, que passaram a representar
25,66% dos recursos aprovados, enquanto que os não prioritários representaram 74,34% do
orçamento. A Tabela a seguir, demonstra a posição orçamentária dos Programas de
Governo na LOA 2015.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 35


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 2 – POSIÇÃO ORÇAMENTÁRIA DOS PROGRAMAS DE GOVERNO – LOA 2015


Em R$
ORÇADO INICIAL (A) / TOTAL ORÇADO ATUAL (B) / TOTAL
CÓDIGO PROGRAMA
(A) INICIAL (%) (B) ATUAL (%)
502 Ações de Apoio Administrativo do Poder Executivo 11.651.620.600,00 29,81 11.816.811.235,11 26,38
900 Operação Especial 7.512.813.073,00 19,22 8.278.387.116,82 18,48
100 Bahia Saudável 3.500.380.973,00 8,95 4.406.077.771,07 9,84
105 Pacto pela Vida 3.942.082.000,00 10,08 4.366.512.719,98 9,75
101 Fortalecimento da Educação Básica 3.079.721.469,00 7,88 3.791.378.825,31 8,46
133 Mobilidade e Acessibilidade Urbana 1.472.254.200,00 3,77 2.072.006.339,00 4,63
163 Justiça Presente 1.424.050.000,00 3,64 1.701.223.039,00 3,80
113 Água para Todos – PAT 844.541.610,00 2,16 1.374.500.243,21 3,07
104 Educação Superior no Século XXI 763.733.000,00 1,95 1.042.314.082,66 2,33
125 Logística Integrada de Transporte 210.382.000,00 0,54 576.375.133,00 1,29
501 Ações de Apoio Administrativo do Poder Judiciário 481.920.000,00 1,23 564.045.275,00 1,26
116 Vida Melhor – Oportunidade para Quem Mais Precisa 336.184.390,00 0,86 456.944.867,00 1,02
500 Ações de Apoio Administrativo do Poder Legislativo 423.203.000,00 1,08 456.563.700,00 1,02
SUBTOTAL 35.642.886.315,00 91,17 40.903.140.347,16 91,33
OUTROS 3.448.434.685,00 8,83 3.893.028.844,84 8,67
TOTAL 39.091.321.000,00 100,00 44.796.169.192,00 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial. Relatório emitido em 28/04/2016.

Observa-se que os Programas “Ações de Apoio Administrativo do Poder Executivo”(26,38%)


e “Operações Especiais” (18,48%), representaram juntos 44,86% dos recursos
orçamentários atuais da LOA/2015.

Dos 61 Programas de Governo que integram a LOA 2015, 48, agrupados e especificados
como “outros” na Tabela 2, tiveram participação individual abaixo de 1% nos montantes do
orçamento inicial e atual. Somados, representaram menos de 9% dos recursos totais. Entre
esses 48 Programas, encontram-se 19 Programas dos 25 que foram contemplados como
prioritários pela LDO/2015. Portanto, para 76% dos programas prioritários (19) os créditos
orçamentários alocados ficaram abaixo de 1% do montante da LOA/2015 e, em alguns
casos, com recursos abaixo daqueles destinados a Programas não prioritários.

Com relação aos 13 Programas, apresentados na Tabela 2, que individualmente obtiveram


participação orçamentária acima de 1%, verifica-se a presença de seis Programas
prioritários, sendo estes: 105 – Pacto pela Vida (9,75%); 133 – Mobilidade e Acessibilidade
Urbana (4,63%); 163 – Justiça Presente (3,80%); 113 – Água para todos – PAT (3,07%);
125 – Logística Integrada de Transporte (1,29%) e 116 – Vida Melhor – Oportunidade para
Quem mais Precisa (1,02%).

Assim, com exceção dos Programas 502 – Ações de Apoio Administrativo do Poder
Executivo e 900 – Operação Especial, que se referem a créditos orçamentários destinados à
manutenção do Poder Executivo e outros compromissos financeiros do Estado, pode-se
observar a existência de Programas não prioritários que obtiveram participação percentual
maior que os prioritários contemplados na LDO/2015, sendo estes: 100 – Bahia Saudável
(9,84%); Fortalecimento da Educação Básica (8,46%); Educação superior no século XXI
(2,23%) e Ações de apoio Administrativo do poder Judiciário (1,26%).

A Tabela 3, a seguir, demonstra os Programas prioritários definidos pela LDO/2015, as


alterações decorrentes das suplementações e anulações de créditos ocorridas durante o
exercício e a respectiva execução orçamentária.

36 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Tabela 3 – EXECUÇÃO DOS PROGRAMAS PRIORITÁRIOS DO GOVERNO – LDO 2015


Em R$
Orçado Inicial %Variação %Execução
Código Programa Orçado Atual (B) Liquidado ( C )
(A) (B/A) (C/B)
Poder Executivo
111 Proteção Social 54.146.800,00 67.110.374,00 39.940.187,60 23,94 59,51
113 Água para Todos – PAT 844.541.610,00 1.374.500.243,21 544.407.063,00 62,75 39,61
115 Regularização Fundiária e Reforma Agrária 4.790.000,00 12.759.904,00 5.741.825,94 166,39 45,00
Vida Melhor – Oportunidade para Quem
116 336.184.390,00 456.944.867,00 220.655.576,44 35,92 48,29
Mais Precisa
105 Pacto pela Vida 3.942.082.000,00 4.366.512.719,98 4.110.788.928,07 10,77 94,14
Desenvolvimento Sustentável de Povos e
118 2.500.000,00 7.721.787,00 3.631.271,13 208,87 47,03
Comunidades Tradicionais
Enfrentamento da Violência Contra as
119 749.000,00 5.358.652,00 1.045.197,88 615,44 19,50
Mulheres
120 Autonomia das Mulheres 400.000,00 5.741.596,00 2.369.445,64 1.335,40 41,27
125 Logística Integrada de Transporte 210.382.000,00 576.375.133,00 388.275.236,90 173,97 67,37
126 Infraestrutura de Telecomunicações 19.190.000,00 20.615.781,00 2.184.110,10 7,43 10,59
127 Energia para o Desenvolvimento 13.712.000,00 23.812.000,00 19.061.142,69 73,66 80,05
133 Mobilidade e Acessibilidade Urbana 1.472.254.200,00 2.072.006.339,00 644.296.224,63 40,74 31,10
134 Reabilitação do Centro Antigo de Salvador 75.050.000,00 21.955.990,00 16.512.380,62 (70,74) 75,21
Desenvolvimento e Sustentabilidade da
140 50.905.000,00 67.627.831,00 22.025.720,89 32,85 32,57
Agropecuária Empresarial
135 Turismo Sustentável 95.401.000,00 83.879.259,00 37.099.554,11 (12,08) 44,23
138 Economia Criativa 13.554.250,00 18.365.524,00 16.168.299,75 35,50 88,04
142 Indústria e Mineração 51.035.000,00 107.709.997,00 60.349.006,03 111,05 56,03
150 Planejamento e Gestão Estratégica 34.000.352,00 58.867.994,00 24.511.345,84 73,14 41,64
Poder Legislativo
160 Fortalecimento da Ação Legislativa 236.670.000,00 273.110.000,00 268.899.351,39 15,40 98,46
Aperfeiçoamento do Controle Externo
161 157.730.000,00 160.734.000,00 157.785.508,24 1,90 98,17
Estadual
Aperfeiçoamento do Controle Externo dos
162 3.130.000,00 3.827.000,00 1.815.291,63 22,27 47,43
Municípios
Poder Judiciário
163 Justiça Presente 1.424.050.000,00 1.701.223.039,00 1.633.021.299,48 19,46 95,99
Ministério Público
Defesa da Sociedade e Garantia da
164 1.770.000,00 2.336.195,00 1.422.469,46 31,99 60,89
Cidadania Plena
Defensoria Pública
166 Acesso à Justiça Integral e Gratuita 500.000,00 388.759,00 334.663,40 (22,25) 86,09
Modernização da Gestão da Defensoria
167 4.295.000,00 3.792.143,00 3.330.956,89 (11,71) 87,84
Pública
TOTAL 9.049.022.602,00 11.493.277.127,19 8.225.672.057,75 27,01 71,57
Fonte: FIPLAN Gerencial. Relatório emitido em 07/04/2016.

A análise da Tabela 3 evidencia que:

1) considerando o montante de recursos orçamentários inicial e o atual destacam-se


nove Programas cujas suplementações superaram 50% do inicialmente orçado,
sendo estes: 120 – Autonomia das Mulheres (1.335,40%);119 – Enfrentamento da
Violência contra as Mulheres (615,44%); 118 – Desenvolvimento Sustentável de
Povos e Comunidades Tradicionais (208,87%); 125 – Logística Integrada de
Transporte (173,97%); 115 – Regularização fundiária e Reforma Agrária (166,39%);
142 – Indústria e Mineração (111,05%); 127 – Energia para o desenvolvimento
(73,66%); 150 – Planejamento e Gestão Estratégica (73,14%) e o 113 – Água para
Todos (62,75%);

2) 12 Programas (48%) dos 25 prioritários, sendo 11 sob a responsabilidade do Poder


Executivo, apresentaram baixa execução, posicionando-se com percentuais de
realização abaixo dos 50%. Desses 12 Programas, seis merecem destaque em
função de receberem suplementação de créditos superior a 50% da dotação inicial,
conforme item anterior, sendo estes: 118 – Desenvolvimento Sustentável de Povos e
Comunidades Tradicionais (47,03%); 115 – Regularização fundiária e Reforma

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 37


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Agrária (45%); 150 – Planejamento e Gestão Estratégica (41,64%); 120 – Autonomia


das Mulheres (41,27%); 113 – Água para Todos – PAT (39,61%) e 119 –
Enfrentamento da Violência contra as Mulheres (19,50%);

3) 13 Programas, correspondentes a 52% dos 25 prioritários, obtiveram percentual de


realização acima dos 50%, sendo o menor, o 142 – Indústria e Mineração (56,03%) e
o maior, 160 – Fortalecimento da ação Legislativa (98,46%);

4) quatro Programas tiveram redução do orçamento inicial, por meio de anulação de


créditos: 134 – Reabilitação do Centro Antigo de Salvador (-70,74%); 166 – Acesso à
Justiça Integral e Gratuita (-22,25%); 135 – Turismo Sustentável (-12,08%) e 167 –
Modernização da Gestão da Defensoria Pública (-11,71%); e

5) considerando os montantes de recursos do orçamento inicial (R$9.049.022.602,00),


do orçamento atual (R$11.493.277.127,19) e o resultado da execução orçamentária
das prioridades da Administração estabelecidas pela LDO 2015, conclui-se que,
mesmo com a suplementação de recursos, o montante efetivamente aplicado
(R$8.225.672.057,75) manteve-se abaixo do inicialmente orçado. Ou seja, os ajustes
realizados no orçamento no decorrer do exercício, mostraram-se inócuos para
alguns Programas diante da performance orçamentária.

Quanto à execução dos demais Programas de Governo, não contemplados como prioritários
pela LDO 2015, a Tabela a seguir apresenta a respectiva execução orçamentária.

Tabela 4 – EXECUÇÃO DOS PROGRAMAS NÃO PRIORITÁRIOS DO GOVERNO


Em R$
% %
Código Descrição Orçado Inicial (A) Orçado Atual (B) Liquidado ( C ) Variação Execução
(B/A) (C/B)
100 Bahia Saudável 3.500.380.973,00 4.406.077.771,07 4.027.336.278,59 25,87 91,40
101 Fortalecimento da Educação Básica 3.079.721.469,00 3.791.378.825,31 3.642.268.984,71 23,11 96,07
Alfabetização e Educação de Jovens e
102
Adultos 66.990.000,00 46.897.631,15 16.660.841,95 (29,99) 35,53
103 Educação Profissional 92.865.000,00 49.408.725,01 23.326.279,79 (46,80) 47,21
104 Educação Superior no Século XXI 763.733.000,00 1.042.314.082,66 962.865.268,03 36,48 92,38
Promoção, Proteção, Defesa dos Direitos
106
Humanos e Cidadania 13.050.000,00 21.149.596,00 11.402.345,69 62,07 53,91
Ressocialização: Direito do Interno e do
107 Cumpridor de Penas e Medidas
Alternativas 365.180.000,00 326.479.987,00 271.876.434,72 (10,60) 83,28
108 Juventude 7.897.000,00 5.618.109,00 2.875.473,72 (28,86) 51,18
109 Criança e Adolescente 19.568.000,00 13.271.560,00 9.539.141,47 (32,18) 71,88
110 Envelhecimento Ativo 7.770.000,00 8.149.042,43 6.465.328,05 4,88 79,34
112 Segurança Alimentar e Nutricional 51.754.000,00 51.861.303,00 28.695.577,72 0,21 55,33
Promoção da Igualdade Racial e Garantia
117
de Direitos 1.589.000,00 3.921.316,83 1.795.731,58 146,78 45,79
121 Trabalho Decente 1.962.000,00 3.000.536,00 2.074.609,45 52,93 69,14
122 Bom Trabalho: Ampliando Oportunidades 28.317.000,00 34.756.862,00 18.624.682,21 22,74 53,59
Bahia Solidária: Mais Trabalho e Mais
123
Renda 14.376.000,00 25.428.177,00 19.458.076,44 76,88 76,52
124 Bahia Esportiva 151.342.000,00 191.426.483,00 172.960.683,63 26,49 90,35
128 Ciência, Tecnologia e Inovação 107.885.000,00 101.015.909,00 77.539.728,21 (6,37) 76,76
129 Economia Verde 620.000,00 2.081.821,00 427.695,40 235,78 20,54
130 Sustentabilidade Ambiental 33.337.000,00 77.480.325,00 57.325.435,25 132,42 73,99
132 Moradia Digna 282.838.000,00 418.900.948,02 135.230.284,19 48,11 32,28
137 Copa 2014 21.000.000,00 61.086.448,02 48.379.987,61 190,89 79,20
139 Desenvolvimento Cultural 46.909.400,00 87.325.209,38 63.643.149,57 86,16 72,88
141 Bahia Segura: Da Produção ao Consumo 4.430.000,00 16.423.044,00 8.591.315,42 270,72 52,31
143 Comércio e Serviços Estratégicos 151.196.000,00 188.275.960,00 111.309.680,10 24,52 59,12
Microempresa e Empresas de Pequeno
144
Porte 46.480.000,00 16.504.269,00 9.899.890,45 (64,49) 59,98
151 Gestão Fiscal 53.277.000,00 73.294.960,00 26.328.733,81 37,57 35,92
152 Modernização da Gestão Pública 357.954.000,00 313.287.447,00 235.824.673,55 (12,48) 75,27

38 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

% %
Código Descrição Orçado Inicial (A) Orçado Atual (B) Liquidado ( C ) Variação Execução
(B/A) (C/B)
153 Relação Governo-Sociedade 104.539.000,00 111.777.246,00 109.864.853,74 6,92 98,29
154 Pacto Federativo 170.000,00 69.797,00 56.457,79 (58,94) 80,89
165 Modernização do Ministério Público 256.674.000,00 352.089.048,00 347.948.707,19 37,17 98,82
Ações de Apoio Administrativo do Poder
500
Legislativo 423.203.000,00 456.563.700,00 444.054.122,29 7,88 97,26
Ações de Apoio Administrativo do Poder
501
Judiciário 481.920.000,00 564.045.275,00 513.293.082,14 17,04 91,00
Ações de Apoio Administrativo do Poder
502
Executivo 11.651.620.600,00 11.816.811.235,11 11.276.376.389,57 1,42 95,43
Ações de Apoio Administrativo do
503
Ministério Público 168.756.000,00 179.707.798,00 176.322.835,83 6,49 98,12
Ações de Apoio Administrativo da
504
Defensoria Pública 148.114.000,00 166.560.098,00 160.873.807,86 12,45 96,59
900 Operação Especial 7.512.813.073,00 8.278.387.116,82 7.966.093.564,87 10,19 96,23
999 Reserva de Contingência 22.066.883,00 64.403,00 – (99,71) –
TOTAL 30.042.298.398,00 33.302.892.064,81 30.987.610.132,59 10,85 93,05
Fonte: FIPLAN Gerencial. Relatório emitido em 07/04/2016.

A análise da Tabela anterior evidencia que:

• dos 36 Programas não contemplados como prioritários na LDO 2015, cinco se


destacaram por terem incremento de recursos acima de 100% da dotação inicial,
sendo estes: 141 – Bahia Segura: da Produção ao Consumo (270,72%); 129 –
Economia verde (237,78%); 137 – Copa 2014 (190,89%); 117 – Promoção da
Igualdade Racial e Garantia de Direitos (146,78%) e 130 – Sustentabilidade Ambiental
(132,42%). Embora a suplementação desses cinco Programas tenha sido significativa,
o percentual de execução para três deles não foi expressivo: 129 – Economia Verde
(20,54%); 117 – Promoção da Igualdade Racial e Garantia de Direitos (45,79%) e 141
– Bahia Segura: Da Produção ao Consumo (52,31%);

• nove Programas tiveram seu orçamento inicial reduzido: 144 – Microempresa e


Empresa de Pequeno Porte (-64,46%); 154 – Pacto Federativo (-58,94%); 103 –
Educação Profissional (-46,80%); 109 – Criança e Adolescente (-32,18%); 102 –
Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (-29,99%); 108 – Juventude (28,86%);
Modernização da Gestão Pública (-12,48%); 107 – Ressocialização: direito do Interno
e do cumpridor de Penas e Medidas alternativas (-10,60%) e 128 – Ciência,
Tecnologia e Inovação (-6,37%);

• no cômputo geral, dos 36 Programas não prioritários, 13, correspondentes a 36,11%


do total, alcançaram percentual de execução abaixo de 50%.

Realizando comparativo da execução dos Programas prioritários e não prioritários, verifica-


se que dos 36 Programas não prioritários, 23 (63,89%) obtiveram percentual de execução
acima de 60%, enquanto que dos 25 prioritários, 11 (44%) apresentaram o mesmo
percentual de execução.

Portanto, no cômputo geral, quando comparados os percentuais de execução alcançados,


verifica-se que os Programas não prioritários apresentaram melhor desempenho em relação
aos Programas prioritários, conforme resumo da Tabela a seguir:

Tabela 5 – COMPARATIVO DO DESEMPENHO ORÇAMENTÁRIO DOS PROGRAMAS


Em R$
DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO FINAL LIQUIDADO % EXECUÇÃO
PROGRAMAS/QUANTIDADE
(A) (B) (C) (C/B)
Prioritários (25) 9.049.022.602,00 11.493.277.127,19 8.225.672.057,75 71,57
Não Prioritários (36) 30.042.298.398,00 33.302.892.064,81 30.987.610.132,59 93,05
Fonte: FIPLAN Gerencial. Relatório emitido em 07/04/2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 39


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.1.6 COMPATIBILIDADE ENTRE AS PEÇAS DE PLANEJAMENTO

Como já explicitado, a integração dos instrumentos de planejamento está prevista na


Constituição Federal e na Constituição Estadual. Tal determinação é enfatizada pelo art. 5º
da LRF, que determina que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) deverá ser
elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual (PPA) e com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO).

De forma a verificar a compatibilidade formal entre o PPA 2012-2015, a LDO/2015 e a


LOA/2015, procedeu-se à análise das informações constantes nesses instrumentos de
planejamento.

Consoante mencionado anteriormente, o PPA 2012-2015, está organizado em Eixos


Estruturantes, que se desdobram em Áreas Temáticas. A partir das Áreas Temáticas, foram
concebidos os Programas de Estado. Os 55 Programas foram distribuídos em três Eixos
Estruturantes, concernentes ao Poder Executivo, e mais quatro, tocantes aos Poderes
Legislativo e Judiciário, e ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

No Anexo I da LOA/2015, denominado “Demonstrativos Orçamentários Consolidados”, é


apresentado o item “Compatibilidade entre o Orçamento e o Plano Plurianual”. Esse item
traz o “Quadro de Metas e Recursos do Orçamento na Estrutura do PPA”, onde são
detalhados os Programas, Ementas, Ações e Produtos atrelados a uma Área Temática e
Eixo Estruturante. São previstos os recursos financeiros para cada Programa e suas
respectivas Ações, bem como são quantificados os Produtos, conforme prevê o § 2º do art.
10 da LDO/2015.

No mesmo Anexo, também é apresentada a “Análise Comparativa do Orçamento e do Plano


Plurianual”, onde são comparados monetariamente os valores previstos no PPA 2012-2015
e aqueles previstos na LOA/2015 para cada Eixo Estruturante e respectivas Áreas
Temáticas e Programas.

A LOA foi elaborada em conformidade com as exigências estabelecidas na LDO/2015, arts.


6º ao 11, do Capítulo II – Da Estrutura e Organização dos Orçamentos. Observa-se a
compatibilidade entre a programação constante nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade e o
Plano Plurianual 2012-2015, em conformidade aos dispositivos legais citados.

Todavia, conforme já relatado anteriormente, o PPA 2012-2015 não define as Ações


Orçamentárias a serem executadas no âmbito dos Programas. A metodologia desenvolvida
atualmente para o instrumento de planejamento estabelece, no escopo dos Programas,
além da Ementa e Indicadores, os Compromissos com respectivas Metas e
Entregas/Iniciativas. Essas últimas são definidas como iniciativas a serem empreendidas
para a entrega de bens e serviços à sociedade, resultantes da coordenação de Ações
Orçamentárias e outras ações institucionais e normativas. Dessa forma, as Ações
Orçamentárias (projetos/atividades) passaram a ser definidas apenas nas Leis
Orçamentárias Anuais (LOAs).

Contudo, em consequência dessa sistemática, o que se verifica é que na LOA/2015 não há


a correlação entre as Ações Orçamentárias estabelecidas e as Entregas/Iniciativas previstas
no PPA para os Compromissos dos Programas. Considerando que as Ações Orçamentárias
configuram-se como a forma de operacionalizar o planejado, a ausência de publicidade da
correlação entre elas e as Entregas/Iniciativas definidas no PPA, além de contrariar o que
dispõe o § 7º do art. 165 da CF, vai de encontro ao que determina a própria lei de criação do
PPA 2012-2015, que estabelece essa vinculação, no já citado art. 6º, qual seja:

40 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

O investimento plurianual de que trata o § 1º do art. 161 da Constituição do


Estado, para o período 2012-2015, está contemplado por meio das
Entregas ou Iniciativas e respectivas ações orçamentárias vinculadas e
compõe o montante dos Recursos do Programa.

Some-se a essa situação o fato de que o modelo teórico definido no PPA para os
Programas de Governo apresenta fragilidade, também, na descrição de Entregas/Iniciativas,
ou seja, nas ações que serão empreendidas pelo Poder Público para realizar os
compromissos assumidos, bem como, na descrição de ações orçamentárias e produtos,
apresentando caráter genérico que não evidencia o que está sendo ofertado/produzido à
sociedade, situação que foi objeto de apontamento por parte da auditoria operacional na
sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-
2015 e de elaboração do PPA 2016-2019.

Apesar das fragilidades apontadas na modelagem do PPA 2012-2015, o Relatório de


Gestão da SEPLAN, referente à Prestação de Contas do exercício de 2015, registra que
melhorias foram implementadas no instrumento de planejamento, visando à elaboração do
novo PPA 2016-2019, conforme registrado a seguir:

3.1. Avaliação dos resultados da execução dos programas da Seplan

[...]

Importante destacar que 2015 representa um marco para a Seplan na sua


determinação de aperfeiçoar o planejamento governamental a partir deste
segundo ciclo do novo modelo do PPA, o que tem como foco e partida a
elaboração do PPA 2016-2019, com melhorias empreendidas no modelo
conceitual e sistema de informação, que, por consequência, promoveram a
implementação de melhorias metodológicas e de sistemas também para a
Escuta Social, elaboração da LOA 2016 e Acompanhamento e
Monitoramento para o período de 2016-2019.

Contudo, há que se observar o quanto apontado na auditoria operacional no Projeto de Lei


n.º 21.474/2015, que institui o Plano Plurianual Participativo (PPA) do Estado da Bahia para
o quadriênio 2016-2019, processo TCE/009393/2015. Em síntese, ainda que a peça de
planejamento não delimite, mas apenas oriente o que será executado no quadriênio por
meio das LOAs, são necessárias clareza, vinculação e relação de causalidade entre os
orçamentos anuais e o PPA. A ausência desses requisitos compromete significativamente a
avaliação da gestão em relação ao que foi proposto.

Sob o aspecto da execução orçamentária, a LDO/2015 destacou 25 dos 55 Programas


contemplados no PPA 2012-2015, para os sete eixos estruturantes, impondo salvaguardas
para garantir a execução prioritária dos Programas eleitos. No entanto, foi verificado que os
Programas Prioritários, conjuntamente, tiveram uma execução de 71,57%, correspondendo,
em grande parte, à execução dos Programas sob a responsabilidade do Legislativo,
Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública. Em contrapartida, a execução dos
programas considerados não Prioritários atingiu 93,05%. Quanto aos Programas Prioritários,
alguns deles, além da baixa execução, sofreram também com anulações de dotações
orçamentárias.

O Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as Contas de Governo do exercício de 2014


apresentou recomendações, que ainda se mostram pertinentes, quanto ao cumprimento do
estabelecido na LDO, que garante a execução dos Programas Prioritários, diante da
limitação de empenho e movimentação financeira.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 41


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.1.7 ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Considerando o ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Act), ferramenta de gestão amplamente
divulgada na década de 50, fazem parte da gestão o planejamento, a execução, a
checagem e a ação, que de maneira cíclica permitem a melhoria contínua dos processos e
produtos para alcance dos objetivos pretendidos. Nesse sentido, acompanhar, monitorar e
avaliar configuram-se premissas básicas das quais a gestão pública não deve prescindir.

2.1.7.1 Estrutura Estadual de acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA

A responsabilidade de acompanhar e avaliar a execução dos Programas do PPA é da


Secretaria do Planejamento (SEPLAN), conforme descreve o art. 2º do Decreto Estadual n.º
10.359, de 23/05/2007, que institui seu Regimento Interno (revogado em 23/12/2015 pelo
Decreto Estadual n.º 16.489):

Art. 2º – Compete à Seplan:


[…]
V – acompanhar a implementação das políticas e a execução dos planos,
programas, projetos e ações governamentais, bem como avaliar seus
impactos econômicos e sociais no Estado […].

IX – estabelecer diretrizes, normatizar e coordenar tecnicamente as


atividades de planejamento, programação orçamentária, acompanhamento
e avaliação das ações governamentais, no âmbito da Administração Pública
Estadual […].

De acordo com o referido Decreto, o acompanhamento e avaliação dos planos plurianuais,


programas, projetos e ações governamentais está a cargo da Superintendência de
Monitoramento e Avaliação (SMA), destacando-se, entre suas atribuições, a sistematização
de informações gerenciais referentes à execução de programas e projetos governamentais,
visando subsidiar as decisões referentes à programação de investimentos quanto à sua
adequação em relação as diretrizes e prioridades de governo.

Ademais, por meio das Diretorias de Monitoramento e de Avaliação, nas suas respectivas
áreas de atuação, ressalta-se, ainda, a proposição, implementação e manutenção de
normas, métodos e instrumentos de monitoramento e avaliação dos planos plurianuais,
programas e ações governamentais, em articulação com as demais unidades do Sistema
Estadual de Planejamento, bem como a elaboração dos relatórios anuais de atividades do
Governo e relatórios gerenciais relacionados com os planos plurianuais, programas e
projetos governamentais.

Nesse contexto, cabe registrar que somente em 2012, quase um ano após a elaboração do
PPA 2012-2015, é que foram publicados instrumentos regulamentadores das atividades de
monitoramento e avaliação: a Instrução Normativa SEPLAN n.º 002, de 20/11/2012, que
instituiu o Processo de Monitoramento e Avaliação dos Programas de Governo do Plano
Plurianual no âmbito do Poder Executivo Estadual e normatizou seus procedimentos, e o
Decreto n.º 14.219, de 27/11/2012, que instituiu o Modelo de Governança para Programas
Integrantes do Plano Plurianual, com a finalidade de assegurar a transversalidade, a
integração, a coordenação e o compartilhamento de responsabilidades entre os executores
para o cumprimento dos compromissos e metas fixados.

Assim sendo, a auditoria operacional na sistemática de elaboração, acompanhamento,


monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do PPA 2016-2019,
processo TCE/007741/2015, realizada em 2015, por este Tribunal, buscou avaliar, também,
de que forma a sistemática de acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-
2015 oferece subsídios para a retroalimentação do processo e para identificação de desvios

42 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

na execução dos programas, oferecendo condições para a validação dos resultados


alcançados pelos programas de governo e para o exercício do controle social.

Os resultados da referida auditoria, a seguir elencados, evidenciaram fragilidades no âmbito


da sistemática de acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015, que
comprometem a gestão estadual sob a coisa pública e limitam a atuação do controle, seja
interno, externo ou social, quais sejam:

• Ausência de publicidade da vinculação entre LOA e PPA

Não obstante o sistema FIPLAN gerar relatório que demonstre a vinculação das ações
orçamentárias, do exercício, às entregas/iniciativas constantes no PPA 2012-2015, a
mencionada auditoria constatou a ausência de publicidade desta vinculação, de forma a dar
transparência da compatibilização entre as duas peças.

A análise dos demonstrativos “Quadro de Metas e Recursos do Orçamento na Estrutura do


PPA” e “Análise Comparativa do Orçamento e o Plano Plurianual” presentes na LOA 2015
não evidencia a vinculação entre as ações orçamentárias e as entregas/iniciativas do PPA
2012-2015.

• Não implementação do modelo de governança do PPA previsto no Decreto n.º


14.219/2012

Governança no setor público, segundo o Referencial Básico de Governança do Tribunal de


Contas da União (TCU), é um conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle
postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com vistas à
condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade.

Contudo, apesar da publicação do Decreto Estadual n.º 14.219, de 27/11/2012, instituindo o


modelo de governança para programas integrantes do PPA e definindo as instâncias de
coordenação multissetorial para sua operacionalização, as análises da auditoria concluíram
que as instâncias multissetoriais, Sala de Integração, Comitê Gestor e Grupo Técnico de
Trabalho, estabelecidas no citado normativo, não foram constituídas. Fato ratificado em
entrevista com gestores da SEPLAN, que afirmaram que a articulação funciona apenas no
nível técnico, entre setoriais e a Secretaria, não sendo satisfatória com a alta gestão
administrativa do Estado.

• Fragilidades no processo de acompanhamento do PPA

Conforme apontado no referido trabalho, as práticas de acompanhamento e monitoramento


por vezes se confundem, muito embora existam diferenças entre as duas. O
acompanhamento pode ser entendido como as atividades desenvolvidas para o registro,
verificação, conferência e documentação da implementação de uma política, programa ou
projeto. Enquanto que o monitoramento se utiliza das informações do acompanhamento
para a identificação tempestiva de possíveis entraves à execução dos programas,
oferecendo possíveis alternativas à correção de rumos de forma a não impactar os seus
resultados.

Isto posto, a auditoria verificou a ausência de procedimentos formalizados para validação


dos dados de execução física das ações orçamentárias registrados no FIPLAN pelas
secretarias/órgãos/entidades, além de intempestividade e ausência de registro de dados
relativos à execução física das ações orçamentárias, impactando e fragilizando, de maneira
significativa, a gestão e a demonstração da aplicabilidade do recurso público.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 43


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Deficiência no processo de monitoramento e avaliação do PPA

No que tange à sistemática de monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015, constatou-se


a ausência de sistemática formalizada que norteie as atividades de monitoramento e
avaliação da SEPLAN e das secretarias/órgãos/entidades do poder executivo. Embora o
processo de monitoramento e avaliação dos programas do PPA 2012-2015 tenha sido
previsto em dezembro de 2011, no momento da elaboração do Plano, a sua formalização
somente ocorreu em novembro de 2012, através da Instrução Normativa n.º 002/2012,
quase um ano após a publicação do PPA, não tendo sido de fato implementado, visto que
não foram elaborados o “Manual de Monitoramento e Avaliação de Programas de Governo”,
o fluxo das atividades, bem como os Planos de Monitoramento e outros instrumentos
previstos na referida instrução. Também não foram definidos os procedimentos a serem
executados, aspectos a serem monitorados e avaliados e mecanismos a serem utilizados.

Ademais, as inconsistências e inadequações relacionadas à concepção dos programas e


indicadores do PPA 2012-2015, configuraram-se como entraves ao processo de
monitoramento e avaliação do PPA, o que evidencia a fragilidade da sistemática de
planejamento estadual. De acordo com a auditoria, o Relatório de Avaliação Inicial de 20
Programas Prioritários do PPA e o Relatório de Avaliação dos Indicadores do PPA 2012-
2015, concluídos pela SEPLAN em 2013 e 2014, respectivamente, evidenciaram a
necessidade de ajustes e correções nos programas e indicadores estabelecidos para o PPA
2012-2015, de forma a viabilizar as atividades de M&A, entretanto esses ajustes não foram
devidamente realizados.

Ressalta, também, a informação da SEPLAN, de que o registro da evolução dos indicadores


que constam do PPA 2012-2015 foi apresentado pela primeira vez em 2014, quando da
elaboração do RAPPA 2012-2015, exercício de 2013, e que as inconsistências e
inadequações verificadas, naquele exercício, somente seriam revistas quando da
elaboração do PPA 2016-2019. Relata, ainda, que conforme registrado no RAPPA 2014, os
152 indicadores originais do PPA 2012-2015 foram acrescidos de outros propostos pelos
órgãos responsáveis, sendo agrupados por eixo estruturante. Entretanto, não houve revisão
do PPA que suportasse a inserção desses novos indicadores.

Quanto aos relatórios produzidos pela SEPLAN, provenientes das atividades de M&A do
PPA, a auditoria ressalvou que os mesmos não produzem as informações necessárias ao
processo decisório, no que diz respeito ao resultado de uma análise do desempenho dos
programas e seu impacto para a população beneficiada. O Relatório Anual de Governo
(RAG) e Relatório Anual de Avaliação da Execução do PPA (RAPPA) constituem-se em
relatórios informativos e descritivos da execução orçamentária, financeira e das ações
realizadas, e não apresentam análises comparativas entre o planejado e executado, dos
contingenciamentos, das suplementações e seus reflexos nos resultados obtidos, bem como
os pontos críticos/gargalos porventura verificados na execução dos programas.

• Pouca transparência da execução e dos resultados do monitoramento e avaliação


do PPA

Nesse quesito, a auditoria faz referência ao texto legal do PPA 2012-2015, que trouxe,
expressamente, a participação social como um dos seus princípios norteadores, a ser
inserida em todo o ciclo de gestão, inclusive no processo de monitoramento e avaliação do
Plano, viabilizando, através da publicação dos resultados alcançados, o exercício do
controle social:

44 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Art. 9º O Poder Executivo promoverá a participação da sociedade no


processo de monitoramento e avaliação dos Programas do Plano
Plurianual para o quadriênio 2012-2015.
[...]
Art. 11 Fica o Poder Executivo obrigado a encaminhar ao Poder
Legislativo, como anexo do relatório de prestação de contas anual,
relatórios de avaliação parcial da execução do Plano Plurianual, com o
objetivo de apresentar os resultados alcançados, comparando-os com a
proposta inicial, com destaque para os valores, metas atingidas, produtos,
Territórios de Identidade, além de divulgá-los na internet, em formato e
linguagem acessíveis à sociedade. (Grifou-se)

Assim sendo, a auditoria destacou a insuficiência dos mecanismos de divulgação e a baixa


clareza e insuficiência de dados e informações disponibilizados, visto que, conforme
informado pela SEPLAN, a divulgação e publicidade da execução do PPA tem sido realizada
por meio do RAG e do RAPPA, disponibilizados no sítio da SEPLAN, e mediante
atendimento de demandas do Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial
(CEDETER), através do envio de informações constantes de relatórios extraídos do FIPLAN.

Com relação aos relatórios disponibilizados, a auditoria informou tratarem-se de documentos


extensos, separados em dois volumes, divulgados em “linguagem orçamentária”,
apresentando as seguintes deficiências quanto ao teor das informações divulgadas:

• O RAG, estruturado em dois volumes, apesar de descrever as principais


realizações desenvolvidas pelo Governo durante o exercício financeiro, não
apresenta formato e linguagem acessíveis à sociedade;

• O Volume II compreende apenas a descrição das ações executadas no âmbito do


compromisso dos programas que constituem o PPA 2012-2015, entretanto, não
vincula essas ações às entregas/iniciativas previstas no Plano; e

• O RAPPA apresenta insuficiência de informações da execução física e de avaliação


de desempenho. Observa-se, ainda, a existência de ações e produtos de caráter
genérico que não evidenciam o que está sendo ofertado à sociedade.

Quanto ao sítio Transparência Bahia, a análise da auditoria informa que o mesmo apresenta
apenas a execução orçamentária e financeira da ação e dos programas, e que somente
estavam disponíveis para consulta pública os dados de 20 dos 47 programas do PPA.

Ante ao exposto, os fatos apontados pela auditoria operacional na sistemática de


elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de
elaboração do PPA 2016-2019, processo TCE/007741/2015, retratam, também, deficiências
na estrutura estadual para acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-
2015, que somadas às fragilidades apresentadas no processo de elaboração e
compatibilização dos instrumentos, refletem-se na qualidade do RAPPA e do RAG, peças
que compõem a prestação de contas do Governo do Estado da Bahia, relativa ao exercício
de 2015.

Deste modo, torna-se pertinente o alinhamento do Plano de Ação apresentado pelo Governo
do Estado, para atendimento às recomendações deste Tribunal no Parecer Prévio sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo, exercício 2014, ao quanto acordado no âmbito da
auditoria operacional na sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e
avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do PPA 2016-2019, também, no que diz
respeito às questões relativas ao acompanhamento, monitoramento, avaliação e
governança do PPA.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 45


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.1.7.2 Relatório Anual de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA)

O Relatório Anual de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA), documento


anexo à prestação de contas anual do Governo do Estado, tem como objetivo apresentar os
resultados alcançados nas ações do governo, comparando-os com a proposta inicial do
PPA.

A Lei n.º 12.504/2011, que instituiu o PPA 2012-2015, dispõe sobre a obrigatoriedade do
encaminhamento e da divulgação do RAPPA, conforme descrito em seu art. 11:

Art. 11 – Fica o Poder Executivo obrigado a encaminhar ao Poder


Legislativo, como anexo do relatório de prestação de contas anual,
relatórios de avaliação parcial da execução do Plano Plurianual, com o
objetivo de apresentar os resultados alcançados, comparando-os com a
proposta inicial, com destaque para os valores, metas atingidas, produtos,
Territórios de Identidade, além de divulgá-los na internet, em formato e
linguagem acessíveis à sociedade.

Neste sentido, o RAPPA constitui-se importante peça de accountability dos resultados da


gestão, demonstrando se a execução encontra-se aderente ao previsto no instrumento de
planejamento. A elaboração e divulgação do RAPPA são realizadas pela SEPLAN, sob a
responsabilidade da SMA. Conforme informado no sítio da SEPLAN, a SMA acompanha,
junto às Unidades, a alimentação do Submódulo de Acompanhamento, no FIPLAN, com
informações referentes à execução física de suas ações.

O Relatório de Avaliação da Execução do PPA, apresentado como componente das contas


do governo no exercício de 2015, está dividido em quatro capítulos: Capítulo 1 –
Desempenho do PPA por Eixos Estruturantes, Áreas Temáticas e Programas; Capítulo 2 –
Desempenho dos Programas: Execução Física do Exercício 2015; Capítulo 3 – Distribuição
das Fontes de Recursos por Programas; e Capítulo 4 – Indicadores do PPA 2012-2015:
Evolução.

A análise do referido Relatório, entretanto, demonstrou diversas fragilidades nos dados


apresentados, ao longo dos quatro capítulos, que comprometem a qualidade do RAPPA
2015 como instrumento de avaliação da execução do PPA, conforme relatado a seguir:

2.1.7.2.1 Desempenho do PPA por Eixo Estruturante, Áreas Temáticas e Programas

O primeiro capítulo do RAPPA apresenta de maneira consolidada o desempenho


orçamentário-financeiro no exercício de 2015. Os resultados são apresentados por eixos
estruturantes, áreas temáticas e programas. A análise desse capítulo evidenciou as
seguintes situações:

• Os valores apresentados como percentuais da execução orçamentária do


quadriênio não correspondem aos resultados da aplicação da fórmula descrita

Observou-se que, ao se aplicar a fórmula “(C+E+G+I)/A” como indicado na Tabela I,


Capítulo 1 do RAPPA, são obtidos resultados que não correspondem aos percentuais que
foram apresentados de execução orçamentária do quadriênio. Em resposta à solicitação de
esclarecimentos, a SEPLAN, por meio do Ofício GASEC n° 074/2016, informa que “A
inconsistência apontada foi devido a um lapso no lançamento dos dados na planilha Excel,
matriz utilizada para elaborar a Tabela 1” e que “esta correção será feita dentro de 10 dias
na versão digital do RAPPA 2012-2015, disponível no sítio da SEPLAN”.

46 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Verificou-se, em 14/04/2016, que a publicação do Relatório de Avaliação do PPA de 2015,


encaminhada ao Poder Legislativo, como anexo do relatório de prestação de contas anual,
foi retirada do sítio da SEPLAN, sendo republicada nova versão, na qual foram efetuadas as
correções dos percentuais de execução orçamentária apresentados na Tabela I do Relatório
em comento.

Não obstante a republicação da Tabela I, ainda persiste no Capítulo 1, página 12, uma
imprecisão na citação do valor resultante da execução do quadriênio, uma vez que fora
utilizado o valor de 114,44%, calculado equivocadamente, quando deveria ter sido utilizado
o valor de 104,48%.

• Pouca transparência dos dados relativos às taxas de crescimento anual

Verificou-se que os dados relacionados às taxas de crescimento foram apresentados com


diferentes formatações, comprometendo a identificação da polaridade positiva ou negativa
das taxas de crescimento apresentadas. Além disso, não foi apresentada a fórmula de
cálculo da taxa de crescimento, prejudicando a transparência das informações.

A SEPLAN, por meio do Ofício GASEC n° 074/2016, esclarece que “o procedimento


utilizado para obter os valores constantes na última coluna da Tabela 1 é o seguinte: soma
dos valores executados no quadriênio, dividido pelos respectivos valores alocados no PPA,
por eixo, área temática e programa”.

Constatou-se que os procedimentos informados pelo gestor para o cálculo da taxa de


crescimento anual não resultam nos valores apresentados na última coluna da Tabela em
comento. Ao mesmo tempo, verificou-se que, embora tenha havido alteração nos valores
das taxas de crescimento com a republicação do RAPPA, as fragilidades de formatação
permanecem.

2.1.7.2.2 Desempenho dos Programas em relação à Execução Física do Exercício

Este capítulo do RAPPA demonstra a situação da execução física das Ações Orçamentárias
(Projeto, Atividade e Operação Especial – PAOE) dos Programas no exercício e os valores
da execução física finalizada nos anos anteriores. Contudo, a análise dos resultados
apresentados evidenciam as seguintes fragilidades:

• Ausência de valores referentes à execução física

Em diversas ações orçamentárias do RAPPA 2015 não foi apresentada a série histórica da
execução física, impossibilitando o acompanhamento da evolução dos produtos entregues
ao longo do quadriênio. Ressalte-se que o RAPPA 2014 apresentava essas informações.
Em relação ao executado no exercício de 2015, também foi constatada a ausência de
informação relativa às metas físicas para diversas ações orçamentárias.

• Descontinuidade das informações relativas aos produtos ofertados pelas Ações


Orçamentárias

De acordo com o Manual de Orçamento Público (MOP) do Estado da Bahia, toda ação do
Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos
estratégicos definidos para o período do PPA. As ações integrantes do PPA transformam-se
em ações orçamentárias e cada ação terá um único produto, que corresponde ao bem ou
serviço resultante da ação, destinado ao público-alvo.

Na análise da execução física das ações orçamentárias apresentadas no Capítulo 2 do


RAPPA, verificou-se a existência de ações orçamentárias com quantitativo de execução

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 47


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

física muito superior a média de execução dos anos anteriores, chegando a ser, em alguns
casos, mil vezes maior. Realizada a análise das informações apresentadas no RAPPA 2014,
verificou-se que houve alterações nos produtos entregues pelas ações orçamentárias, como
pode ser observado no Quadro a seguir:

Quadro 5 – EXEMPLOS DE AÇÕES ORÇAMENTÁRIAS COM QUANTITATIVOS DE


EXECUÇÃO DIVERGENTES DA MÉDIA DOS ANOS ANTERIORES
AÇÃO PRODUTO PRODUTO FINALIZADOS CONCLUÍDO
ORÇAMENTÁRIA 2012-2014 2015 2012 2013 2014 2015
Aluno da
Fornecimento de Alimentação escolar
educação básica 1.075.041 1.062.890 978.625 198.184.000
Alimentação Escolar Fornecida – un
atendido
Fornecimento de
Alimentação ao Refeição ao interno
Interno atendido 11.100 12.780 12.000 12.130.268
Interno do Fornecida – un
Sistema Penitenciário
Fonte: RAPPA dos anos de 2012 a 2015.

Ainda que a alteração dos produtos interfira nos quantitativos da execução, não parece
razoável a existência de discrepâncias tão grandes entre exercícios. A descontinuidade de
informações relativas aos produtos acarreta maior dificuldade para verificar a correlação do
que foi executado com o alcance do previsto no PPA para os compromissos. A seguir,
outros exemplos de ações orçamentárias com alteração dos produtos a serem ofertados:

Quadro 6 – EXEMPLOS DE AÇÕES ORÇAMENTÁRIAS COM DESCONTINUIDADE DE


INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS PRODUTOS
META DO PRODUTO PRODUTO
PROGRAMA COMPROMISSO NO AÇÃO RAPPA RAPPA
PPA 2012 A 2014 2015
Capacitação de
Capacitar 52 mil Servidor Evento de Capacitação
Servidores do Sistema de
policiais capacitado realizado
Segurança Pública
Pacto pela Vida
Evento de Formação
Formar 16 mil policiais Formação de Policial Policial formado
realizado

Educação Capacitar 13.150 Capacitação de Profissional de


Evento de Capacitação
Superior no profissionais de Profissionais de Ensino Ensino Superior
realizado
Século XXI educação superior Superior capacitado
Cisterna para
Construção de 200 mil Construção de Solução armazenamento Solução hídrica
Água para Todos
cisternas Hídrica de água construída
construída
Fonte: Relatórios de Avaliação do PPA (RAPPA) dos anos de 2012 a 2015.

Cabe salientar que no Relatório em comento não há a descrição dos produtos dos anos
anteriores ou informações que sinalizem mudanças. A apresentação da série histórica da
execução física sem informação relativa a alterações no produto de um ano para o outro
comprometem a interpretação das informações apresentadas.

Sobre a omissão das informações referentes aos exercícios anteriores e a alteração dos
produtos, a SEPLAN afirmou, por meio do Ofício GASEC n° 074/2016, que, especificamente
para o PPA 2012-2015, ocorreram várias situações que causaram descontinuidade na
codificação, descrição da ação e seu produto ou na unidade de medida.

Por fim, a Secretaria ressaltou que, “em relação ao Capítulo 2, será customizado o relatório
que o produz, e no prazo de 30 dias será republicado no sítio da SEPLAN.” Em que pesem
os esclarecimentos do gestor, a ausência das informações da execução física dos anos
anteriores e as alterações nos produtos das ações orçamentárias prejudicam a verificação

48 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

da correlação entre os bens e/ou serviços ofertados com as entregas/iniciativas e com as


metas previstas no PPA.

A equipe de auditoria verificou, em 14/04/2016, que houve a retirada da publicação do


RAPPA 2015 do sítio da SEPLAN, sendo publicada uma segunda versão diferente da que
foi encaminhada ao Poder Legislativo, como anexo do relatório de prestação de contas
anual. Nesta nova versão, o Capítulo 2 foi substituído por uma nota informando que:

A emissão do RAPPA 2015 pelo FIPLAN apresentou equívocos ao


demonstrar valores de produtos de algumas Ações Orçamentárias (Projeto,
Atividade e Operação Especial – PAOE) que não apresentaram o seu
correspondente quantitativo finalizado em exercícios anteriores (2012, 2013
e 2014).
[…]
Para solucionar a questão, neste momento, a SEPLAN está se
empenhando no ajuste do método de emissão do referido relatório pelo
FIPLAN e em breve ele será disponibilizado com suas devidas correções.

Não obstante a intenção da SEPLAN em corrigir as fragilidades questionadas, a


indisponibilidade e inconsistências das informações relativas à execução física do PPA fere
o direito de acesso à informação da sociedade, uma vez que a Administração pública tem a
obrigação de garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para
acesso.

• Inconsistência na informação de execução das metas físicas das ações


orçamentárias

Ainda no Capítulo 2 do RAPPA 2015, foram encontradas diversas ações do Programa de


Logística Integrada de Transporte que apresentaram o mesmo quantitativo de meta física a
ser executado durante os exercícios, embora apresentassem essas metas físicas como
concluídas nos anos anteriores, como evidenciam os exemplos a seguir:

Quadro 7 – PROGRAMAÇÃO DE AÇÕES COM METAS FÍSICAS CONCLUÍDAS EM


ANOS ANTERIORES
AÇÃO/ DESCRIÇÃO RAPPA 2012 RAPPA 2013 RAPPA 2014 RAPPA 2015
Restauração de Rodovia na BA. 148, Irecê – 28 Km 29,5 Km 29,5 Km
São Gabriel – Jussara (paralisados) (concluído) (previsto)
Restauração e Manutenção Preventiva na BA. 87 Km 87 Km 87 Km 87 Km
160 – Xique-Xique – Barra – Premar (1) (em execução) (em execução) (em execução) (previsto)
Restauração de Rodovia na BR. 330, Entronc.
54 Km 54 Km
BA.
(concluído) (previsto)
160- Gentio do Ouro
Restauração de Rodovia na BA. 459, Placas –
92 Km 92 Km
Cotia – BA. 454 (Formosa do Rio Preto) – Anel
(previsto) (previsto)
da Soja – Premar II
Restauração de Rodovia na BA. 052, Xique –
246 Km 246 Km 246 Km 246 Km
Xique – Entronc. BA. 131 (Porto Feliz) –
(em execução) (em execução) (concluídos) (previsto)
Premar
8.740 Km (em 41,8 Km 8.740 Km 8.740 Km
Conservação da Rede Rodoviária Estadual
execução) (concluídos) (não informado) (em execução)
Fontes: RAPPA 2015 e anteriores.
1
A obra de restauração da rodovia Xique-Xique/ Barra, segundo notícia do sítio do DERBA, foi entregue em Julho de 2012.

Na análise do Programa citado, verificou-se que as quantidades de quilômetros


apresentadas para serem restauradas nos diversos anos equivalem, aproximadamente, à
distância total dos trechos. Foi solicitada à Secretaria que se manifestasse em relação às
repetições das ações com idênticas metas físicas nos mesmos trechos, mesmo quando já
concluídos em anos anteriores, e, em resposta, o Gestor afirma que “as situações

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 49


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

percebidas e citadas [...] nos leva a constatação de possíveis equívocos de programação,


sobre o quê realizaremos discussões com a SPO, para re-ratificação [...]”, sinalizando
possível causa para o ocorrido.

Contudo, não há nenhuma observação no RAPPA sobre a motivação destas repetições.


Assim, é pertinente destacar a função do Relatório em questão, que é avaliar a execução do
PPA, e que este é disponibilizado para a efetivação do controle social. Desta forma, quando
da customização e reedição do Capítulo 2, conforme ressaltado pelo Gestor nos
esclarecimentos apresentados, deverão ser incluídas notas explicativas da reprogramação
das ações.

2.1.7.2.3 Distribuição das Fontes de Recursos por Programas

No Capítulo 3, são demonstradas as principais fontes de financiamento e seus valores


orçados e executados. Também são demonstradas as fontes de recursos através de sua
vinculação aos Programas do PPA.

Na leitura deste capítulo, verificou-se uma divergência entre os valores das Fontes de
Recursos apresentados para os Programas Fortalecimento da Educação Básica, Autonomia
das Mulheres e Indústria e Mineração, comparando-os com os valores presentes no
FIPLAN, como demonstra o Quadro a seguir:

Quadro 8 – EXEMPLOS DE DIVERGÊNCIAS NOS DADOS DE FONTES DE RECURSOS


Em R$
PROGRAMA FONTE DE RECURSO RAPPA 2015 FIPLAN GERENCIAL
100 – Recursos Ordinários não
259.467.189,19 274.894.810,13
vinculados ao Tesouro
107- Recursos vinculados ao Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educ.
2.703.824.682,25 2.756.977.368,17
Básica e valorização dos Profissionais de
101 – Fortalecimento da
Educação
Educação Básica
108 – Cota-Parte Salário Educação 111.993.286,36 111.994.561,56
114- Recursos vinculados a Educação 382.584.086,66 385.933.826,58
331 – Transferências voluntárias de
Órgãos e Entidades Federais – Adm. 21.452.156,10 21.673.636,10
Direta – exerc. ant.
120 – Autonomia das 100 – Recursos Ordinários não 469.717
478.816,81
Mulheres vinculados ao Tesouro* 478.816,81
109 – Indenizações pela extr. De Óleo
142 – Indústria e
Bruto, Xisto Betuminoso e Gás, Utiliz. de 2.073.980,42 2.075.611,38
Mineração
Rec. Hídricos e Expl. de Rec. Minerais
Fontes: RAPPA 2015 e FIPLAN.
* No RAPPA, o Programa 120 apresenta dois valores referentes aos Recursos Ordinários não vinculados ao Tesouro.

Observa-se, mais uma vez, a ocorrência de fragilidades nos valores apresentados no


Relatório que compõe a Prestação de Contas. Estes equívocos comprometem a qualidade
da prestação de contas e infringem o disposto no art. 6º da Lei Federal n.º 12.527, de
18/11/2011 (Lei de Acesso à Informação), que estabelece:

Art. 6º – Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as


normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:

I – gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e


sua divulgação;

II – proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,


autenticidade e integridade;

50 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

2.1.7.2.4 Indicadores do PPA 2012-2015

O último capítulo do RAPPA 2015 traz informações sobre a evolução dos indicadores dos
programas no quadriênio.

De acordo com o §2º do art. 3° da Lei n.º 12.504/2011, que instituiu o PPA 2012-2015, “Os
indicadores são instrumentos que permitem identificar e aferir a efetividade do Programa,
auxiliando o seu monitoramento e avaliação”.

A análise das informações apresentadas no RAPPA 2015, relativas aos indicadores do PPA
2012-2015, evidencia que as fragilidades apontadas no Relatório e Parecer Prévio sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo, do exercício anterior, relacionadas a seguir, ainda
permanecem:

• Ausência de acompanhamento dos Programas, mediante os indicadores


originalmente publicados no PPA, contrariando o art. 11 da Lei n.º 12.504/2011,
que exige no Relatório de Avaliação Parcial da Execução do PPA a comparação
dos resultados com a proposta inicial;

• Inclusão de novos Indicadores, além daqueles publicados no PPA 2012-2015,


para monitoramento e avaliação dos Programas, em dissonância com o exposto
na Lei n.º 12.504/2011;

• Modificação da Nomenclatura, Linha de Base (ano da informação ou valor) e


Índice Esperado do Indicador ao final da execução do PPA, quando comparados
com aqueles originalmente publicados conforme Lei n.º 12.504/2011; e

• Inconsistência no preenchimento das informações relativas à série histórica dos


indicadores publicados no PPA 2012-2015 e divulgados nos Relatórios Anuais da
Avaliação Parcial da Execução do PPA para os anos de 2013 e 2014.
No que tange aos dados relativos à série histórica, verifica-se que a evolução dos
indicadores, demonstrada no capítulo 4 do RAPPA 2015, apresentou diferenças e ausência
de valores em alguns programas analisados, em relação à 2ª edição, versão revista e
atualizada do RAPPA de 2014, publicada no sítio da SEPLAN, em dezembro de 2015.
Comparando as evoluções dos indicadores dos programas publicados no RAPPA de 2015
com a 2ª edição de 2014, verificou-se ausência e/ou diferenças em alguns valores
apresentados para a série histórica, como nos exemplos a seguir:
Quadro 9 – VARIAÇÃO NA SÉRIE HISTÓRICA DOS INDICADORES
VALORES APURADOS
PROGRAMA INDICADOR RAPPA
2012 2013 2014 2015
Cobertura da Vacina Tetravalente em 2014 93,58 82,14 – –
Menores de Dois Anos 2015 94,18 84,17 91,51 88,3*
Percentual de Municípios com Cobertura 2014 96,57 89 90,85 –
100 – Bahia Saudável Adequada (95%) para Vacina
2015 50,36 35,97 45,80 39,56*
Tetravalente em Menores de 01 Ano
Redução da Taxa de Mortalidade Infantil 2014 17,10 17,00 15,20 –
(TMI) no Estado 2015 0,59 0,59 0,00 –4,09
104 – Educação 2014 53.493 47.242 53.289 –
Número de Matrículas de Estudantes na
Superior no Século
Educação Superior 2015 57.541 52.891 42.499 39.565
XXI
128 – Ciência, 2014 192 2450 – –
Tecnologia e Patentes Depositadas
2015 – – – –
Inovação
Fontes: RAPPA 2015 e 2ª edição, revista e atualizada do RAPPA 2014.
* De acordo com o RAPPA, os dados de 2015 são parciais, podendo ser atualizados até março/2016.

A priori, é importante destacar o §2º do art. 3º da Lei n.º 12.504/2012, que define os
indicadores como “instrumentos que permitem identificar e aferir a efetividade do Programa,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 51


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

auxiliando o seu monitoramento e avaliação”. Em resposta à solicitação de esclarecimentos


quanto às divergências na série histórica dos indicadores apresentados entre os RAPPAs de
2014 e 2015, a SEPLAN se manifestou, por meio do OF. GASEC N.º 074/2016, onde
informa que:

Como expresso na introdução ao Capítulo IV do RAPPA 2015, o registro e a


publicação da evolução dos indicadores dos programas governamentais
foram iniciados com o PPA 2012-2015, refletindo o empenho da
Administração Estadual no sentido da institucionalização de um processo
contínuo de monitoramento e avaliação das políticas públicas. Constatou-
se, entretanto, uma grande fragilidade nesses indicadores, tanto no que diz
respeito aos seus elementos descritivos [...], quanto em relação à aderência
aos objetivos e à abrangência dos programas que deveriam representar, o
que inviabilizou a aferição dos resultados por meio desse recurso
metodológico.

Um dos problemas decorrentes da deficiência constatada, representado


pela fragilidade dos registros administrativos dos indicadores mais
diretamente vinculados aos componentes dos programas, gerou dados
diferentes a cada edição do Relatório de Avaliação do PPA 2012-2015.
Optou-se, então, pela consolidação dos dados no RAPPA 2015, ao passo
em que as justificativas dadas pelos diversos órgãos e entidades para as
divergências verificadas serão publicadas na internet, no sítio da SEPLAN,
como afirmado na introdução referida.

O próprio Gestor reconhece as fragilidades dos indicadores e as inconsistências no


preenchimento das informações relativas à série histórica dos mesmos, o que suscitou
diferentes resultados a cada publicação dos Relatórios de Avaliação do PPA. Além disso,
entende não ser mais possível corrigir, apenas justificar as divergências. E, por fim, declara
que as justificativas serão publicadas no sítio da SEPLAN, sem definição de prazo.

Ainda por meio do referido Ofício, a SEPLAN antecipa os esclarecimentos que se seguem,
em relação aos indicadores apontados:

Programa 100, “Cobertura da Vacina Tetravalente em Menores do dois


Anos” e Percentual de Municípios com Cobertura Adequada (95%) para
Vacina Tetravalente em Menores de 01 Ano”.

Em relação aos valores dos indicadores citados acima, temos a informar


que os dados foram atualizados no Sistema de Nascidos Vivos – SINASC,
fonte de informação oficial. Vale ressaltar que as informações publicadas no
RAPPA 2014 são parciais, os valores consolidados de cada ano somente
estão disponíveis no mês de março do ano seguinte, segundo nota
encaminhada pela Diretoria de vigilância Epidemiológica – DIVEP/SESAB.

A Secretaria informa que a divergência dos valores se deve à atualização dos dados no
Sistema de Nascidos Vivos e ao fato da publicação de 2014 ser parcial, sendo que os
valores corretos só estariam disponíveis em março do ano seguinte. Todavia, cabe ressaltar
que a 2ª versão revisada e atualizada foi publicada no final do ano de 2015, muito posterior
ao mês de atualização dos dados. Ademais, os valores da cobertura de vacina
apresentados são referentes a 2012 e 2013, não tendo sido exposto o valor referente a
2014.

Além disso, os valores publicados no RAPPA de 2015 para a série histórica 2012 e 2013,
correspondentes aos percentuais de municípios com cobertura adequada de vacina, são
muito inferiores aos apresentados no RAPPA de 2014 para a mesma série histórica. Assim,
não se justifica a diferença ocasionada por uma publicação parcial em 2014, quando os

52 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

valores atualizados na publicação de 2015 resultam em percentuais menores que os


apresentados em 2014.

Em relação à Redução da “Taxa de Mortalidade Infantil (TMI)”, foram apresentadas taxas


bem distintas, enquanto no RAPPA de 2014 a redução da taxa em todos os anos foi
superior a 15%, no RAPPA de 2015 a redução apresentada para todos os anos foi inferior a
1%, conforme exposto no Quadro anterior. Em resposta aos apontamentos deste Tribunal, a
SEPLAN justifica:

Para o indicador de Redução da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) no


Estado, os valores publicados no RAPPA de 2014 dizem respeito à TMI
apurada no ano e não ao cálculo da redução da taxa, como descrito na
nomenclatura do indicador. Conforme sugere a nomenclatura do indicador,
quanto mais negativo melhor. O valor de -4,09 representa uma redução da
TMI em 2015 em relação ao valor apurado em 2014.

Em relação ao valor da Redução da Taxa de Mortalidade Infantil em 2015 ter apresentado


um valor negativo, a Secretaria justificou que, quanto mais negativo o número que
representa a redução, melhor o resultado, conforme sugere a nomenclatura do indicador.
Entretanto o índice de redução da taxa de mortalidade infantil é de polaridade positiva, ou
seja, quanto maior a redução melhor o resultado para a sociedade. Assim, não se justifica
um valor negativo para representar uma redução da TMI em relação ao ano anterior.

Sobre as divergências na série do indicador “Número de Matrículas de Estudantes na


Educação Superior”, também demonstrada no Quadro 9, a SEPLAN informa:

De acordo com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia – SEC, as


alterações dos valores calculados ocorreram em função de inconsistências
na base de dados da SEC, que divergiam das informações consideradas
oficiais no Brasil relativas à Educação Superior. Assim, os cálculos foram
refeitos e atualizados com base em informações do Inep, IBGE e
Mec/Capes.

O PPA 2012-2015 apresenta, como anexo complementar, a forma de cálculo dos


indicadores. Para o cálculo do Número de Matrículas de Estudantes na Educação Superior o
procedimento é o “Somatório de matrículas de estudantes na educação superior em oferta
regular e especial”. Desta forma, com o devido controle da Secretaria de Educação do
Estado da Bahia, o número calculado não deveria divergir dos dados considerados oficiais
no Brasil.

Sobre a ausência de informações no RAPPA 2015, referentes ao indicador “Patentes


Depositadas” do Programa Ciência, Tecnologia e Inovação, igualmente demonstrada no
Quadro 9, a SEPLAN esclarece:

Houve divergências de informações prestadas pela Secretaria de Ciências,


Tecnologia e Inovação – SECTI e pela Secretaria da Educação – SEC. A
descrição do indicador levou a interpretações diferentes pelas duas
secretarias. No RAPPA 2014, os valores informados correspondiam ao
número de bolsas de pesquisa científica concedidas pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB, e no RAPPA 2015, os
valores que foram fornecidos correspondiam ao número de doutores nas
Universidades do Estado da Bahia. Por este motivo não foram publicados
dados pra esse indicador no RAPPA 2015.

No RAPPA de 2015 não foram publicados os valores correspondentes ao indicador


“Patentes Depositadas”, enquanto que na 2ª edição do RAPPA 2014 foram publicados os
valores expostos na figura a seguir:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 53


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Figura 1 – INDICADORES PROGRAMA 128 – CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Fonte: RAPPA, 2ª edição revisada e atualizada 2014.

Na justificativa para a ausência destas informações na publicação de 2015, a SEPLAN


informou que os valores publicados como “Patentes Depositadas” em 2014 correspondiam
ao número de bolsas de pesquisa concedidas, todavia, os valores referentes ao número de
Patentes depositadas são diferentes do número de bolsas concedidas, como pode ser
confirmado na figura anterior.

Cabe destacar que a forma de cálculo do indicador “Patentes Depositadas” está explícita no
Anexo do PPA, como demonstra a figura a seguir. Isto posto, não se justifica a ausência de
lançamento dos valores referentes a este indicador, por interpretações diferentes da sua
descrição.

Figura 2 – FORMA DE CÁLCULO INDICADORES PROGRAMA 128 – CIÊNCIA,


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Fonte: PPA 2012-2015.

Diante do exposto, não obstante a declaração do gestor sobre as deficiências nos registros
dos indicadores, deve-se ressaltar ser de imposição legal o acompanhamento e publicação
dos resultados do PPA. Assim, não há como se falar em monitoramento ou avaliação do
Plano sem a regular mensuração dos indicadores.

Ademais, a análise do RAPPA 2015 evidencia, ainda, as seguintes deficiências:

• Ausência de demonstrativo da execução orçamentária e financeira por ação


orçamentária em conjunto com a demonstração da execução das metas físicas; e

• Ausência de demonstrativo do grau de cumprimento das metas dos compromissos.

Na leitura do RAPPA 2015, constatou-se que não há em seu conteúdo informações


referentes ao alcance das metas dos compromissos do PPA. Cabe aqui ressaltar que no
PPA 2012-2015 só foram estabelecidas metas para todo o quadriênio, não existindo metas
anuais a serem alcançadas, conforme relatado no Relatório e Parecer Prévio sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo, do exercício de 2014:

54 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Indefinição dos valores anuais a serem alcançados pelas Metas dos


Compromissos dos Programas.

O não dimensionamento, por exercício, das Metas estabelecidas,


impossibilita que seja avaliada a operacionalização anual do Plano
Plurianual. Compromete também a verificação do alcance do objetivo
estabelecido ao longo de quatro anos, a correta execução das ações e a
mensuração dos resultados;

Desta forma, além de não haver o dimensionamento das metas por exercício, de forma a
melhor direcionar a operacionalização anual do Plano, o que se observa é a inexistência, no
Relatório de Avaliação da Execução do último ano do PPA, de demonstração do grau de
cumprimento das metas estabelecidas para o quadriênio.

A ausência destas informações no Relatório de Avaliação da Execução do PPA fere o


disposto na Lei Federal de Acesso à Informação que, em seu art. 7º, impõe a publicação de
dados mínimos para a efetivação do princípio da transparência pública.

Art 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre


outros, os direitos de obter:
[...]

VII – informação relativa a:


à implementação, acompanhamento, e resultados dos programas, projetos
e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores
propostos;

Vale salientar que a Constituição Estadual, em seu art. 90, estabelece a obrigação de
manutenção de controle interno, com o objetivo de avaliar o cumprimento das metas e
execução dos programas do PPA, conforme descrito abaixo:

Art. 90. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a


execução dos programas de Governo e dos orçamentos do Estado;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e


eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e
entidades da administração estadual, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado; [...]

Assim, diante das fragilidades verificadas em todo o Relatório de Avaliação do PPA 2012-
2015, RAPPA 2015, verifica-se que a avaliação do cumprimento das metas dos
compromissos do PPA não foi apresentada e que o sistema de controle interno do Poder
Executivo mostra-se frágil para avaliar a execução dos Programas de Governo, bem como
seus resultados na aplicação dos recursos públicos, como preceitua o supracitado art. 90 da
Constituição Estadual.

Saliente-se, que um sistema de controle interno eficiente é indispensável para a boa gestão
pública, sendo este responsável pela avaliação e orientação das ações dos administradores,
de modo a assegurar o eficiente e adequado emprego dos recursos públicos. O exercício da
função de controle, desenvolvida pelo controle interno, é tão fundamental, que, se não for
desempenhado efetivamente, as demais funções de planejar, organizar e administrar, por si
só, não serão capazes de garantir o alcance dos resultados desejados.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 55


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.1.7.3 Relatório Anual de Governo (RAG)

O Relatório Anual de Governo (RAG) é um instrumento de comunicação e transparência que


compõe a Prestação de Contas do Chefe do Executivo. Segundo o último Manual de
Orientações para elaboração do RAG, publicado no sítio da SEPLAN, o referido relatório
“tem cunho gerencial, na medida em que pode ser usado como fonte de consulta para
cotejamento entre o planejado no PPA (nível estratégico) e o executado na LOA (nível tático
operacional)”. A elaboração do RAG é um trabalho conjunto das Secretarias do Estado sob
a coordenação da SEPLAN.

O Relatório Anual de Gestão, referente ao exercício de 2015, está divido em três capítulos:
Capítulo 1 – Contexto: Indicadores socioeconômicos e perspectivas, Capítulo 2 – Gestão
Financeira e Capítulo 3 – Principais realizações de Governo por eixos.

Na análise desse Relatório, verificou-se, também, a existência de divergências entre alguns


valores apresentados na Tabela 1, do capítulo 3, referente à Execução Orçamentária por
Eixo e Programa, e os valores demonstrados no FIPLAN. Observou-se, ainda, que as
Tabelas 2 e 3 da Área Temática Educação apresentam valores diferentes para a mesma
informação, que também divergem dos valores obtidos no Sistema FIPLAN, conforme
demonstrado no Quadro a seguir:

Quadro 10 – DIFERENÇAS NOS VALORES INFORMADOS NO RELATÓRIO ANUAL DE


GOVERNO
PROGRAMA TABELA 1 – RAG TABELA 2 – RAG TABELA 3 – RAG FIPLAN
Fortalecimento da
3.570.611 3.569.164 3.545.611 3.642.269
Educação Básica
Programa Educação
962.865 962.865 954.157 962.865
Superior no Século XXI
Fonte: Relatório Anual de Governo 2015.

A SEPLAN, através do Ofício GASEC n.º 074/2016, se manifestou sobre as divergências do


RAG:

A divergência encontrada no valor do Programa Fortalecimento da


Educação Básica (comparativo tabela 1 e 2), referente ao executado em
2015, constando na tabela 1, R$3.570,6 milhões, e, na tabela 2, R$3.569,2
milhões, resultou no lançamento equivocado de R$159 mil, referente ao
compromisso “Prover estrutura para o fortalecimento e o desenvolvimento
das aprendizagens do esporte e demais práticas da cultura corporal no
currículo da educação básica”, porém o valor correto é 1,4 milhão.

Outro lapso ocorreu quando se compara as tabelas 2 e 3, em face da


ocorrência equivocada dos seguintes lançamentos:

A fonte de recurso Recursos Diretamente Arrecadados por Entidades da


Administração Indireta no valor de R$8,6 milhões, quando deveria ser de
R$17,5 milhões;

A fonte “Transferências de Órgãos e Fundos Internacionais – Administração


Indireta – Exercício Anterior” ao apresentar na tabela 3 nenhuma execução,
e que, a bem da verdade, ocorreu uma modesta quantia de R$31 mil.

O mesmo lapso ocorreu com a Fonte “Recursos Ordinários não Vinculados


do Tesouro”, relativamente ao exercício anterior, que apresentou uma
quantia de R$25 milhões.

56 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

Para verificação das informações fornecidas pela SEPLAN, foram feitos os cálculos com as
correções indicadas, entretanto, os valores apurados ainda se mostraram diferentes dos
apresentados no FIPLAN. Ainda na análise do RAG, constatou-se, no Capítulo 3, que a
demonstração das realizações governamentais somente abrange a descrição dos bens e
serviços realizados, não há, entretanto, nenhuma correlação com as metas estabelecidas no
PPA.

Ademais, não se verifica no RAG avaliação de desempenho dos programas considerados


prioritários na lei de diretrizes orçamentárias, bem como aspectos de governança no âmbito
do PPA 2012-2015. Desta forma, não resta evidenciada a função de cunho gerencial do
referido Relatório, como indicado no Manual de Orientações para elaboração do RAG.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 57


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

58 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública

2.2 Controle Interno da Administração Pública Estadual

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 59


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

60 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.2 CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL


A obrigatoriedade de implantação do sistema de controle interno está prevista nos arts. 74
da Constituição Federal e, por simetria, nos arts. 89 e 90 da Constituição do Estado da
Bahia, conforme demonstrado a seguir:

Art. 89 – A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial do Estado e dos Municípios, incluída a das entidades da
administração indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções, renúncia de receitas e
isenções fiscais, será exercida pela Assembleia Legislativa, quanto ao
Estado, e pelas Câmaras Municipais, quanto aos Municípios, mediante
controle externo e sistema de controle interno de cada Poder.

[…]

Art. 90 – Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a


execução dos programas de Governo e dos orçamentos do Estado;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e


eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos
e entidades da administração estadual, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado;

III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias,


bem como dos direitos e haveres do Estado;

IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Parágrafo único – Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem


conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, darão ciência ao
respectivo Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária.
(Grifou-se)

Especificamente, os arts. 89 e 90 determinam que a fiscalização contábil, financeira,


orçamentária, operacional e patrimonial é o tipo de controle que deve ser exercido pelo
Poder Público, tanto por meio do controle interno quanto pelo controle externo. Esta forma
de controle deve ser praticada pelos gestores públicos, envolvendo desde a receita até a
despesa, no acompanhamento da execução orçamentária, levando em conta o cumprimento
dos programas, projetos e atividades previstas no orçamento, de acordo com os princípios
da legalidade, legitimidade e economicidade.

Assim, embora o controle interno seja uma função inerente à atividade administrativa,
quando se fala em fiscalização contábil, financeira e orçamentária, por exemplo, este
controle assume uma especificidade mais definida, com um direcionamento aos atos de
gestão dos bens e valores públicos, buscando uma atuação administrativa mais eficiente e
com regularidade legal.

Além disso, a Constituição Estadual, seguindo a CF, também extrapolou o mero exame da
legalidade, ao exigir que o sistema de controle interno, ainda, seja dotado de competência
para avaliar o resultado da gestão, observados os aspectos da eficiência e da eficácia.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 61


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Em suma, conforme (MILESKI, Hélio Saul, 2003, p.161):

[...] no sentido específico da fiscalização contábil, financeira e orçamentária,


pode-se dizer que Controle Interno é aquele efetuado pelos órgãos
administrativos, no âmbito da própria Administração, sob o comando de um
órgão central e, por isso, organizado de forma sistêmica, no sentido de
atuar de maneira integrada em todos os Poderes do Estado, buscando
comprovar a legalidade dos atos praticados pelos administradores e avaliar
os resultados da ação governamental, verificando o seu grau de eficiência e
eficácia, com prestação do devido apoio ao controle externo no exercício
das suas atividades constitucionais.

A Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), em seu art. 59, também
confere ao sistema de controle interno de cada Poder, além do Poder Legislativo, com o
auxílio dos Tribunais de Contas, a competência para a fiscalização do cumprimento de suas
normas. Portanto, dá-se ênfase ao sistema de controle interno como sujeito indispensável
ao monitoramento da gestão fiscal do Estado Brasileiro.

Segundo essa ótica, a fiscalização a ser exercida deverá verificar se os ditames da referida
norma estão sendo obedecidos, notadamente no que se refere aos seguintes parâmetros
(art. 59):
I – atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias;

II – limites e condições para realização de operações de crédito e


inscrição em Restos a Pagar;

III – medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao


respectivo limite;

IV – providências tomadas para recondução dos montantes das dívidas


consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V – destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em


vista as restrições constitucionais e legais;

VI – cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais,


quando houver. (Grifou-se)

Na LRF, a importância do controle interno é tão evidente que os responsáveis pelo referido
sistema também deverão assinar o Relatório da Gestão Fiscal, cabendo-lhes avaliar a
consistência e a confiabilidade dos dados nele contidos (art. 54, parágrafo único). Além
disso, a referida Lei também prevê as sanções que podem ser aplicadas ao ente público que
não obedecer aos parâmetros estabelecidos em caso de se manter gastos com inativos e
pensionistas acima do limite definido em lei (LRF, arts. 18 a 20; art. 24, § 2º; art. 59, § 1º,
inciso IV).

A partir dessa previsão legal, objetivou-se uma avaliação do sistema de controle interno do
Poder Executivo do Estado da Bahia, especificamente, dos fins a que se destina, tendo em
vista que o dever de controle, além de compor o núcleo essencial da própria atividade de
administrar, decorre do princípio jurídico-constitucional da eficiência ou da boa
administração, estabelecido no art. 37, caput, da CF/88.

62 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

2.2.1 AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DAS UNIDADES DE CONTROLE INTERNO

Encontra-se na Assembleia Legislativa, desde 2007, o Projeto de Lei n.º 16.942, que institui
o Sistema Estadual de Controle Interno do Poder Executivo, com a finalidade de avaliar a
ação governamental, a gestão dos administradores públicos estaduais, e promover a
articulação e integração dos diversos órgãos responsáveis pelo controle interno, de modo a
aumentar a efetividade da sua atuação, a eficiência no uso dos recursos e a eficácia dos
seus mecanismos e resultados, por intermédio da fiscalização financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial.
Enquanto a criação de um órgão central de controle diretamente subordinado ao Chefe do
Poder Executivo e dotado de quadro próprio de servidores admitidos mediante concurso
público específico, é a tendência verificada nacionalmente, cujo modelo tem sido
considerado mais adequado para conferir máxima efetividade à função controladora do
Estado, o projeto de Lei da Bahia não prevê, entretanto, concurso público para provimento
de quadro próprio.
O Relatório das Contas de Governo de 2014 já trazia a informação de que a Bahia é o único
estado da região Nordeste que não possui uma “unidade controladora central” nos moldes
de uma Controladoria Geral (autônoma e independente), como é o caso da Controladoria
Geral da União (CGU), com atribuições próprias e desvinculadas das Pastas de Estado.
Em 2015, as ações para fortalecimento do controle interno foram intensificadas com a
criação das Coordenações de Controle Interno (CCIs), instituídas pela Lei Estadual n.º
13.204, de 11/12/2014, que passaram a integrar a estrutura básica das Secretarias de
Estado. Essas CCIs são consideradas pela SEFAZ como um marco significativo para uma
nova política de governança pública, voltada para a mitigação de riscos inerentes à gestão e
à priorização do exercício do controle preventivo e concomitante, constituindo um avanço no
sentido do fortalecimento e consolidação de um sistema mais abrangente de controle
interno, nos moldes preconizados pela Carta Magna e pela Constituição da Bahia.

O Decreto n.º 16.059, editado em 2015 pelo Exmo. Sr. Governador Rui Costa, disciplinou as
competências das CCIs, assim como das demais estruturas de controle interno equivalentes
nos órgãos e entidades da administração indireta do Poder Executivo Estadual, que
passaram a ser desenvolvidas de forma integrada e em articulação sistêmica com a
Auditoria Geral do Estado (AGE), que tem a competência de orientar tecnicamente e
coordenar os trabalhos destas unidades.

A estrutura implantada, definida a partir da Lei n.º 13.204/2014, acrescentou ao


organograma das Secretarias de Estado e da Casa Civil, a unidade intitulada “Coordenação
de Controle Interno”, à exceção das Secretarias de Promoção da Igualdade Racial
(SEPROMI), de Relações Institucionais (SERIN) e de Políticas para as Mulheres (SPM) e da
Casa Militar do Governador (CMG), com a finalidade de desempenhar as funções de
acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial, em estreita articulação com o órgão estadual de controle interno (art. 24).

No sentido amplo, os controles internos se apoiam nas estruturas de rede de normatizações


existentes e ferramentas de Tecnologia da Informação (TI), mediante sistemas corporativos
estaduais, a exemplo do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças
(FIPLAN), Sistema Integrado de Patrimônio, Material e Serviços (SIMPAS), o Sistema de
Administração de Patrimônio (SIAP), Comprasnet, entre outros, geridos pelas secretarias
sistêmicas – Planejamento, Administração e da Fazenda – cuja avaliação encontra-se no
item 2.2.3 – Instrumentos de Controle Interno deste Relatório.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 63


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Cabe destacar no âmbito da Secretaria da Saúde (SESAB), além da CCI setorial, a


existência da Auditoria do SUS/BA 2, como componente estadual do Sistema Nacional de
Auditoria do SUS, que tem por finalidade promover a fiscalização técnico-científica, contábil,
financeira e patrimonial das ações e dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde
(SUS/BA).

Segundo informações obtidas junto à AGE, o controle interno atual do Poder Executivo,
além de englobar a auditoria (a AGE atua no campo da auditoria operacional, as CCIs
setoriais e as unidades equivalentes da administração indireta realizam auditoria de
conformidade), também envolve ações de correição e ouvidoria, realizadas pela
Corregedoria Geral do Estado da Bahia (CGR) e Ouvidoria Geral do Estado da Bahia,
respectivamente, junto com suas unidades setoriais.

Quanto à atividade de correição, a Controladoria Geral tem a finalidade de fiscalizar e


controlar a atuação funcional e a conduta dos servidores do Poder Executivo Estadual,
dentre outros, através de inspeções, sindicâncias e processos administrativos, recebendo,
encaminhando e acompanhando as denúncias e representações de infrações funcionais, em
articulação com as Corregedorias instituídas nos órgãos e entidades da Administração
Pública Estadual, que representam o Sistema de Correição Estadual.

Segundo a SAEB, as ações correicionais em 2015 foram desenvolvidas mediante quatro


linhas de ações (inspeções presenciais, operações de cruzamento de dados, visitas técnicas
e análise processual e desenvolvimento de projetos), com destaque para:

• 7.023 servidores inspecionados em 07 hospitais da rede pública estadual;

• 3.239 indícios de irregularidades nas operações de cruzamento de informações,


inclusive com as bases de dados do TCE, relativas a invalidez, multivínculo,
dedicação exclusiva;

• realização de visitas técnicas à Controladoria Geral da União e à Controladoria Geral


do município de São Paulo;

• uniformização dos procedimentos correicionais, com destaque para o primeiro


Encontro de Corregedores do Executivo Estadual;

• instauração de 168 processos pelas outras unidades do Sistema Correicional sob a


orientação técnica da CGR; e

• intensificação no tratamento dos processos administrativos em curso, de modo que


23 Processos Administrativos Disciplinares foram concluídos pela Comissão
Processante da SAEB.

2.2.1.1 A Auditoria Geral do Estado (AGE)

Em 2015, o Exmo. Sr. Governador do Estado Rui Costa editou o Decreto n.º. 16.059,
atribuindo à AGE o papel central de promover a articulação sistêmica das atividades
desempenhadas pelas recém-criadas Coordenações de Controle Interno, conforme a seguir
transcrito:

Art. 1º – As atividades das Coordenações de Controle Interno e das demais


estruturas de controle interno equivalentes existentes nos órgãos e
entidades do Poder Executivo Estadual serão desenvolvidas de forma

2
Regulamentada pelo Decreto Estadual n° 7.884, de 27/12/2000.

64 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

integrada e em articulação sistêmica com a Auditoria Geral do Estado


– AGE.

Art. 2º – […] Parágrafo único – As Coordenações de Controle Interno e


demais estruturas de controle interno equivalentes ficam sujeitas à
orientação técnica da AGE, respeitada a subordinação administrativa e
hierárquica ao titular do seu respectivo órgão ou entidade.

Art. 3º – Tendo em vista a articulação sistêmica das atividades de controle


interno, caberá à Auditoria Geral do Estado – AGE, da Secretaria da
Fazenda, sem prejuízo de outras atribuições regimentais:

I – orientar tecnicamente o planejamento e procedimentos operacionais de


controle interno, exercidos pelas Coordenações de Controle Interno e
demais estruturas de controle interno equivalentes, acompanhando suas
atividades;

II – coordenar as atividades que exijam ações integradas das


Coordenações de Controle Interno ou de outras estruturas responsáveis
pelo controle interno do Poder Executivo Estadual, com vistas à efetividade
das competências que lhe são comuns;

III – formular às Secretarias sistêmicas propostas de aperfeiçoamento dos


modelos e sistemas corporativos de controle;

IV – articular-se com os órgãos de controle dos Poderes da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

V – estimular ações voltadas para a capacitação de servidores vinculados


ao controle interno;

VI – desenvolver outras atividades correlatas. (Grifou-se)

Verifica-se, portanto, que o referido ato normativo conferiu uma roupagem sistêmica ao
controle interno do Poder Executivo do Estado da Bahia, conferindo à AGE, na condição de
órgão central, a responsabilidade por promover a articulação, coordenação, supervisão e
orientação técnica das diversas unidades setoriais de controle interno.

Acrescente-se que, no final do exercício de 2015, o Exmo. Sr. Governador do Estado editou
o Decreto n.º 16.406, de 13/11/2015, que aprova o novo Regimento da SEFAZ, tendo
ampliado mais ainda as competências da AGE, tais como: normatizar e monitorar as
atividades de acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária,
financeira e patrimonial a serem realizadas pelas CCIs dos órgãos; elaborar manuais e
procedimentos de auditoria governamental; desenvolver e implementar metodologias de
análise de risco e detecção de fraudes, bem como implantar ferramentas eletrônicas de
auxílio à auditoria governamental.

Destaque-se que em 2015, com o objetivo de orientar as recém-criadas estruturas de


controle interno da administração pública direta e as estruturas da administração indireta,
bem como padronizar procedimentos a serem executados por estas unidades, a AGE editou
nove orientações técnicas voltadas para os seguintes aspectos:

• normas e procedimentos para o desempenho dos servidores lotados nestas


unidades;

• critérios para seleção de amostras para os trabalhos de inspeção;

• orientações para o acompanhamento e controle das recomendações das auditorias


do TCE/BA e da própria AGE;

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 65


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• aplicação de checklist para verificar o cumprimento legal dos convênios de repasse,


dos procedimentos de dispensa de licitação e de inexigibilidade de licitação, das
concessões de diárias e da aquisição de passagens aéreas, bem como orientações
para o acompanhamento dos processos correicionais.

De acordo com informações fornecidas pela AGE 3, o planejamento de suas auditorias em


2015 ocorreu a partir do resultado obtido da Matriz de Risco, do atendimento de demandas
e da apuração de denúncias, tendo sido concluídas 28 auditorias em órgãos/entidades 4, das
quais apenas 08 ainda não foram encaminhadas a este Tribunal de Contas, pois estão na
fase de análise da manifestação do gestor.

Nestes trabalhos, foram auditados recursos referentes às despesas e receitas do Estado na


ordem de R$3.518.972 mil. Foram identificadas irregularidades na aplicação de despesas
em pessoal, contratos (inclusive PPP e contrato de gestão), convênios e obras, que
representaram o montante de R$469.490 mil, evitando prejuízos ou com expectativa de
recuperação de R$74.999 mil aos cofres públicos.

Ademais, a AGE, também, atuando no novo contexto das unidades setoriais de controle
interno, expediu sua primeira solicitação de inspeção às CCIs, em 2015, na área de
convênios. Foram selecionados 54 instrumentos no montante de R$175.618.501,80, dos
quais, 26, no valor de R$89.659.312,36, foram regularizados até 31/12/2015, mediante
atuação das CCIs.

Até fevereiro de 2016, a AGE constatou que se encontravam implantadas 49 unidades de


controle interno (23 secretarias e 26 entidades da administração indireta), contando com a
participação de 146 servidores. Destes, 80 foram inseridos no Programa de Formação dos
Coordenadores de Controle Interno, cuja capacitação envolve uma carga horária de 176
horas.

Contando com uma equipe de apenas 24 auditores e oito cargos comissionados, a AGE
afirma que há limitação de pessoal para desempenhar todas as suas atribuições definidas
em lei.

2.2.1.2 As Coordenações de Controle Interno (CCIs) e as demais estruturas de


Controle Interno existentes

O Decreto n.º 16.059/2015, que disciplinou as competências das CCIs, estabeleceu que as
suas atividades, bem como as das demais estruturas de controle interno equivalentes,
existentes nos órgãos e entidades da administração indireta do Poder Executivo Estadual,
serão desenvolvidas de forma integrada e em articulação sistêmica com a AGE, a qual
deverá exercer o papel de orientação técnica, sem prejuízo da subordinação administrativa
e hierárquica das CCIs e demais estruturas de controle interno ao titular de seus respectivos
órgãos ou entidades. Neste sentido, cada órgão ou entidade do poder executivo estadual é
responsável pelos meios administrativos e financeiros necessários ao desenvolvimento das
atividades de controle interno.

3
“Consolidação de trabalhos de auditoria – 2015”, “Programação Anual de Auditorias X Auditorias Realizadas 2015” e
“Avaliação das Coordenações de Controle Interno e das Demais estruturas Equivalentes”.
4
CONDER, SESAB, SEAGRI/BAHIAPESCA, SETRE/SUDESB, SJDHDS/FEAS, DETRAN, SEAP, Hospital Manoel Vitorino,
FUNSERV, FUNDAC, CAR, UEFS, LACEN/SESAB, UNEB, Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) e SEC.

66 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

De acordo com informações da AGE5, no âmbito da administração indireta, das 42


entidades, considerando-se as autarquias, sociedades de economia mista, órgãos em
regime especial e fundações, não constou registro de implantação de unidade de controle
interno em 16 delas, quais sejam: ADAB, CIS, IBAMETRO, INEMA, IPAC, JUCEB, SUDIC,
BAHIAGÁS, BAHIAINVESTE, DESENBAHIA, CDA, IAT, BAHIATURSA, DPT, POLÍCIA
CIVIL E BAHIAFARMA.

Ademais, segundo a AGE, durante o exercício de 2015, as principais fragilidades que


impactaram no modelo atualmente instituído e dificultaram a execução das atividades de
controle das CCIs foram relacionadas a pessoal, tais como:

• elevada rotatividade no quadro de pessoal (houve troca de coordenador na SDR,


SEAGRI, SECTI e SECULT);

• deficiência no quantitativo de pessoal, tendo em vista que das 49 unidades de


controle interno implantadas, em 17 delas só consta uma pessoa lotada na CCI
(SDE, SDR, SECOM, SEPROMI, SPM, SSP, AGERSA, Gabinete do Governador –
GABGOV, SEI, SUDESB, UESB, FUNCEB, FUNDAC, EGBA, BAHIATER, SUDEC,
Corpo de Bombeiros – CBMBA);

• elevado número de servidores sem vínculo com o Estado (de 146 servidores que
estavam atuando nas referidas unidades, apenas 65 possuíam vínculo com o
Estado); e

• pouca experiência técnica de parte dos servidores na área de controle interno.

Para fins de diagnóstico das alterações ocorridas em 2015 com a criação das CCIs,
demonstra-se, a seguir, os resultados da pesquisa obtida a partir da coleta 6 das informações
constantes dos Anexos V e VI da Resolução TCE/BA n.º 192, de 14/10/2014 7, modificada
pela Resolução TCE/BA n.º 153, de 05/11/2015, cujos documentos foram apresentados nas
prestações de contas de gestão das unidades jurisdicionadas, relativas ao exercício de
2015, algumas das quais, inclusive, terão seus processos submetidos ao julgamento deste
TCE:

• dos 94 servidores lotados nas CCIs e unidades equivalentes, cerca de 60% são
ocupantes de cargo comissionado, terceirizados ou sob REDA;

• em 60% das unidades, é reconhecido que o número de servidores alocados nas


CCIs não é suficiente para atender às demandas da atividade;

• aproximadamente 66,66% dos respondentes não estão de acordo que a CCI é


responsável pelo planejamento, coordenação e avaliação das atividades exercidas
pelos diversos setores de controle de suas unidades e 60% estão em desacordo que
a CCI armazena informações úteis para a realização dos trabalhos em Sistema de
Banco de Dados, que permita cruzamento de informações e emissão de relatórios;

• para 60% dos respondentes, a CCI não utiliza indicadores para acompanhamento,
controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial da
unidade jurisdicionada, apesar de 96% informarem que a AGE vem orientando
tecnicamente o planejamento e os procedimentos operacionais das CCIs;

5
“Avaliação das Coordenações de Controle Interno e das demais estruturas equivalentes”.
6
Total de 45 jurisdicionados (27 unidades da adm. direta, 12 autarquias, 05 fundações e 01 órgão em regime especial).
7
Dispõe sobre normas para prestação de contas pelos responsáveis por Unidades Jurisdicionadas da Administração Direta
e Indireta Estadual para fins de julgamento pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 67


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• as CCIs acompanham os contratos e convênios realizados com atenção à legalidade


e regularidade dos mesmos, em 70,83% e 62,50% dos jurisdicionados,
respectivamente, bem como as atividades de guarda, estoque e inventário de bens e
valores, conforme normas e regulamentos existentes, em 48%, e os processos
administrativos, inquéritos e sindicâncias para apuração de possíveis irregularidades
em 54,16% das unidades jurisdicionadas;

• quanto ao acompanhamento das ações e programas do PPA, cerca de 70,83% dos


jurisdicionados afirmam que a CCI não monitora seus resultados, nem mesmo usa
indicadores publicados no PPA, nem outros indicadores para avaliar o cumprimento
dos mesmos;

• o maior percentual de acompanhamento e controle das CCIs (92%), foi atribuído


pelos jurisdicionados à implementação de providências recomendadas por este
Tribunal de Contas;

Ao final, dos demais jurisdicionados (44,44%) que informaram a inexistência em suas


unidades da Coordenação de Controle Interno, conforme instituída pela Lei Estadual n.º
13.204/2014, sua totalidade informou que, ainda assim, a alta administração compreende o
Controle Interno como atividade importante e dá suporte à sua adequada realização. Quanto
ao corpo de servidores, responderam que cerca de 80,95% percebem as atividades de
Controle Interno como elemento imprescindível à realização dos trabalhos.

Neste sentido, ainda que não exista a CCI, 50% deles afirmaram que existe atividade de
Controle Interno formalmente instituída na unidade jurisdicionada.

A totalidade desses jurisdicionados também afirmou que, em suas unidades, os contratos e


convênios realizados são acompanhados com atenção à legalidade e regularidade dos
mesmos.

Os resultados da presente investigação demonstraram, ainda, que em mais da metade das


unidades analisadas: o cargo de Coordenador de Controle Interno não é ocupado por
servidor efetivo do Estado; o número de servidores alocados nas CCIs não é suficiente para
atender às demandas da atividade; a CCI não utiliza indicadores para acompanhamento,
controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial; e a CCI não
monitora os resultados do acompanhamento das ações e programas do PPA, nem mesmo
usa indicadores publicados no próprio PPA.

Comparando a situação encontrada em 2014 8 e 2015, quanto à estrutura necessária para


realização das atividades de controle interno as Unidades Jurisdicionadas, verificou-se que
a partir da implantação das CCIs:

• subiu de 74% para 92%, os jurisdicionados que confirmaram a existência de


segregação adequada das funções nos processos e atividades de suas unidades;

• subiu de 15% para 68% os jurisdicionados que afirmaram a existência de


mecanismos de gestão formais, de natureza preventiva ou de detecção, para
diminuir os riscos inerentes às operações de suas unidades;

• subiu de 62% para mais de 90% os jurisdicionados que afirmaram o


encaminhamento de Relatórios aos setores interessados com qualidade e

8
A partir da investigação que contou com uma amostra de 53 unidades jurisdicionadas da administração direta e indireta.

68 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

abrangência suficientes para permitir aos gestores tomarem as decisões


apropriadas, precisas e tempestivas.

2.2.2 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS ATRIBUIÇÕES


CONSTITUCIONAIS DO CONTROLE INTERNO

Este item busca verificar, a partir dos achados constantes do presente Relatório, se o
sistema de controle interno do Poder Executivo Estadual cumpriu, no exercício de 2015,
com as funções que lhe são destinadas legalmente.

Portanto, em referência às finalidades e objetivos do controle interno, determinados


constitucionalmente, verifica-se que:

Quadro 11 – FALHAS DE CONTROLE INTERNO RELATIVAS AO ART. 90 DA CE


DESCRIÇÃO/ITEM DO RELATÓRIO ART. 90 DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
Inconsistência na informação de execução das metas físicas das I – quanto ao acompanhamento da execução
ações orçamentárias (item 2.1.7.2.2). orçamentária, com o objetivo de avaliar o
Fragilidades verificadas em todo o Relatório de Avaliação do PPA cumprimento das metas previstas no plano plurianual,
2012-2015, RAPPA 2015 (item 2.1.7.2). a execução dos programas de governo e dos
orçamentos do Estado.
Não se verifica no Relatório Anual de Governo (RAG) avaliação de
desempenho dos programas considerados prioritários na lei de
diretrizes orçamentárias (item 2.1.7.3).
Falhas nos controles das disponibilidades como: ausência II – quanto à comprovação da legalidade e à
formalização de conciliação bancária, pendências antigas e de valores
avaliação dos resultados, quanto à eficiência e
significativos em conciliações (item 2.4.5.1.2). eficácia, da gestão orçamentária, financeira e
Diferenças entre as informações das demonstrações financeiras de patrimonial nos órgãos e entidades da Administração
estatais e dos registros no sistema FIPLAN, em contas bancárias Pública, bem como da aplicação dos recursos
(item 2.4.5.1.2). públicos recebidos por entidades de direito privado.
Deficiência nos controles sobre as prestações de contas de
convênios, impossibilitando a avaliação adequada das entidades com
pendências nas prestações de contas (item 2.4.5.2.2).
Limitação da Sistemática de Contabilização no FIPLAN, impedindo a
demonstração dos créditos orçamentários alocados à despesa com
propaganda (item 2.4.4.4).
Fragilidade nos controles internos de registros dos imóveis (item
2.4.5.4).
O saldo da dívida consolidada líquida publicado está a menor em III – quanto ao controle das operações de crédito,
R$2.309.128,43, devido à divergência entre o valor publicado da avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
disponibilidade de caixa bruta e o calculado pela auditoria, impactando do Poder Público.
nos valores apurados das Deduções, Dívida Consolidada Líquida
(DCL) e Dívida Fiscal Líquida (item 2.3.5).
Fonte: Auditoria.

Ademais, no que se refere à responsabilidade do sistema de controle interno do Poder


Executivo de fiscalizar o cumprimento da LRF, quanto aos seguintes parâmetros, tem-se:

Quadro 12 – FALHAS DE CONTROLE INTERNO RELATIVAS AO ART. 59 DA LRF

DESCRIÇÃO/ITEM DO RELATÓRIO ART. 59 DA LRF


Alteração da meta fiscal mediante lei orçamentária e ao final do I – quanto ao atingimento das metas estabelecidas na
exercício de 2015 (item 2.3.8). lei de diretrizes orçamentárias.
Não se verifica no Relatório Anual de Governo (RAG) avaliação de
desempenho dos programas considerados prioritários na lei de
diretrizes orçamentárias (item 2.1.7.3).
O saldo da dívida consolidada líquida publicado está a menor em II – quanto aos limites e condições para realização de
R$2.309.128,43, devido à divergência entre o valor publicado da operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar.
disponibilidade de caixa bruta e o calculado pela auditoria, impactando
nos valores apurados das Deduções, Dívida Consolidada Líquida e
Dívida Fiscal Líquida (item 2.3.5).
Ausência de nota explicativa específica indicando as repercussões nas V – quanto à destinação de recursos obtidos com a
Demonstrações Contábeis derivadas da decisão de extinguir as alienação de ativos, tendo em vista as restrições
autarquias SUCAB e DERBA e alienar a participação capital social da constitucionais e legais.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 69


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

EBAL (Lei Estadual n.º 13.204/2014) (item 2.4).


Fonte: Auditoria.

Registre-se, quanto ao inciso III da LRF, que no presente Relatório não foram abordadas
quais as medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo
limite, e quanto ao inciso IV, não se aplica, uma vez que os montantes das dívidas
consolidadas e mobiliária encontram-se abaixo do limite legal.

Com a institucionalização das unidades setoriais de controle interno, operada pelo advento
da Lei Estadual n.º 13.204/2014, apesar de tratar-se de medida de aprimoramento da gestão
da administração pública, buscando a estruturação do sistema de controle interno no âmbito
do Estado da Bahia, tal como reclamado pela Constituição Federal, verifica-se que o
sistema de controle interno está muito distante do conceito de “órgão de controle interno”,
ainda que essa nova estrutura tenha se encontrado em fase de implantação em 2015.

Ademais, mesmo que se perceba outras instâncias de controle interno, em áreas


específicas, a exemplo das atividades realizadas pela SEPLAN, SAEB e SEFAZ, verifica-se
que a estrutura sistêmica existente ainda é insuficiente e pulverizada, tendo em vista as
seguintes situações constatadas:

• pouca autonomia dos servidores lotados nas CCIs, uma vez que grande parte é
ocupante de cargo comissionado, em detrimento da independência proporcionada
pela sujeição ao regime impessoal e isonômico da seleção por concurso público;

• formação técnica precária e pouca experiência dos servidores lotados nas CCIs, em
desacordo com a recomendação constante da própria Orientação Técnica AGE n.º
01/2015, de que os servidores lotados nessas unidades devem ter capacitação
profissional necessária e desejável formação de nível superior;

• rotatividade de pessoal nas CCIs;

• quantidade de pessoal incompatível com o volume de atividades das CCIs,


principalmente nas grandes Secretarias;

• planejamento das atividades sem visão estruturada, pela falta e uso adequado de
ferramentas de TI apropriadas;

• não avaliação dos aspectos operacionais e de eficiência, com ênfase na legalidade,


considerando que o decreto regulamentador das atividades das CCIs foi tímido no
detalhamento das atribuições das referidas unidades setoriais de controle, limitando-
se a dispor que as atividades por elas desempenhadas compreendem as funções de
acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial;

• baixa articulação com as unidades de controle interno da administração indireta e


baixo intercâmbio de experiências; e

• limitação de pessoal para a AGE desempenhar todas as suas atividades definidas


em lei.

Das medidas adotadas em 2015 para aprimoramento do controle interno, quanto à


implantação do Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de
Contratos e Convênios (OCAAF), previsto na Lei Estadual de Licitações e Contratos n.º
9.433, de 01/03/2005, foi criado Grupo de Trabalho, mediante Portaria Conjunta

70 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

SAEB/SEFAZ/PGE, n.º 001, de 22/12/2015, objetivando o desenvolvimento de estudos e


proposição de minutas dos instrumentos adequados ao controle, acompanhamento e
avaliação financeira de contratos e convênios, com prazo de conclusão de 180 dias.
De uma forma geral, o que se vê são ações de controle viabilizadas por setores dispersos,
de forma pulverizada e com baixa integração entre os procedimentos adotados, que
associadas à ausência de um órgão central dotado de competência para promover a
coordenação e articulação sistêmica das unidades setoriais, acabaram comprometendo o
alcance das finalidades constitucionalmente atribuídas ao sistema de controle interno (art.
74 da CF), notadamente no que concerne à avaliação dos resultados da gestão pública em
termos de eficácia, eficiência e efetividade.

Ainda não se vislumbra, no âmbito do Poder Executivo do Estado da Bahia, a efetiva


institucionalização do sistema de controle interno, se forem consideradas, também, os
resultados da pesquisa apresentada aqui, bem como as distintas regras legais e
constitucionais pertinentes à temática em apreço e as constatações apresentadas no corpo
deste Relatório.

Portanto, é importante continuar ressaltando, como nos exercícios anteriores, a


essencialidade do sistema de controle interno como instrumento de concretização dos
objetivos políticos e sociais previstos na CF/88, a exigir do Poder Público estadual a adoção
de uma organização formal e material que lhe permita realizar a obrigação constitucional.

2.2.3 INSTRUMENTOS DE CONTROLE INTERNO

2.2.3.1 Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN)

O Decreto Estadual n.º 14.125, de 06/09/2012 instituiu o FIPLAN no âmbito da


Administração Pública Estadual, destinado, dentre outras, à informatização dos processos
de elaboração dos instrumentos legais de planejamento, PPA, Diretrizes Orçamentárias,
Orçamento Anual e Cronograma de Desembolso, assim como de gestão dos Planos e
Orçamentos da captação de recursos de operações de crédito e convênios, além da
geração de informações para acompanhamento da programação e execução orçamentária,
financeira e contábil, fornecendo os dados e demonstrativos consolidados para elaboração
do Relatório de Atividades Anual e o Relatório de Prestação de Contas do Governador.

O FIPLAN entrou em produção no exercício de 2013, permitindo a adequação do Estado às


novas normas de Contabilidade Aplicada ao Setor Público a partir daquele exercício
financeiro. No mesmo exercício, foi implantado o “FIPLAN Gerencial”, módulo gerencial do
sistema, destinado ao fornecimento de informações gerenciais consolidadas relacionadas à
execução orçamentária e financeira do Estado.

A implantação do novo sistema também permitiu a substituição do Sistema de Gestão de


Gastos Públicos (SIGAP), até então utilizado para o registro dos compromissos e
obrigações assumidos pelo Estado, pelo Módulo Cadastro da Despesa (CDD).

Esse módulo objetiva cadastrar e acompanhar os instrumentos contratuais oriundos dos


processos de licitação, dispensa ou inexigibilidade, bem como dos instrumentos de
convênios e outros ajustes celebrados pelo Estado. Sua principal vantagem em relação ao
SIGAP é a integração com o SIMPAS, de gestão da Secretaria da Administração (SAEB),
permitindo vincular o contrato ao seu instrumento licitatório ou de contratação direta
originário e a reserva de dotação orçamentária.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 71


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Conforme informações prestadas pela SEFAZ, no relatório de gestão apresentado na


prestação de contas da Secretaria, foi implantado no exercício 2015, no FIPLAN, o Módulo
de Gestão de Recursos Captados, com o objetivo de “agregar todos os Instrumentos de
Captação: convênios, contratos de repasse, contratos de operações de crédito, como
também, doações de empresas públicas e privadas nacional e internacional, além dos
convênios municipais pactuados/contratados pelo Governo do Estado”.

Conforme informações prestadas pela SEFAZ, no mesmo relatório de gestão, foram


implementadas, dentre outras, as seguintes melhorias no Sistema FIPLAN:

• Incorporação de um novo tipo de instrumento contratual (Outros Ajustes) e


informações de superávit e disponibilidade financeira do Estado; além da revisão do
módulo de Programação Financeira para uma visão por tipo de gasto;

• Integração entre o Sistema de Apropriação de Custos Públicos (ACPF) e o Sistema


de Recursos Humanos do Estado, possibilitando maior transparência aos custos com
despesas de pessoal;

• Iniciação do desenvolvimento da integração entre o ACPF e o SIMPAS,


possibilitando maior transparência aos custos com compras públicas;

• Disponibilização, no sistema gerencial do FIPLAN, da visão da execução


orçamentária do Estado.

Deve-se registrar que, em relação aos dados complementares de convênios, a SEFAZ


formalizou com o Tribunal de Contas um Plano de Ação para disponibilização dessas
informações cujo prazo final se encerrou em 30/06/2014, sem que a totalidade das
informações, fossem disponibilizadas.

Em 25/11/2015, foi realizada nova reunião do TCE com a equipe técnica da SEFAZ, a fim
de reestabelecer novos prazos para a disponibilização da totalidade das informações,
especialmente no tocante ao registro no Sistema da ocorrência de prestação de contas, bem
assim do registro das providências adotadas pela administração para os convênios
apontados como irregulares.

Segundo a SEFAZ, tais demandas seriam submetidas aos dirigentes e gestores do FIPLAN
para avaliação de impacto nos processos de trabalho e nas funcionalidades desse Sistema
de modo a incluí-las em cronograma. Entretanto, até término deste Relatório, o TCE/BA
continua não tendo acesso às informações, de forma sistematizada e estruturada, nos
sistemas corporativos, para fins de planejamento do seu controle externo.

É importante reafirmar que tais dados também são relevantes para um melhor
acompanhamento da gestão e do controle de recursos financeiros descentralizados pelos
órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta para os municípios baianos e as
organizações não governamentais.

Acrescente-se ainda que, conforme informado pela Superintendência da SEFAZ, através do


Ofício SAF 36/2015, a incorporação no Sistema de outros tipos de convênios foi priorizada
no exercício de 2015 e o TCE passou a receber, de forma sistematizada, tais informações a
partir do mês de outubro de 2015.

72 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

2.2.3.2 Sistema Integrado de Material, Patrimônio e Serviços (SIMPAS)

O Sistema Integrado de Material, Patrimônio e Serviços (SIMPAS), de utilização obrigatória


para todos os órgãos da administração direta, autarquias e fundações do Estado, foi
instituído, por meio do Decreto Estadual n.º 7.919, de 30/03/2001, com a finalidade de
gerenciar os processos de aquisição, catalogação, distribuição e controle de materiais, bens
patrimoniais e serviços da Administração Pública Estadual.

Com a implantação do Sistema FIPLAN, foi possível o desenvolvimento de medidas pela


SAEB, objetivando uma maior integração ao SIMPAS, através da Solicitação de Reserva de
Dotação (SRD) e Geração da Licitação, Inexigibilidade e Dispensa (LID) no FIPLAN.

Tal iniciativa permitiu a melhoria das atividades de controle interno sobre a compra,
contratação de serviços, controle de estoque, cadastramento de fornecedores, aquisição,
catalogação, distribuição e controle de material, serviços e bens patrimoniais e o
acompanhamento das licitações, dispensas e inexigibilidades.

Com efeito, tais informações também passaram a ser disponibilizadas para o TCE, de forma
estruturada, o que permitiu um melhor planejamento e execução das atividades de controle
externo.

Insta observar, entretanto, que está em curso, através da Ordem de Serviço n.º 048/2016
auditoria de tecnologia da informação a cargo da 6ª CCE e do Centro de Estudos e
Desenvolvimento de Tecnologias para Auditoria (CEDASC) do TCE, objetivando avaliar o
nível de maturidade dos processos de tecnologia da informação que suportam o Sistema
SIMPAS, bem como sua eficiência em relação ao cumprimento da finalidade para qual foi
desenvolvido, especificamente em relação ao gerenciamento dos processos de aquisição de
materiais, bens patrimoniais e serviços pela Administração Pública Estadual, na forma
estabelecida no Decreto n.º 7.919/2001.

2.2.3.3 Sistema de Apropriação de Custos Públicos (ACP)

Outra solução tecnológica utilizada pela Administração Estadual é o Sistema de Apropriação


de Custos Públicos (ACP), criado pelo Decreto Estadual n.º 8.444, de 07/02/2003, que, em
seu art. 1º, estabelece a finalidade de aprimorar a qualidade do gasto público e oferecer aos
gestores governamentais informações relevantes sobre os custos envolvidos na oferta de
produtos e na disponibilização e prestação de serviços à coletividade, em atenção ao quanto
previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com o advento do FIPLAN, a SEFAZ desenvolveu nova versão do ACPF, denominação


atribuída à versão do ACP integrada ao FIPLAN que, segundo a Superintendência de
Administração Financeira (SAF) da Secretaria, realiza as operações de cadastro,
apropriação e reapropriação.

Conforme informado no Relatório de Contas de Governo do exercício 2014, a SAF noticiou o


início do desenvolvimento da versão 3.0 do ACPF, para integrá-lo com o Sistema Integrado
de Recursos Humanos (SIRH), a fim de apropriar os custos de pessoal. Em versão futura,
há também a previsão de sua integração com o SIMPAS.

No relatório de gestão da SEFAZ do exercício 2015, apresentado na prestação de contas


dessa Secretaria, foi informada a integração entre o ACPF e o Sistema de Recursos
Humanos do Estado, possibilitando maior transparência aos custos com despesas de
pessoal, bem como o início do desenvolvimento da integração entre o ACPF e o SIMPAS.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 73


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.2.4 CONTROLE INTERNO E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

2.2.4.1 Contextualização

O direito ao acesso à informação é um importante requisito na concretização de um Estado


Democrático de Direito. Segundo o Manual da Lei de Acesso à Informação para Estados e
Municípios (2013, p. 7), importantes organismos internacionais, a exemplo da Organização
das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), reconhecem
o acesso à informação como direito fundamental. O Brasil assinou diversos atos
internacionais que tratam desse direito. Entre eles, estão o Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos (1966), a Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de
Expressão (2000) e a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (2003). O país,
entretanto, foi o 89º do mundo a instituir, em 2011, uma lei específica de acesso à
informação.

No cenário nacional, diferentes leis e políticas foram desenvolvidas com o objetivo de


garantir e proteger o direito à informação. A Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 deu grande importância ao tema, tratando a prerrogativa como direito fundamental
do indivíduo. Nesse sentido, verificam-se os arts. 5º, XXXIII, 37, § 3º, II, e 216, § 2º.

Após a promulgação da Constituição, duas normas que trataram de questões relacionadas à


transparência na gestão pública ganharam destaque: a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC
n.º 101/2000), que em seu art. 48 estabeleceu instrumentos de transparência da gestão
fiscal, e a Lei da Transparência (Lei Complementar n.º 131, de 27/05/2009), responsável por
dar nova redação ao parágrafo único do supracitado dispositivo, ao determinar a
disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, além da adoção de sistema integrado de administração financeira
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade, bem como o incentivo à participação
popular nos processos de elaboração das peças de planejamento.

Merecem destaque também as Leis Federais n.º 9.507, de 12/11/1997 (Habeas Data), Lei
n.º 9.784, de 12/01/1999 (Processo Administrativo), e Lei n.º 12.965, de 12/04/2014 (Marco
Civil da Internet), dentre outras, cuja aplicação é de fundamental importância para a
transparência na Administração Pública.

Em 2012, entrou em vigor a Lei n.º 12.527, também conhecida como Lei de Acesso à
Informação. A norma veio regulamentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos a
informações governamentais e se tornou um dos principais instrumentos de garantia da
transparência na gestão pública.

Em conformidade aos ditames constitucionais, estabeleceu, em seu art. 5º, que “é dever do
Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão”.

Com a publicação da Lei de Acesso à Informação (LAI), Lei n.º 12.527/2011, o Brasil passou
a ter um marco normativo voltado à transparência governamental. A LAI abrange União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, os órgãos públicos integrantes da administração
direta dos Poderes Executivo, Legislativo (âmbito em que foram incluídas as Cortes de
Contas), Judiciário e do Ministério Público, além das autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas.
Também estão alcançadas as entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos
públicos.

74 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

Dentre as principais inovações trazidas pela LAI, é importante destacar a afirmação da


transparência como regra na Administração Pública, sendo o sigilo exceção. Além disso,
assegura que não ocorrerá sigilo por tempo indeterminado, por estipular prazos dentro dos
quais permanecerão classificados os documentos públicos, bem como critérios de
prorrogação, reclassificação ou desclassificação. A Lei também prevê sanções aos
responsáveis por seu descumprimento, estimula a participação popular e o controle social.

A respeito dos conceitos introduzidos pela Lei de Acesso à Informação, é importante


mencionar a Transparência Ativa, definida pelo Decreto Federal n.º 7.724, de 16/05/2012 a
partir da redação do art. 8º da Lei Federal n.º 12.527/2011, destacado a seguir.

Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover,


independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse
coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

Outra noção de extrema relevância é a de Transparência Passiva, que corresponde ao


dever que órgãos e entidades da Administração Pública têm de atender aos pedidos de
informação feitos por cidadãos. Difere da Transparência Ativa por se caracterizar pelo
requerimento ou provocação feita por usuário ou interessado nos serviços públicos aos
respectivos responsáveis. Nesse sentido, o art. 10 da Lei de Acesso à Informação preceitua
que:
Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações
aos órgãos e entidades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio
legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.

O termo Transparência Passiva foi expressamente adotado no Decreto Federal


n.º 7.724/2012, que regulamenta a Lei n.º 12.527/2011 no Poder Executivo da União. O
Capítulo IV deste decreto trata do Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), bem como do
pedido de acesso à informação, seu procedimento e recursos, regramento que decorre do
art. 9º, inciso I, da LAI, que obrigou órgãos e entidades de todo o país à criação do SIC.

O Executivo Federal também dispõe de importante instrumento para validação de aspectos


cruciais da LAI, cuja eficácia foi vinculada à edição de norma de hierarquia inferior: o
Decreto n.º 7.845, de 14/11/2012, que regulamenta procedimentos para credenciamento de
segurança e tratamento de informação classificada em qualquer grau de sigilo, e dispõe
sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento.

Cabe ainda ressaltar que, na mesma esteira de normatizações, Legislativo e Judiciário


federal editaram normativos próprios a fim de regulamentar a Lei de Acesso à Informação
em suas respectivas esferas de atuação.

2.2.4.2 O esforço de normatização da Transparência em âmbito estadual

Embora a Lei n.º 12.527/2011 seja aplicável ao Estado da Bahia, o Governador do Estado
sancionou em 2012 a Lei n.º 12.618, que regula o acesso a informações no âmbito do Poder
Executivo estadual, conforme prevê o art. 45 da Lei Federal. Ante a abrangência da Lei
Estadual, coube também às instituições do Legislativo, Judiciário, Ministério Público e
Tribunais de Contas baianos editar normas de regulamentação específicas.

Por conta disso, a Presidência da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL/BA) editou
o Ato n.º 38.469, de 15/05/2012. Já o Ministério Público Estadual expediu o Ato Normativo
n.º 020, de 19/10/2012, cujo texto encontra amparo na Lei Complementar Estadual n.º 24,
de 04/01/2006.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 75


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ/BA), não foi identificado um instrumento


único no qual se encontre toda a matéria associada à Lei de Acesso à Informação. Antes
mesmo da publicação da LAI, o órgão já se sujeitava às Resoluções n.º 79, de 09/06/2009 e
n.º 102, de 15/12/2009 (alterada pela Resolução n.º 151, de 05/07/2012), ambas do
Conselho Nacional de Justiça, e contava com a Resolução n.º 15, de 10/10/2008, que traz
as atribuições de sua Ouvidoria e define o “pedido de informação” como um dos tipos de
manifestações a cargo da unidade. Já sob a égide da Lei n.º 12.527/2011, o TJ/BA editou a
Resolução n.º 02, de 20/02/2013 e o Decreto Judiciário n.º 162, de 11/03/2013, que tratam
de gestão documental e por meio dos quais é adotada a Tabela de Temporalidade de
Documentos do Poder Judiciário. Em 07/05/2014, tais instrumentos foram complementados
com a Resolução n.º 06, que institui a Política de Segurança no âmbito do Poder Judiciário
do estado da Bahia e promove a classificação de informações sob sua guarda conforme
necessidade, prioridade e nível de proteção.
É importante ressaltar ainda que, no Tribunal de Contas do Estado da Bahia, foi aprovada,
em sessão do dia 10/12/2015, a Resolução n.º 163/2015, voltada à aplicação da Lei n.º
12.527/2011 no âmbito desta Casa de Controle. No texto normativo, destaca-se a criação do
Serviço de Informações ao Cidadão, vinculado à Ouvidoria do TCE, além da disponibilização
de informações de transparência ativa específicas, como relatórios de inspeções, auditorias,
prestações e tomadas de contas, bem como pareceres do Ministério Público de Contas
(MPC).
Quanto à legislação estabelecida para o Executivo, pode-se afirmar que a Lei Estadual
n.º 12.618/2012 assimilou a maior parte do conteúdo relacionado na legislação federal, com
algumas adaptações e poucas inovações, como a regra de gratuidade dos pedidos – salvo
despesas de reprodução de documentos –, o pronto atendimento das solicitações, a
proteção das informações pessoais, o acesso ao inteiro teor da decisão negativa, além da
maior parte dos princípios e conceitos da LAI nacional.
Entre as diretrizes, foi incluída, na Bahia, por meio do art. 6º, II, da referida Lei, a “promoção
da democracia participativa, inclusive mediante a realização de audiências ou consultas
públicas”. Uma das peculiaridades observadas é o estabelecimento, no mesmo artigo, do
exercício do SIC diretamente pelos órgãos e entidades estaduais ou por intermédio da
Ouvidoria Geral do Estado (OGE), que juntas realizarão atendimento à distância ou
presencial. O § 3º do mencionado dispositivo atribui responsabilidade à OGE de capacitar
seus agentes para cumprimento da norma.
Outra especificidade está disposta no art. 7º da multicitada Lei, que atribui ao agente
responsável em cada órgão ou entidade a articulação com a OGE para realização de
audiências públicas.
A respeito dos recursos, identifica-se que a Lei Estadual estabelece o prazo para
manifestação da autoridade superior, no seu art. 13, de 15 dias, com possibilidade de
consulta à Procuradoria Geral do Estado (PGE). Tal dispositivo, contudo, foge à prescrição
do art. 15 da LAI, segundo o qual tal autoridade deve se manifestar em apenas 5 dias.
Questão relevante, segundo o art. 14 da Lei Estadual n.º 12.618/2012, é o fato de que o
ente recorrido em última instância administrativa na Bahia deve ser o Comitê Gestor de
Acesso à Informação (CGAI). Tal órgão foi instituído no art. 28 do referido texto normativo e
possui, além da competência recursal, o dever de estabelecer orientações gerais para
aplicação da Lei. Não foi conferida ao órgão a atribuição de prorrogar o prazo de sigilo da
informação ultrassecreta, competência que, no âmbito da administração pública federal,
cabe à Comissão Mista de Reavaliação e Informações. Registre-se ainda que, embora o §
6º do mesmo artigo informe que regulamento disporá sobre composição, organização e
funcionamento do Comitê, tal regulamentação ainda não foi efetuada, como se verá no

76 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

capítulo "Auditorias Realizadas", que tratará de trabalho feito por este Tribunal de Contas
cujo objeto foi a LAI.

Ademais, enquanto no Governo Federal o processo inicial de promoção e o monitoramento


da implantação da LAI foi atribuído à CGU, conforme arts. 68 e 69 do Decreto Federal n.º
7.724/2012, na estrutura do Governo do Estado da Bahia não existe um órgão de controle
interno com atribuições de transparência equivalentes. Nos últimos anos, o Tribunal de
Contas do Estado da Bahia tem alertado para a necessidade da criação de um órgão
responsável por essa função, executada parcialmente pela AGE, que é uma unidade
subordinada à Secretaria da Fazenda (SEFAZ).

À semelhança do que dispõe a Lei de Acesso à Informação, a Lei Estadual n.º 12.618/2012,
em seu art. 20, define como dever do Estado a tarefa de controlar o acesso e a divulgação
de documentos sigilosos produzidos por seus órgãos e entidades. No § 3º do mesmo artigo,
a referida lei atribui ao Estado a responsabilidade de regulamentar os procedimentos a
serem adotados para o tratamento das informações sigilosas. Já o art. 25 é mais específico
e traz disposições sobre manipulação e controle de informações pessoais. Em seu § 5º, o
legislador informa a necessidade de detalhamento sobre a matéria, reservando ao Executivo
Estadual a incumbência de publicar norma que regulamente os procedimentos para o
tratamento de informação pessoal. Tais conteúdos, entretanto, tal como ocorre com o CGAI,
não foram devidamente regulamentados.

2.2.4.3 Ações de promoção da Transparência do Executivo Estadual

Além dos aspectos relativos à regulamentação, verificam-se alguns esforços estaduais para
realizar a transparência ativa. De acordo com a Secretaria de Comunicação (SECOM), em
resposta ao Ofício n.º 001658/2015/TCE/GAPRE/SEG, constante no processo
TCE/013091/2014, sua Coordenação de Internet iniciou, em 2015, Projeto de Identidade
Digital de Governo, destinado a conferir unidade visual e atender a critérios de
“acessibilidade, transparência, acesso à informação e normas de segurança” em sítios
estaduais. Dentre as premissas elencadas, destacam-se as seguintes: “atender aos critérios
de acessibilidade (Padrão Federal e-Mag)”; “atender à Lei Federal de Acesso à Informação”;
e “garantir a integridade dos dados”. Da arquitetura de informação anunciada, destaca-se a
inclusão de sistemas de busca, um dos requisitos obrigatórios pela Lei de Acesso. De
acordo com o órgão, a primeira etapa do projeto foi concluída em setembro de 2015,
contemplando 48 sítios. Nota-se, portanto, tratar-se de avanço do Estado quanto ao aspecto
visual destes sítios, muito embora os órgãos estaduais ainda careçam de orientações sobre
como publicar as informações mínimas definidas na LAI.

Também relacionados à transparência ativa, merecem destaque os portais


www.bahia.gov.br e Transparência Bahia, representantes, respectivamente, do esforço de
integração dos sítios estaduais no novo padrão de identidade digital e de concentração das
informações de cunho orçamentário. Quanto ao Portal Transparência Bahia, objeto de
ajustes para atender à LRF e à LAI, observa-se que as informações da execução
orçamentária e financeira, presentes na versão anterior, ganharam novo aspecto visual, mas
não foram implementadas melhorias previstas, como a consulta de Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS) por região e atividade
econômica, de editais e contratos celebrados, além dos vencimentos de servidores.

Em relação à divulgação dos vencimentos de servidores estaduais, deve-se registrar que,


embora inexista disposição expressa na Lei Estadual n.º 12.618/2012, trata-se de matéria
pacificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar, em sede de repercussão geral, o
Recurso Extraordinário n.º 652777, de 23/04/2015. Com a decisão, foi validada regra
prevista para o Executivo Federal no art. 7º, § 3º, VI, do Decreto Federal n.º 7.724/2012. A

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 77


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

divulgação dos vencimentos em âmbito estadual foi objeto de recomendação do Parecer


Prévio das Contas Governamentais do Exercício 2014 e deve representar para o Executivo
um importante passo para a transparência no gasto com pessoal, o que já se observa nos
sítios virtuais deste Tribunal de Contas e do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

Adicionalmente, verifica-se que a Bahia ainda não implementou sistema de informática para
divulgação de convênios e outros instrumentos para transferências de recursos estaduais,
inclusive licitações, contratações e obras a elas associadas, também objeto de
recomendação das contas governamentais de 2014. Ademais, observou-se que, quanto à
transparência ativa de convênios, item a ser beneficiado pela ação, não houve, até a
conclusão deste Relatório, a despeito de mudanças visuais, alteração de conteúdo no
módulo “Convênios Concedidos” do sítio Transparência Bahia, que continua a permitir
consultas somente até o ano de 2012.

No que concerne à Transparência Passiva e à participação popular, nota-se que a Bahia


mantém seus serviços de ouvidoria, por meio da Ouvidoria Geral do Estado e de 216
ouvidorias especializadas nos diversos órgãos da administração direta e indireta. A atuação
em rede tem como base o Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública (TAG) – software de
registro e gerenciamento dos atendimentos, que, em 2015, teve incorporada funcionalidade
para processar recursos de pedidos de informação indeferidos.

Outra questão na qual o Estado necessita de avanços diz respeito à elaboração e


divulgação da Versão Simplificada da prestação de contas governamentais, na forma
estabelecida no art. 48 da Lei Complementar n.º 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF).

2.2.4.4 O Estado da Bahia em avaliações de Transparência

Alguns trabalhos realizados desde a publicação da Lei n.º 12.527/2011 buscaram situar a
Bahia em classificações de transparência. Observa-se que, conforme o critério adotado e o
foco do trabalho, o Estado pode ser avaliado em melhor ou pior grau, como se registra a
seguir.

2.2.4.4.1 Índice de Transparência

Este índice corresponde a uma nota atribuída com base em parâmetros técnicos por comitê
de especialistas em contas públicas, sob a liderança da Associação Contas Abertas. Como
resultado, produz-se uma classificação dos portais brasileiros conforme o grau de
transparência.

O cálculo do índice considera três temas principais: conteúdo, frequência de


atualização/série histórica e usabilidade dos portais avaliados. Além disso, utiliza como base
a Lei Complementar n.º 131/2009, posteriormente regulamentada pelo Decreto Federal n.º
7.185, de 27/05/2010, que alterou a LRF.

Na última avaliação divulgada, referente ao exercício 2014, a Bahia foi situada no 21º lugar,
com nota 4,24, em escala de zero a dez, abaixo das médias geral (5,67) e do Nordeste
(5,34).

78 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

2.2.4.4.2 Avaliação Estado Brasileiro e Transparência

O trabalho da Fundação Getulio Vargas intitulado “Estado Brasileiro e Transparência:


Avaliando a aplicação da Lei de Acesso à Informação 9” (FGV, 2014), teve seu resultado
exposto no sítio Transparency Audit Network, rede aberta para depósito de pesquisas e
estudos voltados ao desenvolvimento de transparência e acesso à informação em diversas
partes do mundo. A página virtual, mantida em parceria com a Universidade de Londres,
apresenta uma série de trabalhos publicados em países como Panamá, El Salvador, Chile e
Brasil.

Na avaliação da FGV, a metodologia utilizada para avaliar transparência passiva, parte do


Programa de Transparência Pública (PTP), que envolve Escola Brasileira de Administração
Pública e de Empresas (EBAPE) e FGV DIREITO RIO. Por meio da técnica “usuário
simulado”, que consiste no envio de perguntas a órgãos e entidades da Administração
Pública, foram realizadas duas avaliações: uma de caráter geral, que não incluiu o Estado
da Bahia, e outra exclusiva para o Poder Judiciário, num total de 40 Tribunais. Os resultados
aferiram a taxa de resposta, taxa de precisão e prazo médio de entrega da informação. No
ranking dos Tribunais consultados, o TJ/BA alcançou a 21ª colocação entre todos os
participantes.

2.2.4.4.3 Índice de Transparência do Contencioso Administrativo Tributário dos


Estados Brasileiros (ICAT)

O ICAT é produzido pelo Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da Fundação Getúlio Vargas.
Trata-se de avaliação de transparência das instâncias administrativas que julgam processos
tributários nos estados brasileiros. O ICAT é considerado um instrumento da transparência
ativa e do controle social, por aferir a disponibilidade de documentos e informações fiscais
nos sítios das referidas instâncias, além de estimular formas de regulação com participação
cidadã, bem como uma espécie de "competição saudável" entre estados por mais
transparência.

Na avaliação mais recente, relativa ao exercício 2014 e divulgada em março de 2015, a


Bahia ficou em quarto lugar no país, com 64 pontos, o dobro de sua pontuação no exercício
anterior, atrás dos Estados de Santa Catarina (74 pontos), São Paulo (68 pontos) e Minas
Gerais (68 pontos).

2.2.4.4.4 Escala Brasil Transparente

De acordo com a CGU, em resultado da 2ª edição da Escala Brasil Transparente (EBT),


divulgado no dia 20 de novembro de 2015, o Estado da Bahia pode ser visto com um dos
mais transparentes do Brasil, com a obtenção da nota dez.

Há de se ressaltar, contudo, que a avaliação realizada pela CGU, com a aplicação da


metodologia EBT, objetivou medir a transparência pública em estados e municípios brasileiros
para fomentar a cultura da transparência na administração pública e conscientização sobre o
direito fundamental de acesso à informação. Não correspondeu, portanto, a trabalho de
auditoria voltado a avaliar o cumprimento da LAI no âmbito do Executivo Estadual, tal como
a auditoria operacional realizada pelo TCE/BA em 2015, que será abordada em capítulo
específico.

9
Disponível em: <http://transparencyaudit.net/node/16>.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 79


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.2.4.4.5 Ranking Nacional de Transparência

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Câmara de Combate à Corrupção,


divulgou, no dia 09/12/2015, o Ranking Nacional de Transparência, que avaliou o efetivo
cumprimento da legislação relativa à transparência pública nos 5.568 municípios e 27
estados da federação brasileira, com o objetivo de contribuir para a prevenção da corrupção
e para o fortalecimento da participação democrática no país.

Neste ranking, o Estado da Bahia ficou na 24ª posição entre os governos estaduais, obtendo
a pontuação 5,0, enquanto a média nacional ficou em 6,9 pontos, numa escala que varia
entre zero e dez.

A metodologia aplicada neste trabalho avaliou as informações disponíveis nos sítios


governamentais dos entes públicos – Transparência Ativa – tendo como base um
questionário, formulado por várias instituições de controle, essencialmente baseado nas
exigências legais, à exceção dos dois itens finais, que são considerados “boas práticas de
transparência”. Não estão previstos no questionário 100% das exigências legais, por
questões de praticidade no momento da aplicação. Porém, o cerne das leis de transparência
foi avaliado e aqueles entes que obtiveram pontuação elevada estão com níveis muito
satisfatórios de transparência.

2.2.4.4.6 Ranking de Competitividade dos Estados

O Ranking de Competitividade dos Estados é avaliação desenvolvida pela organização sem


fins lucrativos Centro de Liderança Pública (CLP) e pela Economist Intelligence, divisão de
pesquisas do grupo responsável pela revista inglesa The Economist. Seu último trabalho,
relativo ao ano de 2015, foi desenvolvido em parceria com a empresa Tendências
Consultoria. A classificação obtida por cada estado no ranking leva em consideração dez
pilares, associados um total de 64 indicadores com nota específica.

Após divulgação, em 22/01/2016, de nota técnica que informou a revisão de notas de 2015,
observou-se que o Estado da Bahia alcançou 41 pontos e foi classificado em 20º lugar para
o indicador Índice de Transparência, que compõe o pilar Eficiência da Máquina Pública.
Neste indicador, que avaliou “portais de acesso a informação de gastos estaduais”, a média
nacional foi de 58 pontos e os três estados mais bem colocados, Espírito Santo,
Pernambuco e São Paulo, tiveram notas 100, 89 e 87, respectivamente.

2.2.4.4.7 Avaliações realizadas por Tribunais de Contas

O compromisso das Cortes de Contas dos Estados e Municípios de fiscalizar o cumprimento


da LAI foi assumido na Declaração de Fortaleza, aprovada no IV Encontro Nacional dos
Tribunais de Contas do Brasil, realizado de 04 a 06/08/2014 em Fortaleza (CE), por meio da
seguinte diretriz: “Assegurar o pleno cumprimento da Lei de Acesso à Informação (LAI),
garantindo a transparência plena em todos os órgãos, a começar pelos próprios Tribunais
de Contas, tornando efetiva a máxima segundo a qual a regra é a publicidade, sendo o sigilo
a exceção.”

Ante aquela orientação, observou-se que grande parte dos Tribunais de Contas Nacionais
tem empreendido esforços no sentido de adequar a sua infraestrutura interna para atender
aos comandos legais, tanto no que se refere à transparência passiva como ativa 10.
Entretanto, o trabalho para a fiscalização dos jurisdicionados no cumprimento da Lei ainda é
10
No âmbito da auditoria relativa ao processo TCE/013091/2014, que avaliou o cumprimento da LAI por parte de órgãos e
entidades do Poder Executivo Estadual, fez-se levantamento, por meio de contatos presenciais, e-mail e telefone, de ações
implementadas por órgãos públicos de controle interno e externo, dentre os quais 16 Tribunais de Contas.

80 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

incipiente, representado por iniciativas de avaliação do grau de cumprimento da LAI e


publicação dos respectivos resultados, a exemplo de ações capitaneadas pelo TCU e de
trabalhos dos Tribunais de Contas dos Estados do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do
Sul e Mato Grosso.

Na Bahia, o primeiro trabalho de avaliação do cumprimento da LAI pelo Poder Executivo


Estadual teve início no segundo semestre de 2014 e foi encerrado em agosto de 2015. Seu
detalhamento pode ser conferido no capítulo "Auditorias Realizadas" deste Relatório.

Trabalhos desta natureza visam a assegurar o direito ao acesso às informações públicas,


requisito importante para a luta contra a corrupção, para o aperfeiçoamento da gestão
pública e para o controle social. Nesse sentido, o estímulo à transparência na Administração
Pública, muito além da simples publicidade das ações governamentais, representa ganhos
relevantes para a fiscalização das aplicações de recursos públicos, desenvolvimento das
noções de democracia e cidadania e intensificação das relações entre Estado e sociedade
civil.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 81


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

82 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Controle Interno da Administração Pública Estadual

2.3 Limites Constitucionais e Legais

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 83


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

84 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.3 LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS


2.3.1 SAÚDE

Com o objetivo de garantir os recursos mínimos necessários ao atendimento da saúde


pública no País, em 13/09/2000 foi editada a Emenda Constitucional (EC) n.º 29, que tornou
mais efetiva a participação dos entes federados no processo de financiamento do Sistema
Único de Saúde (SUS), fixando percentuais mínimos das receitas dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios a serem aplicados em ações e serviços públicos de saúde,
resultando no aumento e maior estabilidade dos recursos destinados à área da saúde em
todo o País.

O Poder Constituinte derivado, ao estabelecer o percentual de 12% dos recursos dos


orçamentos dos Estados e do Distrito Federal a ser destinado à aplicação nas ações e
serviços públicos de saúde, dispositivo introduzido pela EC n.º 29, atribuiu-lhe o caráter de
limite mínimo a ser gasto nessa área.

Com a promulgação da Lei Complementar (LC) n.º 141, de 13/01/2012, que regulamenta o
§3º do art. 198 da Constituição Federal, além de estabelecer os critérios de rateio dos
recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização e controle das
despesas com saúde, foi mantida, em seu art. 6º, a regra anterior de aplicação em ações e
serviços públicos de saúde, pelos Estados e Distrito Federal, de percentual mínimo de 12%
da receita de impostos líquida e transferências constitucionais e legais, como se observa na
transcrição a seguir:

Art. 6º Os Estados e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, em ações e


serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que
tratam o art. 157, a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159,
todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios.

Para o monitoramento das aplicações realizadas pelos entes da Federação, a LC n.º 141, de
13/01/2012, em seu art. 39, dispõe que o Ministério da Saúde (MS) deverá manter um
sistema de registro eletrônico centralizado das informações de saúde referentes aos
orçamentos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
estabelecer as diretrizes para o funcionamento desse sistema e os prazos para registro e
homologação das informações.

Tal sistema, já implementado em decorrência do grupo de trabalho constituído pela Portaria


Interministerial n.º 529, de 30/04/1999, do Ministério da Saúde e do MPF, foi
institucionalizado, desde 11/10/2000, como Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Saúde (SIOPS), pela Portaria Conjunta n.º 1.163/MS/PGR-MPF, de
11/10/2000, posteriormente revogada pela Portaria Interministerial n.º 446/MS/PGR-MPF, de
16/03/2004.

Em observância ao art. 39 da LC n.º 141/2012, foi publicada a Portaria n.º 53, de


16/01/2013, do Ministério da Saúde, que estabelece as diretrizes para o funcionamento do
SIOPS e fixa os prazos para o registro e a homologação das informações.

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), na condição de órgão central do Sistema de


Contabilidade Federal, editou a Portaria n.º 553, de 22/09/2014, que aprovou a 6ª edição do
Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF), alterada em 07/01/2015 pela Portaria n.º 10/2015.
Tal documento, além de apresentar os relatórios e anexos referentes aos demonstrativos a
serem elaborados por todas as esferas de governo e descritos na Lei Complementar n.º

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 85


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

101/2000, estabelece os procedimentos para a elaboração, dentre outros, do Anexo 12 –


Demonstrativo das Receitas e Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde,
contendo informações sobre os recursos públicos destinados à saúde provenientes das
receitas especificadas no art. 6º da LC n.º 141/2012, as despesas com saúde, bem como a
apuração da participação das despesas com ações e serviços públicos de saúde na receita
de impostos líquida e de transferências constitucionais e legais, para fins de verificação do
cumprimento do limite constitucional.

Dessa forma, observando as orientações estabelecidas na referida Portaria n.º 553/2014, o


Estado da Bahia, conforme demonstrado na tabela a seguir, discrimina os valores com
receitas e despesas executadas ao longo do exercício de 2015, com ações e serviços
públicos de saúde, bem como indica o índice de aplicação resultante.

Tabela 6 – DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS COM AÇÕES E SERVIÇOS


DE SAÚDE (2015)
Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
RECEITA DE IMPOSTOS LÍQUIDA 21.346.140.114,11
Impostos s/ Transmissão causa mortis e Doação (ITCD) 106.264.767,03
Imposto s/ Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) 17.860.593.353,12
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) 993.827.219,60
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) 2.045.513.706,51
Multas, Juros de Mora e Outros Encargos dos Impostos 185.258.943,82
Dívida Ativa dos Impostos 106.905.664,27
Multas, Juros de Mora e Outros Encargos da Dívida Ativa 47.776.459,76
RECEITA DE TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS 7.495.202.465,43
Cota-Parte FPE 7.177.016.975,39
Cota-Parte Imposto sobre Produtos Industrializados, Proporcional às Exportações (IPI-EXP) 263.829.337,50
Compensações Financeiras Provenientes de Impostos e Transferências Constitucionais
(Desoneração ICMS – LC 87/96) 54.356.152,54
DEDUÇÕES DE TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS AOS MUNICÍPIOS 5.125.600.169,75
Parcela do ICMS Repassada aos Municípios 4.526.802.772,69
Parcela do IPVA Repassada aos Municípios 532.840.063,23
Parcela da Cota-Parte do IPI-EXP Repassada aos Municípios 65.957.333,83
TOTAL DAS RECEITAS PARA APURAÇÃO DA APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE
SAÚDE (a) 23.715.742.409,79
DESPESAS CORRENTES 4.516.973.006,06
Pessoal e Encargos Sociais 1.498.491.476,70
Juros e Encargos da Dívida –
Outras Despesas Correntes 3.018.481.529,36
DESPESAS DE CAPITAL 86.018.287,87
Investimentos 86.018.287,87
Inversões Financeiras –
Amortização da Dívida –
TOTAL DAS DESPESAS COM SAÚDE (b) 4.602.991.293,93
DESPESAS COM INATIVOS E PENSIONISTAS 6.966,37
DESPESA COM ASSISTÊNCIA À SAÚDE QUE NÃO ATENDE AO PRINCÍPIO DE ACESSO UNIVERSAL 60.905.695,00
DESPESAS CUSTEADAS COM OUTROS RECURSOS 1.532.012.636,86
Recursos de Transferência do Sistema Único de Saúde – SUS 1.461.717.139,06
Recursos de Operações de Crédito 45.165.596,84
Outros Recursos 25.129.900,96
OUTRAS AÇÕES E SERVIÇOS NÃO COMPUTADOS –
RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS INSCRITOS INDEVIDAMENTE NO EXERCÍCIO SEM
DISPONIBILIDADE FINANCEIRA –
DESPESAS CUSTEADAS COM DISPONIBILIDADE DE CAIXA VINCULADA AOS RESTOS A PAGAR
CANCELADOS –
DESPESAS CUSTEADAS COM RECURSOS VINCULADOS À PARCELA DO PERCENTUAL MÍNIMO QUE
NÃO FOI APLICADA EM AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE EM EXERCÍCIOS ANTERIORES –
TOTAL DAS DESPESAS COM SAÚDE NÃO COMPUTADAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO PERCENTUAL
1.592.925.298,23
MÍNIMO (c)
TOTAL DAS DESPESAS COM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE (d) {d = b – c} 3.010.065.995,70
LIMITE CONSTITUCIONAL {(d/a)*100} 12,69
Fontes: Demonstrativo das Receitas e Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde/2015 e Relatórios do FIPLAN
Gerencial.
O valor da conta ICMS não foi incluído os valores relativos as subcontas referentes à restituição de ICMS e referente
ao FUNCEP.
Nota: Foi identificada uma divergência entre os valores da base de cálculo para Receita Líquida de Impostos para fins de
cálculo dos limites de Educação e Saúde, no valor de R$453,76, decorrente da inclusão da Cota-Parte IOF – Ouro no
Demonstrativo relativo à Educação, no valor de R$453,71, e 0,05 decorrente de aproximações de cálculo, não
impactando nos cálculos dos respectivos limites.

86 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Assim, observa-se que o Estado da Bahia vem atendendo ao limite mínimo estabelecido,
conforme demonstram os dados apresentados na tabela Evolução do Percentual da
Despesa Própria com Saúde em relação à Receita Líquida de Impostos, no período de 2005
a 2015, de acordo com o Demonstrativo das Receitas e Despesas com Ações e Serviços
Públicos de Saúde, elaborado pela SEFAZ.

Tabela 7 – EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL DA DESPESA PRÓPRIA COM SAÚDE /


RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS
Em R$ mil
TOTAL DA RECEITA LÍQUIDA RECURSOS APLICADOS
ANO
DE IMPOSTOS (%) VALOR
2005 8.531.091 12,15 1.036.372
2006 9.694.826 12,17 1.179.483
2007 10.642.092 12,71 1.352.936
2008 12.247.925 12,83 1.572.460
2009 12.155.265 13,89 1.689.025
2010 14.024.226 13,77 1.931.511
2011 16.026.201 13,44 2.154.555
1
2012 17.313.430 12,80 2.216.047
2013 19.774.146 12,28 2.429.191
2014 19.107.450 13,29 2.851.554
2015 21.346.140 12,69 3.010.066
Fontes: Demonstrativos da Receita Líquida de Impostos e das Despesas Próprias com Saúde/SEFAZ.
(1) A alteração do percentual mínimo, no exercício de 2012, de 12,60% para 12,80%, foi objeto de republicação, conforme
Ofício SAF n.º 16, de 13/05/2016.

É pertinente destacar que o Estado da Bahia, por força da Ação Cautelar n.º 268-1, de
19/05/2004, no STF contra a União (Fazenda Nacional), vem excluindo a receita obtida com
o Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (FUNCEP) da base de cálculo da
dívida pública do Estado com a União, bem como do cômputo do valor mínimo a ser
aplicado em saúde e educação. Assim, do valor da Receita de Impostos, apresentado no
Anexo 12, publicado pela SEFAZ, foi deduzido o montante de R$455.619.315,50,
relacionado tanto à alíquota de ICMS do FUNCEP (R$455.221.489,76) como também aos
seus encargos (multas e juros de mora R$397.825,74).

A consideração dessa receita do FUNCEP na base de cálculo das Receitas, como


normatizado pela STN, elevaria o total da Receita Líquida de Impostos, e, por consequência,
o montante de recursos a serem destinados às ações e serviços públicos de saúde, uma
vez que o valor total da receita repercute na apuração do limite mínimo a ser aplicado em
despesas dessa natureza. Também a LC n.º 141/2012, em seu art. 29, estabelece a
utilização do valor total da receita de impostos e das transferências constitucionais e legais
na apuração do valor mínimo a ser aplicado em saúde, como se depreende da sua
transcrição a seguir:

Art. 29. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios excluir
da base de cálculo das receitas de que trata esta Lei Complementar
quaisquer parcelas de impostos ou transferências constitucionais vinculadas
a fundos ou despesas, por ocasião da apuração do percentual ou montante
mínimo a ser aplicado em ações e serviços públicos de saúde.

Nesse sentido, caso as receitas em comento (R$455.619.315,50) não fossem deduzidas da


base de cálculo, ter-se-ia o montante de receitas para apuração da aplicação em ações e
serviços públicos de saúde de R$24.171.361.725,29, que resultaria um percentual de
aplicação de 12,45%, ainda atendendo ao mínimo legal.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 87


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.3.2 EDUCAÇÃO

A Constituição Federal, em seu Título VIII – Da Ordem Social, dispõe em seu art. 212 que o
Estado deve aplicar anualmente, na manutenção e desenvolvimento do ensino, no mínimo,
25% da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências e excluídos os
valores repassados constitucionalmente aos municípios.

A Lei Federal n.º 9.394, de 20/12/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB), em seu art. 72, estabelece que as receitas e despesas com manutenção e
desenvolvimento do ensino sejam apuradas e publicadas nos Balanços do Poder Público.

A STN, através da Portaria n.º 553, de 22/09/2014, aprovou a 6ª edição do Manual de


Demonstrativos Fiscais, que orienta a confecção, quanto à forma e ao conteúdo, dos seus
correspondentes demonstrativos, entre eles, o Anexo 8. Esse demonstrativo informa os
recursos públicos destinados à educação provenientes da receita resultante de impostos e
das receitas vinculadas ao ensino, as despesas com a manutenção e desenvolvimento do
ensino por vinculação de receita, os acréscimos ou decréscimos nas transferências do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB), bem como o cumprimento dos limites constitucionais
e outras informações para o controle financeiro.

O demonstrativo, referente ao 6º bimestre de 2015, foi publicado no DOE de 30/01/2016


pela SEFAZ, por meio da Portaria n.º 33, de 29/01/2016, disponibilizado na internet, em
cumprimento aos arts. 2º, 52 e 53 da Lei Complementar Federal n.º 101/2000 (LRF), bem
como ao art. 72 da LDB. Esse relatório (Anexo 8) obedece ao estabelecido pela Portaria n.º
553/2014 da STN. No entanto, ressalte-se a dedução da receita vinculada ao FUNCEP da
base de cálculo das receitas do ensino.

O Anexo 8 apresenta como Receita do ICMS o valor de R$18.122.338.472,52 11. Entretanto,


o valor bruto do ICMS, como a STN determina que seja registrado, é de
R$18.577.559.962,28, segundo o FIPLAN Gerencial. Do cálculo da receita do ICMS é
deduzido o valor de R$455.221.489,76, referente à Fonte 28 – FUNCEP. Ademais, também
por conta da Ação Cautelar n.º 268-1, citada a seguir, o cálculo das receitas de multas, juros
de mora e outros encargos do ICMS, como publicado pela SEFAZ, também exclui a receita
proveniente do FUNCEP, resultando numa diferença, a menor, de R$397.825,74 entre o
valor publicado e o valor bruto dessas receitas.

O Estado da Bahia encontra-se respaldado pela Ação Cautelar n.º 268-1, de 19/05/2004, no
STF contra a União (Fazenda Nacional), para que a receita obtida com o FUNCEP não seja
incluída na base de cálculo da dívida pública do Estado com a União, nem no cômputo do
valor mínimo a ser aplicado em saúde e educação.

O texto da 6ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais, aprovada pela citada Portaria n.º
553/2014 da STN, na apresentação do Anexo 8 – Demonstrativo das Receitas e Despesas
com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), informa quanto ao registro das
receitas resultantes do ICMS:

11
Este valor é composto a partir do valor da Conta ICMS sem incluir o os valores relativos às subcontas referentes à restituição
de ICMS e referente ao FUNCEP, somados os itens. 1.1.2. 1.1.3 e 1.1.4, constantes do respectivo Anexo.

88 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Item 1.1.6 – Nessa linha, registrar pelo valor bruto, o total arrecadado por
meio de alíquota adicional do ICMS para o Fundo Estadual de Combate à
Pobreza, incluindo as respectivas multas, juros de mora e outros encargos e
os valores referentes à Dívida Ativa.

A consideração dessa receita do FUNCEP na base de cálculo das Receitas de Ensino,


como normatizado pela STN, elevaria o total da Receita Líquida de Impostos de
R$23.715.742.863,55 para R$24.171.362.179,05, e, por consequência, a um montante
também mais elevado de recursos a serem destinados à manutenção e ao desenvolvimento
do ensino, uma vez que o valor total da receita repercute na apuração do limite mínimo a ser
aplicado em despesas dessa natureza. Ainda que esse valor fosse considerado no cálculo,
o limite passaria para 27,43%, o que atenderia ao mínimo previsto na CF.

2.3.2.1 Apuração dos limites constitucionais

Com base nos critérios a serem considerados no cômputo dos gastos com manutenção e
desenvolvimento do ensino, estabelecidos pela LDB e pela Portaria no 553/2014 da STN,
foram realizados cálculos pela auditoria deste Tribunal com o objetivo de verificar o
cumprimento do limite de gastos dessa natureza. A seguir são apresentados os resultados
obtidos:

Tabela 8 – DESPESAS COM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (MDE)


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
TOTAL DAS DESPESAS COM AÇÕES TÍPICAS DE MDE (A) 5.121.617.556,28
Educação Infantil 66.327,28
Ensino Fundamental 889.862.200,63
Despesas Custeadas com Recursos do FUNDEB 888.458.495,95
Despesas Custeadas com Outros Recursos de Impostos 1.403.704,68
Ensino Médio 1.955.918.341,58
Despesas Custeadas com Recursos do FUNDEB 1.945.632.289,75
Despesas Custeadas com Outros Recursos de Impostos 10.286.051,83
Ensino Superior 903.325.648,76
Ensino Profissional Não-Integrado ao Ensino Regular 14.655.365,14
Outras Despesas com Ações Típicas de MDE 1.346.785.972,13
Inscritos em Restos a Pagar Não Processados 11.003.700,76
DEDUÇÕES/ADIÇÕES CONSIDERADAS PARA FINS DE LIMITE CONSTITUCIONAL (B) (1.509.073.075,27)
Resultado Líquido das Transferências do FUNDEB (2.173.878.361,25)
Despesas Custeadas com a Complementação do FUNDEB no Exercício 658.678.971,91
Receita de Aplicação Financeira dos Recursos do FUNDEB até o Bimestre 10.570,03
Cancelamento, no Exercício de Restos a Pagar Inscritos com Disponibilidade Financeira de Recursos de
Impostos Vinculados ao Ensino 6.115.744,04
TOTAL DAS DESPESAS PARA FINS DE LIMITE (C) (A-B) 6.630.690.631,55
TOTAL DA RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS(D) 23.715.742.863,55
Mínimo de 25% das Receitas Resultantes de Impostos na Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino – Limite Constitucional (25%) [(C/ D)x 100] 27,96%
Fontes: FIPLAN Gerencial e Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Demonstrativo das Receitas e Despesas com
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino.
Nota: Foi identificada uma divergência entre os valores da base de cálculo para Receita Líquida de Impostos para fins de
cálculo dos limites de Educação e Saúde, no valor de R$453,76, decorrente da inclusão da Cota-Parte IOF – Ouro no
Demonstrativo relativo à Educação, no valor de R$453,71, e 0,05 decorrente de aproximações de cálculo, não
impactando nos cálculos dos respectivos limites.

Como apresentado, as despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino em relação


às receitas resultantes de impostos atingiram 27,96%, demonstrando que o Estado da
Bahia, no exercício de 2015, cumpriu o limite mínimo constitucional de 25%.

O gráfico a seguir apresenta um acréscimo de 0,33 p.p. da Receita Líquida de Impostos


aplicado na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) no exercício de 2015, em
relação ao ano de 2014, considerando-se os índices publicados pela SEFAZ.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 89


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Gráfico 1 – PERCENTUAIS DA RECEITA RESULTANTE DE IMPOSTOS APLICADOS NA


MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO – 2010 A 2015 (%)

28,5
28,09
27,96
28
27,63
27,5

27
26,45
26,5
25,89 25,92
26

25,5

25

24,5
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fontes: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Demonstrativo das Receitas e Despesas Com Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino.
Nota: Os valores referentes aos anos de 2010 e 2012 foram objeto de republicação, sendo, respectivamente, os valores
anteriores de 26,61 e 25,51. As alterações do percentuais mínimos, nos exercício de 2010 e 2012, de 26,61% para
26,45%, e de 25,51% para 25,92% foram objeto de republicação, conforme Ofício SAF n.º 16/2016.

O acréscimo do percentual mínimo de despesas com MDE, de 27,63 para 27,96, no


exercício em comento, de acordo com os dados publicados pela SEFAZ, deve-se ao fato de
a receita líquida de impostos, se comparada ao exercício de 2014, ter crescido 10,51% em
2015, inferior ao aumento de 11,05% na aplicação desses recursos com despesas de
manutenção e desenvolvimento do ensino. O valor total das despesas para fins de limite
aumentou de R$5.929.151.222,44 em 2014 para R$6.630.690.631,55, no exercício de 2015.

A Lei Federal n.º 11.494, de 20/06/2007, que regulamenta o FUNDEB, definiu como limite
mínimo a ser aplicado em despesas com a remuneração dos profissionais do Magistério na
Educação Básica o percentual de 60% das receitas desse Fundo.

O Demonstrativo das Receitas e Despesas com MDE informa que o Estado da Bahia
desembolsou recursos da ordem de R$2.378.893.892,36, para pagamento de profissionais
do magistério, conforme demonstra a tabela a seguir, o que corresponde a 84,41% dos
recursos recebidos do FUNDEB no exercício de 2015:

Tabela 9 – DESPESAS NA REMUNERAÇÃO DO MAGISTÉRIO COM ENSINO


FUNDAMENTAL E MÉDIO
Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
1 – PAGAMENTO DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO 2.378.893.892,36
Com Ensino Fundamental 761.246.045,56
Com Ensino Médio 1.617.647.846,80
2 – OUTRAS DESPESAS DO FUNDEB 455.196.893,34
Com Ensino Fundamental 127.212.450,39
Com Ensino Médio 327.984.442,95
3 – TOTAL DAS DESPESAS DO FUNDEB (1+2) 2.834.090.785,70
4 – RECEITAS RECEBIDAS DO FUNDEB 2.818.390.499,03
MÍNIMO DE 60% DO FUNDEB NA REMUNERAÇÃO DO MAGISTÉRIO COM ENSINO
84,41%
FUNDAMENTAL E MÉDIO (1/4) x 100%
Fontes: FIPLAN Gerencial e Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Demonstrativo das Receitas e Despesas Com
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE).
Nota: Não estão consideradas as Despesas Inscritas em Restos a Pagar Não Processados, no valor de R$2.322.049,07.

90 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

2.3.3 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS

A Constituição Federal, em seu art. 169, estabelece que “a despesa com pessoal ativo e
inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
limites estabelecidos em lei complementar”.

A LRF, no seu art. 19, fixa o limite da despesa total com pessoal, em percentuais da Receita
Corrente Líquida (RCL), para todos os entes da Federação, estabelecendo-o em 60% para
os Estados.

A seguir apresentam-se os limites, em observância ao art. 20, II e §§ 1o e 4o do mesmo


diploma normativo, que define a repartição desse limite global para o Estado da Bahia:

Tabela 10 – LIMITES DA DESPESA COM PESSOAL

PODER/ÓRGÃO %
Poder Executivo 48,60
Poder Legislativo 3,40
Poder Judiciário 6,00
Ministério Público 2,00
TOTAL 60,00
Fonte: Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

No pertinente ao Legislativo, a LRF estabeleceu a forma de cálculo dos limites máximos


para as despesas com pessoal para cada órgão integrante do referido Poder, com a
publicação da Lei Estadual n.o 12.039, de 28/12/2010, que dispôs sobre as diretrizes
orçamentárias para o exercício de 2011, repartindo os limites de pessoal para os órgãos do
Poder Legislativo do Estado da Bahia, a partir do exercício de 2011, da forma a seguir
definida:

Tabela 11 – REPARTIÇÃO DO LIMITE DO PODER LEGISLATIVO

ÓRGÃO %
Assembleia Legislativa (AL/BA) 1,87
Tribunal de Contas do Estado (TCE/BA) 0,90
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM/BA) 0,63
Fonte: Lei Estadual n.º 12.039/2010.

Cabe salientar o que diz o Manual de Demonstrativos Fiscais da STN acerca desse assunto
que “A Lei de Diretrizes Orçamentárias de cada ente não tem poderes para estabelecer
limites superiores aos estatuídos pela lei complementar prevista constitucionalmente como
instrumento para fazê-lo”.

• Composição das despesas com pessoal

De acordo com o art. 18 da LRF, o cálculo da despesa com pessoal deve incluir todos os
gastos do Estado com servidores ativos, inativos e pensionistas, sob quaisquer tipos de
remuneração e vantagem, além de encargos sociais e contribuições recolhidas pelo Estado
às entidades de previdência.

Conforme mencionado nos Relatórios sobre as Contas Governamentais de exercícios


anteriores, vem sendo considerado pelo Estado, para o cálculo da despesa bruta de pessoal
de seus Poderes e órgãos, o somatório dos valores classificados contabilmente no grupo de
despesa “Pessoal e Encargos Sociais” da administração direta e indireta.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 91


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No concernente às despesas com auxílio-creche, vale-transporte, vale-refeição, auxílio-


transporte e auxílio-alimentação, o estado não as contabiliza no grupo mencionado, por
considerar que se referem a gastos de natureza indenizatória. A matéria é controversa,
tendo em vista a existência de divergências quanto à sua caracterização, tanto na esfera
administrativa quanto judicial, federal e estadual, existindo posições que as consideram de
caráter remuneratório 12, devendo, com efeito, integrar o cômputo da despesa total com
pessoal.

Por meio da Nota n.º 1.097, de 26/06/2007, a STN afirma que os Tribunais de Contas têm
acertadamente conduzido essa controvérsia com certa cautela. Para alguns Tribunais, a
inclusão ou não dessas parcelas fica sujeita à verificação da temporalidade de sua
concessão. Outros entendem que depende da lei que as instituiu, atribuindo-lhes natureza
indenizatória ou remuneratória. A interpretação com maior adesão foi esta última.

As despesas relativas a auxílio-creche, vale-transporte, vale-refeição, auxílio-transporte e


auxílio-alimentação pagas pelo Estado da Bahia não se incorporam à remuneração do
servidor para quaisquer efeitos, tampouco podem servir como base de incidência de
contribuição previdenciária nem como rendimento tributável do imposto de renda. Desse
modo, tais gastos não foram considerados como despesas de pessoal para fins de
acompanhamento dos limites de pessoal, em atenção ao que estabelece a alínea “b”, I, art.
1o da Portaria Interministerial n.o 519, de 27/11/2001, da STN, que dispõe sobre normas
gerais de consolidação das contas públicas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, regulamentando o § 2o do art. 50 da LRF, segundo o qual eles
são classificados como “Outras Despesas Correntes” e não como “Pessoal e Encargos
Sociais”.

A seguir apresenta-se tabela-resumo com os valores das despesas relativas aos itens
citados para os Poderes Executivo e Judiciário, Ministério Público e Assembleia Legislativa,
que totalizam R$395.617.103,47, correspondentes ao período de apuração de janeiro a
dezembro de 2015, nos termos do § 2.o do art. 18 da LRF:

Tabela 12 – DESPESAS COM AUXÍLIO-CRECHE, VALE-TRANSPORTE, VALE-


REFEIÇÃO, AUXÍLIO-TRANSPORTE E AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO
Em R$
PODER PODER MINISTÉRIO ASSEMBLEIA
DESCRIÇÃO TOTAL
EXECUTIVO JUDICIÁRIO PÚBLICO LEGISLATIVA
Auxílio-Creche 184.423,35 – – – 184.423,35
Vale-Transporte 314.835,17 – – – 314.835,17
Auxílio-Transporte 78.270.394,30 11.852.522,82 1.345.211,67 – 91.468.128,79
Vale-Refeição 2.678.008,07 3.935,10 – 402.585,58 3.084.528,75
Auxílio-Alimentação 184.192.777,84 91.192.412,75 18.932.753,26 6.247.243,56 300.565.187,41
TOTAL 265.640.438,73 103.048.870,67 20.277.964,93 6.649.829,14 395.617.103,47
% 67,15 26,05 5,12 1,68 100,00
Fonte: Relatórios do FIPLAN Gerencial.

Em 05/11/2015 o Estado da Bahia, representado pelo então Secretário da Administração,


formulou consulta técnica a este Tribunal de Contas acerca da classificação de algumas
verbas, à luz da Lei Complementar n.º 101/2000, e a não inclusão dessas no cômputo das
despesas com pessoal para fins de cumprimento dos limites de gastos previstos na citada
Lei.

A consulta formulada abrangeu questionamentos acerca da classificação e exclusão das


despesas com pensionistas, abono pecuniário de férias, do 1/3 constitucional de férias, da
indenização de férias não gozadas, do abono licença-prêmio pecúnia e do abono de
permanência.
12
Nesse sentido, conforme Recurso Extraordinário n.º 227331/RS do STF. Contra, Recurso Extraordinário n.º 281015/RS do
STF.

92 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

O Ministério Público de Contas (MPC) opinou, em 20/04/2016, pelo conhecimento da


Consulta e para que fosse oferecida a seguinte resposta ao Consulente:

a) os gastos com pensionistas devem ser contabilizados como despesa total


de pessoal para fins de apuração dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20
da Lei Complementar n.º. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal),
inexistindo qualquer vício de inconstitucionalidade que justifique o
afastamento parcial da norma de interpretação autêntica veiculada pelo art.
18, caput, da LRF. Ao revés, o conceito de despesa total com pessoal foi
definido pelo legislador dentro do espaço de conformação legislativa
outorgado pela Constituição, estando afinado com os fins proclamados pelo
art. 169, caput, da Constituição Federal;

b) as despesas com pagamento de abono pecuniário de férias, de


conversão em pecúnia de férias não gozadas e de conversão em pecúnia
de licença-prêmio não usufruída podem ser excluídas do cômputo da
despesa total com pessoal para fins de apuração dos limites previstos nos
arts. 19 e 20 da Lei Complementar n.º.101/2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal), haja vista a natureza indenizatória das verbas mencionadas;

c) as despesas com pagamento de abono de permanência e de adicional de


férias gozadas (1/3 constitucional de férias), dada a natureza remuneratória
das vantagens, devem ser contabilizadas como despesa total com pessoal
para fins de verificação do cumprimento dos limites previstos nos arts. 19 e
20 da Lei Complementar n.º. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

O Tribunal Pleno deste TCE, em sessão plenária de 28/04/2016, por meio da Resolução n.º
31/2016 referente ao Processo TCE/009670/2015, decidiu, à unanimidade, conhecer da
Consulta, com o oferecimento por maioria de votos, da seguinte resposta:

As verbas pagas a título de abono pecuniário de férias (conversão de 1/3


das férias em pecúnia), abono de permanência, indenização de férias e
licenças-prêmio não gozadas deverão ser excluídas do cômputo da
despesa total com pessoal para efeito da apuração dos limites fixados nos
artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal n.º 101/2000.

Considerando que os sistemas corporativos ainda não estão aptos a segregar por elemento
e subelementos os referidos gastos, não foi possível identificar os valores de todos os
Órgãos/Poderes englobados nas despesas retrocitadas, a exceção apenas do Poder
Executivo e da Defensoria Pública que no Sistema de Observação das Contas Públicas
(MIRANTE) – Módulo Pessoal foi apurado o montante de R$184.664.004,54 nas vantagens
de Abono Pecuniário, licença prêmio indenizada, férias vencidas e abono de permanência.

Cabe registrar que os valores dessas despesas devem ser objeto de consulta junto às
respectivas unidades jurisdicionadas, podendo constar no escopo de próximas auditorias
realizadas pelo TCE.

• Outras despesas de pessoal

A LRF, em seu art. 18, § 1°, estabeleceu que devem ser contabilizados como “Outras
Despesas de Pessoal” os valores dos contratos de terceirização de mão de obra que se
referem à substituição de servidores e empregados públicos.

A Portaria Interministerial n.o 519/2001 da STN preceitua, na alínea “a” do inciso I do art. 1o,
que as despesas com contratos de terceirização de mão de obra que se refiram à
substituição de servidores e empregados públicos devem ser incluídas no cálculo da
despesa total de pessoal, em atendimento ao disposto no art. 18, § 1o, da LRF.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 93


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Dessa forma, todos os contratos de locação de mão de obra que configurem substituição de
servidores e empregados públicos, consubstanciados em terceirização de serviço,
excetuados aqueles que se destinem à execução de atividade-atividade não abrangidas
pelos planos de cargos do quadro de pessoal, devem ter registrados seus valores como
“Outras Despesas de Pessoal” e devem ser inseridos no cálculo da despesa com pessoal.

O entendimento de Motta, Santana e Ferraz (2001, p. 115-116), acerca do assunto, é:

[...] parece-nos razoavelmente assente que a terceirização de serviços


complementares e acessórios, que esteja formalmente banida dos
conteúdos funcionais dos planos de cargos e carreiras dos entes políticos,
prossiga sendo contabilizada na rubrica de "serviços de terceiros".

O Poder Executivo do Estado da Bahia retirou formalmente do seu quadro de pessoal


cargos vinculados às atividades de limpeza, conservação, segurança e vigilância, não
havendo mais hipótese de inclusão de tais gastos no cômputo das despesas de pessoal.

No Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do 3º quadrimestre de 2015, o Poder Executivo


consignou, na rubrica “Outras Despesas de Pessoal”, as despesas com contratação de
serviços de informática e processamento de dados, apoio técnico-administrativo,
prestadores de serviço temporário e outros serviços de pessoal terceirizados, no valor de
R$99.977.337,64, procedimento que foi ratificado pela auditoria deste TCE.

No exercício de 2015, o Poder Executivo Estadual realizou despesas no valor de R$147


milhões para fins de pagamento da remuneração de serviços prestados por terceiros, por
meio do elemento 36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física. A Secretaria da
Educação (SEC) liquidou despesas no valor de R$102 milhões, correspondendo a 69,39%
do gasto total nesse elemento. Desse montante, a auditoria identificou que
R$51.320.525,79, referem-se à contratação de serviços de professores e assistentes
administrativos, conforme relatado no item 2.4.4.2 Despesa com Pessoal e Encargos
Sociais – Prestação de Serviço Temporário (PST).

Como esses gastos estão registrados no elemento de despesa Outros Serviços de Terceiros
– Pessoa Física, não foram considerados pelo Estado no cálculo do limite da Despesa com
Pessoal.

• Apuração do limite da despesa com pessoal

Na tabela a seguir, são apresentados os valores de cada parcela integrante do cálculo da


despesa com pessoal e o respectivo percentual de participação em relação à RCL, tendo
sido esses itens publicados pelo Poder Executivo e apurados pela auditoria deste Tribunal:

Tabela 13 – RELAÇÃO ENTRE DESPESA COM PESSOAL E RCL – PODER


EXECUTIVO
Em R$
PODER EXECUTIVO
DISCRIMINAÇÃO PUBLICADO NO APURADO PELA
DIFERENÇA
DOE AUDITORIA
Despesa Bruta com Pessoal 16.691.411.749,07 16.744.823.050,35 (53.411.301,28)
(-) Indenizações por Demissão e Incentivos à Demissão Voluntária 149.196.622,62 149.196.622,62 –
(-) Decorrentes de Decisão Judicial 145.279.199,00 145.279.199,00 –
(-) Despesas de Exercícios Anteriores 242.306.277,71 242.306.277,71 –
(-) Inativos com Recursos Vinculados 3.201.855.036,38 3.058.522.596,41 143.332.439,97
(=) Despesa Líquida de Pessoal 12.952.774.613,36 13.149.518.354,61 (196.743.741,25)
Receita Corrente Líquida 27.207.610.584,58 27.207.610.584,58 –
Participação da Despesa com Pessoal na Receita Corrente Líquida 47,61% 48,33% 0,72%
Fontes: RGF e FIPLAN Gerencial.

94 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

A diferença apurada no valor da Despesa Bruta com Pessoal no montante de


R$53.411.301,28, deve-se à não inclusão, pelo Poder Executivo, de despesas incorridas
com prestadores de serviços temporários em substituição a servidores no valor de
R$51.320.525,79 e de com Pessoal e Inativo no montante de R$2.090.775,49. Também foi
apurada divergência nos valores da rubrica “Inativos com Recursos Vinculados” no
montante de R$143.332.439,97.

O montante de R$51.320.525,79 pago a título de PST da Secretaria da Educação, referente


à contratação de professores e assistentes administrativos, foi assunto tratado no item
2.4.4.2 Despesa com Pessoal e Encargos Sociais – Prestação de Serviço Temporário
(PST).

Quanto à diferença de R$2.090.775,49, referente as despesas com Inativos e Pensionistas,


a auditoria apurou o montante de R$4.784.456.379,78, enquanto o Poder Executivo publicou
R$4.782.365.604,29. Mediante Solicitação n.o MF 02/2016, foram requeridos
esclarecimentos ao Chefe de Gabinete da SEFAZ e ao Superintendente da SUPREV.

A SEFAZ, por meio do Ofício Conjunto SAF n.o 06/2016, informou que o FIPLAN não
possuía no ano de 2015 o detalhamento do aporte dos Outros Poderes referente aos
Inativos e Pensionistas e que a SUPREV enviou as informações baseadas nos seus
controles internos. Já a SUPREV por meio do Ofício DIGEF/SUPREV n.o 154, de
17/03/2016, assim se pronunciou:
o
1 ) Os valores correspondentes aos Outros Poderes, quais sejam: ALBA,
TCE, TCM, TJBA e MP, relacionados na descrição “SUPREV”, referem-se a
informações que emitimos à SEFAZ, após sermos solicitados, e
correspondem a dados de inativos e pensionistas vinculados ao FUNPREV.
Esclarecemos ainda que repassamos tais informações, conforme planilha já
em posse desse Tribunal.
o
2 ) Na DESCRIÇÃO “FIPLAN GERENCIAL”, além das despesas do
FUNPREV, mencionadas acima, estão também, adicionadas, as do
BAPREV, portanto não havendo como compará-las.

Nas nossas informações gerenciais repassadas à SEFAZ, identificamos


algumas divergências ao compará-las com os relatórios do FGWEB (Anexo
II), devido a equívocos na alimentação das nossas planilhas Gerenciais,
corrigidos e apontados vide Planilha (Anexo I).

Analisamos as Planilhas Gerenciais encaminhadas e constatamos que os ajustes feitos pela


Superintendência de Previdência (SUPREV) nas informações prestadas à SEFAZ, em
relação à despesa do Poder Executivo perfez o montante de R$2.245.431,34, conforme
demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 14 – COMPOSIÇÃO AJUSTES DA SUPREV


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
Aumento da Despesa (A) 2.312.445,50
Valor contabilizado incorretamente no TJ mas devido ao Poder Executivo 2.312.445,50
Redução da Despesa (B) 67.014,16
Valor contabilizado incorretamente no Poder Executivo mas devido ao TJ 38.376,05
Valor contabilizado incorretamente no Poder Executivo mas devido a AL/BA 9.344,03
Valor contabilizado incorretamente no Poder Executivo mas devido ao MP 18.841,16
Valor contabilizado incorretamente no Poder Executivo mas devido ao TCE/BA 452,92
TOTAL (A) – (B) 2.245.431,34
Fontes: Ofício DIGEF/SUPREV n.o 154 e cálculos da auditoria.
Nota: A planilha registrou correção no valor de R$0,60 contabilizado a maior na despesa com inativos e pensionistas do
Tribunal de Contas dos Municípios.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 95


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Cabe ainda ressaltar a constatação da auditoria de que apenas os recursos vinculados ao


FUNPREV foram considerados nos cálculos das despesas com Inativos e Pensionista dos
demais Poderes/Órgãos. Desta forma, os valores das despesas com Inativos e Pensionistas
do BAPREV referentes ao Tribunal de Justiça – TJ, ao Tribunal de Contas do Estado – TCE
e ao Tribunal de Contas dos Municípios – TCM, nos valores de R$76.875,14, R$157.469,60
e R$19.892,08, respectivamente, totalizando R$254.237,12, foram alocados nas contas do
Poder Executivo.

A auditoria também verificou que nas planilhas da SUPREV, que serviram de base para a
segregação do aporte das despesas com Inativos e Pensionistas, foram considerados
valores pagos no elemento 92 (DEA) subelementos 01 – Aposentadoria e 03 – Pensões no
montante de R$99.580,67. Os órgãos que tiveram despesa com pessoal nesta rubrica foram
o Tribunal de Contas do Estado, a Assembleia Legislativa e o Ministério Público, nos valores
de R$57.342,30, R$10.890,65 e R$31.347,72, respectivamente.

Desta forma, à diferença apurada pela auditoria no valor de R$2.090.775,49 ficou


demonstrada, por meio de ajustes realizados pela SUPREV no montante de
R$2.245.431,94, pela inclusão do DEA no valor de R$99.580,67 e pela exclusão do
BAPREV no montante de R$254.237,12.

Em relação a diferença apurada de R$143.332.439,97 pertinente a rubrica “Inativos com


Recursos Vinculados”, por meio da Solicitação n.o MF 02/2016, foram requeridos
esclarecimentos à SEFAZ e à SUPREV. Sobre o assunto, a SUPREV por meio do Ofício
DIGEF/SUPREV n.o 154, de 17/03/2016, prestou os seguintes esclarecimentos:
o
1 ) Os valores informados na Descrição “SUPREV”, referem-se
o
exclusivamente às receitas descritas no item 2 (abaixo) que financiaram
parte das despesas do FUNPREV […].
o
2 ) As receitas mencionadas no item 1 (acima), referem-se exclusivamente
às receitas da Fonte “241 e da Fonte “257” arrecadação, excluindo aí a
Compensação Previdenciária, também Fonte 257. Esses valores foram
enviados separadamente por “Poder” de inativos e pensionistas vinculados
ao FUNPREV, solicitação que nos foi feita pela SEFAZ, quando da
apuração do déficit.
o
3 ) Na DESCRIÇÃO “FIPLAN GERENCIAL” as informações contidas na
comparação, além das receitas financiadoras citadas no item 2, acima,
estão contidas outras fontes de recursos, não levadas em consideração
quando na avaliação do Déficit, solicitado pela SEFAZ, ou seja, incluem as
receitas das Fontes “209”, “213” e a própria Fonte “257” (Compensação
Previdenciária). Além disso, estão adicionados nessa DESCRIÇÃO
“FIPLAN GERENCIAL” as receitas que financiaram o BAPREV, Fonte “258”,
portanto não havendo como comparar.

Os esclarecimentos não foram suficientes para dirimir a questão posta pela auditoria.
Ademais, não foi possível compor a referida diferença cotejando os dados registrados no
sistema FIPLAN com os informados pela SUPREV, conforme antecipado na resposta
apresentada.

Neste sentido, considerando que os valores publicados nas rubricas “Inativos e Pensionistas
com Recursos Vinculados” e “Pessoal Inativo e Pensionistas” dos demonstrativos dos
Poderes/Órgãos tiveram como fonte de dados planilhas gerenciais fornecidas pela
SUPREV, foram requeridos esclarecimentos à SEFAZ, buscando conhecer se há alguma
limitação do referido sistema na obtenção das despesas com inativos e pensionistas
segregados por Poder/Órgão. Por meio do Ofício n.o DICOP 020/2016, de 20/04/2016, foram
prestadas as seguintes justificativas:

96 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

o
1. Por meio do Ofício n. 011/2015 à Solicitação TCEMF01/2015, a DICOP
informou que "havendo segregação por Poder/Órgão das despesas na
referida peça orçamentária", as informações dos montantes por
Poder/Órgão poderiam ser evidenciadas na Contabilidade;

2. O FIPLAN possui o detalhamento dos subelementos de despesa a fim de


que seja utilizado durante a execução do pagamento de Inativos e
Pensionistas nos elementos 01 e 03;

3. As medidas tomadas pela DICOP, como responsável pela orientação da


execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil do Estado,
consistiu em orientar as unidades responsáveis para que estas registrem as
informações de modo a evidenciar a segregação do Aporte de Inativos e
Pensionistas por Poder/Órgão, o que já está sendo feito neste exercício de
2016.

Esclarecido pela SEFAZ, órgão gestor do sistema, que não existe óbice para o registro das
informações necessárias para evidenciar os valores dos pagamentos de Inativos e
Pensionistas segregados por Órgão/Poder nos moldes da legislação vigente. Restando
concluir que a deficiência de controle e a não observância às orientações oferecidas pela
SEFAZ vem gerando a utilização de planilhas para o registro dos valores pela SUPREV
fragilizando as informações gerenciais.

Não obstante a autonomia funcional, administrativa e orçamentária da Defensoria Pública,


outorgada por meio da Lei Complementar Estadual n.o 26, de 28/06/2006, os valores
referentes aos gastos de pessoal são registrados junto com os do Poder Executivo, em
razão de inexistir, ainda, disposição legal definidora do limite de despesa com pessoal para
aquele órgão.

O total dos gastos realizados pelo Estado da Bahia com pessoal de todos os Poderes e
Órgãos correspondeu a 58,71% da RCL, estando dentro do limite global estabelecido pela
LRF, que é 60%, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 15 – RELAÇÃO ENTRE DESPESA COM PESSOAL E RCL – CONSOLIDADO


Em R$
CONSOLIDADO (1)
DISCRIMINAÇÃO APURADO PELA
PUBLICADO DIFERENÇA
AUDITORIA
Despesa Bruta com Pessoal 19.829.410.363,03 20.582.776.422,06 (753.366,059,03)
(-) Indenizações por Demissão e Incentivos à Demissão Voluntária 150.652.813,84 150.652.813,84 –
(-) Decorrentes de Decisão Judicial 282.379.644,31 282.379.644,31 –
(-) Despesas de Exercícios Anteriores 357.589.322,89 357.589.322,89 –
(-) Inativos com Recursos Vinculados 3.378.546.292,53 3.819.074.995,94 (440.528.703,41)
(-) Outras deduções 30.042.332,00 – 30.042.332,00
(=) Despesa Líquida de Pessoal 15.630.199.957,46 15.973.079.645,08 (342.879.687,62)
Receita Corrente Líquida 27.207.610.584,58 27.207.610.584,58 –
Participação da Despesa com Pessoal na Receita Corrente Líquida 57,45% 58,71% 1,26%
Fontes: Relatórios de Gestão Fiscal e FIPLAN Gerencial.
(1)
Contempla também os Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios.

A diferença apurada no valor da Despesa Bruta com Pessoal no montante de


R$753.366,059,03, deve-se à não inclusão pelo Poder Executivo de despesas incorridas
com prestadores de serviços temporários em substituição a servidores no valor de
R$51.320.525,79; pelo Ministério Público de verbas referentes aos Abonos de Permanência
e de Férias no montante de R$29.156.093,51 e por valores de despesas apuradas com
Pessoal Inativo e Pensionista, no total de R$672.889.439,73, nos seguintes Órgão/Poderes
conforme composição na tabela a seguir:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 97


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 16 – COMPOSIÇÃO DA DIFERENÇA PESSOAL INATIVO E PENSIONISTAS


Em R$
ÓRGÃO / PODER VALOR
Tribunal de Justiça (670.682.245,42)
Poder Executivo (2.090.775,49)
Tribunal de Contas do Estado (TCE) (110.580,52)
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) (19.891,48)
Ministério Público da Bahia (MP) 12.506,56
Assembleia Legislativa da Bahia (AL/BA) 1.546,62
TOTAL (672.889.439,73)
Fonte: Cálculos da auditoria.

Em relação ao Tribunal de Justiça cabe salientar que foi o único Poder/Órgão que não
publicou no Demonstrativo das Despesas com Pessoal relativo ao 3o quadrimestre de 2015,
os gastos com Pessoal Inativo e Pensionistas. A justificativa apresentada pelo ente consta
em Nota Explicativa n.o 05, anexa ao referido demonstrativo, onde aduz que a parcela do
aporte do Regime Próprio de Previdência não foi registrada pois a exclusão dos valores do
Demonstrativo de Despesa de Pessoal do Poder Executivo foi informada
intempestivamente.

Convém ressaltar que situação semelhante ocorreu com o Tribunal de Contas dos
Municípios e com a Assembleia Legislativa, porém estes entes republicaram seus
demonstrativos, com a inclusão das despesas com inativos e pensionistas.

Também foi constatada no Demonstrativo do Tribunal de Justiça a diferença de


R$440.528.703,41 na rubrica “Inativos com Recursos Vinculados” vez que não houve a
publicação das despesas com inativos e pensionistas, conforme mencionado anteriormente.

Tabela 17 – COMPOSIÇÃO DA DIFERENÇA INATIVOS COM RECURSOS


VINCULADOS
Em R$
ÓRGÃO / PODER VALOR
Tribunal de Justiça (TJ) (582.224.669,62)
Assembleia Legislativa da Bahia (AL/BA) (9.116.050,81)
Tribunal de Contas do Estado (TCE/BA) (6.755.937,43)
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM/BA) 2.346.152,91
Ministério Público da Bahia (MP) 11.889.361,57
Poder Executivo 143.332.439,97
TOTAL 440.528.703,41
Fonte: Cálculos da auditoria.

No que tange à diferença registrada como “Outras Deduções”, no valor R$30.042.332, a


auditoria identificou que se refere a exclusão de valores pagos a servidores e magistrados a
título de abono pecuniário pelo Tribunal de Justiça.

A decisão proferida na Resolução n.º 031/2016 deste TCE, que entende pela exclusão das
despesas com pessoal relativas ao Abono Permanência, Abono de Férias e Abono
Pecuniário está em desalinho com a Portaria n.º 553, de 22/09/2014, expedida pela STN do
Ministério da Fazenda, que orienta pela inclusão desses gastos. Ressalte-se que, até a
presente data, apenas, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça apresentaram seus
demonstrativos com a exclusão das despesas em comento.

Registre-se que o conceito da citada Portaria consigna no item 04.01.02.02 – Despesa com
Pessoal a listagem dos itens considerados despesa bruta com pessoal, que mesmo não
sendo exaustiva mas de cunho exemplificativo, destaca a rubrica do gasto Férias – Abono
Pecuniário, Abono de Permanência e Férias – Abono Constitucional.

98 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Considerando-se os valores apresentados anteriormente, correspondentes ao cálculo da


despesa com pessoal, verifica-se que os percentuais de gastos com pessoal do Poder
Executivo e do Consolidado de todos os Poderes e Órgãos correspondem a 48,33% e
58,71% da RCL, respectivamente, estando ambos acima do limite prudencial, previstos no
art. 59 da LRF, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 18 – PARTICIPAÇÃO DA DESPESA COM PESSOAL NA RCL


Em %
PARTICIPAÇÃO EM 2015
PODER/ LIMITE LEGAL LIMITE PRUDENCIAL LIMITE P/ ALERTA APURADO
ÓRGÃO (art. 20) (art. 22) (art. 59) PUBLICADO PELA
AUDITORIA
CONSOLIDADO(1) 60,00 57,00 54,00 57,54 58,71
EXECUTIVO 48,60 46,17 43,74 47,61 48,33
Fontes: Relatórios de Gestão Fiscal e FIPLAN Gerencial.
(1)
Contempla também os Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios.

Cabe pontuar que ainda que se exclua do cômputo das despesas com pessoal os valores
registrados pelo Ministério Público e Tribunal de Justiça, relativos aos Abonos de
Permanência, Férias e Pecuniário, e aqueles identificados pela auditoria, pertencentes ao
Poder Executivo, o limite das despesas com pessoal do Poder Executivo e do consolidado
permaneceriam acima do limite prudencial (47,65% e 58,49%, respectivamente).

O Poder Executivo, ultrapassando o limite prudencial previsto no art. 22 da Lei


Complementar n.º 101/2010, está submetido às seguintes vedações previstas nesse mesmo
dispositivo:

I – concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de


remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou
de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso
X do art. 37 da Constituição;

II – criação de cargo, emprego ou função;

III – alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV – provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V – contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6°


do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.

2.3.4 PREVIDÊNCIA OFICIAL DO ESTADO

2.3.4.1 Limite de gastos com inativos e pensionistas

A LRF, art. 59, § 1º, IV, dispõe que os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos
referidos no art. 20, quando constatarem “que os gastos com inativos e pensionistas se
encontram acima do limite definido em lei”.

A Lei Federal n.º 10.887, de 18/06/2004, introduziu importantes modificações na Lei Federal
n.º 9.717, de 27/11/1998, que dispõe sobre regras gerais para a organização e o
funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 99


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A principal modificação atingiu um dos limites de gastos com inativos e pensionistas, que
era definido como 12% da RCL de cada ente estatal, pois a Lei n.º 10.887/2004 alterou o
texto da norma excluindo o valor percentual e desvinculando o cálculo do limite das
despesas previdenciárias da RCL.

Pela nova redação dada ao § 1º do art. 2º da Lei n.º 9.717/1998, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios são responsáveis pela cobertura de eventuais insuficiências
financeiras dos respectivos regimes próprios decorrentes do pagamento de benefícios
previdenciários. Durante o exercício de 2015, o Tesouro Estadual repassou para o Fundo
Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV),
para cobertura do seu déficit financeiro, recursos da ordem de R$1.842.737.716,66.

Com a publicação da Lei Estadual n.º 9.444, de 26/04/2005, com efeitos financeiros
retroagidos a 01/01/2005, a contribuição do Estado da Bahia para o custeio do FUNPREV
passou de 15% para 24%. Em 2012, foi publicada a Lei Estadual n.º 12.597, de 22/11/2012,
alterando dispositivos da Lei Estadual n.º 11.357, de 06/01/2009, que organiza o Regime
Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do Estado da Bahia.

Dentre os dispositivos alterados, convém destacar a nova redação dada ao art. 68 da Lei n.º
11.357/2009, que manteve a alíquota de contribuição mensal do Estado para Regime
Próprio de Previdência Social (RPPS), de 24% para o FUNPREV e estabeleceu a alíquota
de 15% para o Fundo Previdenciário dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
(BAPREV). Releva informar que a modificação introduzida pelo referido artigo passou a
viger a partir de 01/01/2013.

Os limites remanescentes para os gastos previdenciários são pertinentes à proporção entre


as contribuições dos entes e dos respectivos servidores para o custeio do regime próprio,
que não poderão ser inferiores às dos servidores nem superiores ao dobro.

A contribuição patronal do Estado da Bahia para o custeio da previdência em relação à


contribuição dos segurados, no exercício de 2015, esteve dentro do limite estabelecido pela
citada Lei Federal, conforme demonstra a tabela a seguir:

Tabela 19 – CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E DOS SEGURADOS


Em R$
VALOR
DESCRIÇÃO DIFERENÇA
PUBLICADO APURADO
(a) Contribuição do Estado para a Previdência 2.513.687.734,57 2.213.687.734,57 300.000.000,00
(1)
(b) Contribuição dos Segurados 1.521.207.351,85 1.521.207.351,85 –
(a/b) Contribuição do Estado em Relação à dos Segurados 1,65 1,46 0,19
Fonte: Relatórios extraídos do FIPLAN Gerencial.
(1)
Inclui a Receita de Compensação Previdenciária do RGPS ao RPPS no valor de R$199.166.212,81.

Releva destacar que o montante apurado pela auditoria em relação à contribuição do Estado
difere em R$300.000.000,00 daquele apresentado na Tabela 7.05, à fl. 111, do Balanço
Geral do Estado de 2015, no valor de R$2.513.688 mil. Trata-se de recurso proveniente da
Cessão de Direito de Operacionalização da Folha de Pagamento decorrente do Contrato n.º
01/2014 de prestação de serviços financeiros e outras avenças, entre o Banco do Brasil S.A.
(BB) e o Estado da Bahia, registrado como Receita Intraorçamentária – Outras Receitas
Correntes no FUNPREV em julho de 2015.

Por meio da Solicitação n.º MF04/2016, requeremos esclarecimentos à SEFAZ acerca da


inclusão dos R$300.000.000,00 no cálculo do referido índice, considerando não se tratar de
receita de contribuição. Mediante Ofício Conjunto SAF n.º 14/2016, de 04/05/2016,
complementado pelo de n.º 15/2016, a SEFAZ ratifica que o referido valor “[...]
contabilmente foi registrado no agrupamento Outras Receitas Correntes, portanto, embora
esteja incluído nas Receitas Intraorçamentárias de Contribuições Sociais para o FUNPREV,

100 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

não refere-se a uma Contribuição Patronal”. Conclui informando que os dados da aludida
Tabela 7.05 deverão ser revistos nas próximas publicações, para atender com precisão o
objetivo informativo a que se propõe. No item 2.4.2.2 Receita contabilizada no FUNPREV
deste relatório são abordados os aspectos contábeis acerca dos registros dessa receita na
contabilidade do Estado da Bahia.

2.3.4.1.1 Criação ou majoração de benefícios previdenciários

Em seu art. 17, § 1º, a LRF condiciona a criação e/ou a majoração de benefícios
previdenciários à elaboração de estimativa de impacto orçamentário-financeiro, com a
indicação da origem dos recursos para o custeio do acréscimo das despesas.

No exercício de 2015, os seguintes atos normativos concederam majorações na


remuneração dos servidores em atividade e, consequentemente, nos benefícios da
previdência social:

Quadro 13 – ATOS CONCESSIVOS DE MAJORAÇÕES NA REMUNERAÇÃO

LEI DATA FINALIDADE


Reajusta os vencimentos, subsídios, soldos e gratificações dos cargos efetivos, cargos em
13.342 07/05/2015 comissão e funções gratificadas, proventos e pensões da Administração direta, autárquica e
fundacional do Poder Executivo.
Altera a estrutura remuneratória dos cargos efetivos, cargos em comissão, funções
13.343 07/05/2015 comissionadas e gratificadas, da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder
Executivo Estadual.
Dispõe sobre o reajuste dos vencimentos dos servidores ocupantes dos cargos de
13.347 15/05/2015
provimento efetivo e temporário e dos proventos de aposentadoria da Assembleia Legislativa.
Reajusta os vencimentos, gratificações e proventos dos servidores, as funções de confiança
13.349 22/05/2015
e os cargos em comissão do Ministério Público do Estado da Bahia.
Cria cargos comissionados de Assessor de Desembargador e Assistente de Gabinete, no
13.370 27/07/2015
Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do Estado da Bahia.
Reajusta os vencimentos e vantagens dos cargos efetivos e dos cargos em comissão, no
13.372 17/09/2015
âmbito do Poder Judiciário do Estado da Bahia.
Fontes: DOE e sítio www.legislabahia.gov.br.

As despesas criadas com o reajuste das remunerações e dos benefícios, por força das Leis
n.os 13.342, 13.343, 13.347, 13.349 e 13.372, enquadram-se na regra do § 6º do art. 17 da
LRF, que isenta o ente de cumprir as exigências legais no caso de reajustamento de
remuneração de pessoal prevista no inciso X do art. 37 da Constituição Federal, in verbis:

A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do


art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. (Grifou-se)

Entende-se, dessa forma, perfeitamente aplicável às Leis Estaduais o disposto no inciso X


do art. 37 da Constituição Federal, em razão de conter previsão de reajuste a todos os
servidores de um determinado Poder.

O entendimento assente na doutrina é de que a ideia de revisão, contida no dispositivo


constitucional acima comentado, representa o ato pelo qual o Poder Público atualiza as
remunerações dos servidores públicos, de modo a recuperar as perdas decorrentes da
corrosão salarial impostas pelo processo inflacionário. É de Di Pietro (2004, p. 456) a lição
que se amolda perfeitamente ao que se expõe:

[…] A revisão anual, presume-se que tenha por objetivo atualizar as


remunerações de modo a acompanhar a evolução do poder aquisitivo da
moeda; se assim não fosse, não haveria razão para tornar obrigatória a sua
concessão anual, no mesmo índice e na mesma data para todos. Essa

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 101


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

revisão anual constitui direito dos servidores, o que não impede revisões
outras, feitas com o objetivo de reestruturar ou conceder melhorias a
carreiras determinadas, por outras razões que não a de atualização do
poder aquisitivo dos vencimentos e subsídios. (Grifou-se)

Por outro lado, a despesa criada pela Lei Estadual n.º 13.370 que trata da criação de cargos
ou vantagens, ou do aumento de seus valores, não se enquadra na regra do § 6º do art. 17
da LRF, por não se tratar do reajustamento disciplinado pelo inciso X do art. 37 da CF/88,
mas de aumento nos vencimentos/vantagens, com a criação de gratificação ou de cargo
para uma determinada categoria de servidor público.

Convém ressaltar que no acompanhamento da LRF do 1º quadrimestre de 2015, por meio


da Solicitação n.º 03/2015, datada de 12/08/2015, foi encaminhada ao Superintendente de
Administração e Finanças da Assembleia Legislativa da Bahia (AL/BA), solicitação de
esclarecimentos requerendo a disponibilização das peças relativas ao acompanhamento das
normas citadas da LRF e do art. 76 da Lei Estadual n.º 13.190, de 11/07/2014 – Lei de
Diretrizes Orçamentárias – LDO/2015, no tocante ao cotejamento dos elementos
norteadores que acompanharam a proposta da supracitada Lei Estadual n.º 13.370/2015.

A presidência deste TCE, por meio do Ofício GAPRE n.º 1041, de 13/10/2015, atendendo ao
quanto requerido pelo Exmo. Conselheiro Vice-presidente Gildásio Penedo Filho, na 59a
Sessão Ordinária, realizada em 29/09/2015 reiterou a supracitada solicitação.

Em 29/10/2015, o presidente da ALBA, por meio do Ofício n.º 057/2015/GAB-Presidência,


de 28/10/2015, prestou os seguintes esclarecimentos:

Primeiramente, cumpre salientar que o projeto referente a Lei Estadual n°


13.370/2015, que criou cargos comissionados de Assessor de
Desembargador e Assistente de Gabinete no quadro de pessoal do Poder
Judiciário do Estado da Bahia adentrou nesta Casa por meio de um Ofício
encaminhado pelo Exmo Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia,
Desembargador Eserval Rocha. Segundo o mencionado Desembargador, a
proposta visava atender a uma necessidade decorrente da ampliação do
número de Desembargadores do Tribunal, que havia sido elevada para 61
(sessenta e um) membros, conforme disposto no art. 2º da Lei 13.217, de
30 de dezembro de 2014, que deu nova redação ao art. 38 da Lei n
10.845/2007– Lei de Organização Judiciária do Estado da Bahia.

Em observância aos questionamentos realizados pelo Tribunal de Contas,


informamos que o projeto referente a Lei citada foi encaminhado a esta
Casa com os instrumentos necessários para o seu trâmite legislativo,
conforme pode ser observado nos documentos anexados a esta
informação. Inclusive, no Ofício n.º 424/2015, encaminhado pelo Tribunal de
Justiça, fica claro que a proposta foi elaborada com observância dos limites
estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme demonstra o
estudo de impacto orçamentário elaborado por aquela Corte, visto que as
despesas decorrentes dessa Lei correm por conta dos recursos
orçamentários próprios do Poder Judiciário.

Além disso, o projeto tramitou nesta casa legislativa cumprindo todas as


etapas legais e regimentais, conforme pode ser constatado pelo teor do
Parecer das Comissões de Constituição e Justiça, Educação, Cultura,
Ciência e Tecnologia e Serviço Público, Defesa do Consumidor e Relações
de Trabalho e Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle, que o
considerou constitucional e legal sendo favorável a sua aprovação. Após a
discussão nas Comissões, o projeto foi devidamente colocado em votação e
aprovado pelos nobres parlamentares dessa Casa.

102 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Cabe salientar que o ato normativo em análise deve ser acompanhado da estimativa do
impacto orçamentário-financeiro para o exercício de 2015 e para os dois subsequentes, bem
como da comprovação de que a despesa criada ou majorada não afetará as metas de
resultados fiscais previstas, inclusive com as premissas e metodologia de cálculos
utilizados, nos termos exigidos pela LRF.

Ressalte-se que o art. 17, § 5º da LRF dispõe que a despesa não será executada antes da
implementação das medidas referidas anteriormente, as quais integrarão o instrumento que
a criar ou aumentar, tendo como consequência pelo seu descumprimento a nulidade do ato
que deu causa ao aumento de despesa com pessoal, nos termos do art. 15 e caput do art.
21 da referida Lei.

Assim, deve a Assembleia Legislativa, ao cumprir uma das suas atribuições de controle, por
meio da Comissão de Constituição e Justiça, da Comissão de Finanças, Orçamento,
Fiscalização e Controle e da Divisão de Controle do Processo Legislativo, exercer o regular
acompanhamento das normas citadas da LRF no tocante ao cotejamento dos elementos
norteadores que devem acompanhar as propostas de lei que criarem ou aumentarem as
despesas obrigatórias de caráter continuado que tramitam naquela Casa, competindo ao
TCE, consoante o caput do art. 59 da LRF, auxiliar o Poder Legislativo na fiscalização do
cumprimento da referida Lei Complementar.

Ademais, com vistas a dar transparência aos atos normativos que tratam das majorações na
remuneração dos servidores em atividade e nos benefícios da previdência social, é
necessário não apenas o controle acerca da elaboração, mas também a ampla divulgação
das estimativas de impacto orçamentário-financeiro acompanhadas dos seus respectivos
estudos.

O Estado da Bahia, em cumprimento ao art. 4º, § 2º da LRF, fez integrar à Lei Estadual n.º
13.369, de 14/07/2015, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício de
2016, o Anexo de Metas Fiscais consignando no Demonstrativo da Margem de Expansão
das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado valores relativos ao impacto financeiro de
novas despesas de pessoal de R$262,7 milhões e do aumento do salário mínimo na ordem
de R$666,9 milhões, prevendo um saldo líquido no período de R$3,6 milhões.

2.3.4.2 Compensação previdenciária

A Constituição de 1988 trouxe, no texto original do § 2° do art. 202, para efeito de


aposentadoria, o direito à contagem recíproca de tempo de contribuição na administração
pública e na atividade privada, rural e urbana, e fez desse instituto o motivo/fundamento da
compensação financeira entre os diversos regimes de previdência social, como forma de
sanar o desequilíbrio provocado nos regimes previdenciários pela sua utilização.

A Emenda Constitucional n.° 20, de 15/12/1998, modificou materialmente o texto originário


do § 2° do art. 202, que dispunha sobre a contagem recíproca e a consequente
compensação financeira entre os regimes, e inseriu essa matéria no § 9° do art. 201 da
Constituição. Essa Emenda promoveu a reforma previdenciária e, dentre as diversas
alterações que fez, estabeleceu como um dos requisitos para a implementação do direito às
aposentadorias voluntárias, dentre outros, o tempo mínimo de contribuição, em lugar do
tempo mínimo de serviço.

A disciplina do § 9° do art. 201 da Constituição, incluída pela citada Emenda, foi feita pelos
seguintes normativos: Lei Federal n.° 9.796, de 05/05/1999; Decreto Federal n.° 3.112, de
06/07/1999; Portaria do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) n.° 6.209, de
16/12/1999; e Portaria Interministerial MPS-MF n.° 410, de 29/07/2009, que estabelecem os

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 103


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

critérios e os procedimentos para a operacionalização da compensação financeira entre o


Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e o Regime Próprio de Previdência dos
Servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A Lei n.° 9.796/1999 instituiu a compensação financeira entre regimes de previdência


fundamentada na contagem recíproca de tempo de contribuição. A contagem recíproca de
tempo de contribuição corresponde ao cômputo, por um regime de previdência, do tempo de
contribuição para outro regime de previdência social, e tem por finalidade a manutenção do
equilíbrio financeiro e atuarial dos regimes de previdência envolvidos nesta operação.

A partir de então, permitiu-se que os regimes instituidores requeressem a compensação


financeira aos regimes de origem em relação aos benefícios concedidos após a
promulgação da Constituição Federal.

Inicialmente, determinou-se um prazo de 18 meses para apresentação dos dados relativos a


esses benefícios em requerimento. Depois, esse prazo fora dilatado por sucessivos
períodos, tendo sido maio de 2013 o último prazo estabelecido.

Para a operacionalização da compensação financeira entre o RGPS e os RPPS, foi


desenvolvido o Sistema de Compensação Previdenciária (COMPREV), mantido e
administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e processado e
comercializado pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(DATAPREV). Para tanto, é necessário que o ente federativo firme Acordo de Cooperação
Técnica com o Ministério da Previdência Social, tendo como interveniente o INSS, para fins
de utilização do COMPREV, de forma restrita e vinculada ao Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ) do respectivo ente federativo, e de acesso às informações do Sistema para
Cadastramento e Atualização de Dados de Óbito pelos Cartórios de Registro (SISOB).

Considerando que o Tribunal de Contas do Estado tem como competência constitucional


apreciar, para fins de registro, a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões (art. 71, III, da CF/88) e tendo em vista que a compensação financeira entre os
regimes ocorre nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria, o Ministério da Previdência e Assistência Social exigiu, como requisito
básico, para efeito de compensação financeira, a homologação do ato concessório da
aposentadoria expedido pelo Tribunal de Contas.

Em 27/12/1999 o Estado da Bahia firmou com o então Ministério da Previdência e


Assistência Social – MPAS (atual Ministério da Previdência Social – MPS) convênio de
cooperação técnica e administrativa para a operacionalização da compensação financeira
de que tratam a Lei n.° 9.796/1999, o Decreto n.° 3.112/1999 e a Portaria MPAS n.°
6.209/1999.

Atualmente, a tarefa de realização da compensação financeira entre o Regime Geral da


Previdência Social e o Regime de Previdência dos Servidores do Estado da Bahia está a
cargo da SAEB, cabendo à SEFAZ apenas a manutenção da conta corrente capitalizada do
Fundo de Custeio da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia –
FUNPREV (Fonte 257), onde ingressa o montante recebido do INSS e onde ocorre a sua
destinação.

Como citado no item 2.4.4.3 Despesas relacionadas com seguridade social dos servidores
deste relatório, o RPPS da Bahia apresenta situação deficitária, mas já iniciou o processo de
compensação previdenciária com o RGPS, em busca de outros créditos para custeio dos
benefícios previdenciários e do equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS.

104 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

O histórico de arrecadação de compensação previdenciária do Estado da Bahia, no período


de 2000 a 2015, de acordo com o regime contábil de caixa e com base nas informações
prestadas pela SAEB, órgão gestor do regime, é a seguir apresentado:

Gráfico 2 – ARRECADAÇÃO DE COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA 2000 A 2015 (Em


R$ milhões)

250
212,43
199,92
200 192,21
180,65 185,03

150 128,54

104,81

100

50 30,54
21,11 24,2 21,55 20,93 25,25
2,49 6,99 6,62

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: Ofício n.º 007/20016 – Coordenação de Controle Interno – SAEB.

Visando o enfrentamento à Lei de Proporcionalidade, fez-se necessário, no ano de 2014,


iniciar as atividades do sistema de Compensação Inversa do INSS pelo Governo da Bahia,
tendo sido pagos dois processos dos quatro analisados e até julho de 2015, foram
concedidos mais sete.

Em 01/07/2015 foi publicada a Portaria MPS n.° 288, que alterou o art. 19-B, da Portaria
MPAS n° 6.209, 16/12/1999, e estabeleceu que o repasse do fluxo mensal de compensação
financeira entre regimes poderá ser suspenso caso o credor deixe de decidir ou decida
processos em quantidade proporcionalmente inferior aos decididos pelo devedor. Por tal
razão, a partir de tal marco os RPPS estão obrigados a analisarem os requerimentos do
RGPS/INSS sob pena de terem suspensos os repasses feitos a título de compensação
previdenciária.

O RPPS da Bahia operacionalizou pedidos de compensação previdenciária que resultaram


em saldo bruto acumulado favorável de R$1,363 bilhão, referentes a 34.711 requerimentos
deferidos, concedidos e creditados ao FUNPREV. Ademais, 23.178 requerimentos foram
indeferidos e outros 2.123 tiveram seus pagamentos cessados.

No que pertine ao INSS, a Autarquia possui 120 pagamentos ativos, 8 cessados e 1.524
foram indeferidos pela Coordenação de Compensação da SAEB.

Ressalta, ainda, que existe uma massa de aproximadamente 2.008 (dois mil e oito)
processos acumulados do INSS pendentes de análise deste Ente Federativo e outros 544
aguardando avaliação de médico perito quanto ao laudo de aposentadoria por invalidez.

Quanto ao montante apurado devido ao RPPS do Estado da Bahia, relativo ao período


compreendido entre a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a vigência da Lei n.°
9.796/1999, chamado de “estoque da compensação previdenciária”, o valor informado pela
SAEB é da ordem de R$105 milhões em dezembro de 2015. Acerca desse aspecto, o citado
ofício informa que:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 105


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Vale esclarecer que o montante apurado do Período de Estoque, nos termos


do Art. 14-A do Decreto n.º 3.112/99, incluído pelo Art. 1° da Portaria MPAS
n.º 6.900/2009, e Portaria Interministerial MPS-MF n.º 410, de 2009, se
condicionam à disponibilidade orçamentária do Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS, conforme as seguintes regras:

• Pagamento em parcela única, se o crédito não superar R$500.000,00


(quinhentos mil reais);
• Pagamento em tantas parcelas mensais quantas forem necessárias até
o limite de R$500.000,00 (quinhentos mil reais), se o crédito superar
esse montante.
• Potencial de recursos a serem recebidos pelo RPPS/BA (distinguir
pedidos em análise dos indeferidos);

Já o crédito do INSS como regime instituidor, em relação ao “Período de Estoque”, era da


ordem de R$153.664,33 em dezembro/2015.

Em relação ao potencial de recursos a serem recebidos pelo RPPS/BA, assim informou a


COMPREV/SAEB:

Utilizando-se a média obtida no ano de 2015 (R$12.372,95 por processo),


temos que se todos os processos acima fossem deferidos, poderíamos
obter cerca de 31,5 milhões de fluxo atrasado.

No entanto, tendo em vista que a quantia de processos acima aumenta mês


a mês e, considerando também o elevado número de indeferimentos,
projetamos a arrecadação anual de fluxo atrasado em 24 milhões.

É importante mencionar que o valor atualmente arrecadado do denominado


fluxo mensal gira em torno de 15,6 milhões de reais, referente aos cerca de
34,6 mil processos ativos, concedidos desde o início dos trabalhos da
compensação previdenciária e que ainda não tiveram pagamento cessado,
isso deve representar ao final do ano em curso a quantia aproximada de
188 milhões.

Sendo assim, para o ano de 2016 projeta-se o valor de 210 milhões a ser
arrecadado pela compensação previdenciária, considerando que a previsão
de arrecadação pelo INSS da compensação inversa ficará em torno de 3
milhões.

De acordo com as informações prestadas pelo Gabinete do Secretário da Administração, os


óbices concretos e frequentes que inviabilizam a regular formalização e instrução dos
processos para autuações dos requerimentos junto ao INSS consistem na falta de
documentação comprobatória do direito previdenciário, exigida pelo Ministério da
Previdência Social (MPS), aliada às divergências cadastrais, assim como na falta de
registros dos períodos de vinculações dos servidores repassadas ao RGPS no Sistema de
Recursos Humanos do Estado.

A seguir está apresentada a participação por Poder/Órgão na Receita de Compensação


Previdenciária no período de 2000 a abril de 2015:

106 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Tabela 20 – PARTICIPAÇÃO POR PODER/ÓRGÃO NA RECEITA DA COMPENSAÇÃO


PREVIDENCIÁRIA
n.° DE SERVIDORES
PODER/ÓRGÃO
COMPENSADOS
Executivo (Incluída a Defensoria Pública) 34.752
Judiciário 286
Legislativo (Incluídos os Tribunais de Contas) 483
Ministério Público 16
TOTAL 35.537
Fonte: Ofício n.º 007/20016 – Coordenação de Controle Interno – SAEB.

É imprescindível para a manutenção do patamar de arrecadação da receita de


compensação previdenciária do Estado da Bahia a cooperação dos Poderes/Órgão com
vistas a elevar o número de servidores compensados.

Ademais, em dezembro de 2015, existiam cerca de 3.000 processos de aposentadoria


pendentes de julgamento no TCE por estarem em diligência para saneamento nos órgãos e
entidades da Administração Estadual, dos quais, aproximadamente 2.000 devem conter
informações relacionadas a créditos previdenciários. A maior celeridade no atendimento a
essas diligências possibilitará uma recuperação mais ágil dos respectivos créditos,
prevenindo eventuais prescrições.

Nesse sentido, o Presidente deste TCE constituiu, por meio do Ato n.º 040/2016 13, de
09/03/2016, comissão sindicante com vistas a apresentar proposta com ações capazes de
reduzir o estoque de processos em diligência externa.

2.3.5 DÍVIDA PÚBLICA

A LRF enfatiza o dever de se controlar o nível de endividamento dos entes públicos,


dispondo no art. 32, § 1º, III sobre a observância aos limites e condições fixadas pelo
Senado Federal.

As Resoluções n.os 40 e 43, ambas de 20/12/2001 do Senado Federal, e suas alterações


regulamentaram os limites globais para o montante da dívida pública consolidada e da
dívida pública mobiliária.

Ademais, em junho de 2002, a STN publicou o Manual para Instrução de Pleitos (MIP), com
o objetivo principal de informar aos Estados, Distrito Federal e Municípios sobre os
procedimentos gerais para contratação, vedações, punições, limites, condições gerais e
forma de apresentação dos documentos necessários ao exame dos pleitos pela STN.

Com fundamento nessas normas, é apresentada, a seguir, a situação em que se encontrava


o Estado da Bahia em dezembro de 2015, quanto aos limites relacionados com a sua
capacidade de endividamento e de pagamento.

• Limite para liberações de operações de crédito

A Constituição Federal, no art. 167, III, estabelece a vedação de realização de operações de


crédito que excedam o montante das despesas de capital. O cumprimento desse limite,
conforme o art. 6º da Resolução n.º 43, de 21/12/2001, do Senado Federal, será verificado
separadamente em relação ao exercício anterior, confrontando-se as receitas de operações
de crédito nele realizadas e as despesas de capital nele executadas, e para o exercício
corrente, as receitas de operações de crédito e as despesas de capital constantes da lei
orçamentária.

13
O Ato n.º 040/2016 foi alterado pelos Atos nos 068/2016 e 069/2016 e, reti-ratificado por meio do eDOTCE de 16/03/2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 107


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Consoante essa legislação, o Estado da Bahia encontrava-se dentro desse limite, conforme
demonstrado a seguir:

Tabela 21 – LIMITE PARA LIBERAÇÕES (2015)


Em R$
COMPROMETIMENTO
LIMITE: DESPESAS DE CAPITAL LIBERAÇÕES MARGEM
DAS LIBERAÇÕES
EMPENHADAS 2015 (A) REALIZADAS 2015 (B) (C=A-B)
(B) / (A)
3.528.083.665,74 1.015.196.102,66 2.512.887.563,08 28,77%
Fonte: Demonstrativo da Receita e da Despesa 2015 (FIPLAN Gerencial).

Tabela 22 – LIMITE PARA LIBERAÇÕES (2016)


Em R$
LIMITE: DESPESAS DE CAPITAL LIBERAÇÕES COMPROMETIMENTO
MARGEM
FIXADAS NA LEI ORÇAMENTÁRIA PREVISTAS PARA 2016 DAS LIBERAÇÕES
(C=A-B)
ANUAL (A) (B) (B) / (A)
5.529.358.215,00 2.443.612.000,00 3.085.746.215,00 44,19%
Fonte: Lei Orçamentária do Estado de 2015 – Lei n.º 13.470, de 30/12/2015.

• Limite para o montante global das operações de crédito realizadas

O art. 7º, inciso I, da Resolução do Senado Federal n.º 43/2001 preceitua:

Art. 7º As operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito


Federal, dos Municípios observarão, ainda, os seguintes limites:
I - o montante global das operações realizadas em um exercício financeiro
não poderá ser superior a 16% (dezesseis por cento) da receita corrente
líquida, definida no art. 4º;

É apresentada, a seguir, a situação do Estado da Bahia em relação a esse limite:

Tabela 23 – LIMITE PARA O MONTANTE GLOBAL DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO


Em R$
LIMITE OPERAÇÕES DE CRÉDITO MARGEM
(A) REALIZADAS EM 2015 (B) (C=A-B)
4.353.217.693,53 1.015.196.102,66 3.338.021.590,87
16% da RCL 3,73% da RCL 12,27% da RCL
Fontes: RCL apurada (2.4.3.4 Receita Corrente Líquida – RCL) e Relatório Receita de Operações de Crédito 2015 (FIPLAN
Gerencial).

Os parágrafos 1º e 6º do art. 7º da Resolução n.º 43/2001 dispõem que, para o caso de


operações de crédito com liberação prevista para mais de um exercício, esse limite será
calculado levando-se em consideração o cronograma anual de ingresso, projetando-se a
RCL mediante aplicação de fator de atualização que, para o exercício de 2015, é de
aproximadamente 3,33% ao ano, conforme divulgado na última edição do MIP da STN,
publicada em abril de 2015.

A seguir, estão relacionados os valores projetados da RCL até 2020:

Tabela 24 – PROJEÇÃO DA RCL


Em R$
ANO RCL PROJETADA
2016 28.114.543.473,76
2017 29.051.707.877,13
2018 30.020.111.525,76
2019 31.020.795.742,22
2020 32.054.836.560,31
Fonte: Cálculos da auditoria do TCE/BA.
Nota: A RCL projetada para os anos 2016-2020 foi calculada utilizando-se o fator de atualização de 3,33337941%,
cumulativamente, sobre o valor da RCL apurado em 2015.

108 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Considerando-se o cronograma de ingresso de operações de crédito contratadas, em


tramitação e em estudo encaminhado pela SEFAZ para os exercícios de 2016 a 2020,
apuraram-se percentuais inferiores ao limite de 16% da RCL, sendo que o maior percentual
ocorrerá no exercício de 2016 (13,09% da RCL).

• Limite para os dispêndios

O art. 7º, II, da Resolução do Senado Federal n.º 43/2001 dispõe:

Art. 7º
[…]
II – o comprometimento anual com amortizações, juros e demais encargos
da dívida consolidada, inclusive relativos a valores a desembolsar de
operações de crédito já contratadas e a contratar, não poderá exceder a
11,5% (onze inteiros e cinco décimos por cento) da receita corrente líquida;
[…]

Conforme o § 4º do art. 7º da Resolução do Senado Federal n.º 43/2001, o cálculo do


comprometimento anual será feito pela média anual da relação entre o comprometimento
previsto e a RCL projetada ano a ano, considerando-se, alternativamente, o que for mais
benéfico: todos os exercícios financeiros em que houver pagamentos previstos da operação
pretendida ou os exercícios financeiros em que houver pagamentos até 31 de dezembro de
2027.

O Estado da Bahia utilizou como critério todos os exercícios financeiros em que há previsão
de pagamentos (2015 a 2049). A auditoria apurou o valor de R$961.066.257,51 para a
média anual do comprometimento previsto, enquanto a média da RCL projetada ano a ano
alcançou o montante de R$50.157.924.475,42.

Em dezembro de 2015, o Estado da Bahia encontrava-se dentro desse limite, conforme


demonstrado na tabela seguinte:

Tabela 25 – LIMITE PARA OS DISPÊNDIOS


Em R$
LIMITE (A) MÉDIA DE COMPROMETIMENTO (B) MARGEM (C=A-B)
5.768.161.314,67 961.066.257,51 4.807.095.057,16
11,5% da RCL Média Projetada 1,92% da RCL Média Projetada 9,58% da RCL Média Projetada
Fontes: Relatórios do FIPLAN e Relatórios Gerenciais da SEFAZ.

• Limite para a Dívida Consolidada Líquida (DCL)

A composição do saldo da dívida consolidada líquida do Estado em 31/12/2015 é


apresentada a seguir:

Tabela 26 – COMPOSIÇÃO DO SALDO DA DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA (DCL)


Em R$
ESPECIFICAÇÃO VALOR
I – Dívida Consolidada (DC) 21.381.306.825,23
Dívida Contratual 18.891.511.151,06
Interna 9.170.965.285,83
Externa 9.720.545.865,23
Precatórios emitidos a partir de 05/05/2000 (inclusive) vencidos e não pagos 2.455.912.929,10
Outras Dívidas 33.882.745,07
II – Deduções 5.244.766.972,06
Disponibilidade de Caixa Bruta 5.061.143.349,39
Demais Haveres Financeiros 752.363.858,50
(–) Restos a Pagar Processados (568.740.235,83)
Dívida Consolidada Líquida (I-II) 16.136.539.853,17
Fontes: Demonstrativo da Dívida Consolidada do 3º quadrimestre de 2015, Balancetes do FIPLAN e cálculos da auditoria.
Nota: De acordo com o Manual de Demonstrativos Fiscais, 6ª edição, aprovado pela Portaria n.º 553/2014, os valores do
Regime Previdenciário deverão ser excluídos, por isso são evidenciados separadamente.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 109


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Para realizar a análise, a auditoria considerou o Demonstrativo da DCL do 3º quadrimestre


de 2015, emitido em 17/02/2016 e republicado no DOE de 02/04/2016, em função de ter
sido alterado após a edição das DCCEs – Exercício de 2015, encaminhadas a esta Corte de
Contas como parte integrante das Contas do Governador. Esse fato será comentado
adiante, no item 2.4.1 Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia –
Exame das Contas do Poder Executivo.

O art. 7º, III, da Resolução do Senado Federal n.º 43/2001 preceitua:

Art. 7º As operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito


Federal, dos Municípios observarão, ainda, os seguintes limites:
[…]
III – o montante da dívida consolidada não poderá exceder o teto
estabelecido pelo Senado Federal, conforme o disposto pela Resolução que
fixa o limite global para o montante da dívida consolidada dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

O art. 3º, I, parágrafo único, da Resolução do Senado Federal n.º 40, de 20/12/2001 dispõe:

Art. 3º A dívida consolidada líquida dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, ao final do décimo quinto exercício financeiro contado a partir do
encerramento do ano de publicação desta Resolução, não poderá exceder,
respectivamente, a: (Vide Resolução n.º 20, de 2003)
I – no caso dos Estados e do Distrito Federal: 2 (duas) vezes a receita
corrente líquida, definida na forma do art. 2; e

A Dívida Consolidada Líquida do Estado, em 31/12/2015, estava inferior ao limite de até


duas vezes a RCL, estabelecido pelas Resoluções n.os 40 e 43/2001 do Senado Federal.

Tabela 27 – LIMITE PARA A DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA


Em R$
ESPECIFICAÇÃO VALOR
Dívida Consolidada – DC 21.381.306.825,23
(-) Deduções 5.244.766.972,06
Saldo da Dívida Consolidada Líquida – DCL 16.136.539.853,17
Receita Corrente Líquida – RCL 27.207.610.584,58
Relação DCL/RCL 0,59
Limite Legal – Relação DCL/RCL 2,00
Limite para Alerta – Relação DCL/RCL 1,80
Fonte: Cálculos da auditoria.

O total da dívida consolidada aumentou 26,43% em relação a 31/12/2014. Já as deduções à


dívida consolidada têm se mantido em um patamar bastante elevado, em face do contexto
histórico apresentado na tabela a seguir:

110 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Tabela 28 – SALDO DA DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA NO PERÍODO 2001 – 2015


Em R$ mil
DÍVIDA CONSOLIDADA
ANO DÍVIDA CONSOLIDADA (A) DEDUÇÕES (B) % (B)/(A) LÍQUIDA
(C = A – B)
2015 21.381.307 5.244.767 24,53 16.136.540
2014 16.911.138 5.540.023 32,76 11.371.115
2013 15.033.683 4.156.515 27,65 10.877.168
2012 13.474.098 2.856.748 21,20 10.617.350
2011 10.414.665 1.496.777 14,37 8.917.888
2010 10.425.946 1.368.929 13,13 9.057.017
2009 10.423.105 1.189.369 11,41 9.233.736
2008 11.548.077 1.008.695 8,73 10.539.382
2007 11.451.245 1.074.288 9,38 10.376.957
2006 12.205.645 580.948 4,76 11.624.697
2005 12.549.360 409.166 3,26 12.140.194
2004 13.301.328 302.945 2,28 12.998.383
2003 12.746.391 173.075 1,36 12.573.316
2002 12.978.930 469.635 3,62 12.509.295
2001 10.794.926 532.962 4,94 10.261.964
Fonte: Relatórios das Contas Governamentais dos exercícios de 2001 a 2014.

De acordo com o MDF, as deduções da dívida consolidada são compostas pelo somatório
da disponibilidade de caixa bruta e dos demais haveres financeiros, descontados os restos a
pagar processados (exceto precatórios). A Disponibilidade de Caixa Bruta, por sua vez,
representa o montante formado por caixa, bancos, aplicações financeiras e outras
disponibilidades financeiras, ao passo que os demais haveres financeiros totalizam os
valores a receber líquidos e certos.

Conforme demonstrado anteriormente, verificou-se, em 31/12/2015, que as deduções foram


reduzidas, porém permaneceram em um patamar elevado. A Dívida Consolidada Líquida
(DCL) apresentou deduções no montante de R$5.244.766.972,06, sendo
R$5.061.143.349,39 referentes à disponibilidade de caixa bruta. O total das deduções
representou 24,53% do valor da dívida consolidada. Os comentários sobre a disponibilidade
de caixa bruta encontram-se no item 2.4.5.1 Caixa e Equivalentes de Caixa.

• Limite para concessão de garantias de valores

As garantias concedidas pelo Estado da Bahia em operações de crédito, apresentadas no


Demonstrativo das Garantias e Contragarantias de Valores do RGF do 3º quadrimestre de
2015, tiveram a seguinte composição em 31/12/2015:

Tabela 29 – COMPOSIÇÃO DAS GARANTIAS DE VALORES


Em R$
BENEFICIÁRIO AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA VALOR
os
DESENBAHIA (Lavoura Resoluções n. 68/1998, 71/1999, 20/2001, 23/2001, 25/2002
Cacaueira) e 02/2003 do Senado Federal 91.600.000,00
TOTAL 91.600.000,00
Fontes: Demonstrativo das Garantias e Contragarantias de Valores (RGF) do 3º quadrimestre de 2015 e Relatório do FIPLAN.

É demonstrada, a seguir, a situação do Estado da Bahia quanto ao limite para concessão de


garantias, em dezembro de 2015:

Tabela 30 – LIMITE PARA CONCESSÃO DE GARANTIAS DE VALORES


Em R$
GARANTIAS CONCEDIDAS
LIMITE MARGEM
SALDO EM 2015
(A) (C=A-B)
(B)
5.985.674.328,61 91.600.000,00 5.894.074.328,61
22,00% da RCL 0,34% da RCL 21,66% da RCL
Fontes: Relatórios do FIPLAN e cálculos da auditoria.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 111


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.3.6 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPPs)

A Lei n.º 11.079/2004 instituiu normas para a licitação e a contratação de Parceria Público-
Privada (PPP) no âmbito da Administração Pública. A mencionada Norma, em seu art. 2º,
define PPP como “o contrato administrativo de concessão na modalidade patrocinada ou
administrativa”. No mesmo dispositivo, estabeleceu-se o conceito de concessões
patrocinadas, que são concessões de serviços públicos ou de obras públicas disciplinadas
pela Lei Federal n.º 8.987, de 13/02/1995, quando envolverem, adicionalmente à tarifa
cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado,
diferenciando-as das concessões administrativas, que são aquelas em que a Administração
Pública é a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento
e instalação de bens.

Assim, as PPPs são contratações que estabelecem vínculo obrigacional entre a


Administração Pública e a iniciativa privada visando à implementação ou gestão, total ou
parcial, de obras, serviços ou atividades de interesse público, em que o parceiro privado
assume a responsabilidade pelo financiamento, investimento e exploração do serviço,
observando-se, além dos princípios administrativos gerais, os princípios específicos desse
tipo de negócio jurídico.

Como forma de controle do endividamento público, o art. 28 da Lei Federal n.º 12.766, de
27/12/2012, que alterou a Lei n.º 11.079/2004, estabeleceu a proibição de a União conceder
garantia e realizar transferência voluntária aos entes federativos cujas despesas de caráter
continuado com PPPs tiverem excedido, no ano anterior, o correspondente a 5% da RCL do
exercício, ou que excedam, nos 10 anos subsequentes, o mesmo percentual da RCL
projetada para os respectivos exercícios.

Ademais, para fins de transparência, a Portaria STN n.º 553/2014, que aprovou a sexta
edição do Manual de Demonstrativos Fiscais, declara a necessidade da publicação
bimestral de demonstrativo das PPPs no Relatório Resumido da Execução Orçamentária, o
que vem sendo atendido pelo Estado, conforme observado nos exames auditoriais.

O Estado da Bahia possui seis contratos de PPP, a seguir descritos:

• contrato de concessão administrativa para a construção e operação do Sistema de


Disposição Oceânica do Jaguaribe (Emissário Submarino de Salvador), firmado pela
estatal não dependente EMBASA. O contrato foi celebrado em 27/12/2006 com a
Concessionária Jaguaribe S/A, pelo prazo de 18 anos, e o pagamento das
contraprestações mensais teve início em junho de 2011. A partir de janeiro de 2013, o
valor da contraprestação mensal passou a ser de R$5.016.759,37, tendo sido
reajustado para R$5.338.206,76 a partir de dezembro de 2014, e para
R$5.907.955,07, a partir de dezembro de 2015;

• contrato de concessão administrativa visando à reconstrução e operação do Estádio


Octávio Mangabeira (Fonte Nova), celebrado em 21/01/2010, com a Concessionária
Fonte Nova Negócios e Participações S/A (FNP) pelo prazo de 35 anos. O início do
pagamento das contraprestações (valor mensal atualizado de R$9.823.605,60)
ocorreu em abril de 2013. O valor da contraprestação foi atualizado para
R$10.390.858,82, a partir de dezembro de 2013, para R$11.072.024,74, a partir de
dezembro de 2014, e para de R$12.231.949,98, a partir de dezembro de 2015;

• contrato de concessão administrativa para a gestão e operação de unidade hospitalar


denominada Hospital do Subúrbio, celebrado em maio de 2010 com o Consórcio
PRODAL. As contraprestações foram devidas desde o início das operações da
unidade, que ocorreu em 14/09/2010, com pagamento a partir de outubro de 2010 e
prazo contratual de 10 anos. O valor da contraprestação mensal, atualizado a partir de
fevereiro de 2013, foi de R$12.624.379,03, de R$13.453.043,27 a partir de fevereiro
de 2014, e passou a ser de R$14.437.806,04 a partir de fevereiro de 2015;

112 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

• contrato de concessão administrativa para a construção e operação de serviços não


assistenciais da unidade hospitalar Instituto Couto Maia, celebrado em maio de 2013
com o Consórcio Couto Maia Construção e Serviços Não Clínicos S/A pelo prazo de
21 anos e quatro meses, a partir da data de assinatura do contrato, sendo um ano e
quatro meses de investimentos e realização de atividades pré-operacionais e 20 anos
de operação, com contraprestação anual de R$42.180.326,00 a ser adimplida durante
20 anos. Conforme o Termo Aditivo n° 01 ao Contrato de Concessão n.º 035/2013, o
início da contagem do prazo de realização dos investimentos e atividades pré-
operacionais foi alterado para a data da primeira liberação dos recursos do
financiamento contratado pelo Consórcio. Foi informado pela Secretaria Executiva do
Programa de PPP que o projeto ainda não tinha entrado em operação até o final de
2015;

• contrato de concessão patrocinada n.º 01/2013, para a implantação e operação do


Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas (SMSL), celebrado em 15/10/2013
com a Concessionária Companhia do Metrô de Salvador, pelo prazo de 30 anos. O
início dos serviços ocorreu em janeiro de 2016, e a contraprestação anual máxima foi
estabelecida em R$127.600.000,00. Após o 2º termo aditivo ao Contrato, de
17/12/2015, o valor da contraprestação anual máxima passou a ser
R$144.597.031,95; e

• contrato de concessão administrativa n.º 004/2015, para a gestão e operação de


serviços de apoio ao diagnóstico por imagem em uma Central de Imagem e em 12
(doze) Unidades Hospitalares integrantes da rede própria da SESAB, celebrado em
02/02/2015 com a concessionária Rede Brasileira de Diagnósticos SPE S/A, pelo
prazo de 11 anos e 06 meses contados a partir da data de assinatura. A
contraprestação anual máxima foi estabelecida em R$81.862.557,00, tendo sido
atualizada para R$98.505.838,32 em junho/2015.

A seguir, é apresentado o acompanhamento do limite das despesas do Estado da Bahia


com PPPs, em comparação com a RCL.

Tabela 31 – TOTAL DAS DESPESAS COM PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS POR


CONTRATO
Em R$
CONTRATO DAS
CONTRATOS DO ENTE FEDERADO ESTATAIS NÃO
DEPENDENTES TOTAL DAS
ANO
METRÔ DE DESPESAS
NOVA HOSPITAL DO INSTITUTO DIAGNÓSTICO EMISSÁRIO
SALVADOR E
FONTE NOVA SUBÚRBIO COUTO MAIA POR IMAGEM SUBMARINO
LAURO DE FREITAS
2014 125.371.471,76 160.607.855,00 – – – 60.522.559,83 346.501.886,59
2015 134.024.222,12 172.268.909,71 – – 22.078.654,44 64.628.229,43 393.000.015,70
2016 146.783.399,76 173.253.672,48 42.180.326,00 28.399.803,31 94.893.957,59 70.895.460,84 556.406.619,98
2017 146.783.399,76 173.253.672,48 42.180.326,00 124.136.371,95 98.505.838,32 70.895.460,84 655.755.069,35
2018 146.783.399,76 173.253.672,48 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 676.215.729,35
2019 146.783.399,76 173.253.672,48 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 676.215.729,35
2020 146.783.399,76 115.502.448,32 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 618.464.505,19
2021 146.783.399,76 – 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 502.962.056,87
2022 146.783.399,76 – 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 502.962.056,87
2023 146.783.399,76 – 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 502.962.056,87
2024 146.783.399,76 – 42.180.326,00 144.597.031,95 98.505.838,32 70.895.460,84 502.962.056,87
Fontes: Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas e cálculos da auditoria.
Nota: Os valores referentes aos exercícios de 2014 e 2015 já foram executados. Quanto aos demais exercícios são previsões
de pagamentos.

Em relação ao Contrato n.º 01/2013 (Metrô de Salvador e Lauro de Freitas), os valores


apurados pela auditoria divergem dos valores publicados no Demonstrativo das Parcerias
Público-Privadas, para os exercícios de 2016 e 2017, que foram R$33.184.803,31 e
R$128.749.111,95, respectivamente. Essa ocorrência se deu em função de a Secretaria

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 113


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Executiva do Programa de PPP ter considerado o início da contagem da operação o mês de


dezembro de 2015, no entanto, de acordo com a cláusula contratual 5.1, deveria ter sido
considerado o mês de janeiro de 2016. Consoante informação da Secretaria de PPP, por
meio do Ofício n.º 15/2016, os valores das contraprestações do referido Contrato serão
alterados a partir do 2º bimestre de 2016, tendo em vista que já houve a publicação do
Demonstrativo de PPPs do 1º bimestre.

Quanto ao Contrato n.º 04/2015 (Diagnóstico por Imagem), o valor publicado nesse
Demonstrativo para o período de 2016 foi de R$91.823.858,95, que também diverge do
valor apurado pela auditoria. A Secretaria de PPP informou, mediante Ofício n.º 15/2016,
que houve um “equívoco” e que essa divergência já havia sido sanada desde a publicação
do Demonstrativo das PPPs do 1º bimestre de 2016, fato a ser comprovado em trabalhos
posteriores.

Tabela 32 – LIMITE PARA O MONTANTE DAS DESPESAS COM PARCERIAS PÚBLICO-


PRIVADAS
Em R$
TOTAL DAS
TOTAL DAS RECEITA CORRENTE LIMITE DE 5,00% MARGEM MARGEM/
ANO DESPESAS /
DESPESAS (A) LÍQUIDA (RCL1) DA RCL (B) (C) = (A)-(B) RCL%
RCL2 (%)
2014 285.979.326,76 25.870.540.183,35 1,11 1.293.527.009,17 1.007.547.682,41 3,89
2015 328.371.786,27 27.207.610.584,58 1,21 1.360.380.529,23 1.032.008.743,66 3,79
2016 485.511.159,14 28.114.543.473,76 1,73 1.405.727.173,69 920.216.014,51 3,27
2017 584.859.608,51 29.051.707.877,13 2,01 1.452.585.393,86 867.725.785,31 2,99
2018 605.320.268,51 30.020.111.525,76 2,02 1.501.005.576,29 895.685.307,74 2,98
2019 605.320.268,51 31.020.795.742,22 1,95 1.551.039.787,11 945.719.518,56 3,05
2020 547.569.044,35 32.054.836.560,31 1,71 1.602.741.828,02 1.055.172.783,63 3,29
2021 432.066.596,03 33.123.345.882,12 1,30 1.656.167.294,11 1.224.100.698,04 3,70
2022 432.066.596,03 34.227.472.673,65 1,26 1.711.373.633,68 1.279.307.037,61 3,74
2023 432.066.596,03 35.368.404.200,32 1,22 1.768.420.210,02 1.336.353.613,95 3,78
2024 432.066.596,03 36.547.367.303,58 1,18 1.827.368.365,18 1.395.301.769,11 3,82
Fontes: Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas e cálculos da auditoria.
1
Valores projetados a partir de 2016.
2
Na aplicação dos limites de comprometimento das despesas com parcerias público-privadas foram excluídas as despesas
das empresas estatais não dependentes, em observância ao art. 28, § 2º, da Lei n.º 11.079/2004, conforme redação dada
pela Lei n.º 12.024/2009.

Da análise da tabela anterior, pode-se observar que o Estado da Bahia atende ao limite
estabelecido. Há de se mencionar que os cálculos foram realizados tomando-se as
despesas pelos valores atuais, tendo a receita sido projetada com base no índice
estabelecido pela STN. Entretanto, ainda que se mantivesse a RCL projetada de 2016 como
referência para fins de análise, o Estado continuaria cumprindo o limite para todos os
exercícios avaliados.

No Plano de Ação para atendimento às recomendações constantes no Relatório e Parecer


Prévio deste TCE sobre as contas do Chefe do Poder Executivo do exercício de 2014, a
SEFAZ comprometeu-se a elaborar e publicar uma orientação técnica para a contabilização
das PPPs, de acordo com o estabelecido na 6ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada
ao Setor Público (MCASP), até dezembro de 2015.

Contudo, no relatório de acompanhamento do referido Plano de Ação, consta a informação


de que a orientação técnica ainda se encontra em processo de estudos, devido à dificuldade
em estabelecer os valores dos ativos das PPPs que serão incorporados ao Estado da Bahia.
Ademais, conforme Comunicação Interna n.º 004/2016 da DICOP/SEFAZ, foi estabelecido
novo prazo para 30/06/2016, para a conclusão da referida orientação técnica.

Em 27/12/2012, a Lei Estadual n.º 12.610 autorizou a criação do Fundo Garantidor Baiano
de Parcerias (FGBP), que tem como competência a prestação de garantias de pagamento
de obrigações assumidas pela Administração Direta e Indireta do Estado da Bahia, em
virtude das PPPs celebradas. Em 11/02/2015, foi realizada mais uma integralização ao

114 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Fundo no montante de R$23.659.000,00, que apresentou, para 31/12/2015, o saldo de


R$304.895.883,49, incluído nesse valor o rendimento das aplicações financeiras.

Em relação ao Contrato de concessão administrativa visando à reconstrução e operação do


Estádio Octávio Mangabeira (Fonte Nova), o Plenário do TCE/BA, em sessão realizada em
12/04/2016, no julgamento do processo TCE/000490/2010, relativo ao Contrato n.º 02/2010,
decidiu, através da Resolução n.º 28/2016, dentre outros assuntos, pela declaração da
ilegalidade do Contrato, tendo em vista as graves irregularidades existentes na sua
formalização, e no Edital que o antecedeu, e pela determinação no sentido de o Governo do
Estado e a FNP, no prazo de 120 dias, a contar da publicação da decisão, apresentassem
conjuntamente, estudo visando à reavaliação e readequação econômico-financeira da
concessão.

2.3.7 RESULTADO NOMINAL

O resultado nominal apresenta a diferença entre os saldos da Dívida Fiscal Líquida (DFL)
relativos a dois períodos. A LRF determina que o Demonstrativo do Resultado Nominal
acompanhará o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (art. 53, III), devendo esse
resultado ser apresentado bimestral e anualmente, demonstrando a variação acumulada da
DFL ao longo do ano. É apresentado, a seguir, o resultado nominal do exercício de 2015:

Tabela 33 – RESULTADO NOMINAL DO EXERCÍCIO DE 2015


Em R$
SALDO
ESPECIFICAÇÃO
EM 31/DEZ/2014 (A) EM 31/DEZ/2015 (B)
Dívida Consolidada (I) 16.911.138.138,28 21.381.306.825,23
Deduções (II) 5.540.022.824,89 5.244.766.972,06
Disponibilidade de Caixa Bruta 5.516.162.172,63 5.061.143.349,39
Demais Haveres Financeiros 442.083.596,95 752.363.858,50
(-) Restos a Pagar Processados (418.222.944,69) (568.740.235,83)
Dívida Consolidada Líquida (III) = (I-II) 11.371.115.313,39 16.136.539.853,17
Receita de Privatizações (IV) – –
Passivos Reconhecidos (V) – –
Dívida Fiscal Líquida (III+IV-V) 11.371.115.313,39 16.136.539.853,17
Resultado Nominal (B-A) 4.765.424.539,78
Fontes: Demonstrativo do Resultado Nominal do 6º bimestre de 2015, Demonstrativo da Dívida Consolidada do 3º
quadrimestre de 2015, Balancetes do FIPLAN e cálculos da auditoria.

Para efeito de análise, a auditoria considerou o Demonstrativo do Resultado Nominal do 6º


bimestre de 2015, emitido em 17/02/2016 e republicado no sítio eletrônico da SEFAZ, em
função de ter sido alterado após a edição das DCCEs – Exercício de 2015, encaminhadas a
esta Corte de Contas como parte integrante das Contas do Governador, conforme
comentário do item 2.4.1 Relatório Resumido da Execução Orçamentária e Relatório de
Gestão Fiscal.

A meta para o resultado nominal do Estado, fixada no Anexo de Metas Fiscais da


LDO/2015, indica diminuição da Dívida Fiscal Líquida em até R$566.170.000,00, enquanto a
LOA/2015 estabelece uma redução da DFL em até R$107.158.000,00. No exercício de
2015, a meta de redução da Dívida Consolidada Líquida não foi alcançada, apresentando
um crescimento no valor de R$4.765.424.539,78.

2.3.8 RESULTADO PRIMÁRIO

No exercício de 2015, os Demonstrativos do Resultado Primário integrantes dos Relatórios


Resumidos da Execução Orçamentária foram elaborados de acordo com as orientações
contidas na Portaria n.º 553/2014 da STN, que aprovou a 6ª edição do MDF.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 115


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Os valores da receita e da despesa, utilizados para apurar o referido Resultado, estão de


acordo com os Demonstrativos da Execução da Receita e da Despesa Orçamentária
extraídos do FIPLAN Gerencial e com os cálculos da auditoria.

Na tabela a seguir, é apresentado o Resultado Primário (ou fiscal) do exercício de 2015,


bem como os valores que compõem o mesmo resultado com referência a 2014, com
destaque para as principais receitas e despesas.

Tabela 34 – RESULTADO PRIMÁRIO DOS EXERCÍCIOS DE 2014 E 2015


Em R$
EXERCICIO 2015 EXERCÍCIO 2014 VARIAÇÃO %
DESCRIÇÃO
(A) (B) NOMINAL (A)/(B)
Receitas Fiscais Realizadas 37.096.426.542,25 35.864.343.651,93 3,44
ICMS 15.636.440.132,11 14.824.193.373,43 5,48
Transferências Correntes 10.874.905.557,16 10.795.817.502,34 0,73
Outras Receitas Fiscais 10.585.080.852,98 10.244.332.776,16 3,33
Despesas Fiscais Liquidadas 37.497.489.661,14 34.477.074.994,42 8,76
Correntes 35.164.409.766,96 31.904.264.877,02 10,22
Investimentos 2.231.841.436,93 2.510.225.832,01 (11,09)
Outras Despesas Fiscais de Capital 101.238.457,25 62.584.285,39 61,76
Reserva de Contingência – – –
Restos a Pagar não Processados(1) (169.424.337,23) (259.406.210,55) 34,69
(2)
Resultado Primário (570.487.456,12) 1.127.862.446,96 (150,58)
Fontes: Demonstrativos Bimestrais do Resultado Primário disponíveis no sítio: www.SEFAZ.ba.gov.br e cálculos da auditoria.
(1)
Os Restos a Pagar não Processados são aqueles cujos empenhos foram efetivados, mas que, até o encerramento do
exercício, os bens e/ou serviços não haviam sido entregues.
(2)
Dos valores das Receitas Fiscais apresentados para a composição deste Resultado Primário estão deduzidas as respectivas
contas redutoras.

No exercício sob análise, como ficou evidenciado na tabela anterior, houve Déficit Primário
no total de R$570.487.456,12. Cabe observar que a meta fiscal do Resultado Primário
estabelecida na Lei Estadual n.º 13.190/2014 (LDO 2015) foi de R$812.581.000,00, tendo
sido alterada mediante a Lei n.º 13.225/2015 (LOA 2015) para R$686.416.000,00 negativos.
Posteriormente, a Lei 13.463, de 16/12/2015, alterou novamente a referida meta para
R$1.254.000.000,00, também negativos.

• Meta fiscal – Resultado Primário estabelecido na LDO

No tocante à alteração da meta do Resultado Primário mediante Lei Orçamentária, este TCE
já manifestou entendimento que essa prática não é acertada, visto que, embora possuam a
mesma estatura jurídica, a LDO e a LOA não têm a mesma finalidade. E ainda que
autorizada pela LDO, como tem sido utilizado pelo Estado, a Lei Orçamentária deve se
pautar no que prevê a Constituição Federal. No caso em questão, houve desobediência ao
princípio constitucional da exclusividade, que é tema pacífico na doutrina e que se
fundamenta no § 8o, do art.165 da Constituição Federal, in verbis:

[...]

§ 8º

A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e da fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Como observado, a realização da segunda alteração da meta, mediante Lei Ordinária


específica, está em consonância com o que este TCE entende como obediência aos
princípios orçamentários definidos na Carta Maior e na LRF.

Entretanto, a mencionada alteração da meta fiscal só veio a ocorrer na segunda metade do


mês de dezembro do findo exercício. Nesta situação fática, verifica-se que a produção

116 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

legislativa foi tardia no que se refere ao ideário do termo planejamento, o qual está
conectado à noção de previsão. Desse modo, a promulgação da referida lei denota o
cumprimento formal da obrigação de atender à meta estabelecida, mas se afasta da
finalidade precípua do estabelecimento de limites de gastos orçamentários.

No exercício sob análise, foram utilizados para abertura de créditos adicionais


R$3.214.586.877,00 oriundos de superávit financeiro de exercícios anteriores. O referido
valor está conforme ao expresso no Balanço Orçamentário.

Por fim, ao observar os números apresentados na tabela anterior, pode-se inferir que houve
uma piora nas contas públicas do Estado, reflexo da crise econômica vivenciada pelo Brasil
no exercício de 2015. Em 2014, obteve-se um Resultado Primário positivo para pagamento
dos serviços das dívidas interna/externa, embora no 3º quadrimestre a situação já tenha
sido desfavorável e em 2015 ele foi negativo, o que é preocupante, vez que o déficit primário
indica financiamento de gastos não financeiros que excedem as receitas não financeiras,
gerando crescimento da dívida.

• Alteração do Demonstrativo de Resultado Primário do exercício 2014

Embora não tenham sido constatadas inconsistências na apuração do Resultado Primário


do exercício sob análise, foram verificadas divergências entre os valores constantes dos
demonstrativos da receita primária total referentes a 2014 publicados no sítio da SEFAZ em
22/01/2015 em comparação com os publicados em 18/01/2016. Na primeira publicação, a
receita fiscal referente a 31/12/2014 totalizou R$35.864.618.244,60, enquanto na segunda
foi apresentado o montante de R$35.864.343.651,93, evidenciando uma diferença de
R$274.592,67.

Em consequência, o Resultado Primário apurado com base na primeira publicação foi de


R$1.128.137.039,63, ao passo que, na segunda, perfez o total de R$1.127.862.446,96. Por
intermédio do Ofício SAF n.º 05/2016, a SEFAZ esclareceu:

A diferença de R$274.592,67 encontrada entre os relatórios de Resultado


Primário publicados pela SEFAZ nos dias 22/01/2015 e 18/01/2016, no que
se refere às receitas do exercício 2014, ocorreu em função do FIPLAN
GERENCIAL – FG só ter disponibilizado o detalhamento das contas
redutoras de receita a partir do ano de 2015, quando alocamos os valores
dessas contas redutoras corretamente.

Questões envolvendo a modificação de Demonstrativos Fiscais após o cumprimento dos


prazos para publicação serão abordadas de modo mais abrangente no item 2.4.1 Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal deste Relatório.

No tocante à diferença a menor de R$93.040,93 constatada no Resultado Primário


publicado para o exercício de 2014, fato que se deveu ao lançamento, no FIPLAN Gerencial,
de deduções de receitas de contribuições e de receitas intraorçamentárias na rubrica de
dedução de alienação de bens, verificou-se que foi feita a devida correção pela SEFAZ.

O desempenho das Receitas Fiscais realizadas no exercício de 2015, das quais se


destacam as oriundas do ICMS e das Transferências Correntes, está demonstrado na tabela
a seguir. Para fins de comparação, são evidenciadas aquelas realizadas no período sob
análise, em comparação com os valores apurados nos exercícios de 2013 e 2014.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 117


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 35 – DESEMPENHO DA RECEITA COM ICMS E TRANSFERÊNCIAS


CORRENTES DOS EXERCÍCIOS DE 2013 A 2015, EM TERMOS NOMINAIS
Em R$ mil
VALOR NOMINAL %
RECEITAS REALIZADAS EXERCÍCIOS
(B)/(A) (C)/(B)
2013 (A) 2014 (B) 2015 (C)
ICMS 15.682.057 17.346.801 18.317.776 10,62 5,60
Transferências Correntes 11.251.056 12.283.968 12.520.979 9,18 1,93
Fontes: Demonstrativos Bimestrais do Resultado Primário disponíveis no sítio: www.SEFAZ.ba.gov.br e cálculos da auditoria.
Nota: Os valores das receitas nessa tabela estão expressos pelos valores brutos, portanto, sem as deduções da conta 9.

Entretanto, considerando-se a atualização monetária aplicada aos valores apresentados na


tabela anterior, utilizando-se, para tanto, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
(IGP-DI – acumulado até dezembro/2015), obtém-se os seguintes resultados:

Tabela 36 – DESEMPENHO DA RECEITA COM ICMS E TRANSFERÊNCIAS


CORRENTES DOS EXERCÍCIOS DE 2013 A 2015, EM TERMOS REAIS
Em R$ mil
VALOR REAL %
RECEITAS REALIZADAS EXERCÍCIOS
(B)/(A) (C)/(B)
2013 (A) 2014 (B) 2015 (C)
ICMS 18.965.791 19.880.591 18.317.776 4,82 (7,86)
Transferências Correntes 13.606.964 14.077.685 12.520.979 3,46 (11,06)
Fontes: Demonstrativos Bimestrais do Resultado Primário disponíveis no sítio: www.SEFAZ.ba.gov.br e cálculos da auditoria.

Ao analisar no Demonstrativo da Receita extraído do FIPLAN as principais contas que


compõem às Transferências Correntes, constatou-se que a queda mais expressiva dessa
receita deu-se nas transferências correntes de convênios firmados com a União, pois em
2014 ela foi de R$283.068.504,21 enquanto que, em 2015, apenas R$113.712.631,58, o
que representa uma queda nominal de 59,83%. Esse fato demonstra o efeito da crise
econômica sobre as receitas da União e a consequente diminuição dos repasses de
convênios aos entes federativos.

No tocante às Despesas Fiscais executadas no exercício sob análise, destacam-se as


Correntes e as de Investimentos. No mesmo diapasão da análise das receitas, foram
levantados os valores das mencionadas despesas nas auditorias realizadas nos exercícios
de 2013 e 2014, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 37 – DESEMPENHO DA DESPESA PRIMÁRIA CORRENTE E DE INVESTIMENTO


NOS EXERCÍCIOS DE 2013 A 2015, EM TERMOS NOMINAIS
Em R$ mil
VALOR NOMINAL %
DESPESAS LIQUIDADAS EXERCÍCIOS
(B)/(A) (C)/(B)
2013 (A) 2014 (B) 2015 (C)
Primárias Correntes 29.066.008 31.904.264 35.273.537 9,76 10,56
Investimentos 1.965.435 2.510.225 2.292.137 27,72 (8,69)
Fontes: Demonstrativos Bimestrais do Resultado Primário disponíveis no sítio: www.SEFAZ.gov.br e cálculos da auditoria.

A Receita de Capital no exercício de 2015 atingiu o montante de R$1.557.941 mil. Desse


valor, R$1.015.834 mil foram provenientes de Operações de Crédito. As despesas com
investimentos somaram R$ 2.292.137 mil. Com esses números, tem-se que, para suprir a
insuficiência da receita de capital realizada, o Estado utilizou recursos financeiros do
superávit corrente e/ou recursos oriundos de créditos adicionais do superávit financeiro de
exercícios anteriores.

Considerando-se a atualização monetária aplicada aos valores apresentados na tabela


anterior, utilizando-se, para tanto, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI
– acumulado até dezembro/2015), são obtidos os seguintes resultados:

118 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Limites Constitucionais e Legais

Tabela 38 – DESEMPENHO DA DESPESA PRIMÁRIA CORRENTE E DE


INVESTIMENTO NOS EXERCÍCIOS DE 2013 A 2015, EM TERMOS REAIS
Em R$ mil
VALOR REAL %
DESPESAS LIQUIDADAS EXERCÍCIOS
(B)/(A) (C)/(B)
2013 (A) 2014 (B) 2015 (C)
Primárias Correntes 35.152.267 36.564.414 35.273.537 (4,02) 3,53
Investimentos 2.376.986 2.876.886 2.292.137 (21,03) (20,33)
Fontes: Demonstrativos Bimestrais do Resultado Primário disponíveis no sítio: www.SEFAZ.gov.br e cálculos da auditoria.

Os valores das despesas demonstram uma desaceleração quando comparado o exercício


sob análise com o de 2014. Entretanto, as receitas tiveram uma redução mais acentuada,
evidenciando a necessidade da adoção de medidas governamentais para estabelecer o
desejado equilíbrio das contas públicas do Estado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 119


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

120 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


2.4 Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da
Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Limites Constitucionais e Legais
Seção Analítica:

121
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

122 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


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2.4 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DO


ESTADO DA BAHIA – EXAME DAS CONTAS DO PODER
EXECUTIVO
As Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado (DCCEs), relativas ao exercício de
2015, que compõem as contas do Chefe do Poder Executivo, foram apresentadas mediante
volume contendo 698 páginas, contemplando demonstrativos e informações agrupados em
13 capítulos, relativos à gestão orçamentária, financeira, patrimonial, econômica e fiscal do
Estado, além de incluir, dentre outros elementos, as notas explicativas, os anexos da Lei
Federal n.º 4.320, de 17/03/1964 e os Demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Registre-se que a citada peça também encontra-se disponível no sítio da SEFAZ 14.

Nesse documento consta, no tópico de Apresentação (fls. 7/8), a seguinte afirmação:

As Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado evidenciam os


resultados das gestões Orçamentária, Financeira e Patrimonial da
Administração Direta, das Autarquias, das Fundações, dos Fundos
Especiais e a execução orçamentária das Empresas Estatais Dependentes,
elaborados segundo as normas federais e estaduais que regem a matéria,
em especial a Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964, e incorporam
as mudanças introduzidas pela Lei Federal n.º 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF) e Resoluções do Conselho Federal de
Contabilidade (Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público – NBCASP), complementadas pelas orientações contidas nas
portarias federais publicadas pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN,
sendo os dados contábeis oriundos essencialmente do Sistema Integrado
de Planejamento, Contabilidade e Finanças – FIPLAN.
[...]

O Relatório Contábil, parte componente da Prestação de Contas, apresenta


uma análise mais detalhada das informações contábeis e fiscais,
buscando o uso de uma linguagem de fácil entendimento a todo
cidadão dos vários segmentos da sociedade, inclusive com
apresentação de glossário dos termos técnicos utilizados. Além disso,
continuamos a utilizar gráficos, tabelas e notas explicativas para permitir
uma melhor visualização dos dados constantes dos Balanços e demais
Demonstrações Contábeis. (Grifou-se)

O Estado da Bahia, nos últimos exercícios, vem incorporando os novos procedimentos de


contabilização e de elaboração das Demonstrações Contábeis, em linha com as orientações
emanadas da STN e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Ocorre que, das análises
técnicas promovidas, verificou-se a insuficiência de determinadas informações, mormente,
em notas explicativas, ou que compromete o exame adequado dos componentes
patrimoniais, quanto aos bens, direitos e às obrigações inerentes ao “Estado da Bahia”, com
implicações na mensuração do resultado econômico, impactando, por consequência, na
avaliação da gestão.

Nos demonstrativos constantes às fls. 601/647 das DCCEs, há indicação de que foram
elaborados com referência às disposições contidas na 5ª edição do MCASP, contudo, a
partir de 2015 já vigorava a 6ª edição, por força da Portaria STN n.º 700, de 10/12/2014.
Entretanto, tal inobservância, a priori, não compromete a análise das DCCEs de 2015.

14
Disponível em: http://www.SEFAZ.ba.gov.br/administracao/contas/balanco _anual/balancogeral_2015.pdf.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 123


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Registre-se, também, que a STN editou, em 2015, normativo disciplinando, dentre outros
assuntos, o “Plano de Implantação dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais” e indicou
prazos limites para implantação de determinados procedimentos contábeis (Portaria n.º 548,
de 24/09/2015). Embora tais prazos tenham sido observados na elaboração das citadas
demonstrações, não constam informações sobre o assunto em notas explicativas, bem
como o registro adequado quanto ao estágio de implementação dos procedimentos
contábeis em seu conjunto, indicando aqueles porventura não incorporados ou pendentes
de aplicação em sua plenitude. Ademais, à medida que os procedimentos contábeis forem
plenamente incorporados, contribuirão para a transparência de todos os efeitos econômicos
e financeiros sobre o patrimônio estatal.

Nos próximos tópicos deste capítulo será apresentada a análise técnica sobre os aspectos
mais relevantes contidos nas Demonstrações Contábeis Consolidadas de todos os Poderes,
além do Ministério Público, porém com ênfase nos números representativos da execução
orçamentária e dos bens e direitos do Poder Executivo, principalmente, em relação às
informações necessárias à avaliação da gestão Orçamentária e Patrimonial do Estado.

• Notas Explicativas

No item 2 das DCCEs (fls. 21-54) foram apresentadas as Notas Explicativas às


Demonstrações, onde está resumida a estrutura organizacional do Estado, base para a
consolidação dos dados contábeis, composta por 41 Órgãos, incluindo: a Procuradoria Geral
do Estado (PGE), a Defensoria Pública (DP), o Ministério Público (MP), os Encargos Gerais
(EGERAIS), a Reserva de Contingência, a Diretoria do Tesouro (DEPAT) e os órgãos
ligados ao Poder Legislativo e ao Poder Judiciário, além de 54 entidades entre autarquias,
fundos, fundações, empresas dependentes e não dependentes.

No item “Resumo das Práticas e Critérios Contábeis” (fls. 23) consta a seguinte afirmação:

As práticas contábeis adotadas estão estruturadas, organizadas e


escrituradas tendo como base o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público,
que estabelece os conceitos básicos, as regras para registros dos atos e
fatos e a estrutura contábil padronizada e é aplicado a todos os órgãos e
entidades do Estado da Bahia inclusive suas Estatais Dependentes que
realizam a escrituração contábil através do FIPLAN. (Grifou-se)

Essas novas diretrizes enfatizam a evidenciação do patrimônio do Estado, com a adoção


integral do regime de competência (receitas e despesas reconhecidas nos respectivos
períodos em que ocorreram os fatos), tendo as notas explicativas, além dos relatórios
financeiros, mais importância quanto à transparência dos fatos e atos contábeis.

Nesse sentido, a Resolução do CFC n.º 1.134, de 21/11/2008, que aprovou a NBC T 16.7,
relativa à Consolidação das Demonstrações Contábeis, assim dispôs:

8. As demonstrações contábeis consolidadas devem ser complementadas


por notas explicativas que contenham, pelo menos, as seguintes
informações:
(a) identificação e características das entidades do setor público incluídas
na consolidação;
(b) procedimentos adotados na consolidação;
(c) razões pelas quais os componentes patrimoniais de uma ou mais
entidades do setor público não foram avaliados pelos mesmos critérios,
quando for o caso;
(d) natureza e montantes dos ajustes efetuados;
(e) eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que
possam ter efeito relevante sobre as demonstrações contábeis
consolidadas.

124 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Em linha com esse entendimento, o MCASP, na sua 6ª edição, Parte V, item 8, reforça a
importância das Notas Explicativas:
Seu objetivo é facilitar a compreensão das demonstrações contábeis a seus
diversos usuários. Portanto, devem ser claras, sintéticas e objetivas.

Englobam informações de qualquer natureza exigidas pela lei, pelas normas


contábeis e outras informações relevantes não suficientemente
evidenciadas ou que não constam nas demonstrações.

Entretanto, as Notas Explicativas apresentadas nas DCCEs não observaram plenamente as


diretrizes definidas pela NBC T 16.7 e pelo MCASP, tendo em vista a ausência de
informações complementares ou a insuficiência de elementos recomendados no item 8.2,
letra 'c', do MCASP, sumariados no quadro a seguir.

Quadro 14 – INFORMAÇÕES NÃO IDENTIFICADAS NAS NOTAS EXPLICATIVAS ÀS


DCCEs
Em R$ mil
RUBRICA CONTA CONTÁBIL DO BALANÇO PATRIMONIAL SALDO
Ativo Circulante 963.714
Empréstimos e Financiamentos Concedidos
Ativo Não Circulante 316.079
Demais Créditos e Valores a Curto Prazo Ativo Circulante 1.368.965
Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Não Circulante 1.254.505
Investimentos e Aplicações Financeiras Ativo Não Circulante 348.082
Fornecedores e Contas a Pagar Passivo Circulante 1.276.829
Ajustes de Exercícios Anteriores Patrimônio Líquido 965.079
Fontes: Análises da auditoria e DCCEs 2015.

Além de comentários em notas explicativas sobre os saldos apresentados nas rubricas


contábeis dos Balanços, é recomendada, na letra 'd' do citado item do MCASP, a inclusão
de outras informações relevantes. Nesse sentido, seria importante a divulgação pelo Estado
da Bahia, juntamente com as Demonstrações Contábeis, de assuntos como:

• procedimentos de consolidação – montante das eliminações decorrentes de


operações entre entidades, referentes aos saldos no final do exercício e
receitas/ganhos/despesas no ano; total das operações entre entidades;

• situação das contingências – resumo por tipo/natureza das ações em curso,


segregando com base em avaliação do setor competente a perspectiva de sucesso
pelo Poder Executivo, indicando aquelas com probabilidade de insucesso, e, para
aquelas com provável perda, a estimativa do valor dos desembolsos para fins de
contabilização de provisão no Passivo;

• comentários sobre eventos relevantes com impacto nas Demonstrações – quaisquer


eventos que tenha influenciado, ou venham a influenciar, de forma significativa no
patrimônio do Estado. Como exemplo, pode ser citado a ausência de nota explicativa
específica indicando as repercussões nas Demonstrações Contábeis derivadas da
decisão de extinguir as autarquias SUCAB e DERBA e alienar a participação capital
social da EBAL (Lei Estadual n.º 13.204/2014);

• demonstrativos sobre fundos – incluir as demonstrações de origens e aplicações,


bem como das disponibilidades dos demais fundos, além dos listados às fls. 79 a 81,
como o Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico (FUNDESE) e o FES/BA.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 125


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

O Código de Boas Práticas para a Transparência Fiscal 15, editado em 2007, pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), enumera alguns princípios de governança, recomendando
que o “público deve ser plenamente informado sobre as atividades fiscais passadas,
presentes e programadas e sobre os principais riscos fiscais”. Além disso, as informações
publicadas sobre o Governo devem conter “detalhes sobre a dívida, os haveres significativos
em ativos financeiros e recursos naturais, os passivos não relacionados à dívida e os
passivos contingentes”.

• Procedimentos de Consolidação

Consolidação das demonstrações contábeis é o processo de agregação dos saldos das


contas de mais de uma entidade, excluindo-se as transações recíprocas, de modo a
disponibilizar os macroagregados do setor público, proporcionando uma visão global do
resultado.

O MCASP, 6ª edição, Parte V, item 9, orienta na elaboração deste tipo de demonstrações o


seguinte:

Para fins de elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, devem


ser excluídos os seguintes itens, por exemplo:
a. as participações nas empresas estatais dependentes;
b. as transações e saldos recíprocos entre as entidades; e
c. as parcelas dos resultados do exercício, do lucro / prejuízo acumulado e
do custo dos ativos que corresponderem a resultados ainda não realizados.

Da análise das DCCEs, verificou-se que não foram observadas tais orientações,
acarretando distorções comentadas no item 2.4.5.3 – Investimentos.

2.4.1 RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (RREO) E RELATÓRIO


DE GESTÃO FISCAL (RGF)

Os Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) e os Relatórios de Gestão


Fiscal (RGF) do Poder Executivo, assim como o Relatório de Gestão Fiscal Consolidado,
relativos ao exercício de 2015, foram publicados tempestivamente no DOE,
respectivamente, por meio de Portarias da SEFAZ e de Decretos do Governador do Estado.

No entanto, constatou-se que alguns Demonstrativos Fiscais sofreram mudanças após a


publicação, conforme demonstrado:

• Prática reiterada de alteração de Demonstrativos Fiscais após a sua publicação

Desde a auditoria de acompanhamento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) relativa ao


1º quadrimestre de 2015, foi observado que os Demonstrativos Fiscais estavam sendo
alterados após o cumprimento do prazo para a publicação dos Relatórios Resumido da
Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal. Essa situação se manteve nos quadrimestres
seguintes.

Os Demonstrativos Fiscais relativos ao 3º quadrimestre de 2015 que foram modificados


após a sua publicação encontram-se relacionados a seguir:

15
Capítulo integrante do Manual de Transparência Fiscal.

126 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Quadro 15 – DEMONSTRATIVOS FISCAIS ALTERADOS APÓS A SUA PUBLICAÇÃO –


3º QUADRIMESTRE DE 2015
DATA DE EMISSÃO(1)
DEMONSTRATIVOS FISCAIS
1ª EMISSÃO ALTERAÇÃO
Relatório Resumido da Execução Orçamentária
5º Bimestre de 2015
Demonstrativo dos Restos a Pagar por Poder e Órgão 19/11/2015 12/02/2016
Demonstrativo do Resultado Nominal 19/11/2015 12/02/2016
Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução Orçamentária 24/11/2015 12/02/2016
6º Bimestre de 2015
Demonstrativo do Resultado Nominal 18/01/2016 17/02/2016
Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução Orçamentária 25/01/2016 17/02/2016
Relatório de Gestão Fiscal (RGF)
3º Quadrimestre de 2015
Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida 18/01/2016 17/02/2016(2)
Demonstrativo Simplificado do Relatório de Gestão Fiscal 25/01/2016 17/02/2016
Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar – Poder Executivo e 25/01/2016 09/05/2016
Def. Pública
Relatório de Gestão Fiscal Consolidado
3º Quadrimestre de 2015
Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar 03/02/2016 09/05/2016
Fontes: DOE e sítio eletrônico da SEFAZ.
(1)
A data de emissão refere-se à data de extração do demonstrativo no FIPLAN.
(2)
Apesar de ter sido republicado no DOE de 02/04/2016 o Demonstrativo alterado, consta em sua fonte a data de emissão do
primeiro (18/01/2016).

A prática reiterada de alteração de Demonstrativos Fiscais após a sua publicação pode


caracterizar uma deficiência de controle ou adoção inadequada de rotina para cumprimento
dos prazos de publicação, distorcendo a real situação do Estado, uma vez que, nesse último
quadrimestre, os Demonstrativos Fiscais foram alterados após a edição das DCCEs –
Exercício de 2015, encaminhadas a esta Corte de Contas como parte integrante das Contas
do Governador.

Ressalte-se que foram consideradas as alterações dos Demonstrativos Fiscais na análise


das DCCEs – Exercício de 2015.

Vale informar que os Demonstrativos Fiscais alterados foram inicialmente publicados no sítio
eletrônico da SEFAZ. Após questionamento da auditoria, os demonstrativos constantes do
Relatório de Gestão Fiscal do Poder Executivo e Relatório de Gestão Fiscal Consolidado
foram republicados também no DOE de 02/04/2016 e 13/05/2016, enquanto que, para os
demonstrativos dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária, foi publicada apenas
uma nota no DOE de 05/04/2016, informando que foram alterados e estão disponíveis no
sítio eletrônico da SEFAZ. Mediante Ofício conjunto SAF n.º 09/2016, de 05/04/2016, a
Secretaria da Fazenda informou que procedeu aos ajustes dessa forma “no intuito de reduzir
os custos de republicação dos mesmos”.

Além de terem sido demandados esclarecimentos acerca da forma utilizada pela SEFAZ
para as republicações, também foi questionada a prática reiterada de alteração de
Demonstrativos Fiscais após a sua publicação. Sobre essa ocorrência, por meio do Ofício
SAF n.º 12/2016, datado de 15/04/2016, foi informado por essa Secretaria:

[…]
Em relação à republicação dos Demonstrativos Ficais, esclarecemos que
estas ocorreram, em quase sua totalidade, em função de divergências na
utilização de contas contábeis na memória de cálculo, da parte dos técnicos
do TCE e da SEFAZ. A análise dos fatos e respectiva identificação de
inconsistências já foram realizadas pela Diretoria de Contabilidade Pública –
DICOP. Estamos trabalhando no sentido de providenciar os ajustes
necessários nas contas contábeis em questão, a fim de evitar os erros que
tem provocado republicação dos Relatórios.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 127


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Recomenda-se que seja apurada a causa para as rotineiras alterações dos Demonstrativos
Fiscais após a sua publicação, evitando, assim, essas ocorrências que podem comprometer
a consistência das informações prestadas.

2.4.2 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA

Nas DCCEs de 2015, os comentários quanto à Gestão Orçamentária constam às fls. 55-81,
enquanto as Demonstrações exigidas pela Lei n.º 4.320/1964, dos Balanços Orçamentários
Consolidado do Estado e do Poder Executivo, estão apresentadas nas fls. 593-595 e 631-
633, respectivamente. Além desses informes, integra as DCCEs – Exercício 2015 um
conjunto de demonstrativos analíticos das receitas e de execução das despesas detalhado
por unidade orçamentária.

Os principais aspectos que comprometem a interpretação adequada do Resultado


Orçamentário de 2015 também foram objeto de comentários nas Contas do Poder Executivo
dos exercícios anteriores, e estão relacionados com a subavaliação das despesas em face
da ausência de empenho ou liquidação no período (mês e ano) de sua efetiva realização,
ferindo o princípio da competência. Também se observa a ausência de mecanismos de
apropriação de custos, ou que impossibilita a análise adequada das despesas por Programa
de Governo.

Além destes pontos, verificaram-se, neste exercício, outros aspectos que influenciaram o
Resultado Orçamentário, porém carecem de avaliação mais aprofundada quanto à sua
pertinência, corresponderem a reconhecimento de receitas auferidas em exercícios
anteriores, consideradas como receita de 2015, quais sejam: receitas pela venda de direitos,
auferidos financeiramente em 2014 pelo Estado, e receitas de Imposto de Renda na Fonte,
reconhecidas a menor em 2013 e 2014. Em virtude da relevância dos valores e do impacto
no Resultado Orçamentário, esses aspectos serão objeto dos comentários a seguir.

2.4.2.1 Receitas Tributárias – Imposto de Renda na Fonte (repasse automático)

Em relação ao incremento acentuado na receita com Imposto de Renda na Fonte, consta do


capítulo sobre Gestão Orçamentária nas DCCEs, no tópico sobre Receitas Tributárias, o
seguinte comentário: “Vale salientar com relação ao item IR na Fonte, um incremento da
ordem de 83,0% em relação ao exercício anterior, em decorrência de receitas do FUNPREV
ocorridas em 2013 e 2014, que não haviam sido apropriadas.”

Nos esclarecimentos prestados pela DICOP, através de Ofício n.º 237/2016, foi justificado o
seguinte:
O incremento em 2015 da Receita de Imposto de Renda Retido nas Fontes
sobre Rendimentos do Trabalho, se refere a receitas do Fundo de
Previdência do Servidor Público – FUNPREV do exercício de 2013 de
R$259.554.152,63 e 2014 no total de R$314.265.391,26 não contabilizadas
no FIPLAN, sendo contabilizadas no exercício de 2015, conforme
documentos em anexo.

No exame dos lançamentos citados na justificativa apresentada pela DICOP, efetuados em


2013 e 2014, depreende-se que houve autorização de repasse de recursos, ocorrendo a
saída de recursos da Conta Única do Estado para a conta do FUNPREV, sendo
contabilizado como receita do FUNPREV, na rubrica 45112010101 de Transferências
Recebidas para Execução Orçamentária.

Saliente-se que não foi consignado, no histórico dos lançamentos, o fato de se tratarem de
regularização ou de receitas reconhecidas a posteriori, de competência dos exercícios de
2013 e 2014, bem como ser relativa à parcela retida sobre a folha dos inativos.

128 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Registre-se que a situação financeira do FUNPREV, em 2014, apresentava-se deficitária,


conforme comentado das respectivas DCCEs:

Dessa forma, os aportes de recursos efetuados pelo Tesouro do Estado no


valor de R$997.992 mil, apresentados na conta Repasses Previdenciários
para cobertura de déficit financeiro, foram utilizados para cobrir o déficit
orçamentário do fundo.

Ademais, considerando o Princípio da Transparência, tais fatos deveriam ser objeto


comentário em Nota Explicativa específica, em consonância com o MCASP (Parte II,
capítulo 10), que orienta:

A NBC T 16.5, dispõe que o reconhecimento de ajustes decorrentes de


omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de
mudanças de critérios contábeis deve ser realizado à conta do patrimônio
líquido e evidenciado em notas explicativas.

Cabe registrar que o procedimento de reconhecer a receita em outro exercício, que não
aquele em que ocorreu sua efetiva arrecadação, contraria o inciso I, do art. 35 da Lei
4.320/64, o qual determina que pertencem ao exercício financeiro as receitas nele
arrecadadas, bem como o art. 39, que orienta: “os créditos da Fazenda Pública, de natureza
tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem
arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias”.

Quanto ao Imposto de Renda Retido na Fonte da folha de inativos, em virtude dos registros
ocorrerem entre subcontas no FIPLAN, a caracterização do evento administrativo de
“arrecadação” se materializou nos anos de 2013 e 2014, porém o reconhecimento da receita
no sistema orçamentário não se efetivou nos exercícios competentes, por inconsistência nos
procedimentos de contabilização.

2.4.2.2 Receita contabilizada no FUNPREV

Nas DCCEs de 2015, no item sobre Avaliação Atuarial – FUNPREV/BAPREV – Fatos


Relevantes (fl. 53), foi afirmado que:

Cessão de Direito de Operacionalização da Folha de Pagamento,


decorrente do Contrato n.º 01/2014 de Prestação de Serviços Financeiros e
outras avenças, entre o Banco do Brasil e o Estado da Bahia. Valor de
R$300.000.000,00. Este recurso foi registrado como receita
intraorçamentária para o Funprev em julho de 2015;

Adiante, no capítulo sobre Gestão Orçamentária, no tópico sobre Despesas Correntes do


Estado (fl. 70), foi afirmado:

O item Indenizações e Restituições do elemento 93 apresenta variação de


252,3% em relação ao exercício de 2014, decorrente da contabilização da
receita de cessão de uso no valor de R$ 300.000.000,00 que através do
Parecer GABPGE 018/2015 de 23/02/2015, foi definida como receita do
Fundo de Previdência dos Servidores Públicos (FUNPREV), onde na
unidade 80101 – Encargos Gerais foi empenhado esse valor como uma
despesa intra-orçamentária, na modalidade 91, e no fundo como uma
receita intra-orçamentária.

Ambos os registros são decorrentes de orientações jurídica e contábil constantes no


processo administrativo n.º 023279/2015-0, que revisaram entendimento em derredor do
contrato firmado entre o Estado e o Banco do Brasil, datado de 19/12/2014, cujas condições
podem ser sumariadas como segue:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 129


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Cláusula primeira (do Objeto) – onde são descritos os serviços bancários a serem
prestados pelo banco em caráter de exclusividade (18 incisos), dentre estes, a
centralização e processamento de 100% da folha; centralização e processamento da
movimentação financeira da Conta Única do Tesouro (CUT); das transferências
constitucionais, centralização de recebimentos e das aplicações financeiras do
Estado, bem como serviços “sem caráter de exclusividade” (11 incisos), sendo
alguns com isenção de tarifa, e outros com “utilização de cobrança bancária”, na
forma especificada, ou com “precificação a ser negociada”. Saliente-se que apenas
dois incisos tratam de serviços relativos ao Funprev, transcritos a seguir:

p) centralização da movimentação e aplicação financeira de titularidade do


Regime Próprio de Previdência Social (RPPS);
q) contratação dos serviços previdenciários do Regime Próprio de
Previdência Social (RPPS), mediante precificação a ser negociada na forma
das disposições do ANEXO XI;

• Cláusula nona (da Remuneração) – foi definido, como remuneração ao Estado, o


valor de R$711.014 mil, correspondente a R$11.850 mil “a cada um dos sessenta
meses de vigência”. Foi estabelecido, também, que em virtude de ter “sido adiantada
pelo BANCO ao ESTADO, por força do Contrato 01/2012, de 29/06/2012, que ora se
distrata, a quantia de R$411.014.992,68”, seria devido o restante, no montante de
R$300.000 mil, a ser pago pelo Banco, “de uma só vez” e “em até 15 (quinze) dias
úteis após a publicação do extrato”.

Consta no DOE, de 20 e 21/12/2014, a publicação dos extratos do citado contrato e do


“termo de distrato” relativo ao Contrato n.º 01/2012, firmado, também, em 19/12/2014.

Da leitura do pacto formulado entre o Banco e o Estado, observa-se que, no conjunto de


serviços a serem prestados, grande parte se refere a diversas atividades relacionadas ao
funcionamento normal dos diversos órgãos, relativas à arrecadação, pagamento,
agenciamento e movimentação. Alguns são relativos ao funcionamento dos sistemas de
previdência do Estado, que, saliente-se, são dois, o FUNPREV e o BAPREV, possuindo
controles quanto ao fluxo financeiro, de forma distinta, face às disposições estatutárias.

Da análise do pacto, entende-se que, a princípio, quanto ao montante da receita objeto da


transação decorrente, por ser oriundo, em sua maior parte, de direitos intrínsecos relativos
ao gerenciamento dos recursos movimentados e atividades realizadas pelo Estado, não se
revela pertinente a destinação do valor total da remuneração ao FUNPREV. Caberia,
possivelmente, apenas em parte ser atribuída de forma proporcional ao volume de
transações ou outros mais adequados às circunstâncias, entre os três entes envolvidos,
quais sejam, o Estado, o BAPREV e o FUNPREV.

Ocorre que a receita já havia sido objeto de registro orçamentário e patrimonial na Unidade
Encargos Gerais no ano anterior, consoante comentário constante nas contas de Governo
do ano de 2014.

Neste sentido, cabe registrar a fundamentação do pleito formulado pela SEFAZ à PGE
(Ofício GASEC n.º 032/2015), onde informa que “o valor ajustado ingressou efetivamente
nos cofres públicos, ocasião em que foram feitos os indispensáveis e necessários registros
contábeis e financeiros, configurando-se em superávit”, e requer da Procuradoria
manifestação quanto à possibilidade legal de proceder a transferência do recurso financeiro
para o FUNPREV, “a título de receita própria”.

Através do Parecer n.º GB-OGE-018/2015, o Procurador-Geral do Estado, manifestando-se


sobre a matéria, conclui nos seguintes termos:

130 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Nesta linha o contrato em tela foi firmado pelo Estado da Bahia para contratar
o Banco do Brasil S.A, com exclusividade, dentre outros serviços, a
centralização da movimentação e aplicações financeiras de titularidade do
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e a contratação de regimes
previdenciários ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), mediante
precificação a ser negociada na forma das disposições do Anexo XI.

Consoante já relatado, o referido contrato previu, ainda, o pagamento de


remuneração ao contratante, em virtude da celebração do ajuste, o que pode
ser considerado como resultado financeiro deste e, portanto, apropriável
como receita do Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores
Públicos do Estado da Bahia – FUNPREV. (Grifou-se)

Das análises promovidas, quanto ao aspecto legal da decisão administrativa de se efetivar a


transferência de recursos para os fundos previdenciários, não há o que se questionar.

Entretanto, considerando-se que o pacto refere-se a direitos relacionados à citada transação


comercial, que estabelece que apenas parte dos serviços serão prestados aos fundos
previdenciários, e, sendo as receitas contabilmente registradas no exercício de 2014,
acarretando nos respectivos efeitos no resultado orçamentário e patrimonial para o Estado,
a transferência financeira para o FUNPREV, efetivada em 2015, deveria ser caracterizada
como ato administrativo distinto, tendo em vista os elementos constantes no processo
administrativo n.º 023279/2015-0, que demonstram ser o principal elemento motivador a
redução do déficit do regime previdenciário relativo ao FUNPREV.

Por conseguinte, os procedimentos contábeis devem refletir o ato administrativo


considerando-se sua essência, qual seja, como aporte de recursos para o FUNPREV para
cobrir resultado deficitário.

Cabe informar que, através do Decreto Financeiro n.º 88, de 28/07/2015, foram abertos
créditos suplementares, mediante remanejamento de dotações orçamentárias, excesso de
arrecadação do Estado, superávit financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
da Bahia (FAPESB) e excesso de arrecadação de diversas Entidades, dentre as quais se
destaca o FUNPREV, no montante de R$300.000 mil.

2.4.2.3 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA)

Conforme registrado às fls. 72-75 das DCCEs, em 2015 foram pagas despesas no elemento
92 – Despesas de Exercícios Anteriores no montante R$1.678.113 mil, correspondente a
6,2% da RCL do exercício (4,3% da receita total arrecadada), realizadas por todos os
Poderes e nos diversos órgãos componentes da Estrutura do Poder Executivo, inclusive no
Ministério Público e na Defensoria Pública, conforme pode ser resumido na tabela a seguir:

Tabela 39 – DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES EM 2015 – COMPOSIÇÃO DO


SALDO POR PODER
Em R$
PODER/ÓRGÃO EMPENHADO LIQUIDADA PAGA RESTOS A PAGAR
Legislativo 4.897.523 4.897.523 4878619 18.904
Judiciário 89.505.800 89.505.800 89.505.080 720
Executivo 1.555.853.525 1.555.853.525 1.551.393.961 4.459.565
Ministério Público 31.623.833 31.623.833 31.623.833 –
Defensoria Pública 711.684 711.684 711.534 150
TOTAL 1.682.592.365 1.682.592.365 1.678.113.026 4.479.339
Fontes: Demonstrações Contábeis Consolidadas e FIPLAN Gerencial.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 131


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Saliente-se que, apesar de o procedimento ser amparado por dispositivos legais, deve ser
considerado na condição de exceção, pois a regra-geral é o reconhecimento dentro do
período de competência da despesa, devendo ser respeitadas as disposições da legislação,
em especial as de natureza orçamentária insculpidas na Lei n. 4.320/1964, principalmente o
descrito no art. 37, que define as circunstâncias para a formalização de despesas na
condição de DEA, quais sejam:
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento
respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las,
que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a
Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o
encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de
dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos,
obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

Neste sentido, todas as obrigações previsíveis, ou formalmente assumidas, pelos diversos


órgãos do Estado, até a data da efetiva aprovação da lei orçamentária anual, devem ser
objeto de levantamento ou estimativa por ocasião da elaboração da proposta do orçamento.

Alinhado com os ditames da Lei Federal n.º 4.320/1964, o Poder Executivo regulamentou os
procedimentos para processamento deste tipo de despesa através do Decreto Estadual n.º
181-A, de 09/07/1991, no qual estabeleceu, em seu artigo primeiro, as seguintes condições
a serem observadas:

I – despesas de exercícios encerrados, para os quais o orçamento respectivo


consignava crédito próprio, com saldo no final do exercício suficiente para
atendê-las, que não se tenham processado na época própria;

II – despesas de Restos a Pagar, com prescrição interrompida;

III – compromissos reconhecidos pela autoridade competente, ainda que não


tenha sido prevista a dotação orçamentária própria ou não tenha esta
deixado saldo no exercício respectivo, mas que pudessem ser atendidos em
face da legislação vigente.

Adicionalmente, o citado Decreto indica a necessidade de serem observadas as seguintes


formalidades, previstas nos incisos I e II, do art. 3º:
I – nas hipóteses dos incisos I e II do art. 1º:
a) ouvir a Inspetoria Setorial de Finanças, ou órgão equivalente, quanto à
existência de saldo orçamentário na respectiva dotação do exercício a que se
refere;
b) fundamentar no seu despacho de reconhecimento de débito as razões
pelas quais as despesas não foram empenhadas no exercício de origem.

II – na situação prevista no inciso III do art. 1º:


a) fundamentar as razões do não processamento no momento oportuno;
b) submeter à apreciação do Secretário ou ao dirigente dos órgãos
diretamente subordinados ao Governador.

Apesar da natureza de excepcionalidade dos gastos com DEA, observa-se que o montante
de despesas realizadas vem crescendo nos últimos anos, sendo em 2015 superior em
72,4% ao montante executado no ano anterior, tendência também observada no primeiro
trimestre de 2016, de forma mais acentuada no Poder Executivo, conforme demonstrado na
tabela abaixo:

132 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 40 – DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES – EVOLUÇÃO POR ANO


Em R$
2016
DETALHES 2013 2014 2015
(1º TRIMESTRE)
Legislativo 4.889.288 6.507.439 4.878.618 4.741.705
Pessoal e Encargos Sociais 4.192.452 6.335.828 4.404.037 4.579.563
Outras Despesas Correntes 690.826 143.531 474.581 162.142
Investimento 6.010 28.081 – –
Judiciário 88.813.768 63.516.897 89.505.080 85.556.421
Pessoal e Encargos Sociais 81.370.301 61.743.863 79.788.193 77.479.973
Outras Despesas Correntes 3.026.996 1.633.696 9.374.103 6.809.902
Investimento 4.416.472 139.339 342.784 1.266.546
Executivo 341.848.616 867.416.221 1.551.393.960 988.979.327
Pessoal e Encargos Sociais 13.407.516 77.360.896 242.464.880 39.209.357
Outras Despesas Correntes 247.165.634 613.793.777 798.860.234 711.908.920
Investimento 81.275.466 176.261.548 510.068.846 237.861.050
Ministério Público 52.713.954 33.138.845 31.623.833 20.809.139
Pessoal e Encargos Sociais 35.842.527 30.719.210 31.076.120 19.347.150
Outras Despesas Correntes 16.823.222 2.419.636 373.952 1.400.459
Investimento 48.205 – 173.761 61.530
Defensoria Pública 305.731 2.597.755 711.534 509.443
Pessoal e Encargos Sociais – 14.680 236.272 –
Outras Despesas Correntes 304.034 2.583.075 475.262 509.443
Investimento 1.697 – – –
TOTAL 488.571.357 973.177.158 1.678.113.025 1.100.596.035
Fonte: FIPLAN Gerencial.

Da análise da tabela, observa-se que há crescimento de pagamentos por meio DEA nas três
categorias de gastos indicadas. Ressalte-se que o pagamento por DEA é mais acentuado
com Pessoal e Encargos Sociais no Poder Executivo do que nos outros Poderes e Entes.

Diante do crescimento considerável dos pagamentos por meio de DEA, do seu impacto nas
análises da execução orçamentária, patrimonial e fiscal, e ante a complexidade para a
efetiva avaliação quanto à pertinência e observância das disposições legais ao seu
pagamento/liquidação, fez-se necessário o exame de uma amostra de processos,
objetivando, a priori, avaliar os reflexos na consolidação das contas públicas.

Nessa amostra foram incluídos processos de cinco secretarias, do Tribunal de Justiça e do


Ministério Público Estadual, de forma proporcional ao volume de despesas totais executadas
em 2015, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 41 – DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES – QUANTITATIVO DE


PROCESSOS SELECIONADOS PARA VERIFICAÇÃO
Em R$
VALOR TOTAL PERCENTUAL EM
QUANTIDADE DE
PODER/ÓRGÃO DOS RELAÇÃO AO TOTAL
PROCESSOS
PROCESSOS (%)
Poder Executivo 42 370.332.863 22,07
SESAB 18 113.838.090 6,78
SEC 10 112.591.805 6,71
SSP 4 54.551.679 3,25
SEDUR 4 47.682.475 2,84
SEINFRA 5 35.098.769 2,09
Tribunal de Justiça 17 46.274.256 2,76
Ministério Público 12 30.682.319 1,83
TOTAL 71 447.289.438 26,65
Fontes: FIPLAN e amostra da auditoria.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 133


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Nas análises promovidas, foram identificadas diversas inconsistências no processamento


das despesas, à luz do regramento vigente, sendo as mais importantes comentadas a
seguir.

2.4.2.3.1 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no Poder Executivo

Do exame nos processos de pagamento selecionados, cuja despesa se relacionava a


gastos de Pessoal e Encargos, foram identificadas falhas com:

• relação à motivação do ato – ausência de elementos ou informações, descritos de


forma suficiente para “fundamentar as razões do não processamento no momento
oportuno”, em consonância com o art. 3º do Decreto n.º 181-A/1991.

• relação à indicação do crédito orçamentário e a descrição da despesa – imprecisão


quanto aos detalhes, à natureza e origem da despesa, ao período que se referem
(competência), bem como à ausência de indicação da rubrica orçamentária a que
estaria vinculada nos exercícios anteriores, conforme demonstrado na tabela a
seguir:

Tabela 42 – DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES – PROCESSOS


SELECIONADOS REFERENTES A DESPESAS COM PESSOAL E
ENCARGOS
Em R$
SECRETARIA/ VALOR DA INDICAÇÃO DETALHES/OBSERVAÇÕES DO
N.º DO PROCESSO
ÓRGÃO LIQUIDAÇÃO DA DOTAÇÃO PROCESSO
SESAB / DG 1960100041500000483 18.436.796 Não Dezembro/2014
1110100011500055001 52.340.381 Não Folha especial 01/2015
1110100011500367593 32.194.685 Não VD 735 – 11/2015 e outros
SEC / DG 1110100011500266967 4.780.594 Não VD 735 – 09/2015
1110100011500296149 4.161.546 Não 10/2015
1110100011500368263 2.464.274 Não VD 735 – 12/2015
2080100281500018195 31.223.200 Não Folha especial 01/2015*
SSP / PMBA
2080100281500085712 6.986.542 Não VD 735 – Jan a Nov2015
2080200061500028111 4.438.973 Não VD 735 – Mar a Dez/2015
SSP / Polícia Civil
2080200061500007211 11.902.964 Não Folha especial 01/2015 – Férias
Fonte: Processos de pagamentos.
* Folha emitida em 19/12/2014.

Adicionalmente, em relação ao crédito orçamentário, verificou-se que, em três das cinco


secretarias selecionadas, o total de pagamentos como DEA, em 2015, relativos a gastos
com pessoal e encargos (grupo 1), foi superior ao saldo orçamentário do ano anterior,
conforme demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 43 – COMPARATIVO DE SALDO ORÇAMENTÁRIO E DEA PARA DESPESA


COM PESSOAL E ENCARGOS
Em R$
TOTAL SALDO DEA
ORÇADO FINAL
EMPENHADO ORÇAMENTÁRIO LIQUIDADO DIFERENÇA
DESCRIÇÃO 2014
2014 2014 2015
A b c=(a-b) d (c-d)
SEC 3.234.435.243 3.232.401.242 2.034.001 122.689.376 (120.655.375)
SESAB 1.490.641.000 1.485.119.401 5.521.599 28.301.251 (22.779.652)
SSP 3.288.954.522 3.240.306.805 48.647.717 57.964.135 (9.316.418)
SEINFRA 71.413.946 70.887.171 526.775 342.751 184.024
SEDUR 118.091.306 114.063.789 4.027.517 2.480.876 1.546.641
TOTAL 8.203.536.017 8.142.778.408 60.757.609 211.778.389 (151.020.780)
Fonte: FIPLAN.

134 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Do exame nos processos de pagamento selecionados, relativos a Despesa Correntes e de


Investimentos, foram identificadas as mesmas deficiências, como descrito a seguir:

• Com relação à motivação do ato – ausência de elementos e/ou informações,


descritos de forma suficiente para “fundamentar as razões do não processamento no
momento oportuno”, em consonância com o art. 3º do Decreto n.º 181-A/1991, à
exceção de 4 processos da Secretaria de Educação cujos argumentos encontram-se
descritos nos autos do processo de forma genérica.

• Com relação à indicação do crédito orçamentário e à descrição da despesa –


imprecisão nos detalhes quanto à natureza e origem da despesa, e/ou do período a
que se referem (competência), bem como da indicação da rubrica orçamentária a
que estaria vinculada nos exercícios anteriores, à exceção de 8 processos, conforme
demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 44 – DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES – PROCESSOS SELECIONADOS


REFERENTES A OUTRAS DESPESAS E A INVESTIMENTOS
Em R$
Grupo de Valor da Indicação da Detalhes/observações do
Secretaria/Órgão N.º do Processo
Despesa Liquidação Dotação processo
2640100021500007113 13.695.083 Não Medição: 16/09 a 15/10/2014
2640100021500000100 12.168.311 Não Medição: 16/11 a 15/12/2014
SEDUR / CONDER
2640100021500007512 11.671.867 Não Medição: 16/07 a 15/09/2014
2640100021500022821 10.147.214 Não Medição: 16/10 a 15/11/2014
Investimento 2480100011500002451 7.982.377 Não Período de competência: 08/2014
2480100011500002514 7.473.486 Não Período de competência: 09/2014
SEINFRA / DIT
2480100011500003693 5.977.010 Não Período de competência: 11/2014
2480100011500006943 4.905.406 Não Período de competência: 09/2014
1960100941500018673 8.983.731 Não Período de competência: 12/2014
1960100941500034997 8.710.067 (1) Período de competência: 11/2014
1960100941500070004 7.565.025 Não Período de competência: 07/2013
1960100831500000460 6.350.000 Não Período de competência: 12/2014
1960100831500000673 6.096.064 (1) Período de competência: 11/2014
1960100831500000691 5.869.904 (1) Período de competência: 12/2014
1960100831500073239 5.790.000 Não (4)
1960100831500000606 5.543.560 Não Período de competência: 10/2014
SESAB / FEAS 1960100941500111622 5.278.781 Não Período de competência: 12/2014
1960100831500057551 4.770.233 Não Período de competência: 12/2014
1960100831500012361 4.557.926 Não Período de competência: 11/2014
Outros 1960100831500020941 4.557.926 Não Período de competência: 12/2014
Despesas 1960100831500024025 4.555.698 Não Período de competência: 11/2014
Correntes 1960100831500034063 4.257.459 Não Período de competência: 11/2014
1960100831500023983 4.257.459 Não Período de competência: 12/2014
1960100831500056342 4.257.459 Não (3)
1960100831500000126 4.000.000 Não Período de competência: 10/2014
SEINFRA/AGERBA 2430200011500013286 8.760.490 Não Período de competência: 12/2014
Auto de Infração – INSS recebido
1110100011500077714 7.622.458 Não
pela Secretaria em 16/12/14
1110100011500062581 2.458.841 (2) Período de competência: 11/2014
SEC / DG 1110100011500060000 2.358.401 (2) Período de competência: 12/2014
1110100011500005004 2.182.000 (2) Período de competência: 11/2014
1110100011500005020 2.028.625 (2) Período de competência: 12/2014
Fonte: Processos de pagamento.
(1)
Dotação indicada da LOA 2013.
(2)
Saldo orçamentário indicado insuficiente ou zerado.
(3)
Processo sem indicação do período de competência da despesa – recebido no protocolo em 01/2015.
(4)
Processo de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Acrescente-se que as ocorrências identificadas, no processamento das despesas examinadas,


foram objeto de solicitação de esclarecimentos às respectivas Secretaria da Saúde e Educação
e da Polícia Civil (PC-BA).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 135


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A Superintendência de Recursos Humanos (SUPERH) da Secretaria da Saúde, através do


Ofício (SUPERH) n° 029/2016, apresentou as seguintes ponderações, em relação ao DEA
referente Despesas com Pessoal da Secretaria:

[...]
1. O presente procedimento ocorreu por conta da Secretaria da Fazenda do
Estado da Bahia – SEFAZ, orientar as unidades gestoras a empenhar,
liquidar e regularizar a folha de férias de 2014, no exercício financeiro
de 2015, conforme Oficio Circular DICOP / GECOR n° 014/2014 e Oficio
Circular DICOP n° 002/2015 anexos.

2. Observa-se que nos exercícios financeiros, exceto 2014, a


Superintendência de Recursos Humanos – SUPERH, sempre empenhou
e liquidou a folha de férias, dentro do próprio exercício financeiro, ficando
somente a regularização do pagamento no exercício subsequente como
Restos a Pagar – RP. (Grifou-se)

Em resposta ao pedido de esclarecimentos do TCE, o Fundo Estadual de Saúde, mediante


o Ofício FESBA/DIFIN n.º 110/2016, justificando as razões para o processamento de
despesas como DEA, comenta, dentre outros fatos, que:

[…]
Quanto a evidência de reconhecimento de débito, não será indicada nesta
resposta, por não ter sido realizado pelo Gestor.

Quanto a motivação para não ter sido realizado reconhecimento de débito,


não houve nenhuma plausível. O que ocorreu, foram falhas decorrentes
do grande volume de execuções no período; pela grande quantidade de
ligações dos Credores dos Processos contratualizados; pelo pagamento ter
ocorrido via Ofício, durante o fechamento de abertura do novo exercício e
principalmente pelo fato de ser rotina da Unidade Gestora e da SESAB,
procederem a execução da despesa, seguindo as normas estabelecidas
pela Legislação. (Grifou-se)

Em atenção à solicitação de esclarecimentos, a Secretaria de Educação, ao se justificar,


comenta sobre providências para melhoria dos procedimentos relativos aos processamento
de DEA, afirmando, dentre outras aspectos, que:

Em atendimento às diligências requeridas pelo Tribunal de Contas do


Estado da Bahia no Ofício DEA n° 01/2016 -OSE n° 50/2016 (fls. 01/02), as
quais versam sobre a motivação da realização de alguns pagamentos e
outros assuntos de natureza semelhante, informamos preliminarmente que
já estamos adotando o formulário padrão nos processos do presente
exercício em conformidade com o inciso I do art. 3º do Decreto 181-A/91
(segue minuta do formulário em anexo).

[...]

No que tange ao requerimento de identificação do período da despesa


realizada nos empenhos de numeração: 11101.0001.15.00010611 e
11101.0001.15.00095429, salientamos que o primeiro refere-se à folha
especial de janeiro e trata-se do período de férias de dezembro e, o
segundo, refere-se à folha normal de outubro e versa sobre o vencimento
acumulado de servidor civil desta Secretaria, sendo que, os dois processos
de pagamento foram devidamente regularizados e contabilizados, conforme
se comprova no relatório emitido pela SAEB que também segue em anexo.
(Grifou-se)

136 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

O Departamento de Planejamento, Administração e Finanças (DPAF), da Polícia Civil da


Bahia, em seus esclarecimentos, apresentados no Ofício 934/2016/DEPAF, dentre outros
aspectos, afirmou:
[…]
O processo de pagamento da folha especial (empenho
20802.0006.15.00006551) refere-se ao mês dezembro de 2014.
Entretanto, a SAEB utilizou a numeração 01/2015, no relatório que emitiu,
fato que levara o servidor responsável pelo Empenho a registrar a referida
numeração na capa do processo. (Grifou-se)

Os esclarecimentos apresentados corroboram a necessidade de aprimorar os


procedimentos de controle interno, específicos para o processamento deste tipo de
despesa, bem como quanto à observância dos aspectos conceituais e legais inerentes à
execução de DEA.

2.4.3.2 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no Tribunal de Justiça e Ministério


Público

No Ministério Público e Poder Judiciário, a amostra de processos se restringiu àqueles


relacionados à Despesas com Pessoal e Encargos, sendo identificado que se referem,
basicamente, a pagamentos aos Magistrados e Procuradores, efetuados através de folha de
pagamento, na rubrica Rendimentos Recebidos Acumuladamente (RRA), relativos à decisão
judicial oriunda de 2009.

A citada decisão de 2009, emanada do Conselho Nacional de Justiça, determinou o


pagamento aos Magistrados e membros do Ministério Público de verba denominada
“Parcela Autônoma de Equivalência”, devida nos exercícios de 1994 a 2001, derivada de
pedido relativo à diferença remuneratória relativa ao “Auxílio Moradia”. Em virtude do
montante elevado dessas “indenizações”, os gestores do Tribunal de Justiça e do Ministério
Público decidiram pelo pagamento escalonado nos exercícios de 2009 e seguintes,
considerando a disponibilidade financeira do Estado em cada ano.

Com base em esclarecimentos apresentados pelos gestores de ambos os órgãos, verificou-


se que os pagamentos do Ministério Público Estadual ocorreram, em 2015, pelos valores
mensais de R$6.500,00 a R$7.500,00 por procurador e, no Tribunal de Justiça houve “o
parcelamento individual de R$6.500,00”. Saliente-se que esta dívida não foi totalmente
amortizada em 2015, pois, em ambos os órgãos, persistem parcelas a serem pagas nos
exercícios seguintes.

Ante a tais elementos, percebe-se que o pagamento desses valores era previsível antes da
elaboração do orçamento de 2015, portanto, deveria ser reservada dotação orçamentária
para fazer face a estes compromissos, possibilitando, consequentemente, a execução da
despesa de forma regular.

2.4.2.4 Pagamento de multas e juros de mora

Através do exame das Despesas de Exercícios Anteriores, verificou-se o pagamento pela


Unidade Orçamentária Assessoria de Planejamento da Secretaria de Educação, no
montante de R$7.622 mil, referentes à parte do Auto de Infração da Receita Federal pelo
não recolhimento, em exercícios anteriores, de contribuição patronal devida sobre serviços
de terceiros pessoa física, denominados como PST, sendo R$3.415 mil do principal e
R$4.207 mil de multa e juros de mora. Entretanto, o registro contábil foi promovido pelo valor
integral, erroneamente no subelemento 32 (Serviços Contratação).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 137


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Saliente-se que nas DCCEs de 2015 inexistem informações sobre o volume de gastos
realizados pelo Estado relacionados com os acréscimos moratórios, sendo observada na
Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP), na coluna de Variações Patrimoniais
Diminutivas, no item relativo às despesas com Juros e Encargos de Mora, a apresentação
de saldo zero.

Ante tais evidências, objetivando verificar o volume de despesas relacionadas com multas e
juros de mora, foi realizada consulta ao FIPLAN Gerencial (sistema orçamentário),
identificando-se que foram contabilizadas liquidações que totalizaram o valor de R$8.962
mil, nos subelementos de despesa 16 (Tributos e Multas Quando Previstos em Contrato) e
51 (Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas a Tributos), conforme
tabela a seguir:

Tabela 45 – DEMONSTRATIVO DE DESPESAS NOS SUBELEMENTOS RELATIVOS AO


PAGAMENTO DE MULTAS E JUROS DE MORA – Saldos em 31/12/2015
Em R$
TOTAL
DESCRIÇÃO
LIQUIDADO
Elemento 39 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica 6.967.354
Subelemento 16 Tributos e Multas Quando Previstos em Contrato 3.740.100
Subelemento 51 Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas a Tributos 3.227.254
Elemento 92 DEA (Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica) 1.994.936
Suplemento 16 Tributos e Multas Quando Previstos em Contrato 575.977
Subelemento 51 Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas a Tributos 1.418.959
TOTAL 8.962.290
Fonte: FIPLAN Gerencial.

No mesmo sentido, verificou-se no sistema patrimonial o saldo nas rubricas representativas


deste tipo de despesa, pelos montantes ilustrados na tabela a seguir:

Tabela 46 – CONTAS DE DESPESAS RELATIVAS AO PAGAMENTO DE MULTAS E


JUROS DE MORA (SISTEMA PATRIMONIAL) – SALDOS EM 31/12/2015
Em R$
SALDO EM
CÓDIGO DETALHES
31/12/2015
332313709 Acréscimos moratórios por atraso no pagamento de tributos 834.403
332313995 Acréscimos moratórios por atraso no pagamento de tributos 141.467
332313916 Tributos e multas quando previstos em contrato 839.429
332313951 Multas não decorrentes de obrigação contratual ou relativas a tributos 3.243.246
TOTAL 5.058.545
Fonte: FIPLAN balancete.

Com base em amostragem, foi promovido exame nos registros das Unidades Orçamentárias
com maior volume de lançamentos nestas rubricas, quais sejam: 19601 (Fundo Estadual de
Saúde) e 80101 (Encargos Gerais do Estado). Consoante descrito no histórico dos
lançamentos, verificou-se que foram relativos a encargos pelo atraso no pagamento de
tributos e contratos, conforme exemplos a seguir:

Tabela 47 – PROCESSO DE DESPESAS RELATIVAS AO PAGAMENTO DE MULTAS E


JUROS DE MORA
Em R$
CÓDIGO DA UNIDADE RESUMO DO HISTÓRIO DO
DATA CREDOR VALOR
ORÇAMENTÁRIA LANÇAMENTO
80101 21/12/2015 BNDES Multa sobre prestação acessória 357.000
19601 07/12/2015 RFB Processo 41172 juros INSS 43.028
19601 04/09/2015 RFB Serv. prestados referente mês maio 2015 59.973
19601 24/08/2015 RFB Pagamento multa de INSS 58.803
Fonte: Registro do Passivo por Competência (RPC).

138 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Observa-se, nas rubricas contábeis citadas, a incidência reduzida de lançamentos relativos


a encargos de mora sobre contas de consumo. Promoveu-se questionamento à unidade da
estrutura da SAEB, responsável pelo monitoramento dos gastos com contas de consumo de
água e energia, sobre o volume de gastos com despesas de consumo em 2015. Em
resposta à solicitação de informações, a Coordenação de Serviços Auxiliares, através de
email datado de 07/03/2016, apresentou quadro demonstrativo com os gastos de tais tipos
de despesa onde consta que, no exercício de 2015, foram incluídas, nas contas de consumo
das diversas unidades e órgãos componentes da estrutura do Poder Executivo, despesas
com multas e juros no montante de R$6.846 mil, relativas a contas emitidas pela EMBASA,
e R$2.188 mil relativas à Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA).

Ressalte-se que as deficiências nos procedimentos de contabilização deste tipo de despesa


prejudicam a evidenciação adequada dos eventos nas Demonstrações Contábeis, e,
consequentemente, na avaliação da gestão dos recursos públicos, não sendo possível
quantificar, com razoável grau de confiabilidade, o total despendido pelo Estado em 2015,
com despesas desta natureza.

Ademais, os dispêndios de recursos para pagamento de multas e juros de mora, por não
atender à finalidade pública, devem ser objeto da devida apuração, mediante processo
administrativo próprio, para a verificação dos fatores que contribuíram para sua ocorrência,
bem como apuração, se decorrentes, ou não, de ação ou omissão de agente público, e da
responsabilidade do gestor público para a sua consecução.

2.4.2.5 Considerações sobre a execução de Despesas de Exercícios Anteriores em


montante elevado

Dos exames realizados, pode-se inferir que o não reconhecimento das despesas no Balanço
Orçamentário do exercício correto decorre, em parte, por deficiência de controle interno de
execução e por insuficiência de saldo orçamentário em determinado elemento, programa,
dentre outros. Contudo, a inexistência de dotação orçamentária para fazer face a
determinadas despesas no próprio exercício, e consequente limitação do gestor em
reconhecer no ano a despesa corretamente, não se revela como suficiente para justificar o
“represamento” de despesas.

Nesse sentido, percebe-se que as falhas nas estimativas do total de despesas, utilizadas na
elaboração da Lei Orçamentária Anual, contribuem, de forma determinante, para o
processamento da despesa como DEA.

A LDO de 2015 (Lei Estadual n.º 13.190/2014) dispõe, de forma semelhante à dos
exercícios anteriores, dentre outros regramentos, o que segue:

Art. 16 – A estimativa de receita será feita com a observância estrita das


normas técnicas e legais e considerando os efeitos das alterações da
legislação, da variação dos índices de preços, do crescimento econômico
ou de qualquer outro fator relevante.

Art. 17 – A estimativa da despesa, além dos aspectos considerados no


artigo anterior, deverá adotar metodologia de cálculo compatível com a
legislação aplicável, o comportamento das despesas em anos anteriores
e os efeitos decorrentes de decisões judiciais.

Art. 18 – A Secretaria do Planejamento, órgão central do Sistema Estadual


de Planejamento, com base na estimativa da receita, efetuada em conjunto
com a Secretaria da Fazenda, e tendo em vista o equilíbrio fiscal do Estado,
estabelecerá o limite global máximo para a elaboração da proposta
orçamentária de cada órgão da Administração Direta do Poder Executivo,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 139


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

incluindo as entidades da Administração Indireta e os fundos a ele


vinculados.

Art. 19 – A Lei Orçamentária conterá dotação global denominada "Reserva


de Contingência", constituída exclusivamente dos recursos do Orçamento
Fiscal, em montante equivalente a até 3% (três por cento) da Receita
Corrente Líquida do Estado, apurada nos termos do inciso IV do art. 2º da
Lei Complementar Federal n.º 101/00, a ser utilizada no atendimento a
passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos,
conforme preconizado na alínea "b" do inciso III do art. 5º do referido
dispositivo legal, inclusive na abertura de créditos adicionais na forma do
disposto no art. 82 desta Lei. (Grifou-se)

Ressalte-se que tais disposições estão alinhadas com as melhores práticas de elaboração
orçamentária, que requerem elementos adequados de controle e acompanhamento das
receitas e despesas, bem como com os princípios orçamentários, indicados expressamente
no art. 2º da Lei Federal n.º 4.320/1964, in verbis:

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de


forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho
do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e
anualidade. (Grifou-se)

Da mesma forma, a Constituição Estadual em seu art. 159, que trata das Leis de iniciativa
do Poder Executivo, reforça a necessidade de observância a tais princípios, destacando,
dentre outros aspectos que:

§ 5º – A lei orçamentária anual compreenderá:


I – o orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, referente
aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administração direta,
autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; (Grifou-
se).

A inobservância dos princípios e dispositivos constitucionais, de regramentos legais, bem


como as falhas na elaboração da LOA, as deficiências nos controles internos e as
inconsistências na contabilização das despesas no exercício próprio, impactam diretamente
nos saldos apurados nas DCCEs do exercício em análise, tanto pelo efeito das despesas,
de 2014, contabilizadas neste exercício, como, daquelas reconhecidas em 2016, porém
inerentes à 2015.

Os exames realizados pela Auditoria, quando da análise das presentes contas de Governo,
foram desenvolvidos a partir de critério amostral. Para a confirmação da exatidão dos saldos
de DEA em 2015 e 2016, considerando-se as despesas liquidadas durantes os exercícios
em comento e tendo como critério os requisitos legais aplicáveis, faz-se necessário que a
Administração promova um reexame aprofundado para determinar o impacto total nas
DCCEs de 2015 e de 2016.

2.4.3 RECEITA PÚBLICA

A receita pública representa a totalidade dos recursos arrecadados pelo Estado, sendo
gerida pelo Poder Executivo por meio da SEFAZ, que tem como finalidade formular,
coordenar e executar as funções de administração tributária do Estado, exceto quanto às
taxas cartorárias, arrecadadas e geridas pelo Poder Judiciário, mas escrituradas como
receitas tributárias pela SEFAZ.

140 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

A Lei Estadual n.º 13.225/2015, estimou em R$39.091.321.000,00 a receita do Estado da


Bahia (Administração Direta e indireta) para o exercício financeiro de 2015. Essa previsão
foi atualizada para R$41.581.582.315,00 nos demonstrativos publicados. O montante
efetivamente arrecadado no exercício atingiu R$39.213.169.665,73, representando 94,30%
do valor previsto atualizado, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 48 – COMPORTAMENTO DA RECEITA ARRECADADA EM RELAÇÃO À


PREVISTA ATUALIZADA (2012-2015)
Em R$
TÍTULO 2012 2013 2014 2015
Receita Prevista Atualizada 31.550.770.273,00 37.319.343.305,00 39.195.473.402,00 41.581.582.315,00
Receita Arrecadada 31.986.172.747,14 35.223.977.256,22 37.937.830.906,90 39.213.169.665,73
(Frustração de Receita)/Excesso de
Arrecadação 435.402.474,14 (2.095.366.048,78) (1.257.642.495,10) (2.368.412.649,27)
% de (Frustração)/Excesso 1,38 (5,61) (3,21) (5,70)
Fonte: FIPLAN.

No exercício de 2015, no âmbito da Administração Direta e Indireta, a execução da receita


orçamentária do Estado da Bahia apresentou a seguinte composição:

Tabela 49 – EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA NO EXERCÍCIO DE 2015


Em R$
PREVISTO % EXECUTADO
DESCRIÇÃO REALIZADO (B)
ATUALIZADO (A) (B/A)
Receitas Correntes 35.138.371.672,00 34.786.961.065,31 99,00
Receita Tributária 22.671.883.480,00 22.435.236.825,37 98,96
(-) Dedução de Receita Tributária (2.742.252.300,00) (2.804.252.722,71) 102,26
Receita de Contribuições 2.713.204.829,00 2.232.873.023,28 82,30
(-) Dedução de Receita de Contribuições – (243.251,56) –
Receita Patrimonial 551.271.637,00 1.004.348.272,89 182,19
(-) Dedução de Receita Patrimonial – (24.916.694,30) –
Receita Agropecuária 1.171.432,00 394.383,91 33,67
Receita Industrial 133.640,00 0,00 –
Receita de Serviços 217.248.816,00 150.737.655,57 69,38
(-) Dedução de Receita de Serviços – (259.482,05) –
Transferências Correntes 12.685.694.263,00 12.520.978.804,60 98,70
(-) Dedução de Transferências Correntes (1.666.050.516,00) (1.646.073.247,44) 98,80
Outras Receitas Correntes 722.305.453,00 968.824.699,76 134,13
(-) Dedução de Outras Receitas Correntes (16.239.062,00) (50.687.224,33) 312,13
Receitas Correntes Diversas – 22,32

Receitas de Capital 3.988.326.019,00 1.555.666.110,96 39,01


Operações de Crédito 1.857.643.339,00 1.015.834.047,74 54,68
(-) Dedução de Operações de Crédito – (637.944,98) –
Alienação de Bens 12.378.000,00 18.443.020,56 149,00
(-) Dedução de Receita Alienação de Bens – (27.082,02) –
Amortização de Empréstimos 250.143.000,00 168.821.425,95 67,49
Transferências de Capital 1.866.670.585,00 354.842.819,33 19,01
(-) Dedução de Transferências Capital – (1.610.175,62) –
Outras Receitas de Capital 1.491.095,00 0,00 –
Receitas Intraorçamentárias Correntes 2.454.884.624,00 2.870.542.489,46 116,93
(-) Dedução de Rec. Intraorçamentárias Correntes – (277.916,33) –
TOTAL 41.581.582.315,00 39.213.169.665,73 94,30
Fontes: DOE de 30/01/2016 e FIPLAN.

As receitas intraorçamentárias referem-se à contribuição patronal para o FUNPREV que, a


partir do exercício de 2007, passaram a ser contabilizadas separadamente da contribuição
dos servidores para o Fundo (Receita de Contribuições).

O MCASP – Parte I Procedimentos Contábeis Orçamentários, 6ª edição, aprovado pela


Portaria Conjunta STN/SOF n.º 01, de 10/12/2014 e pela Portaria STN n.º 700, de
10/12/2014, define as deduções de receita orçamentária conforme está transcrito a seguir:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 141


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No âmbito da administração pública, a dedução de receita orçamentária é


utilizada nas seguintes situações, entre outras:

a. Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que


pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente (se não houver a
previsão como despesa); e

b. Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente.

Se a receita arrecadada possuir parcelas destinadas a outros entes


(repartição tributária), a transferência poderá ser registrada como dedução
de receita ou como despesa orçamentária, de acordo com a legislação em
vigor.

Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses fatos não devem


ser tratados como despesa orçamentária, mas como dedução de receita
orçamentária, pois correspondem a recursos arrecadados que não
pertencem à entidade pública e não são aplicáveis em programas e ações
governamentais sob a responsabilidade do ente arrecadador, não
necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a sua execução.

A contabilidade utiliza conta redutora de receita orçamentária para


evidenciar o fluxo de recursos da receita orçamentária bruta até a líquida,
em função de suas operações econômicas e sociais.

2.4.3.1 Receita Tributária

Principal fonte de recursos do Estado, a Receita Tributária foi de R$19.630.984.102,66,


deduzida do valor relativo à conta retificadora, no montante de R$2.804.252.722,71. Essa
receita representou 56,43% da Receita Corrente, R$34.786.961.065,31, e 50,06% da receita
líquida total arrecadada no exercício de 2015, 39.213.169.665,73.

O valor bruto arrecadado foi inferior à previsão atualizada, ocasionando uma diferença de
R$236.646.654,63, o que representa, em termos relativos, uma frustração de receita de
1,04%.

A composição da Receita Tributária, no exercício de 2015, está demonstrada na tabela a


seguir:

Tabela 50 – RECEITA TRIBUTÁRIA ARRECADADA EM 2015


Em R$
TÍTULO VALOR %
Receita de Impostos 21.463.959.349,07 95,67
Receita de Taxas 971.277.476,30 4,33
TOTAL BRUTO 22.435.236.825,37 100,00
(-)Retificadora da Receita Tributária (2.804.252.722,71) (12,50)
TOTAL LÍQUIDO 19.630.984.102,66 87,50
Fonte: Anexo 10 da Lei n.º 4.320/64.

A receita obtida com o ICMS é o destaque entre as decorrentes dos impostos de


competência da esfera estadual, já que totalizou R$18.317.776.172,57, representando
85,34% da receita total com impostos.

Durante os últimos cinco anos, a receita com o ICMS apresentou o seguinte


comportamento:

142 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 51 – EVOLUÇÃO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS – 2011 a 2015


Em milhões de reais
ANO ARRECADAÇÃO VARIAÇÃO (%)
2011 10.397 –
2012 11.540 10,99
2013 13.391 16,04
2014 14.824 10,70
2015 15.636 5,48
Fonte: Balanço Geral do Estado 2011 a 2015.
Nota: Arrecadação registrada pelo seu valor líquido, deduzido o contabilizado na conta retificadora do ICMS.

A arrecadação líquida do ICMS, no exercício de 2015, foi superior em 5,48%, em termos


nominais, à do exercício de 2014, que alcançou o montante de R$14.824.193.373,43.
Considerando-se a inflação do período (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna –
IGP-DI/FGV, que foi de 10,70%), resta evidenciada uma queda real na arrecadação de
4,72% no exercício.

2.4.3.2 Outras Receitas Correntes

Os ingressos de recursos orçamentários no exercício de 2015, classificados como Outras


Receitas Correntes, totalizaram R$968.824.699,76. Deduzindo-se o valor de
R$50.687.224,33, correspondente à conta Retificadora de Outras Receitas Correntes, essa
receita atinge 130,04% do valor líquido estimado atualizado, que foi de R$706.066.391,00. A
composição dessas receitas está demonstrada na tabela a seguir.

Tabela 52 – OUTRAS RECEITAS CORRENTES


Em R$
VALOR
TÍTULO PREVISTO
REALIZADO % EXEC
ATUALIZADO
Multas e Juros de Mora 204.921.071,00 283.214.225,98 138,21
Indenizações e Restituições 250.670.178,00 282.535.707,61 112,71
Receita da Dívida Ativa 49.615.328,00 107.550.885,18 216,77
Receitas Diversas 217.098.876,00 295.523.880,99 136,12
TOTAL BRUTO 722.305.453,00 968.824.699,76 134,13
(-) Conta Retificadora de Outras Receitas Correntes (16.239.062,00) (50.687.224,33) 312,13
TOTAL LÍQUIDO 706.066.391,00 918.137.475,43 130,04
Fonte: FIPLAN.

2.4.3.3 Transferências Correntes e de Capital

As transferências correntes, que são aquelas provenientes de recursos recebidos de outras


pessoas de direito público ou privado para atender às despesas correntes, corresponderam,
no exercício de 2015, ao valor bruto de R$12.520.978.804,60. Deduzidas do valor de
R$1.646.073.247,44, concernente ao montante registrado na conta retificadora dessas
receitas, essas transferências representaram 31,26% do total da Receita Corrente.

Dentre essas receitas, destacam-se as Transferências Intergovernamentais


(R$12.406.513.743,82), que representaram 99,09% do total bruto. Nelas estão inseridos os
repasses da União, no montante de R$9.569.996.107,44, que, deduzidos da conta
retificadora, totalizaram R$7.942.417.441,77. Desse valor, a transferência mais relevante é
aquela relativa ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE), cuja cota-
parte repassada ao Estado da Bahia, expressa em seu valor bruto, atingiu o montante de
R$7.177.016.975,39 no exercício de 2015, o que equivale a 57,32% do total bruto registrado
na rubrica Transferências Correntes.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 143


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Além das Transferências da União, estão inseridas nas Transferências Intergovernamentais


Correntes as Transferências Multigovernamentais no montante bruto de R$2.836.517.636,38
que, deduzidos os valores da conta retificadora, totalizaram R$2.818.379.929,00. Essa
receita é destinada ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Os recursos são contabilizados nas
contas Transferências de Recursos do FUNDEB e Transferências de Recursos da
Complementação da União ao FUNDEB. As Transferências do FUNDEB são objeto de
comentários no item 2.3.2 Educação.

No exercício de 2015, o Estado da Bahia recebeu transferências constitucionais da União no


montante de R$9.587.412.132,68, referentes às transferências correntes e de capital.
Deduzindo-se o valor da conta retificadora das transferências correntes, obtém-se o valor
líquido de R$7.959.833.467,01. O comportamento dessas transferências, nos últimos dois
exercícios, está demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 53 – TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS DA UNIÃO


Em R$
DESCRIÇÃO 2014 2015
Corrente Líquida 7.770.197.139,48 7.942.417.441,77
Participação na Receita da União 7.104.002.985,02 7.471.928.076,42
Cota-Parte do FPE 6.822.364.461,06 7.177.016.975,39
Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados – Estados Exportadores de
Produtos Industrializados (IPI) 273.932.490,11 263.829.337,50
Cota-Parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) 7.706.033,85 31.081.309,82
Outras – 453,71
Outras Transferências 2.193.152.226,26 2.098.068.031,02
Transferências de Recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) 1.494.162.049,60 1.512.568.052,81
Transferência da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Naturais 367.703.297,32 258.150.368,34
Transferências de Recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) 184.671.910,90 194.770.668,02
Outras 146.614.968,44 132.578.941,85
(–) Retificadora de Transferências da União (1.526.958.071,80) (1.627.578.665,67)
Capital 9.371.796,70 17.416.025,24
Transferência de Recursos do SUS 4.713.872,00 17.416.025,24
Outras Transferências 4.657.924,70 –
TOTAL LÍQUIDO 7.779.568.936,18 7.959.833.467,01
Fonte: FIPLAN.

Conforme se depreende da tabela anterior, as transferências constitucionais da União


apresentaram um crescimento nominal de 2,32% em relação a 2014.

Já as transferências de capital, provenientes de recursos recebidos de outras pessoas de


direito público de outra esfera de Governo ou de direito privado para atender despesas de
capital, importaram em R$354.842.819,33. Deduzidas do valor de R$1.610.175,62,
concernente ao montante registrado na conta retificadora dessas receitas, essas
transferências representaram 22,71% do total da receita de capital. Tais transferências
tiveram a previsão atualizada para R$1.866.670.585,00, tendo a arrecadação correspondido
a 18,92% desse valor.

Essas transferências são compostas das Transferências Intergovernamentais, no montante


bruto de R$17.416.025,24 (recursos transferidos da União), e daquelas oriundas de
Convênios, no total bruto de R$337.426.794,09.

No que se refere às Transferências de Convênios oriundas da União, é possível observar do


exposto na tabela a seguir que, quando comparadas com as de 2013, houve crescimento de
104,00% no exercício de 2014 e queda de 30,76% no exercício de 2015.

Além disso, no exercício de 2015 houve queda da ordem de 66,06% em relação ao de 2014,
o que demonstra uma diminuição do nível dos recursos transferidos a título de convênios.

144 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 54 – TRANSFERÊNCIAS DE CONVÊNIOS DA UNIÃO


Em R$
DESCRIÇÃO 2013 2014 2015
Corrente Líquida 176.416.990,70 262.484.452,74 100.284.573,76
Transferências de Convênios 176.416.990,70 262.667.860,57 100.516.666,15
(-) Retificadora de Transferências Convênios União – (183.407,83) (232.092,39)
Capital Líquida 452.329.008,07 1.020.169.081,82 335.030.808,51
Transferências de Convênios 452.329.008,07 1.030.742.485,16 336.640.984,13
(-) Retificadora de Transferências Convênios União – (10.573.403,34) (1.610.175,62)
TOTAL 628.745.998,77 1.282.653.534,56 435.315.382,27
Fonte: FIPLAN

2.4.3.4 Receita Corrente Líquida (RCL)

O § 3º do art. 2º da Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a Receita Corrente


Líquida (RCL) deve ser apurada somando-se as receitas recolhidas no mês em referência e
nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.

Conforme demonstrado na tabela a seguir o valor publicado da RCL referente ao exercício


de 2015 foi de R$27.207.610.584,58.

Tabela 55 – RCL PUBLICADA


Em R$
DISCRIMINAÇÃO VALOR PUBLICADO
Receita Corrente 39.120.540.383,65
(–) Transferências Constitucionais e Legais (5.147.554.497,20)
(–) Contribuições Prev. Assist. Social Servidor (2.232.629.771,72)
(–) Compensação Financeira entre Regimes (199.166.211,81)
(–) Dedução da Receita para Formação do FUNDEB (4.333.579.318,34)
(=) Receita Corrente Líquida 27.207.610.584,58
Fontes: Demonstrativo publicado no sítio da SEFAZ (18/01/2016) e cálculos da auditoria.

A RCL, no exercício de 2015, foi superior em 5,17%, em termos nominais, à do exercício de


2014, que alcançou o montante de R$25.870.525.219,40. Entretanto, considerando-se a
inflação do período com base no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna – IGP-
DI/FGV, que foi de 10,70%, restou evidenciada uma queda de 5,26%. Não foram
observadas diferenças significativas entre as parcelas que levam ao valor publicado da RCL
e aquelas correspondentes à apuração do TCE.

2.4.3.5 Renúncia de receita

O conceito de renúncia está estabelecido no § 1º do art. 14 da Lei de Responsabilidade


Fiscal (LRF):
Art. 14

[…]

§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,


concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.

Na Lei Orçamentária referente ao exercício de 2015, Lei Estadual n.º 13.225/2015, consta o
Demonstrativo da Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita, em atendimento ao
inciso II do art. 5º da LRF. Nesse demonstrativo é informado que, na estimativa das receitas
orçamentárias, tais renúncias já foram expurgadas para o cálculo dos tributos
correspondentes, de modo a não se observar impacto na receita.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 145


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A previsão de renúncia de receita constante no Anexo das Metas Fiscais da Lei Estadual n.°
13.190/2014 (LDO), para o exercício de 2015, foi de R$3.213.363.000,00. O demonstrativo
da renúncia de receita prevista e da realizada para o exercício de 2015, por quadrimestre, é
apresentado a seguir:

Tabela 56 – RENÚNCIA DE RECEITA ESTIMADA NA LOA E REALIZADA POR


QUADRIMESTRE NO EXERCÍCIO DE 2015
Em R$ mil
PREVISTA QUADRIMESTRE TOTAL (E) = % REALIZADO
SETOR/PROGRAMA
NA LOA (A) 1º (B) 2º (C) 3º (D) (B) + (C) + (D) (E/A)

Informática 1.950 135 1 – 136 6,97


FAZBAHIA 16.904 4.610 3.839 3.783 12.232 72,36
PROALBA 41.477 10.247 6.104 14.454 30.805 74,27
PROAUTO 658.562 114.415 101.478 81.348 297.241 45,13
DESENVOLVE 2.387.053 695.809 693.192 758.446 2.147.447 89,96
Outros 107.417 30.755 29.812 32.383 92.950 86,53
TOTAL 3.213.363 855.971 834.426 890.414 2.580.811 80,31
Fontes: LOA/2015 e demonstrativos encaminhados pela Diretoria de Planejamento da Fiscalização da SEFAZ em 18/06/2015,
03/11/2015 e 09/03/2016, mediante correspondência eletrônica.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) informou que o Estado da Bahia firmou


105 protocolos de intenções em 2015, com previsão de investimentos de
R$18.652.100.000,00 e geração de 31.449 empregos, entre diretos e indiretos, conforme
detalhamento apresentado na tabela seguinte:

Tabela 57 – PROTOCOLOS DE INTENÇÕES FIRMADOS EM 2015, POR


QUADRIMESTRE
N.º DE INVESTIMENTOS NOVOS EMPREGOS A
QUADRIMESTRE
PROTOCOLOS PREVISTOS (Em R$ MIL) SEREM GERADOS
1º 11 9.904.500 7.932
2º 41 4.254.600 15.302
3º 53 4.493.000 8.215
TOTAL 105 18.652.100 31.449
Fontes: Ofícios n.ºs 135/2015, 263/2015 e 008/2016 do Gabinete do Secretário da SDE.

2.4.3.5.1 Benefícios concedidos às empresas no âmbito do Programa DESENVOLVE

O Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia


(DESENVOLVE), instituído pela Lei Estadual n.º 7.980, de 12/12/2001, tem por objetivo
fomentar e diversificar a matriz industrial e agroindustrial, com formação de adensamentos
industriais nas regiões econômicas e integração das cadeias produtivas essenciais ao
desenvolvimento econômico e social e à geração de empregos e renda no Estado.

De acordo com os demonstrativos encaminhados pela Diretoria de Planejamento da


Fiscalização da SEFAZ, o valor total da renúncia de receita do Programa DESENVOLVE em
2015 foi de R$2.147.447 mil.

Em relação a essa situação, e atendendo à notificação do TCE, a SEFAZ apresentou


esclarecimentos, considerando que os incentivos concedidos por meio do DESENVOLVE
são de natureza financeira. Entretanto, ainda que os incentivos concedidos por meio desse
programa tivessem essa natureza, estariam sujeitos ao quanto disposto no inciso IV,
parágrafo único, do art. 1º da Lei Complementar n.º 24, de 07/01/1975:

146 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Art. 1º As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de


mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios
celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta
Lei.

Parágrafo único. O disposto neste artigo também se aplica:

[...]

IV – A quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais,


concedidos com base no imposto de circulação de mercadorias, dos quais
resulte redução ou eliminação direta ou indireta, do respectivo ônus; [...].

Considerando-se que a liquidação antecipada da parcela do imposto com prazo dilatado e a


redução dos juros ensejam renúncia efetiva de receita para o Tesouro Estadual, esses
benefícios deveriam estar respaldados em convênios no âmbito do Conselho Nacional de
Política Fazendária (CONFAZ).

Como já abordado em relatórios referentes a Contas Governamentais de exercícios


anteriores, não foram encontradas evidências de que o DESENVOLVE esteja amparado por
Convênio no âmbito do CONFAZ e nem a SEFAZ, em respostas, apresenta termos de
convênios assinados.

2.4.3.5.2 Fiscalização das empresas com benefícios fiscais

A Portaria Conjunta n.° 78, de 29/10/2004, das Secretarias da Fazenda (SEFAZ) e da


Indústria, Comércio e Mineração (SICM), atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico
(SDE), constituiu a Comissão de Acompanhamento de Empreendimentos Incentivados pelo
Governo da Bahia, com competência para fiscalizar o cumprimento, pelas empresas
empreendedoras, dos compromissos assumidos nos protocolos de intenções firmados com
o Governo do Estado, especialmente quanto aos números de empregos gerados, de
investimentos realizados, níveis de produção alcançados e cronogramas de implantação.

Por meio do Ofício CG n.º 135, de 26/06/2015, a SDE informou que essas visitas técnicas
não estavam sendo realizadas, em razão de insuficiência orçamentária.

De acordo com informações prestadas pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico,


mediante o Ofício CG n.º 263, de 05/10/2015, “[...] com o decorrer do tempo, a referida
Comissão perdeu a finalidade precípua e esvaziou-se de ações”. Outrossim, ele ressaltou
que providências estavam sendo tomadas para sanar as falhas no monitoramento dos
empreendimentos incentivados, que passará a ser implementado virtualmente, por
intermédio do Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos (SAI).

Já por meio do Ofício GASEC n.º 008, de 17/02/2016, o Secretário da SDE informou que o
ambiente de produção do novo Módulo de Acompanhamento no SAI foi validado em
dezembro de 2015. E complementou:

Insta informar que o ambiente de produção do novo módulo do SAI já sofreu


as validações necessárias e até o final de fevereiro de 2016, em curso, as
empresas já apresentarão seus correspondentes relatórios.

Ainda assim esta Secretaria promoverá visitas técnicas in loco estratégicas


a 03 (três) dos empreendimentos incentivados que forem contemplados
com os maiores benefícios fiscais, garantindo, assim, o integral
acompanhamento desta política de investimentos pelos meios eletrônico e
presencial.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 147


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Ressalte-se que essas medidas estão previstas no Plano de Ação para Atendimento às
Recomendações do TCE das Contas de Governo do Exercício de 2014, encaminhado pela
Auditoria Geral do Estado (AGE).

Conclui-se, portanto, que não foram realizadas visitas técnicas ao longo de 2015 pela SDE.
Desse modo, verifica-se que a Secretaria continuou descumprindo a obrigação de fiscalizar
os empreendimentos incentivados, em desatendimento ao que determina o art. 2º da
Portaria Conjunta n.° 78/2004, in verbis:

Art. 2º Compete à comissão ora constituída fiscalizar o cumprimento, pelas


empresas empreendedoras, dos compromissos assumidos nos Protocolos
de Intenções firmados com o Governo do Estado, especialmente quanto ao
número de empregos gerados, investimentos realizados, níveis de produção
alcançados e cronogramas de implantação.

§ 1º No acompanhamento dos empreendimentos a que se refere esta


Portaria, os membros da Comissão poderão fazer visitas técnicas aos
empreendimentos incentivados e solicitar informações e relatórios às
empresas empreendedoras.

§ 2º A Comissão emitirá relatórios das visitas técnicas realizadas e das


análises das informações obtidas, para alimentação de sistema
informatizado de acompanhamento dos investimentos.

§ 3º Sempre que necessário, a Comissão emitirá pareceres conclusivos


sugerindo medidas a serem adotadas pela Secretaria da Indústria,
Comércio e Mineração e da Fazenda.

Com o objetivo de averiguar o cumprimento das obrigações pactuadas nos protocolos de


intenções firmados com o Estado da Bahia, este TCE solicitou informações a seis empresas
beneficiárias desses acordos a respeito de:

• investimentos realizados e faturamento, face aos valores estimados nos protocolos;

• quantitativo de empregos diretos criados; e

• cumprimento da obrigação de contratar menores aprendizes e pessoas portadoras


de necessidades especiais.

Ainda com esse desiderato, foram realizadas visitas in loco aos referidos empreendimentos.
Como resultado, tem-se a destacar:

• no tocante à realização dos investimentos estimados, apenas uma empresa superou


o montante previsto. Duas outras empresas, apesar de não terem atingido o total do
investimento estimado para implantação, já estão com plantas industriais em
produção. As demais ainda se encontram em processo de modernização e
ampliação;
• em relação ao faturamento, todas as empresas visitadas ultrapassaram os valores
estimados;

• com referência ao quantitativo de empregos diretos a serem criados, cinco empresas


atingiram o estabelecido nos protocolos;

• no que se refere às contratações de pessoas portadoras de necessidades especiais,


observou-se que uma das empresas selecionadas descumpriu esta obrigação legal;
e

148 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

• quanto à contratação de menores aprendizes, também se verificou que apenas uma


das empresas não realizou contratações de pessoas com esse perfil.

A política adotada pelo Estado da Bahia para atração de novas indústrias, bem como para a
ampliação de unidades já implantadas, mediante concessão de benefícios fiscais (renúncia
de receita), configura-se efetivamente como diminuição da arrecadação tributária, tornando
assim a fiscalização do cumprimento dos protocolos um poder-dever do Estado concedente
desses benefícios, especialmente no que se refere aos investimentos realizados pelas
empresas beneficiadas e aos empregos gerados.

Recomenda-se que a SDE envide esforços para implementar no mais curto prazo possível o
mencionado Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos, visando
à efetiva fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções firmados com o Estado.
Esta providência, aliada a visitas in loco, deve ser adotada de modo a prevenir possíveis
prejuízos aos cofres públicos na execução desses acordos.

2.4.3.6 Receitas de Operações de Crédito

As operações de crédito totalizaram R$1.015.196.102,66, representando 54,65% da sua


previsão atualizada (R$1.857.643.339,00) e 65,18% das Receitas de Capital
(R$1.557.600.198,58) recolhidas pelo Poder Executivo. Em relação ao exercício anterior
(R$1.422.045.632,97), o volume das receitas de operações de crédito obteve decréscimo
nominal de 28,61%.

As receitas de operações de crédito internas e externas originaram-se das seguintes


liberações por contrato:

Tabela 58 – RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR CONTRATO


Em R$
CONTRATO INSTITUIÇÃO VALOR %
Externo 78.066.392,11 7,69
SWAP BIRD 35.491.450,00 3,50
PDRS BIRD 15.700.000,00 1,55
Pró Semi-Árido FIDA 9.077.367,29 0,89
PROFISCO BID 7.465.382,82 0,74
PROSUS BID 6.340.000,00 0,62
PDA BID 3.992.192,00 0,39
Interno 937.129.710,55 92,31
PROGRAMA INVESTIMENTO BB 562.740.000,00 55,43
Lei n.º 12.814/2013 Mobilidade Urbana II CEF 202.429.683,59 19,94
PRÓ-INVESTE BNDES 106.490.682,99 10,49
Lei n.º 12.595/2012 – CPAC CEF 44.876.508,05 4,42
MAP 1 – Lauro de Freitas – 406 CEF 9.322.201,62 0,92
Moradia/Saneamento IV (Falha Geológica) CEF 6.415.048,39 0,63
CAS – Pró Transporte CEF 2.421.551,82 0,24
Pró-Moradia/Saneamento Lei n.º 8.893/2003 CEF 1.217.268,19 0,12
PMAE – Modernização PGE BNDES 1.105.936,69 0,11
MAP 1 SSA – Cabrito – 406.151-27 CEF 110.829,21 0,01
TOTAL 1.015.196.102,66 100,00
Fontes: Demonstrativo para Contabilidade e Relatório de Liberações por Contrato da Diretoria do Tesouro da SEFAZ.

2.4.4 DESPESA PÚBLICA

A despesa do Poder Executivo Estadual para o exercício financeiro de 2015, fixada pela Lei
Estadual n.º 13.225/2015 (LOA/2015), foi de R$33.809 milhões. Com a abertura de créditos
adicionais no montante de R$4.616 milhões, representando 13,65% da previsão inicial, a
despesa autorizada alcançou R$38.425 milhões.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 149


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Em 2015, foram liquidadas despesas pelo Poder Executivo no valor de R$35.503.306.165,


entretanto, assim como nos exercícios anteriores, foi observada divergência entre os valores
obtidos mediante consulta ao FIPLAN/FIPLAN Gerencial e os apresentados nos
demonstrativos das DCCEs, que foi de R$35.504.256.438, consoante demonstrativo (fls.
633).

2.4.4.1 Classificação da Despesa

2.4.4.1.1 Classificação institucional da despesa

A despesa liquidada por Secretaria/Órgão do Estado apresentou o seguinte comportamento


no exercício de 2015:

Tabela 59 – DESPESA SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL


Em R$
PODER E SECRETARIA/ÓRGÃO VALOR %
Executivo 35.503.306.165 100,00
EGERAIS 7.891.118.332 22,23
SAEB 7.426.244.921 20,92
SEC 5.418.724.326 15,26
SESAB 4.581.663.905 12,90
SSP 4.408.596.838 12,42
SEFAZ 1.176.579.087 3,31
SEDUR 1.010.053.492 2,84
SEINFRA 460.168.354 1,30
SIHS 434.676.933 1,22
SDR 393.317.174 1,11
SEAP 363.478.958 1,02
SJDHDS 361.400.739 1,02
SETRE 254.069.037 0,72
SECULT 238.317.496 0,67
SEAGRI 190.552.555 0,54
SEMA 177.095.512 0,50
SDE 167.329.001 0,47
PGE 128.270.496 0,36
SECOM 121.474.647 0,34
SECTI 101.006.869 0,28
SEPLAN 56.494.884 0,16
SETUR 37.153.872 0,10
CMG 29.900.096 0,08
Casa Civil 27.541.607 0,08
GABGOV 23.294.800 0,07
SEPROMI 9.171.825 0,03
SPM 8.295.056 0,02
SERIN 5.374.440 0,02
Gabinete do Vice Governador 1.940.913 0,01
Judiciário 2.146.371.537
Legislativo 873.304.273
Ministério Público 525.760.787
Defensoria Pública 164.539.428
TOTAL 39.213.282.190
Fonte: FIPLAN Gerencial.

150 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


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Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.4.4.1.2 Classificação funcional e programática da despesa

A despesa liquidada por função de governo, demonstrada por grandes áreas de aplicação
de recursos, encontra-se na tabela a seguir:

Tabela 60 – DESPESA POR FUNÇÃO


Em R$
FUNÇÃO 2014 % 2015 %
Funções Sociais 17.118.832.871 47,54 18.303.410.994 46,68
Saúde 5.826.047.747 16,18 6.014.437.062 15,34
Previdência Social 4.973.339.753 13,81 5.663.231.171 14,44
Educação 4.963.226.701 13,78 5.410.390.249 13,80
Direitos da Cidadania 467.137.143 1,30 394.089.500 1,00
Assistência Social 303.607.397 0,84 337.000.097 0,86
Cultura 252.298.242 0,70 234.059.044 0,60
Desporto e Lazer 241.965.135 0,67 169.684.718 0,43
Trabalho 91.210.753 0,25 80.519.154 0,21
Funções Típicas do Estado 7.369.934.243 20,47 8.193.634.525 20,90
Segurança Pública 3.999.564.226 11,11 4.386.284.916 11,19
Judiciária 1.868.227.033 5,19 2.146.237.179 5,47
Legislativa 769.663.745 2,14 843.212.592 2,15
Essencial à Justiça 732.479.239 2,03 817.899.838 2,09
Funções de Infraestrutura 1.985.881.811 5,52 2.121.968.046 5,41
Urbanismo 506.144.168 1,41 764.663.029 1,95
Saneamento 585.732.610 1,63 544.608.411 1,39
Transporte 670.517.421 1,86 476.987.851 1,22
Habitação 52.355.025 0,15 193.557.773 0,49
Comunicações 144.892.833 0,40 123.089.839 0,31
Energia 26.239.755 0,07 19.061.143 0,05
Funções de Produção 1.220.120.293 3,39 880.862.413 2,25
Agricultura 595.661.086 1,65 361.302.713 0,92
Comércio e Serviços 352.255.434 0,98 270.538.810 0,69
Indústria 139.309.734 0,39 140.526.578 0,36
Ciência e Tecnologia 129.517.430 0,36 100.755.710 0,26
Organização Agrária 3.376.609 0,01 7.738.603 0,02
Encargos Especiais 6.600.966.842 18,33 7.959.083.200 20,30
Administração 1.555.650.903 4,32 1.563.050.251 3,99
Gestão Ambiental 154.962.253 0,43 191.149.505 0,49
Relações Exteriores – – 123.256 0,00
TOTAL 36.006.349.216 100,00 39.213.282.190 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

As funções mais representativas por volume de recursos foram Encargos Especiais, Saúde,
Previdência Social, Educação e Segurança Pública, que, juntas, participaram com 75,06%
da despesa executada.

A despesa liquidada do Poder Executivo, por programa, destacados aqueles de maior


volume de recursos, pode ser assim demonstrada:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 151


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 61 – DESPESA POR PROGRAMA – PODER EXECUTIVO


Em R$
PROGRAMA 2014 % 2015 %
Executivo 32.711.118.261 100,00 35.503.306.165 100,00
Ações de Apoio Administrativo do Poder Executivo 10.469.318.392 32,01 11.276.376.390 31,76
Operação Especial 6.641.372.679 20,30 7.965.219.635 22,44
Pacto pela Vida 3.670.791.689 11,22 4.110.788.928 11,58
Bahia Saudável 3.993.531.148 12,21 4.027.336.279 11,34
Fortalecimento da Educação Básica 3.279.565.709 10,03 3.642.268.985 10,26
Educação Superior no Século XXI 802.826.522 2,45 962.865.268 2,71
Mobilidade e Acessibilidade Urbana 380.349.525 1,16 644.296.225 1,81
Água para Todos - PAT 568.344.487 1,74 544.407.063 1,53
Logística Integrada de Transporte 511.779.966 1,56 388.275.237 1,09
Ressocialização: Direito do Interno e do Cumpridor de
Penas e Medidas Alternativas 345.834.607 1,06 271.876.435 0,77
Modernização da Gestão Pública 127.968.118 0,39 235.824.674 0,66
Vida Melhor - Oportunidade para Quem Mais Precisa 293.841.634 0,90 220.655.576 0,62
Bahia Esportiva 184.452.794 0,56 172.960.684 0,49
Moradia Digna 104.232.677 0,32 135.230.284 0,38
Comércio e Serviços Estratégicos 73.180.830 0,22 111.309.680 0,31
Relação Governo-Sociedade 118.829.078 0,36 109.864.854 0,31
Demais programas 1.144.898.405 3,50 683.749.970 1,93
Legislativo 805.658.079 873.304.274
Judiciário 1.868.452.080 2.146.371.537
Ministério Público 472.129.111 525.760.787
Defensoria Pública 148.991.685 164.539.428
TOTAL 36.006.349.216 39.213.282.190 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

Como visto, entre os programas finalísticos destacam-se o Bahia Saudável (segurança


alimentar), o Pacto pela Vida (segurança pública transversal e integrada) e o Fortalecimento
da Educação Básica, que juntos englobaram 33,18% das despesas liquidadas.

A distribuição apresentada na tabela anterior evidencia a falta de mecanismos de registro


das despesas que promovam a alocação adequada dos custos nos programas. Como
exemplo, o programa de Apoio Administrativo às Atividades das Secretarias, que em parte
se refere aos gastos com a aposentadoria dos servidores inativos e parte como despesa de
pessoal de diversas secretarias, devendo, portanto, ser alocada em programa específico
relativo à previdência e pelas diversas ações nas quais a mão de obra esteve efetivamente
alocada. Isso dificulta a avaliação e o monitoramento das ações governamentais,
prejudicando, também, a análise dos fatos e as observações consignadas no Relatório
Anual, peça componente das Contas do Governo, quanto aos aspectos de economicidade e
eficácia de cada programa.

Nesse sentido, a LRF, em seu art. 50, § 3º, estabeleceu que “a Administração Pública
manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial”, devendo a LDO apresentar normas relativas ao
controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos
dos orçamentos (art. 4º, I, alínea “e”).

2.4.4.1.3 Classificação da despesa por categoria econômica

Em relação à categoria econômica, na forma prevista no art. 12 da Lei n.º 4.320/1964, a


despesa pública é classificada em corrente (despesas de custeio e transferências correntes)
e de capital (investimentos, inversões financeiras e transferências de capital).

2.4.4.1.3.1 Despesas Correntes

As despesas correntes do Estado do exercício de 2015, no montante de R$35.745 milhões.


91,16% das despesas totais liquidadas, estão demonstradas por grupo na tabela a seguir:

152 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 62 – DESPESAS CORRENTES


Em R$
PODER MINISTÉRIO DEFENSORIA
GRUPO DE DESPESA
LEGISLATIVO JUDICIÁRIO EXECUTIVO PÚBLICO PÚBLICA TOTAL %
Pessoal e Encargos Sociais 736.935.935 1.740.020.319 17.350.769.574 468.514.545 133.165.781 20.429.406.155 57,15
Outras Despesas Correntes 133.436.636 339.503.241 581.085.271 52.123.880 28.397.864 1.134.546.893 3,18
Juros e Encargos da Dívida 14.181.541.990 14.181.541.990 39,67
TOTAL 870.372.571 2.079.523.560 32.113.396.836 520.638.426 161.563.646 35.745.495.038 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

2.4.4.1.3.2 Despesas de Capital

As despesas de capital do Estado, no montante de R$3.467 milhões, tiveram uma


participação de 8,84% na despesa total liquidada. A tabela a seguir apresenta a composição
dessa categoria, por grupo de despesa, no exercício de 2015.

Tabela 63 – DESPESAS DE CAPITAL


Em R$
PODER MINISTÉRIO DEFENSORIA
GRUPO DE DESPESA TOTAL %
LEGISLATIVO JUDICIÁRIO EXECUTIVO PÚBLICO PÚBLICA
Investimento 2.931.703 66.847.977 2.154.598.614 5.122.361 2.340.782 2.231.841.437 64,36
Inversões Financeiras – – 280.396.071 – 635.000 281.031.071 8,10
Amortização da Dívida – – 954.914.645 – – 954.914.645 27,54
TOTAL 2.931.703 66.847.977 3.389.909.329 5.122.361 2.975.782 3.467.787.152 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

2.4.4.2 Despesa com Pessoal e Encargos Sociais

A despesa com pessoal e encargos sociais atingiu, no exercício de 2015, o montante de


R$20.431.063.286,39, que, após deduzida a parcela de recursos vinculados, no valor de
R$3.820.493.454,17, referente à exclusão da dupla contagem dos valores pagos pelo
FUNPREV e BAPREV, perfez o total de R$16.610.569.832,22, com a seguinte composição:

Tabela 64 – COMPOSIÇÃO DAS DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS


Em R$
MINISTÉRIO DEFENSORIA
TÍTULO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO EXECUTIVO TOTAL
PÚBLICO PÚBLICA
Aplicações Diretas
Vencimentos e Vantagens Fixas
– Pessoal Civil 549.565.570,75 1.275.344.706,48 6.337.579.941,38 342.571.028,98 100.655.788,36 8.605.717.035,95
Aposentadorias e Reformas 11.900.105,84 – 4.864.346.711,18 – – 4.876.246.817,02
Obrigações Patronais 112.423.066,07 247.091.545,05 1.997.271.370,27 64.487.215,42 19.154.147,25 2.440.427.344,06
Vencimentos e Vantagens Fixas
– Pessoal Militar – – 1.933.604.677,70 1.954.455,21 – 1.935.559.132,91
Pensões 9.329.856,73 – 797.320.437,78 – – 806.650.294,51
Contratação por Tempo
Determinado – Pessoal Civil 26.110.235,96 – 357.754.594,60 – 6.955.948,76 390.820.779,32
Outras Despesas Variáveis –
Pessoal Civil 8.039.692,18 – 208.403.804,16 28.391.254,76 6.163.624,18 250.998.375,28
Sentenças Judiciais 791.852,83 136.350.445,31 145.279.199,00 – – 282.421.497,14
Outras Despesas Variáveis –
Pessoal Militar – – 260.336.992,55 – – 260.336.992,55
Outras Desp. de Pessoal –
Contrato Terceirização – – 16.296.732,98 – – 16.296.732,98
Despesas de Exercícios
Anteriores 4.418.731,34 79.788.192,88 242.787.914,94 31.076.120,96 236.272,87 358.307.232,99
Ressarcimento de Despesas de
Pessoal Requisitado 1.980.180,22 125.085,66 31.681.609,68 33.714,06 – 33.820.589,62
Outros Benefícios
Previdenciários 46.683,00 112.152,60 10.211.245,24 756,00 – 10.370.836,84
Indenizações Trabalhistas 9.355.953,11 1.208.191,22 149.196.622,62 – – 159.760.766,95
Contribuição a Entidades
Fechadas de Previdência 3.328.858,27 – – – – 3.328.858,27
SUBTOTAL 737.290.786,30 1.740.020.319,20 17.352.071.854,08 468.514.545,39 133.165.781,42 20.431.063.286,39
Recursos Vinculados* – – – – – (3.820.493.454,17)
TOTAL 16.610.569.832,22
Fonte: FIPLAN Gerencial.
* Referem-se à exclusão da dupla contagem dos valores pagos pelo FUNPREV e BAPREV.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 153


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

O total líquido das despesas com pessoal e encargos sociais aumentou em 18,94%,
comparadas às do exercício de 2014 (R$13.964.904.358,33).

A Portaria STN n.º 688, de 14/10/2005, introduziu na estrutura da despesa pública (Anexo II
da Portaria Interministerial STN/SOF n.º 163, de 04/05/2001) a modalidade de aplicação “91
– Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes
dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social”, com o objetivo de eliminar a dupla
contagem no recolhimento da contribuição patronal efetuado pelos entes públicos ao
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
A referida norma também disciplinou que a aplicação da nova modalidade pelos entes
públicos seria optativa, podendo os repasses aos regimes de previdência serem feitos de
acordo com os procedimentos constantes da Portaria STN n.º 504, de 03/10/2003.

O Estado da Bahia optou por utilizar a modalidade 91 para registro das contribuições
patronais realizadas pelos órgãos ou entidades ao Fundo Financeiro da Previdência Social
dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV) e ao Fundo Previdenciário dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia (BAPREV), não sendo mais contabilizadas na
modalidade “90 – Aplicações Diretas”.

• Gastos com Regime Especial de Direito Administrativo (REDA)

O Poder Executivo alocou recursos orçamentários para pagamento da despesa com Regime
Especial de Direito Administrativo (REDA), em 2015, no montante de R$369.709.666,85,
cerca de 12,26% a mais do que no exercício anterior (R$329.327.933,26).

Em 31/12/2015, encontravam-se vigentes 15.528 contratos sob o REDA nas diversas


unidades da Administração Direta e Indireta, ao passo que, no exercício anterior, o
quantitativo foi de 16.013, com um decréscimo de 2,96%, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 65 – QUANTITATIVO DE REDA – 2015/2013

QUANTIDADE (1)
PODER EXECUTIVO
2015 2014 2013
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
SEC 8.856 8.434 7.100
SESAB 215 307 661
SETRE 326 340 377
SAEB 1.112 1.251 1.240
SJCDH 85 112 178
SEAP 770 779 442
SEAGRI 466 685 909
SSP 211 265 355
SEMA 22 35 53
SEDES 17 36 45
SDE (Antiga Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração) 38 52 86
SECULT 129 162 158
SETUR 57 75 94
PGE 46 53 83
SEDUR 45 60 69
SECTI 13 16 17
Casa Civil 8 11 13
SEPROMI 22 28 25
SEDIR – 7 12
SERIN 12 15 16
SEPLAN 41 44 38
SECOPA – 37 37
SECOM 9 12 14
GABGOV 21 29 39
SPM 16 12 15
SEFAZ 10 12 15
SDR 284 – –
SJDHDS 134 – –
SEINFRA 16 – –

154 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

QUANTIDADE (1)
PODER EXECUTIVO
2015 2014 2013
SUBTOTAL 12.981 12.869 12.091
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
UNEB 206 248 203
ADAB 383 481 550
INEMA 45 73 157
UEFS 259 296 283
FUNDAC 01 136 209
UESB 125 145 171
IPAC 187 200 345
FUNCEB 135 177 129
DETRAN 386 385 301
UESC 57 77 98
HEMOBA 201 221 88
IRDEB 73 101 115
FPC 108 137 167
SEI – – 05
SUDESB 92 121 119
AGERBA 75 88 94
JUCEB 21 26 33
IBAMETRO 121 139 69
DERBA 16 20 32
MAUÁ 24 31 49
SUCAB 10 14 20
FAPESB 14 20 19
AGERSA 8 8 –
SUBTOTAL 2.547 3.144 3.256
TOTAL 15.528 16.013 15.347
Fonte: Sistema de Observação das Contas Públicas (MIRANTE).
(1)
Refere-se às contratações realizadas no período.

Os recursos orçamentários empenhados no exercício de 2015 (R$357.754.594,60) para


pagamentos dos contratados sob o REDA corresponderam a 2,06% do gasto total com
pessoal e encargos sociais do Poder Executivo no período (R$17.352.071.854,08),
enquanto no exercício anterior equivaleram a 2,09%.

A Constituição Federal determina, como regra geral para a admissão de pessoal na


Administração Pública, a prévia aprovação em concurso público, excepcionadas, contudo,
as nomeações para cargos em comissão e as contratações para atendimento de
necessidade temporária de excepcional interesse público, remetendo a regulamentação dos
casos para a órbita legal.

Coube ao legislador baiano, por meio da Lei Estadual n.º 6.677, de 26/09/1994, alterada
pelas Leis Estaduais n.o 7.992, de 28/12/2001 e Lei n.º 8.889, de 01/12/2003, indicar o rol
das hipóteses previstas como ensejadoras de contratações temporárias, conforme
regramento fixado no art. 253, in verbis:

Art. 253 [...]


I – combater surtos epidêmicos;
II – realizar recenseamentos e pesquisas, inadiáveis e imprescindíveis;
III – atender a situações de calamidade pública;
IV – substituir professor ou admitir professor visitante, inclusive estrangeiro;
V – atender a serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a pré-
determinação do prazo;
VI – atender às necessidades do regular funcionamento das unidades
escolares estaduais, enquanto não houver candidatos aprovados em
concurso, em número suficiente para atender à demanda mínima e nos
casos de substituição decorrentes de licença prêmio, licença maternidade
ou licença médica dos ocupantes de cargos de magistério público estadual
de ensino fundamental e médio;
VII – atender as funções públicas de interesse social, através de exercício
supervisionado, na condição de treinandos de nível técnico ou superior;
VIII – atender a outras situações de urgência definidas em lei.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 155


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Como se pode observar, do total dos servidores admitidos por REDA, cerca de 69,15%
encontram-se lotados nas Secretarias da Educação, da Administração e de Administração
Penitenciária e Ressocialização, cuja análise sobre a adequação e a legalidade dessas
contratações é objeto de apreciação específica por parte da Egrégia Primeira Câmara deste
Tribunal.

• Prestação de Serviço Temporário (PST)

O montante das despesas realizadas pelo Poder Executivo Estadual no elemento de


despesa 36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física atingiu em 2015 o valor de
R$147 milhões, inferior em cerca de 46,54%, ao do exercício anterior (R$275 milhões) e em
48,60% em relação a 2013 (R$ 286 milhões). Ressalte-se que a SEC, em 2015, foi
responsável pelo montante de R$102 milhões, representando 69,39% do montante liquidado
desse tipo de despesa.

Consoante o verificado em auditoria realizada em 2015, foram identificadas no período de


janeiro a julho de 2015, despesas decorrentes da contratação de serviços de professores e
assistentes administrativos no montante de R$51.320.525,79, em regime de Prestação de
Serviço Temporário (PST), classificadas no elemento 36 – Outros Serviços de Terceiros –
Pessoa Física, quando deveriam ter sido contabilizadas no elemento 34 – Outras despesas
de pessoal decorrentes de contratos de terceirização, uma vez que os profissionais
contratados destinaram-se à substituição de servidores. Essa falha de procedimento
compromete o cálculo da despesa total com pessoal, tendo em vista o estabelecido no § 1º,
do art. 18, da Lei Complementar n.º 101/2000, a seguir transcrito:

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa
total com pessoal […]

1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem


à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados
como “Outras Despesas com Pessoal”.

De forma a permitir a correta classificação da despesa com pagamentos dos prestadores de


serviços temporários pela Secretaria da Educação, com segregação das despesas
referentes à substituição de servidores e empregados públicos, no exercício de 2015 foi
implementada pela DICOP os seguintes subelementos no código do elemento de despesa
34 – Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização, visando
aperfeiçoar analiticamente a classificação da despesa: 1) subelemento 06 – Contratação
Direta de Professores da Secretaria da Educação em regime de PST, e; 2) subelemento 07
– Contratação Direta de Auxiliares Administrativos, em regime de PST, para a SEC. Releva
destacar que em consulta realizada no sistema FIPLAN Gerencial, constatamos que a partir
de agosto/2015 os valores do PST decorrentes da contratação de serviços de professores e
assistentes administrativos, passaram a ser contabilizados nos referidos subelementos.

Em que pese a Constituição Federal estabelecer como princípio para ingresso no serviço
público a realização de concurso, verifica-se que a Administração Estadual tem se valido da
contratação via REDA e, neste último exercício, conforme comentado anteriormente,
também por meio de PST, não se verificando, quanto a este último, marco legal que
discipline a sua utilização no âmbito do Estado da Bahia.

As despesas com Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física não foram consideradas
pelo Estado no cálculo do limite da Despesa com Pessoal. O impacto da inclusão dessas
despesas, na apuração dos limites da despesa com pessoal foi objeto de comentário no
item 2.3.3 Pessoal e Encargos Sociais deste Relatório.

156 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Faz-se oportuno recomendar a correta classificação das despesas com pagamentos dos
prestadores de serviços temporários, que se refiram à substituição de servidores, incluindo-
se o percentual relativo à cota patronal calculado com base nesse valor, a fim de que sejam
incluídas no cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, sem prejuízo da
adoção de providências que visem a descontinuar a política de contratação de pessoal, sob
a forma de PST.

Ressalte-se que os referidos gastos devem ser auditados pelas CCEs, de acordo com a
programação anual estabelecida por este TCE, momento em que serão verificados o
montante pago e o quantitativo de prestadores de serviço em substituição, ou não, de
servidores e empregados públicos.

2.4.4.3 Despesas relacionadas com seguridade social dos servidores

No exercício de 2015, os gastos realizados no âmbito da seguridade social importaram em


R$6.936.954.718,63 representando 19,54% do total das despesas liquidadas do Poder
Executivo, na forma a seguir apresentada:

Tabela 66 – DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES POR


ATIVIDADE
Em R$
DESCRIÇÃO VALOR %
FUNPREV 5.661.146.515,39 81,61
Encargos com Inativos Civis e Militares do Estado 4.864.183.726,12 70,12
Benefícios Previdenciários aos Dependentes 796.257.964,15 11,48
Restituições Financeiras 704.825,12 0,01
FUNSERV 1.273.723.547,80 18,36
Prestação de Assistência à Saúde dos Servidores Estaduais e seus Dependentes 1.248.032.380,64 17,99
Gestão do FUNSERV 18.951.919,58 0,27
Administração de Pessoal sob Regime Especial de Contratação 6.302.227,79 0,09
Auxílios Transporte e Alimentação aos Servidores e Empregados Públicos 437.019,79 0,01
BAPREV 2.084.655,44 0,03
Benefícios Previdenciários aos Dependentes 1.092.930,11 0,02
Encargos com Inativos Civis e Militares do Estado 974.247,42 0,01
Restituições Financeiras 17.477,91 –
TOTAL 6.936.954.718,63 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

O total das despesas com seguridade social dos servidores aumentou em 13,89% em
relação a 31/12/2014 (R$6.091.084.962,10).

Nos gastos ocorridos no âmbito do FUNPREV, constantes na tabela anterior, está incluso o
valor de R$1.842.737.716,66 relativo a despesas da Administração Direta para cobertura do
déficit financeiro do FUNPREV no referido exercício.

2.4.4.3.1 Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais


(PLANSERV)

O PLANSERV, instituído pela Lei Estadual n.º 7.435, de 30/12/1998, compreende o conjunto
de serviços de saúde, no âmbito da promoção, prevenção, assistência curativa e
reabilitação, prestados diretamente pelo Estado ou por instituições credenciadas. Cabe à
Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor (CAS), órgão da SAEB, exercer a gestão
do PLANSERV.

Os serviços de saúde do PLANSERV, em 2015, foram prestados a aproximadamente 499


mil beneficiários, por meio de uma rede de 1.538 unidades, entre clínicas, laboratórios e
hospitais, fornecendo cobertura para consultas, pronto-atendimento, emergências, exames
em geral, internações clínicas e cirúrgicas, assistência domiciliar, tratamentos seriados e
suporte medicamentoso. Conforme dados da Agência Nacional de Saúde – ANS (base –
dezembro/2015), o mercado de saúde suplementar na Bahia possui mais de 1,6 milhão de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 157


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

vidas vinculadas às operadoras de saúde. O PLANSERV ocupa 31% do total do referido


mercado.

Em 2005, a empresa Assessoria, Consultoria e Administração Previdenciária S/C Ltda.


(ACTUARIAL) realizou o estudo atuarial do Plano de Saúde e sugeriu a constituição de
Reserva Técnica no valor de R$90.676.854,36 para o Plano Básico e de R$30.237.651,60
para o Plano Especial, totalizando R$120.914.505,96. Tal reserva poderia ser feita
parceladamente em até 60 meses, resultando numa contribuição mensal adicional de 5%
sobre as mensalidades dos servidores públicos e do Governo do Estado. A constituição da
reserva técnica tem por objetivo proporcionar garantias financeiras ao Plano, protegendo-o
de riscos, a exemplo do envelhecimento da massa e de variações dos custos médicos por
ele cobertos.

A última avaliação atuarial promovida pelo PLANSERV ocorreu no ano de 2007 e foi
realizada pelo Escritório Técnico de Assessoria Atuarial S/S Ltda. (ETAA). O estudo teve a
finalidade de estabelecer o custo mensal e o valor da mensalidade a ser aplicado aos
produtos disponibilizados pelo plano de saúde. O parecer final apresentado indicou que “os
planos de assistência à saúde do FUNSERV, no seu todo, demonstram insuficiência na
arrecadação quando considerada a grade completa de receitas e despesas, incluindo, além
dos custos assistenciais, as despesas administrativas e provisões técnicas”.

A referida empresa apresentou proposta de modelo alternativo de custeio do PLANSERV,


sugerindo a aplicação de reajustes nos planos administrados pelo FUNSERV, levando em
consideração níveis salariais, faixas etárias e fatores moderadores de uso, a fim de dar
cobertura às atuais despesas assistenciais geradas e a compor a margem de segurança
estatística e as provisões técnicas do Fundo.

O PLANSERV, consoante informações extraídas do relatório de Prestação de Contas do


exercício de 2008, destacou a importância da constituição de reserva técnica sugerida pela
avaliação atuarial e iniciou o provisionamento dos valores. Entretanto, a aludida reserva não
foi constituída.

Em 2010 a administração do plano constituiu um fundo de reserva no valor de 70 milhões,


depositado em uma conta-corrente no Banco do Brasil, denominada SCU-BB FUNSERV –
Reserva Técnica, especificamente para esse fim. Convém ressaltar, no entanto, que a
aludida reserva ainda não foi legalmente constituída.

Os valores constantes da conta-corrente do fundo de reserva foram utilizados


eventualmente em função de necessidades de caixa e repostos sempre que os recursos
referentes às contribuições são depositados na conta-corrente de movimentação do
FUNSERV, mantendo-se seu valor original.

No entanto, a auditoria que examinou as contas de 2013, verificou, no sistema FIPLAN, que
o saldo da Reserva Técnica do FUNSERV em 31/12/2012, que era de R$70.000.000,00,
havia passado, em 31/12/2013, para R$50.000.000,00. Constatou-se, na documentação
disponibilizada pelo PLANSERV, que, em 13/12/2013, utilizou-se mais R$20.000.000,00
para pagamentos. Em 31/12/2015, o saldo da reserva foi de R$673.513,00, conforme
consulta realizada no FIPLAN por meio do Relatório FIP 630 – Razão Analítico da Conta
Contábil n.o 1.1.1.1.1.05.01.00.

No Relatório das Contas Governamentais de 2014 foram requeridos esclarecimentos ao


PLANSERV sobre a constituição da reserva técnica. Na ocasião, a unidade apresentou as
seguintes justificativas:

158 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

O PLANSERV tem características distintas dos planos de saúde em geral,


que têm como única fonte de recursos para pagamento de suas despesas
as receitas decorrentes dos pagamentos de seus associados.

Dentre as receitas que compõem a manutenção do Planserv, conforme


estabelecido no Capítulo II, art. 10, inciso II da Lei 9.528 de 21 de setembro
de 2005, está a Contribuição Patronal, que pode ser de até 5% (cinco por
cento) do total da folha de pagamento de todo o Estado, incluindo os
servidores que não fizeram adesão ao plano.

O PLANSERV, portanto, tem o patrocínio do Estado, que em última


instância responde pelos seus débitos e constitui a política de governo de
assistência à saúde dos servidores.

Ademais, os pagamentos dos beneficiários são vinculados em folha, de


forma que o risco de inadimplência é praticamente nulo.

Vale ressaltar que medidas de gestão foram adotadas no sentido de


promover a racionalização dos gastos, assim como possibilitar a projeção
das despesas assistenciais, minimizando ainda mais os riscos. A exemplo
da ampliação da implementação dos valores referenciais, estabelecimento
de políticas de incorporação de novas tecnologia e tabela próprias para
pagamento de insumos, sistema de autorizações prévias, dentre outros.

Assim sendo, consideramos este ponto de auditoria plenamente


superado, vez que a constituição de reserva técnica não se trata de
medida conveniente e oportuna para a conjuntura atual. (Grifou-se).

A constituição da reserva técnica proporcionaria garantias financeiras ao plano, protegendo-


o de riscos, a exemplo do envelhecimento da massa e de variações dos custos médicos por
ele cobertos.

Este Tribunal recomendou ao Governo do Estado que constituísse provisão para reserva
técnica, conforme sugerido pelos cálculos atuariais, para a cobertura do PLANSERV. A
Auditoria Geral do Estado (AGE) também vinha recomendando nesse sentido conforme se
verificou nos Relatórios de Auditoria n.º 32/2012 e n.º 17/2014, emitidos por essa unidade.

Sobre o assunto, no Balanço Geral do Estado, relativo ao exercício de 2015, foi publicada
nota explicativa nos seguintes termos:

RESERVA TÉCNICA FUNSERV PLANSERV


Resolução Normativa n.º 209, de 22/12/2009, da Agência Nacional de
Saúde Suplementar – ANS, dispõe sobre os critérios de manutenção de
Recursos Próprios Mínimos e constituição de Provisões Técnicas a serem
observados pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde.

As provisões obrigatórias constituídas procuram garantir a cobertura de


eventos ocorridos e dos ocorridos e não avisados. Após a sua constituição
contábil a operadora deve materializar essas garantias na forma de ativos
financeiros e/ou imóveis que devem possuir características de liquidez,
segurança e rentabilidade, garantindo a sua operação frente a despesas
futuras programadas e não programadas. Os Ativos Garantidores de
Reserva Técnica são aqueles ativos que garantem a constituição podem
ser: Móveis, imóveis, Renda Fixa, Renda Variável.

A avaliação atuarial realizada em 2005 tomou como base a resolução que


rege os planos de saúde privados, de natureza distinta do Planserv. O
Plano do Estado é financiando com a contribuição dos segurados e do
Estado, este último até o limite de 5% (cinco por cento), incidente sobre a

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 159


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

soma do valor bruto da remuneração mensal de todos os servidores,


independente de ser adeso ou não ao Plano. Com essas características, o
Planserv difere dos planos de saúde em geral, que têm como única fonte de
recursos as receitas decorrentes do pagamento de seus associados.

Portanto, o Planserv, tem o patrocínio do Estado, que em última


instância responde pelos seus débitos e constitui a política de
assistência à saúde dos servidores. Ademais, os pagamentos dos
beneficiários são vinculados em folha, consignados, de forma que o risco
de inadimplência é praticamente nulo. (Grifou-se).

No Plano de Ação para atendimento às recomendações do TCE relativo às Contas


Governamentais de 2014, no item 4, letra “p”, além de referenciar a nota do balanço geral,
registra-se que foram adotadas medidas de gestão no sentido de possibilitar a projeção das
despesas assistenciais, a exemplo da implementação dos valores referenciais de
procedimentos médicos, tabelas próprias para pagamento de insumos, sistemas de
autorizações prévias, identificação biométrica, como forma de minimizar ainda mais os
riscos.

Informa ainda que o PLANSERV tem se mostrado financeiramente equilibrado ao longo dos
anos mantendo em média reserva técnica equivalente a dois meses de despesas, que
aliada às medidas de aperfeiçoamento da gestão adotadas, fazem do PLANSERV “[...] um
dos mais sustentáveis do mercado de assistência à saúde”.

Não obstante as considerações trazidas pelo gestor acerca do equilíbrio do Fundo, da falta
de necessidade de constituição de reserva legalmente constituída e do patrocínio do
Estado, verificamos que em 2015 a situação patrimonial do FUNSERV foi negativa,
conforme demonstrado no item 2.4.4.3.2 Fundo de Custeio do Plano de Saúde dos
Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV).

Em 2015, dentre as ações realizadas pelo PLANSERV, destaca-se a continuidade do


processo de contratualização da rede médico-hospitalar via credenciamento, iniciado em
2007, importante para a ampliação da oferta de serviços aos beneficiários. Por meio desse
processo, todos os prestadores que preencham os requisitos estabelecidos em edital são
incorporados à rede PLANSERV.

Releva destacar as alterações na legislação da assistência aprovadas por meio da Lei


Estadual n.o 13.450, de 26/10/2015, modificando dispositivos da Lei Estadual n.º 9.528, de
22/06/2005, que reorganiza o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos
Estaduais. Dentre as mudanças, destaca-se as alterações na tabela de contribuição e na
alíquota da contribuição patronal, bem como a inclusão de agregados para titulares
pensionistas e ex-empregado de sociedade de economia mista, cuja extinção tenha sido
autorizada pela Lei n.o 13.204, de 11/12/2014.

2.4.4.3.2 Fundo de Custeio do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais


(FUNSERV)

A Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor (CAS), conforme art. 17, Seção XII, do
Regimento da SAEB, aprovado pelo Decreto Estadual n.º 16.106, de 29/05/2015, exerce a
gestão da assistência à saúde dos servidores públicos do Estado da Bahia.

O custeio do sistema de saúde do servidor, conforme dispõe o Regulamento do FUNSERV,


art. 2º, dar-se-á mediante contribuições arrecadadas dos segurados do PLANSERV e do
Tesouro Estadual, bem como de outras receitas que lhe forem atribuídas.

160 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

A contribuição dos segurados ocorrerá em valores proporcionais ao respectivo nível de


remuneração. A contribuição do Estado, que era correspondente ao montante necessário à
complementação mensal dos gastos autorizados com o PLANSERV até o limite de 5%, com
as alterações introduzidas pela Lei n.º. 13.450/2015, passou a ser calculada pelo percentual
fixo de 4% incidente sobre o valor da folha bruta mensal dos servidores contribuintes.

A previsão da receita orçamentária do FUNSERV para o exercício de 2015 foi de


R$1.272.633.000,00, sendo a efetiva arrecadação de R$1.224.979.896,49, conforme
demonstrado a seguir:

Tabela 67 – RECEITAS DO FUNSERV


Em R$
RECEITAS VALOR %
Contribuição dos Segurados 910.588.631,68 74,33
Contribuição da Administração 314.272.641,00 25,66
Outras Receitas Correntes 118.623,81 0,01
TOTAL 1.224.979.896,49 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

Registre-se que a receita de contribuição da administração teve um decréscimo em torno de


11,65% em relação à do exercício anterior (R$355.711.820,63). Já a receita de contribuição
dos segurados aumentou cerca de 11,17% (R$819.084.976,08).

As despesas liquidadas no exercício para cobrir os gastos com a manutenção do plano de


saúde, constantes na tabela a seguir, estão dispostas por elemento de despesa, para
melhor demonstração:

Tabela 68 – DESPESAS DO FUNSERV


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR %
Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica 1.248.881.366,57 98,05
Serviços de Consultoria 12.971.166,50 1,02
Contratação por Tempo Determinado – Pessoal Civil 6.178.698,77 0,49
Obrigações Tributárias e Contributivas 3.110.139,85 0,24
Despesas de Exercícios Anteriores 972.069,66 0,08
Sentenças Judiciais 616.368,16 0,05
Indenizações e Restituições 323.089,98 0,03
Auxílio-Alimentação 226.306,19 0,02
Auxílio-Transporte 210.713,60 0,02
Equipamentos e Material Permanente 182.285,00 0,01
Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física 29.773,44 –
Material de Consumo 11.020,58 –
Diárias – Pessoal Civil 10.549,50 –
TOTAL 1.273.723.547,80 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

Na rubrica Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica, que representa 98,05% da


despesa do exercício, estão registrados os gastos com a terceirização dos serviços médico-
hospitalares e com a gestão administrativa e operacional do PLANSERV.

Apresenta-se a situação patrimonial do FUNSERV, composta pelos ativos e passivos


financeiros seguintes:

Tabela 69 – SITUAÇÃO PATRIMONIAL DO FUNSERV


Em R$
VALOR
DESCRIÇÃO
31/12/2015 31/12/2014
Caixa e equivalente de Caixa de Bancos 7.214.045,65 153.205.540,44
Demais créditos a receber 426.500,00 426.500,00
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais à Pagar (106.910,66) (90.496,92)
Fornecedores e contas a pagar (11.809.391,96) (115.521.891,80)
Demais obrigações a curto prazo (1.017.494,38) (1.297.015,19)
SALDO (5.293.251,35) 36.722.636,53
Fonte: FIPLAN.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 161


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Da tabela anterior, verifica-se que houve uma redução significativa no saldo da conta Caixa
entre os exercícios de 2014 e 2015, o que demandou questionamentos à coordenação do
PLANSERV, por meio da Solicitação n.o 03-VC/2016. Em resposta, mediante o Ofício
FUNSERV n.o 222, de 05/05/2016, o gestor assim se pronunciou:

1 – A variação de valores na conta Caixa e Equivalentes de Caixa, no valor


de R$153.205.540,44 em 2014 corresponde a saldo bancário referente ao
disponível para pagamento dos Restos a Pagar no valor de
R$115.521.891,80 e R$37.683.648,64 correspondente ao excesso de
arrecadação verificado naquele ano.

2 – No ano de 2015, esta conta apresenta um valor de R$7.214.045,65 e


não houve excesso de arrecadação para fazer face a inscrição de Restos a
Pagar no valor de R$11.805.009,48, correspondentes aos saldos dos
empenhos das despesas dos meses de janeiro à novembro. Sobre o ano de
2015, temos ainda a esclarecer:

• A indisponibilidade financeira no valor de R$4.590.963,83, para o


pagamento dos Restos a Pagar, foi em função de receitas não
contabilizadas dentro do exercício de 2015.

• A disparidade da conta em referência de R$153.205.540,44 e


R$7.214.045,65 justifica-se também pelo fato de as despesas de
dezembro não terem sidas empenhadas dentro do exercício, sendo
então empenhadas como “Despesas de Exercícios Anteriores – DEA” no
ano seguinte, pela escassez de recursos financeiros.

Da resposta apresentada pelo Gestor denotam-se situações de ausência de registros de


receitas e despesas nas datas de ocorrência dos fatos, em desobediência ao princípio da
competência gerando distorções nas informações contábeis, a exemplo das contas
Fornecedor e Contas a Pagar. Assim como, subavaliação da situação patrimonial do
FUNSERV.

Ademais, cabe salientar que a situação apontada de escassez de recursos financeiros


destoa das informações de equilíbrio financeiro do FUNSERV e estabilidade ao longo dos
anos, conforme argumenta o gestor em resposta à formação de reserva técnica
recomendada por este TCE.

Também ficou evidenciado que a disponibilidade financeira do FUNSERV, no exercício de


2015, não apresentou saldo suficiente para a cobertura dos Restos a Pagar, não atendendo
ao disposto no art. 42 da LRF. Cabe ressaltar que, apesar de o referido artigo fazer
referência aos dois últimos quadrimestres do mandato do titular do Poder ou Órgão, é
recomendável que os gestores observem o princípio da prudência ao contrair obrigações
sem recursos suficientes para quitá-las.

2.4.4.4 Despesa com propaganda, promoção e divulgação da ação governamental

Em virtude da mudança no Plano de Contas do Estado da Bahia, em vista da implantação


do FIPLAN, os gastos relacionados com o planejamento e a execução das ações destinadas
a divulgar as realizações do Estado, anteriormente contabilizados no elemento de despesa
98 – Comunicação de Governo, passaram a ser registrados no elemento de despesa 39 –
Outros Serviços de Terceiros (Pessoa Jurídica), contemplando subelementos que registram
a publicidade legal (86), institucional (89), mercadológica (87) e de utilidade pública (87).

162 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

A mudança de sistemática da contabilização no sistema FIPLAN não permite a emissão de


relatórios que identifiquem as suplementações ocorridas nos subelementos das despesas.
Tal limitação impacta na transparência dos gastos e na atuação dos órgãos de controle,
impedindo a demonstração dos créditos orçamentários alocados às despesas realizadas
conforme evidenciado na tabela 70 – Despesas com Promoção e Divulgação da Ação
Governamental.

A Lei Orçamentária do exercício de 2015 estabeleceu a dotação inicial de


R$117.493.000,00, da qual foi liquidada a importância de R$107.243.967,71, conforme
demonstrado a seguir:

Tabela 70 – DESPESAS COM PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO DA AÇÃO GOVERNAMENTAL


Em R$
DESCRIÇÃO DOTAÇÃO INICIAL LIQUIDADO
Poder Legislativo 2.000.000,00 2.347.855,49
Assembleia Legislativa 2.000.000,00 2.239.666,10
Tribunal de Contas do Estado – 63.714,79
Tribunal de Contas dos Municípios – 44.474,60
Poder Judiciário 700.000,00 118.309,90
Tribunal de Justiça 700.000,00 118.309,90
Poder Executivo 113.884.000,00 103.872.053,68
Secretaria de Comunicação Social 92.000.000,00 81.675.301,67
Secretaria de Turismo 10.600.000,00 11.584.812,19
Secretaria da Educação 2.645.000,00 1.885.645,74
Secretaria da Administração – 1.690.529,68
Secretaria da Segurança Pública – 1.299.830,93
Secretaria da Saúde 7.624.000,00 1.202.012,05
Secretaria de Desenvolvimento Urbano – 714.087,72
Secretaria da Fazenda – 546.569,53
Secretaria de Desenvolvimento Econômico 15.000,00 508.938,40
Secretaria do Meio Ambiente – 364.915,33
Secretaria da Cultura – 293.957,58
Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – 291.713,14
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação – 267.571,63
Secretaria de Infraestrutura 50.000,00 218.473,01
Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização – 212.876,49
Secretaria Desenvolvimento Rural – 183.063,78
Secretaria do Planejamento – 181.150,80
Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos – 172.060,99
Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento 950.000,00 152.539,04
Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária – 148.011,08
Procuradoria Geral do Estado – 102.849,50
Casa Civil – 51.950,70
Casa Militar do Governador – 38.786,60
Secretaria de Políticas para as Mulheres – 30.527,50
Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – 16.216,20
Secretaria de Relações Institucionais – 15.129,30
Gabinete do Governador – 14.651,30
Gabinete do Vice Governador – 7.881,80
Defensoria Pública do Estado 700.000,00 754.519,56
Ministério Público do Estado 209.000,00 151.229,08
TOTAL 117.493.000,00 107.243.967,71
Fontes: FIPLAN Gerencial e LOA/2015 – Despesa com Propaganda, Promoção e Divulgação das Ações do Estado.

Acrescente-se ao montante de R$107.243.967,71 o valor de R$21.065.348,86, realizado por


meio do elemento de despesa 92 – Despesas de Exercícios Anteriores, totalizando
R$128.309.316,57.

A tabela a seguir contempla os valores liquidados relativos aos gastos com propaganda e
publicidade, segregados por finalidade:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 163


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 71 – DESPESA COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE POR FINALIDADE


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR %
89 – Publicidade Institucional 70.388.232,90 65,63
90 – Publicidade de Utilidade Pública 15.087.569,13 14,07
87 – Publicidade Mercadológica 11.347.039,58 10,58
86 – Publicidade Legal 10.421.126,10 9,72
TOTAL 107.243.967,71 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

A publicidade institucional, que representou 65,63% da despesa total com publicidade em


2015, tem por objetivo a prestação de contas do planejamento e das ações tomadas pela
Administração Pública. Refere-se à divulgação de campanhas, programas e notícias sobre
as atividades desenvolvidas pela Administração Pública.

O Poder Executivo do Estado da Bahia também instituiu o elemento de despesa 90 –


Comunicação Legal, destinado a atender a despesas com divulgação de atos oficiais do
Governo. No orçamento para o exercício de 2015, não foram previstos gastos nessa rubrica.

Registre-se, entretanto, que os valores informados pelas empresas estatais dependentes,


que integram o Orçamento Fiscal, divergem daqueles constantes do sistema de
contabilidade do Estado, classificados no Elemento de Despesa 39, que deve agregar todos
os gastos relativos a propaganda e publicidade.

Tabela 72 – DESPESA COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE DAS EMPRESAS ESTATAIS


DEPENDENTES
Em R$
VALOR
EMPRESA ELEMENTO 39 DIFERENÇA
INFORMADO
BAHIATURSA 14.309.369,43 11.515.576,94 2.793.792,49
CONDER – 610.822,45 (610.822,45)
CERB 127.012,66 101.879,36 25.133,30
CAR 3.240,09 148.023,18 (144.783,09)
CBPM 168.060,84 214.541,85 (46.481,01)
EBDA 85.578,75 16.000,00 69.578,75
BAHIAPESCA – 58.927,73 (58.927,73)
TOTAL 14.693.261,77 12.665.771,51 2.027.490,26
Fontes: Informações prestadas pelas empresas e FIPLAN Gerencial.

Essa diferença decorre, principalmente, do pagamento de despesas por meio das rubricas
Restos a Pagar (RP) e DEA, valor que foi considerado pelas empresas nos levantamentos
efetuados e informados a este TCE.

A despesa com publicidade e propaganda realizada pelas empresas constantes do


Orçamento de Investimentos do Estado está demonstrada a seguir:

Tabela 73 – DESPESA COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE DAS EMPRESAS


CONSTANTES DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS
Em R$
EMPRESA VALOR
EMBASA 6.321.500,54
BAHIAGÁS 1.871.766,18
PRODEB 237.050,48
DESENBAHIA 208.143,14
EGBA 9.660,17
EBAL –
TOTAL 8.648.120,51
Fonte: Informações prestadas pelas empresas.

Dessa forma, a despesa realizada com propaganda, promoção e divulgação das ações do
Estado, inclusive aquela destinada à publicação legal, para o exercício de 2015,
considerando-se as empresas que integram o Orçamento de Investimentos, totalizou

164 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

R$138.984.927,34, sendo R$130.336.806,83 com Comunicação de Governo e


R$8.648.120,51 com propaganda e publicidade das empresas constantes do orçamento de
investimentos, o que representou um decréscimo nominal de 9,98% em relação aos gastos
do exercício anterior, cujo montante foi de R$154.394.598,22.

A tabela e o gráfico a seguir demonstram, de forma resumida, o comportamento dos gastos


com propaganda e publicidade nos últimos anos:

Tabela 74 – EVOLUÇÃO DA DESPESA COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE


Em R$ milhões
VALORES
VARIAÇÃO VARIAÇÃO
EXERCÍCIO VALOR ATUALIZADOS
NOMINAL (%) ATUALIZADA (%)
PELO IGP-M
2015 139,0 (9,98) 139,0 (19,06)
2014 154,4 (3,10) 171,7 (6,49)
2013 159,3 (1,54) 183,6 (6,78)
2012 161,8 32,30 197,0 23,70
2011 122,3 12,00 159,2 5,71
2010 109,2 (15,61) 150,6 (23,48)
2009 129,4 60,15 196,8 62,73
2008 80,8 73,39 120,9 54,98
2007 46,6 (55,41) 78,0 (58,02)
2006 104,5 (4,65) 185,9 (7,88)
Fonte: Relatórios de exame das Contas de Governo do TCE/BA.

Gráfico 3 – EVOLUÇÃO DA DESPESA COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE –


VALORES ATUALIZADOS (em R$ milhões)
250

197,01
200
196,89
185,97
183,66
150 171,74
159,27
150,67
139
120,99
100

78,07
50

0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Relatórios de exame das Contas de Governo.

Como se pode observar no gráfico anterior, em relação ao exercício de 2014, houve uma
redução real de 19,06% nos gastos com propaganda, promoção e divulgação das ações do
Estado e na publicação legal. Torna-se relevante mencionar que, para fins de atualização
dessas despesas, foi adotado como indexador – por limitação de dados – o Índice Geral de
Preços do Mercado (IGP-M) acumulado até dezembro de 2015.

• Planejamento das Ações e Gastos com Propaganda e Publicidade

Desde o exame das contas da SECOM de 2011 (Processo TCE/000731/2012), a auditoria


vem pontuando a ausência de planejamento estruturado dos gastos do Estado com

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 165


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

propaganda e publicidade devidamente evidenciado em competentes instrumentos de


planejamento recomendados por normas da Administração Pública.

Esses instrumentos são imprescindíveis à orientação das ações de comunicação estatal,


demonstrando, no mínimo, por programas e secretaria de governo, o adequado gasto
público com publicidade e propaganda e o consequente controle dos objetivos e metas a
eles vinculadas.

Em consonância com o entendimento desta auditoria sobre o tema, o Tribunal Pleno emitiu
no Acórdão n.º 396, de 18/12/2014, sobre as contas da DG/SECOM do exercício de 2011, a
recomendação de que a Administração “elabore um plano de comunicação do governo e
planos anuais de comunicação, na forma exigida pelo citado decreto [...]”.

O art. 277 da Constituição do Estado da Bahia previu o Conselho Estadual de Comunicação


Social, órgão consultivo e deliberativo, instituído no Estado da Bahia em maio 2011,
integrante da estrutura da SECOM e que tem por finalidade formular a Política de
Comunicação Social do Estado.

O art. 4º do Decreto Estadual n.º 16.283, de 17/08/2015, que aprovou o Regimento da


SECOM, bem como o art. 2º do Decreto n.º 14.117, de 03/09/2012, que homologa a
Resolução n.º 001/2012 do Conselho Estadual de Comunicação Social, estabelecem dentre
outras competências que o Conselho deve:

I – formular e acompanhar a execução da Política de Comunicação Social


do Estado e desenvolver canais institucionais e democráticos permanente
com a sociedade baiana;

II – formular propostas que contemplem o cumprimento do disposto nos


capítulos referentes à comunicação social das Constituições Federal e
Estadual;

III – propor medidas que visem ao aperfeiçoamento de uma política estadual


de comunicação social, com base nos princípios democráticos e na
comunicação como direito fundamental, estimulando o acesso, a produção
e a difusão da informação de interesse coletivo;

IV – participar da elaboração do Plano Estadual de Políticas Públicas de


Comunicação Social, bem como acompanhar a sua execução.

A SECOM, criada pela Lei Estadual n.º 12.212, de 04/05/2011, e alterada pela Lei Estadual
n.º 13.204, de 11/12/2014, tem por finalidade propor, coordenar e executar a Política de
Comunicação Social do Governo, bem como coordenar as atividades da Ouvidoria Geral do
Estado.

Dentre as competências regimentais atribuídas pelo Decreto Estadual n.º 16.283/2015, que
aprovou o Regimento Interno desta Secretaria, destacam-se as diretamente relacionadas
com as Ações de Gastos com Propaganda e Publicidade:

[…]
XI – analisar, aprovar e controlar as campanhas publicitárias de todos os
órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual, bem como acompanhar a
execução dessas despesas;

166 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

XII – definir, propor e coordenar as políticas públicas de comunicação social


do Governo do Estado, com base nas proposições apresentadas nas
Conferências de Comunicação Social e nas proposições do Conselho de
Comunicação Social;
[…]

As Políticas de Comunicação Social do Estado e o Plano Estadual de Políticas Públicas são


instrumentos democráticos de planejamento de publicidade e comunicação social,
imprescindíveis ao controle social e dos gastos com publicidade e propaganda.

No que concerne ao Plano Estadual de Comunicação Social, conforme Ata de Reunião do


Conselho Estadual de Comunicação Social, realizada em 20/05/2015, foi votada e
deliberada a formação de um Grupo de Trabalho para discussão e construção do referido
Plano.

De acordo com informações obtidas da SECOM por meio do Ofício GASEC/SECOM n.º 74,
de 12/04/2016, o referido grupo encerrou suas atividades com o término da gestão do biênio
2014/2016, e que na posse da nova gestão, realizada em 28/03/2016, formou-se um novo
grupo de trabalho para dar prosseguimento à proposta do Plano Estadual de Comunicação
Social.

Decorridos cinco anos das primeiras recomendações dessa auditoria, a SECOM não
concluiu a elaboração dos instrumentos de planejamento para uma eficiente e eficaz
execução de suas ações de comunicação pública conexas com o controle e transparência
dos gastos do Estado com propaganda e publicidade.

Cabe ressaltar que a despesa executada pela SECOM em 2015 atingiu o montante de
R$125.427.158,45, sendo que os gastos com propaganda e publicidade alcançaram o
montante de R$98.814.474,76, ou seja, 78,78% do total empenhado pela Secretaria.

2.4.5 GESTÃO PATRIMONIAL

A gestão patrimonial do Estado da Bahia, sinteticamente representada pelo Balanço


Patrimonial e pelas Demonstrações das Variações Patrimoniais, foi analisada com base nos
elementos apresentados nas DCCEs – exercício 2015, de forma resumida, às fls. 86-101, e
de forma detalhada, comparativa com os saldos do ano anterior, às fls. 607-617
(Consolidado) e fls. 645-653 (Poder Executivo).

Nos comentários introdutórios sobre a gestão patrimonial consta a seguinte afirmação:

O Balanço Patrimonial demonstra o Ativo e Passivo Circulante e Não


Circulante, e o Patrimônio Líquido. Apresenta o valor do Ativo e Passivo
Financeiro e Permanente, e dos Atos Potenciais Ativos e Passivos,
evidenciando integralmente, os bens e direitos e os compromissos
assumidos com terceiros. (Grifou-se)

Entretanto, das análises promovidas nos principais bens, direitos e obrigações apresentados
no Balanço Patrimonial, verificou-se a ausência de comentários importantes sobre a
composição, os procedimentos contábeis adotados e a evolução dos saldos apresentados,
bem como inconsistências ou falhas de controle interno que repercutem na adequada
interpretação da real situação de realização dos créditos a receber, da efetiva
representatividade financeira dos investimentos e bens de propriedade do Estado, além da
integridade e consistência do montante das obrigações existentes ao final do exercício de
2015.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 167


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Balanço Patrimonial

Para fins de facilitar o entendimento das análises promovidas por este TCE em relação aos
Ativos e Passivos do Estado, foi reproduzido, na tabela a seguir, o Balanço Patrimonial
consolidado de todos os Poderes e aquele representativo do conjunto de órgãos
componentes do Poder Executivo, com indicação dos itens nos quais constam os
comentários sobre a composição dos saldos e outros aspectos identificados, relacionados
às principais rubricas contábeis:

Tabela 75 – BALANÇO PATRIMONIAL DO ESTADO DA BAHIA


Em R$
31/12/15 31/12/14
TÍTULOS TODOS OS TODOS OS
PODER EXECUTIVO
PODERES PODERES
Ativo Circulante 8.472.662.966 9.163.391.103 8.514.276.554
Caixa e Equivalente a Caixa 6.170.362.554 6.512.828.519 6.567.818.209
Créditos de Curto Prazo 1.092.965.604 1.099.021.601 805.540.893
Estoques 177.863.461 182.585.675 260.410.695
Demais Créditos a Curto Prazo 1.031.471.347 1.368.955.308 880.506.757
Ativo Não Circulante 19.861.777.279 20.355.819.822 19.052.177.173
Realizável a Longo Prazo 1.254.506.837 1.254.544.831 1.409.793.536
Investimentos 7.301.733.563 7.302.070.140 7.038.906.466
Imobilizado 11.305.536.879 11.799.204.851 10.603.476.733
Intangível – – 438
TOTAL DO ATIVO 28.334.440.245 29.519.210.925 27.566.453.727
Passivo Circulante 5.969.532.535 6.392.675.843 5.393.012.817
Fornecedores e Contas a Pagar 949.625.616 1.276.829.149 1.463.418.458
Empréstimos e Financiamentos 1.023.481.807 1.023.481.807 898.173.002
Obrigações Trabalhistas, Previd. e Assistenciais 277.836.497 281.031.667 46.341.046
Obrigações Fiscais 21.854.697 21.854.896 20.746.530
Demais Obrigações a Curto Prazo 3.696.733.918 3.789.478.323 2.964.333.781
Passivo Não Circulante 186.808.632.937 186.808.567.975 154.949.309.442
Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias 1.027.766.912 1.027.766.912 786.514.305
Fornecedores a Longo Prazo 1.087.956.670 1.087.891.708 1.208.961.964
Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo 17.760.985.678 17.760.985.678 13.679.026.918
Demais Obrigações de Longo Prazo 78.350.652 78.350.652 98.830.723
Provisões de Longo Prazo 166.853.573.025 166.853.573.026 139.175.975.532
TOTAL DO PASSIVO 192.778.165.472 193.201.243.819 160.342.322.259
Patrimônio Líquido (164.443.725.227) (163.682.032.893) (132.775.868.532)
TOTAL 28.334.440.245 29.519.210.925 27.566.453.726
Fonte: DCCEs – Exercício 2015, FIPLAN.

• Balanço Financeiro

Nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado – Exercício 2015, os comentários


sobre a Gestão Financeira constam nas fls. 82-85, e os Balanços Financeiros nas fls. 599-
604 (Consolidado – Todos os Poderes) e nas fls. 637-644 (Poder Executivo),
comparativamente com os valores do exercício anterior. Além desses informes, integra
também as DCCEs, o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa (fls. 695-687) em que é
apresentado o saldo em 31/12/2015, comparativamente com as obrigações financeiras
nessa data, detalhado por fonte/destinação de recursos.

O MCASP, alinhado com o que dispõe a legislação e as boas práticas de transparência,


define que o Balanço Financeiro deve evidenciar a movimentação financeira das entidades
do setor público, discriminando o volume de recursos oriundos da receita orçamentária,
segregando por destinação, vinculada e/ou ordinária, assim como o montante de recursos
aplicados na despesa orçamentária executada, também de forma detalhada por destinação,
orientando no seguinte sentido:

168 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

O detalhamento das vinculações deverá ser feito de acordo com as


características específicas de cada ente, como por exemplo, as vinculações
para a previdência social, transferências obrigatórias para outro ente e
outras vinculações constitucionais e legais. Caso o ente resolva agrupar
algumas vinculações em um grupo chamado de “Outras Vinculações”, esse
não deverá ultrapassar 10% do total da Receita Orçamentária ou da
Despesa Orçamentária.

A discriminação no Balanço Financeiro do fluxo de recursos por destinação (ordinária e


vinculada) permite evidenciar, de forma mais detalhada, a origem e a aplicação dos recursos
financeiros referentes à Receita e Despesa Orçamentárias, de acordo com a sua vinculação
legal, como exige o art. 50, I, da LRF, ou em razão de outros elementos de classificação,
como convênios ou acordos.

O citado Manual esclarece que a classificação por natureza da receita busca a melhor
identificação da origem do recurso segundo seu fato gerador, indicando que, no Governo
Federal, foi instituído o “mecanismo denominado fonte/destinação de recursos”. As
fontes/destinações de recursos constituem-se no agrupamento de receitas, atendendo a
uma determinada regra de destinação legal, e servem para indicar como são financiadas as
despesas orçamentárias. É necessário, portanto, individualizar esses recursos de modo a
evidenciar não apenas as origens e as aplicações, mas, principalmente, o fluxo dos recursos
no tempo.

Ocorre que, assim como no exercício anterior, apesar de as DCCEs disporem de


demonstrativo específico da composição do saldo ao final do exercício por fonte/destinação,
nos Balanços Financeiros apresentados não ficou evidenciado o fluxo dos recursos durante
o exercício, segregando os decorrentes de vinculações específicas, como convênios,
daqueles sem destinação específica.

Registre-se que as ocorrências relacionadas com o saldo das disponibilidades estão


comentadas no tópico a seguir.

2.4.5.1 Caixa e Equivalentes de Caixa

O Balanço Patrimonial de 2015 evidenciava o saldo do subgrupo Caixa e Equivalentes de


Caixa de R$6.170.362.554, cuja composição pode ser resumida como segue:

Tabela 76 – CAIXA EQUIVALENTES DE CAIXA – COMPOSIÇÃO DO SALDO DO PODER


EXECUTIVO
Em R$
SALDOS EM
DISCRIMINAÇÃO
31/12/2015 31/12/2014
Bancos 2.896.544.322 3.468.757.123
Conta Única do Tesouro Estadual* 321.803.896 152.496.762
Conta Convênios 436.118.026 822.778.658
Contas Especiais 1.220.138.617 1.284.149.212
Conta Arrecadação 918.483.783 1.209.332.491
Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata 3.598.529.216 3.093.721.326
Poupança 712.932.779 548.477.779
Fundo de Aplicações Financeiras 2.885.596.437 2.545.243.547
Outras contas 17.754.981 5.339.760
TOTAL CONSOLIDADO 6.512.828.519 6.567.818.209
Demais Poderes (342.465.965) (417.161.423)
TOTAL PODER EXECUTIVO 6.170.362.554 6.150.656.786
Fonte: Balancete FIPLAN (FIP 215).
* Deduzida os saldos das contas “Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Nacional – Intra OFSS” e “Suprimento de Fundos
– Diversos Bancos”.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 169


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Para análise do saldo de Caixa e Equivalentes de Caixa, faz-se necessário expurgar desse
subgrupo as contas que não representam efetivamente disponibilidades.

Em 31/12/2015, o subgrupo Caixa e Equivalentes de Caixa registrava um saldo de


R$8.883.287.926 no Balancete do FIPLAN, enquanto no Balanço Patrimonial foram
excluídos os saldos das contas “Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Nacional – Intra
OFSS” e “Suprimento de Fundos – Diversos Bancos”, que totalizaram R$2.712.925.372.

Ressalte-se que, no exercício de 2015, não houve movimento na conta “Suprimento de


Fundos – Diversos Bancos”, que apresenta o saldo de R$990.000.000 desde o final do
exercício de 2014. Essa conta tem a função de registrar os valores referentes ao suprimento
de fundos utilizados no Sistema de Caixa Único (SCU) do Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal e Banco do Nordeste do Brasil. Assim, foram requisitados à SEFAZ
esclarecimentos para a sua dedução, assim como a composição de seu saldo, inclusive por
fonte de recursos.

Em resposta apresentada, mediante Ofício n.º 294/2016, de 12/05/2016, a SEFAZ


esclareceu:

No SICOF, a conta SUPRIMENTO se encontrava como redutora do ativo.


Por recomendação desse TCE isso foi modificado na implantação do
FIPLAN, passando a integrar o passivo. Quando da apuração da
Disponibilidade de Caixa, faz-se a sua dedução, tendo em vista que ela não
mais se encontra na condição anterior (redutora do ativo).

[…]

A composição desse saldo se dá como contrapartida de gastos da


Destinação de Recurso 0100.000.000 (Receita Própria do Tesouro), no
Sistema de Caixa Único, lastreado por diversas contas que o compõem com
saldo credor.

Embora tenha sido esclarecida a função da conta Suprimento, inclusive sobre o seu caráter
dedutivo das disponibilidades do Estado, não foi elucidada a sua falta de movimentação no
exercício de 2015.

Cumpre informar que o subgrupo Caixa e Equivalentes de Caixa praticamente representa


todas as disponibilidades financeiras do Estado. Nesse contexto, procedeu-se à análise do
conjunto dessas disponibilidades que, além de representarem o montante de recursos
disponíveis para o adimplemento das dívidas de curto prazo (destaque-se, dentre essas, os
restos a pagar), tem significativo impacto na apuração do saldo da dívida pública do Estado,
conforme descrito no item 2.3.5 – DÍVIDA PÚBLICA.

Em relação às disponibilidades, foi apresentada demonstração resumida do Balanço


Financeiro do Estado nas fls. 82/85 do caderno das DCCEs – Exercício 2015, além dos
demonstrativos comparativos às fls. 601/603 e 639/642.

2.4.5.1.1 Disponibilidade de Caixa Bruta

Segundo o MDF, a disponibilidade de caixa bruta é composta, basicamente, por ativos de


alta liquidez como Caixa, Bancos, Aplicações Financeiras e Outras Disponibilidades
Financeiras.

Em 2013, questionada acerca do elevado valor das disponibilidades de caixa bruta


registrado naquele exercício, por meio do Ofício DEPAT n.º 302/2013, a SEFAZ informou
que estava tendo dificuldade de escrituração contábil de contas do subgrupo Caixa e

170 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Equivalentes de Caixas, contudo, no último quadrimestre de 2013, adotaria procedimentos


que permitiriam a eliminação de alguns saldos das operações intragovernamentais, como
também realizaria ajustes financeiros que adequariam o Balanço Consolidado do Estado.

Em 30/04/2015, mediante o Ofício n.º 124/2015, a SEFAZ informou que já tinha concluído
pela necessidade de ajustar as contas classificadas no subgrupo Caixa e Equivalentes de
Caixa, porém estava tendo dificuldade de entendimento de contabilização de alguns fatos
contábeis aprimorados na Contabilidade Aplicada ao Setor Público. No entanto, no decorrer
do exercício, o montante das deduções deveria ser reduzido, em função das providências
que estavam sendo implementadas.

Na apuração da disponibilidade de caixa bruta, apresentada no Demonstrativo da Dívida


Consolidada Líquida e no Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar,
foram excluídos os saldos das contas “Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Nacional –
Intra OFSS” e “Suprimento de Fundos – Diversos Bancos”, que totalizaram
R$2.712.925.372, conforme comentado anteriormente. Também foram deduzidos os saldos
de contas escriturais e de contas migradas do Sistema de Informações Contábeis e
Financeiras (SICOF) sem Conta Bancária de Órgão (CBO) equivalente no FIPLAN, assim
como das contas do Regime Previdenciário, cujo montante alcançou R$11.635.668,32.

a) Saldos em contas antigas, oriundas da migração do sistema SICOF para o FIPLAN,


sem correspondente conta bancária

Desde o exercício de 2014, vem sendo constatada a existência de saldos em contas


antigas, oriundas da migração do sistema SICOF para o FIPLAN, sem correspondente conta
bancária, conforme tabela a seguir:

Tabela 77 – SALDOS EM CONTAS ANTIGAS, ORIUNDAS DA MIGRAÇÃO DO SISTEMA


SICOF PARA O FIPLAN, SEM CORRESPONDENTE CONTA BANCÁRIA
Em R$
CÓDIGO DESCRIÇÃO DA CONTA SALDO EM 31/12/2015
1.1.1.1.1.03.99.00 Diversas Contas de Convênio SICOF 940.073
1.1.1.1.1.04.99.00 Diversas Contas Especiais – Migradas SICOF 10.191
1.1.1.1.1.50.99.00 Aplicação Financeira SICOF 4.783.176
TOTAL 5.733.440
Fonte: Balancete FIPLAN (FIP 215).

A existência de saldos em contas migradas do SICOF sem Conta Bancária de Órgão (CBO)
equivalente no FIPLAN vem sendo questionada à SEFAZ desde o exercício de 2014.

Faz-se oportuno registrar a orientação constante nos Manuais de Encerramento do


Exercício, editados pela SEFAZ, relativos aos exercícios de 2015, 2014 e 2013:

10. Ajuste das Contas de Migração do SICOF


As Diretorias de Finanças ou equivalentes deverão extrair o Balancete FIP
215-A para as contas de Ativo e Passivo, identificar a existência de saldos
migrados do SICOF ainda sem identificação e proceder aos ajustes
necessários, conforme as Orientações disponibilizadas no site da SEFAZ.

A existência de saldos não identificados no FIPLAN poderá gerar


inconsistências nos relatórios que serão encaminhados ao TCE. Será de
responsabilidade do Diretor de Finanças ou cargo equivalente a ocorrência
de valores em contas contábeis não identificadas após o encerramento do
exercício.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 171


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Mais uma vez questionada sobre o fato, a SEFAZ, por meio do Ofício DEPAT n.º 168/2016,
de 08/04/2016, informou que fez constar essa orientação no citado Manual de Encerramento
do Exercício de 2015, além da expedição do Ofício Circular DICOP n.º 007/2015, solicitando
às unidades, que possuíam saldo em contas oriundas da migração do sistema SICOF para
o sistema FIPLAN, que realizassem os devidos ajustes para a sua completa extinção.

b) Ausência de acompanhamento, pela SEFAZ, quanto à consistência dos valores


publicados no Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar

Da análise do Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do exercício


de 2015, apurou-se uma série de falhas relacionadas aos controles e registros das
disponibilidades do Poder Executivo, resultando em erros e distorções nesse demonstrativo.
Essa situação, deveu-se à ausência de crítica sistemática sobre a consistência das
informações apresentadas, conforme a seguir descrito:

b.1) Aumento do montante dos recursos não classificados, em decorrência da


ausência da devida apuração de sua origem e adequada classificação

O Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do exercício de 2015,


emitido em 25/01/2016, apresentava a disponibilidade de caixa bruta e líquida do Poder
Executivo, por fonte/destinação de recursos, da seguinte forma:

Tabela 78 – DISPONIBILIDADE DE CAIXA BRUTA E LÍQUIDA DO PODER EXECUTIVO


Em R$
DISPONIBILIDADE DE OBRIGAÇÕES DISPONIBILIDADE DE
DESCRIÇÃO
CAIXA BRUTA (A) FINANCEIRAS (B) CAIXA LÍQUIDA (C=A-B)
Recursos Vinculados 6.084.487.297,62 1.230.984.664,36 4.853.502.633,26
Recursos Não Vinculados 1.122.058.798,95 649.728.647,76 472.330.151,19
Recursos Não Classificados (989.190.537,20) (204.252.054,55) (784.938.482,65)
TOTAL CONSOLIDADO PODER EXECUTIVO 6.217.355.559,37 1.676.461.257,57 4.540.894.301,80
Defensoria Pública (58.628.674,15) – –
TOTAL PODER EXECUTIVO 6.158.726.885,22 – –
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 25/01/2016.

Segundo a SEFAZ, os recursos não classificados estão compostos dos valores resultantes
da migração do sistema SICOF para o FIPLAN, que não tiveram as fontes de recursos
identificadas.

Ressalte-se que, ao final de 2013, quando passou a incluir essa linha no Demonstrativo da
Disponibilidade de Caixa, o saldo disponível era positivo em R$200.530.267,42. No entanto,
ao final de 2015, os recursos não classificados alcançaram um saldo disponível negativo de
R$784.938.482,65, conforme demonstrado na tabela anterior, sem a devida apuração de
sua origem e classificação adequada.

Além disso, o valor apresentado da disponibilidade de caixa bruta negativo reflete, em vez
de um direito, na verdade em obrigação, assim como as obrigações financeiras negativas se
revelam em direito.

Cabe destacar que a ausência de clareza da origem de recursos pode ocasionar


descontroles no que diz respeito a recursos vinculados. Tais recursos requerem aplicação
exclusiva para o fim com que foram criados, o que reforça a necessidade de se conhecer a
origem dos recursos sob o domínio do Estado.

Após os questionamentos da auditoria, em 09/05/2016, a SEFAZ emitiu um novo


Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar, publicado no DOE de
13/05/2016, conforme demonstrado na tabela a seguir.

172 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 79 – DISPONIBILIDADE DE CAIXA BRUTA E LÍQUIDA DO PODER EXECUTIVO,


APÓS REPUBLICAÇÃO
Em R$
DISPONIBILIDADE DE OBRIGAÇÕES DISPONIBILIDADE DE
DESCRIÇÃO
CAIXA BRUTA (A) FINANCEIRAS (B) CAIXA LÍQUIDA (C=A-B)
Recursos Vinculados 6.084.487.297,62 1.063.399.656,05 5.021.087.641,57
Recursos Não Vinculados 132.058.798,95 610.150.390,04 (478.091.591,09)
Recursos Não Classificados – 706.229,93 (706.229,93)
SOMA DA AUDITORIA 6.216.546.096,57 1.674.256.276,02 4.542.289.820,55
TOTAL CONSOLIDADO PODER EXECUTIVO 6.217.355.559,37 1.676.461.257,57 4.540.894.301,80
DIFERENÇA 809.462,80 2.204.981,55 (1.395.518,75)
Defensoria Pública (58.628.674,15) – –
SOMA DA AUDITORIA 6.157.917.422,42 – –
TOTAL PODER EXECUTIVO 6.158.726.885,22 – –
DIFERENÇA APURADA 809.462,80 – –
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 09/05/2016, e cálculos da auditoria.

Como é possível observar, da análise da republicação, foram constatadas diferenças


aritméticas entre os valores totalizados no demonstrativo e aqueles apurados pela auditoria.

A disponibilidade de caixa líquida dos recursos não classificados, que na primeira


publicação era de aproximadamente oitocentos milhões de reais negativos, totalizou pouco
mais de setecentos mil reais negativos. Já o montante dos recursos não vinculados, que era
positivo em R$472.330.151,19, apresentou na nova publicação um saldo negativo de
R$478.091.591,09, indicando que grande parte dos saldos negativos anteriormente
considerados como não classificados foram reconhecidos como recursos não vinculados.

Em relação a essa alteração, a SEFAZ, mediante o Ofício n.º 294/2106, informou que:

No relatório da Disponibilidade Bruta de Caixa e dos Restos a Pagar,


quando era produzido em “EXCEL”, a conta 2.1.8.9.1.02.96.00, com um
saldo negativo de R$990.000.000,00 no Demonstrativo da Disponibilidade,
se abatia da fonte 100. Com a mudança para o sistema “COGNOS” essa
vinculação, equivocadamente, não foi feita. Contudo, a Coordenação Geral
de Planejamento, Acompanhamento e Controle Financeiro – COPAF, desta
SEFAZ/SAF, providenciou tal correção, já repercutida no novo relatório.

b.2) Fontes de recursos vinculados apresentando disponibilidade de caixa líquida


negativa

Desde o exercício de 2011, quando o Estado da Bahia implementou a demonstração da


disponibilidade por destinação de recursos, o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e
dos Restos a Pagar apresenta fontes com saldo disponível líquido negativo.

No exercício de 2015, essa situação permaneceu inalterada, com o Demonstrativo da


Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do exercício de 2015, emitido em
25/01/2016, apresentando fontes de recursos vinculados com disponibilidade de caixa
líquida negativa, conforme demonstrado na tabela a seguir:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 173


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 80 – FONTES DE RECURSOS VINCULADOS APRESENTANDO


DISPONIBILIDADE DE CAIXA LÍQUIDA NEGATIVA
Em R$
FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS DISPONIBILIDADE DE
CÓDIGO DENOMINAÇÃO CAIXA LÍQUIDA
107/307 Recursos Vinculados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação (198.651.158,05)
114/314 Recursos Vinculados à Educação (49.170.493,71)
116/316 Taxas Vinculadas ao Fundo Especial de Aperfeiçoamento dos Serviços Policiais (8.837.753,80)
169/369 Recursos Vinculados LC Federal n.º 151/2015 – AD (132.984.924,75)
233/633 Transferências Voluntárias de Órgãos e Entidades Municipais – Adm. Indireta (178.542,61)
242/642 Contribuições para o Plano de Saúde do Servidor (6.745.981,44)
248/648 Fundo Nacional de Saúde – SUS – Receita de Prestação de Serviços de Saúde (34.515,51)
257/657 Receitas de Capitalização para o Plano de Previdência Social do Servidor (870,45)
888 Recursos Extraorçamentários (60.497.138,69)
TOTAL (457.101.379,01)
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 25/01/2016.

A LRF, no parágrafo único do art. 8º, estabelece:

Art. 8º […]
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica
serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação,
ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Dessa forma foram requeridos à SEFAZ esclarecimentos para apresentação de saldo


disponível líquido negativo para fontes de recursos vinculados, bem como a composição das
fontes 107/307, 169/369 e 888.

Conforme comentado anteriormente, em virtude dos questionamentos da auditoria, em


09/05/2016, a SEFAZ emitiu um novo Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos
Restos a Pagar, republicado no DOE de 13/05/2016.

Da análise desse novo demonstrativo, verificou-se que, das nove fontes de recursos
vinculados que apresentaram inicialmente disponibilidade de caixa líquida negativa, uma
passou a apresentar saldo líquido disponível positivo de R$18.191.895,54 (116/316 Taxas
Vinculadas ao Fundo Especial de Aperfeiçoamento dos Serviços Policiais), quatro
mantiveram o montante dos seus saldos negativos (169/369, 233/633, 257/657 e 888) e
quatro tiveram os seus saldos negativos reduzidos (107/307, 114/314, 242/642 e 248/648),
além de os recursos ordinários passarem a apresentar saldo líquido disponível negativo,
conforme demonstrado a seguir:

Tabela 81 – FONTES DE RECURSOS ORDINÁRIOS E VINCULADOS APRESENTANDO


DISPONIBILIDADE DE CAIXA LÍQUIDA NEGATIVA, APÓS
REPUBLICAÇÃO
Em R$
FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS DISPONIBILIDADE DE
CÓDIGO DENOMINAÇÃO CAIXA LÍQUIDA
Recursos não Vinculados
100/300 Recursos Ordinários não Vinculados do Tesouro (478.091.591,09)
Recursos Vinculados
107/307 Recursos Vinculados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação (139.169.195,87)
114/314 Recursos Vinculados à Educação (9.252.314,01)
169/369 Recursos Vinculados LC Federal n.º 151/2015 – AD (132.984.924,75)
233/633 Transferências Voluntárias de Órgãos e Entidades Municipais – Adm. Indireta (178.542,61)
242/642 Contribuições para o Plano de Saúde do Servidor (5.189.886,18)
248/648 Fundo Nacional de Saúde – SUS – Receita de Prestação de Serviços de Saúde (11.505,17)
257/657 Receitas de Capitalização para o Plano de Previdência Social do Servidor (870,45)
888 Recursos Extraorçamentários (60.497.138,69)
TOTAL (825.375.968,82)
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 09/05/2016.

174 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Mediante Ofício n.º 294/2016, de 12/05/2016, a Diretoria do Tesouro da SEFAZ informou


que foi detectada uma inconsistência no primeiro demonstrativo, que gerava duplicidade no
valor do passivo, e que, após correção, foi publicado o novo demonstrativo, alterando o
saldo de todas as fontes.

Quanto à permanência de fontes de recursos com disponibilidade de caixa líquida negativa,


justificou que, após consulta à STN para inclusão, no demonstrativo, de disponibilidade que
se encontra em “Outros Haveres Financeiros”, bem como após ajustes de erros contábeis, a
fonte 107/307 ficará com saldo negativo de R$36.695.331,59, as fontes 169/369, 233/633,
257/657 e 888 passaram a ser positivas e a fonte 248/648 ficará zerada. Não houve
esclarecimentos para os recursos ordinários e as fontes 114/314 e 242/642.

Vale informar que, dentre os erros contábeis, existem falhas que ocorreram em 2013,
evidenciando, mais uma vez, a ausência de acompanhamento dos recursos por fontes e de
crítica no sistema FIPLAN.

Embora o Estado disponha do registro dos recursos por fonte, por meio do FIPLAN,
constatou-se a partir do apontado, que ainda não há funcionalidades que assegurem o
monitoramento permanente dos saldos contábeis, inclusive com mecanismos de bloqueio
que impeçam os gestores de realizarem despesas sem disponibilidade na fonte de recurso
específica.

Também foi disponibilizada, por meio do referido Ofício, a composição das fontes 107/307 e
169/369. Entretanto, em razão da intempestividade de seu fornecimento não foi possível
realizar a análise.

b.3) Inscrição em restos a pagar não processados de despesas orçamentárias,


relativas a fontes vinculadas, sem suficiência de caixa

A partir do exercício de 2015, com o detalhamento das obrigações financeiras e o acréscimo


das colunas “Restos a Pagar Empenhados e não Liquidados do Exercício” e “Empenhos não
Liquidados Cancelados (Não Inscritos por Insuficiência Financeira)” no Demonstrativo da
Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar, ficou evidente a inscrição em restos a pagar
não processados de despesas orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem suficiência
de caixa, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 82 – INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS DE DESPESAS,


RELATIVAS A FONTES VINCULADAS, SEM SUFICIÊNCIA DE CAIXA
Em R$
FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS RESTOS A PAGAR
DISPONIBILIDAD
EMPENHADOS E NÃO
E DE CAIXA
CÓDIGO DENOMINAÇÃO LIQUIDADOS DO
LÍQUIDA
EXERCÍCIO
107/307 Recursos Vinculados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (198.651.158,05) 2.322.049,07
114/314 Recursos Vinculados à Educação (49.170.493,71) 6.375.461,77
116/316 Taxas Vinculadas ao Fundo Especial de Aperfeiçoamento dos
Serviços Policiais (8.837.753,80) 702.592,86
242/642 Contribuições para o Plano de Saúde do Servidor (6.745.981,44) 11.784.828,53
TOTAL (263.405.387,00) 21.184.932,23
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 25/01/2016.

O art. 42 da LRF impôs aos titulares dos poderes ou órgãos a necessidade de preservar
uma suficiência de caixa ao final dos mandatos, de modo a não deixar aos sucessores
obrigações financeiras sem a devida cobertura para o pagamento, in verbis:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 175


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não
possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a
serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade
de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão


considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final
do exercício.

Segundo a STN, as alterações nos Demonstrativos da Disponibilidade de Caixa, adotadas


desde 2010, objetivaram consolidar as interpretações conceituais da LRF, propostas a partir
de decisões do seu Grupo Técnico de Padronização de Relatórios. Entre as mudanças,
destacou-se o posicionamento do Tesouro Nacional de que o controle da disponibilidade de
caixa deve ocorrer em todos os exercícios e não apenas no último ano de mandato, assim
como a inserção do conceito de disponibilidade de caixa por destinação de recursos.

Depreende-se, da leitura dos textos da 2a edição do Manual de Demonstrativos Fiscais da


STN, que essa decisão de incluir a destinação de recursos no conceito das disponibilidades
de caixa decorreu da predisposição em conciliar o mandamento contido no art. 42 da LRF
com o seu art. 1º, § 1º, que, de forma programática, prenuncia que “a responsabilidade na
gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas”, o que demandaria
ajustes ao longo de todo o transcurso da gestão e não apenas nos dois últimos
quadrimestres.

Observe-se que, na LRF, não está explicitamente previsto o dever de comprovar a


suficiência de disponibilidades financeiras em caixa ao final de cada exercício, e de forma
correlacionada à vinculação dos recursos. Decorre a obrigação estabelecida, portanto, de
interpretação sistemática da Lei pela STN.

Nesse sentido, o MDF (6ª edição) dispõe:

03.07.02.01 Restos a Pagar


[…]
2. Restos a Pagar não processados
São considerados não processados os empenhos de contrato e convênios
que se encontram em plena execução, não existindo o direito líquido e certo
do credor. Dessa forma, no encerramento do exercício a despesa
orçamentária que se encontrar empenhada mas ainda não paga será
inscrita em restos a pagar não processados desde que haja suficiente
disponibilidade de caixa. (Grifou-se)

Diante do exposto, solicitou-se informação acerca da natureza das despesas inscritas em


Restos a Pagar e o tipo de credor, assim como justificativa para o seu empenhamento sem
suficiência de caixa.

Conforme já comentado anteriormente, diante dos questionamentos da auditoria, em


09/05/2016, a SEFAZ emitiu um novo Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos
Restos a Pagar, republicado no DOE de 13/05/2016.

Da análise desse novo demonstrativo, observou-se a permanência da inscrição em restos a


pagar não processados de despesas orçamentárias, relativas a recursos ordinários e fontes
vinculadas, sem suficiência de caixa, conforme demonstrado na tabela a seguir:

176 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 83 – INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS DE DESPESAS,


RELATIVAS A RECURSOS ORDINÁRIOS E FONTES VINCULADAS, SEM
SUFICIÊNCIA DE CAIXA, APÓS REPUBLICAÇÃO
Em R$
FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS RESTOS A PAGAR
DISPONIBILIDADE
EMPENHADOS E NÃO
CÓDIGO DENOMINAÇÃO DE CAIXA LÍQUIDA
LIQUIDADOS DO EXERCÍCIO
100/300 Recursos Ordinários não Vinculados do Tesouro (478.091.591,09) 77.762.246,77
107/307 Recursos Vinculados ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (139.169.195,87) 2.322.049,07
114/314 Recursos Vinculados à Educação (9.252.314,01) 6.375.461,77
242/642 Contribuições para o Plano de Saúde do Servidor (5.189.886,18) 11.784.828,53
TOTAL (631.702.987,15) 98.244.586,14
Fontes: Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do Poder Executivo e Defensoria Pública – janeiro a
dezembro de 2015, emitido em 09/05/2016.

Por meio do referido Ofício n.º 294/2016, de 12/05/2016, a Coordenação Geral de


Planejamento, Acompanhamento e Controle Financeiro da SEFAZ informou que, com base
no Decreto Estadual n.º 16.452, de 01/12/2015, que dispõe sobre os procedimentos
referentes ao encerramento do exercício de 2015, pode acontecer ou não o efetivo
pagamento ao credor dos Restos a Pagar não Processados.

Apresentou também a posição em 2016 dos Restos a Pagar não Processados de recursos
vinculados, informando que, dos R$20.482.339,37 inscritos em 2015, foram pagos
R$16.125.230,74, cancelados R$1.680.072,21, restando um saldo a pagar de
R$2.677.036,42.

Em relação aos Restos a Pagar não Processados, provenientes de despesas oriundas da


fonte de recursos não vinculados, no montante de R$77.762.246,77, não foram
apresentados esclarecimentos pela SEFAZ.

Vale informar que, além da inscrição de despesas orçamentárias em restos a pagar não
processados em fontes com saldo disponível líquido negativo (100/300, 107/307, 114/314 e
242/642), até 16/05/2016, já foram pagas despesas, por meio do elemento de DEA, nas
fontes 100/300, 114/314 e 242/642, nos valores de R$301.858.530,63, R$94.144.273,82 e
R$126.496.594,32, respectivamente.

Em virtude da ausência de informação, por parte da SEFAZ, acerca da natureza das


despesas inscritas em Restos a Pagar e o tipo de credor, especialmente no que diz respeito
aos recursos não vinculados, não foi possível verificar a razoabilidade dos valores inscritos.
Sobre as despesas realizadas por meio do elemento DEA, relativas a esses recursos, que,
até a presente data, já se revelaram maiores que o valor de sua disponibilidade, são
necessários exames complementares para que se apure a natureza dessas despesas,
assim como a razoabilidade da inscrição nesse elemento.

Finalmente, recomenda-se que o Estado elabore um plano de recomposição das fontes não
vinculadas, o que impõe a programação de um esforço fiscal, associada a uma gestão
orçamentária e financeira mais eficiente. E, como forma de perenizar as soluções
implementadas, também é recomendável a inclusão de dispositivos específicos nas normas
de encerramento de exercícios, além da edição de Decreto com diretrizes e procedimentos
para prevenir ou minimizar os desequilíbrios entre as fontes de recursos do Estado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 177


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

c) Diferença entre as disponibilidades registradas nas Demonstrações Financeiras


das empresas estatais dependentes e aquelas constantes nos balancetes do
FIPLAN

Desde o exercício de 2014, constata-se diferença entre os saldos das disponibilidades


registradas nas Demonstrações Financeiras das empresas estatais dependentes e aqueles
constantes nos balancetes do FIPLAN que são base para a consolidação, conforme
demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 84 – DIFERENÇA ENTRE OS SALDOS DAS DISPONIBILIDADES


Em R$ mil
SALDOS EM 31/12/2015
EMPRESA DIFERENÇA
FIPLAN BALANÇO DA EMPRESA
CAR 92.398 87.903 4.495
CERB 56.040 11.542 44.498
CTB 14.726 16.018 (1.292)
CBPM 8.571 5.288 3.283
EBDA – 1.330 (1.330)
Fontes: Demonstrações Financeiras das empresas estatais dependentes e FIPLAN.

Quanto ao fato de a EBDA não possuir saldo no FIPLAN, a DEPAT/SEFAZ, por meio do
Ofício n.º 240/2016, informou que esta Empresa encontrava-se em processo de liquidação
no exercício de 2015, além de não ter sido contemplada com autorização orçamentária no
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, não se enquadrando, portanto, no conceito de
Empresa Estatal Dependente, e consequentemente, não deveria realizar a execução
orçamentária, no Sistema FIPLAN.

d) Disponibilidades consideradas no saldo da unidade orçamentária FUNDESE como


sendo recursos do Caixa Único, no montante de R$174.152 mil, sem comprovação
que se refere a rendimentos de aplicação na SEFAZ

Desde o exercício de 2014, foram identificadas disponibilidades consideradas no saldo da


unidade orçamentária FUNDESE como sendo recursos do Caixa Único, no montante de
R$323.152 mil, sem correspondência na composição desta conta na unidade orçamentária
do DEPAT ou de Encargos Gerais.

Nesta auditoria, observou-se que constava nos registros contábeis do FUNDESE, em


31/12/2015, saldo no valor de R$407.283 mil, tendo a DEPAT/SEFAZ comprovado,
mediante apresentação de extrato bancário, que se encontrava no Caixa Único do Estado,
em 31/12/2015, o valor de R$233.130 mil. Sobre a diferença (R$174.152 mil), foi informado
que se referia a rendimentos de aplicações financeiras, no entanto, não houve comprovação
da existência desse valor no respectivo extrato bancário, não tendo sido apresentada
planilha gerencial de composição do saldo da Conta Única do Tesouro Estadual (CUTE),
que permitiria aferir a consistência do saldo.

Assim, permanece sem evidenciação a existência do saldo no valor de R$174.152 mil,


referente a rendimentos de aplicação financeira na unidade orçamentária da DEPAT ou de
Encargos Gerais da SEFAZ.

2.4.5.1.2 Conciliação Bancária

Foram solicitadas para análise conciliações bancárias das disponibilidades das Unidades
mais representativas do Poder Executivo, com saldos na data-base de 31/12/2015, tendo
sido identificadas as falhas a seguir.

178 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

a) Ausência de conciliação bancária na Conta Única do Tesouro Estadual (CUTE)

Assim como no ano anterior, foi apurado que a DEPAT/SEFAZ não vem realizando
sistematicamente as conciliações bancárias da Conta CUTE, cujo saldo contábil, em
31/12/2015, era de R$321.803 mil enquanto o constante no extrato bancário, na mesma
data (conta corrente n.º 929.661-1), era de R$417.491 mil, apurando-se uma diferença de
R$102.453 mil. Essa divergência, assim como a representatividade dos valores envolvidos,
reforçam a necessidade do acompanhamento desses saldos.

A Diretoria do Tesouro (DEPAT/SEFAZ), mediante Ofício n.º 133/2016 informou, dentre


outros aspectos, que “com a implantação do FIPLAN, alguns novos conceitos e
procedimentos contábeis geraram forte impacto nas conciliações bancárias”,
especificamente na “Conta Única do Estado, a qual possui o maior nível de movimentação
contábil e financeira”, ocorrendo “diversas situações que prejudicam a efetiva conciliação da
conta”, a exemplo de:

• Contabilização por Conta Corrente Contábil para cada destinação de recurso,


tornando necessária a análise de diversas contas correntes analíticas por destinação
de recursos que compõem a Conta Bancária de Órgão (CBO) da Conta Única;
• Contabilização analítica das Notas de Ordens Bancárias (NOB) no Razão Contábil,
que ocorrem em milhares por dia;
• Contabilização de pagamentos rejeitados ou inconsistentes.

A DEPAT/SEFAZ comentou também sobre a ocorrência de “pagamentos realizados pelo


Tesouro para posterior regularização contábil pelas diversas unidades do Estado”, que
geram forte impacto na conciliação contábil/financeira da Conta Única.

Quanto aos avanços promovidos, a DEPAT/SEFAZ relatou que houve progresso em


diversos procedimentos, gerando uma evolução no controle dos recursos movimentados na
Conta Única, entretanto, restam ainda ações a serem realizadas com o objetivo de
minimizar os fatos que geram pendência de conciliação manual dessa conta. Comunicou,
também, que houve a formação de um grupo de trabalho para estudos acerca do processo
de conciliação bancária e desenvolvimento de novas soluções a serem implementadas no
FIPLAN, além de se encontrar em curso a elaboração de um termo de referência para
contratação, no âmbito do Programa de Modernização e Fortalecimento da Gestão Fiscal do
Estado (PROFISCO), de consultoria especializada para revisão do processo de conciliação
bancária.

Embora a DEPAT/SEFAZ tenha informado o desenvolvimento de ações que buscam reduzir


o volume dos registros contábeis que geram posterior necessidade de regularização,
“permitindo alcançarmos a efetiva conciliação da Conta Única”, observa-se, dos argumentos
apresentados, o reconhecimento das fragilidades nos mecanismos de controle existentes
sobre as disponibilidades, mormente sobre a CUTE.

Entretanto, considerando-se o volume de recursos que transitam pela citada conta, o que
demonstra ser esta uma área de risco, deveria ser mantida uma estrutura de controle mais
robusta, evitando-se possíveis incorreções nos registros contábeis, nos lançamentos
oriundos da instituição financeira no extrato. Dessa forma, pode-se concluir que, apesar do
esforço relatado pela Diretoria responsável, verifica-se que os controles internos ainda não
são suficientemente estruturados de forma a permitir, com razoável nível de segurança,
avaliar a adequação do saldo contábil apresentado, deficiência que permanece desde a
implantação do FIPLAN, em 2013, portanto, há mais de 3 anos.

Destaque-se, ainda, que as deficiências relatadas atentam contra a diretriz constitucional da


manutenção de “sistema de controle interno”, e com o disposto no art. 93 da Lei Federal n.º
4.320/1964, in verbis:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 179
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Art. 93. Todas as operações de que resultem débitos e créditos de


natureza financeira, não compreendidas na execução orçamentária,
serão também objeto de registro, individuação e controle contábil.
(Grifou-se)

b) Não apresentação de conciliações bancárias de diversas contas

Foram solicitadas à SEFAZ em março de 2016, tendo havido reiteração em abril de 2016, as
conciliações bancárias relativas a outras contas bancárias com saldo em 31/12/2015.
Entretanto, não foram apresentadas as conciliações para contas cujo saldo contábil
representava o montante de R$322.304 mil como disponibilidades nas DCCEs de 2015, a
exemplo das indicadas a seguir:

Tabela 85 – CONTAS CONTÁBEIS REPRESENTATIVAS DE DISPONIBILIDADE CUJAS


CONCILIAÇÕES NÃO FORAM APRESENTADAS PELA DEPAT/SEFAZ
Em R$
CONTA CONTABIL CBO – CÓDIGO IDENTIFICADOR SALDO DO FIPLAN EM 31/12/2015
01814 79.340.917
1.1.1.1.1.04.01.00
01907 62.202.596
1.1.1.1.1.04.02.00 00351 64.710.996
00009 48.856.157
1.1.1.1.1.05.01.00
00013 44.750.738
1.1.1.1.1.05.02.00 00352 22.776.900
TOTAL 322.638.304
Fonte: FIPLAN.

Da mesma forma, em relação às demais unidades orçamentárias do Poder Executivo,


verificou-se a ausência de elaboração das respectivas conciliações para o saldo contábil
apresentado no FIPLAN para as unidades orçamentárias exemplificadas na tabela a seguir:

Tabela 86 – CONTAS CONTÁBEIS REPRESENTATIVAS DE DISPONIBILIDADE CUJAS


CONCILIAÇÕES NÃO FORAM APRESENTADAS
Em R$
UNIDADE CBO – CÓDIGO SALDO EM 31/12/2015
CONTA CONTÁBIL DIFERENÇA
ORÇAMENTÁRIA IDENTIFICADOR FIPLAN EXTRATO
27101 1.1.1.1.1.03.01.00 1597 39.188.078 45.059.871 5.871.793
1.1.1.1.1.50.01.01 604 7.715.890 11.351.247 3.635.357
11101 1.1.1.1.1.05..01.00 433 24.477.684 0,00 (24.477.684)
1.1.1.1.1.50.02.01 433 1.187.301 25.874.284 24.686.983
1.1.1.1.1.03.01.00 450 3.416.060 12.419.483 9.003.423
566 4.321.448 6.441.575 2.120.127
1.1.1.1.1.03.02.00
2415 22.768.922 24.442.419 1.673.497
333 25.163 2.291.611 2.266.448
8501 336 96.565 2.859.037 2.762.472
1.1.1.1.1.50.02.01
450 9.003.423 12.419.483 3.416.060
1011 417.054 1.840.948 1.423.894
2415 1.673.497 24.442.419 22.768.922
1.1.1.1.1.50.01.02
2445 269.761 2.292.634 2.022.873
1.1.1.1.1.03.02.00 1803 24.790.117 0,00 (24.790.117)
1803 3.349.971 36.322.312 32.972.341
1843 253.594 4.989.029 4.735.435
18401 1922 88.710 1.958.815 1.870.105
1.1.1.1.1.50.01.02
2211 179.970 2.441.786 2.261.816
2607 33.875 2.295.385 2.261.510
2608 43.792 2.958.370 2.914.578
8101 1.1.1.1.1.50.01.02 2496 5.483.509 0,00 (5.483.509)
Fontes: FIPLAN e extratos bancários.

180 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

c) Permanência de pendências antigas em conciliações bancárias

Outro aspecto objeto de comentário nas contas do exercício anterior, ilustrativo das falhas
de controle interno sobre as disponibilidades, é a permanência de pendências antigas e de
valor significativo em conciliações bancárias. Como exemplo, podem ser citadas aquelas
verificadas em conciliações elaboradas pela DEPAT/SEFAZ e pela FAPESB, indicadas nas
tabelas a seguir:

Tabela 87 – PENDÊNCIAS EM CONCILIAÇÕES BANCÁRIAS DE CONTAS DE


RESPONSABILIDADE DA DEPAT
Em R$
CBO – CÓDIGO SALDO EM 31/12/2015
CONTA CONTABIL DIFERENÇA OBSERVAÇÃO
IDENTIFICADOR FIPLAN EXTRATO
00025 35.757.712 14.848.687 20.909.025 Pendências de janeiro de 2013
1.1.1.1.1.04.01.00 00016 31.429.592 12.048.834 19.380.758 Pendências de dezembro de 2014
00015 5.375.172 1.984.995 3.390.177 Pendências de dezembro de 2014
Pendências de outubro de 2014 e janeiro
1.1.1.1.1.05.01.00 00010 69.801 4.156.910 -4.087.109
de 2015
Fontes: FIPLAN, extratos e conciliações bancárias.

Consoante informação da DEPAT/SEFAZ, contida no Ofício n.º 238/2016, foram


intensificadas providências para regularização das pendências que ocorreram nos
exercícios anteriores, para que no decorrer desse exercício sejam realizados os devidos
ajustes.

Tabela 88 – PENDÊNCIAS EM CONCILIAÇÕES BANCÁRIAS DE CONTAS DE


RESPONSABILIDADE DA FAPESB
CBO – CÓDIGO SALDO EM 31/12/2015
CONTA CONTÁBIL DIFERENÇA OBSERVAÇÃO
IDENTIFICADOR FIPLAN EXTRATO
1.071.351 3.544.204 (2.472.853) Pendências do exercício de 2013
1.1.1.1.1.50.01.01 573 579.113 3.138.947 (2.559.834) Pendências do exercício de 2014
4.608.957 4.902.555 (293.598) Pendências do exercício de 2015
20.875.483 20.886.483 (11.000) Pendências do exercício de 2013
1.1.1.1.1.50.02.01 576 20.251.330 20.575.809 (324.479) Pendências do exercício de 2014
20.262.321 20.612.294 (349.973) Pendências do exercício de 2015
Fontes: FIPLAN, extratos e conciliações bancárias.

Em atendimento à solicitação de esclarecimentos sobre os fatos, a FAPESB, através de


correio eletrônico datado de 31/03/2016, comenta, dentre outros fatos, o seguinte:

Entretanto, a partir da criação da destinação de recurso no FIPLAN, a


contabilidade não tem respaldo comprobatório para efetuar lançamentos de
receita, diante de devoluções de recursos sem identificações. Se a FAPESB
não sabe quem devolveu o recurso, a contabilidade não possui meios,
através dos princípios que a norteiam, para registrar uma receita na
destinação de recurso devida.

Cabe registrar que, no Decreto n.º 16.452/2015, que aprova o Manual de Encerramento do
Exercício de 2015, de forma semelhante ao dos anos precedentes, consta disposição que
obriga as unidades gestoras a elaborarem as respectivas conciliações bancárias, além das
análises e ajustes das contas contábeis, indicando, como norma orientadora do
procedimento a Instrução Normativa SAF n.º 016, de 09/09/2015, da SEFAZ, que assim
dispõe:

Art. 26. A conciliação deverá ser feita em formulários apropriados, até o


décimo dia útil do mês subsequente, conforme modelos disponibilizados no
site oficial da Secretaria da Fazenda, ou utilizando-se modelos próprios,
devendo ser devidamente preenchidos em duas vias, sendo uma via

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 181


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

arquivada na Unidade Executora e a outra enviada para a respectiva


Diretoria de Finanças ou Unidade equivalente.

[…]

Art. 27. Nas conciliações bancárias realizadas pelas Unidades, cabe às


Diretorias de Finanças ou Unidades equivalentes:

I – fazer a conferência e a revisão dos valores registrados;

II – acompanhar as providências adotadas pelas Unidades para correção


das irregularidades existentes;

III – promover gestão junto à Instituição Financeira, objetivando a


regularização das pendências identificadas; e

IV – fornecer informações aos órgãos de controle interno sobre situações


não regularizadas há mais de 30 (trinta) dias.

Parágrafo único. Compete à DEPAT efetivar controles descritos no caput e


incisos deste artigo, quando da conciliação das contas bancárias referentes
ao Tesouro Estadual.

d) Conta migrada do SICOF – procedimento indevido de baixa

Dos exames realizados por amostragem nas contas contábeis cujo saldo foi “zerado” no
ano, na unidade orçamentária 98101 DEPAT, verificou-se a ocorrência de baixa indevida de
saldo contábil em conta bancária, oriunda do SICOF, no montante de R$9.455 mil, a qual
havia permanecido sem movimento na escrituração contábil durante os anos de 2013 e
2014. Questionado sobre o documento probante da referida contabilização, foi justificado
pela DEPAT/ SEFAZ, mediante do Ofício n.º 166/2016:

O Banco do Brasil tinha fornecido a SEFAZ em extrato com a conta corrente


zerada, com a data de 31.12.2015, fizemos a baixa da conta no sistema
FIPLAN, através da NLC.
Acontece que numa análise mais detalhada, por a conta se encontrar fora
do Sistema de Caixa Único, entramos em contato com o Banco do Brasil
que nos enviou um extrato bancário, onde a conta apresenta um saldo
aplicado em Fundo no total de R$ 21.209.472,69.

Saliente-se que, embora a DEPAT tenha se mobilizado para regularizar a situação


apontada, a circunstância apurada, apresenta-se como falha de controle interno relevante,
requerendo por conseguinte o aprofundamento da pesquisa, no sentido de avaliar os fatores
que acarretaram no registro indevido, bem como para apurar a ocorrência desta situação, ou
de natureza semelhante, tanto em 2015 e como em exercícios anteriores, inclusive em
outras unidades e órgãos.

2.4.5.1.3 Royalties

A compensação financeira devida aos Estados, Distrito Federal e Municípios, decorrente da


exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos e minerais, comumente
denominada royalties, foi instituída pela Lei Federal n.º 7.990, de 28/12/1989, que, em seu
art. 8º, proíbe a aplicação desses recursos em pagamento de dívida e de pessoal, exceto
quanto ao pagamento de dívidas para com a União e suas entidades, e para a capitalização
de fundos de previdência.

182 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

O Decreto Federal n.º 01, de 11/01/1991, que regulamenta o pagamento dessa


compensação, em seu art. 24, dispõe que os Estados e Municípios deverão aplicar os
royalties recebidos da exploração de petróleo exclusivamente em energia, pavimentação de
rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e
saneamento básico.

A Lei Estadual n.º 9.281, de 07/10/2004, que estabelece a distribuição dos recursos
financeiros de que trata o art. 204 da Constituição Estadual, com as alterações efetuadas
pela Lei Estadual n.º 13.144, de 03/04/2014, dispõe em seu art. 1º que:

Os recursos financeiros do Estado, resultantes da sua participação na


exploração de potenciais de energia hidráulica, petróleo, gás natural e
outros recursos minerais, em seu território, serão distribuídos e aplicados,
observados os limites dos intervalos e o somatório de 100% (cem por cento)
dos percentuais utilizados conforme abaixo indicados:

I – de 25% (vinte e cinco por cento) a 30% (trinta por cento) na gestão,
pesquisa, prospecção e lavra de recursos minerais, na geração de energia e
energização rural, na gestão, aproveitamento e preservação de recursos
hídricos, inclusive na preservação do meio ambiente, assegurando-se, no
mínimo, 5% (cinco por cento) para o setor mineral;

II – de 70% (setenta por cento) a 75% (setenta e cinco por cento) a serem
utilizados para aportes junto ao Fundo Financeiro da Previdência Social dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia – FUNPREV.

Os valores recebidos pelo Estado, provenientes de royalties, no exercício de 2015,


totalizaram R$243.776.276,65, conforme tabela a seguir:

Tabela 89 – RECEITA DE COMPENSAÇÃO FINANCEIRA DE PRODUÇÃO DE


PETRÓLEO, RECURSOS HÍDRICOS E RECURSOS MINERAIS
Em R$
TÍTULO VALOR RECEBIDO %
Produção de Petróleo 205.296.273,74 84,21
Utilização de Recursos Hídricos 29.176.198,67 11,97
Exploração de Recursos Minerais 9.303.804,24 3,82
TOTAL 243.776.276,65 100,00
Fontes: Sítio do Banco do Brasil – www.bb.com.br e extratos bancários.

Os valores dos repasses do Governo Federal, extraídos do sítio do Banco do Brasil, estão
inferiores aos registrados no FIPLAN Gerencial em R$14.374.091,69, uma vez que os
relatórios de receita realizada, extraídos desse sistema, apresentaram o total de
R$258.150.368,34 de receita arrecadada a título de royalties no exercício. Essa diferença foi
identificada nos lançamentos referentes ao 1º quadrimestre de 2015.

A respeito dessa divergência, por meio do Ofício n.º 370, de 28/08/2015, a SEFAZ informou
que:

[…]

Sobre a diferença do valor de R$14.374.091,69 do liberado pelo Banco do


Brasil e lançado nos extratos bancários, e o contabilizado no FIPLAN
Gerencial, do 1º quadrimestre de 2015, esclarecemos que se refere a uma
receita que ingressou em dezembro de 2014, no valor de R$19.359.046,03,
no dia 29.12.2014. O equivalente a 25,74% (R$4.984.954,34) foi
contabilizado em dezembro, da destinação de recurso 0109000000
(unidade DEPAT) e o equivalente a 74,25% (R$14.374.091,69), da
destinação de recurso 0209000000 (unidade FUNPREV) não foi
contabilizado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 183


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Em 2015, fizemos o lançamento da receita na conta 1721223002 – Cota


Parte pela Produção de Petróleo, no montante de R$14.374.091,69.

De fato, segundo o sítio do Banco do Brasil, o valor integral repassado, em 29/12/2014, foi
de R$19.359.046,03. Entretanto, verificou-se que, em dezembro de 2014, apenas a parcela
correspondente à destinação de recursos 0109000000 foi contabilizada, sendo o valor
correspondente à destinação de recursos 0209000000 efetivamente registrado no FIPLAN
em 2015.

Registre-se que, no exame dos lançamentos contábeis do exercício de 2014, foram


encontradas diferenças entre os valores dos repasses do Governo Federal extraídos do sítio
do Banco do Brasil, os valores registrados no FIPLAN Gerencial e os apresentados nos
Demonstrativos Consolidados do Estado.

À época, as justificativas apresentadas pela SEFAZ, por meio do Ofício n.º 041, de
12/03/2015, não foram capazes de esclarecer as divergências detectadas pela auditoria.

Recomenda-se que as unidades responsáveis pela contabilização das receitas de royalties


o façam tempestivamente, evitando assim distorções nas informações contábeis e
financeiras.

Os valores recebidos pelo Estado da Bahia a título de royalties nos últimos cinco exercícios,
assim como a variação anual, em termos nominais, são apresentados na tabela a seguir:

Tabela 90 – RECURSOS RECEBIDOS A TÍTULO DE ROYALTIES ENTRE 2011 E 2015


Em R$
EXERCÍCIO RECEITA ARRECADADA VARIAÇÃO (%)
2011 268.601.232,55 –
2012 314.939.817,13 17,25
2013 329.954.924,43 4,77
2014 338.118.794,30 2,47
2015 243.776.276,65 (27,90)
Fontes: Receita arrecadada em 2015: sítio do Banco do Brasil – www.bb.com.br.
Receita arrecadada 2011 a 2014: Relatório Contas Governamentais 2014.

Embora seja possível verificar, nos dados da tabela acima, que nos exercícios anteriores há
variação nominal positiva, é nítida a tendência de decréscimo na receita de royalties.

Acrescente-se que, na comparação do apurado no exercício de 2015 com o valor transferido


pela União no exercício de 2014, houve queda substancial dessas receitas. Em termos
reais, entretanto, levando-se em consideração a inflação do período, essa queda apresenta-
se ainda mais acentuada, pois supera os 35% (correção monetária pelo Índice Geral de
Preços – Disponibilidade Interna – IGP-DI, acumulado até dezembro/2015).

A distribuição dos recursos financeiros destinados ao Estado a título de royalties submete-se


ao que determina o art. 204 da Constituição do Estado da Bahia, o qual foi alterado pela EC
n.º 19, de 12/03/2014, cuja nova redação é apresentada a seguir:

Art. 204 – Os recursos financeiros destinados ao Estado, resultantes da


participação na exploração dos potenciais de energia hidráulica, petróleo,
gás natural e outros recursos naturais, serão aplicados, na proporção em
que a lei estabelecer, em:

I – educação e saúde;

II – gestão e preservação de recursos hídricos e minerais;

184 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

III – geração de energia e energização rural;

IV – aporte em fundos de previdência dos servidores estaduais.

Parágrafo único – Lei complementar disporá sobre Municípios que serão


compensados pela exploração hidroenergética, petrolífera ou mineral ou
que sofram impactos decorrentes dessas atividades.

Conforme já mencionado, os recursos resultantes da participação na exploração de


potenciais de energia hidráulica, petróleo, gás natural e outros recursos minerais, no Estado
da Bahia, serão distribuídos de acordo com percentuais constantes na Lei Estadual n.º
9.281/2004, na proporção de 70% a 75% a serem utilizados para aportes no FUNPREV
(Fonte 209) e o restante (25% a 30%), na gestão, pesquisa, prospecção e lavra de recursos
minerais, na geração de energia e energização rural e também na gestão, aproveitamento e
preservação de recursos hídricos, inclusive na preservação do meio ambiente,
assegurando-se, no mínimo, 5% para o setor mineral (Fonte 109).

A SEFAZ informou, no Ofício n.º 041/2015, que foram fixados administrativamente os


percentuais de 74% para o FUNPREV, 25% para o Tesouro e 1% para pagamento do
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP).

Dos valores contabilizados como receita de royalties em 2015, a tabela seguinte apresenta a
sua distribuição por fonte de recursos, excluindo-se o valor de R$14.374.091,69 da fonte
209, arrecadado em 2014, mas só contabilizado em 2015, conforme mencionado
anteriormente.

Tabela 91 – DISTRIBUIÇÃO DE RECEITA DE ROYALTIES POR FONTE DE RECURSOS


Em R$
FONTE DE RECURSO VALOR CONTABILIZADO %
Fonte 109 62.941.096,26 25,82
Fonte 209 180.835.180,39 74,18
TOTAL 243.776.276,65 100,00
Fontes: FIPLAN Gerencial e cálculos da auditoria.

Na tabela a seguir, é demonstrada a aplicação dos royalties pelas Secretarias no exercício


de 2015:

Tabela 92 – DISTRIBUIÇÃO DA DESPESA EXECUTADA POR SECRETARIA/ÓRGÃO


NAS FONTES 109 E 209
Em R$
VALOR %
SECRETARIA/ÓRGÃO FONTE % TOTAL
LIQUIDADO APLICADO
SDE 109 10.685.237,25 10,27
SEINFRA 109 9.013.359,00 8,66
SEDUR 109 1.135.638,73 1,09
50,40
SEMA 109 13.278.780,89 12,76
EGERAIS 109 2.412.668,13 2,32
SIHS 109 15.917.857,37 15,30
SAEB 209 51.621.915,19 49,60 49,60
TOTAL 104.065.456,56 100,00 100,00
Fontes: Relatório da Execução da Despesa Orçamentária por Unidade Orçamentária – FIPLAN Gerencial e cálculos da
auditoria.

A unidade Encargos Gerais executou o valor de R$2.412.668,13 da Fonte 109,


correspondendo a 1% do valor transferido pelo Governo Federal, na Atividade 8017 –
Encargos com o PASEP, cumprindo assim o percentual legal para pagamento do PASEP.

Computando-se o valor de R$258.150.368,34 contabilizado em 2015 (incluindo o montante


de R$14.374.091,69 do exercício anterior), constatou-se que foi realizada a aplicação de
apenas 40,31% dos recursos oriundos de royalties disponíveis para aplicação.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 185


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Questionada acerca da baixa aplicação, a SEFAZ, por meio do Ofício n.º 212/2016, informou
que a receita líquida de royalties em 2015 correspondeu ao montante de R$116.420.728,53,
tendo em vista a contabilização do valor de R$141.729.639,81 como "dedução de receita na
conta 9721223002 – Cota Parte pela Produção de Petróleo", correspondente à parcela de
2015 do contrato de cessão de crédito firmado com o Banco do Brasil, em 2014 (Contrato
N.º SF/CCC/DA/01/14).

O retromencionado instrumento estabeleceu, em sua cláusula primeira que o Estado da


Bahia cedesse e transferisse ao Banco do Brasil:

[...] direitos de crédito a que faz jus a partir de AGOSTO DE 2014 até
DEZEMBRO DE 2018, referentes à parte dos royalties e participações
especiais incidentes sobre a exploração de petróleo e gás natural, de que
tratam o art. 7º da Lei n.º 7.990, de 1989, os arts. 47 a 49 da Lei n.º 9.478,
de 1997, e da Lei n.º 12.734, de 2012, representados em valores nominais
anuais, na data base de JULHO DE 2014, definidos na forma da tabela a
seguir:

ANO VALOR DE FACE em R$ (nominal)


2014 72.030.372,58
2015 174.475.434,33
2016 174.475.434,33
2017 174.475.434,33
2018 173.569.541,90
[...]

O montante efetivamente transferido pelo Estado ao Banco do Brasil em 2015, no total de


R$141.729.639,81, ficou aquém do valor pactuado face ao que prevê o § 5º da Cláusula
Segunda do referido contrato, que assim dispõe:

Assume o CESSIONÁRIO o risco de virem a não existir os direitos no


montante equivalente aos informados na Cláusula Primeira, em razão de
alterações na quantidade de petróleo e gás natural explorada e produzida
nos campos das bacias do CEDENTE, bem como, das oscilações de preço
desses produtos no mercado, não implicando qualquer outra
responsabilidade ao CEDENTE quanto à quitação de valores pendentes,
que não os estipulados neste CONTRATO.

Considerando-se que o valor líquido da receita de royalties atingiu o montante de


R$116.420.728,53 em 2015, o percentual de aplicação desses recursos pelas Secretarias
no exercício alcançou 89,39% no agregado das fontes 109 e 209.

Na fonte 209 (FUNPREV) foram aplicados R$51.621.915,19, o que corresponde a 96,53%


da receita líquida de royalties nessa fonte.

Por sua vez, a aplicação de recursos advindos de royalties na fonte 109 totalizou
R$52.443.541,37 (83,32%), nos percentuais demonstrados na tabela a seguir:

186 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 93 – APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ROYALTIES POR SECRETARIA/ÓRGÃO


NA FONTE 109
Em R$
RECEITA DESPESA LIQUIDADA %
SECRETARIA/ÓRGÃO
CONTABILIZADA (a) (b) (b)/(a)
SIHS 15.917.857,37 25,29
SEMA 13.278.780,89 21,10
SDE 10.685.237,25 16,98
62.941.096,26
SEINFRA 9.013.359,00 14,32
EGERAIS 2.412.668,13 3,83
SEDUR 1.135.638,73 1,80
TOTAL 62.941.096,26 52.443.541,37 83,32
Fontes: FIPLAN Gerencial e cálculos da auditoria.

2.4.5.1.3.1 Movimentação financeira dos royalties

Para verificar a transferência dos recursos de royalties para as Secretarias executoras das
ações, a auditoria gerou no FIPLAN um relatório contendo informações sobre Autorizações
de Repasse de Receita (ARR), cujo valor totalizou R$104.721.093,42, sendo
R$51.622.656,20 na fonte 209 (transferências para o FUNPREV) e R$53.098.437,22 na
fonte 109 (transferências para as demais Secretarias executoras de ações, incluindo
Encargos Gerais).

De acordo com o Balancete Mensal de Verificação por Conta Corrente (FIP 215A), gerado
no FIPLAN, constam informações sobre o saldo financeiro de royalties, ao final do exercício,
por Secretaria, como apresentado na tabela a seguir:

Tabela 94 – SALDO FINANCEIRO DOS ROYALTIES EM 31/12/2015


Em R$
SECRETARIA/ÓRGÃO SALDO %
SDE 2.221,37 0,02
SEINFRA 31.774,98 0,25
SEMA 186.181,75 1,48
SEFAZ/DEPAT 12.380.772,29 98,25
TOTAL 12.600.950,39 100,00
Fonte: FIPLAN – Balancete Mensal de Verificação por Conta Corrente (FIP 215A).

Por conseguinte, como já abordado em relatórios de Contas Governamentais de exercícios


anteriores, a SEFAZ continua transferindo às Secretarias montantes inferiores às receitas
arrecadadas, fazendo remanescer saldo significativo no DEPAT, como demonstrado na
tabela anterior, descumprindo assim o art. 1º da já citada Lei Estadual n.º 9.281/2004, que
determina que os royalties titularizados pelo Estado sejam distribuídos e aplicados
observando-se os limites dos intervalos e o somatório de 100% dos percentuais utilizados.

Recomenda-se que o Executivo Estadual conjugue esforços para que haja ações integradas
entre as Secretarias responsáveis pela execução de ações financiadas por recursos de
royalties, objetivando a aplicação integral das receitas dessa rubrica nas áreas eleitas para
aplicação desses valores, tanto no dispositivo Constitucional quanto na Lei 9.281/2004,
anteriormente mencionados.

2.4.5.2 Créditos de curto prazo

Os saldos em 31/12/2015 e 31/12/2014 dos Créditos de Curto Prazo podem ser resumidos
como segue:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 187


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 95 – CRÉDITOS DE CURTO PRAZO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
PODER EXECUTIVO CONSOLIDADO
DETALHES
31/12/2015 31/12/2015 31/12/2014
Empréstimos e financiamentos concedidos 963.714.393 963.714.393 644.160.624
Créditos de transferências a receber – União 120.823.925 120.823.925 143.741.324
Outras contas 8.427.286 14.483.283 17.638.945
TOTAL 1.092.965.604 1.099.021.601 805.540.893
Fonte: Balancete FIPLAN (FIP 215).

Da análise do conteúdo apresentado nas DCCEs – Exercício 2015, verifica-se a ausência de


informações e comentários sobre os saldos dessas contas, dificultando o entendimento e a
avaliação quanto à natureza dos créditos.

• Empréstimos e Financiamentos Concedidos

O saldo dessa conta é representado substancialmente pelas operações de crédito


realizadas com recursos do FUNDESE. O saldo dos empréstimos e financiamentos
efetuados através do FUNDESE encontra-se apresentado no grupo do Ativo Circulante e do
Não Circulante, cujo detalhamento pode ser resumido na tabela a seguir:

Tabela 96 – EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
TÍTULOS FUNDESE OUTRAS UNIDADES TOTAL
Ativo Circulante 780.961.063 182.753.330 963.714.393
Ativo não Circulante 303.203.646 12.876.027 316.079.673
SALDOS EM 31/12/2015 1.084.164.709 195.629.357 1.279.794.066
SALDOS EM 31/12/2014 1.072.549.514 93.332.789 1.165.882.303
Fonte: Balancete Analítico por unidade – FIPLAN.

O FUNDESE é um fundo administrado pela DESENBAHIA, regido pela Lei Estadual n.º
6.445, de 07/12/1992, com a finalidade de financiar programas de interesse do
desenvolvimento econômico e social do Estado, observadas as diretrizes do PPA. Conforme
a citada Lei, os financiamentos com recursos desse Fundo destinam-se, única e
exclusivamente, ao setor privado da economia e estão sujeitos, obrigatoriamente, ao
pagamento de encargos financeiros.

Da comparação dos saldos do FIPLAN, base das DCCEs de 2015, com o balancete de
31/12/2015 do Fundo, verificou-se divergências, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 97 – EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DO FUNDESE – COMPARATIVO


FIPLAN X DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA DESENBAHIA
Em R$
BALANCETE DO
TÍTULOS FIPLAN DIFERENÇAS
FUNDO
Valores a Receber 1.084.164.709 999.912.180 84.252.529
Provisão para Perdas (93.971.848) (60.009.776) (33.962.072)
SALDOS EM 31/12/2014 990.192.861 939.902.404 50.290.457
Fontes: Balancete FIPLAN (FIP 215) e Demonstrações Contábeis da DESENBAHIA.

As divergências entre os saldos apresentados no Balancete do FUNDESE e nas DCCEs,


também verificadas nas análises relativas ao exercício de 2014, indicam falha nos
procedimentos de consolidação das Demonstrações.

188 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.4.5.2.1 Estoque

O saldo em 31/12/2015 da conta de Estoque é representado, substancialmente, pelo


Almoxarifado de Material de Consumo das diversas unidades e entidades componentes da
estrutura do Estado, podendo ser resumido como segue:

Tabela 98 – ESTOQUE – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
PODER EXECUTIVO CONSOLIDADO
DETALHES
31/12/2015 31/12/2015 31/12/2014
Almoxarifado 177.152.857 181.875.071 259.770.976
Mercadorias para Revenda 601.268 601.268 603.341
Importações em Andamento 109.336 109.336 36.378
TOTAL 177.863.461 182.585.675 260.410.695
Fonte: Balancete FIPLAN (FIP 215).

A conta de Almoxarifado representa o saldo em estoque, na data do encerramento do


exercício, dos materiais de consumo, a exemplo de produtos de limpeza, escritório e
medicamentos, nos órgãos do Estado, podendo ser detalhado da seguinte forma:

Tabela 99 – ALMOXARIFADO – COMPOSIÇÃO DO SALDO POR UNIDADE


ORÇAMENTÁRIA
Em R$
DETALHES 31/12/2015 31/12/2014
FES/BA 122.313.086 169.539.851
EBDA – 24.341.560
PM/BA 16.094.474 18.079.890
Outras Unidades 43.467.511 41.291.469
TOTAL PODER EXECUTIVO 181.875.071 253.252.770
Fonte: Balancete Analítico FIPLAN, por unidade (FIP 215A).

Das análises na composição dos saldos em 2015 não foram identificadas variações
anormais em relação à posição de 2014, diferentemente do ocorrido entre os exercícios de
2013 e 2014, no saldo da unidade orçamentária do FES/BA.

2.4.5.2.2 Demais créditos a curto prazo

Preliminarmente, cabe registrar que não foi observado, na elaboração das DCCEs, o
disposto no item 3.5.4 do MCASP (6ª edição) quanto à recomendação de que as contas
com designação genérica de “Outros(as)” devem estar “limitados a 10% do total do grupo”,
tendo em vista que o saldo desta rubrica representa 15% do saldo do Ativo Circulante.

Em virtude da inexistência de informações ou notas explicativas sobre a composição dos


saldos desta rubrica contábil, faz-se conveniente o detalhamento dos saldos em 31/12/2015
e 31/12/2014, que podem ser resumidos como segue:

Tabela 100 – DEMAIS CRÉDITOS A CURTO PRAZO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
CONSOLIDADO
DETALHES
31/12/2015 31/12/2014
Convênios a Comprovar 527.269.796 437.197.079
Depósitos – –
Judiciais recebidos 111.212.424 –
Precatórios emenda 062 279.316.756 274.805.012
Restituíveis – conta especial 183.146.495 –
Outros 268.009.837 168.504.666
TOTAL 1.368.955.308 880.506.757
Fonte FIPLAN.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 189


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Consoante demonstrado na tabela anterior, a rubrica com saldo mais representativo em


2015 refere-se aos Convênios a Comprovar, apresentando um incremento de R$90.073 mil,
correspondendo a cerca de 21% em relação a 2014. Nesta rubrica contábil são registrados
os repasses para entidades, governamentais e não governamentais, principalmente
Prefeituras, por meio de instrumentos de convênios ou congêneres. A partir da comprovação
da aplicação dos recursos pelos convenentes, mediante prestação de contas, são
registradas as baixas dos créditos nessa conta.

Em relação aos controles internos relacionados ao acompanhamento e gestão dos recursos


repassados através de convênios e instrumentos congêneres, convém observar que, em
janeiro de 2013, houve a desativação do módulo de registro e acompanhamento das
prestações de contas dos convênios firmados com Organizações Não Governamentais
(ONGs) e Prefeituras, denominado Sistema de Informações Gerenciais de Convênios e
Contratos (SICON). Com a implementação do FIPLAN em 2013, os controles relacionados
com os convênios passaram a ser desenvolvidos com a utilização do módulo de
Cadastramento da Despesa (CDD), entretanto, sem a compilação de informações e
mecanismos que viabilizassem o adequado monitoramento das obrigações, previstas nos
termos firmados, principalmente relacionadas à apresentação e análise das prestações de
contas.

Em 2015, foram implementados no sistema FIPLAN dispositivos e relatórios objetivando o


aprimoramento das ferramentas de controle dos convênios, como o módulo de registro das
prestações de contas (PCT) e o relatório “Demonstrativo de Convênios Concedidos”.
Entretanto, o sistema ainda carece de mecanismos que possibilitem o adequado
gerenciamento operacional, controle financeiro e legal, bem como o registro contábil dos
recursos repassados, durante sua execução até a sua conclusão, e o acompanhamento do
trâmite derivado da análise das respectivas prestações de contas. Saliente-se que
determinadas situações indicadas no exame pelo controle interno também devem ser objeto
de controle por esse sistema, além de devidamente contabilizados, quando relativos a fatos
que afetam o patrimônio público, como o cumprimento parcial do objeto, a devolução de
recursos, a glosa de despesa, dentre outros.

Registre-se que a Resolução deste TCE n.º 144/2013 estabeleceu que as unidades
jurisdicionadas devem informar ao Tribunal a situação dos convênios, classificando-os em
execução, concluído ou com irregularidade. Neste último caso, deve ser indicada a natureza
das inconsistências, o valor pendente de restituição e as providências adotadas pela
Administração, objetivando a regularização das ocorrências. Entretanto, o referido sistema
não dispõe, ainda, de relatório ou ferramentas que possibilitem a adequada identificação dos
convênios, considerando as datas de vencimento dos pactos, os dados relacionados com a
análise das prestações de contas, para atender ao quanto requerido pelo TCE, bem como
para viabilizar o efetivo controle e o gerenciamento dos pactos firmados.

Como inovação, a partir de dezembro de 2015, iniciou-se a publicação, no sítio da SEFAZ,


da relação dos credores inadimplentes, que inclui as pendências derivadas do repasse de
convênios, as do não recolhimento de tributos ao Estado ou com débito junto à EMBASA.
Ocorre que tais listagens são substituídas continuamente no sítio, não dispondo de
informações suficientes para acompanhar a evolução da situação dos credores,
impossibilitando a análise da condição dos convenentes inadimplentes em períodos
anteriores, assim como as razões e datas em que passaram à condição de adimplentes.
Portanto insuficiente para contribuir no processo de gestão e controle dos convênios.

Na listagem publicada no sítio da SEFAZ, ao final do exercício de 2015, constavam 1.563


convênios na condição de inadimplentes pelo motivo de “prestação de contas”, dos quais
684 possuíam o termo com valor superior a R$100mil, sendo 318 firmados em 2013, 329 em
2014 e 37 em 2015. Contudo, inexistiam registros de convênios anteriores a 2013, assim
como a listagem não continha informações importantes para sua adequada interpretação

190 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

como: o montante efetivamente desembolsado, a razão da inadimplência, a exemplo de:


ausência do envio da prestação de contas, falhas na análise pelo controle interno,
descumprimento de norma legal ou de natureza financeira, bem como se haviam sido
deflagradas ações objetivando à regularização.

Foram solicitados esclarecimentos à SEFAZ sobre a normatização e sistematização desta


inovação. Através do Ofício SAF n.º 27/2016, que remeteu aos dispositivos contidos no
Decreto Estadual n.º 9.266, de 14/12/2004 que instituiu o SICON, foram apresentados,
dentre outros argumentos, o que segue:

Observamos que já são publicados no sítio da SEFAZ, canal Finanças


Públicas e Controle Interno, com atualização semanal, as informações dos
convenentes inadimplente, as quais passarão a ter atualização diária a
partir do segundo semestre deste ano. Ressaltamos também que a geração
do relatório com convenentes inadimplentes é automática, sem intervenção
de qualquer usuário, a partir de rotina especificada e homologada pelos
gestores do FIPLAN e do Transparência Bahia.

Ocorre que a rotina de publicar relações sobre convenentes inadimplentes, de forma


pontual, é de utilidade reduzida, pois não fornecem elementos suficientes à avaliação do
fluxo de ingresso e exclusão dos convenentes na listagem disponibilizada e não possibilita o
acompanhamento do conjunto de aspectos relacionados com o gerenciamento e
acompanhamento dos convênios. Frise-se, inclusive, que fica limitada a transparência da
gestão pública nesta área, tendo em vista que permanece desativada, desde 2013, a função
de consulta a “convênios concedidos” no sítio Transparência Bahia.

Apesar das melhorias implementadas nas rotinas do sistema FIPLAN, relativas aos
convênios, verificou-se através do sistema MIRANTE, em consulta à base de dados dos
convênios com desembolso superior a R$1.000 mil, que apenas uma prestação de contas
tinha sido recepcionada, enquanto 79 convênios estavam vencidos há mais de 90 dias na
data-base de 31/12/2015, com a seguinte distribuição: “ativos” (27) e “Suspenso por
Encerramento do Exercício” (52). Registre-se que o montante desembolsado em tais
convênios perfizeram o total de R$211.133 mil.

Ampliando a análise em relação às principais unidades gestoras de convênios, com base no


saldo contábil ao final do exercício de 2015 e 2014 da Conta de Convênios a Comprovar,
cuja composição, por unidade orçamentária/entidade, pode ser resumida na tabela a seguir,
foram identificados os aspectos comentados na sequência.

Tabela 101 – CONVÊNIOS A COMPROVAR – COMPOSIÇÃO DO SALDO POR UNIDADE


ORÇAMENTÁRIA
Em R$
SALDOS EM SALDOS EM
UNIDADES/ENTIDADES
31/12/2015 31/12/2014
SJDHDS – APG (SEDES – Diretoria Geral, em 2014) 129.518.027 87.269.472
Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS) 112.772.791 69.309.369
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia 70.113.776 49.901.361
SEC – Diretoria Geral 32.292.171 37.448.185
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S/A (EBDA)* – 29.337.533
Outras Unidades e Entidades 182.573.031 163.422.425
TOTAL 527.269.796 436.688.345
Fonte: Balancete Analítico por unidade – FIPLAN.
* Empresa extinta.

As três principais unidades orçamentárias foram objeto de solicitação de esclarecimentos


quanto aos convênios, com desembolso superiores a R$1.000 mil, sem indicação de
prestação de contas recebida e com data de vencimento superior a 90 dias na data base de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 191


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

31/12/2015, bem como quanto a outras informações relativas a relatório de inadimplência


disponível no sítio da SEFAZ, sendo informado o que se segue:

• Quanto à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social


(SJDHDS) e ao FEAS, o gestor informou, através do Ofício datado de 20/04/2016,
que a Secretaria enfrentou dificuldades em 2015 decorrentes de mudança
organizacional, com “o aumento considerável de atividades”, e indicou ter promovido,
após o questionamento por este TCE, a regularização da situação dos convênios,
indicados no sistema FIPLAN como sem registro de prestação de contas;

• Quanto à CONDER, foi reencaminhado eletronicamente, pelo gestor, o


demonstrativo quadrimestral dos convênios em vigência ao final de 2015. Da análise
das informações constantes no demonstrativo, foi verificado, dentre outros
elementos, especificamente em relação aos convênios vencidos há mais de 90 dias
em 31/12/2015: 162 considerados irregulares pelo controle interno, 16 paralisados,
13 com interrupção do repasse, 59 com instauração de tomada de contas, dentre
outros. Registre-se que o módulo de controle de convênios do FIPLAN não
contempla tais informações relevantes para o gerenciamento dos convênios.

Em verificações relacionadas com as transferências dos convênios das instituições extintas


para as unidades que as sucederam, no que pertine ao controle das obrigações com
convênios, foi identificada a ocorrência de exclusão indevida de saldo de convênio, no valor
de R$9.101 mil. Sobre este assunto, a DICOP/SEFAZ, através de Ofício DICOP n.º 18/2016,
confirmou a ocorrência da falha, informando que promoveu a regularização em abril de
2016, por ocasião do questionamento pelo TCE.

As fragilidades nos controles internos do Estado quanto à prestação de contas dos recursos
repassados, principalmente às prefeituras e instituições não governamentais, sob a égide de
convênios, ou ajustes assemelhados, prejudicou a avaliação da gestão no que se refere ao
cumprimento do disposto na Lei Estadual n.º 9.433/2005, em seu art. 175, in verbis:

Art. 175 – Os recursos financeiros repassados em razão do convênio não


perdem a natureza de dinheiro público, ficando a sua utilização vinculada
aos termos previstos no ajuste e devendo a entidade, obrigatoriamente,
prestar contas ao ente repassador e ao Tribunal de Contas. (Grifou-se)

• Tomadas de Contas

Das análises promovidas, verificou-se, também, que inexiste nas DCCEs informações sobre
os convênios em situação de tomada de contas, como quantidade de termos, valores e
situação/fase da cobrança, dentre outras. Cabe registrar que, até onde foi possível verificar,
o FIPLAN não dispõe de relatórios específicos para este tipo de situação dos convênios. As
providências da Administração, dentre essas a deflagração dos procedimento de Tomada de
Contas, deveria ser objeto de divulgação, complementarmente às relações dos convenentes
inadimplentes, por se revelar importante para avaliação da eficiência da gestão no controle
dos recursos repassados através de convênios.

Registre-se que, em 2015, foram propostas pelo Ministério Público da Bahia, em virtude da
“falta de comprovação da utilização de recursos públicos em convênios”, cerca de “60 ações
por ato de improbidade administrativa e de 14 ações penais em 56 municípios baianos” que
conforme noticiado no sítio deste órgão “somam mais de R$23 milhões”. Tais ações
decorreram de “apuração conduzida pelo Ministério Público de Contas”, onde “foi constatado
que mais de 300 convênios celebrados entre os anos de 2011/2012 pelo Estado da Bahia

192 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

com Prefeituras Municipais, associações e cooperativas permaneciam sem a devida


prestação de contas” 16.

Apesar do montante significativo dos convênios firmados antes de 2012, considerados


irregulares nas ações propostas pelo Ministério Público, e da quantidade de convênios
indicados como inadimplentes em relação divulgada no sítio da SEFAZ, verifica-se, nas
DCCEs de 2015, que as contas representativas de créditos relacionados aos repasses
através convênios sem adequada comprovação, demonstradas na tabela a seguir,
apresentavam o montante de apenas R$934 mil.

Tabela 102 – SALDOS DE CONTAS RELACIONADAS A PENDENCIAS DE CONVÊNIOS


Em R$
CÓDIGO FIPLAN DESCRIÇÃO 31/12/2015 31/12/2014
11341020000 Créditos por Danos ao Patrimônio Apurados em Tomada de Contas Especial 274.565 265.932
11341019400 Responsabilidade a Apurar na Prestação de Contas 422.797 361.020
11341019500 Responsabilidade Apurada na Prestação De Contas 236.831 240.604
TOTAL 934.193 867.556
Fonte: Balancete Analítico – FIPLAN.

Portanto, a ausência de informações nas DCCEs de 2015 sobre a situação dos recursos
repassados através de convênios e termos assemelhados, principalmente, em relação
àqueles considerados inadimplentes, e os comentários anteriores que evidenciam a
fragilidade dos controles internos relacionados com o gerenciamento dos convênios,
repercutem negativamente no grau de confiabilidade dos saldos contábeis das contas
representativas dos créditos dessa natureza.

2.4.5.2.3 Outros Valores Realizáveis a Longo Prazo

As principais contas representativas dos créditos a receber do Realizável a Longo Prazo


apresentavam os seguintes saldos em 31/12/2015 e 31/12/2014:

Tabela 103 – REALIZÁVEL A LONGO PRAZO – COMPOSIÇÃO DOS SALDOS


Em R$
PODER EXECUTIVO CONSOLIDADO
DETALHES
31/12/2015 31/12/2015 31/12/2014
Empréstimos e Financiamentos Concedidos* 316.079.673 316.079.673 521.721.680
Créditos Tributários a Receber 257.790.308 257.790.308 257.790.308
Créditos a Receber do FCVS – CEF 246.525.409 246.525.409 246.525.409
Investimentos e Aplicações a Longo Prazo 348.082.002 348.082.002 348.082.002
Dívida Ativa Não tributária 107.556.622 107.556.622 76.816.865
Dívida Ativa Tributária 13.074.110.947 13.074.110.947 11.879.321.823
Provisão para Perdas (13.146.571.053) (13.146.571.053) (11.955.565.027)
Outras Contas de Longo Prazo 50.932.929 50.970.923 35.100.476
TOTAL 1.254.506.837 1.254.544.831 1.409.793.536
Fonte: FIPLAN.
* Conta objeto de comentários no item 2.4.5.6 Empréstimos e financiamentos.

Da análise das contas de recebíveis no longo prazo de Créditos Tributários a Receber,


Créditos a Receber do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) – CEF e
Investimentos e Aplicações a Longo Prazo verifica-se que são saldos oriundos,
basicamente, de exercícios anteriores (Migração do SICOF). Registre-se que não constam
nas DCCEs de 2015, assim como no exercício anterior, informações quanto à sua origem e
natureza, dificultando a adequada avaliação dos saldos e, consequentemente, a definição
quanto à perspectiva de realização de tais ativos. A ausência de elementos quanto à
pertinência de tais direitos e por tanto tempo, atenta contra os arts. 87 e 88 da Lei Federal
n.º 4.320/1964, que assim dispõe:

16
Notícia disponível no site (https://www.mpba.mp.br/noticia/30039), acessado em 28/04/2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 193


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Art. 87. Haverá contrôle contábil dos direitos e obrigações oriundos de


ajustes ou contratos em que a administração pública fôr parte.

Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individuação do


devedor ou do credor e especificação da natureza, importância e data do
vencimento, quando fixada.

Cabe registrar que o MCASP (6ª edição) indica, de forma explícita, na parte IV, tópico 3.5.4,
sobre a Consistência dos Registros e Saldos de Contas “Cada unidade que realize a gestão
de recursos públicos deverá ser responsável pelo acompanhamento, análise e consistência
dos registros e saldos das contas contábeis, bem como os reflexos causados nos
respectivos demonstrativos”.

2.4.5.2.3.1 Dívida Ativa

De acordo com o Balanço Patrimonial Consolidado do Estado do exercício de 2015, a Dívida


Ativa Não Tributária apresentou saldo final de R$107.556.621,80, enquanto que a Dívida
Ativa Tributária (DAT) somou R$13.074.110.946,78, representando 99,18% do total.

No caso da DAT, o ajuste feito para se chegar à parcela considerada recuperável, conforme
as DCCEs, exercício 2015 (fls. 35), foi de R$13.054.599.205,82, equivalente a 99,85% do
montante de créditos fiscais de longo prazo existente na data de 31/12/2015.

2.4.5.2.3.1.1 Evolução da Dívida Ativa Tributária (DAT) e da Recuperação de Créditos


Inscritos

Como tem sido mostrado por este TCE em relatórios precedentes, as provisões para perdas
com créditos tributários inscritos na Dívida Ativa situam-se geralmente acima de 99,80% do
saldo total ao fim de cada mês, como ocorre também na provisão feita em relação à posição
de 31/12/2015. O montante mensal considerado recuperável, ao final do último exercício, foi
de R$19.511.740,96, o que corresponde a 0,15% do saldo da DAT.

Este é o percentual médio mensal do triênio 2012-2014 calculado pela GCRED/DARC, com
base nos valores mensais efetivamente recuperados naqueles exercícios e utilizado,
portanto, para previsão dos valores recuperáveis mensalmente ao longo do exercício de
2015, conforme as instruções constantes do Manual de Procedimentos da Dívida, instituído
pela Portaria STN n.º 564, de 27/10/2004.

A previsão de recuperação mensal, entretanto, não se confirmou no exercício de 2015, pois


a referida média trienal foi influenciada pelo aumento da recuperação de créditos tributários
no exercício de 2013, o que não se repetiu nos dois exercícios seguintes.

Conforme demonstrado na tabela a seguir, a receita total efetivamente obtida com


pagamentos em espécie de créditos fiscais inscritos, no último exercício, foi de
R$154.682.124,03. Vale notar, contudo, que esse valor foi alcançado, na verdade, graças a
benefícios fiscais concedidos por meio da Lei Estadual n.º 13.449, de 21/10/2015, para
contribuintes com débitos inscritos na DAT.

A seguir, faz-se uma comparação entre a evolução da DAT e da recuperação dos créditos
inscritos, com base nas informações contábeis.

194 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 104 – SALDO DA DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA (DAT) VERSUS RECEITA


ARRECADADA – EXERCÍCIOS 2011 a 2015
Em R$
RECEITA DA DÍVIDA
SALDO DA DAT RECEITA/SALDO
ATIVA TRIBUTÁRIA
(B/A) %
EXERCÍCIO VALOR (A) EXERCÍCIO VALOR (B)
2011 8.475.127.333,97 2012 74.821.361,32 0,88
(1)
2012 9.368.354.788,03 2013 346.120.428,09 3,69
2013 10.218.954.481,99 2014 106.383.051,00 1,04
2014 11.879.321.822,56 2015 154.682.124,03 1,30
2015 13.074.110.946,78 2016 – –
Fontes: Saldo DAT conforme Balanço Patrimonial do Estado: até 2012 – SICOF; a partir de 2013 – FIPLAN/FIPLAN Gerencial.
(1)
Conforme será tratado no item 2.4.5.2.3.1.2 Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT em 2015 – SIGAT x FIPLAN, a SEFAZ
corrigirá no presente exercício este valor para R$342.562.074,49.

A tabela acima mostra que, à exceção do percentual de recuperação de créditos inscritos,


em 2013, relativamente ao saldo da DAT em 31/12/2012, pode-se dizer que este tem girado
em torno de 1%. O resultado obtido em 2013, principalmente, mas também em 2015, os
dois exercícios de maior arrecadação relativamente aos saldos antes existentes, foi
fortemente influenciado pelas grandes vantagens concedidas aos devedores em termos de
dispensa de pagamento de multas e acréscimos moratórios.

A Lei Estadual n.º 12.903, de 05/09/2013, permitiu a quitação de débitos fiscais do Imposto
sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICM) e do ICMS cujos fatos
geradores tivessem ocorrido até 30/06/2013, com dispensa de até 100% do pagamento de
multas e acréscimos moratórios.

No último exercício, medida assemelhada foi tomada pelo Estado, uma vez que, por
intermédio da Lei Estadual n.º 13.449, de 21/10/2015, o governo voltou a conceder amplos
benefícios aos devedores de tributos, desta feita sem restrição de data-limite para fatos
geradores e incluindo débitos do IPVA e do ITD. Destacam-se, a seguir, os principais
dispositivos desta lei:

[...]

Art. 3º – Fica o Poder Executivo Estadual, por intermédio da Procuradoria


Geral do Estado, autorizado a celebrar transação de créditos tributários
terminativa de processos de execuções fiscais, na forma prevista no art. 171
da Lei Federal n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966, e no inciso XIII do art.
32 da Lei Complementar n.º 34, de 06 de fevereiro de 2009.

[…]

§ 3º – Os débitos de Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de


Mercadorias – ICM e Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Sobre Prestação de Serviço de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, inclusive multas decorrentes de
descumprimento de obrigação acessória, poderão ser transacionados com a
redução da multa por infração e dos acréscimos moratórios nos seguintes
percentuais:

I – 85% (oitenta e cinco por cento), para pagamento integral à vista do


débito;
II – 60% (sessenta por cento), para pagamento em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas;
III – 25% (vinte e cinco por cento), para pagamento em até 48 (quarenta e
oito) parcelas mensais e consecutivas.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 195


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

§ 4º – Os débitos de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores


– IPVA, Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer
Bens ou Direitos – ITD e Taxas Estaduais poderão ser transacionados com
a redução da multa por infração e dos acréscimos moratórios nos seguintes
percentuais:

I – 85% (oitenta e cinco por cento), para pagamento integral à vista do


débito;
II – 60% (sessenta por cento), para pagamento em até 04 (quatro) parcelas
mensais e consecutivas. (Grifou-se).

Mais importante, porém, é ressaltar que a estratégia de frequentes anistias fiscais se mostra
de baixa eficácia, como demonstra a grande diferença entre o montante recuperado em
2013 e o que se alcançou dois anos depois.

O resultado, como visto, foi muito inferior ao obtido em 2013. Como tem observado este
Tribunal, o frequente recurso a esse tipo de medida também cria para o devedor a
expectativa de periódica redução significativa de seus débitos com o Fisco. Esta política
tende a alimentar nos contribuintes uma relativa despreocupação com eventual autuação
fiscal e posterior inscrição do débito na Dívida Ativa, além de incentivar comportamento
semelhante na parcela de contribuintes que se comportam usualmente conforme às normas
tributárias.

Agrava, também, este quadro, a morosidade do andamento dos processos de cobrança


quando os débitos têm que ser executados judicialmente, o que acaba também levando a
que o contribuinte em débito, sobretudo os de maior porte, prefiram que as respectivas
cobranças, uma vez findo o procedimento na esfera administrativa, sejam levadas ao
Judiciário. Os dados de 2015 não diferem muito, em termos percentuais, dos já
demonstrados quando da apreciação das contas do Chefe do Poder Executivo Estadual do
exercício de 2014, como se constata na tabela a seguir:

Tabela 105 – PROCESSOS FISCAIS AJUIZADOS – POSIÇÃO EM 31/12/2015(1)


Em R$
% SOBRE % SOBRE
FAIXAS DE VALOR (R$) QUANTIDADE VALOR
O TOTAL O TOTAL
Até 10.000 54.830 56,85 155.681.452,29 1,38
Acima de 10.000 e até 50.000 21.605 22,40 535.051.791,42 4,73
SUBTOTAL 76.435 79,25 690.733.243,71 6,11
Acima de 50.000 e até 200.000 12.339 12,79 1.236.688.809,96 10,93
Acima de 200.000 e até 1.000.000 5.802 6,02 2.474.917.845,45 21,88
Acima de 1.000.000 1.876 1,95 6.909.275.294,17 61,08
SUBTOTAL 20.017 20,75 10.620.881.949,58 93,89
TOTAL 96.452 100,00 11.311.615.193,29 100,00
Fonte: Relação de Processo Administrativo Fiscal (PAF) existentes em 31/12/2015, fornecida pela GCRED/DARC.
(1)
Foram excluídos aqueles que, embora na fase "ajuizado", estivessem com a situação definida como "arquivado" ou "baixado
por pagamento".

Verifica-se na tabela anterior que o valor total de processos em cobrança judicial situava-se
em R$11.311.615.193,29, no final do exercício, montante que equivalia a 86,52% do saldo
total da DAT naquele momento.

Como se observa, os Processos Administrativos Fiscais (PAFs) com valor acima de um


milhão de reais representam, aproximadamente, 61,1% de todo o valor cobrado em juízo e,
quando se considera que eram 2.090 os processos fiscais nesta faixa de valor, ajuizados ou
não, existentes na data citada, conclui-se que a maioria (1.876 ou 89,76%) prossegue em
âmbito judicial.

196 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Esses 2.090 processos fiscais acima de um milhão de reais correspondem a 1.309


contribuintes e os 1.876 processos fiscais dessa faixa ajuizados correspondem a 1.202
contribuintes. Em outras palavras, 91,83% dos contribuintes com débitos fiscais superiores,
cada um, a um milhão de reais, têm seus processos em cobrança judicial.

A título de comparação, tome-se o polo oposto da distribuição: os processos fiscais inscritos


na DAT com saldo igual ou menor que R$50.000,00 perfaziam 273.008 em 31/12/2015, dos
quais, como visto na tabela acima, 76.435 corriam em juízo, ou seja, um percentual de,
aproximadamente, 28,00% apenas.

Questionamentos auditoriais envolvendo a gestão da Dívida Ativa Tributária e a recuperação


de créditos fiscais inscritos têm sido feitos nas últimas apreciações das Contas Anuais do
Chefe do Poder Executivo Estadual por este TCE.

Acerca da necessidade de um esforço da gestão para cobrança da Dívida Ativa, por meio do
Ofício DARC n.º 02, de 08/06/2015, em que o gestor respondeu à Notificação n.º 858/2015
deste Tribunal, no âmbito do processo relativo à análise das prestações de contas da
SEFAZ do exercício de 2013 (TCE/0001098/2014), a DARC assim se posicionou:

[...]

Informo que no exercício de 2014 foi criado o Comitê Interinstitucional de


Recuperação de Ativos (Cira), que tem a coordenação da SEFAZ-Ba e
reúne ainda a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o Ministério Público
Estadual (MPE), a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e o Tribunal de
Justiça (TJ). A agenda do CIRA prevê novas medidas que irão ampliar os
mecanismos para regularização de dívidas, agindo sobre devedores nas
seguintes situações: com Débito Declarado, Parcelamento Interrompido e
Crimes Contra a Ordem Tributária, realizando Oitivas, trabalhando sobre
débitos inscritos em dívida ativa, entre outros. Outras medidas de gestão
também foram tomadas visando principalmente diminuir o volume de
inscrições em dívida ativa, como por exemplo: Facilidade de parcelamento
de débitos na Internet, com parcelamentos em até 60 vezes, extensão do
prazo de 30 para 60 dias para defesa de auto de infração, criação da figura
do Devedor Contumaz e o Arrolamento de Bens na fase administrativa.

Em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado e o Tribunal de Justiça, a


SEFAZ participa do projeto de saneamento das Varas da Fazenda Pública,
onde, além de sanear, estamos digitalizando e tornando os processos
eletrônicos.

Em razão deste pronunciamento, foram solicitadas informações acerca do Comitê


Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA) e de suas ações. Mediante o Ofício
DARC n.º 09, de 11/03/2016, a SEFAZ informou que o CIRA, embora criado desde 2012
pelo Decreto Estadual n.º 13.843, só passou a efetivamente funcionar em 2014. Também
explicou que as ações conjuntas dos órgãos integrantes – SEFAZ, PGE, Ministério Público,
Tribunal de Justiça – compreenderam, desde então:

[...]
Oitivas de contribuintes previamente notificados, na condição de
responsáveis penais de empresas tipificados como devedores contumaz
e/ou que praticam crime contra ordem tributária: apresentados 18
procedimentos com débito total de R$258.903.178,82 e débito de valor
inscrito em dívida ativa de R$130.511.017,58 que resultaram em valores
recuperados na ordem de R$110.592.625,21.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 197


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Informou, ainda, que as medidas mencionadas na resposta à Notificação n.º 858/2015 –


parcelamentos em até 60 vezes, extensão do prazo de 30 para 60 dias para defesa de auto
de infração, criação da figura do Devedor Contumaz e o Arrolamento de Bens na fase
administrativa – estão em vigor desde 01/06/2014, por meio do Decreto Estadual n.º 15.158,
de 27/05/2014 e que o aumento do prazo de parcelamento é extensivo a débitos já inscritos
na Dívida Ativa. Com relação a esta última medida, a DARC avalia que houve “[...] o
aumento da quantidade de parcelamentos implicando em uma menor necessidade de
inscrição em Dívida Ativa e judicialização do PAF”.

Esta avaliação estava calçada no “quadro de avaliação com análise do volume de


parcelamentos seis meses antes e depois da Lei e um ano antes e depois da Lei.”,
reproduzido a seguir:

Período Quantidade Valor Total do Débito


01/01/2014 a 30/06/2014 5.703 187.138.680,44
01/07/2014 a 31/12/2014 6.106 932.916.043,84
01/07/2013 a 30/06/2014 11.997 558.399.108,00
01/07/2014 a 30/06/2015 13.607 1.126.966.859,24

Não há indicação da fonte de dados nem qualquer nota explicativa a esta tabela no
supramencionado Ofício. Os dados relativos a processos fiscais inscritos na Dívida Ativa até
31/12/2014, fornecidos à auditoria pela DARC quando do exame das contas da SEFAZ
daquele exercício, mostravam apenas 3.413 PAFs com saldo parcelado, os quais somavam
R$76.602.144,46. Segundo a mesma fonte existiam, em 31/12/2015, 4.186 processos
fiscais com débitos parcelados, somando R$125.412.657,96. Os dados apresentados na
resposta da SEFAZ talvez englobem processos que ainda não foram inscritos na Dívida
Ativa, o que, neste caso, impede qualquer comparação.

Pelos dados que dispõe a auditoria, tem-se que a taxa de crescimento da quantidade de
parcelamentos de processos inscritos entre 31/12/2014 e 31/12/2015 foi de 22,65%,
enquanto que a do valor total parcelado aumentou 63,72%. Neste caso, porém, o aumento
do montante parcelado advém tanto do fato de que mais processos aderiram ao
parcelamento do débito, quanto dos acréscimos moratórios que se somam aos saldos
preexistentes.

Acerca da influência que poderia ter o maior prazo dado para defesa de auto de infração
com o propósito de diminuir o volume de inscrições em Dívida Ativa, a SEFAZ, ainda
mediante o Ofício DARC n.º 02/2015, forneceu as seguintes explicações:

[...]
Entendemos que a extensão do prazo de defesa contribui para que o
contribuinte avalie a precisão do lançamento fiscal além de estender o prazo
para que a carteira de cobrança esclareça a autuação. Identificamos
também que as Empresas de grande porte, por possuírem Setor Tributário e
Setor Jurídico, dado à exiguidade do prazo para esclarecimentos e
convencimento da Matriz (por muitas vezes fora do Estado e até fora do
País) tinham como prática comum a judicialização do processo
administrativo fiscal. Este prazo maior é utilizado como um esforço de
convencimento da ação fiscal para diminuir o contencioso administrativo,
extrajudicial e judicial.

Com relação ao projeto conjunto de saneamento das Varas da Fazenda Pública, entre a
SEFAZ, a PGE e o Tribunal de Justiça, a Secretaria da Fazenda foi questionada se, além de
tornar os processos eletrônicos, envolveria também outras metas, como a de acelerar o
julgamento de processos fiscais em tramitação nessas Varas.

198 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Em resposta, a DARC informou que o projeto envolve “revisar as informações processuais


cadastradas no SIGAT e no PGE Net, além de tornar o documento eletrônico”, mas não
existe meta de aceleração de julgamento de processos.

Trata-se de questão pertinente e de grande relevância, pois um dos fatores que estimulam a
preferência dos devedores, sobretudo os de maior porte, pela judicialização da cobrança
fiscal é justamente, como já comentado, a morosidade de seu andamento nas Varas da
Fazenda Pública.

Tomando-se apenas os 1.876 processos ajuizados com saldo acima de um milhão de reais,
como demonstrado anteriormente na Tabela 105, constata-se que 871 deles tiveram seu
último trâmite realizado entre 1999 e 2012, isto é, não só deram entrada na Justiça
provavelmente há bastante tempo, como estão sem movimentação há, pelo menos, quatro
anos.

Não se trata, ressalte-se, de problema restrito ao Estado da Bahia: por intermédio de sua
Assessoria de Comunicação Social em Nota à Imprensa, datada de 16/12/2015, o Ministério
da Fazenda informa ao público a seguinte iniciativa, dentre outras metas da Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para o ali denominado Novo Plano de Cobrança da
Dívida Ativa:

[…]
2. Assinatura de Termo de Cooperação Técnica entre o Ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, e o Presidente do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), Ricardo Lewandowski, para fomentar e aplicar soluções em regime
de parceria entre Poder Judiciário e Poder Executivo, visando permitir a
recuperação ágil de créditos em favor do Estado. O convênio a ser
assinado estabelece a criação de um plano de trabalho para, dentre
outros objetivos, criar mecanismos para que os processos de
devedores com maior perspectiva de pagamento possam ter
andamento mais célere. Inclusive, nessa linha, a PGFN já encaminhou ao
CNJ lista dos mil maiores processos em execução fiscal, com garantia e
fiança, para que o julgamento seja agilizado. (Grifou-se).
[…]
Fonte: http://fazenda.gov.br/assuntos/destaques/nota-a-imprensa-2015-12-
16-divida-ativa-1-1.pdf/view

Acerca de medidas para reduzir a judicialização de processos fiscais e/ou dar um tratamento
específico aos de maior valor, a DARC/SEFAZ informou que:

[…]
Existe como prática, o encaminhamento de Notícias-Crime de Processos
Administrativos Fiscais inscritos em dívida ativa cujas infrações são
tipificadas como Crime Contra Ordem Tributária ao MP, e que passaram em
2015 a ser objeto também de oitivas no âmbito do CIRA. [...] Os
contribuintes são notificados e são agendadas diversas reuniões. As NC
são elaboradas após a análise dos Autos de Infração que possuem os
débitos mais vultosos. Em 2016 haverá um esforço para aumentar o número
de reuniões.

A ativação do CIRA, as medidas já implantadas e, principalmente, a cooperação e o trabalho


conjunto que, segundo informa a DARC, estão ocorrendo, representam um avanço em
relação à gestão da Dívida Ativa Tributária do Estado, no rumo que tem sido recomendado
por esta Casa.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 199


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.4.5.2.3.1.2 Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT em 2015 – SIGAT x FIPLAN

No Relatório das Contas do Chefe do Poder Executivo, exercício 2014, foram apontadas
diferenças entre o SIGAT e o FIPLAN, no que diz respeito a valores relativos a fatos que
aumentam ou diminuem o montante de créditos fiscais inscritos na Dívida Ativa. Estas
fragilidades persistem, de modo que os saldos da DAT, referentes ao exercício de 2015,
registrados na contabilidade não coincidem com os que resultam dos dados obtidos no
SIGAT.

As diferenças encontradas pela auditoria entre as informações contábeis relativas à DAT e


às fornecidas pela GCRED/DARC, com base no SIGAT, foram mais uma vez questionadas.

Atendendo ao questionamento da auditoria, a SEFAZ informou que ajustes teriam que ser
feitos em 2016 a fim de corrigir erros de lançamento ocorridos em 2015. A tabela a seguir
demonstra a evolução da DAT em 2015, tal como registrada na contabilidade (FIPLAN), em
comparação com esses dados, conforme constam do SIGAT:

Tabela 106 – SALDOS INICIAL E FINAL DA DAT NO EXERCÍCIO DE 2015


Em R$
AJUSTES A
SALDO DAT COM
FIPLAN – REALIZAR EM 2016 DADOS SIGAT
DESCRIÇÃO AJUSTES
RAZÃO DAT (conforme respostas [B]
[A]
da SEFAZ)
Saldo em 31/12/2014 11.879.321.822,56 – 11.879.321.822,56 11.505.691.521,52
Acréscimos 1.949.277.654,02 – 1.945.897.771,23 1.936.896.871,21
Inscrições em 2015 1.399.136.537,86 – 1.399.136.537,86 1.399.136.537,84
Acréscimos moratórios 541.140.216,16 (3.379.882,79) 537.760.333,37 537.760.333,37
Ajustes de exercícios anteriores – aumentativos 9.000.900,00 – 9.000.900,00 –
Baixas 754.488.529,80 – 754.369.282,64 368.444.982,01
Pagamentos em espécie (Receita) 154.681.285,22 310.151,98 154.991.437,20 154.991.437,20
Cancelamentos 38.907.394,71 (610.019,76) 38.297.374,95 38.297.374,95
Extinções 13.913.408,29 – 13.913.408,29 13.913.408,29
Pagamentos por certificado de crédito 7.902.620,30 180.620,62 8.083.240,92 8.083.240,92
Desonerações (redução de multas e anistia) 153.159.520,65 – 153.159.520,65 153.159.520,65
Dação de imóveis em pagamento – – – –
Ajustes de exercícios anteriores – diminutivos:
receita 2013 não computada 346.120.428,09 – 346.120.428,09 –
Ajustes de exercícios anteriores – diminutivos:
receita 2014 não computada 39.803.872,54 – 39.803.872,54 –
Saldo em 31/12/2015 13.074.110.946,78 13.070.850.311,15 13.074.143.410,72
Diferença no saldo final pós ajustes a realizar: [A]-[B] 3.293.099,57
Fontes: FIPLAN: Razão Analítico Jan-Dez 2015 (conta 1.2.1.1.1.03.00.00 DAT) e SIGAT: Quadro-Resumo da DAT 2015,
fornecido pela GCRED/DARC.

Mesmo com os ajustes que a SEFAZ informou que iria realizar em 2016, a fim de corrigir
diferenças apontadas pela auditoria em relação a acréscimos moratórios, receita,
cancelamentos e pagamentos por meio de certificado de crédito, os saldos finais dos dois
sistemas não coincidem, restando uma diferença de R$3.293.099,57.

Quanto às diferenças entre os valores do FIPLAN e SIGAT, a SEFAZ informou, ainda:

Esclarecemos que em 2013 a baixa por recebimento da Divida Ativa


Tributária não era automatizada, estando sujeita a erros. Em meados de
2014 ocorreu a automatização destes lançamentos. A partir de 2016 está
sendo feito acompanhamento mensal da Receita Arrecadada SIGAT x
FIPLAN, estando conciliada de janeiro a março.

Pelo que aqui se relatou, fica evidenciado que persistem problemas acerca dos quais a
SEFAZ informou à auditoria, por ocasião do exame das contas do Chefe do Poder Executivo

200 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Estadual, exercício 2014, ter medidas em andamento, especialmente com relação ao


cômputo das receitas.

Entretanto, como demonstrado na tabela 106 – Saldos Inicial e Final da DAT no Exercício de
2015, houve também equívocos de contabilização relativos a outros fatos que não apenas
os relacionados a receitas. Em 2015, o maior deles diz respeito ao montante dos acréscimos
moratórios, havendo uma diferença de R$3.379.882,79 a mais no valor registrado
contabilmente em relação ao dado do SIGAT, o que terá que ser também ajustado em 2016.

Essas ocorrências reforçam a necessidade de integração entre o SIGAT e o FIPLAN, pois a


dinâmica de extração de relatórios do primeiro, podendo ocorrer já nesta fase algum erro,
para só depois proceder-se à contabilização no segundo sistema, manualmente, amplia a
possibilidade de ocorrência de inconsistências, como se tem identificado.

O exame dos lançamentos efetuados no razão da conta contábil patrimonial da Dívida Ativa
Tributária que cabem à DARC, a saber, os relativos a todos os fatos que impactam o saldo
da DAT, exceção feita às receitas, mostrou que, em 2015, de fato, a contabilização se deu
com defasagem bem menor em relação ao mês do fato gerador do que vinha ocorrendo em
exercícios anteriores. Este fato pode ser um indicador indireto de que a extração de dados
do SIGAT vem sendo realizada com mais frequência, reduzindo o lapso de tempo entre a
ocorrência dos fatos geradores de modificações no saldo da DAT e sua contabilização, o
que vai ao encontro de uma das recomendações da auditoria: a de busca de
tempestividade.

Ainda assim, como visto, ocorrem falhas que comprometem a exatidão dos números, o que,
por sua vez, reforça a recomendação de que a melhor solução, no caso, seria a integração
entre os dois sistemas, de modo a possibilitar a criação de rotinas que automatizassem os
lançamentos.

2.4.5.2.3.1.3 Questões contábeis da Dívida Ativa Tributária

Outro aspecto que motivou as recomendações por parte deste Tribunal após o exame das
contas do Chefe do Poder Executivo, relativas ao exercício de 2014, foi a ausência de
adequação dos registros contábeis da Dívida Ativa Tributária às normas contábeis aplicáveis
ao setor público constantes do MCASP. A auditoria apontou que a SEFAZ ainda não criara
no plano de contas do Estado as contas de controle da Dívida Ativa, nem tampouco
realizara os lançamentos que constavam como obrigatórios do MCASP.

Esta fragilidade se apresentava em desacordo ao que estabelecia a 5ª edição do referido


Manual, notadamente no que se refere a contas de controles devedores e credores para
fatos pertinentes à Dívida Ativa, bem como à discriminação entre lançamentos facultativos
ou obrigatórios nessas contas de controle.

Após questionamento, a SEFAZ respondeu, mediante o já mencionado Ofício Conjunto


DICOP/DARC n.º 001/2016, que:

4. Após análise do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público –


MCASP 6a edição válida a partir do exercício de 2015 (pag 258), é opcional
a contabilização nas contas de controle, conforme trecho abaixo transcrito.

5.3.1 Inscrição

A inscrição em dívida ativa deverá ser realizada por meio de um dos dois
procedimentos a seguir, conforme o nível de controle desejado pelo ente:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 201


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

a. Procedimento de Registro 1. Utiliza contas de controle para acompanhar


todo o processo de inscrição do crédito em dívida ativa, desde o
inadimplemento até a efetiva inscrição. Requer uma maior integração entre
as diversas etapas e unidades envolvidas.

b. Procedimento de Registro 2. Haverá registro contábil apenas no


momento da efetiva inscrição dos valores em dívida ativa, dispensando o
uso de contas de controle. Este procedimento deve ser utilizado quando
houver dificuldade de integração entre as diversas unidades
participantes do processo.

Dessa forma, entendemos não ser obrigatória a contabilização nas contas


de controle. (Grifou-se)

A resposta da Secretaria é procedente em parte, visto que a 6ª edição do MCASP, de fato,


trouxe alteração na obrigatoriedade de registro das contas de controle. Por outro lado, a
dispensa de registro se dá apenas quando identificada dificuldade de integração entre
unidades participantes desse processo.

In casu, todas as unidades responsáveis pela inscrição de créditos na Dívida Ativa Tributária
são diretorias da própria SEFAZ, já que a PGE, embora possua a competência de “opinar no
processo administrativo fiscal, procedendo ao controle de legalidade, para a inscrição na
Dívida Ativa estadual” e, inclusive, de “inscrever a Dívida Ativa tributária e não-tributária do
Estado” (Lei Complementar Estadual n.º 34/2009, art. 2º, XXVI e XXXII), efetivamente não
efetua registros contábeis de inscrições.

2.4.5.3 Investimentos

O subgrupo Investimentos apresentou saldo em 31/12/2015 de R$7.302.070 mil, cuja


composição por conta contábil foi a seguinte:

Tabela 107 – PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
PODER CONSOLIDADO
SUBGRUPO EXECUTIVO
31/12/2015 31/12/2014
31/12/2015
PARTICIPAÇÕES PERMANENTES 7.301.733.563 7.302.070.141 7.038.904.858
Participações Avaliadas pelo Método de Equivalência 1.345.657.413 1.345.657.413 1.313.725.596
Participações em Fundos – FGBP 250.000.000 250.000.000 250.000.000
Adiantamento para Aumento de Capital 138.533.871 138.533.871 106.602.054
Adiantamento para Aumento de Capital – SICOF 957.123.542 957.123.542 957.123.542
Participações Avaliadas pelo Método do Custo 5.956.076.150 5.956.412.728 5.725.179.262
DEMAIS INVESTIMENTOS PERMANENTES – Obras de Arte – – 1.608
TOTAL 7.301.733.563 7.302.070.141 7.038.906.466
Fonte: FIPLAN.

• Participações em Fundos

O saldo da conta Participações em Fundos representa os recursos depositados no FGBP,


instituído pela Lei Estadual n.º 12.610/2012. Este Fundo, de natureza privada, é
administrado pela DESENBAHIA e possui a finalidade de prestar garantia de pagamento de
obrigações pecuniárias assumidas pelo Estado, em virtude de parcerias de que trata a Lei
Estadual n.º 9.290, de 27/12/2004 (Parcerias Público-Privadas).

Consoante as demonstrações contábeis da DESENBAHIA, relativas ao exercício de 2015,


publicadas em 23/03/2016, o saldo patrimonial desse Fundo era de R$304.796 mil.
Entretanto, esse investimento está demonstrado no Balanço Patrimonial Consolidado do
Estado, a menor, em R$54.796 mil, em virtude, principalmente, da não apropriação contábil
de ganhos desde 2013.

202 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

• Investimentos em Empresas

Na Nota Explicativa n.º 4 às DCCEs (fls. 35/36) foram apresentadas tabelas demonstrativas
da composição dos investimentos e do montante do resultado da equivalência patrimonial
contabilizada, contudo os totais não são coincidentes com os constantes no Balanço, bem
como não indicam outras informações necessárias à adequada interpretação dos
investimentos, tais como: o percentual de participação do Estado em cada empresa, o
resumo do resultado do exercício destas, os saldos das transações realizadas entre estas e
o Governo do Estado, etc.

Face às divergências entre as informações apresentadas na Nota Explicativa e no Balanço


Consolidado, objetivando a adequada análise dos procedimentos de consolidação e de
cálculo da equivalência patrimonial, foi elaborada a tabela a seguir, para melhor ilustrar a
composição dos investimentos por rubrica contábil.

Tabela 108 – COMPOSIÇÃO DO SALDO DOS INVESTIMENTOS


Em R$
DESCRIÇÃO SALDOS EM 31/12/2015
Contas indicadas em Notas Explicativas 5.846.384.920
Investimentos com Equivalência Patrimonial 5.780.604.650
Outros Investimentos em Empresas 65.780.270
Contas não consideradas em Nota Explicativa 1.455.348.643
Adiantamentos para futuro aumento de capital SICOF* 957.123.542
Adiantamentos para futuro aumento de capital* 138.533.871
Investimentos em estatais dependentes (CBPM e BAHIAPESCA) 92.815.703
Outros investimentos não informados em nota explicativa 16.875.527
Participações em Fundos 250.000.000
TOTAL INVESTIMENTOS PODER EXECUTIVO 7.301.733.563
Fonte: FIPLAN.
* Inclui saldos relativos às estatais dependentes.

Das análises promovidas pela auditoria, verificou-se que os saldos nas contas de
“Adiantamento para futuro aumento de capital” e “Investimentos em estatais dependentes”,
no montante de R$1.188.473 mil, referem-se aos saldos em investimentos nas estatais
dependentes constantes da estrutura do Estado da Bahia, devendo, portanto, serem objeto
de eliminação/exclusão no procedimento de consolidação das contas, consoante orientação
contida no MCASP, em sua 6ª Edição (item 9):

Para fins de elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, devem


ser excluídos os seguintes itens, por exemplo:

a. as participações nas empresas estatais dependentes;


b. as transações e saldos recíprocos entre as entidades; e
c. as parcelas dos resultados do exercício, do lucro/prejuízo acumulado e do
custo dos ativos que corresponderem a resultados ainda não realizados.
(Grifou-se)

Pelo exposto, o saldo do grupo de contas de Investimentos nas DCCEs encontra-se


superavaliado no montante de R$1.188.473 mil.

• Análise dos cálculos de equivalência patrimonial

Com base nos elementos apresentados em Nota explicativa, os investimentos em empresas


que foram objeto de equivalência patrimonial podem ser resumidos com segue:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 203


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 109 – RESUMO DOS INVESTIMENTOS


Em R$
EQUIVALÊNCIA SALDOS
EMPRESAS
PATRIMONIAL EM 31.12.2015
Empresas consideradas para Equivalência
EMBASA 114.526.903 5.081.307.260
DESENBAHIA 116.515.037 534.289.256
BAHIAGÁS 5.114.371 88.040.983
EGBA (612.579) 60.518.890
PRODEB 5.928.058 16.448.261
SUBTOTAL (registrado no grupo de investimentos) 241.471.790 5.780.604.650
EBAL (15.910.195) (15.910.194)
URBIS (38.217.352) (62.369.822)
TOTAL – Investimentos com Equivalência Patrimonial 187.344.243 5.702.324.634
Outros Investimentos em Empresas 65.780.270
Fonte: Nota Explicativa n.º 4 das DCCEs 2015.

Da leitura das DCCEs, verifica-se a apuração de ganhos/perdas nos investimentos através


do cálculo de equivalência patrimonial, sendo efetivado nos últimos exercícios pela
SEFAZ/DICOP com base em balancetes levantados em 31 de outubro, consoante facultado
pela legislação. Da análise dos saldos representativos dos principais investimentos,
identificou-se os seguintes aspectos relevantes:

• EMBASA, BAHIAGÁS e DESENBAHIA

Nas três principais entidades EMBASA, BAHIAGÁS e DESENBAHIA, foi observado que,
considerando-se os valores constantes nas Demonstrações Contábeis dessas Empresas,
referentes ao exercício findo em 31/12/2015, mais especificamente nas respectivas
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido de cada uma, bem como o percentual
de participação do Estado e que o cálculo de equivalência foi promovido com base em
informações contidas em balancete de outubro de 2015, não foram identificadas
inadequações significativas nos saldos apresentados nas DCCEs.

Entretanto, verificou-se que não foi considerado, para fins de consolidação, a eliminação dos
efeitos decorrentes das transações entre tais empresas e o Estado da Bahia, denominadas
contabilmente de “Partes Relacionadas”. Como exemplo, podem ser citados os saldos,
constantes nas demonstrações da Embasa, relativas aos créditos a receber do Estado da
Bahia, no montante de R$81.963 mil, e da DESENBAHIA, relativos às receitas obtidas com
a administração do FUNDESE, de R$41.045 mil, que nas DCCEs são consideradas como
despesa.

• Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (PRODEB) e Empresa


Gráfica da Bahia (EGBA)

Da análise dos investimentos na empresa PRODEB, em comparação com suas


demonstrações contábeis de 2015, verifica-se que, apesar de ter sido apurado um ganho de
equivalência patrimonial nas DCCEs de R$5.928 mil, nas demonstrações da investida
consta: (i) um prejuízo no ano da ordem de R$7.327 mil, em sua Demonstração de
Resultado, e (ii) na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) foi
realizado um aporte de capital pelo Estado de R$5.355 mil. Tais distorções não foram objeto
de comentário nas DCCEs.

Em avaliação mais detida na Demonstração de Resultado da PRODEB, faz-se oportuno


registrar que as receitas da empresa em 2015 atingiram o total de R$94.711mil, sendo parte
significativa decorrente de serviços prestados a órgãos estaduais, sobre as quais, em
função da legislação tributária, incidem impostos federais e municipais, de,
aproximadamente, 17%.

204 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Com relação à EGBA, da análise das Demonstrações Contábeis, publicadas no DOE de


28/04/2016, verificou-se que o patrimônio líquido, em dezembro de 2015, era no montante
equivalente ao saldo em investimento contabilizado nas DCCEs. Contudo, consoante
informado em nota explicativa, foi apurada uma equivalência patrimonial negativa, embora,
na Demonstração de Resultado desta Empresa, tenha sido apurado lucro nos dois últimos
exercícios.

Da análise das Demonstrações da EGBA, assim como da PRODEB, observa-se que parte
significativa das receitas, também, são oriundas de transações com entes da estrutura do
Estado da Bahia, sendo a carga tributária de impostos federais e municipais incidentes
sobre a receita de, aproximadamente, 7,5%.

Pelo exposto, recomenda-se ao Estado a realização de estudo para redução de custos


fiscais envolvidos para ambas entidades.

• Empresa Baiana de Alimentos S.A (EBAL)

Nas DCCEs não foram consignadas informações relevantes quanto ao procedimento de


alienação do total da participação do Estado no capital social da EBAL, conforme disposto
no Decreto Estadual n.º 16.339, de 02/10/2015, como: a avaliação econômica do seu
Patrimônio e o lançamento, pela SDE, do respectivo edital de venda n.º 001/2015, ocorrido
em outubro de 2015. Cabendo informar que o citado edital previa a conclusão do processo
de alienação, mediante realização de leilão na BM&FBOVESPA, em 27 de janeiro de 2016,
contudo, a transação não se efetivou até o término deste Relatório.

Ademais, também não foram identificadas outras informações relacionadas à alienação do


citado investimento, dentre as quais se destacam, a assunção pelo Estado das possíveis
contingências futuras e dos prejuízos acumulados até o término do exercício. Nesse sentido,
cabe registrar que nas Demonstrações Contábeis da Empresa, referentes ao exercício findo
em 31/12/2015, o Patrimônio Líquido encontra-se negativo em R$127.383 mil.

2.4.5.3.1 Ausência de enquadramento da EBAL como empresa estatal dependente

A Lei Complementar n.º 101/2000, LRF, define no art. 2º, III, que estatal dependente é
aquela empresa controlada que recebe do órgão controlador recursos financeiros para
pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no
último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária.

Por sua vez, a Resolução n.º 43/2001 do Senado Federal dispõe que empresa estatal
dependente é aquela controlada pelo órgão público que tenha, no exercício anterior,
recebido recursos de seu controlador para pagamento das despesas supracitadas e tenha,
no exercício corrente, autorização orçamentária para recebimento de recursos financeiros
com idêntica finalidade, especificando, dessa forma, a abrangência temporal.

A Portaria n.º 589 da STN, de 27/12/2001, dispõe que o repasse de recursos previsto no
inciso III, do art. 2º, da LRF destina-se exclusivamente à cobertura de déficits de empresas e
devem ser alocados diretamente no orçamento da empresa beneficiária. Além disso,
determina que a transferência permanente de recursos de capital para empresa controlada
deficitária será considerada subvenção econômica.

Em exercícios anteriores, o Estado transferiu periodicamente recursos financeiros para a


EBAL, a título de adiantamento de capital, que, entretanto, eram destinados ao pagamento
de despesas de custeio. Apesar disso, o Estado não a considerava como estatal
dependente, conforme legalmente previsto.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 205


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No exercício de 2014, foram repassados R$24.538.163,90 à EBAL, sob a rubrica de


despesa com participação em constituição ou aumento de capital social, sendo
R$9.538.163,90 para pagamento de parcelas relativas ao acordo judicial trabalhista JC2
0020/2009 e R$15.000.000,00 referentes à cota extra para equacionamento de questão
orçamentária. Em 2015, houve repasse no valor de R$20.426.559,30, sob a mesma rubrica,
sendo R$9.593.244,15 para pagamento de parcelas relativas ao mencionado acordo judicial
trabalhista e R$10.833.315,15 a título de aumento do capital social.

No Plano de Ação, elaborado pela Comissão Estadual de Ações Corretivas e Preventivas de


Ressalvas Relativas às Contas Governamentais, para atendimento das recomendações
constantes do parecer do TCE sobre as Contas de Governo do Chefe do Poder Executivo
do exercício de 2014, é apresentada a seguinte justificativa para a não consideração da
EBAL como estatal dependente, a despeito dos repasses retromencionados:

[…]

Cabe esclarecer que o enquadramento como empresa estatal


dependente requer alteração prévia e significativa nas Peças
Orçamentárias do Estado, ou seja, a inclusão da referida empresa no
orçamento fiscal dando o mesmo tratamento dispensado às autarquias e
fundações. Ressalte-se que a EBAL tem como objeto a comercialização de
mercadorias, apresentando fluxo financeiro diferente dos entes de direito
público provocado pelo ciclo operacional.

É oportuno mencionar que, conforme estudos efetuados nas


Demonstrações Contábeis daquela empresa, sua classificação no grupo de
estatal dependente provocaria um aumento da Receita Corrente Líquida de
forma artificial, sem o benefício do ingresso da receita nos cofres públicos,
em função de tratar-se de sociedade de economia mista.

A referida Comissão informou ainda que, conforme Decreto n.º 16.339/2015, já foi definida a
alienação total da participação acionária do Estado da Bahia no capital social da EBAL,
atendendo à Lei n.º 13.204/2014 e que, caso o Estado viesse a atender a recomendação do
TCE, considerando que a EBAL deixará de pertencer ao Estado, incorreria em custos
desnecessários e injustificados com as alterações das peças orçamentárias do Estado.

Ademais, no Relatório de Acompanhamento do mencionado Plano de Ação, encaminhado


pela SEFAZ a este Tribunal, consta que já houve a convocação e realização da Audiência
Pública, bem como a abertura e encerramento da Consulta Pública, restando ainda a
publicação do novo edital para a realização do Leilão.

2.4.5.4 Imobilizado

Os saldos apresentados no Imobilizado do Estado em 31/12/2015, comparado com o ano


anterior, podem ser resumidos como segue:

Tabela 110 – IMOBILIZADO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
PODER EXECUTIVO CONSOLIDADO
SUB GRUPOS
31/12/2015 31/12/2015 31/12/2014
Bens Móveis 3.302.288.872 3.584.811.991 3.361.230.317
Depreciação de Bens Móveis (1.115.279.098) (1.279.406.787) (1.211.396.872)
Bens Imóveis 11.091.313.126 11.544.735.873 10.450.464.544
Depreciação de Bens Imóveis (1.972.786.021) (2.050.936.226) (1.996.821.256)
TOTAL 11.305.536.879 11.799.204.851 10.603.476.733
Fonte: DCCEs 2015.

206 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Os comentários constantes na Nota Explicativa n.º 5 do Balanço Patrimonial (fls. 37) contêm
apenas informações sobre as taxas de depreciação dos bens móveis, sem indicar outros
dados e comentários recomendados pela Resolução CFC n.º 1.136, de 21/11/2008, que
aprovou a NBC T 16.9, sobre depreciação, amortização e exaustão, e pelo MCASP (6ª
edição – item 5.7. letras 'd' e 'e'), in verbis:

Recomenda-se divulgar, para cada grupo de ativo imobilizado reconhecida


nas demonstrações contábeis:
[...]
d. O valor contábil bruto e a depreciação acumulada (mais as perdas por
redução ao valor recuperável acumuladas) no início e no final do período; e
e. A conciliação do valor contábil no início e no final do período

A ausência de tais dados e de outras informações nas DCCEs prejudicam a sua


interpretação e, consequentemente, a transparência e a accountability (dever de prestar
contas) da gestão, como por exemplo, a falta de:

• inclusão nas DCCES, da depreciação contabilizada nas respectivas Demonstrações


Contábeis das empresas EBDA, CERB e CBPM;

• informações sobre as taxas de depreciação relativas aos bens imóveis;

• divulgação dos critérios de avaliação de ativos, tendo em vista a existência de


registros de reavaliação de bens imóveis, indicados no Relatório Imobiliário do
Estado, anexo às presentes contas.

2.4.5.4.1 Bens Móveis

Os valores das contas contábeis representativos dos Bens Móveis do Imobilizado do Estado
da Bahia podem ser apresentados, de forma resumida, como segue.

Tabela 111 – BENS MÓVEIS – COMPOSIÇÃO DO SALDO POR SUBCONTA


Em R$
SALDOS EM
DESCRIÇÃO
31/12/2015 31/12/2014
Bens Móveis em Almoxarifado 837.370.136 730.489.981
Extra Sistema de Administração de Patrimônio 79.302.085 79.334.136
Importação em Andamento 37.801.943 41.950.453
Sistema de Administração Geral 1.286.428.201 1.238.213.140
Sistema de Comunicação 217.479.174 211.781.017
Sistema de Processamento de Dados 448.998.455 439.976.135
Sistema de Segurança 165.456.888 134.910.243
Sistema de Transportes 496.193.776 485.703.301
Bens Móveis Alienados a Desincorporar (1.832.795) (1.128.089)
Demais contas 17.614.128 –
TOTAL CUSTO CORRIGIDO 3.584.811.991 3.361.230.317
TOTAL DEPRECIAÇÃO ACUMULADA (1.279.406.788) 1.211.396.872
Fonte: FIPLAN 215 – Balancete Mensal de Verificação – 2015.

Da análise da evolução dos saldos dessa conta, identificou-se, como situação incomum,
sem que fossem apresentados comentários esclarecedores nas DCCEs, a continuidade do
saldo na rubrica de Importações em Andamento, sendo que cerca de R$31.100 mil são
oriundos do exercício de 2013, bem como a evolução crescente do saldo da conta Bens
Móveis em Almoxarifado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 207


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A composição do saldo da Conta de Bens Móveis em Almoxarifado, em 31/12/2015 e


31/12/2014, por unidade orçamentária/entidade, pode ser resumida na tabela a seguir:

Tabela 112 – BENS MÓVEIS EM ALMOXARIFADO – COMPOSIÇÃO DO SALDO POR


UNIDADE ORÇAMENTÁRIA
Em R$
DESCRIÇÃO 31/12/2015 31/12/2014
Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) 321.531.429 224.307.874
Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB) 192.653.951 162.518.795
APG Secretaria de Educação (em 2014 – Diretoria Geral) 87.326.025 108.193.973
Outras unidades/Entidades 235.858.731 235.469.339
TOTAL 837.370.136 730.489.981
Fonte: Relatório FIPLAN (FIP 215A).

Registre-se que nas Contas do Poder Executivo do exercício anterior, mediante comparação
dos saldos do FIPLAN com os apresentados nos Balanços das Empresas CAR e CERB,
verificou-se distorções que indicavam possível superavaliação do saldo contábil desta
rubrica, situação que, até onde foi possível analisar, não foi objeto de retificação ou
identificação quanto à sua pertinência, no exercício de 2015.

2.4.5.4.2 Bens Imóveis

Os valores das contas contábeis que representam os Bens Imóveis do Imobilizado do


Estado da Bahia podem ser apresentados, de forma resumida, como segue.

Tabela 113 – BENS IMÓVEIS – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
DESCRIÇÃO 31/12/2015 31/12/2014
Obras em Andamento
Obras em Andamento – SICOF 892.066.096 1.246.321.699
Obras em Andamento – Bens Operac. do Estado Controle por Licitação 4.410.088.414 2.877.581.450
Obras em Andamento – Bens Operacionais do Estado 598.424.808 751.607.778
Obras em Andamento – Bens de Uso Comum 660.878.684 649.014.383
Bens Operacionais do Estado
Terrenos 279.177.208 275.398.305
Fazendas 31.465.107 31.397.107
Edificações 2.338.288.970 2.340.341.353
Barragem – Pedra do Cavalo 1.401.495.034 1.401.495.034
Adutora – Estação Tratamento de Água Conceição de Feira 53.417.511 53.417.511
Demais contas 6.274.564 7.144.533
Bens de Uso Comum do Povo
Bens de Uso Comum do Povo – Ruas – 3.082.965
Bens de Uso Comum do Povo – Estradas 739.540.417 702.722.440
Bens de Uso Comum do Povo 1.779.066 1.779.066
Desapropriação – Bens de Uso Comum 5.764.190 5.750.390
Desapropriação – Bens Imóveis 126.790.786 94.492.054
Outros Bens Imóveis SICOF 1.980.000 27.691.887
Bens de Convênios concedidos a incorporar 18.811.037 –
(-) Bens Imóveis Alienados a Desincorporar (16.509.532) (13.776.924)
(-) Redução ao Valor Recuperável de Imobilizado (4.996.487) (4.996.487)
TOTAL CUSTO 11.544.735.873 10.450.464.544
TOTAL DEPRECIAÇÃO ACUMULADA (2.050.936.226) (1.996.821.256)
Fonte: FIPLAN.

Em 2015, no saldo das contas relativas às Obras em Andamento houve um incremento de


cerca de R$1.037 milhões. Da análise em registros selecionados por amostragem, foram
identificados os seguintes aspectos merecedores de comentário:

208 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

• Liquidação de empenhos efetuados pela SEDUR, em favor da Companhia de Metrô


da Bahia no montante de R$179.365 mil, referentes a “aportes” para construção das
estações da obra do Metrô de Salvador, objeto do Contrato de PPP n.º 01/2013.
Registre-se que não foram identificados comentários sobre o assunto no
demonstrativo de PPP (fls. 684 das DCCEs);

• 169 lançamentos na unidade orçamentária CERB, no montante de R$442.429 mil,


nos quais foi consignado no histórico “Incorporação dos saldos contábeis na Unidade
08.501 (CERB) com mudança de vinculação conforme lei n.º 13.204/2014”. Ocorre
que a citada Lei, em relação à empresa CERB, apenas alterou a denominação social
e sua vinculação, agora ligada à estrutura da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e
Saneamento (SIHS). Ressalte-se que em tais registros não constam informações
quanto ao contrato ou obra a que se relacionam;

• Diversos lançamentos de regularização de saldos oriundos do SICOF na unidade


orçamentária Fundo Estadual de Saúde, no montante de R$239.011 mil, sendo
identificados os seguintes aspectos: o histórico indica se relacionar a “Ajuste da
Conta Corrente SICOF 132221001 para uma possível individualização caso seja
identificada a origem por se tratar de saldos implantados em 2010”, (2 registros no
total de R$50.030 mil), entretanto, também sem indicação do contrato ou obra a que
se refere, e outras regularizações de saldos do SICOF relacionados a obras
concluídas como “Hospital Ana Nery Lic. 013/05” (R$7.701 mil) e “Hospital do Oeste
Barreiras Lic. 035/04” (R$28.024 mil).

Os aspectos anteriormente citados indicam fragilidades nos controles internos relacionados


com os registros dos imóveis, e que parte do saldo da rubrica Obras em Andamento
referem-se a obras concluídas, sobre as quais deveriam ser reconhecidos, contabilmente,
os efeitos decorrentes do seu desgaste, pelo uso ou obsolescência, através do registro da
depreciação. Por conseguinte, a ausência de incorporação das obras concluídas acarreta a
subavaliação das despesas, tendo em vista a não contabilização da depreciação dos
respectivos imóveis.

Ademais, em anexo às Contas do Governo, assim como no exercício anterior, foi remetido
caderno contendo o “Relatório Imobiliário do Estado”, onde constam informações sobre
cerca de 7.400 imóveis, segregados por cidade, controlados pelo Sistema de Controle de
Bens Imóveis do Estado da Bahia. Cabe informar que tal relatório representa apenas a
relação dos imóveis registrados na unidade orçamentária Diretoria Geral da SAEB, cujos
saldos finais em 31/12/2015, demonstram o custo e a depreciação acumulada dos bens, que
montam em R$3.138.652 mil e R$1.951.125 mil, respectivamente. Portanto, este relatório
representava apenas cerca de 27% do saldo contábil relativo ao custo dos imóveis
consignados nas DCCEs.

Portanto, tal relatório não inclui os imóveis pertencentes ao Órgãos da Administração


Indireta do Poder Executivo e dos demais poderes, os quais não são objeto de
monitoramento e acompanhamento pela SAEB, apesar de a Lei n.º 13.204/2014, ter criado
na estrutura desta Secretaria, a Superintendência de Patrimônio (SUPAT) com atribuições
de natureza sistêmica e abrangência sobre o conjunto de bens pertencentes ao “Estado”,
conforme se depreende da leitura do art. 10, parágrafo primeiro, inciso I:

II – Superintendência de Patrimônio, com a finalidade de coordenar,


supervisionar, controlar e executar as atividades relativas à administração
patrimonial do Estado, bem como planejar, coordenar, promover,
supervisionar, avaliar as atividades relativas à gestão de edificações
públicas e executar a ampliação, reforma, manutenção, conservação,
urbanização e paisagismo dos prédios públicos, respeitadas as

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 209


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

competências correlatas das Coordenações Executivas de Infraestrutura da


Rede Física, facultada ainda a delegação à Companhia de Desenvolvimento
Urbano do Estado da Bahia – CONDER para a execução de edificações de
prédios públicos em função do valor e complexidade, conforme disposto em
Decreto.

Da leitura do Relatório Imobiliário e da análise das contas do Balanço Patrimonial


Consolidado, observam-se os seguintes aspectos que repercutem na adequada avaliação
dos imóveis de propriedade do Estado da Bahia, tendo em vista que:

• diversos bens (terrenos e edificações) apresentavam ausência de: valor contábil


(zerado), de apropriação de depreciação no ano ou acumulada e de indicação da
secretaria ou órgão de sua utilização, o que contribuiria para a adequada
apropriação dos custos com a depreciação, por função/programa/atividade de
Governo;

• no sistema de controle patrimonial constam saldos representativos de “reavaliações”,


contudo não há no sistema contábil subconta específica para representar os eventos
dessa natureza, em consonância com o previsto no MCASP;

• os bens imóveis de infraestrutura, pertencentes ao grupo de “Bens de Uso Comum


do Povo”, previsto no MCASP, como exemplos dos sistemas de esgoto e de
abastecimento de água, praças, pontes, calçadões, dentre outros, não estão
adequadamente segregados nas DCCEs, à exceção das rodovias (estradas), da
adutora e a Barragem de Pedra do Cavalo. Presume-se que os saldos
representativos das demais obras desta natureza, inclusive daquelas porventura
concluídas, ainda estejam contabilizadas na rubrica de Obras em Andamento.

Registre-se que a STN, através da Portaria n.º 548/2015, facultou aos Estados a
incorporação de procedimentos de “Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens
de infraestrutura; respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e redução
ao valor recuperável”, a partir do exercício de 2021.

Quanto ao controle operacional, cabe salientar, que a existência de um controle patrimonial


unificado e consolidado de todos os bens imóveis pertencentes ao Órgãos da Administração
Direta e Entidades da Administração Indireta do Poder Executivo do Estado da Bahia,
fortalece a gestão dos imóveis, bem como a boa e adequada utilização desse patrimônio
público. Informações atualizadas e fidedignas permitem analisar melhores alternativas para
o uso desses ativos, como forma de levantar recursos e aumentar os investimentos para
programas ou projetos de governo relevantes.

Em relação aos bens imóveis, foi realizado em 2015 auditoria operacional pela 6ª CCE,
visando avaliar os controles operacionais nesta área (processo TCE/011170/2015). No
relatório emitido em dezembro de 2015, os auditores indicaram a ocorrência de diversas
falhas de controle interno, as quais foram objeto de notificação ao titular da SAEB, bem
como aos gestores das unidades responsáveis. Registre-se que o referido processo, até
30/04/2016, não havia sido apreciado pelo Plenário deste Tribunal.

2.4.5.4.3 Intangível

Observa-se nas DCCEs de 2015 que foram baixados os saldos representativos dos ativos
intangíveis. Contudo, nas Demonstrações Contábeis oficiais de algumas estatais
dependentes ainda constam saldos representativos dos ativos desta natureza, dentre os
quais destacam-se os direitos de exploração de jazidas minerais, verificados no balanço
patrimonial de 2015 da CBPM, no montante de R$111.412 mil.

210 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.4.5.5 Fornecedores e contas a pagar a curto prazo

As obrigações com terceiros, anteriormente registradas apenas como Restos a Pagar,


passaram a ser classificadas no Balanço Patrimonial por natureza, como Fornecedores e
Contas a Pagar, Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais, e Obrigações
Fiscais e Demais Obrigações de Curto Prazo, atendendo ao que dispõe o Plano de Contas
Aplicado ao Setor Público (PCASP).

As obrigações com Fornecedores foram classificadas por subcontas como segue:

Tabela 114 – FORNECEDORES E CONTAS A PAGAR – COMPOSIÇÃO POR SUBCONTA


Em R$
CONSOLIDADO
DESCRIÇÃO
2015 2014
Nacionais Financeiras 242.982.237 325.572.727
Nacionais Não Financeiras 658.484.100 787.771.782
SUBTOTAL 901.466.337 1.113.344.509
Nacionais de exercícios anteriores 9.864.198 54.197.267
Demais Contas 1.970.164 9.025.347
Precatórios Patrimoniais Nacionais 363.528.450 286.851.335
TOTAL 1.276.829.149 1.463.418.458
Fonte: FIPLAN – Balancete Analítico FIP 215.

O saldo das Contas a Pagar Nacionais Financeiras compreende as obrigações junto a


fornecedores nacionais de matérias-primas, mercadorias e outros materiais utilizados nas
atividades operacionais da entidade, bem como as obrigações decorrentes do fornecimento
de utilidades e da prestação de serviços, que foram processadas. As Não Financeiras
representam aquelas que ainda não passaram pela execução do orçamento.

Cabe registrar que, no Passivo Circulante, além da subconta indicada na tabela anterior,
constam passivos de exercícios anteriores na conta de Obrigações de Exercícios Anteriores
– SICOF (código 2188103.17 e 19) no montante de R$103.207 mil em 2015 (R$111.179 mil
em 2014), que não foram objeto de comentários ou demonstrativo analítico de sua
composição nas Notas Explicativas às demonstrações.

As obrigações com Fornecedores, Nacionais Financeiras e Não Financeiras, podem ser


resumidas, por unidade orçamentária, como segue:

Tabela 115 – FORNECEDORES E CONTAS A PAGAR – COMPOSIÇÃO POR UNIDADE


ORÇAMENTÁRIA
Em R$
OBRIGAÇÕES
CÓDIGO NOME DA UNIDADE NÃO
FINANCEIROS TOTAL
FINANCEIROS
19601 Fundo Estadual de Saúde 283.295.054 48.721.271 332.016.325
24801 Superintendência de Infraestrutura de Transportes da Bahia 110.303.312 7.085.383 117.388.695
26401 Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia 85.312.125 73.311 85.385.436
8501 Companhia de Engenharia H. e de Saneamento da Bahia 41.081.686 36.527.630 77.609.316
36101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SECOM 49.013.132 517.203 49.530.335
9101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SAEB 18.023.282 9.775.160 27.798.442
4601 Fundo de Aparelhamento Judiciário 535 27.063.602 27.064.136
10501 Bahia Pesca S/A – 20.951.271 20.951.272
20801 Polícia Militar da Bahia (PM/BA) 14.667.975 5.711.898 20.379.873
Outros com saldos menores do que R$12 milhões 56.786.999 86.555.508 143.342.507
TOTAL 658.484.100 242.982.237 901.466.337
Fonte: FIPLAN.

Os credores com saldos mais significativos, que compõem as obrigações com


Fornecedores, Nacionais Financeiras e Não Financeiras, excluídas as relativas aos
precatórios, estão distribuídos, como segue:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 211


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 116 – FORNECEDORES E CONTAS A PAGAR – COMPOSIÇÃO POR CREDOR


Em R$
CODIGO DO
DENOMINAÇÃO DO CREDOR SALDO EM 31/12/2015
CREDOR
2015075377 Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A 44.052.087
2013165271 Leiaute Comunicação e Propaganda Ltda. 25.520.450
2013260061 Associação Obras Sociais Irmã Dulce 25.376.912
2013081711 Fundação José Silveira 22.424.727
2013250317 Instituto de Gestão e Humanização (IGH) 19.633.869
2013191302 Fundação Estatal Saúde da Família 18.804.503
2013300039 Construtora OAS Ltda. 17.355.180
2013000876 Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA) 15.575.759
2013249785 Prodal Saúde S/A 14.437.806
2013215491 Abadia Serviços Médicos Ltda. ME 14.000.400
2013183415 CCA Comunicação e Propaganda Ltda. 11.897.636
2013265349 OBJECTIVA Comunicação Ltda. 11.432.800
2013142646 RODOCON Construções Rodoviárias Ltda. 11.415.355
2013264350 Construtora Ceará Mendes Ltda. 9.832.300
2014138766 Consórcio Transoceânico Salvador 9.787.264
2013169870 Empresa Brasileira de Engenharia Ltda. (EBRAE) 9.742.042
2013343196 SM Assessoria Empresarial e Gestão Hospitalar Ltda. 9.560.482
2013056383 MRM Construtora Ltda. 9.207.656
Fonte:FIPLAN.

Da composição do saldo dos principais credores, observa-se a predominância de empresas


prestadoras de serviços da área de saúde (R$109,8 milhões), de concessionárias de
serviços de água e energia (R$59,6 milhões), de empresas de engenharia (R$57,5 milhões)
e de prestadoras de serviços de publicidade (R$48,8 milhões).

Das análises promovidas, verificou-se as seguintes obrigações com fornecedores que


indicam subavaliação das Obrigações no Balanço Patrimonial do Estado:

• Obrigações a Pagar não incluídas nas DCCEs

O montante de R$44.052 mil, apresentado como obrigações junto à EMBASA, foi inferior ao
constante nas Demonstrações Contábeis da Empresa de 2015 na rubrica de créditos a
receber, decorrentes de transações efetuadas com entidades do próprio Estado da Bahia,
no total de R$81.963 mil, o que indica diferença a menor do Passivo no Balanço Patrimonial
no montante de R$37.641 mil. Observou-se, também, no balancete base das DCCEs, que a
rubrica relativa às despesas com Água e Esgoto (código 332313901) apresenta um saldo de
R$63 milhões, inferior ao consignado como receitas com “Partes Relacionadas” nas
Demonstrações da EMBASA, no total de R$117 milhões.

Das análises promovidas, verificou-se não constar o registro nas DCCEs de 2015, assim
como nas de 2014, obrigação oriunda de acordo firmado entre a CERB e a Construtora
Norberto Odebrecht, firmado em outubro de 2014, para extinção de pendência judicial
decorrente de dívida confessada oriunda de 1991, na qual o Estado da Bahia é interveniente
devedor. O montante pendente de pagamento em 31/12/2015 era de, aproximadamente,
R$214.500 mil, relativo a 78 parcelas mensais de R$2.750 mil, sendo 3 vencidas e 75 a
vencer a partir de 2016, sem incluir os encargos e implicações decorrentes das condições
pactuadas e do atraso no pagamento. Registre-se que as 3 parcelas vencidas até dezembro
de 2015 foram pagas em 2016 como DEA.

Com referência às obrigações com contraprestações decorrentes dos contratos de PPP,


verificou-se a ausência do provisionamento de contraprestações do mês de dezembro de
2015, no montante de R$13.293 mil, relativos ao contrato da Arena Fonte Nova (R$ 11.072

212 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

mil) e ao contrato de Diagnóstico por Imagem (R$1.223 mil), as quais foram pagas em
fevereiro de 2016 como Despesas de Exercícios Anteriores (DEA).

• Pagamentos de Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) em 2016

Consoante comentado no item 2.4.3 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA), verifica-se


que a ausência do reconhecimento da totalidade das despesas pelo regime de competência
é procedimento recorrente no Estado, acarretando em distorções nas DCCEs de 2015 no
seu conjunto, tanto no Balanço Patrimonial, com a subavaliação do Passivo e das despesas,
bem como no Balanço Orçamentário.

2.4.5.5.1 Demais Obrigações a Curto Prazo

O saldo apresentado no Balanço Patrimonial do Poder Executivo, representativo das


Demais Obrigações de Curto Prazo, equivalente a 62% do total do Passivo Circulante, não
corresponde à forma mais adequada de evidenciação, tendo em vista a recomendação
contida nas Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 16.6, ao estabelecer que contas
contábeis de designação genérica, como Outros(as), devem representar menos de 10% do
montante total do grupo.

A composição dos saldos, em 31/12/2015 e 31/12/2014, era a seguinte:

Tabela 117 – DEMAIS OBRIGAÇÕES A CURTO PRAZO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
CONSOLIDADO CONSOLIDADO
DESCRIÇÃO
2015 2014
Convênios Recebidos a Comprovar 2.548.285.654 2.043.238.541
Depósitos 852.198.069 532.308.901
Obrigações de Exercícios Anteriores – SICOF 103.207.412 111.179.296
Outras Obrigações a Curto Prazo 285.787.188 277.607.043
TOTAL 3.789.478.323 2.964.333.781
Fonte: FIPLAN.

A conta Convênios Recebidos a Comprovar deve representar os saldos dos recursos


recebidos de outros entes governamentais, pendentes de prestação de contas, efetuados
mediante formalização de pactos de transferência de recursos para execução de ações de
governo específicas, excluídas as transferências constitucionais e os demais recursos
recebidos por força de norma legal, e se constitui em receita do Estado. Frise-se quanto à
ausência de Nota Explicativa às DCCEs, contendo comentários sobre a natureza e a
situação dos compromissos desta natureza.

Da análise da referida conta, verificou-se que os saldos representativos são originários de


recursos repassados, nos últimos exercícios, ao Estado da Bahia, principalmente pela
União, mediante a formalização de contratos de repasse, por meio da Caixa Econômica
Federal (CEF), ou sob a égide de convênios ou instrumentos congêneres, formalizados com
Ministérios do Governo Federal.

A composição do saldo em 31/12/2015 e 31/12/2014, por unidade orçamentária/entidade,


pode ser resumida como segue:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 213


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 118 – CONVÊNIOS RECEBIDOS A COMPROVAR – COMPOSIÇÃO POR


UNIDADE ORÇAMENTÁRIA
Em R$
SALDOS EM SALDOS EM
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA/ENTIDADE
31/12/2015 31/12/2014
26101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SEDUR 768.292.532 599.068.893
18401 Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional 398.012.233 364.690.099
8501 Companhia de Engenharia H. de Saneamento da Bahia 297.575.889 232.358.507
12101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SJDHDS 230.086.231 203.577.211
11101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SEC 151.683.170 141.509.750
21101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SETRE 71.412.744 33.001.292
19601 Fundo Estadual de Saúde 63.044.916 57.896.075
15304 Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade 61.273.368 42.789.110
24101 Assessoria de Planejamento e Gestão – SEINFRA 61.092.895 27.566.458
Outras 445.811.676 340.749.708
TOTAL 2.548.285.654 2.043.207.103
Fonte: FIPLAN.

Nas DCCEs de 2015, como no exercício anterior, não foram apresentados demonstrativos
que evidenciassem o comportamento dos recebimentos, prestações de contas, por
natureza, Programa de Governo, órgão repassador ou outra classificação, bem como
informações necessárias para a interpretação da situação fática desse tipo de obrigação,
derivada dos pactos firmados com os agentes repassadores, como por exemplo:

• tipo de instrumento, natureza do objeto, término da vigência e formas de prestação de


contas;

• situação dos projetos: em execução, concluídos ou paralisados;

• com relação aos recursos financeiros, saldos disponíveis em conta bancária ao final do
exercício, parcela aplicada no ano e acumulado, contrapartida depositada, receitas de
aplicações, etc.

Não foi possível promover uma avaliação crítica quanto à pertinência do saldo, pela
ausência das informações anteriormente citadas, assim como em função da diversidade e
do volume de operações firmados entre o Estado e a União. Em pesquisa promovida em
convênios e contratos de repasse, selecionados por amostragem, nos sítios do Governo
Federal “portal da transparência” e “portal dos convênios” (SICONV), foi possível identificar
que a maioria dos pactos possui prazo de prestação de contas posterior a 2015, estando,
por conseguinte, adimplentes em relação a este aspecto. Contudo, não foi possível certificar
quanto ao saldo total apresentado na referida conta do Balanço do Estado.

Considerando-se que a execução dos projetos transcorre dentro de um cronograma de


atividades, o qual pode se estender por vários exercícios, e que a maioria dos termos pactua
a prestação de contas apenas ao final da sua vigência, faz-se necessária a implementação
de mecanismos que permitam refletir contabilmente no Passivo e nas receitas, o volume de
recursos empregados nos projetos, de forma mais tempestiva, introduzindo-se mecanismos
periódicos de apropriação da execução, independentemente da previsão de prestação de
contas estabelecida em cada instrumento.

A adoção de procedimentos dessa natureza contribuirá para o melhor gerenciamento


financeiro dos pactos, bem como para a apresentação de informações e saldos contábeis,
de forma mais consonante com as ações da gestão, tanto nas unidades orçamentárias
responsáveis pela aplicação dos recursos, individualmente, como no conjunto do Estado.

214 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.4.5.6 Empréstimos e financiamentos

A dívida fundada no Balanço Patrimonial do exercício de 2015 foi assim registrada:

Tabela 119 – DISTRIBUIÇÃO DA DÍVIDA FUNDADA NO BALANÇO PATRIMONIAL


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
Passivo Circulante 1.023.481.807,26
Financiamentos a Curto Prazo – Interno 586.403.238,41
Financiamentos a Curto Prazo – Externo 384.306.861,42
Juros e Encargos a Pagar de Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo – Interno 52.771.707,43
Passivo Não Circulante 17.760.985.677,70
Financiamentos a Longo Prazo – Interno 8.424.746.673,89
Financiamentos a Longo Prazo – Externo 9.336.239.003,81
TOTAL 18.784.467.484,96
Fontes: Balanço Patrimonial Consolidado do Poder Executivo (2015) e Balancete Mensal de Verificação (FIP 215).

A composição das dívidas por credor, excluindo-se a parcela de juros e encargos a pagar
(R$52.771.707,43), pode ser demonstrada como segue:

Tabela 120 – COMPOSIÇÃO DA DÍVIDA FUNDADA POR CREDOR


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
Dívida Fundada Interna 9.011.149.912,30
Tesouro Nacional 4.869.778.195,03
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 1.928.294.988,97
Banco do Brasil S/A (BB) 1.525.108.958,56
Caixa Econômica Federal (CEF) 510.244.164,84
Banco do Nordeste do Brasil (BNB) 177.723.604,90
Dívida Fundada Externa 9.720.545.865,23
Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) 5.085.168.157,08
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 4.463.810.090,42
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECF) 88.323.105,00
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) 80.525.845,34
Corporação de Empréstimos à Reconstrução Alemanha (KFW) 2.718.667,39
TOTAL 18.731.695.777,53
Fonte: Demonstrativo da Dívida Fundada Interna e Externa (2015).

A evolução das dívidas fundadas interna e externa da Administração Direta em 2015


ocorreu conforme a movimentação apresentada a seguir:

Tabela 121 – MOVIMENTAÇÃO DA DÍVIDA FUNDADA


Em R$
DESCRIÇÃO VALOR
Saldo em 31/12/2014 14.528.510.218,24
(+) Liberações 1.015.196.102,66
(+) Atualização Monetária e Cambial e Outros Ajustes 4.142.904.101,43
(-) Amortização 954.914.644,80
SALDO EM 31/12/2015 18.731.695.777,53
Fontes: Demonstrativo da Dívida Fundada Interna e Externa (2015) e FIPLAN Gerencial.

O valor de R$1.015.196.102,66, referente às liberações de contratos de operações de


crédito interno e externo no exercício de 2015, corresponde ao montante líquido registrado
como Receitas de Operações de Crédito, constante no Balanço Geral do Estado. A seguir, é
apresentada a evolução da dívida pública fundada, a partir de 2010, em dólares e em reais:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 215


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 122 – EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA FUNDADA (2010-2015)


Em R$ mil e US$ mil
DÍVIDA PÚBLICA SALDO VARIAÇÃO (%)
FUNDADA 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012 31/12/2013 31/12/2014 31/12/2015 2015/2010
Interna em Dólares 4,537,283 4,008,845 3,582,210 3,196,219 2,897,817 2,307,711 (49,14)
Interna em Reais 7.560.021 7.519.792 7.320.247 7.487.462 7.697.180 9.011.150 19,19
Externa em Dólares 1,179,979 1,122,340 1,797,061 2,267,151 2,571,843 2,489,384 110,97
Externa em Reais 1.966.082 2.105.285 3.672.293 5.311.029 6.831.330 9.720.546 394,41
TOTAL EM DÓLARES 5,717,262 5,131,185 5,379,271 5,463,370 5,469,660 4,797,095 (16,09)
TOTAL EM REAIS 9.526.103 9.625.077 10.992.540 12.798.491 14.528.510 18.731.696 96,64
Fonte: Balanço Patrimonial do Poder Executivo (2010 – 2015), com valores convertidos para dólares pela taxa de venda
divulgada pelo Banco Central do Brasil (BCB) do último dia de cada exercício.

O maior credor da dívida fundada interna do Estado é a União, com créditos de


R$4.869.778.195,03, que representam 54,04% dessa dívida e 26,00% do total contraído,
seguido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo
Banco do Brasil S/A (BB), que representam, juntos, 38,32% da dívida interna.

O saldo da dívida externa, em 31/12/2015, apresentou um acréscimo nominal em reais de


42,29%, comparado com o de 31/12/2014, decorrente, principalmente, da variação cambial,
uma vez que a dívida externa em dólar apresentou uma redução de 12,30% entre os
mencionados exercícios. Em relação à dívida externa, os maiores credores são o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Internacional para a Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), respondendo, juntos, por 98,24% da dívida externa do Estado.

2.4.5.7 Obrigações trabalhistas e previdenciárias e fornecedores de longo prazo

A composição dos saldos em 31/12/2015 e 2014 das contas de Obrigações Trabalhistas e


Previdenciárias e Fornecedores de Longo Prazo pode ser demonstrada como segue:

Tabela 123 – OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS/ FORNECEDORES


DE LONGO PRAZO – COMPOSIÇÃO DO SALDO
Em R$
CONSOLIDADO CONSOLIDADO
DESCRIÇÃO
2015 2014
Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias – Circulante 281.031.667 46.341.046
Pessoal a Pagar 106.602.384 5.038.398
Precatórios de Pessoal 110.043.662 11.243.235
Demais Contas 64.385.621 30.059.413
Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias – Não Circulante 1.027.766.912 786.514.305
Precatórios de Pessoal 894.901.708 706.002.139
Parcelamentos Tributários 132.865.204 80.512.166
Fornecedores de Longo Prazo 1.087.891.708 1.208.961.963
Fornecedores Nacionais – Precatórios 1.358.971.725 1.497.857.380
Retificadora de Precatórios (271.080.017) (288.895.417)
Fonte: FIPLAN.

Na tabela destacam-se os saldos relacionados a precatórios, que são oriundos de débitos


de ações judiciais e as obrigações de parcelas devidas aos servidores, Pessoal a Pagar,
objeto de comentário nos tópicos a seguir.

2.4.5.7.1 Pessoal a Pagar

A composição do saldo das obrigações com servidores em dezembro de 2015 (R$106.602


mil) era representada, basicamente, por obrigações registradas nas unidades
orçamentárias: 9603 do FUNPREV (R$34.669 mil), 1101 da Secretaria de Educação (38.389
mil) e de 20801 da Polícia Militar – PM/BA (R$13.173 mil).

216 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Das análises promovidas, verificou-se a existência de Passivos não reconhecidos no


Balanço Patrimonial decorrentes de decisão de 2009 do Conselho Nacional de Justiça, que
considerou ser devido aos Magistrados e membros do Ministério Público verba denominada
“Parcela Autônoma de Equivalência”, relativas aos exercícios de 1994 a 2001, cujo
pagamento foi escalonado nos exercícios de 2009 e seguintes.

Ocorre que, apesar dos pagamentos efetuados nos vários exercícios, inclusive em 2015,
pagos sob a rubrica de Despesas de Exercícios Anteriores no item 2.4.3 Despesas de
Exercícios Anteriores (DEA), ao final do exercício, ainda persistiam saldos a pagar
decorrentes da citada decisão, conforme esclarecimentos apresentados:

• pela Superintendência de Gestão Administrativa do MP (Ofício n.º 185/2016 –


SUP/MPBA), em relação aos membros do Ministério Público, avaliada em
R$188.694 mil, e

• pela Controladoria do Tribunal de Justiça (Ofício n° 43/2016 do Controlador Chefe),


em relação aos Magistrados, no montante de R$239.076 mil.

• Provisões de Férias e Licença-Prêmio

As Obrigações reconhecidas pelo Estado em favor dos servidores devem ser objeto de
apropriação contábil no Passivo em rubrica específica, caso decorram de decisão judicial
em rubrica própria designada comumente como “Precatórios”. Porém, se oriunda de acordo
ou decisão administrativa como “Pessoal a Pagar” e, se derivada da relação laborativa, tais
como: férias, décimo terceiro salário, licenças, dentre outros, devem ser identificadas como
“Provisões”, em virtude do seu caráter estimativo e consoante orientação do MCASP (6ª
edição, parte II, item 9.2.1.) a qual indica:

Passivos derivados de apropriações por competência, por exemplo,


férias a pagar e décimo terceiro salário, embora algumas vezes seja
necessário estimar o valor ou prazo desses passivos. Nos casos
exemplificados é feito o reconhecimento mensal da parcela (1/12) das férias
a pagar e décimo terceiro salário que tiverem como fato gerador aquele mês
de trabalho.

As vantagens devidas aos servidores decorrentes do tempo de trabalho devem, com base
no critério de registro por competência, ser reconhecidas contabilmente, considerando-se a
parcela devida proporcionalmente ao tempo decorrido da relação empregatícia. Convém
registrar que as provisões devem ser objeto de reconhecimento mensal, para apuração de
resultados parciais de forma adequada, o que não vem ocorrendo, distorcendo, por
exemplo, os saldos apurados nos relatórios quadrimestrais da LRF.

Nas DCCEs de 2015, não constam saldos representativos das provisões para férias e
gratificações, devidas proporcionalmente a cada servidor, em relação ao período aquisitivo,
bem como em relação à licença-prêmio ainda não gozada. Ademais, devido à ausência de
mecanismos de mensuração das parcelas devidas, individualizada por servidor, não foi
possível quantificar o montante da obrigação em 31/12/2015.

Cabe alertar que a STN, através da Portaria n.º 548/2015, facultou aos Estados a
implementação, a partir do exercício de 2017, dos procedimentos contábeis relacionados
com o “Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações por competência
decorrentes de benefícios a empregados (ex.: 13º salário, férias, etc.)”.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 217


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.4.5.7.2 Débitos Judiciais

Segundo a legislação vigente, as sentenças judiciais transitadas em julgado que resultem


em condenação pecuniária contra os entes públicos são denominadas de Precatórios e
Requisições de Pequeno Valor (RPVs). A distinção entre estes dois tipos de débito está
relacionada com o valor arbitrado na sentença.

No Estado da Bahia, a Lei n.º 9.446, de 09/05/2005 define que são consideradas de
pequeno valor, para os fins do disposto nos §§ 3º e 4º do art. 100 da Constituição Federal,
as obrigações desse ente, suas autarquias e fundações públicas, por decisão judicial
transitada em julgado, atualizadas na data da respectiva requisição, que não excederem a
20 salários-mínimos.

Por consequência, os débitos judiciais superiores a 20 salários-mínimos são classificados


como precatórios. Segundo o MCASP, precatórios “correspondem a ordens judiciais contra
o ente público federal, estadual, municipal ou distrital, determinando o pagamento de
importância por parte da fazenda pública”.

2.4.5.7.2.1 Registro Contábil

Ao final do exercício de 2015, verificou-se que estavam contabilizados débitos judiciais


(precatórios e RPVs) no montante de R$2.514.440.321,97. Deste total, o valor de
R$473.572.113,07 estava registrado no Passivo Circulante, de R$2.040.796.651,56 no
Passivo Não Circulante e de R$71.557,34 na conta de compensação, conforme distribuição
demonstrada a seguir:

Tabela 124 – DÉBITOS JUDICIAIS REGISTRADOS NOS PASSIVOS CIRCULANTE E NÃO


CIRCULANTE E NA CONTA DE COMPENSAÇÃO – EXERCÍCIO DE 2015
Em R$
ADM.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
INDIRETA
CONTA TOTAL
PODER PODER PODER
JUDICIÁRIO EXECUTIVO EXECUTIVO
PASSIVO CIRCULANTE 279.316.755,84 193.362.241,53 893.115,70 473.572.113,07
Precatórios de Pessoal – 109.150.806,73 892.855,70 110.043.662,43
Precatórios de Pessoal – Alimentício – 98.935.060,52 – 98.935.060,52
Precatórios Alimentícios – Não Financeiro – 8.569.304,36 442.217,03 9.011.521,39
Precatórios Alimentícios – Pequeno Valor – 1.646.441,85 450.638,67 2.097.080,52
Precatórios de Fornecedores e Contas a Pagar
Nacionais 279.316.755,84 84.211.434,80 260,00 363.528.450,64
Precatórios Patrimoniais Nacionais 279.316.755,84 84.211.434,31 260,00 363.528.450,15
Precatórios de Fornecedores e Contas a Pagar
Nacionais – Não Financeiro – 0,49 – 0,49
PASSIVO NÃO CIRCULANTE (64.961,86) 1.987.007.109,52 53.854.503,90 2.040.796.651,56
Precatórios de Pessoal – 851.947.176,84 42.954.530,96 894.901.707,80
Precatórios de Pessoal – Alimentício – 851.947.176,84 42.954.530,96 894.901.707,80
Precatórios de Fornecedores Nacionais (64.961,86) 1.077.531.839,15 9.972.230,94 1.087.439.108,23
Precatórios Patrimoniais Nacionais – 1.348.287.493,46 8.857.455,65 1.357.144.949,11
Precatórios Patrimoniais Nacionais – Migração
SICOF – – 1.374.176,28 1.374.176,28
(-) Retificadora Precatórios (64.961,86) (270.755.654,31) (-259.400,99) (271.080.017,16)
Provisões a Longo Prazo – 57.528.093,53 927.742,00 58.455.835,53
Provisão para Indenizações Trabalhistas –
Precatórios – 55.786.625,61 927.742,00 56.714.367,61
Provisão para Precatórios Patrimoniais –
Nacionais – 1.741.467,92 – 1.741.467,92
CONTA DE COMPENSAÇÃO – 0,00 71.557,34 71.557,34
Execução do Controle de Precatórios – 0,00 71.557,34 71.557,34
TOTAL 279.251.793,98 2.180.369.351,05 54.819.176,94 2.514.440.321,97
Fonte: Balancetes Mensais de Verificação – Dezembro/2015 – Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, Ministério Público e
Defensoria Pública – FIPLAN.

218 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Estão apresentados, a seguir, os pontos considerados relevantes acerca do registro contábil


de débitos judiciais pelo Estado da Bahia:

a) Desconformidade do registro contábil de precatórios com o MCASP

No que se refere aos precatórios, o Estado da Bahia, ao final do exercício de 2015, não
estava em conformidade com todas as regras e procedimentos contábeis previstos no
MCASP. A adoção dos Procedimentos Contábeis Específicos (Parte III da 6ª edição do
MCASP), em que se encontra o disciplinamento contábil de precatórios, estava prevista
desde o exercício de 2013.

No exercício de 2014, os precatórios do Estado da Bahia foram contabilizados conforme a


Orientação Técnica n.º 045/2014, da SEFAZ, cujos procedimentos não estavam de acordo
com o MCASP, acarretando distorções no patrimônio do Estado. Assim sendo, este TCE
recomendou que os precatórios passassem a ser disciplinados conforme o item 03.06.00 do
MCASP. A SEFAZ apresentou o Plano de Ação elaborado pela Comissão Estadual de
Ações Corretoras e Preventivas de Ressalvas Relativas às Contas Governamentais
informando que adotaria como medida corretiva a atualização da Orientação Técnica n.º
045/2014, de modo a refletir as determinações do MCASP.

Assim, em 22/10/2015, a SEFAZ editou a Orientação Técnica n.º 052/2015, a fim de


substituir a Orientação Técnica n.º 045/2014, estabelecendo os procedimentos para a
contabilização dos precatórios desde o recebimento da sentença judicial (trânsito em
julgado) até o pagamento efetuado pelos Tribunais. Conforme consta da Orientação Técnica
n.º 052/2015, seus procedimentos foram elaborados considerando as disposições do
MCASP.

Contudo, apesar das alterações promovidas pela OT n.º 052/2015, foram observadas
desconformidades no registro de precatórios em 2015.

a.1) Registro indevido de precatórios oriundos de unidade extinta, no valor de


R$8.404.142,97, no Passivo Circulante da Administração Direta do Poder
Executivo

Foi verificado que, do montante de R$8.569.304,36 registrado na conta Precatórios


Alimentícios – Não Financeiro, no Passivo Circulante da Unidade Encargos Gerais, o valor
de R$8.404.142,97 (representando 98,07% da conta) refere-se a precatórios da extinta
Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (SUCAB).

Segundo determinação do MCASP, o reconhecimento de precatórios deve ser efetuado no


Passivo Não Circulante, com registros a débito de uma Conta de Variação Patrimonial
Diminutiva (VPD) e a crédito de uma Conta de Passivo Não Circulante. Dessa forma, foram
requeridos esclarecimentos à SEFAZ quanto ao registro no Passivo Circulante desses
precatórios, entretanto, não se obteve resposta.

Os valores referentes aos precatórios alimentícios e patrimoniais correspondentes à parcela


1/10 (R$183.146.494,83) foram devidamente registrados no Passivo Circulante da
Administração Direta do Poder Executivo.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 219


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

a.2) Não contabilização de precatórios, ocasionando a subavaliação do Passivo Não


Circulante e a distorção do resultado patrimonial da Administração Direta do
Poder Executivo em, pelo menos, R$5.776.503,55

Segundo o MCASP, o reconhecimento da dívida com precatórios deve ser feito pelo ente
devedor, mediante um único lançamento no Passivo Não Circulante, tendo como
contrapartida uma conta de Variação Patrimonial Diminutiva (VPD).

O estoque de precatórios pendentes de pagamento até 01/07/2015, informado pelos


tribunais, totalizava R$2.246.842.854,79, sendo R$2.081.178.493,27 oriundo do TJ/BA e
R$165.664.361,52 oriundo do TRT 5ª Região. Cabe informar que este saldo é composto por
precatórios da Administração Direta (R$2.200.234.670,30) e Indireta (R$46.608.184,49) e,
ainda, que as obrigações da Administração Direta foram registradas em 31/12/2015, no
Passivo Não Circulante, nas contas Precatórios de Pessoal – Alimentício
(R$851.947.176,84) e Precatórios Patrimoniais Nacionais (R$1.348.287.493,46).

Contudo, em 31/12/2015, o Passivo Não Circulante da Administração Direta do Poder


Executivo apresentava-se subavaliado em, pelo menos, R$5.776.503,55, em virtude de os
precatórios oriundos do TJ/BA apresentados à SEFAZ, no período de 02/07/2015 a
31/12/2015, não terem sido contabilizados nesse Passivo, contrariando a orientação contida
no MCASP.

Assim, a não incorporação dos precatórios apresentados no exercício sob análise também
distorceu o resultado patrimonial do Poder Executivo. Vale informar que, de acordo com o
Manual, o resultado patrimonial no setor público é um medidor do quanto o serviço público
ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais.

Ademais, em relação à Parcela 1/10 (R$183.146.494,83), apesar dos lançamentos


devedores nas contas de precatórios alimentícios e patrimoniais do Passivo Não Circulante
relativos a esse pagamento, o saldo apresentado nessas contas corresponde à totalidade da
dívida com precatórios da Administração Direta informada pelos tribunais, no montante de
R$2.200.234.670,30.

Ressalte-se que, em 16/09/2014, por meio da Resolução n.º 184, que apreciou o Relatório
de Acompanhamento da LRF do 3º quadrimestre de 2013, o Plenário deste TCE determinou
à SEFAZ que realizasse os ajustes necessários para corrigir a subavaliação do Passivo
apurada naquela auditoria. Entretanto, embora essa Secretaria tenha efetuado lançamentos
de ajuste, estes não foram suficientes para a sua regularização.

a.3) Subavaliação da despesa orçamentária do Poder Executivo em R$286.544.456,78

Conforme determina o MCASP, na realização do depósito nas Contas Especiais, o ente


devedor deve executar a despesa e, consequentemente, transferir a dívida do Passivo Não
Circulante para o Circulante. Nesse momento, também deve ser transferida a
disponibilidade da condição de recurso livre para vinculado a precatórios (conta especial).

A execução da despesa com precatórios no exercício de 2015, entretanto, foi contabilizada


de acordo com a Orientação Técnica n.º 045/2014, em que o ente devedor apropriava a
despesa orçamentária após o recebimento do aviso de pagamento dos precatórios efetuado
pelos tribunais. No momento do depósito, era lançado o total depositado em uma conta
retificadora do Passivo Não Circulante (não prevista no PCASP) em contrapartida com a
conta Outros Depósitos do Passivo Circulante, que não evidenciava a natureza da dívida
relacionada com precatórios. Havia, ainda, a determinação para que o Tribunal de Justiça
registrasse esse recurso em contas patrimoniais de seu Ativo e Passivo Circulante.

220 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Como consequência da adoção dessa sistemática, a despesa do Poder Executivo, até a


parcela 1/11 avos ficou subavaliada pela não apropriação no momento do depósito da
parcela. Isto porque foi verificado que, do total depositado nas Contas Especiais até a
Parcela 1/11 avos (R$560.536.376,49), foi executada uma despesa orçamentária total de
R$273.991.919,71, restando um saldo a empenhar de R$286.544.456,78. Além da
subavaliação da despesa, a adoção desse procedimento gerou empenho a posteriori,
contrariando a Lei Federal n.º 4.320/1964.

Ressalte-se que, em 16/09/2014, por meio da Resolução n.º 184, que apreciou o Relatório
de Acompanhamento da LRF do 3º quadrimestre de 2013, o Plenário deste TCE determinou
à SEFAZ que regularizasse a despesa.

b) Registro indevido de R$1.741.467,92 a título de provisão, no Passivo Não Circulante

Em 31/12/2015, estava registrado no Passivo Não Circulante da Administração Direta do


Poder Executivo, a título de Provisões a Longo Prazo, o montante de R$57.528.093,53,
sendo R$55.786.625,61 na Conta Provisão para Indenizações Trabalhistas – Precatórios, e
R$1.741.467,92 na Conta Provisão para Precatórios Patrimoniais – Nacionais.

O montante de R$1.741.467,92 corresponde ao registro dos Precatórios n.º 0016128-


95.2014.05.0000 e n.º 0016129-80.2014.8.05.0000, que foram contabilizados em
duplicidade. Como constam na relação enviada pelo TJ/BA com o estoque de precatórios
pendentes de pagamento até 01/07/2015, foram devidamente registrados na Conta
Precatórios Patrimoniais Nacionais, do Passivo Não Circulante, entretanto, foram, também,
equivocadamente, registrados como provisão.

Verificou-se, ainda, que a contrapartida da Conta Provisão para Indenizações Trabalhistas –


Precatórios (R$55.786.625,61), a conta VPD – Provisão para Precatórios Alimentícios, tinha
saldo, em 31/12/2015, de R$58.531.258,51. Tendo em vista que esta conta é constituída
pelas provisões lançadas no Passivo Não Circulante, o seu saldo deveria corresponder ao
montante das provisões registradas. Dessa forma, conclui-se que houve lançamentos
indevidos, que totalizam R$2.744.632,90, na conta de VPD.

2.4.5.7.2.2 Despesas orçamentárias

As despesas realizadas com sentenças judiciais da Administração Direta e Indireta de todos


os poderes do Estado da Bahia alcançaram, no exercício de 2015, o montante de
R$425.501.136,38, dos quais, R$288.301.682,66 foram executados pelo Poder Executivo,
conforme demonstrado a seguir:

Tabela 125 – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA – SENTENÇAS JUDICIAIS –


EXERCÍCIO DE 2015
Em R$
DOTAÇÃO VALOR
ADMINISTRAÇÃO/PODER
INICIAL ATUAL EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
Administração Direta 316.616.000,00 379.881.833,57 378.913.921,24 378.913.921,24 378.913.921,24
Poder Legislativo 15.000,00 797.000,00 791.852,83 791.852,83 791.852,83
Poder Judiciário 73.600.000,00 137.287.521,00 136.407.600,89 136.407.600,89 136.407.600,89
Poder Executivo 243.000.000,00 241.797.312,57 241.714.467,52 241.714.467,52 241.714.467,52
Ministério Público 1.000,00 – – – –
Administração Indireta 239.036.000,00 47.759.230,93 46.587.215,14 46.587.215,14 46.563.549,67
Poder Executivo 239.036.000,00 47.759.230,93 46.587.215,14 46.587.215,14 46.563.549,67
TOTAL 555.652.000,00 427.641.064,50 425.501.136,38 425.501.136,38 425.477.470,91
Fonte: Execução da Despesa – FIPLAN Gerencial, de janeiro a dezembro de 2015.

Conforme comentado no item 2.4.5.7.2 Débitos Judiciais - Desconformidade do registro


contábil de precatórios com o MCASP, letra “a.3”, a despesa orçamentária do Estado, em
31/12/2015, estava subavaliada em $286.544.456,78.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 221


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.4.5.7.2.2.1 Precatórios

A LRF, no capítulo que trata da dívida e do endividamento, dispõe no seu art. 30, § 7°, que
os “precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem
sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites”.

Ademais, a Resolução do Senado Federal n.º 40/2001, em seu art. 1°, § 1º, III, que define
dívida pública consolidada, determina que sejam considerados os precatórios judiciais
emitidos a partir de 05/05/2000 e não pagos durante a execução do orçamento em que
foram incluídos.

2.4.5.7.2.2.1.1 Regime Especial de Pagamento de Precatórios

A Emenda Constitucional n.º 62/2009 alterou o art. 100 da Constituição Federal e


acrescentou o art. 97 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT),
instituindo o regime especial de pagamento de precatórios pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios.

O regime especial de pagamento de precatórios consiste na opção feita pelos entes


devedores, por meio de ato do Poder Executivo, pelo depósito mensal em conta especial de
1/12 (um doze avos) do valor calculado percentualmente sobre as respectivas receitas
correntes líquidas, ou de um percentual que corresponderá, anualmente, a até 1/15 (um
quinze avos) do saldo total dos precatórios devidos, acrescido do índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança.

O Estado da Bahia optou pelo regime especial de pagamento pelo prazo de até 15 anos, por
meio do Decreto Estadual n.º 11.995, de 05/03/2010.

Com o advento da referida Emenda, surgiu a necessidade de o Conselho Nacional de


Justiça (CNJ) – ao qual compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário – promover a regulamentação dos aspectos procedimentais relacionados com
esse regime. Nesse sentido, o CNJ publicou, em 02/07/2010, a Resolução n.º 115, de
29/06/2010, que dispõe sobre a Gestão de Precatórios no âmbito do Poder Judiciário,
posteriormente alterada pelas Resoluções n.os 123, de 09/11/2010 e 145, de 02/03/2012.

Em março de 2013, o STF julgou as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) de n.os


4.357 e 4.425, declarando a inconstitucionalidade da EC n.º 62/2009. Foram afetados pela
decisão, três dispositivos do art. 100 da CF, bem como a integralidade do art. 97 do ADCT,
que criou o regime especial de pagamento.

Em 19/04/2013, o Núcleo Auxiliar de Conciliação de Precatórios (NACP) do TJ/BA recebeu


cópia do Ofício n.º 4160, de 12/04/2013, do STF, onde consta o despacho proferido pelo
Ministro Redator do Acórdão na ADI n.º 4.357, o qual determina “[…] que os Tribunais de
Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aos
pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida
pelo STF em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a
vinculação de receitas para fins de quitação da dívida pública, sob pena de sequestro. […]”.

Após dois anos da declaração de inconstitucionalidade da EC n.º 62/2009, o Plenário do


STF definiu, em 25/03/2015, os efeitos dessa decisão. Dentre as determinações emanadas
pelo STF, destaca-se a duração do regime especial para cinco exercícios financeiros, a
contar de 1º/01/2016. Isso implica num encurtamento do prazo de que dispunha o Estado
para o pagamento de seus precatórios, ensejando um aumento significativo, nos próximos
cinco anos, das verbas estaduais a serem destinadas para esse fim.

222 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.4.5.7.2.2.1.2 Parcelas, Depósitos e Pagamentos

Desde a implementação do regime especial de pagamento de precatórios e até o exercício


de 2015, foram fixadas parcelas pelos tribunais (TJ/BA, TRT 5ª Região e TRF 1ª Região)
que totalizaram R$914.322.464,05. Foram depositados pela SEFAZ R$743.682.871,31 nas
Contas Especiais e foi pago o montante de R$191.321.533,48, relativo a acordos firmados
antes do regime especial. O valor efetivamente transferido (R$935.004.404,79) foi superior
ao valor inicialmente fixado (R$914.322.464,05). Isso se deve ao fato deste valor ser
calculado na data base de 1º de julho e não considerar a totalidade paga no exercício dos
acordos firmados antes de vigorar o regime especial. Dos R$743.682.871,31 depositados,
foram pagos R$308.052.543,77.

Nas DCCEs do Exercício de 2015, no item 1.3 Ações Implementadas na Área Financeira,
Precatórios, a Tabela 1.03 Precatórios – Depósitos Realizados em 2015 apresenta
equivocadamente o montante de R$67.150.084,47, referente aos acordos futuros do TJ/BA.
Este valor diverge do montante apurado pela auditoria mediante as informações contidas no
Ofício NACP n.º 2881/215 do TJ/BA e o Ofício GAB n.º 495/2015 da PGE, já que foi
destinado ao pagamento de acordos a metade da parcela 1/10 (R$89.898.550,91) e devem
ser abatidos deste valor R$11.374.233,22, referentes aos pagamentos de acordos firmados
antes da EC n.º 62/2009, resultando num saldo de R$78.524.317,69.

Ademais, na Tabela 1.04 Precatórios: Depósitos realizados a partir da EC n.º 62/2009, o


montante referente à Base de Cálculo em dezembro de 2015 (R$2.081.178.493,27) deixou
de considerar o saldo de precatórios TRT 5ª Região (R$165.664.361,52). Portanto, o valor
apresentado deveria ser R$2.246.842.854,79, que conforme informado no já citado Ofício
GAB n.º 495 da PGE, corresponde ao estoque de precatórios do TJ/BA e TRT 5ª Região em
01/07/2015.

No exercício de 2015 não foram fornecidas pelo TRT 5ª Região as informações referentes
aos pagamentos de precatórios ocorridos nesse período, impossibilitando que a auditoria
verificasse o cumprimento da ordem cronológica e preferencial, bem como a adequação
desses pagamentos. O montante considerado no cálculo do valor pago refere-se aos
pagamentos regularizados pela SEFAZ.

O TJ/BA pagou R$10.054.567,09 de precatórios preferenciais no exercício de 2015. O


pagamento de precatórios pela ordem cronológica foi suspenso em decorrência do mandado
de segurança impetrado pelo credor Sinal Construtora Ltda. contra a lista, revisada, de
precatórios devidos pelo Estado da Bahia, referente à parcela anual de 1/11, publicada em
10/02/2015 pelo TJ/BA, por meio do Edital n.º 070/2015.

Apenas em 18/01/2016, o então relator do processo judicial n.º 0003019-77.2015.8.05.0000,


no qual a Sinal Construtora Ltda. refuta a ilegalidade do critério utilizado para definir a ordem
cronológica dos precatórios formalizados antes da EC n.º 62/2009, conheceu e acolheu o
pedido de desistência do impetrante, revogou a liminar anteriormente concedida e julgou
extinta a ação mandamental sem resolução do mérito (disponível no DJE de 13/01/2016).

No decorrer desse período, foram analisados o cálculo das parcelas, os valores


depositados, assim como os pagamentos realizados, tendo sido destacado, além dos pontos
elencados anteriormente, o que segue:

• Controle não efetivo de precatórios por parte da SEFAZ e remessa de controles


desatualizados pela PGE

Desde os exames realizados em auditorias anteriores, e com a instituição do Sistema Único


de Controle de Precatórios Judiciais do Estado da Bahia, este TCE vem solicitando à
Procuradoria Geral do Estado (PGE) e à Secretaria da Fazenda (SEFAZ) o controle de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 223


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

todos os precatórios da Administração Direta e Indireta, organizado pela natureza dos


créditos e pela ordem cronológica de apresentação, conforme dispõe o art. 2º do Decreto n.º
11.995/2010, a seguir transcrito:
Art. 2º – Fica instituído o Sistema Único de Controle de Precatórios Judiciais
do Estado da Bahia, a cargo da Procuradoria Geral do Estado e da
Secretaria da Fazenda, que manterão registro cadastral de todos os
precatórios da Administração Direta e Indireta para fins de controle
estatístico, verificação de cálculos, deduções, amortizações, bem como
conferência da ordem em que os respectivos pagamentos foram ou serão
realizados pelo Tribunal de Justiça.

Constatou-se que a SEFAZ dispõe dos seguintes controles de precatórios:

a) o primeiro, que respalda o registro na conta de Provisão para Indenizações Trabalhistas –


Precatórios, controla os precatórios da Administração Direta do Poder Executivo;

b) um outro envolve precatórios da Administração Direta e Indireta, estruturado a partir das


listas apresentadas pelos Tribunais ao Governo do Estado, e respalda a contabilização
dos precatórios da Administração Direta do Poder Executivo no Passivo Não Circulante.

Em relação a este último, que reflete a grande maioria dos precatórios, percebe-se que sua
estruturação não é suficiente para atender aos objetivos do Sistema Único de Controle de
Precatórios. Essa constatação se baseia no fato de que o controle utiliza informações
originárias dos Tribunais, o que impede um acompanhamento efetivo dos precatórios
(controle estatístico, verificação de cálculos, deduções, amortizações, bem como
conferência da ordem em que os respectivos pagamentos foram ou serão realizados pelos
Tribunais).

Nas Contas Governamentais do exercício de 2012, a SEFAZ mencionou que, com a


implantação, em 2013, do FIPLAN, teria registros individualizados de todos os precatórios,
com os dados da Administração Direta e Indireta. Apesar de a implantação ter ocorrido no
exercício de 2013, conforme previsto, não foram identificados pela auditoria os referidos
registros.

Questionada sobre essa ocorrência no exame das Contas Governamentais do ano de 2013,
a SEFAZ informou que estava cumprindo o Decreto n.º 11.995/2010, mediante lançamentos
individualizados, e que, no registro e no pagamento dos precatórios, utilizava informações
originárias dos Tribunais, revisadas e apreciadas pela PGE.

Cumpre informar que, apesar de haver o registro individualizado, por precatório, na conta de
Provisão para Indenizações Trabalhistas – Precatórios, no Passivo Não Circulante, este
registro não abarca a Administração Indireta. Em relação ao controle, a SEFAZ menciona
utilizar as informações originárias dos Tribunais, as quais são revisadas e apreciadas pela
PGE. Entretanto, o referido Decreto incumbe também essa Secretaria da manutenção do
registro cadastral de todos os precatórios da Administração Direta e Indireta.

No que se refere ao controle a cargo da PGE, embora a Instituição deva dispor de controle
acerca dos precatórios, tanto da Administração Direta quanto da Indireta, não tem
apresentado esta documentação integralmente à auditoria.

O Plenário deste TCE, por meio da Resolução n.º 184, de 11/09/2014, que apreciou o
Relatório de Acompanhamento da LRF do 3º quadrimestre de 2013, determinou à SEFAZ e
ao Exmo. Sr. Procurador Geral do Estado, respectivamente, que exercesse o controle
efetivo dos precatórios, abarcando também a Administração Indireta, e que encaminhasse,
no prazo máximo de 90 dias, os controles a cargo da PGE relativos aos precatórios das

224 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Administrações Direta e Indireta. Nesta auditoria, encaminhou o controle de precatórios


apenas com as informações da Administração Direta, faltando as da Administração Indireta.
2.4.5.8 Provisões de Longo Prazo
As principais contas representativas das Provisões de Longo Prazo apresentavam os
seguintes saldos em 31/12/2015 e 31/12/2014:

Tabela 126 – PROVISÕES DE LONGO PRAZO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
DETALHES 31/12/2015 31/12/2014
Provisões matemáticas de planos de previdência 166.795.071.183,76 139.175.001.784,00
Provisões para indenizações 58.501.842,01 973.748,00
TOTAL 166.853.573.025,77 139.175.975.532,00
Fonte: FIPLAN.

2.4.5.8.1 Seguridade Social dos Servidores Públicos Estaduais – Provisões


Matemáticas
O Estado da Bahia vem contabilizando o Passivo Atuarial do Fundo Financeiro da
Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV) e o Fundo
Previdenciário dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (BAPREV) com base nos
relatórios de avaliação elaborados pelas empresas contratadas para realizar o estudo
atuarial dos Fundos. Tal contabilização é fruto de exigência contida na Portaria n.º 403, de
10/12/2008, do Ministério da Previdência Social (MPS), em consonância com os princípios
contábeis da prudência e oportunidade.

No exercício de 2015, a composição do saldo desta conta pode ser resumida da forma a
seguir:

Tabela 127 – OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS A LONGO PRAZO


Em R$
DESCRIÇÃO FUNPREV BAPREV TOTAL
Reserva Matemática de Benefícios Concedidos 98.382.195.265,56 21.869.319,18 98.404.064.584,74
Reserva Matemática de Benefícios a Conceder 67.608.908.066,18 782.098.532,84 68.391.006.599,02
TOTAL 165.991.103.331,74 803.967.852,02 166.795.071.183,76
Fontes: Relatório de Avaliação Atuarial e FIPLAN.

O sistema de seguridade social, mantido pelo Estado e pelos seus segurados, é composto
pelo programa Ações de Apoio Administrativo, no qual estão inseridos o FUNSERV, que tem
por finalidade prover os recursos necessários à manutenção do PLANSERV, do FUNPREV
e do BAPREV, destinados a prover recursos para o pagamento de benefícios
previdenciários.

O FUNPREV, instituído por meio da Lei Estadual n.º 7.249, de 07/01/1998, tem por
finalidade prover recursos para pagamento dos benefícios previdenciários de aposentadoria,
reserva remunerada, reforma, salário-família, pensão e auxílio-reclusão, a que fazem jus os
servidores públicos e seus dependentes, bem como aplicar recursos provenientes das
contribuições e transferências do Estado e das contribuições dos seus segurados ativos,
inativos e pensionistas.

Com a promulgação da Lei Estadual n.º 10.955, de 21/12/2007, modificou-se a estrutura do


regime próprio de previdência social dos servidores do Estado da Bahia, criando-se, na
estrutura da SAEB, a SUPREV, unidade responsável por gerir, administrar e operacionalizar
o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
A centralização das ações administrativas da Previdência do Estado em um único órgão visa
a atender às regras da Reforma do Governo Federal, instituídas pela EC n.º 41, de
19/12/2003.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 225


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Com o advento da referida Lei, o FUNPREV foi remanejado da SEFAZ para a SAEB e
passou a denominar-se Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do
Estado da Bahia, cujos recursos seriam utilizados no pagamento dos benefícios
previdenciários dos servidores públicos estatutários, civis e militares, de quaisquer dos
Poderes do Estado, ingressos no serviço público até 31/12/2007.
Foi instituído, também, o BAPREV, com idêntica natureza do FUNPREV, porém tendo por
finalidade o pagamento de benefícios previdenciários para aqueles que ingressaram no
serviço público a partir de 1º de janeiro de 2008.
No exercício de 2015, foi realizada avaliação atuarial no FUNPREV e no BAPREV, em
cumprimento às disposições contidas na Lei n.º 9.717, de 27/11/1998, que determina a
adoção desse procedimento, em cada balanço, pelos órgãos que possuem Regimes
Próprios de Previdência Social, visando a promover o equilíbrio do sistema.
De acordo com o Parecer Atuarial emitido pelo Escritório Técnico de Assessoria Atuarial S/S
Ltda., empresa de consultoria contratada para efetuar o cálculo do regime de previdência
dos servidores públicos do Estado da Bahia, o déficit atuarial do FUNPREV foi de
R$165.968.374.564,09 com data-base das informações em agosto/2015 e de avaliação em
dezembro/2015, composto da seguinte forma:

Tabela 128 – COMPARATIVO ENTRE AS AVALIAÇÕES ATUARIAIS DO FUNPREV


Em R$
DESCRIÇÃO 2015 2014 Δ%
Reserva Matemática de Benefícios Concedidos (98.382.195.265,56) (88.551.445.967,50) 11,10
Reserva Matemática de Benefícios a Conceder (67.608.908.066,18) (50.087.049.442,79) 34,98
Passivo Atuarial (165.991.103.331,74) (138.638.495.410,29) 19,73
Patrimônio Constituído 22.728.767,65 15.664.593,70 45,10
DÉFICIT ATUARIAL (165.968.374.564,09) (138.622.830.816,59) 19,73
Fonte: Relatório de Avaliação Atuarial.

A variação no valor do Passivo Atuarial do FUNPREV, tendo como referência os estudos


realizados em cada exercício, decorre de modificações na metodologia utilizada pelos
atuários que efetuaram as avaliações, bem como de alterações na legislação pertinente e
nas características da massa de servidores.

Acerca do déficit atuarial, a SEFAZ informa que o Estado vem realizando anualmente a
avaliação atuarial do seu regime próprio de previdência e que o resultado do déficit técnico
apurado está sendo contabilizado pelo FUNPREV. Consignou, também, que os “estudos
têm demonstrado que o Passivo Atuarial do sistema encontra-se na casa dos bilhões de
reais”, e a “[...] cobertura do déficit tem sido feita, conforme previsto na legislação, com
recursos orçamentários”.

Destaque-se que o Ministério da Previdência Social publicou um estudo acerca da


sustentabilidade dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Esse estudo fez parte
do volume 34 da Coleção Previdência Social, e tem como título “O Equilíbrio Financeiro e
Atuarial dos RPPS: de Princípio Constitucional a Política Pública de Estado”, do autor Narlon
Gutierre Nogueira. Dentre os capítulos, convém salientar um que trata da apuração de
indicadores a partir dos resultados atuariais. Nesse sentido, o trabalho ressalta que a
construção e a divulgação periódica de indicadores é um instrumento apto a contribuir para
maior transparência da situação dos fundos previdenciários.

A partir dos indicadores propostos, demonstrados na tabela a seguir, foi realizada uma
análise da situação do FUNPREV:

226 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 129 – INDICADORES DE DÉFICIT / RECEITA CORRENTE LÍQUIDA E ATIVO /


INATIVO
Em R$
DISCRIMINAÇÃO 2011 2012 2013 2014 2015
Déficit Atuarial 57.377.778.872,48 109.442.848.796,06 121.292.486.296,97 138.622.830.816,59 165.968.374.564,09
1
Receita Corrente Líquida (RCL) 19.226.970.363,70 21.624.180.849,01 23.080.634.286,15 25.870.525.219,40 27.207.610.584,58
Déficit / RCL 198,42 406,11 425,52 435,83 510,01
Ativos 141.886 138.001 135.304 131.639 126.925
Inativos 93.957 104.748 108.350 110.494 115.750
Relação Ativo/Inativo 1,51 1,32 1,25 1,19 1,10
Fonte: Relatórios de Avaliação Atuarial.
(1)
Relativo ao período de 01/01 a 31/12 de cada exercício.

O primeiro indicador é a relação entre o déficit atuarial do RPPS e a Receita Corrente


Líquida (RCL) anual. Quanto mais representativo o déficit se apresentar em relação a essa
receita, mais grave é a situação, pois indica que parcelas muito expressivas do orçamento
do Estado terão de ser destinadas à cobertura desse desequilíbrio nos próximos anos. O
estudo estabelece 05 faixas de “Situação”, a saber: Crítico (mais de 300%); Preocupante
(mais de 200% até 300%); Razoável (mais de 100% até 200%); Confortável (até 100%) e;
Superavitário.

Da análise da tabela anterior, depreende-se que o Estado da Bahia, no exercício de 2011,


estava numa situação considerada razoável (mais de 100% até 200%), ou seja, o déficit
situava-se entre uma e duas vezes a RCL. Entretanto, a partir de 2012, o percentual ficou
acima de 300%, considerado crítico pelo estudo, indicando que um volume significativo dos
orçamentos futuros será consumido para o equacionamento do déficit, reduzindo os
recursos disponíveis para custeio ou investimento em outras áreas.

O segundo indicador trata da relação entre o número de servidores ativos e inativos


(aposentados e pensionistas). O estudo elenca as seguintes faixas: Crítico (até 3,0);
Preocupante (mais de 3,0 até 5,0); Razoável (mais de 5,0 até 10,0); e Confortável (mais de
10,0). O Estado da Bahia se enquadra na faixa crítica, que indica que para cada aposentado
ou pensionista existem no máximo 03 servidores ativos. Segundo o estudo, um RPPS nessa
situação possivelmente já apresenta um déficit financeiro, que está sendo suprido pela
utilização de aportes mensais repassados pelo Estado, o que reflete fielmente a situação do
Estado da Bahia, que tem usado desse expediente.

O resultado desses dois indicadores ratifica a situação preocupante do RPPS da Bahia,


exigindo que o Poder Público estabeleça estratégias no sentido de contribuir para o
equilíbrio do sistema previdenciário do Estado.

Em 2014, a Emenda n.º 19 alterou o art. 204 da Constituição do Estado da Bahia,


possibilitando a aplicação dos recursos financeiros resultantes da participação na
exploração dos potenciais de energia hidráulica, petróleo, gás natural e outros recursos
naturais em aporte em fundos de previdência dos servidores estaduais.

De acordo com a Lei n° 13.144/2014, que modificou dispositivos da Lei Estadual n°


9.281/2004, a distribuição e aplicação dos recursos financeiros de que trata o art. 204 da
Constituição Estadual observarão os limites dos intervalos e o somatório de 100%, dos
quais 70% a 75% poderão ser utilizados para aportes junto ao Fundo Financeiro da
Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV).

Em 16/04/2014, foi publicada a Lei Estadual n° 13.153/2014, que autorizou o Poder


Executivo a ceder a instituições financeiras públicas créditos decorrentes de royalties, até
31/12/2018, recebendo em contrapartida os recursos financeiros correspondentes,
determinando a exclusividade de aplicação desses créditos para aportes de capitalização do
FUNPREV.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 227


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Verificou-se no FIPLAN que a SUPREV, a partir julho/2014, passou a registrar como receita
de transferências intergovernamentais da União a compensação financeira pela exploração
de recursos naturais, por meio da Fonte 209 – Indenizações Extração Óleo Bruto, Xisto e
Gás, Utilização dos Recursos Hídricos e Exploração Mineral (EC n.º 19/2014) e que, no
período de janeiro a dezembro/2015, foi arrecadado o montante de R$53.479.632,27.

No que concerne ao BAPREV, o relatório de avaliação atuarial apontou superávit no valor


de R$602.538.444,96, conforme composição demonstrada na tabela a seguir:

Tabela 130 – COMPARATIVO ENTRE AS AVALIAÇÕES ATUARIAIS DO BAPREV


Em R$
DESCRIÇÃO 2015 2014 Δ%
Reserva Matemática de Benefícios a Conceder (782.098.532,84) (523.417.874,93) 49,42
Reserva Matemática de Benefícios Concedidos (21.869.319,18) (13.088.498,41) 67,09
Passivo Atuarial (803.967.852,02) (536.506.373,34) 49,85
Patrimônio Constituído 1.406.506.296,97 989.440.174,18 42,15
SUPERÁVIT TÉCNICO 602.538.445,95 452.933.800,84 33,03
Fonte: Relatório de Avaliação Atuarial.

O modelo adotado com dois Fundos visa a reconhecer o Passivo Atuarial existente, a ser
custeado pelo FUNPREV, e, também, a constituir um regime financeiro de capitalização,
com recursos do BAPREV, para pagamento dos futuros benefícios previdenciários dos
novos servidores que ingressem no Estado.

Com a promulgação da mencionada Lei n.º 10.955/2007, o Estado busca a redução do


déficit previdenciário do seu RPPS.

Em 12/01/2015, foi publicada a Lei Estadual n° 13.222, que instituiu o Regime de


Previdência Complementar no âmbito do Estado da Bahia, fixou o limite máximo para a
concessão de aposentadorias e pensões de que trata o art. 40 da Constituição Federal e
autorizou a criação de entidade fechada de previdência complementar, denominada
Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
(PREVBAHIA), com a finalidade de administrar e executar plano de benefícios de caráter
previdenciário, vinculada à SAEB.

Consoante o Decreto Estadual n.º 16.011, de 18/03/2015, foi instituído Grupo de Trabalho
com o objetivo de realizar estudos, visando à elaboração das minutas dos atos constitutivos
da PREVBAHIA e adotar todas as providências necessárias ao seu efetivo funcionamento.
O Estatuto da PREVBAHIA foi aprovado, em outubro de 2015, pela Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), que é uma entidade governamental
autônoma constituída sob a forma de autarquia especial vinculada ao Ministério da
Previdência Social e seu regulamento ainda está em análise.

A contribuição normal do patrocinador para o plano de benefícios não poderá exceder a


contribuição individual dos participantes, ficando limitada ao percentual máximo de 8,5%,
conforme previsto no art. 26 da Lei Estadual n° 13.222/2015.

Já em 12/05/2015, foi aprovada a Lei Estadual n° 13.346, autorizando, excepcionalmente,


no exercício de 2011 e até o final do exercício de 2018, que os recursos creditados e
acumulados na conta capitalizada, Receita de Capitalização para o Plano de Previdência
Social do Servidor, desde a sua abertura, poderão ser utilizados para a finalidade exclusiva
de pagamento de benefícios previdenciários a cargo do FUNPREV, independentemente de
autorização do CONPREV. Em 2015 foram utilizados recursos no montante de
R$243.598.854,26, acumulando o total de R$1.155.717.769,78, restando saldo na citada
conta de R$2.249,22.

228 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Em 10/07/2015, foi publicada a Lei Complementar n° 42, que dispõe sobre a utilização de
parcela de depósitos judiciais e extrajudiciais para pagamento de precatórios e de
requisições judiciais de pequeno valor e para capitalização do Fundo Financeiro da
Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV).

Posteriormente, foi editado o Decreto Estadual n.o 16.405, de 11/11/2015, dispondo sobre a
execução da referida lei complementar. O art. 1º dispõe que os depósitos judiciais e
extrajudiciais em dinheiro, existentes no Banco do Brasil, na data da publicação da Lei
Complementar n.o 42, de 09/07/2015, bem como os respectivos acessórios, e os depósitos
efetuados, poderão ser transferidos, até a proporção total de 50% de seu valor atualizado,
para os fins abaixo elencados, nas seguintes proporções: I – até o limite de 25% para conta
vinculada destinada ao pagamento de precatórios e de requisições judiciais de pequeno
valor, observada a ordem prevista na Constituição Federal; II – até o limite de 25%
exclusivamente para capitalização, pelo Estado, do FUNPREV – Fundo Financeiro da
Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia.

Entretanto, o STF, por maioria, e nos termos do voto do Relator, referendou a concessão da
medida liminar pleiteada na Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIn 5.409, com eficácia
ex tunc, para fins de suspender os processos que versem sobre a aplicação e/ou a
constitucionalidade da Lei Complementar n.º 42/2015.

Cabe destacar a publicação da Lei Estadual n.° 13.447, de 07/10/2015, alterando


dispositivos da Lei n.º 11.357, de 06/01/2009, que organiza o Regime Próprio de Previdência
dos Servidores Públicos do Estado da Bahia, modificando regras para a concessão do
benefício de pensão.

2.4.5.8.1.1 Situação patrimonial dos fundos previdenciários dos servidores

A variação da composição patrimonial do FUNPREV está demonstrada na tabela a seguir:

Tabela 131 – SITUAÇÃO PATRIMONIAL DO FUNPREV


Em R$
VALOR
DESCRIÇÃO VARIAÇÃO
31/12/2015 31/12/2014
(%)
Ativo 86.249.993,70 62.982.825,35 36,94
Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata 40.572.795,21 50.090.641,35 (19,00)
Créditos a Curto prazo 30.832.134,22 – –
Créditos Imobiliários a Receber a Longo Prazo 14.845.064,27 14.791.484,00 0,36
Bens Imóveis Alienados a Desincorporar – (1.899.300,00) –
Passivo (166.054.624.497,80) (138.687.712.941,94) 19,73
Obrigações a Pagar a Curto Prazo (63.521.166,05) (49.217.531,65) 29,06
Provisões Matemáticas Previdenciárias a Longo Prazo (165.991.103.331,75) (138.638.495.410,29) 19,73
1
SALDO PATRIMONIAL (165.968.374.504,10) (138.624.730.116,59) 19,72
Fonte: FIPLAN.
1
Verificou-se uma diferença de R$59,99 entre o saldo patrimonial e o valor de R$165.968.374.564,09 constante na avaliação
atuarial, divergência considerada irrelevante, considerando a representatividade dos valores envolvidos.

No pertinente ao BAPREV, em 2015, o fundo apresentou um ativo real líquido no valor de


R$602.538.445,95, conforme composição demonstrada na tabela a seguir:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 229


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Tabela 122 – SITUAÇÃO PATRIMONIAL DO BAPREV


Em R$
VALOR
DESCRIÇÃO
31/12/2015 31/12/2014 VARIAÇÃO (%)
Ativo 1.406.541.992,35 989.446.762,38 42,15
Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata 1.400.863.431,01 989.446.762,38 41,58
Créditos a Curto prazo 5.678.561,34 – –
Passivo (804.003.547,40) (536.512.961,54) 49,86
Obrigações a Pagar a Curto Prazo (35.695,38) (6.588,20) 441,81
Provisões Matemáticas Previdenciárias a Longo Prazo (803.967.852,02) (536.506.373,34) 49,85
SALDO PATRIMONIAL 602.538.444,95 452.933.800,84 33,03
Fonte: FIPLAN.

2.4.5.8.1.2 Receitas e despesas relacionadas com fundos previdenciários dos


servidores

No exercício de 2015, a arrecadação do FUNPREV e do BAPREV alcançou o montante de


R$4.240.079.950,14, conforme composição demonstrada na tabela a seguir:

Tabela 133 – RECEITAS DO FUNPREV E BAPREV


Em R$
RECEITAS FUNPREV BAPREV TOTAL %
Contribuições 3.462.299.192,04 273.117.062,27 3.735.416.254,31 88,11
Da Administração 2.062.272.698,01 151.692.952,89 2.213.965.650,90 52,22
Dos Segurados 1.200.860.282,22 121.424.109,38 1.322.284.391,60 31,19
Compensação Financeira 199.166.211,81 – 199.166.211,81 4,70
Patrimonial 8.718.691,39 140.712.104,45 149.430.795,84 3,52
Transferências Correntes 195.209.272,08 – 195.209.272,08 4,60
Outras Receitas Correntes 302.321.835,96 – 302.321.835,96 7,13
Deduções de Receita (142.286.970,16) (11.237,89) (142.298.208,05) (3,36)
TOTAL 3.826.262.021,31 413.817.928,83 4.240.079.950,14 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

De acordo com a tabela anterior, as duas maiores receitas do FUNPREV e do BAPREV


foram provenientes das Contribuições da Administração e dos Segurados, correspondendo
a 52,22% e 31,19%, respectivamente, do total arrecadado. A Receita Patrimonial decorreu,
em sua totalidade, dos rendimentos de aplicações financeiras.

Cabe destacar que na rubrica “Outras Receitas Correntes” foi contabilizado o valor de
R$300.000.000,00 proveniente da Cessão de Direito de Operacionalização da Folha de
Pagamento decorrente do Contrato n.o 01/2014 de prestação de serviços financeiros e
outras avenças, entre o Banco do Brasil e o Estado da Bahia, conforme abordado no item
2.4.2.2 Receita contabilizada no Funprev.

A totalidade das despesas liquidadas pelo FUNPREV refere-se a pagamento de benefícios


previdenciários, na forma a seguir descrita:

Tabela 134 – DESPESAS DO FUNPREV


Em R$
DESPESAS VALOR %
Aposentadorias e Reformas 4.863.374.421,95 85,91
Pensões 796.227.507,67 14,07
Despesas de Exercícios Anteriores 845.995,83 0,01
Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou do Militar 698.589,94 0,01
TOTAL 5.661.146.515,39 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

Em relação às despesas do BAPREV, a composição está detalhada na tabela a seguir:

230 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Tabela 135 – DESPESAS DO BAPREV


Em R$
DESPESAS VALOR %
Pensões 1.092.930,11 52,43
Aposentadorias e Reformas 972.289,23 46,64
Despesas de Exercícios Anteriores 17.477,91 0,84
Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou do Militar 1.958,19 0,09
TOTAL 2.084.655,44 100,00
Fonte: FIPLAN Gerencial.

A tabela a seguir demonstra o comportamento anual do resultado previdenciário nos


exercícios de 2011 a 2015. Verifica-se que as receitas ao longo dos últimos cinco exercícios
foram insuficientes para cobrir as despesas, gerando um déficit que tem sido coberto por
aportes de recursos efetuados pelo Tesouro. O comportamento do déficit, ao longo dos
exercícios, foi crescente, à exceção de 2014, o que se deveu à utilização de outras fontes
de receitas ingressas no FUNPREV, como as dos royalties e da alienação de bens.

Tabela 136 – RESULTADO PREVIDENCIÁRIO X RCL X APORTE


Em R$
DISCRIMINAÇÃO 2011 2012 2013 2014 2015
Receitas Previdenciárias 2.488.687.646,56 2.838.469.250,91 3.363.726.557,59 4.203.331.401,59 4.240.079.950,14
Despesas Previdenciárias 3.293.199.193,81 3.906.160.758,65 4.654.719.195,81 4.973.339.753,29 5.663.231.170,83
Resultado Previdenciário (804.511.547,25) (1.067.691.507,74) (1.290.992.638,22) (770.008.351,70) (1.423.151.220,69)
Aporte Financeiro 1.088.848.665,07 1.332.005.212,45 1.175.774.191,92 997.991.639,68 1.842.737.716,66
Receita Corrente Líquida (RCL)1 19.226.970.363,70 21.624.180.849,01 23.080.634.286,15 25.870.525.219,40 27.207.610.584,58
% RCL / Aporte 5,66 6,16 5,09 3,86 6,77
Fontes: FIPLAN Gerencial e Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Demonstrativo das Receitas e Despesas
Previdenciárias do Regime Próprio dos Servidores Públicos.
(1)
Relativo ao período de 01/01 a 31/12 de cada exercício.

Ademais, da análise da tabela, verifica-se um importante comprometimento da Receita


Corrente Líquida (RCL) com o aporte de recursos para cobertura do desequilíbrio financeiro,
tendo como consequência a redução dos recursos disponíveis para o custeio ou
investimento em outras áreas de atuação da Administração Pública.

2.4.5.8.2 Provisão para indenizações – Contingências

Conforme balancete extraído do FIPLAN, em relação às obrigações dessa natureza,


verifica-se o saldo de R$58.501 mil, sendo R$56.714 mil, relacionado com riscos
trabalhistas – Precatórios, R$1.741 mil, com riscos relativos a Precatórios Patrimoniais e
R$46 mil, para fazer face aos riscos com demandas cíveis.

Não obstante os valores contabilizados como provisões para indenizações pelo Estado,
constata-se que não foram incorporadas às DCCEs de 2015, informações e provisões sobre
as contingências contidas nas Demonstrações Contábeis das empresas estatais
dependentes, como a EBDA e a BAHIATURSA, nem o impacto financeiro decorrente das
determinações contidas na Lei Estadual n.º 13.204/2014, acerca da alienação de parte dos
ativos da EBAL e da extinção das autarquias DERBA e SUCAB. Registre-se que essas
mudanças na estrutura governamental requerem o levantamento e a avaliação para a
necessária evidenciação em notas explicativas ou provisionamento contábil sobre potenciais
contingências vinculadas.

Sobre as contingências das estatais dependentes, a SEFAZ, mediante Ofício DEPAT n.º
492/2015, informou que compete a cada órgão ou entidade efetuar os registros contábeis
dos atos e fatos que ocorreram sob a sua gestão, cabendo à Diretoria da Contabilidade
Pública (DICOP) a consolidação das informações por intermédio do FIPLAN,
complementando que, foram emitidos os Ofícios n.ºs 81/2015 (EBDA) e 82/2015
(BAHIATURSA), chamando a atenção para a obrigatoriedade de cada entidade fazer com
que os fatos contábeis estejam registrados tanto na Contabilidade Privada quanto na
Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 231


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Quanto ao impacto financeiro decorrente das determinações contidas na Lei Estadual n.º
13.204/2014, acerca da alienação de parte dos ativos da EBAL e da extinção das autarquias
DERBA e SUCAB, a SEFAZ informou que foi solicitado, mediante Ofício n.º 120/2015, o
parecer da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), da SEPLAN,
tendo em vista a natureza da análise/estudo pedido. Consoante informação da SEFAZ,
contida no Ofício DEPAT n.º 168/2016, de 09/04/2016, a SEI ainda não tinha se
manifestado.

Também chama atenção o tratamento contábil das dívidas da Companhia de


Desenvolvimento do Vale do Paraguaçu (DESENVALE), que não foram plenamente
incorporadas ao Passivo do Estado, quando da extinção desta Companhia. Nas
Demonstrações Contábeis da DESENVALE, já em 1998, o valor das dívidas com
empreiteiras era de R$363.791 mil, entretanto, nas DCCEs de 2015, em relação a essa
obrigação, foi contabilizado, no Passivo Não Circulante, o valor de R$4.363 mil (conta
2.2.8.9.1.99.01).

Consoante informação da SEFAZ, contida no Ofício DEPAT n.º 168/2016, de 08/04/2016,


para a contabilização do passivo da DESENVALE, faz-se necessário o pronunciamento da
PGE quanto à possibilidade de perda do Estado nestas demandas judiciais e a estimativa
confiável do montante da obrigação, no entanto, a PGE não tinha se manifestado sobre o
assunto até aquele momento.

Além dos casos específicos anteriormente citados, existem contingências provenientes de


ações ajuizadas onde o Judiciário, em vários processos de objeto semelhante, já decidiu em
desfavor do Estado, existindo, entretanto, outros ainda pendentes de decisão final, embora
de natureza semelhante, como os processos relativos à reposição pelas perdas econômicas
geradas pela aplicação da Unidade Real de Valor (URV), em relação a diversas categorias
de servidores estaduais, ou seja, que a probabilidade de perda financeira para o Estado é
bastante provável.

A falta de registros tempestivos e consistentes das provisões em sucessivos exercícios,


prejudica a evidenciação das contas públicas estaduais e afronta o princípio contábil da
oportunidade, que exige a tempestividade e a integridade do registro do patrimônio e das
suas mutações, mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência,
devendo ser feito de imediato e na extensão correta, como disposto na Resolução do CFC
n.º 1.111, de 29/11/2007:

O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à


fidedignidade dos processos de reconhecimento, mensuração e
evidenciação da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam ou
possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as Normas
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.

Nesse sentido, o MCASP, 6ª edição, Parte II, item 9, conceitua e orienta, sobre o assunto,
nos seguintes termos:

Provisões são obrigações presentes, derivadas de eventos passados, cujos


pagamentos se esperam que resultem para a entidade saídas de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços, e que
possuem prazo ou valor incerto.

O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) elenca alguns tipos


de provisões, por exemplo:

232 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

a. Provisões para riscos trabalhistas – compreende os passivos de prazo ou


de valor incertos, relacionados a pagamento de reclamações trabalhistas;

b. Provisões para riscos fiscais – compreende os passivos de prazo ou de


valor incertos, relacionados ao pagamento de autuações fiscais;

c. Provisões para riscos cíveis – compreende os passivos de prazo ou de


valor incertos, relacionados a pagamento de indenizações a fornecedores e
clientes;

d. Provisões para repartição de créditos tributários – compreende os


passivos de prazo ou de valores incertos relacionados aos créditos
tributários reconhecidos no lançamento por parte do agente arrecadador, a
serem repartidos com outros entes da federação. Na arrecadação, esta
provisão será revertida em conta específica de passivo; e

e. Provisões para riscos decorrentes de contratos de Parcerias Público-


Privadas (PPP) – compreende os passivos de prazo ou de valores incertos
relacionados aos riscos de demanda, construção, disponibilidade ou outros
riscos decorrentes de contratos de PPP.

[...]

Para cada classe de passivo contingente, a entidade deve evidenciar nas


demonstrações contábeis a descrição da natureza do passivo contingente,
por meio de notas explicativas.

Adicionalmente, recomenda-se que seja evidenciado: a. a estimativa de seu


efeito financeiro; b. a indicação das incertezas em relação à quantia ou
periodicidade da saída; e c. a possibilidade de algum reembolso.

Cabe alertar que a STN, através da Portaria n.º 548/2015, facultou aos Estados a
implementação, a partir do exercício de 2019, dos procedimentos contábeis relacionados
com a “Evidenciação de ativos e passivos contingentes em contas de controle e em notas
explicativas”. Contudo, a ausência de informações sobre as contingências passivas dificulta,
significativamente, a análise da situação patrimonial do Estado, repercutindo, por
consequência, na adequada avaliação da gestão e a accountability das contas públicas.

Além dos normativos contábeis citados, o Código de Boas Práticas para a Transparência
Fiscal, editado em 2007, pelo FMI, enumera alguns princípios de governança,
recomendando aos governos, dentre outras práticas, a divulgação dos passivos
contingentes, sendo descritos conceitos e critérios de registro e divulgação pelos governos
dos passivos significativos, além da dívida pública, os quais possam ter implicações
importantes para a sustentabilidade fiscal.

O Relatório de Acompanhamento do Plano de Ação para atendimento das recomendações


constantes do Relatório das Contas de Governador do exercício de 2014, encaminhado pela
SEFAZ, informa que a PGE tem tomado medidas para o avanço na implementação de
procedimentos contábeis e administrativos capazes de apurar, com maior transparência e
fidedignidade, a probabilidade de sucesso nas demandas em que o Estado é parte,
avaliando, assim, possíveis perdas, fornecendo subsídios para a avaliação quanto ao
tratamento contábil das contingências, bem como apurando os riscos e a relevância dos
desembolsos futuros.

Ademais, por meio do Ofício n.º 06/2016, de 29/03/2016, este TCE solicitou à PGE a
apresentação de relatórios e/ou demonstrativos, sob a sua orientação, supervisão e
acompanhamento, inerentes a:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 233


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• processos relacionados com as contingências de natureza civil, pendentes de


decisão judicial, indicando, sempre que possível, a perspectiva de sucesso e o
montante aproximado das possíveis perdas relacionadas a cada processo;

• outras informações/relatórios gerenciais, relativos ao exercício de 2015, inerentes à


situação dos processos judiciais sob a responsabilidade da Procuradoria Geral do
Estado e suas representações.

Até o final dos trabalhos não houve resposta à solicitação da auditoria.

Nesse sentido, recomenda-se a conclusão dos procedimentos para levantamento das


contingências que possam afetar o Patrimônio do Estado da Bahia, objetivando estimar o
montante dos riscos de perdas relacionados com cada demanda, a fim de avaliar aquelas
que devem ser objeto de contabilização das respectivas provisões, bem como as que
requerem apenas a divulgação de informações relevantes para uma adequada
accountability das contas públicas.

2.4.5.9 Patrimônio Líquido

O Patrimônio Líquido apresentado no Balanço Consolidado do Estado, em 31/12/2015 e


31/12/2014, pode ser resumido conforme tabela a seguir:

Tabela 137 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO – COMPOSIÇÃO DO SALDO


Em R$
PODER EXECUTIVO CONSOLIDADO CONSOLIDADO
DESCRIÇÃO
2015 2015 2014
Patrimônio Social 703.637.411 703.637.411 703.637.411
Reserva de Lucros 472.557.751 472.557.751 472.557.751
Resultados Acumulados (165.619.920.389) (164.858.228.055) (133.952.063.694)
Ajustes de Exercícios Anteriores (938.406.268) (965.079.396) (1.044.185.455)
Prejuízos Acumulados de
Exercícios Anteriores (134.147.887.511) (133.418.864.309) (116.496.286.389)
Resultado do Exercício (30.533.626.610) (30.474.284.350) (16.411.591.850)
TOTAL (164.443.725.227) (163.682.032.893) (132.775.868.532)
Fonte: Demonstrações Contábeis Consolidadas – FIPLAN.

• Patrimônio Social e Reserva de Lucros

Da análise dos saldos apresentados nas contas de Patrimônio Social e Reserva de Lucros,
verifica-se que correspondem apenas aos saldos representativos do FUNDESE.

Ocorre que o patrimônio do FUNDESE é composto pelos aportes de capital decorrentes,


basicamente, de recursos oriundos dos resultados econômicos apurados em exercícios
anteriores e da transferência de recursos do Estado captados por meio de financiamentos
específicos. Registre-se, por exemplo, que os recursos da linha de crédito Pró-Arenas, do
BNDES foi vertido integralmente para compor o patrimônio do FUNDESE.

Portanto, o tratamento contábil do registro desse patrimônio, como dos demais fundos do
Estado, seria mais apropriado como Reservas. Nesse sentido, faz-se oportuno recomendar
que, para cada Fundo, seja apresentada, em nota explicativa, a posição ao final do exercício
de demonstração resumida da sua composição, detalhando-se, por natureza, suas origens,
aplicações e disponibilidades, de forma a melhorar a evidenciação quanto ao perfil dos
ativos e passivos vinculados a cada fundo.

• Outras Reservas

No Patrimônio Líquido Consolidado, também não foram refletidas adequadamente outras


Reservas como, por exemplo, aquelas decorrentes da reavaliação em estatais dependentes.

234 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

Registre-se que este tipo de reserva consta nas Mutações do Patrimônio Líquido da
DESENBAHIA e da EMBASA. Portanto, deveriam ser destacados no Balanço Consolidado.

No item 2.4.5.4.2 Bens Imóveis deste Relatório, são apresentados comentários acerca de
reavaliações promovidas em imóveis registrados na SAEB, consignados nos demonstrativos
operacionais, porém sem correspondência no sistema contábil, em subconta específica, que
apresente, de forma destacada, o montante financeiro de tais eventos.

O Plano de Contas do MCASP prevê que os eventos dessa natureza sejam registrados na
conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial, cuja função é a seguinte:

Compreende as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor


atribuídos a elementos do ativo e do passivo em decorrência da sua
avaliação a valor justo, nos casos previstos pela lei 6.404/76 ou em normas
expedidas pela comissão de valores mobiliários, enquanto não computadas
no resultado do exercício em obediência ao regime de competência.

2.4.5.9.1 Resultados Acumulados

Constam informações da execução de Despesas de Exercício Anteriores, no montante de


R$1.678 milhões, fls. 72 das DCCEs, entretanto, o saldo da conta Ajustes de Exercícios
Anteriores, foi reduzido em R$ 79 milhões e não há notas explicativas que evidenciem a
evolução contábil desta conta, no exercício de 2015.

Na 6ª edição do MCASP, letra d do item 8.2, consta orientação, objetivando “facilitar a


compreensão e comparação” das demonstrações, sobre a inclusão de comentários em Nota
Explicativa de quaisquer informações de natureza relevante, incluindo as relacionadas com
ajustes e decorrentes de omissões e erros de registro. Nesse sentido, faz-se necessária a
indicação, de forma sintética, de detalhes dos ajustes promovidos, demonstrando-se quais
contas do ativo e do passivo foram impactadas com a retificação, bem como a natureza do
evento que influenciou no registro e os valores representativos.

• Efeito das constatações deste Relatório no Resultado Acumulado

As diferenças e inconsistências nos saldos das contas de ativo e passivo, objeto de


comentários neste relatório, acarretariam no incremento do prejuízo do exercício de 2015.
Entretanto, não foi possível segregar, em cada item, o efeito financeiro imputável
exclusivamente ao exercício de 2015.

2.4.5.9.2 Resultado do Exercício – Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP)

A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) Consolidadas do Estado, referente ao


exercício de 2015 (fls. 95/102 e 613/617 das DCCEs), apurou um déficit de R$30,4 bilhões,
o qual, quando comparado ao de 2014 (R$16,6 bilhões), evidencia um incremento de
R$13,8 bilhões, equivalente a 83,13%.

Neste exercício, foi apresentado, junto com a DVP, um conjunto de tabelas ilustrativas
indicando, de forma resumida, o impacto das receitas e despesas orçamentárias no
resultado patrimonial, bem como o tópico sobre “Índices da Gestão Patrimonial”. Contudo,
essas informações são insuficientes para a adequada interpretação do resultado econômico
traduzido pela DVP, elemento importante para a avaliação da razoabilidade dos números,
bem como para a transparência da gestão do patrimônio público.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 235


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Cabe registrar que, na introdução das DCCEs, foi afirmado pela SEFAZ que o conjunto de
demonstrativos e informações se consubstanciavam em “uma análise mais detalhada das
informações contábeis e fiscais, buscando o uso de uma linguagem de fácil
entendimento a todo cidadão dos vários segmentos da sociedade”.

Entretanto, a ausência de determinadas informações e dados analíticos nas DCCEs, assim


como de comentários e análises quanto aos fatores que influenciaram na variação nas
principais contas, limita a adequada interpretação das Demonstrações, e,
consequentemente, a efetividade da accountability (dever de prestar contas).

Saliente-se que tal procedimento está previsto na Lei Federal n.º 4.320/1964 (art. 85), que
prevê a necessidade de “interpretação dos resultados econômicos e financeiros”, pois a
indicação, de forma estruturada, dos fatores que influenciaram as principais variações, seja
de receitas ou de despesas, contribuiriam para a avaliação quanto à razoabilidade do
montante e natureza dos eventos que influenciaram na sua evolução, permitindo, por
conseguinte, avaliar se foram decorrentes de ações da gestão ou derivados de fatores
externos, além de outras inferências.

Como exemplo, pode ser citada a ausência de comentários sobre a influência, na DVP, das
informações apresentadas no capítulo introdutório das DCCEs, denominado “Análise da
economia baiana no contexto da economia brasileira em 2015”, dentre as quais destacam-
se:

• inflação crescente (IPCA 10,67%), bem como a taxa de juros, que evoluem de
11,75% no início do ano, para 14,25% ao final, o valor do dólar de R$2,55 para
R$3,90;

• Produto Interno Bruto (PIB) baiano com retração em 1,9%, influenciado pela queda
do comércio de 9,4%, compensado, em parte, pela elevação nos seguimentos de
“água, energia elétrica, gás e esgoto, com taxa positiva de 3,2%”.

A área técnica deste TCE promoveu análises nas variações apenas no principal grupo de
receita e de despesa da DVP, tendo identificado aspectos relevantes que são apresentados
no tópico a seguir.

• Variações Aumentativas (receitas) de Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria

Da comparação dos saldos da DVP de 2015 com o exercício anterior, verificou-se um


incremento das receitas deste grupo de contas no percentual de 10,36%, resumido na
tabela a seguir:

Tabela 138 – EVOLUÇÃO DAS RECEITAS DE IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES


DE MELHORIA
Em R$1,00
RECEITA 2015 2014 VARIAÇÃO (%)
ICMS 17.024.274.493 16.089.800.158 5,81
IR (repasse automático) 2.045.649.353 1.117.801.453 83,01
IPVA 1.003.526.835 1.047.110.264 (4,16)
ITCM 108.308.043 79.969.306 35,44
TAXAS 969.138.226 866.228.857 11,88
(-) Contas redutoras (136.123.601) (160.028.207) (14,94)
TOTAL 21.014.773.349 19.040.881.830 10,36
Fonte: FIPLAN.

Na análise da evolução destas receitas, em relação ao desempenho do exercício anterior,


verificou-se os seguintes aspectos dignos de menção:

236 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

• Receita do ICMS
No demonstrativo da arrecadação do ICMS por segmento econômico (fls. 10 das DCCEs),
percebe-se a influência dos aumentos de preço (inflação) na arrecadação dos segmentos
relacionados com os produtos e serviços (petróleo, serviços de telefonia e de fornecimento
de água e energia), principalmente pelo fato de serem controlados/reajustados pelo
governo, bem como a redução da atividade comercial.

Tabela 139 – EVOLUÇÃO DAS RECEITAS DE ICMS NOS PRINCIPAIS SEGMENTOS


ECONÔMICOS
R$ milhões
SEGMENTO 2015 2014 VARIAÇÃO (%)
Petróleo* 4.537,6 4.246,6 6,85
Serviços de Utilidade Pública 3.276,9 2.890,5 13,37
Comércio Varejista 3.694,1 3.767,3 (1,94)
Comércio Atacadista 2.410,9 2.426,0 (0,62)
Bebidas 1.034,0 1.014,3 1,94
Fonte: DCCEs 2014 e 2015
* Cabe salientar que o aumento da receita do ICMS, neste segmento, pode ter sido influenciado, também, pela alteração no Lei
Tributária Estadual n.º 7.014, de 04/12/1996, efetivado pela Lei Estadual n.º 13.207, de 22/12/2014, cujos efeitos vigoraram a
partir de abril de 2015, que acrescentou o inciso VI ao caput do art. 16, alterando a alíquota nas operações com gasolina para
28%.

• Receita do repasse automático do Imposto de Renda Retido na Fonte

O incremento de 83% nesta receita, conforme comentário às fls. 62 das DCCEs, decorre do
fato “de receitas do FUNPREV ocorridas em 2013 e 2014, que não haviam sido apropriadas”
terem sido contabilizadas em 2015. Cabe registrar que, no sistema contábil Patrimonial, este
tipo de evento deveria ser registrado como Ajuste de Exercícios Anteriores, portanto não
deveria impactar o Resultado do Exercício de 2015.

• Demais receitas

Quanto à arrecadação das demais receitas, apesar da ausência de comentários objetivos


sobre os fatores que influenciaram as variações, foi identificado o que se segue:

• IPVA – constam comentários nas DCCEs (fl.15) no tópico “Novas regras de


isenção de IPVA portadores de deficiência”, informações sobre a isenção deste
tributo para cerca de 5 mil contribuintes, contudo não foi quantificado o impacto
financeiro decorrente da implementação das novas regras tributárias citadas;

• Taxas – verificou-se, na Taxa de Poder de Polícia de Segurança de Trânsito, um


aumento de 24%, em relação ao exercício anterior.

• Variações Diminutivas (despesas) de Pessoal e Encargos


Na DVP de 2015, comparada com a do exercício anterior, verificou-se um incremento das
despesas deste grupo de contas da ordem de 21,65%, conforme demonstrado na tabela a
seguir:
Tabela 140 – EVOLUÇÃO DAS DESPESAS DE PESSOAL E ENCARGOS
R$1,00
SEGMENTO 2015 2014 VARIAÇÃO (%)
Remuneração a Pessoal Ativo Civil 10.605.019.449 8.477.083.510 25,10
Remuneração a Pessoal Ativo Militar 2.230.527.300 1.892.030.065 17,89
Encargos Patronais 2.431.302.771 2.220.849.902 9,48
Benefícios a Pessoal 396.982.891 391.749.961 1,34
Indenizações e Restituições Trabalhistas 150.843.290 12.559.693 1101,01
Outras Rubricas 33.820.590 33.299.113 1,57
TOTAL 15.848.496.291 13.027.572.243 21,65
Fonte: FIPLAN.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 237


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Da análise quanto à evolução destas despesas, em relação à performance do exercício


anterior, verificou-se os seguintes aspectos dignos de menção:

• Remuneração a Pessoal Ativo Civil

O aumento de 25,10% foi influenciado pelo registro indevido nesta rubrica de Precatórios
Patrimoniais no montante estimado de R$1.357 milhões na Unidade Orçamentária Encargos
Gerais, quando o mais apropriado seria no grupo de Outras Variações Patrimoniais
Aumentativas (VPA). Sobre este procedimento, a DICOP/SEFAZ, através do Ofício DICOP
n.º 18/2016, informou que retificará a “OT 52/2015”. Portanto, a regularização do
procedimento está prevista para a partir de 2016.

Expurgando-se o efeito deste lançamento, apura-se um incremento de 9,0% ainda superior


ao reajuste salarial concedido linearmente a maior parte dos servidores, no percentual de
6,4%, de forma escalonada, parte em abril e o restante em novembro. Consequentemente,
não sendo o único fator que influenciou para o incremento percentual, verificado no ano,
neste tipo de despesa.

Cabe consignar que tais despesas também sofrem influência do aumento nos vencimentos,
seja por força de leis de reestruturação de carreiras, das gratificações ou de outros tipos de
proventos, assim como do contingente de servidores, sejam comissionados ou efetivos,
informações estas que não foram objeto de comentários nas DCCEs, no que tange aos seus
impactos no referido grupo de despesas.

Em pesquisa realizada através de relatórios do FIPLAN, nas subcontas com maiores


variações, verificou-se os seguintes aspectos relevantes, que corroboram a necessidade de
análise e interpretação dos fatores que efetivamente influenciaram na evolução dos saldos
das contas:

Tabela 141 – DESPESAS DE PESSOAL E ENCARGOS – VARIAÇÃO DAS PRINCIPAIS


SUBCONTAS
R$ mil
VARIAÇÃO ASPECTOS VERIFICADOS EM PESQUISA
CODIGO DESCRIÇÃO 2015 2014
(%) DOS SALDOS CONTÁBEIS
Acréscimo de R$299 milhões na Unidade
311111101 Vencimento Servidor Civil 8.525.988 7.810.912 9,15
Orçamentária da Secretaria de Educação
Aumentos superiores a 50% nas Unidades
311211101 Remuneração Pessoal Contratado 349.980 300.398 16,51 Orçamentárias: APGs da SEAP e da SAEB e
UNEB.
Salário do Servidor em Regime da Constam lançamentos apenas das empresas
311111129 73.066 55.259 32,22
CLT CERB e CBPM
Registros efetuados apenas nas unidades TCM
311111602 Auxílio Moradia 27.701 8.406 229,54
e MP
Fonte: FIPLAN 215A.

• Remuneração a Pessoal Ativo Militar

O aumento de 17,89%, significativamente superior ao reajuste linear concedido em 2015


aos servidores, foi influenciado substancialmente pelos efeitos financeiros decorrentes da
Lei Estadual n.º 12.566, de 08/03/2012, que definiu o pagamento, a partir de novembro de
2014, de “antecipação relativa ao processo revisional para a referência V da Gratificação
Policial Militar”, além de sua incorporação efetiva em abril de 2015. Entretanto, nas DCCEs
não constam informações quanto aos fatores que influenciaram no incremento em 2015 em
despesas de tal natureza.

238 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

• Demais despesas

Quanto às variações nas demais despesas, apesar da ausência de comentários sobre os


fatores que as influenciaram, foram observados, pela auditoria, os seguintes aspectos:

• Encargos Patronais – a evolução de 9,48%, encontra-se em linha com as despesas


relativas aos subgrupos de Remuneração, que em 2015 correspondeu ao percentual
de 10,69%;

• Indenizações e Restituições Trabalhistas – a unidade orçamentária de maior volume


de registros foi a 10401 EBDA (R$118,4 milhões), empresa extinta por força da Lei
Estadual n.º 13.204/2014.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 239


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

240 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia – Exame das Contas do Poder Executivo

2.5 Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 241


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

242 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.5 AUDITORIAS E INSPEÇÕES REALIZADAS EM 2015


Foram realizadas as seguintes auditorias durante o exercício 2015, discriminadas no quadro
a seguir:

Quadro 16 – AUDITORIAS E INSPEÇÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO –


01. JAN. 2015 A 12.MAI. 2016

NÚMERO DO
ÓRGÃO/OBJETO DE AUDITORIA OU INSPEÇÃO
PROCESSO
TCE/001548/2015 Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR)
TCE/001655/2015 Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES)
TCE/001781/2015 Fundação Cultural do Estado da Bahia / SECULT
TCE/001784/2015 Instituto de Artesanato Visconde de Mauá / SETRE
TCE/001946/2015 Secretaria Estadual para Assuntos da COPA do Mundo da FIFA Brasil 2014 (SECOPA)
TCE/004181/2015 Secretaria do Meio Ambiente (SEMA)
TCE/004345/2015 Empresa Baiana de Alimentos S.A (EBAL) / SICM
TCE/004426/2015 Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) / SEDUR
TCE/004942/2015 Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES)
TCE/005010/2015 Diretoria-Geral / SESAB
TCE/005118/2015 Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) / SEDUR
TCE/005120/2015 Secretaria de Ciência,Tecnologia e Inovação (SECTI)
TCE/006627/2015 Diretoria-Geral / SECTI
TCE/007741/2015 Secretaria do Planejamento (SEPLAN)
Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e
TCE/007771/2015
Comunicações da Bahia (AGERBA) / SEINFRA
TCE/008645/2015 Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE)
TCE/008840/2015 Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) / SICM
TCE/009110/2015 Secretaria da Administração do Estado da Bahia (SAEB)
TCE/009393/2015 Secretaria do Planejamento (SEPLAN)
Superintendência de Atenção Integral à Saúde (SAIS), Diretoria-Geral, Hospital Regional
TCE/009469/2015
Clériston Andrade, Hospital Geral de Camaçari / SESAB
TCE/010903/2015 Secretaria da Fazenda (SEFAZ)
TCE/011107/2015 Diretoria-Geral (SEAP)
TCE/011169/2015 Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) / SETRE
TCE/011197/2015 Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (SUDIC) / SICM
TCE/011407/2015 Secretaria da Fazenda (SEFAZ)
TCE/013091/2014 Secretaria de Governo do Estado da Bahia
Fonte: Sistema de Gerenciamento de Processos Documentos (PROInfo).

São apresentados, a seguir, os principais resultados dos exames auditoriais, selecionados


com base na relevância do objeto das auditorias realizadas no exercício.

2.5.1 AUDITORIA OPERACIONAL DE CUMPRIMENTO DA LEI DE ACESSO À


INFORMAÇÃO (TCE/013091/2014)

Os trabalhos auditoriais realizados abrangeram o período de julho de 2013 a junho 2015 e


tiveram como objetivo avaliar o cumprimento das leis que regulamentam o acesso à
informação por parte do poder Executivo Estadual, com relação a: criação de Serviço de
Informações ao Cidadão (SIC); publicação de informações na Internet; proteção e controle
de informações sigilosas 17 e política de gestão da informação.

17
A informação sigilosa é aquela cuja restrição de acesso ocorre em virtude de sua classificação ou por hipótese legal de
sigilo (artigo 22 da Lei 12.527, de novembro de 2011).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 243


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Ao final dos trabalhos, o Exmo. Sr. Governador do Estado da Bahia foi notificado, através do
Ofício n.º 001658/2015/TCE/GAPRE/SEG, sobre as irregularidades identificadas que
seguem:

• Quanto à Política de Gestão da Informação:

a) Ausência de regulamentação para o funcionamento do Comitê Gestor de Acesso à


Informação (GGAI) 18;

O Governo Estadual não publicou o decreto que regulamentará o dispositivo legal do CGAI,
fato que pode ser verificado através das declarações prestadas pela Casa Civil e pela
Ouvidoria Geral do Estado, que informaram que a minuta do decreto ainda está em fase de
elaboração. Em defesa, a Administração apenas informou ter definido prazo para a
regulamentação do referido comitê.

b) Inexistência de órgão(s) formalmente designado(s) para atuar na coordenação da


Lei Estadual de Acesso à Informação 19;

A Ouvidoria Geral do Estado (OGE) alegou que não houve esta designação até o momento.
Ressalte-se, ainda, que esta constatação foi comunicada à SECOM, para a qual não houve
contestação por parte do órgão. O gestor limitou-se a informar que já existe um prazo
estabelecido para a designação do órgão.

c) Designação por ato formal de agentes de monitoramento em apenas 35,82% das


unidades auditadas 20;

Por meio dos exames auditoriais, constatou-se que apenas 24 (35,82%) dos 67 órgãos e
entidades do Executivo Estadual apontaram a existência de agente de monitoramento da
LAI designado por ato formal. Vale ressaltar que parte das designações só ocorreu após o
encaminhamento do Ofício Circular n° 0009/2015, emitido pela SECOM no decurso da
auditoria, fora do prazo de 30 dias da entrada em vigor da Lei n.º 12.618/2012.

Quanto ao ponto em questão, o gestor declarou que a situação já foi solucionada.


Entretanto, a designação do agente de monitoramento precisa ser formalmente constituída e
o gestor não apresentou, em sua resposta, os atos formais de designação dos agentes,
assim a situação ainda não pode ser considerada sanada.

18
O CGAI foi instituído e teve suas competências definidas no art. 28 da Lei Estadual n.º 12.618/2012. De acordo com o § 6º
do mesmo dispositivo, “regulamento disporá sobre a composição, organização e funcionamento do Comitê Gestor de
Acesso à Informação.”
19
Segundo o art. 29 da Lei Estadual n.º 12.618/2012, o Poder Executivo Estadual designará órgão(s) da Administração
Pública responsável(is) por: treinamento; monitoramento, estabelecimento de padrões dos sítios na Internet;
regulamentação do tratamento das informações; e fomento da cultura de transparência.
20
Conforme o art. 7º da Lei Estadual n.º 12.618/2012, haverá em cada órgão ou entidade da Administração Pública Estadual
um agente público designado pelo seu dirigente máximo para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer
atribuições de monitoramento, orientação e acompanhamento da aplicação da LAI. Segundo o art. 31 do mesmo
normativo, “o dirigente máximo de cada órgão ou entidade designará, no prazo de 30 (trinta) dias de entrada em vigor
desta Lei, o agente público que exercerá as atribuições indicadas no art. 7º desta Lei.”

244 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

• Quanto à Transparência Ativa :


21

d) Indisponibilidade do total de informações mínimas obrigatórias estabelecidas na


LAI nos sítios na Internet do Executivo Estadual, bem como da lista de informações
classificadas e desclassificadas e do relatório estatístico anual relativo aos
pedidos de informações;

Os sítios na Internet dos órgãos e entidades do Executivo Estadual não dispõem da


totalidade das Informações Mínimas, determinadas no art. 8º, §1º, incisos I a VI da Lei
Federal n.º 12.527/2011, que consta, entre outras: competência e estrutura organizacional,
endereços e telefones das respectivas unidades, registro de despesas, informações
concernentes a procedimentos licitatórios e dados gerais para o acompanhamento de
programas, ações e projetos. Ademais, a equipe constatou ausência de publicação de
classificação de documentos e desclassificação de informações na totalidade dos sítios do
Executivo Estadual. Já no que se refere aos relatórios estatísticos, foi observada a
publicação em apenas dois sítios. Em resposta à notificação, foi indicado prazo para a
publicação das informações mínimas obrigatórias.

e) Atendimento aos requisitos técnicos necessários à Transparência Ativa de apenas


9,33% 22;

Nos 67 sítios oficiais da Internet analisados, o atendimento aos requisitos técnicos


necessários à Transparência Ativa foi de apenas 9,33%. A Auditoria destacou como causas
para a situação encontrada os seguintes pontos: a não implementação pelos órgãos e
entidades, em seus sítios na Internet, das ferramentas e funcionalidades definidas em lei; a
ausência de orientações por órgão central quanto aos padrões de sítios na internet; e a
ausência de monitoramento e acompanhamento por órgão central no que se refere à
implementação dos requisitos técnicos.

O esclarecimento prestado em relação ao ponto identificado apenas define um prazo para


sua resolução.

• Quanto à Transparência Passiva 23:

f) Indisponibilidade de local apropriado para o atendimento presencial do SIC 24 em 15


órgãos e entidades do Estado.

Detectou-se a existência de 15 órgãos e entidades que não possuem local específico e


apropriado para o funcionamento do SIC. Embora a obrigação imediata de disponibilizar
espaço adequado para o atendimento presencial seja dos dirigentes máximos dos órgãos e

21
A Transparência Ativa é definida pelo Decreto Federal n.º 7.724/2012 como o dever dos órgãos e entidades de promover,
independente de requerimento, a divulgação em seus sítios oficiais na Internet de informações de interesse coletivo ou
geral por eles produzidas ou custodiadas.
22
A Lei n.º 12.527/2011, em seu art. 8º, § 3º, incisos I a IV e VIII, estabelece um rol de requisitos técnicos necessários ao
funcionamento dos sítios oficiais na Internet, como, por exemplo: ferramenta de pesquisa de conteúdo; possibilidade de
gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, como planilhas e texto; mecanismo que permitam o acesso
automatizado por sistemas externos; e recursos que assegurem a acessibilidade de conteúdo para pessoas com
deficiência.
23
A Transparência Passiva corresponde ao dever que órgãos e entidades da Administração Pública têm de atender aos
pedidos de informação feitos por cidadãos. Difere da Transparência Ativa por se caracterizar pelo requerimento ou
provocação feita por usuário ou interessado nos serviços públicos aos respectivos responsáveis.
24
O art. 6º da Lei Estadual n.º 12.618/2012 define que o Serviço de Informação ao Cidadão será exercido pelos órgãos e
entidades da Administração Pública Estadual, diretamente ou por intermédio da Ouvidoria Geral do Estado, sendo que o
atendimento presencial deverá ser realizado somente por meio da rede de Ouvidorias Especializadas do Estado ou, onde
não houver, pelo Serviço de Informação instituído pelos próprios órgãos ou entidades.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 245


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

entidades do Poder Executivo, é dever do Estado indicar formalmente órgão(s) para atuar
na coordenação da LAI, os quais devem instruir e orientar as unidades da Administração
Pública Estadual quanto o direito fundamental de acesso à informação. Cabe assim a
mesma recomendação ao Governo do Estado já citada anteriormente: designar órgão(s)
responsável(is) pelo acompanhamento e monitoramento da aplicação da LAI, inclusive no
que diz respeito a disponibilização de local apropriado para o funcionamento do SIC.

A Administração alegou que existe na Ouvidoria Geral ambiente apropriado para o


atendimento presencial, sendo aconselhável manter a instalação da OGE como local fixo
para atendimento presencial de todos os órgãos/entidades do Poder Executivo, uma vez
que a OGE já centraliza a entrada das solicitações de informações destas unidades.

A solução apresentada fere os dispositivos da Lei Federal n.º 12.527/2011, art. 9º, inciso I,
que obrigou órgãos e entidades de todo o país à criação do SIC, bem como o art. 6º da Lei
Estadual n.º 12.618/2012, que disciplinou o referido dispositivo da Lei Federal. Portanto, a
situação segue pendente.

g) Deficiência no funcionamento do processo recursal, quando da negativa de


informações;

Das 67 unidades consultadas, 14 afirmaram não possuir relação de procedimentos para


orientar os cidadãos sobre a possibilidade de recurso, prazo, endereçamento e condições
de interposição, nos casos de pedidos indeferidos. Acrescenta-se à situação o fato de
inexistir regulamentação da instância máxima recursal, o Comitê Gestor, a quem a lei
atribuiu a tarefa de rever decisões denegatórias de recursos interpostos.

Através da Pesquisa de Satisfação 25 realizada com usuários do sistema TAG, verificou-se


também que, do conjunto de solicitantes que alegaram ter recebido resposta parcial ou
tiveram o pedido de informação negado, 50,89% afirmaram não ter obtido qualquer tipo de
orientação sobre a possibilidade de recurso nem tiveram acesso às razões da negativa.

Foi informado, em resposta à notificação, que já está disponível no TAG, utilizado pela OGE,
a possibilidade de impetrar recursos. A solução apresentada atende à recomendação do
TCE/BA, assim como à legislação vigente. O gestor, entretanto, não realizou o envio de
documentos que comprovem as informações prestadas, tais como imagens de capturas de
telas do sistema apresentando a funcionalidade e fluxograma que represente os
procedimentos necessários para a interposição de recurso.

• Quanto à Proteção e Controle de Informações Sigilosas:

h) Ausência, no âmbito do Executivo Estadual, de qualquer tipo de procedimento para


a classificação de informações

Constatou-se que nenhum órgão/entidade do Poder Executivo realizou qualquer tipo de


procedimento para a classificação de informações, nem mesmo aqueles que alegaram
possuir informações de caráter sigiloso. Além disso, com base nas informações prestadas
pela OGE e Casa Civil, tornou-se evidente a carência de regulamentação sobre
procedimentos para a classificação e desclassificação de informações sigilosas no âmbito
do Poder Executivo Estadual.

25
No período de 10/03/2015 a 25/03/2015, foi realizada pesquisa de satisfação destinada a todos os solicitantes de
informação ao Governo do Estado da Bahia registrados na ferramenta TAG no ano de 2014, com o objetivo de levantar
dados sobre a percepção dos usuários a respeito da prestação do serviço que pudessem indicar procedimentos de
auditoria que deveriam ser aplicados, bem como identificar pontos na prestação do serviço que necessitassem de
melhoria.

246 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

Respondendo à notificação, o auditado declarou que os procedimentos para a classificação


de informações sigilosas estão em fase de construção, com prazo de conclusão previsto
para o final do segundo semestre de 2016.

i) Inexistência de instrumentos normativos a respeito do tratamento de informação


pessoal

Restou evidenciada, através de informações prestadas pela Casa Civil, a inexistência de


instrumentos normativos que orientem o tratamento de informação pessoal. A falta de norma
gera dificuldades em assegurar a prática de procedimentos transparentes e ágeis, como
preconiza a Lei Estadual, assim como inviabiliza a padronização dos mecanismos para o
registro e tratamento de informações pessoais.

Para as irregularidades em que a Administração alegou já ter determinado prazo para sua
resolução, a Auditoria destacou a importância do detalhamento das atividades
intermediárias a serem desenvolvidas, não sendo suficiente apenas a estipulação de um
prazo final para a sua implementação.

O processo referente a esta auditoria operacional, autuado sob o n.º TCE/013091/2014, foi
apreciado em sessão plenária do dia 28/04/2016, tendo o Tribunal Pleno, por meio da
Resolução n.º 32/2016, entre outras, exarado a seguinte determinação:

Ao Governo do Estado, para que encaminhe a este Tribunal de Contas, no prazo de 60 dias,
em articulação com as Secretarias afins, um novo Plano de Ação, contemplando as ações
necessárias para o alcance das medidas já identificadas pela Administração, com as
respectivas datas, bem como a indicação das unidades e/ou responsáveis pela execução,
visando, em especial, ações voltadas para:

• imediata regulamentação e implementação do Conselho Gestor de Acesso à


Informação (CGAI), previsto pelo § 6º do art. 28 da Lei Estadual n.º 12.618/12,
objetivando adequar o cenário da transparência baiana à legislação estadual e
federal;

• imediata designação dos órgãos responsáveis que exercerão as competências


estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei Estadual n.º 12.618/2012;

• imediata designação formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos


componentes do Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de realizar as
funções estabelecidas pelo art. 7º da LAI;

• imediata conclusão do Projeto de Identidade Digital de Governo, de modo a


promover a padronização e publicação das informações mínimas contidas nos
incisos I a IV, § 1º do art. 8º da Lei n.º12.527/2011;

• imediata regulamentação do procedimento de classificação e desclassificação de


informações sigilosas, em cumprimento aos arts. 22 a 24 da Lei n.º 12.618/2012,
com o objetivo de viabilizar que a autoridade máxima de cada órgão ou entidade
estadual publique tais informações em seus sítios da Internet;

• disponibilização de forma descentralizada, em cada órgão, de local para atendimento


presencial, conforme disposto no art. 6º e § 1º, inciso I do art. 9º da Lei Estadual n.º
12.618/2012, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do crescimento

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 247


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

da demanda para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo para o


atendimento presencial do SIC;

• imediata regulamentação acerca dos procedimentos para tratamento de informação


pessoal, conforme previsão do § 5º, art. 25 da Lei Estadual n.º 12.618/2012; e

• encaminhar a este Tribunal de Contas documentação que comprove a possibilidade


de interpor recursos pelo Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública (TAG), bem como
imagens com captura de telas do sistema, evidenciando a funcionalidade e o
fluxograma que apresente os procedimentos necessários ao manejo da via recursal.

2.5.2 AUDITORIA OPERACIONAL NO PROJETO DE LEI N.º 21.474/2015, QUE INSTITUI


O PLANO PLURIANUAL PARTICIPATIVO – PPA DO ESTADO DA BAHIA PARA O
QUADRIÊNIO 2016-2019 (TCE/009393/2015)

O Tribunal de Contas do Estado da Bahia efetuou no período de 01/09 a 10/11/2015, Ordem


de Serviço n.º 123/2015, auditoria operacional tendo por objetivo analisar o modelo
apresentado pelo Poder Executivo para o PPA 2016-2019, por meio do Projeto de Lei n.º
21.474/2015.

Concluídos os exames, tornaram-se pertinentes as seguintes observações, sumariadas a


seguir, já comentadas no item 2.1 relativo ao Planejamento e Gestão das Ações de Política
Pública:

• Revisões do PPA pelo Poder Executivo sem trâmite específico de apreciação pelo
Poder Legislativo;

• Não explicitação do elemento vinculante entre PPA e LOA;

• Ausência de vinculação dos Programas aos Temas Estratégicos;

• Deficiência na conceituação dos atributos do Programa;

• Deficiência no estabelecimento das metas para os compromissos dos Programas,


comprometendo o monitoramento e a avaliação do PPA;

• Metas com características de ações a serem executadas e sem especificações


claras e mensuráveis;

• Estabelecimento de metas globais para os compromissos; e

• Estabelecimento de indicadores para os programas sem definição de índices


esperados.

Foram encaminhadas, por este Tribunal, notificações ao Exmo. Sr. Secretário da SEPLAN e
vice-governador do Estado da Bahia, Ofícios n.º 002241/2015 e
002242/2015/TCE/GAPRE/SEG, respectivamente, para ciência quanto ao apontado no
Relatório de Auditoria e apresentação de esclarecimentos e/ou documentos que
considerassem pertinentes em relação ao apresentado no referido Relatório.

A análise das justificativas apresentadas pelo Gestor quanto aos achados constantes no
Relatório de Auditoria, em razão da Notificação deste TCE, tornou pertinente a reiteração
das recomendações e que não foram acolhidas pelo Gestor, com vistas a tornar o PPA

248 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

2016-2019 um instrumento que estabeleça de forma clara as metas da administração e


melhor direcione a gestão, bem como seu monitoramento e avaliação.
Recomendações ao Governo do Estado e à SEPLAN:

• Explicitar nos Projetos de Leis Orçamentárias anuais as vinculações entre ações


orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-2019, com vistas a garantir a
transparência da compatibilização, legalmente exigida, do orçamento com o Plano;

• Revisar as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o caráter


de ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou
quantitativo, bem como realizar projeções anuais, que permitam o monitoramento
regular de seu cumprimento, e, consequentemente, dos compromissos a elas
atrelados; e

• Revisar os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os


índices esperados, para cada ano e para o final do plano, que viabilize a
mensuração do resultado obtido após a implementação das ações de governo.

O Plenário do TCE/BA, em sessão realizada em 10/05/2016, na apreciação do Processo


TCE/009393/2015, por meio da Resolução n.º 039/2016, decidiu, por unanimidade, dentre
outros assuntos, pela recomendação ao Governo do Estado e ao atual gestor da SEPLAN
para que observe os apontamentos da Unidade Técnica, em especial, aos referentes:

• Explicitar nos Projetos de Leis Orçamentárias anuais as vinculações entre ações


orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-2019, com vistas a garantir a
transparência da compatibilização, legalmente exigida, do orçamento com o Plano;

• Revisar as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o caráter de


ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou
quantitativo, bem como realizar projeções anuais, que permitam o monitoramento
regular de seu cumprimento, e, consequentemente, dos compromissos a elas
atrelados; e

• Que sejam adotadas medidas a fim de evitar a ocorrência das inconsistências


apontadas pela auditoria nos futuros PPAs, de forma que haja avanços significativos
na sua elaboração, priorizando o cumprimento dos princípios norteadores da
Administração Pública, no sentido de que as políticas públicas sejam específicas,
balizadas por parâmetros objetivos, claros e seguros que permitam o monitoramento
e avaliação da gestão pública.

Ademais, determinou ao Governo do Estado e ao atual gestor da SEPLAN para que observe
os apontamentos da Unidade Técnica, em especial, ao referente a revisar os indicadores
estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os índices esperados, para cada ano
e para o final do plano, que viabilize a mensuração do resultado obtido após a
implementação das ações de governo.

2.5.3 AUDITORIA OPERACIONAL NA SISTEMÁTICA DE ELABORAÇÃO,


ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPA 2012-2015 E
DE ELABORAÇÃO DO PPA 2016-2019 (TCE/007741/2015)

O TCE/BA realizou no período de janeiro a agosto/2015, Ordem de Serviço n.º 012/2015,


auditoria operacional na sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e
avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do PPA 2016-2019, com vistas a avaliar de
que forma a sistemática de elaboração do PPA tem viabilizado a construção de um
instrumento que efetivamente norteie a condução das ações das diversas secretarias,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 249


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

órgãos e entidades do Poder Executivo, com vistas ao alcance dos objetivos estratégicos
definidos pelo estado.

Ademais, buscou-se avaliar de que forma a sistemática de acompanhamento,


monitoramento e avaliação do PPA oferecem subsídios para a retroalimentação do processo
de planejamento e para identificação de desvios na execução dos programas, oferecendo
condições para a validação dos resultados alcançados pelos programas de governo e para o
exercício do controle social.

As fragilidades encontradas sinalizam para situações que contribuem para construção de


PPAs pouco eficazes no direcionamento das ações de governo e, consequentemente, com
pouca condição para serem monitorados e avaliados.

Tais fragilidades estão sumariadas a seguir e já devidamente abordadas no item 2.1 relativo
ao Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública:

Quanto à sistemática de elaboração do PPA do Governo do Estado da Bahia:

• Pouca garantia de efetividade dos resultados da escuta social na elaboração do


PPA;

• Pouca transparência da devolutiva da escuta social para elaboração do PPA 2012-


2015;

• Fragilidades na organização administrativa da SEPLAN para a elaboração do PPA;

• Deficiência na orientação dada pela SEPLAN às secretarias/órgãos/entidades para a


elaboração do PPA;

• Fragilidades na organização administrativa das secretarias/órgãos/entidades para a


elaboração do PPA;

• Insuficiência de estudos/diagnósticos específicos que fundamentem a construção


dos compromissos, das metas (e suas regionalizações) e das entregas/iniciativas
dos programas do PPA; e

• Deficiência no processo de elaboração/seleção dos indicadores dos programas.

Quanto à sistemática de acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA do Governo


do Estado da Bahia:

• Ausência de publicidade da vinculação entre LOA e PPA;

• Não implementação do modelo de governança do PPA previsto no Decreto n.º


14.219/2012;

• Fragilidades no processo de acompanhamento do PPA;

• Deficiência no processo de monitoramento e avaliação do PPA; e

• Pouca transparência da execução e dos resultados do monitoramento e avaliação do


PPA.

250 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

Foram encaminhadas, por este Tribunal, notificações aos Gestores das Secretarias, Órgãos
e Entidades do Poder Executivo que foram objeto da referida auditoria operacional,
processo TCE/007741/2015, bem como ao Exmo. Sr. Rui Costa, Governador do Estado da
Bahia, para ciência quanto ao apontado no Relatório de Auditoria, e apresentação de
justificativas ou esclarecimentos, bem como de Plano de Ação contemplando o cronograma
de adoção das medidas necessárias à implementação das recomendações, com indicação
dos responsáveis e prazo para adoção das medidas.

Os resultados da análise das justificativas e esclarecimentos, bem como do Plano de Ação


apresentado, considera que o instrumento se mostra aderente ao quanto recomendado,
reiterando, entretanto, as recomendações a seguir, para ajuste das ações a serem
realizadas:

À SEPLAN:

• Ajustar o cronograma da realização da escuta social para que as demandas dela


advindas sejam disponibilizadas às secretarias/órgãos/entidades antes da realização
das mesas temáticas e em tempo hábil para apreciação no planejamento de suas
intervenções.

Às secretarias, órgãos e entidades:

• Designar e atribuir competências, no âmbito da secretaria/órgão/entidade, aos


responsáveis pelo planejamento das atividades relacionadas à elaboração do PPA;

• Definir núcleo permanente de técnicos voltados ao processo de elaboração do PPA;

• Formalizar as informações dos indicadores dos programas do PPA, de forma a


conter, pelo menos: natureza do indicador (resultado ou efeito), índices de referência,
índices esperados anuais, forma de cálculo, fonte das informações e indicação dos
responsáveis;

• Sistematizar dados e informações que subsidiem a elaboração/seleção de


indicadores para os programas do PPA; e

• Aumentar a oferta de capacitação relacionada à metodologia de construção de


indicadores, voltados à área de atuação da secretaria/órgão/entidade.
O Plenário do TCE/BA, em sessão realizada em 10/05/2016, na apreciação do Processo
TCE/007741/2015, por meio da Resolução n.º 038/2016, decidiu, por unanimidade, dentre
outros assuntos, pela determinação ao atual gestor da SEPLAN para que observe as
recomendações da Unidade Técnica fazendo os ajustes necessários, quando da elaboração
dos futuros Planos Plurianuais, para ajustar o cronograma da realização da escuta social
para que as demandas dela advindas sejam disponibilizadas às
secretarias/órgãos/entidades antes da realização das mesas temáticas e em tempo hábil
para apreciação no planejamento de suas intervenções; e às Secretarias, Órgãos e
Entidades para:

• Designar e atribuir competências aos responsáveis pelo planejamento das atividades


relacionadas à elaboração do PPA;

• Definir núcleo permanente de técnicos voltados ao processo de elaboração do PPA;

• Formalizar as informações dos indicadores dos programas do PPA, de forma a


conter, pelo menos: natureza do indicador (resultado ou efeito), índices de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 251


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

referência, índices esperados anuais, forma de cálculo, fonte das informações e


indicação dos responsáveis;

• Sistematizar dados e informações que subsidiem a elaboração/seleção de


indicadores para os programas do PPA; e

• Aumentar a oferta de capacitação relacionada à metodologia de construção de


indicadores, voltados à área de atuação da secretaria/órgão/entidade.

2.5.4 AUDITORIA DE ACOMPANHAMENTO DE LICITAÇÕES, CONTRATOS E


CONVÊNIOS CELEBRADOS PELA AGERBA (TCE/007771/2015)

A 1ª CCE realizou acompanhamento de licitações, contratos e convênios na AGERBA, com


foco nos contratos de concessão e termos de cessão de uso de terminais rodoviários,
hidroviários e aeroviários de passageiros, regulados pela citada Agência.

Foram avaliados os controles internos adotados na fiscalização e acompanhamento, bem


assim a execução dos contratos de concessão e termos de cessão de uso no que concerne
ao cumprimento de cláusulas contratuais e à operacionalização dos serviços prestados à
população.

Concluídos os trabalhos, foram verificadas as seguintes ocorrências: atraso na


desapropriação da nova área patrimonial do Aeroporto João Durval Carneiro; fragilidades
nos controles internos da AGERBA; não disponibilização do terminal marítimo de Vera Cruz
para a Concessionária; ausência de formalização contratual; irregularidades na gestão dos
terminais rodoviários de Irará e de Serrinha; irregularidade na execução do Termo de
Cessão de Uso n.º 07/2013; ausência de instrumento formal entre as Concessionárias de
terminais aeroviários e o Corpo de Bombeiros Estadual; não apresentação do Plano de
Emergência em Aeródromo (PLEM) do Aeroporto de Porto Seguro; ausência de apólices
assegurando o patrimônio público; descumprimento às normas legais de acessibilidade;
ausência de controle dos bens concedidos; ausência de prestação de contas por parte dos
Concessionários; terminais de passageiros necessitando de intervenções na estrutura física;
descumprimentos à Resolução ANAC n.º 279, de 10/07/2013; e descumprimentos do
Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC).

O resultado desse trabalho foi submetido ao Pleno do Tribunal que, por meio da Resolução
n.º 022/2016, de 29/03/2016, recomendou aos atuais gestores da Secretaria de
Infraestrutura (SEINFRA) que promovam as ações necessárias quanto ao atraso na
desapropriação da nova área patrimonial do Aeroporto João Durval Carneiro, em Feira de
Santana; determinou aos atuais gestores da AGERBA que instaurem, no prazo de 30 dias,
tomada de contas, visando a quantificar o prejuízo causado ao erário e identificar os
responsáveis pela destruição do Terminal Rodoviário de Conceição da Feira; que
apresentem, dentro de até 120 dias, Plano de Ação contendo as providências e prazos para
regularizar os demais achados apontados no Relatório de Auditoria, referentes aos
Terminais Rodoviários de Irará, Serrinha, Alagoinhas, Feira de Santana, Cruz das Almas,
Santo Antônio de Jesus, Ilhéus, Itabuna, Salvador, Santa Barbara; Terminais Hidroviários de
Vera Cruz, Centro Náutico de Salvador e de Maragojipe, Atracadouro de São Roque do
Paraguaçu, Terminais Hidroviários de Ponta do Curral, Morro de São Paulo, Gamboa do
Morro; e Terminal Aeroviário de Porto Seguro, Valença e Feira de Santana.

252 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

2.5.5 AUDITORIA NO CONTRATO DE CONCESSÃO ADMINISTRATIVA N.º 035/2013 –


INSTITUTO COUTO MAIA

A 2ª CCE procedeu auditoria no Contrato de Concessão Administrativa n.º 035/2013,


celebrado pelo Estado da Bahia, no âmbito da SESAB, com a Couto Maia Construções e
Serviços Não Clínicos S/A, objetivando verificar a regularidade na sua celebração, a
economicidade e eficiência no cumprimento do objeto pactuado.

Os autos relativos à referida auditoria (Processo TCE/007141/2015) tramitam neste Tribunal,


em fase de análise das respostas dos gestores e responsáveis às notificações
encaminhadas pelo Conselheiro Relator.

O projeto do Instituto Couto Maia (ICOM) abrange a fusão do Hospital Couto Maia (HCM)
com o Hospital Especializado Rodrigo de Menezes (HEDRM), como proposta da SESAB
para: solucionar as limitações físicas estruturais inerentes a essas duas unidades de saúde;
requalificar a assistência a doenças infecciosas; ampliar a qualificação dos profissionais de
saúde no atendimento a estas doenças; fortalecer a produção tecnocientífica do Estado;
consolidar uma estrutura adequada para o enfrentamento a epidemias e surtos e tornar mais
eficiente o gasto público.

Para a sua viabilização, a SESAB optou pela concessão administrativa nos moldes da PPP,
abrangendo a construção de novo prédio em terreno de 111.353,40m² de propriedade da
SESAB, onde sediava o HEDRM, além do fornecimento dos equipamentos e mobiliários
necessários à sua operacionalização e à gestão dos serviços não clínicos, mantendo sob a
responsabilidade da própria SESAB a gestão clínica e administrativa da nova unidade.

Assim, para a concessão administrativa objetivando a construção e gestão dos serviços


condominiais do Instituto Couto Maia, pelo prazo de 21 anos e 4 meses, instaurou-se a
concorrência púbica, por meio do Edital de Concessão n.º 008/2012, publicado no DOE do
dia 22 e 23/12/2012, embasada em estudos preliminares que concluíram pela modelagem
financeira no montante de R$843.606.524,30, a ser amortizado no prazo de 20 anos,
correspondente aos investimentos e à gestão dos serviços não clínicos.

A sessão pública ocorreu no dia 21/01/2013, na sede da Bolsa de Valores, Mercadorias e


Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA), na qual apenas um proponente, o Consórcio
Couto Maia: Couto Maia Construção e Serviços Não Clínicos S/A, composto pelas empresas
SM Assessoria Empresarial e Gestão Hospitalar Ltda. e MRM Construtora Ltda., apresentou
proposta no valor de R$42.180.326,00, correspondente ao limite estabelecido no edital, que
equivalente a 1/20 do montante de R$843.606.524,30, resultante da modelagem financeira
do projeto. Assim, em 20/05/2013, foi celebrado o Contrato de Concessão Administrativa n.º
035/2013, respaldado na referida licitação.

Do exame realizado no procedimento anteriormente descrito constatou-se, além da


ausência de competição no certame licitatório, a deficiência na delimitação do objeto da
contratação, configurada pela inexistência dos projetos de execução das obras de
construção da unidade hospitalar nele abrangida, isto é, do prédio do novo Instituto Couto
Maia, cujo valor, de acordo com o orçamento adotado para apuração da contraprestação
contratual, foi estimado em R$73.287.593,84, correspondente a 75% da parcela de
investimentos (obra, mobiliário, equipamentos e veículos) integrante do aludido objeto.
Dimensionou-se, assim, o valor do futuro prédio a partir de estimativa baseada no valor do
custo do metro quadrado da construção do Hospital do Subúrbio, atualizado pelo Índice
Nacional de Custo da Construção (INCC).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 253


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A plena operação do hospital, prevista para outubro/2014, foi frustrada, em 03/10/2014,


quando a execução das obras civis foi paralisada, tendo, segundo a Concessionária,
despendido, até então, recursos próprios no montante de R$12 milhões, inclusive com a
demolição do HEDRM. A paralisação decorreu da não obtenção do financiamento dos
recursos previstos para sua execução, em face do inadimplemento, pela concessionária,
das condições impostas pelos agentes financiadores previamente comprometidos com a sua
concessão: Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) e a DESENBAHIA. Tal incidente
justificou a celebração, em 01/09/2014, do 1º Termo Aditivo ao referido contrato,
prorrogando o prazo original para 1 ano e 4 meses a partir da liberação da primeira parcela
do financiamento, alterando-se o termo inicial certo para termo inicial condicionado a evento
futuro.

Questionada sobre as medidas adotadas com vistas à viabilização do objeto contratado, a


SESAB informou que notificou a Concessionária, em 25/06/2015, quanto à disponibilização
dos recursos mediante financiamento, reiterada pelo Ofício n.º 1120/2015, de julho/2015.

Tais constatações impactaram nos serviços de assistência à saúde nas unidades da


SESAB, implicando a transferência provisória dos pacientes atendidos pelo HEDRM,
destacando-se os seguintes impactos:

c) A absorção dos procedimentos realizados no HEDRM pelo Hospital Couto Maia


(HCM), no decorrer de três anos, terminou por afetar suas próprias atividades
operacionais, além de trazer prejuízos para a oferta destes procedimentos, tanto no
aspecto qualitativo quanto no quantitativo;

d) Comprometimento da assistência à saúde prestada aos pacientes referenciados ao


HCM, em decorrência de sua deficiência estrutural, sobretudo pela necessidade de
abertura de novos espaços para atendimento dos pacientes do HEDRM, o qual,
inclusive, vem sendo prestado, de forma descentralizada, em outras unidades da
SESAB, situação que vem sendo agravada pelo aumento da demanda pelos
serviços de saúde e pela não consecução do Projeto do Instituto Couto Maia; e

e) A absorção pelo HCM dos procedimentos relacionados à hanseníase levou ao


cancelamento do Projeto de Melhoria da Qualidade da Assistência aos Pacientes
com HIV/AIDS, devido à utilização dos serviços de farmácia para atender pacientes
oriundos do HEDRM, além de afetar a capacidade do ambulatório de infectologia,
reduzindo seu potencial para absorver a demanda dos pacientes com doenças
exantemáticas, atualmente em epidemia, como Dengue, Chikungunya e Zika-Vírus.

Por todo exposto, a auditoria sugeriu que fosse recomendado à SESAB a adoção de
medidas para assegurar a devida agilização e transparência na execução do projeto do
Instituto Couto Maia e, especialmente, com relação à qualidade no atendimento aos
pacientes das unidades de saúde afetadas pelas adaptações provisórias decorrentes da sua
implantação.

254 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

2.5.6 AUDITORIA NO PROCESSO DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA


DO ESTADO NO CAPITAL SOCIAL DA EBAL

A 2ª CCE realizou auditoria no âmbito da SDE, especificamente na EBAL, relativa ao


período de 01/01/2015 a 30/09/2015, tendo como um dos objetivos o de acompanhar o
processo de alienação total da participação acionária do Estado no capital social da
Empresa.

Os autos relativos à referida auditoria (Processo TCE/011305/2015) encontram-se em


trâmite neste Tribunal, tendo os gestores e responsáveis já apresentado suas respostas às
notificações encaminhadas pelo Conselheiro Relator.

O Programa de Abastecimento de Alimentos Básicos, “Cesta do Povo”, foi criado em 1979


visando beneficiar a população com menor poder aquisitivo e atuar, também, como
instrumento de regulação do mercado. Em 1991, foi incorporada a gestão das Centrais de
Abastecimento do Estado (CEASAs) e, posteriormente, outros programas sociais instituídos
pelos governos estadual e federal como: Nossa Sopa, Programa do Leite, Farmácia Popular
do Brasil, entre outros.

A empresa atuou, sempre, por meio da alocação de recursos do governo estadual,


apresentando, ao longo dos anos, constantes prejuízos em suas operações, o que motivou
a atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico a contratar, em 2013, uma consultoria. O
diagnóstico situacional da EBAL elaborado pela consultoria contratada destacou que a
empresa sempre apresentou resultado operacional deficitário, que, ao final de 2012, atingiu
o valor acumulado de R$724.503.970,00, decorrente de diversos fatores, propondo como
solução três alternativas: encerramento das atividades da Cesta do Povo; investimento para
melhorar o resultado; e alienação da participação acionária do Estado.

Enquanto aguardava decisão governamental sobre o caso, a direção da EBAL adotou


medidas para melhorar o resultado da empresa. Entretanto, estas foram insuficientes para
alterar os indicadores de avaliação, o que consolidou a ideia da alienação da participação
acionária do Estado na Empresa, concretizada pelo art. 36 §§ 1º e 2º Lei n.º 13.204/2014,
em consonância com a Mensagem n.º 99, de 01/12/2014, do Governador do Estado, no bojo
da reforma administrativa do Poder Executivo Estadual, mediante intervenção em sua
estrutura, através de reorganização, extinção, criação e incorporação de órgãos e entidades.
O processo foi iniciado com a edição do Decreto Estadual n.º 15.959, de 12/02/2015, por
meio do qual o Governador do Estado constituiu Comissão Especial com a finalidade de
proceder à análise da avaliação econômico-financeira da Empresa e realizar estudos e
indicar sugestões pertinentes à realização de operações societárias.

Na análise dos procedimentos adotados para alienação da participação acionária do Estado


na EBAL, a auditoria identificou as seguintes situações merecedoras de destaque:

a) Ausência do teste de recuperabilidade dos bens da empresa, contrariando as


exigências da Lei 6.404/1976, art. 183, § 3º, que geraria ajustes nas demonstrações
financeiras da empresa, de modo que o valor registrado no seu Imobilizado pode
não retratar a verdadeira situação patrimonial, haja vista que a avaliação de
recuperabilidade dos bens tem como principal objetivo evitar que os ativos não
sejam avaliados contabilmente por um valor superior àquele passível de ser
recuperado pelo uso nas operações ou por venda;

b) Formalização de Dispensa de Licitação n.º 003/2015, para a prestação de serviços


técnicos especializados em consultoria, visando à assessoria no processo de
alienação total do capital da EBAL, contrariando as determinações do art. 59, inciso
IV, combinado com o art. 65, § 3º incisos II e V, da Lei Estadual n.º 9.433/2005, por

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 255


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

não apresentar justificativa da situação emergencial que possa causar prejuízo ou


comprometer a segurança de pessoas, nem estimativa do preço praticado;

c) Divulgação da audiência pública para a alienação da participação acionária do


Estado no capital social da EBAL sem observar o prazo de antecedência mínima de
dez dias úteis da sua realização, conforme determinado no art. 76, combinado com
o art. 210, da Lei Estadual n.º 9.433/2005;

d) Publicação do Edital do Leilão relativo à alienação da EBAL, no DOE de


19/11/2015, estabelecendo o valor de R$81.000.000,00, como preço mínimo,
entretanto, sem a necessária manifestação da Assembleia Geral Extraordinária,
como determina o art.121 da Lei n.º 6.404/1976 e art. 3º do Estatuto Social da
Empresa;

e) Transferência das seis CEASAs para a gestão da Superintendência de


Desenvolvimento Industrial e Comercial (SUDIC), sem a manifestação prévia da
Assembleia Geral da EBAL, em desacordo com o art. 122, inciso VIII da Lei Federal
n.º 10.303, de 31/10/2001, que dispõe sobre a sociedade por ações, no qual
estabelece que compete privativamente ao referido colegiado deliberar sobre
transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia.

Como algumas situações, consideradas relevantes, fogem do âmbito de competência da


Administração da EBAL, a auditoria sugeriu que, além de notificar o atual gestor da
empresa, fosse dada ciência do teor do relatório ao Secretário da Pasta da SDE e à
Assembleia Legislativa, em atendimento ao previsto no art. 10, § 5º da Lei Orgânica desta
Corte.

2.5.7 AUDITORIA NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO


TRIBUTÁRIA (SIGAT) – MÓDULO DE CRÉDITO

O SIGAT é o sistema que controla a gestão tributária estadual, sendo composto pelos
módulos de crédito tributário, cobrança, arrecadação e controle de contas.

O módulo de crédito tributário tem como objetivo principal controlar o Processo


Administrativo Fiscal – Auto de Infração, Denúncia Espontânea ou Notificação Fiscal –
durante todas as etapas do processo de cobrança administrativa.

A 4ª CCE realizou auditoria de tecnologia de informação no Sistema Integrado de Gestão da


Administração Tributária (SIGAT), módulo de crédito (TCE/011407/2015). O trabalho
realizado teve o objetivo de acompanhar os achados das auditorias realizadas em 2007 e
2011, tendo como base as informações geradas por esse sistema, especificamente no seu
módulo de crédito. Também foram examinados sua segurança, seu correto funcionamento,
a disponibilidade e a adequação da documentação do sistema (técnica e de usuário), o
processo de gerenciamento de mudança do Sistema, bem como investigado se suas
funcionalidades atendem às necessidades de controle da Dívida Ativa do Estado.

Após a comparação dos achados de 2015 com os de 2011 e 2007, foram analisadas as
informações prestadas pela Secretaria sobre as providências que foram ou estavam sendo
adotadas a fim de solucionar as constatações apontadas pela auditoria.

256 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

Embora a Secretaria tenha informado as ações implementadas para solucionar as


fragilidades encontradas, dos 13 pontos constatados na auditoria de 2011, verificou-se que
apenas um foi resolvido – o que tratava de ocorrências realizadas em PAFs por usuários
sem identificação (login de acesso ao sistema).

Dessa forma, concluído o exame auditorial no SIGAT, verificou-se que 12 pontos persistiam,
sendo que houve redução do número de ocorrências em sete casos, permanecendo os
seguintes achados:

Deficiências Relacionadas ao Controle da Dívida Ativa:


• morosidade na inscrição da dívida ativa e risco de prescrição de processos
administrativos fiscais em situação de revelia;
• processos fiscais extraviados com risco de prescrição;
• morosidade no atendimento de diligências;
• processos administrativos fiscais sem identificação do contribuinte pelo não
preenchimento no campo específico do Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e inscrição estadual;
• processos administrativos fiscais sem data de ciência ao contribuinte da lavratura do
auto;
• operações realizadas sem a identificação do usuário, quais sejam: inscrição na
dívida ativa, etapas do julgamento e controle da legalidade; e
• morosidade no ajuizamento de execuções fiscais e risco de prescrição.

Deficiências Relacionadas à Segurança da Informação:


• números de PAFs existentes em tabelas periféricas sem correspondências nas
tabelas centrais ('auto_infracao' e 'hist_auto_infracao');
• usuários afastados ou demitidos, porém ativos no sistema de segurança;
• realização de operações (ocorrências) em PAFs sem a identificação do usuário;
• usuários que utilizaram diversas estações de trabalho; e
• estruturas de dados sem uso na base de dados do SIGAT.

Diante do exposto, no que concerne à DARC/SEFAZ, a auditoria destacou a necessidade de


aprimoramento nos controles do SIGAT, módulo Crédito, de modo a promover maior
celeridade no fluxo do processo administrativo fiscal para a inscrição na Dívida Ativa.

A fim de contribuir para o aperfeiçoamento do referido sistema, foram propostas


recomendações técnicas de TI. Com relação às constatações pertinentes à segurança da
informação, a SEFAZ informou que soluções seriam adotadas ou já estavam sendo
tomadas.

Recomendou-se, também, que a PGE/PROFIS continuasse envidando esforços para


agilizar a cobrança judicial de processos fiscais, mas não olvidasse de atender ao disposto
no art. 2º da Lei Estadual n.º 12.617, de 28/12/2012, que determina a cobrança extrajudicial
dos créditos tributários de pequeno valor.

2.5.8 AUDITORIA NO CONTROLE DOS IMÓVEIS DO ESTADO DA BAHIA

Em conformidade com a Resolução n.º 230, de 02/12/2014 deste Tribunal de Contas, em


cumprimento à programação anual aprovada e em consonância com a Ordem de Serviço
SGA n.º 059/2015, expedida pela 6ª CCE, procedeu-se inspeção na SAEB, objetivando
avaliar o controle exercido sobre os imóveis do Estado da Bahia quanto aos aspectos
contábeis, operacionais, físicos e de legalidade.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 257


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

A referida auditoria, autuada sob n.º TCE/011170/2015, desenvolveu-se no âmbito da


SUPAT, na unidade administrativa da Diretoria de Administração de Bens Imóveis (DBI).
Nos trabalhos auditoriais foram considerados aspectos da gestão, o cumprimento das
competências regimentais, além da observância de outros dispositivos que tratam da
matéria.

Os trabalhos desenvolvidos pela auditoria abrangeram o período de 01/01/2014 a


30/06/2015, envolvendo as informações contidas no Sistema SIMOV, examinadas por
amostragem, a verificação in loco dos bens imóveis selecionados e a verificação documental
de 600 imóveis registrados no referido sistema.

Concluídos os trabalhos relativos à verificação do controle exercido sobre os imóveis do


Estado da Bahia, a auditoria constatou que:

• a SUPAT/SAEB necessita revisar seus controles internos, de modo a cumprir com


eficiência e eficácia suas competências, definidas no Decreto n.º 16.106/2015, que
aprovou o Regimento Interno da SAEB;

• as divergências e desatualização dos dados registrados no SIMOV comprometem a


confiabilidade desse Sistema, que evidencia fragilidades de controle, com
repercussão nas áreas contábil, patrimonial e de suporte documental, assim como
todo o sistema de controle imobiliário do Estado da Bahia;

• as inconsistências verificadas geram informações e relatórios precários, não


fidedignos, prejudicando a análise qualitativa e quantitativa do acervo patrimonial
público estadual, além de não permitir a tomada de decisões com base em dados
corretos, assim como, a conversão, a partir do uso adequado e eficaz desses ativos,
em benefícios à coletividade; e

• a ausência de vistoria periódica ou a sua realização em tempos espaçados pode


sujeitar possíveis utilizações indevidas ou invasões por terceiros, acarretando
depreciações físicas ou a perda do bem público.

A seguir, são apresentadas sumariamente as irregularidades e inconsistências verificadas


pela auditoria, que evidenciam falhas significativas no controle patrimonial imobiliário do
Estado da Bahia, necessitando que sejam adotadas medidas saneadoras urgentes pela
(SAEB), pelas demais secretarias e órgãos envolvidos e pela alta Administração de Governo
(Casa Civil), com vistas à preservação do patrimônio estatal:

• Ausência de norma legal específica para a gestão do patrimônio público;


• Ausência de regulamentação legal do Sistema de Controle de Bens Imóveis
(SIMOV);
• Ausência de registro e controle unificado dos bens imóveis do Poder Executivo do
Estado da Bahia;
• Falhas de registro no SIMOV, com repercussão na avaliação e evidenciação dos
ativos imóveis;
• Falta de integração entre os Sistemas SIMOV e FIPLAN;
• Ausência de elaboração de plano de inspeção física periódica dos bens imóveis;
• Imóveis sem documentação e com situação “Legalizado” no SIMOV, sem as
respectivas escrituras e/ou averbação de edificação do imóvel;
• Termos de Cessão de Uso ausentes e vencidos;
• Imóveis totalmente invadidos ou parcialmente invadidos;
• Termos de vistoria dos bens imóveis desatualizados;

258 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

• Ausência da apólice de seguro de imóveis cedidos a terceiros;


• Imóveis cuja titularidade dos bens não estão em nome do Estado da Bahia;
• Vistorias realizadas pela SAEB em diversos imóveis que apontavam situações
distintas ao encontrado no SIMOV;
• Imóveis próprios com obras paralisadas e/ou inacabadas;
• Imóveis desativados no SIMOV, servindo de anexo/extensão a outros imóveis da
esfera estadual e municipal;
• Terrenos abandonados;
• Imóvel próprio de difícil localização e identificação;
• Imóveis próprios cedidos a prefeituras em estado precário de conservação;
• Imóveis “Cedidos Sob Termo” (Municipalização SEC/SESAB e outros) registrados
no SIMOV como “Ocupação Individual”; e
• Divergências entre os dados cadastrados no SIMOV e a situação verificada na
inspeção física.

Dessa forma, a auditoria recomendou à gestora e demais responsáveis envolvidos no


controle do patrimônio público imobiliário que adotem as providências necessárias para
regularizar os apontamentos destacados, no intuito de evitar a reincidência de tais
ocorrências, tais como:

• criação, por meio de lei, de Conselho Estadual de Gestão do Patrimônio Público


Imobiliário, com fins de formular diretrizes e orientar execução da política patrimonial
imobiliária;

• elaboração de normas de fiscalização e inspeção dos bens imóveis, bem como a


verificação de seu adequado emprego e utilização, além do estabelecimento de
punições em caso de descumprimento das normas, pelos órgãos e entidades da
Administração Direta e Indireta do Estado da Bahia.

• regulamentação legal do SIMOV, com a conversão em Sistema Corporativo para


cadastro único/geral do patrimônio imobiliário do Estado da Bahia, incluindo,
também, o registro obrigatório dos bens imóveis da Administração Indireta;

• revisão e atualização das normas legais do Estado que regem a gestão, registro,
regularização e controle do patrimônio imobiliário do Estado da Bahia;

• redimensionamento do quadro de pessoal da SUPAT/SAEB para atender


satisfatoriamente às demandas de gestão do patrimônio público imobiliário;

• celebração de instrumento legal pertinente com o Poder Judiciário, o Ministério


Público, Secretarias, e as prefeituras, com vistas a regularizar as pendências e
agilizar procedimentos de registros dos imóveis;

• revisão e zelo pela consistência dos registros cadastrais constantes do sistema


informatizado que gerencia os imóveis (SIMOV), de modo a prevenir a ocorrência de
dados incorretos, incompletos ou parciais;

• efetivação das vistorias prévia e posterior (após dois anos) dos imóveis entregues
aos órgãos públicos e a terceiros, visando evitar utilizações irregulares e
inadequadas;

• elaboração de estudos com a finalidade de levantar o custo efetivo de manutenção


dos imóveis desocupados, sem utilização efetiva, comparando a disponibilidade

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 259


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

desses bens com a demanda atual e potencial, de modo a verificar o custo-benefício


de mantê-los sob a propriedade do Estado ou, se for o caso, avalie a possibilidade
de alienação de imóveis que forem considerados desnecessários ao uso do serviço
público, pois a subutilização dos mesmos contraria o princípio da eficiência
insculpido no art. 37 da Constituição Federal, na medida em que a Administração
incorre em custos para manter esse patrimônio, além de sofrer perda de receita pela
sua não-utilização;

• adoção de providências, no âmbito de suas responsabilidades, pela preservação dos


imóveis, invadidos e das áreas irregularmente utilizadas por particulares, informando
ao Tribunal as medidas implementadas;

• elaboração e realização de Plano de Inspeção física periódica dos bens imóveis;

• recomendações de procedimentos para controle contábil e patrimonial dos bens


imóveis;

• programação de inventário anual de bens imóveis, compreendendo: a) levantamento


físico e confronto com registro do sistema patrimonial; b) levantamento contábil-
financeiro, por comissão designada para este fim; c) consolidação das respectivas
informações levantadas.

• segregação das funções de responsável pelo inventário e pelo registro contábil;

• suporte documental (registro individualizado dos imóveis com respectivas escrituras


públicas);

• acompanhamento dos valores dos bens, compreendendo: a) atualização conforme


comportamento dos preços de mercado (reavaliação); b) atualização conforme
reformas e valoração da ampliação física;

• integração da Contabilidade com setores de controle do Patrimônio Imobiliário da


Administração Pública: para registro dos valores atualizados e ajustados dos bens.

Ademais, sugeriu ao Exmo. Sr. Conselheiro Relator, notificar a SUPAT/SAEB, para que
remeta ao Tribunal de Contas do Estado da Bahia, com a maior brevidade possível, Plano
de Ação, contemplando cronograma de implementação das recomendações, com os
respectivos responsáveis.

2.5.9 AUDITORIA NA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON – CENTRO DE MEMÓRIA E


ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA (FPC)

Em conformidade com a Resolução n.º 230/2014, que aprovou o Plano de Diretrizes do


Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) para o exercício de 2015, e de acordo
com a Ordem de Serviço n.º 060/2015, expedida pela 6ª CCE, foi realizado a Auditoria de
Acompanhamento da Execução Orçamentária e Financeira da Fundação Pedro Calmon -
Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia (FPC), referente ao período de 01/01 a
30/06/2015, autuada sob n.º TCE/010274/2015.

O trabalho teve por objetivo fundamentar opinião sobre a regularidade da execução


orçamentária, financeira e patrimonial, o cumprimento das disposições legais pertinentes e a
fidedignidade das informações apresentadas nos documentos analisados.

260 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015

Dentre as falhas verificadas pela auditoria, guarda relação com as presentes contas, a
situação das instalações do Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia, que necessitam
de ações com vistas à preservação e salvaguarda do inestimável acervo histórico e cultural
custodiado, em razão das precárias condições de sua sede. Ademais, acresce-se as
seguintes inconsistências que demandam uma ação governamental do Poder Executivo, em
razão de:

• escassez no quadro de pessoal do Arquivo Público da Bahia;


• problemas de infiltração/umidade no prédio sede do Arquivo Público da Bahia;
• depósitos com suas capacidades de ocupação máxima;
• inadequação do controle de temperatura e umidade dos depósitos;
• falta de instalação do sistema de prevenção e detecção de incêndio; e,
• risco de prejuízo ou perda da memória do Estado por falta de investimentos no
Arquivo Público da Bahia e na conservação de seu acervo.

Dessa forma, a Auditoria recomendou a adoção de providências necessárias para


regularizar os apontamentos destacados, materializada em plano de ação, no intuito de
evitar a reincidência de tais ocorrências: que esforços e ações sejam empreendidos pelo
Governo do Estado no sentido de que sejam viabilizados os recursos necessários ao
saneamento das inconsistências evidenciadas.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 261


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

262 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


2.6 Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer
Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


– Exercício de 2014
Auditorias e Inspeções realizadas em 2015
Seção Analítica:

263
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

264 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.6 ACOMPANHAMENTO DAS DELIBERAÇÕES CONSTANTES DO


PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER
EXECUTIVO – EXERCÍCIO DE 2014

No Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo, relativas ao exercício de


2014, o TCE formulou recomendações à Administração Pública Estadual, destinadas ao
saneamento das falhas apontadas no respectivo Relatório, dentre as quais a elaboração de
“Plano de Ação, no prazo de 90 dias, com previsão de metas, identificação dos
responsáveis e os respectivos períodos de cumprimento das medidas”, visando ao
atendimento das recomendações formuladas.

Em cumprimento ao recomendado no Parecer Prévio, a Comissão Estadual de Ações


Corretivas e Preventivas de Ressalvas relativas às Contas Governamentais, criada em 2010
por meio do Decreto n° 12.474/2010, após pedido de prorrogação de prazo deferido pelo
Plenário, encaminhou a este Tribunal, em 16 de outubro de 2015, através do Ofício GASEC
n.º 253/2015, um Plano de Ação para atendimento às recomendações propostas.

Posteriormente, em 04/04/2016, foi protocolado no TCE o relatório elaborado pela citada


Comissão, sobre o estágio de implementação de cada ação proposta, o qual foi anexado ao
presente processo.

Registre-se que no Relatório das Contas do Chefe do Poder Executivo do ano anterior, foi
contextualizada a importância de apresentar medidas que visem solucionar as
recomendações, sob pena de agravamento das falhas e do comprometimento da máquina
estatal, indicando, como fonte de critério, a NAG 4000 (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010, p.
47), no sentido de que, para cada uma das recomendações e determinações emitidas no
Parecer Prévio, fossem observadas as seguintes medidas:

(i) as ações em curso;


(ii) ações a serem adotadas;
(iii) unidade responsável e pessoas designadas para tratarem da correção
das falhas e irregularidades;
(iv) metas, principalmente em relação àquelas reincidentes;
(v) prazo máximo para implementação das ações recomendadas e/ou
determinadas ou para esclarecimento das falhas e irregularidades
apontadas;
(vi) justificativa idônea para os casos em que não foi adotada nenhuma
providência para sanar as falhas e irregularidades apontadas e implantar as
ações recomendadas e/ou determinadas.

Cabe repisar, inclusive, a orientação contida no citado Relatório, o qual serviu de base para
emissão do Parecer Prévio:

É importante que os responsáveis pela administração da coisa pública


alcancem a compreensão de que o “Plano de Ação” funciona muito mais
como uma guia colocada à sua disposição para que melhor possa executar
suas ações do que como uma penalidade e/ou encargo. Em verdade,
corresponde a documento de inegável natureza estratégica, porque é
elaborado pelo próprio gestor, atentando para suas condições factíveis.

A seguir, são apresentadas as análises técnicas em derredor de cada recomendação,


ponderando, dentre outros aspectos: os esclarecimentos prestados pela Comissão; a
pertinência das ações propostas no Plano de Ação formulado; a situação atual descrita no
relatório de acompanhamento, comparativamente com as constatações das análises das
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 265
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

contas deste exercício, avaliando até que ponto cada recomendação foi objetivamente
cumprida, ou se as iniciativas demonstram que poderão ser atendidas no prazo
estabelecido.

2.6.1 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS


AO PLANEJAMENTO E GESTÃO DAS AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Implante metodologias e processos de Acompanhamento,


Recomendação 1.a
Monitoramento e Avaliação dos Programas do Plano
do Parecer Prévio
Plurianual 2012-2015, que permitam identificar e aferir os
de 2014
resultados das metas dos compromissos, além de mensurar
(itens 4.1, 4.5, 4.5.1,
os benefícios promovidos pela execução do Programa ao
4.5.2 e 4.5.3 do
público-alvo, conforme Lei Estadual no 12.504/2011 e Decreto
Relatório)
Estadual n.º 14.219/2012

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou informando:

Para o desenvolvimento da metodologia de monitoramento e avaliação


inicial do PPA 2012-2015 e capacitação dos servidores, foi contratada, em
2011, a consultoria Planus Estratégia e Gestão. Foram envolvidas no
processo todas as secretarias de estado e entidades vinculadas, com a
realização de 48 oficinas e a participação de um total de 1.127 servidores.

A metodologia foi aplicada absorvendo um conjunto de programas que


abarca cerca de 80% dos recursos orçados para o PPA – as avaliações
iniciais dos programas foram realizadas, gerando relatórios e respectivas
reuniões devolutivas para as secretarias, os planos de monitoramento foram
pactuados e, até 2013, foram realizadas 101 reuniões de monitoramento
que fomentaram o encontro dos responsáveis pelos programas.

Nesse sentido, informou as seguintes ações a serem realizadas:

1. Análise e melhoria do Processo de Acompanhamento da Ação, visando


adequações ao novo modelo do PPA 2016-2019, com respectiva
customização da ferramenta tecnológica;

2. Análise e melhoria do Processo de Monitoramento, visando adequações


ao novo modelo do PPA 2016-2019, com respectiva implantação do
submódulo de monitoramento no FIPLAN e

3. Avaliação final do PPA 2012-2015, com utilização de metodologia e


processos já implantados.

De acordo com informação apresentada pela Comissão, posição 31/03/2016, as ações 1 e 2


estão em andamento e no prazo (março/2016).

No que se refere à 3ª ação a ser executada, informa que a atividade foi concluída com a
publicação do Relatório Anual de Avaliação da Execução do PPA 2012-2015 no sítio da
SEPLAN. Entretanto, por motivo de falhas identificadas na geração do relatório, mais
especificamente no seu capítulo 2, a edição será republicada, o que ocorrerá dentro do
prazo estabelecido de maio/2016.

266 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Comentário da Auditoria:

A auditoria operacional (processo TCE/007741/2015) evidenciou que não foi implementada


a Instrução Normativa n.º 002, de 20/11/2012, que instituiu o Processo de Monitoramento e
Avaliação (M&A) dos Programas de Governo do Plano Plurianual (PPA) no âmbito do Poder
Executivo Estadual, tendo em vista que não foram elaborados o “Manual de Monitoramento
e Avaliação de Programas de Governo”, o fluxo das atividades, bem como os Planos de
Monitoramento e outros instrumentos previstos na referida instrução. As citadas avaliações
dos programas e dos indicadores decorreram de inconsistências e inadequações detectadas
no PPA 2012-2015 e que impactaram no monitoramento do Plano.

Assim, diante das situações identificadas na referida auditoria operacional, que apontam
para fragilidades estruturais na sistemática de acompanhamento, monitoramento e
avaliação do PPA, a realização das ações 1 e 2, mencionadas no Plano de Ação, são
genéricas, necessitando de melhor detalhamento para atendimento à recomendação em
comento.

Deste modo, torna-se pertinente o alinhamento dessas ações ao quanto acordado no Plano
de Ação apresentado para a auditoria operacional (processo TCE/007741/2015).

A ação 3, embora considerada como concluída com a publicação do Relatório Anual de


Avaliação da Execução do PPA 2012-2015 (RAPPA) no sítio da SEPLAN, não atende ao
proposto, pois não alcança o objetivo de identificar e aferir os resultados das metas dos
compromissos, nem o de mensurar os benefícios promovidos pela execução do Programa
ao público-alvo.

Conclusão:

Em relação às ações compromissadas, verifica-se que estas precisam ser melhor


especificadas para que produzam avanços metodológicos na avaliação dos programas de
governo. Portanto, torna-se necessário o alinhamento das ações apresentadas àquelas
acordadas no Plano de Ação da auditoria operacional na sistemática de elaboração,
acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015, processo
TCE/007741/2015, Resolução n.º 038/2016, bem como às recomendações e determinações
da auditoria operacional no Projeto de Lei do PPA 2016-2019, processo TCE/007741/2015,
Resolução n.º 039/2016.

Recomendação 1.b Realize a avaliação da eficácia e eficiência da execução dos


do Parecer Prévio Programas do Plano Plurianual, de forma a garantir a gestão
de 2014 responsável do gasto público, em conformidade com o
(itens 4.1, 4.5, disposto nos arts. 74, I e II, da Constituição Federal e 90, I e II,
4.5.1, 4.5.2 e da Constituição Estadual, considerando os indicadores neles
4.5.3 do fixados, a fim de avaliar, também, a sua efetividade como
Relatório) determina o art. 3°, §2°, da Lei Estadual no 12.504/2011

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualiza informando:

A mudança da ferramenta informacional utilizada (do SIPLAN, para o


FIPLAN), em 2012, a necessidade de implantação do Submódulo de
Acompanhamento na nova plataforma, e os esforços adaptativos exigidos
retardaram a implantação dos Submódulos de Monitoramento e de
Avaliação, voltados para o registro dos dados que permitirão à SEPLAN

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 267


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

avaliar, com consistência e confiabilidade, a execução dos Programas do


Plano Plurianual.
[...]
O conhecimento adquirido na avaliação de indicadores, bem como as
informações consolidadas no Seminário Interno, geraram subsídios para a
elaboração do PPA 2016-2019, indicando melhorias para a formulação e
modelo de governança dos programas.

Indica como ação a executar, para atendimento à recomendação: “Avaliação final do PPA
2012-2015, com base na evolução dos indicadores dos Programas”. De acordo com o
relatório de acompanhamento do Plano de Ação, apresentado pela Comissão, posição
31/03/2016, a “atividade foi concluída com a publicação do Relatório Anual de Avaliação da
Execução do PPA 2012-2015 no sítio da SEPLAN, entretanto, por motivo de falhas
identificadas na geração do relatório, mais especificamente no seu capítulo 2, a edição será
republicada, o que ocorrerá dentro do prazo estabelecido de maio/2016”.

Comentário da Auditoria:

Apesar de considerada atendida, pela Comissão, com a publicação do Relatório Anual de


Avaliação da Execução do PPA (RAPPA), deve ser destacado o reconhecimento da
SEPLAN, no próprio relatório, sobre a baixa aderência dos indicadores aos componentes
dos programas e as fragilidades no registro dos indicadores, concluindo, inclusive, que este
problema já não pode ser resolvido, mas apenas justificado, conforme descrito na introdução
do capítulo 4 do RAPPA 2015.

Conclusão:

Recomendação não atendida. O RAPPA não apresenta análise da eficácia e eficiência ou


efetividade da execução dos Programas do Plano Plurianual.

1.c) Apresente ao Poder Legislativo o Relatório de Avaliação


Recomendações
Parcial da Execução dos Programas, contemplando os
1.c e d
indicadores publicados no Plano Plurianual 2012-2015 e sua
do Parecer
evolução em relação ao seu Índice de Referência, em
Prévio de 2014
conformidade com o art. 11 da Lei Estadual no 12.504/2011;
(itens 4.5.2 e
1.d) Disponibilize os resultados dos indicadores publicados no
4.5.3 do
Plano Plurianual e as informações para seu cômputo, como
Relatório)
prevê o art. 7°, VII, a, da Lei Estadual no 12.527/2011.

Esclarecimentos da Comissão:

O Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA 2012-2014, no


seu capítulo 4, referente aos exercícios de 2013 e 2014, trata da evolução
dos indicadores. A SEPLAN publica no site www.seplan.ba.gov.br a versão
completa do Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução,
disponibilizando os dados referentes a evolução dos indicadores.

A Comissão informa, ainda, que serão executadas as seguintes ações para atendimento à
recomendação:
1. Publicação da 2ª versão, revista e atualizada, do Capítulo 4 do Relatório
Anual da Avaliação Parcial do PPA 2012-2015 – exercício 2014,
referente à evolução dos indicadores dos programas;

268 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

2. Elaboração, publicação e apresentação ao Poder Legislativo, no âmbito


do Relatório Final da Avaliação do PPA 2012-2015, da evolução dos
indicadores dos programas do PPA no quadriênio.

Comentário da Auditoria:

Para atendimento destas recomendações, foram realizadas duas ações, a republicação do


RAPPA 2014, na 2ª edição, revista e atualizada, e a publicação do RAPPA 2015. Entretanto,
da análise dos referidos relatórios, foram verificadas divergências nas informações
apresentadas referentes aos mesmos indicadores. Inclusive, há o reconhecimento do
gestor, no RAPPA de 2015, de que as fragilidades dos registros dos indicadores
ocasionaram diferentes resultados a cada publicação.

Conclusão:

As divergências e fragilidades nas informações relativas aos indicadores no âmbito do


RAPPA 2014 e do RAPPA 2015 comprometem a qualidade dos Relatórios apresentados, e,
consequentemente, o pleno atendimento da recomendação.

Recomendação 1.e Promova a participação da sociedade no processo de


do Parecer Prévio de 2014 Monitoramento e Avaliação dos Programas do Plano
(itens 4.5; 4.5.2 e 4.5.3 do Plurianual, em consonância com o art. 9° da Lei
Relatório) Estadual n.º 12.504/2011.

Esclarecimentos da Comissão:

A título de contextualização, a Comissão informou:

A Lei n.º 13.214, de 29/12/2014, instituiu o CEDETER e CODETERs, e no


art. 9º, V, instituiu também o Comitê de Acompanhamento do Plano
Plurianual – CAPPA, com a finalidade de acompanhar a execução do PPA,
da LDO e da LOA, composto por Conselheiros do CEDETER com
representantes da Sociedade Civil.

A publicação desta Lei estabeleceu melhores condições para a promoção


da participação da sociedade no processo de Monitoramento e Avaliação
dos Programas do Plano Plurianual.

Além de descrever algumas ações realizadas, estabeleceu as seguintes ações para


atendimento à citada recomendação:

1. Realização de devolutiva à sociedade, por meio dos CODETER, das


propostas advindas da Escuta Social que foram incorporadas ao PPA
2016-2019, com as justificativas das não inclusões, facilitando o
acompanhamento pela sociedade.

2. Realização de capacitação dos membros do CAPPA para o


acompanhamento da execução do PPA, junto à SMA e outras estruturas
do governo.

3. Disponibilização no FIPLAN de relatório da execução dos programas do


PPA 2016-2019 vinculados com as propostas obtidas na Escuta Social.

4. Promoção do envolvimento dos CODETER e dos Agentes de


Desenvolvimento Territorial - ADT no fornecimento de informações
qualificadas, capazes de subsidiar a SMA no monitoramento da
execução dos programas do PPA.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 269


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Comentário da Auditoria:

A não realização das ações 2 e 3, planejadas para atender à recomendação supracitada,


pode comprometer a participação da sociedade no processo de monitoramento e avaliação
do PPA 2016-2019. Quanto à ação de n.º 4, não consta informação sobre seu andamento.

Conclusão:

Recomendação não atendida. Considerando a existência de Plano de Ação para


recomendações semelhantes na auditoria operacional na sistemática de elaboração,
acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015, processo
TCE/007741/2015, Resolução n.º 038/2016, faz-se necessário alinhar as ações acordadas
nos dois Planos de Ação.

Somente altere o Plano Plurianual 2012-2015 após a


Recomendação 1.f
aprovação do Projeto de Lei de revisão encaminhado
do Parecer Prévio de 2014
ao Poder Legislativo, como determina o art. 10, §1°, da
(item 4.5.3 do Relatório)
Lei Estadual n.º 12.504/2011.

Esclarecimentos da Comissão:

As alterações ocorridas no curso do PPA 2012-2015 foram restritas às


Entregas/Iniciativas dos Compromissos, o que estava possibilitado pelo
preceito legal do § 2º, do art. 10, da Lei n.º 12.504/2011.

Comentário da auditoria:

O que se verifica na análise do § 2º, do art. 10, da Lei n.º 12.504/2011, que institui o PPA
2012-2015, é o condicionamento de toda alteração no PPA à proposição ao Poder
Legislativo de projeto de lei de revisão. Contudo, foi apontado no Relatório das Contas de
Governo, exercício 2014, que as alterações no Plano foram extensivas aos indicadores
previstos para os Programas. Ademais, verificou-se que a LOA/2015 apresenta, no Anexo I,
item Atualização do Plano Plurianual – PPA, informando as Entregas/Iniciativas Atuais,
destacando as inseridas no exercício. Entretanto, não foi verificado o encaminhamento ao
Poder Legislativo de Projeto de Lei de revisão do PPA para este fim. Esta prática foi
observada, também, nas LOAs 2013 e 2014.

Cabe registrar que a possibilidade de alteração do PPA, sem o encaminhamento ao Poder


Legislativo de projeto de lei de revisão, foi pontuada pela auditoria operacional no Projeto de
Lei do PPA 2016-2019, TCE/009393/2015, tendo resultado em alteração do artigo
correspondente e republicação da Lei n.º 13.468/2015, que institui o PPA 2016-2019, no
DOE de 08/03/2016.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

270 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Recomendação 1.g Implemente o Modelo de Governança para os


do Parecer Prévio de 2014 Programas Integrantes do Plano Plurianual 2012-2015,
(item 4.1 e 4.5 do conforme Decreto Estadual no 14.219/2012.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou que o Modelo de Governança para os Programas Integrantes do


Plano Plurianual 2012-2015, estabelecido pelo Decreto Estadual n.º 14.219/2012, foi
implementado no que tange aos Grupos Técnicos de Trabalho (art. 3º, inciso III). Com base
nos Planos de Monitoramento previamente pactuados, equipes técnicas da SEPLAN e dos
órgãos e entidades vinculadas responsáveis pelos diversos Compromissos têm se reunido
com o objetivo de proceder às atividades de monitoramento e avaliação dos Programas.

Informa, ainda, como ação a executar, a publicação de novo marco regulatório


estabelecendo o Modelo de Governança do PPA 2016-2019. De acordo com a Comissão,
posição 31/03/2016, a ação foi concluída, tendo em vista a publicação, no DOE de
31/03/2016, do Decreto 16.664/2016 instituindo o modelo de gestão do PPA 2016-2019
(Anexo 1).

Comentário da Auditoria:

A despeito da informação da Comissão, cabe registrar que os resultados da auditoria


operacional (processo TCE/007741/2015), evidenciaram que o modelo de governança
estabelecido pelo Decreto Estadual n.º 14.219/2012, não foi implementado, e que as
reuniões se deram apenas no nível técnico.

Conclusão:

Não obstante a publicação de novo marco regulatório de governança do PPA, a sua


implementação deve ser observada no exercício de 2016.

Garanta a compatibilidade entre o Plano Plurianual, a Lei


Recomendação
Orçamentária Anual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias,
1.h
conforme determina os arts. 165, §§ 2° e 7°, da Constituição
do Parecer
Federal, 159, §§ 2° e 7°, da Constituição Estadual, e 5°, 15, 16 e
Prévio de 2014
17 da Lei de Responsabilidade Fiscal, considerando, ainda, a
(itens 4.1, 4.2,
correlação necessária e direta entre as ações orçamentárias e as
4.3, 4.4 e 4.5
entregas ou iniciativas definidas no Plano, em cumprimento ao
do Relatório)
art. 6° da Lei Estadual n.º 12.504/2011.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informa que:

A análise de correlação e compatibilidade entre o PPA 2012-2015, as LDOs


e as LOAs foram realizadas nos momentos da elaboração das propostas
orçamentárias anuais. Até a LOA/2015, esta correlação estava explicitada
no demonstrativo “Quadro de Metas e Recursos do Orçamento na Estrutura
do PPA” onde, para cada programa, estavam discriminadas as ações
orçamentárias com descrições, produtos, órgão/unidade orçamentária
responsável, quantidade e valor.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 271


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Declara, ainda, as seguintes ações a serem executadas:

1. Implementação de metodologia e funcionalidade no FIPLAN, para a


definição da Ação Orçamentária que atende à iniciativa, para a LOA 2016.

2. Treinamento da Rede de Orçamento para esta nova metodologia e


funcionalidade.

O relatório de acompanhamento do Plano de Ação, posição de 31/03/2016, não apresentou


informação acerca da implementação das ações compromissadas.

Comentário da Auditoria

O “Quadro de Metas e Recursos do Orçamento na Estrutura do PPA” utilizado para a


análise de correlação entre o Plano Plurianual 2012-2015, a Lei de Diretrizes Orçamentárias
e a Lei Orçamentária Anual é insuficiente para garantir a compatibilidade entre os
instrumentos de planejamento e gestão.

Assim, a Lei Orçamentária Anual, exercício 2015, não traz a qual Entrega/Iniciativa prevista
no PPA as ações orçamentárias estabelecidas estão vinculadas, de forma a avaliar a
compatibilidade do que deverá ser executado com o planejado.

Conclusão:

Recomendação não atendida, visto que a LOA/2015 não dá publicidade à vinculação entre
as ações orçamentárias e as Entregas/Iniciativas previstas no PPA, de forma a permitir
análise da compatibilidade dos instrumentos. Cabe registrar que a ausência de publicidade
dessa vinculação foi objeto de determinação deste Tribunal, no âmbito da auditoria
operacional no Projeto de Lei do PPA 2016-2019, processo TCE/009393/2015, Resolução
n.º 039/2016.

Recomendação 1.i Cumpra as salvaguardas estabelecidas na Lei de Diretrizes


do Parecer Prévio Orçamentárias de cada exercício, que garantem a execução
de 2014 dos Programas Prioritários, diante da limitação de empenho e
(itens 4.2 e 4.3 do movimentação financeira.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

As proteções e garantias estabelecidas para as prioridades estão definidas


legalmente nas diretrizes orçamentárias e são respeitadas, tanto na
programação do PLOA quanto nos processos de modificação orçamentária
decorrentes das necessidades da execução.

Informa, ainda, no relatório de acompanhamento do Plano de Ação, posição 31/03/16, o


estágio das ações desenvolvidas para atendimento à recomendação:

1. Definição das prioridades com escopos mais delimitados, melhor


identificando os principais focos da atuação do governo, permitindo
aperfeiçoar a gestão orçamentária na salvaguarda das dotações
alocadas nas ações prioritárias. - Concluído.

272 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

2. Implementação de controles nos processos orçamentários e sistema


FIPLAN, para salvaguardar as ações vinculadas às prioridades. - Não
iniciado.

Comentário da Auditoria:

A ação 1, considerada como concluída, trata da correlação das prioridades com os


Programas e Compromissos do PPA. Entretanto, a recomendação diz respeito a
salvaguarda da LDO que garante a execução dos Programas Prioritários diante da limitação
de empenho.

A ação 2, com prazo de conclusão previsto para Jan/2016, não foi iniciada e será
reprogramada posteriormente. Ressalte-se que esta ação é relevante para salvaguardar a
preferência da execução dos programas escolhidos como prioritários. Ademais, a análise da
execução da LOA/2015 evidencia a baixa execução dos Programas do Poder Executivo,
considerados prioritários.

Conclusão:

Recomendação não atendida, tendo em vista a execução em 2015 dos programas do Poder
Executivo definidos como prioritários.

Elabore Planejamento Estratégico para o Estado da Bahia,


Recomendação 1.j
estabelecendo diretrizes, objetivos e metas a serem
do Parecer Prévio
alcançados e instituindo indicadores que auxiliem o
de 2014
monitoramento e a avaliação dos resultados esperados, de
(item 4.1 do
forma que contribua para a elaboração dos Planos
Relatório)
Plurianuais.

Esclarecimentos da Comissão:

Em 2014, a SPE realizou o projeto “Cenários Prospectivos Bahia 2030”,


cujos estudos e informações produzidas serviram de referência para definir
os principais Temas Estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico
da Bahia e as Diretrizes Estratégicas que embasaram a formulação dos
Programas de Governo do PPA Participativo 2016-2019, conforme Decreto
n.º 16.014, de 20/03/2015.

AÇÕES REALIZADAS: 1. Elaboração do documento “Cenários Prospectivos


Bahia 2030”. 2. Elaboração da Matriz Estratégica do PPA 2016-2019,
composta de Diretrizes Estratégicas, Eixo, Temas Estratégicos, Dimensões
e Indicadores Estratégicos. 3. Elaboração de um painel de Indicadores por
Temas Estratégicos que buscam revelar a efetividade das políticas públicas
no período de vigência do PPA 2016-2019.

Informa, assim, a elaboração até junho de 2017 do Plano Estratégico para a Bahia.

Comentário da Auditoria:

A ação proposta, com data para sua conclusão em junho de 2017, não indica as etapas que
serão conduzidas em 2015 e 2016, de forma a possibilitar o acompanhamento e a avaliação
do quanto recomendado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 273


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Cabe ressaltar, que um dos aspectos apontados pela auditoria operacional (processo
TCE/007741/2015) que comprometeu o processo de elaboração do PPA, foi a fragilidade da
organização administrativa da SEPLAN, em termos de estudos/diagnósticos para subsidiar o
processo de elaboração do Plano, a despeito da inexistência de um planejamento
estratégico do estado. Ademais, foram apresentados à auditoria diversos documentos que
subsidiariam o processo, ainda em forma de minuta. Ante o quadro encontrado, foi
recomendada, também pela referida auditoria, a realização de estudos/diagnósticos, com
vistas à elaboração do planejamento estratégico estadual.

Assim, quanto à elaboração do Planejamento Estratégico do Estado, observa-se que


embora a Comissão estabeleça prazo para realização até junho de 2017, o Plano de Ação
da auditoria operacional, processo TCE/007741/2015, apresenta prazo acordado para 2018.
Conclusão:
Cabe salientar a necessidade de alinhar o prazo para elaboração do planejamento
estratégico do Estado, em relação ao apresentado no Plano de Ação da auditoria
operacional, processo TCE/007741/2015, e indicar as etapas intermediárias de execução da
ação compromissada.

Recomendação 1.k Aprimore o processo de elaboração do Plano Plurianual de


do Parecer Prévio modo a contribuir para a melhor composição da lógica entre a
de 2014 Ementa, Enfoques Estratégicos, Compromissos, Metas,
(item 4.1 do Entregas e Indicadores dos Programas, considerando os
Relatório) Planos Estratégicos e Planos Estaduais Setoriais.

Esclarecimento da Comissão:

O modelo conceitual e processo adotado para a elaboração do PPA 2016-


2019 foram aprimorados em relação aos de 2012-2015, criando uma
relação mais direta e clara entre as dimensões estratégica e tática do Plano.
[…]
A composição lógica entre as Metas e Iniciativas foi aperfeiçoada de forma
significativa. A mudança de nomenclatura de "Entrega" para "Iniciativa"
melhor comunica a busca pela efetividade da ação de governo, tendo em
vista que a entrega de um bem ou serviço é apenas o primeiro passo para
que a realidade atual seja melhorada.

Comentário da Auditoria:

A Comissão considera que houve aprimoramento do processo de elaboração do Plano


Plurianual, em decorrência das modificações realizadas no PPA 2016-2019. Contudo, os
achados da auditoria operacional, processo TCE/007741/2015, anteriormente relatados,
evidenciam diversos aspectos a serem aprimorados na estrutura de planejamento do estado
para elaboração do PPA, a partir da implementação das medidas acordadas no Plano de
Ação apresentado.

Ademais a auditoria operacional realizada no Projeto de Lei n.º 21.474/2015, que institui o
Plano Plurianual Participativo (PPA) do Estado da Bahia para o quadriênio 2016-2019,
sinalizou ajustes a serem realizados no âmbito desse instrumento, de modo a não
comprometer a sua gestão.

274 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Conclusão:

Recomendação não atendida. Alinhar às ações estabelecidas no Plano de Ação da auditoria


operacional relativa ao processo TCE/007741/2015, Resolução n.º 038/2016.

Realize, a partir da Superintendência de Monitoramento e


Recomendação Avaliação da Secretaria de Planejamento, a efetiva utilização das
1.l informações produzidas pelo Monitoramento e Avaliação nos
do Parecer processos decisórios e na gestão das ações de governo,
Prévio de 2014 promovendo a articulação contínua com as demais unidades do
(item 4.5.3 do Sistema Estadual de Planejamento e as unidades da
Relatório) Administração Direta e Indireta, como dispõe o art. 13, nos
incisos de I a IX, do Decreto n.º 10.359, de 23/05/2007.

Esclarecimentos da Comissão:

Para atendimento à recomendação em comento, foram definidas as seguintes ações, com


prazo de conclusão até junho de 2017:

1. Análise e melhoria dos processos de elaboração dos instrumentos de


planejamento e do processo de monitoramento e avaliação (previsto no
item "1-a" do presente Plano de Ação);

2. Aprimoramento da integração entre os processos acima, considerando


que o processo de M&A é que promove a retroalimentação do ciclo de
planejamento; e

3. Identificação e formação das redes e subredes de planejamento


estratégico, com o aprimoramento da articulação sistêmica.

Comentário da Auditoria

As ações 1 e 2, definidas para atendimento à recomendação, configuram-se como


aperfeiçoamento dos processos de planejamento e de monitoramento e avaliação, e,
portanto, devem ser práticas constantes. A ação 3, por sua vez, é premissa para o
satisfatório desenvolvimento dos dois processos, e deve preceder a realização das
atividades. Considerando a publicação do novo marco de regulamentação da governança do
PPA, este deve ser de pronto implementado de forma a viabilizar o atendimento à
recomendação. Cabe registrar que não foram contextualizados os fatores que motivaram o
prazo para implementação das ações estabelecidas, considerado extenso pela Auditoria,
tendo em vista tratar-se de ações básicas.

Conclusão:

Recomendação parcialmente atendida.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 275


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

1.m) Garanta, a partir da Superintendência de Monitoramento e


Avaliação da Secretaria de Planejamento, suporte técnico e
metodológico às equipes dos programas do Plano Plurianual
para a obtenção dos dados para o cálculo, registro, verificação
Recomendações
e checagem dos indicadores de Acompanhamento e
1.m e n
Monitoramento do Plano Plurianual, em cumprimento ao
do Parecer
disposto no art. 6°, I, b, da Instrução Normativa n.º 002, de
Prévio de 2014
20/11/2012;
(itens 4.5, 4.5.1 e
1.n) Disponibilize um Sistema de Banco de Informações que
4.5.3 do
integre os órgãos executores e as entidades responsáveis pelo
Relatório)
acompanhamento das ações governamentais e, ao mesmo
tempo, forneça informações confiáveis, de forma organizada e
tempestiva para a implementação efetiva do Sistema de
Monitoramento e Avaliação.

Esclarecimentos da Comissão:

A Superintendência de Monitoramento e Avaliação (SMA) tem oferecido


periodicamente capacitação sobre o Processo de Acompanhamento e
assistência às setoriais e seccionais, incluindo oficinas sobre formulação e
apuração de indicadores.

O Sistema de Banco de Informação descrito na recomendação corresponde


ao Submódulo de Acompanhamento da Ação, do módulo de Monitoramento
e Avaliação, e que foi implantado no FIPLAN desde outubro de 2013,
conforme explanado no item '1-a' deste Plano.

Comentário da Auditoria:

Na contextualização para as recomendações 1.m e 1.n, foi ponderado que a capacitação


dos servidores envolvidos nos processos de monitoramento foi considerada suficiente.
Também alegou-se que o Sistema já disporia da funcionalidade requerida na
recomendação, apesar das observações constantes no relatório das contas de governo, que
foram posteriormente corroboradas através dos levantamentos efetuados no âmbito da
auditoria operacional (Processo TCE/007741/2015).

O Relatório da mencionada auditoria pontua oportunidades de melhoria no que se refere à


capacitação dos técnicos da SEPLAN, bem como desta em relação às setoriais e seccionas,
com vistas ao melhor desenvolvimento do processo de construção de programas e
indicadores. Assim como sinaliza para a deficiência nas informações do processo de
monitoramento e avaliação dos programas de governo. Cabe ressaltar as considerações
apresentadas em relação às informações disponibilizadas pelo RAPPA 2015, que compôs o
processo de prestação de contas do Chefe do Poder Executivo.

Assim sendo, os aspectos contextualizados e a ausência de propositura de ações


demonstram que a recomendação não foi adequadamente interpretada pela Comissão.

Conclusão:

Recomendação não atendida. Alinhar ao quanto acordado no Plano de Ação apresentado


para auditoria operacional na sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento
e avaliação do PPA 2012-2015, processo TCE/007741/2015, Resolução n.º 038/2016, bem
como às recomendações e determinações deste Tribunal no âmbito da auditoria operacional
no Projeto de Lei do PPA 2016-2019, processo TCE/009393/2015, Resolução n.º 039/2016.

276 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

2.6.2 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS


AO CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Recomendação 2.a Promova a integração dos setores destinados ao controle


do Parecer Prévio de interno, que deverão interagir em completa sintonia com o
2014 controle externo, em obediência aos arts. 74, caput, da
(itens 5.1 e 5.2 do Constituição Federal e 90, caput, da Constituição Estadual.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou no Plano de Ação, dentre outros aspectos, que:

[...] reconhece-se a necessidade e a importância do fortalecimento do


controle, assim como de aperfeiçoamento das estruturas e técnicas de
auditoria e a necessidade de organização formal do sistema central de
controle interno. Enquanto isso não se institucionaliza, o Poder Executivo,
por meio do seu órgão de controle interno – AGE, a partir do Decreto n.º
16.059/2015, vem articulando uma série de ações com as Coordenadorias
de Controle Interno (CCIs), de modo a dar uma maior consistência e
integração às atividades de controle.

Foram enumeradas, também, três ações objetivando atender a esta Recomendação:

1. Fortalecimento das CCIs, a partir do planejamento e execução de um


amplo Programa de Capacitação dos Coordenadores (…) com o objetivo
fundamental de desenvolver habilidades e competências(…)

2. Elaboração de Orientações Técnicas,(…) capazes de instrumentalizar os


trabalhos de controle interno realizados pelas CCIs(…)

3. Implementação na AGE de um serviço de atendimento presencial para


orientação e esclarecimento de dúvidas para membros das CCIs, de
modo a intensificar a articulação e integração com essas unidades.

Comentário da Auditoria:

As ações enumeradas sinalizam a melhoria do perfil do controle interno mediante a


capacitação das equipes das CCIs, elaboração de Orientações Técnicas e a implementação
de atendimento para tirar dúvidas destas unidades, estabelecendo como prazo, maio de
2016 para a verificação dos benefícios advindos. Entretanto, considerando-se os aspectos
comentados no corpo do Relatório das Contas de Governo e a amplitude da recomendação
consignada no Parecer Prévio, a auditoria deste TCE avalia as ações como insuficientes
para minimizar as falhas e atender ao quanto pretendido, tendo em vista que:

• em algumas secretarias/órgãos as equipes responsáveis pelo controle interno não


possuem quantitativo de pessoal compatível com a dimensão e volume das
atividades e com perfil que atenda plenamente ao definido na Orientação Técnica
AGE n.º 01/2015, quanto à qualificação profissional: formação de nível superior,
experiência na área, conhecimento dos conceitos, entre outros;

• Ações propostas não abordam de forma clara como será promovida a integração
entre as unidades, que, a princípio, requerem iniciativas adicionais além do
atendimento individualizado e a emissão de orientações, como por exemplo, o
incentivo a ações integradoras, principalmente com as unidades da administração

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 277


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

indireta, a realização periódica de fóruns de discussão dos problemas e soluções


comuns a várias secretárias/órgãos, ou relativas a temáticas específicas; e

• Não foi adequadamente indicada a forma como seria atendido o quesito “interagir em
completa sintonia com o controle externo”. Nesse sentido, a auditoria entende que,
dentre outros aspectos, poderiam ser indicados os procedimentos relacionados com
o envio, ao TCE, junto com as prestações de contas, dos relatórios produzidos pelas
diversas unidades de controle interno.

Conclusão:

Recomendação atendida parcialmente.

Avalie, por meio das recém-criadas Coordenações de


Recomendação 2.b Controle Interno, o cumprimento das metas previstas no
do Parecer Prévio Plano Plurianual, a execução dos Programas de Governo,
de 2014 bem como os resultados de eficácia, eficiência e economia
(itens 5.1 e 5.2 do da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, nos termos
Relatório) dos arts. 74, caput e I e II, da Constituição Federal, e 90,
caput e I e II, da Constituição Estadual.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou informando, dentre outros aspectos:

[…] as CCIs não são, neste momento, estruturas adequadas para o


acompanhamento das metas do Plano Plurianual e da execução dos
Programas de Governo. Entendemos que tais recomendações já estão
contempladas […] em especial nos pontos 1-a e 1-b, sob a responsabilidade
da SEPLAN [...]

Não foram indicadas ações em relação a esta Recomendação.

Comentário da Auditoria:

O Plano de Ação deixa claro que a avaliação do cumprimento das metas previstas no PPA
são de responsabilidade das APGs, no âmbito setorial, e da SEPLAN, no âmbito estadual.
Porém, a auditoria, embora corrobore com o entendimento explicitado, considera que a
revisão promovida por estas Assessorias não se revela suficiente para evitar falhas nos
procedimentos de catalogação de informações e dados para elaboração do RAPPA.

Cabe salientar, também, que o objeto da recomendação não se circunscreve


exclusivamente na atribuição desta atividade à unidade CCI ou à APG, carecendo o Plano
de Ação da indicação de quando e como as citadas Assessorias e a SEPLAN farão a
avaliação na forma requerida constitucionalmente, contemplando os aspectos de eficiência,
eficácia e economia da gestão, seja de forma setorial, por secretaria/órgão, e/ou de
transversal, por programa de governo, projeto ou atividade.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

278 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Recomendação 2.c Institucionalize o Órgão Central de Controle,


do Parecer Prévio Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e
de 2014 Convênios (OCAAF), em atendimento ao que disciplinam os
(item 5.2.2 do arts. 8°, XXII, e 153, caput, da Lei Estadual n.º 9.433/2005.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender à recomendação, o Plano indica, como unidades responsáveis, a


SAEB/SEFAZ, sendo elencadas duas ações, cujo “status”, informado pela comissão, sobre
o seu estágio de implementação, era o seguinte:

1. Criação de uma Comissão Estadual […] com a finalidade de desenvolver


ações integradas visando ao controle, acompanhamento e avaliação
financeira dos contratos e convênios do Executivo […] Com prazo de 12
meses para apresentação de resultados […]
Status: Grupo de trabalho constituído.

2. Apresentação por parte da Comissão citada no item anterior, de análise


técnica relativa à implementação do órgão previsto no inciso XXII do art. 8º
da Lei 9.433/2005. Previsto para dezembro de 2016
Status: Em elaboração o Relatório com as atividades desenvolvidas pelo
Grupo de Trabalho para desenvolvimento de estudos relacionados ao
controle, acompanhamento e avaliação financeira de contratos e convênios.

Comentário da Auditoria:
Na contextualização foram citadas algumas ações promovidas nos últimos anos,
relacionadas com o controle dos contratos e convênios, sem efetivamente se constituir
numa estrutura coordenada, como idealizado na Lei n.º 9.433/2005. As relativas ao sistema
SICON não poderiam ser consideradas, tendo em vista que o referido sistema está em
desuso desde 2012. Da mesma forma a criação das CCIs, pelo fato de tais unidades de
controle encontrarem-se em fase de implementação em diversas secretarias e órgãos.
Portanto, tais ações não revelam-se como agregadoras de benefícios, tanto em 2014 ou
mesmo em 2015, em derredor do controle, acompanhamento e avaliação dos contratos e
convênios.
Conclusão:
Recomendação atendida parcialmente.

Recomendação 2.d Garanta o pleno funcionamento do Sistema Integrado de


do Parecer Prévio Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN), corrigindo
de 2014 notadamente os problemas operacionais identificados no
(item 5.3.1 do seu Módulo de Controle de Contratos e Convênios.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender à Recomendação, o Plano indica como única unidade responsável a SEFAZ,
sendo elencadas duas ações, cujo “status”, informado pela comissão, sobre o seu estágio
de implementação, era o seguinte:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 279


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

1. Implantação do tipo de instrumento “Outros Ajustes”, o qual viabilizará o


registro e execução de instrumentos como: termo de outorga, termo de
acordo e compromisso e termo de adesão.
Status: Atividade concluída em outubro de 2015.

2. Ampliação da integração com o SIMPAS referente às informações dos


instrumentos contratuais.
Status: Atividade em andamento. Iniciado o processo de análise para
definição de requisitos, juntamente com a SAEB.

Comentário da Auditoria:

Parte dos problemas de ordem operacional foi corrigida, a exemplo da incorporação no


Sistema de outros tipos de convênios foi priorizada no exercício de 2015 e o TCE
efetivamente passou a receber, de forma sistematizada, tais informações a partir do mês de
outubro de 2015.
Em relação à integração com o Sistema SIMPAS, verificou-se à adoção de medidas pela
SEFAZ e SAEB, objetivando maior integração ao SIMPAS, através da Solicitação de
Reserva de Dotação (SRD) e Geração da Licitação, Inexigibilidade e Dispensa (LID) no
FIPLAN, sem prejuízo da ampliação da integração para novas funcionalidades.

Entretanto, a SEFAZ ainda carece de controles, seja no Sistema FIPLAN ou por meio de
soluções específicas, para o adequado acompanhamento da gestão de convênios, incluindo
o controle da inadimplência e dos repasses. Durante os exames nos saldos da conta do
Balanço Patrimonial, representativa dos repasses de recursos de convênios, ocorreram as
seguintes falhas de controle:

• Ausência de alimentação adequada dos dados, pelas unidades executoras, quanto


às efetivas prestações de contas recebidas, examinadas, homologadas, ou
reprovadas;

• Ausência de relatórios gerenciais que possibilitem aos gestores o monitoramento


quanto ao estágio de desenvolvimento das obrigações propostas nos pactos e dos
prazos de prestação de contas, dentre outros elementos convenientes à sua
adequada gestão;

• Inexistência de funcionalidades no sistema que armazenem informações sobre a


natureza das possíveis irregularidades e das providências adotadas pela
administração para sua solução consoante requerido pela Resolução TCE n.º
144/2013.

Portanto, as ações compromissadas no Plano de Ação demonstram-se suficientes para


solucionar apenas parte das falhas citadas no citado item do Relatório das Contas de
Governo.

Conclusão:

Recomendação parcialmente atendida.

280 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Recomendação 2.e Realize a alimentação sistemática do FIPLAN,


do Parecer Prévio de especificamente do Submódulo de Acompanhamento da
2014 Ação Governamental, nos termos do art. 6°, III, a, da
(item 5.3.1 do Instrução Normativa n.º 002/2012.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

No Plano elaborado pela Comissão não foram indicadas ações propostas específicas em
relação a este item, sendo contextualizado que “as APGs deverão estar à disposição das
unidades finalísticas para que estas estejam aptas a proceder de forma tempestiva a
alimentação sistemática do FIPLAN, especificamente do Submódulo de Acompanhamento
da Ação Governamental”.

Comentário da Auditoria:

No Plano foi transcrito, apenas, o trecho do Manual de Processo do citado Módulo do


FIPLAN, onde consta a atribuição, indicada na recomendação que deveria ser desenvolvida
por unidade setorial de cada secretaria, informando que as Assessorias de Planejamento e
Gestão “deverão” executá-las.
Consoante comentado no item 2.2.3.1 Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e
Finanças (FIPLAN) deste Relatório, verificou-se a ausência de alimentação adequada e
tempestiva do referido módulo do sistema.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Recomendação 2.f Promova a interligação completa do Sistema Integrado de


do Parecer Prévio Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) com outras
de 2014 ferramentas corporativas do Estado, na forma exigida pelo
(item 5.3.1 do art. 3°, IV, do Decreto n.º 14.125/2012.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

Foram enumeradas no Plano três ações objetivando atender a esta Recomendação, sendo
indicada como unidade responsável apenas a SEFAZ. Entretanto, no relatório de
acompanhamento consta o seguinte estágio (status) de andamento para quatro ações
propostas:

1. Definição dos requisitos necessários no sistema de RH.


Status: Concluída a análise e definição de requisitos.

2. Integração entre os sistemas FIPLAN e RH para geração de relatório e


arquivo eletrônico.
Status: iniciando processo de análise para definição de requisitos
juntamente com a SAEB

3. Integração entre os sistemas FIPLAN e RH para pagamento da folha.


Status: Atividade em andamento, iniciado o processo de análise para
definição de requisitos juntamente com a SAEB

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 281


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

4. Ampliação da integração com o SIMPAS (Contratos).


(Sem indicação do estágio de andamento).

Comentário da Auditoria:

As ações propostas foram definidas de forma genérica ou superficial, inexistindo a descrição


de possíveis etapas ou procedimentos, bem como a indicação das metas a serem atingidas
e o prazo previsto para sua efetivação, estando todas sob a responsabilidade da SEFAZ,
sem indicação, por unidade administrativa (superintendência, diretoria, entre outros).

Cabe registrar que a ausência, de forma clara, dos produtos, marcos ou entregas a serem
produzidas pelas unidades responsáveis, com indicação das estimativas de evolução a
serem perseguidas no tempo (trimestral, semestral ou anualmente) dificultam o
acompanhamento da evolução ou regularização do quanto recomendado.

Saliente-se que não foram indicadas as providências (ações a executar) em torno da


interligação do FIPLAN com outros sistemas, como: Sistema de Administração do
Patrimônio (SIAV), Sistema de Controle Total de Frota (CTF), Sistema de Controle de Bens
Imóveis (SIMOV) e Sistema de Apropriação de Custos Públicos (ACP).

Conclusão:

Recomendação parcialmente atendida.

2.g) publique, nos sítios oficiais do Estado da rede mundial de


computadores (internet), as informações mínimas exigidas
pelas Leis Estadual n.º 12.618/2012 e Federal n.º 12.527/2011;
Recomendações 2.h) promova a implantação e regulamentação do Comitê Gestor
2.g, h e i de Acesso à Informação, em respeito ao art. 28, caput e §6°, da
do Parecer Lei Estadual n.º 12.618/2012;
Prévio de 2014 2.i) proceda à divulgação dos vencimentos dos servidores civis e
(itens 5.4.1 e militares, bem como dos proventos dos agentes públicos
5.4.2 do aposentados e dos pensionistas, em obediência ao princípio da
Relatório) transparência, com o fim de permitir o controle social sobre os
gastos públicos e viabilizar a concretização plena do direito
fundamental de acesso à informação pública (arts. 5°, XXXIII,
§3° e 216, §2°, da Constituição Federal).

Esclarecimentos da Comissão:

Em relação ao item 2.g, a Comissão alegou que: “a primeira etapa do Projeto de Identidade
Digital do Governo foi finalizada em 22/09/2015, com 48 sítios digitais dos órgãos da
Administração Direta e Indireta do Governo do Estado da Bahia”. O aludido projeto visa
garantir a padronização de sistema e a unidade visual dos portais do Governo Estadual.
Segundo a Comissão, “além da padronização, o projeto criou um conceito de comunicação,
atendendo a critérios de acessibilidade, transparência, acesso à informação e segurança”.

No que se refere ao item 2.h, a Comissão informou que a regulamentação do CGAI


encontra-se em fase de conclusão, prevista para o final do segundo semestre de 2016.

Para o item 2.i, foi contextualizado que “Considerando o disposto na Lei de Acesso à
Informação – Lei n.º 12.527, o Estado da Bahia editou a Lei n.º 12.618/2012, regulando o
acesso às informações previstas no inciso XXXIII, do art. 5º, no inciso II do §3º do art. 37 e

282 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

no §2º do art., 216 da Constituição Federal.”. No Plano foi indicada a seguinte ação e
informado posteriormente sobre o estágio de implementação (status):

Implantação de sistema para divulgação das informações requeridas


Status: Sistema em homologação. Em função de alterações na ferramenta,
o prazo de implementação foi estendido para o 1º semestre de 2016

Comentário da Auditoria:

Não foi identificado, na resposta da Comissão, o detalhamento das etapas a serem


executadas até a conclusão do Projeto Identidade Digital, tampouco foi apresentado o
padrão que deve ser seguido pelos órgãos e entidades na elaboração dos seus sítios na
Internet para atender aos requisitos mínimos da LAI.

Cabe informar que foi decidido por este TCE (Resolução n.º 032/2016), quando da
apreciação do processo TCE/013091/2014, o dever de apresentação de novo Plano de
Ação, concernente aos pontos identificados na auditoria relativa ao cumprimento da Lei de
Acesso à Informação pelo Executivo Estadual.

Quanto à ação compromissada para o item 2.i, verificou-se que foi indicada de forma
genérica, inexistindo a descrição de possíveis etapas ou procedimentos a serem conduzidos
pelas unidades responsáveis.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Recomendação 2.j Realize a articulação com as unidades de controle interno dos


do Parecer Prévio Poderes Legislativo e Judiciário, visando à manutenção de
de 2014 procedimentos uniformes, no âmbito dos três Poderes, em
(item 5.1 do conformidade ao art. 12, III, "c", do Decreto n.º 7.921/2001.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

No Plano foi contextualizado que “A SEFAZ, por intermédio da SAF/DICOP/GECOR, vem


expedindo normativas técnicas que tem como objetivo padronizar procedimentos relativos à
gestão financeira e contábil”. Foi indicada como ação proposta “a criação de Grupo de
Trabalho com representantes dos três Poderes, MP e DP, para discussão e padronização
de procedimentos contábeis”. Entretanto, não consta no Relatório de acompanhamento o
estágio de implementação desta ação.

Comentário da Auditoria:

No que se refere a ações propostas, apenas a criação de um Grupo de Trabalho é


insuficiente para atender ao quanto recomendado, pois não há indicação de cronograma
com a descrição dos trabalhos a serem desenvolvidos, o que dificulta o acompanhamento
quanto ao adequado atendimento à recomendação.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 283


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.k) Adote providências, no âmbito de suas competências, para


institucionalizar a Controladoria Geral do Estado, com
Recomendações
autonomia, quadro de pessoal próprio e devidamente
2.k e l
instrumentalizado para atuar como unidade central de controle
do Parecer
interno, sendo capaz de avaliar a ação governamental nos
Prévio de 2014
moldes exigidos pela Carta Federal;
(itens 5.1 e 5.2 e
2.l) Realize a implementação das estruturas responsáveis pelo
5.2.1 do
exercício do controle interno nas unidades jurisdicionadas nas
Relatório)
quais essas não existam, com o objetivo de evitar a ocorrência
de falhas e fragilidades administrativas.

Esclarecimentos da Comissão:

Não foram indicadas ações no Plano de Ação. Alegou-se, dentre outros aspectos que “o
modelo institucional atualmente em funcionamento no Estado da Bahia se caracteriza por
uma estrutura descentralizada, o que não significa ausência de um sistema integrado de
controle interno”. Acrescentou-se que “o Poder Executivo, por meio da AGE, vem atuando,
priorizando auditorias preventivas; usando técnicas de avaliação de risco”. Ponderou-se,
ainda, que “O quadro apontado no presente Parecer Prévio já se encontra superado, com a
criação das Coordenações de Controle Interno (CCIs) em 20 Secretarias de Estado e a
nomeação gradativa de seus respectivos Coordenadores” e “encontram-se em franco
processo de fortalecimento e consolidação”.

Comentário da Auditoria:

Em relação aos argumentos apresentados, a auditoria entende que a institucionalização das


Coordenadorias de Controle Interno atende, parcialmente, quanto ao recomendado, pelos
seguintes aspectos:

• Em relação ao quadro de pessoal, que, atualmente, vem sendo preenchido por


pessoal nomeado para cargos comissionados, o que desfavorece a autonomia e
independência da unidade;

• em relação ao perfil dos profissionais a serem lotados na unidade, foram elencados,


na Orientação Técnica AGE n.º 01/2015, apenas “requisitos desejáveis para os
servidores”, como: formação de nível superior, experiência na área, conhecimento
dos conceitos, etc. Tais qualidades deveriam ser consideradas como fundamentais
para o desempenho de atividades de controle interno;

• em 2015, as CCIs se encontravam em fase de implementação, com o recrutamento


e treinamento de pessoal ainda não consolidado, com as equipes de trabalho em
formação em algumas secretarias e unidades da administração indireta.

Por conseguinte, apesar da discricionariedade da gestão em poder indicar a estrutura e


vinculação das unidades executoras dos procedimentos de controle interno, deveria ser
implementada de forma a privilegiar os aspectos pontuados na recomendação, mormente
em relação à sua autonomia organizacional, qualificação técnica do pessoal e rigor
metodológico no planejamento, execução e evidenciação dos procedimentos aplicados.

Conclusão:

Recomendação parcialmente atendida.

284 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Recomendação Implemente as medidas contempladas no Plano de Ação


2.m encaminhado mediante Ofício n.º 27/2013, que visam a
do Parecer Prévio aperfeiçoar o Sistema Integrado de Planejamento,
de 2014 Contabilidade e Finanças (FIPLAN), com o objetivo de
(item 5.3.1 do viabilizar o fornecimento de informações do Poder Executivo
Relatório) a este Órgão de Controle Externo.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão alegou que “Do Plano de Ação apresentado no Ofício n.º 27/2013”, foram
atendidos um conjunto de elementos, já disponibilizados ao TCE. Sendo proposta a como
única ação a “Disponibilização das remessas periódicas de informações das NFe
relacionadas aos pagamentos de credores”, e considerada, no Relatório de
acompanhamento do Plano de Ação, como concluída.

Comentário da Auditoria:

Apesar do atendimento de parte das ações pactuadas no referido plano, ainda resta
pendente a disponibilização de remessas periódicas de:

• informações complementares de convênios, a fim de atender as novas necessidades


do TCE, envolvendo: Situação, conforme atualmente registrado no FIPLAN e Motivo
da irregularidade, conforme classificação estabelecida na Resolução n.º 144/2013,
com as alterações posteriores. Deve-se ressaltar que, em relação a pendência sobre
motivo da irregularidade, apesar de a SEFAZ ter desenvolvido no Sistema rotina
para registrar tais informações, não implementou requisitos de obrigatoriedade de
seu cadastramento. Assim, em reunião técnica do TCE com a SEFAZ, em
25/11/2015, sugeriu-se vincular o controle sobre as irregularidades à liberação de
desembolsos. Até o final deste Relatório não foi apresentada solução para o controle
sobre convênios com irregularidades.

• informações complementares de convênios, a fim de atender as novas necessidades


do TCE, envolvendo: Providências adotadas pela Administração, conforme a
seguinte classificação, admitindo-se múltiplas opções: 1 – Expedição de ofício
requerendo a regularização; 2 – Interrupção de repasses; 3 – Instauração de tomada
de contas; 4 - Registro da inadimplência do convenente no sistema corporativo do
Estado; 5- Denúncia ao Ministério Público; e 6 – Ação judicial.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

2.n) articule o alinhamento técnico e gerencial entre as Secretarias


Recomendações
de Administração, da Fazenda, do Planejamento e a Casa Civil, a
2.n e o
fim de que viabilizem a interligação dos sistemas corporativos;
do Parecer
2.o) implante os Submódulos de Monitoramento e Avaliação no
Prévio de 2014
FIPLAN, com o objetivo de viabilizar a institucionalização de um
(itens 5.3.1 do
Sistema de Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação dos
Relatório)
Programas do Plano Plurianual.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 285


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Esclarecimentos da Comissão:

Em relação ao item 2.n, foi comentado no Plano de Ação que as ações estariam
contextualizadas no item 2.f, contudo, neste tópico, somente foram tratados os aspectos
inerentes ao sistema de RH.

Com referência ao item 2.o, foi comentado que as ações estariam contempladas no item 1.a
do Plano de Ação, onde são informadas ações de customização de funcionalidades do
citado submódulo.

Comentário da Auditoria:

A ausência de indicação de ações quanto ao recomendado e de argumentos que


refutassem os comentários do relatório das contas de governo comprometem a avaliação do
Plano de Ação quanto às citadas recomendações.

Conclusão:

Ações não indicadas.

Recomendação Promova melhorias nas funcionalidades dos sítios


2.p institucionais visando a estabelecer uniformidade na exibição
do Parecer Prévio das informações relativas à transparência ativa.
de 2014
(item 5.4.1 do
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender à Recomendação, o Plano indica, como unidades responsáveis a Casa Civil e
a SEFAZ, sendo informado pela comissão no Relatório de acompanhamento, que o estágio
de implementação (status) era o seguinte:

1. Divulgação dos vencimentos do executivo estadual.


Status: Sistema em homologação.
2. Produção e divulgação de novo site do Transparência.
Status: Atividade concluída.
3. Definição de sequência e cronograma de disponibilização das
informações, focando inclusive o Índice de Transparência e Cidadania
Fiscal (ITCDF)
Status: Atividade em andamento

Comentário da Auditoria:

Com relação às ações planejadas, nota-se que, além dos vencimentos não divulgados (ação
1), a produção do novo portal (ação 2) alterou apenas sua interface e modo de
disponibilização de informações. Quanto ao conteúdo a incluir (ação 3), observa-se que,
uma vez executada, a atividade atenderá parcialmente à recomendação, o que se deve à
expectativa de divulgação de convênios, prevista para junho de 2016. Quanto às
informações voltadas ao incremento do ITCDF, deve-se ressaltar seu caráter restrito e o fato
de não guardarem identidade com as exigências de transparência ativa da LAI.

Portanto, constatou-se que as alterações feitas no sítio institucional são insuficientes para
assegurar a uniformidade na exibição das informações de transparência ativa.

286 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Conclusão:

Situação não atendida quanto à ação 1, e em atendimento em relação às ações 2 e 3, cuja


realização está associada à apresentação de novo Plano de Ação, relativo ao processo
TCE/013091/2014, com vistas à garantia de que todas as informações e requisitos técnicos
exigidos pela LAI estejam contemplados no sítio institucional.

2.6.3. AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS


AOS LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

Recomendação 3.a Proceda à abertura de conta específica para movimentação e


do Parecer Prévio aplicação dos recursos para saúde, em cumprimento ao
de 2014 disposto no art. 77, §3°, do Ato das Disposições
(item 6.1 do Constitucionais Transitórias (ADCT) e no art. 16 da Lei
Relatório); Complementar n.º 141/2012.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou informando, dentre outros aspectos, que “a fonte de critério


mencionada no achado de auditoria não estabelece a obrigatoriedade de abertura de conta
bancária específica” e que inclusive a União “utiliza o mesmo procedimento do Estado da
Bahia, ou seja, o uso das contas gráficas”.

Comentário da Auditoria:

Apesar do procedimento adotado para o Fundo adequar-se ao entendimento preponderante


sobre a matéria, há de se salientar quanto à tempestividade na disponibilização dos
recursos para a saúde, a fim de não comprometer o planejamento de pagamento das
obrigações, tendo em vista ter sido observado que as liberações para o Fundo somente
ocorrem após liquidação das despesas.

Conclusão:

Recomendação atendida.

3.b) Em virtude de ter ultrapassado o limite prudencial de gastos


com pessoal, observe as vedações previstas no art. 22 da Lei
Complementar n.º 101/2000 e proceda à eliminação do
Recomendações
excedente de tal despesa como exige o art. 23, caput, do
3.b e c
mesmo diploma legal;
do Parecer
3.c) Inclua notas explicativas nos Relatórios de Gestão Fiscal a
Prévio de 2014
serem divulgados, na forma exigida no art. 55, II, da Lei
(item 6.3 do
Complementar n.º 101/2000, informando, além das medidas
Relatório);
corretivas de recondução ao limite de pessoal adotadas ou a
adotar, se o Poder Executivo se encontra amparado pela
situação prevista no art. 66 da citada Lei.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 287


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão não indicou ações específicas para a regularização do recomendado para o


item 3.b, porém informou, dentre outros aspectos, que:

As medidas adotadas […] já causaram efeitos nos gastos de pessoal,


adequando as despesas aos limites estabelecidos na Lei.
[...]
A LRF e o Manual de Relatório de Gestão Fiscal não estabelecem a
obrigatoriedade de Nota Explicativa.

Com relação ao item 3.c foi especificada no Plano a seguinte ação:


Emitir nota explicativa quando ocorrer situação de desequilíbrio nos limites
estabelecidos para despesa total com pessoal, com indicação das medidas
corretivas adotadas ou a adotar, bem como do estabelecido no art. 66 da
citada Lei.

Comentário da Auditoria:

Quanto a Recomendação 3.b, consoante comentado no item 2.3.3 Pessoal e Encargos


Sociais deste Relatório, as providências comentadas foram insuficientes para reverter a
situação de descumprimento em relação ao índice de pessoal pelo Poder Executivo.

Sobre a Recomendação 3.c, não foi identificada na publicação do relatório da LRF, relativo
ao 3º quadrimestre, inerente às Despesas com Pessoal do Poder Executivo, a indicação em
nota explicativa dos procedimentos adotados para reduzir os gastos desta natureza,
conforme previsto na legislação.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

3.d) Aperfeiçoe os controles relacionados com os registros das


Recomendações despesas com pessoal, tendo em vista o quanto determinado no
3.d e 3.e do art. 18 da Lei Complementar n.º 101/2000;
Parecer Prévio de 3.e) Elabore e divulgue as estimativas de impacto orçamentário-
2014 (itens 6.3 e financeiro para os atos normativos que tratem da criação de
6.4 do Relatório); cargos ou vantagens, conforme art. 59 da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, em relação a estes itens:


[…] a DICOP implementou no FIPLAN os seguintes subelementos:
06 – contratação direta de professores da Secretaria de Educação, em
regime de PST;
07 – Contratação direta de auxiliares administrativos, em regime de PST,
para a SEC.

[…] pode-se afirmar que estavam em estrita observância com as exigências


legais, respeitando os parâmetros fixados e metas estabelecidas,
especialmente, na LRF, LDO e LOA.
[…]

288 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Comentário da Auditoria:

No Plano não foram indicadas ações para atender às recomendações.

Quanto à Recomendação 3.d, a solução descrita na “Contextualização” atende parcialmente


ao recomendado, sendo necessária também a segregação, nos relatórios da LRF, dos
gastos considerando sua natureza, o que não se observou, a princípio, nos relatórios
quadrimestrais de 2015. Registre-se que, em pesquisa realizada no FIPLAN, o
procedimento de utilizar os subelementos citados (34.06 e 34.07) foi iniciado em agosto de
2015, não sendo identificada a reclassificação dos registros relativos a meses anteriores a
junho/2015 dos eventos comentados nas contas de governo (segregação de despesas
efetuadas inerentes às contratações de mão de obra na modalidade denominada PST).

Sobre a Recomendação 3.e, os aspectos pontuados na contextualização não são


suficientes para sanar o quanto pontuado no relatório das contas de governo.

Conclusão:

Recomendação 3.d atendida parcialmente e a recomendação 3.e não atendida.

Agilize o saneamento dos processos de concessão de


Recomendação 3.f
aposentadoria diligenciados pelo TCE/BA, contribuindo
do Parecer Prévio de
para a maior celeridade na formalização das
2014
compensações previdenciárias, a fim de evitar eventuais
(item 6.4 do Relatório);
prescrições.

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender à Recomendação, o Plano indica como unidade responsável a SAEB, sendo
elencadas apenas uma ação, cujo “status”, informado pela comissão, sobre o seu estágio de
implementação:
1. Customização do novo sistema de publicações (SISATOS).
Status: Customização da publicação do atos, concluída em março de 2016,
pendente customização com o sistema do TCE de aposentadorias.

2. Em relação a cerca de 2.200 processos […] será realizada uma gestão


sistêmica junto às Secretarias […]

3. Atuação mais direta junto às maiores setoriais (SEC e SESAB) […]


auxiliando na análise dos mesmos, diagnosticando fragilidades e propondo
melhorias.

4. Implantação do novo sistema de RH em todas as unidades do Executivo.


Prazo para 2019
Status: O novo Sistema de Recursos Humanos do Estado será implantado
em 63 unidades do Executivo. O RH Bahia contempla duas etapas de
implantação. A primeira etapa está prevista para janeiro de 2017, com foco
em oito empresas públicas e sociedades de economia mista [...]

Comentário da Auditoria:

Quanto às ações compromissadas, verificou-se que as providências, à exceção do item 1,


foram elencadas de forma genérica, inexistindo a descrição de possíveis etapas ou
procedimentos a serem conduzidos, bem como indicação precisa das unidades
responsáveis (diretorias, coordenações, superintendências, etc.), pelas metas a serem
atingidas e dos prazos previstos para sua efetivação.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 289


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Da leitura do Relatório de Acompanhamento, enviado ao TCE, em março de 2016, em


relação ao estágio de implementação das ações, verificou-se que os comentários
apresentados eram pouco elucidativos, à exceção do item 1. Em relação ao item 4, o prazo
de conclusão está previsto para 2019, o que implicaria, necessariamente, a descrição de
possíveis etapas, ou metas a serem cumpridas anual ou semestralmente, no sentido de
possibilitar o seu efetivo acompanhamento.

Tais fatores impossibilitam a avaliação do nível de implementação das ações, já que não há
a indicação de mecanismos claros que evidenciem a evolução da situação contextualizada
nas contas de governo.

Conclusão:

Recomendação atendida parcialmente.

Recomendação 3.g Amplie ou mantenha o patamar de arrecadação da receita de


do Parecer Prévio compensação previdenciária do Estado da Bahia buscando a
de 2014 cooperação dos Poderes/Órgão com o intuito de elevar o
(item 6.4 do número de servidores compensados.
Relatório);

Esclarecimentos da Comissão:

No Plano elaborado pela Comissão foram indicadas as seguintes ações propostas para
sanar esta Recomendação, atribuindo a responsabilidade apenas para a SAEB, sem
especificar os setores ou outros órgãos que porventura possuam demandas
interrelacionadas. Ademais, não há definição de prazo e metas para as mesmas.
1. Intensificação das ações de cooperação dos órgãos e Poderes do Estado
da Bahia.

2. Adoção de medidas que possibilitem retorno dos processos que se


encontram em diligência externa ao TCE/BA […]

3. Reversão dos pagamentos já cessados em razão do óbito de servidores


que deixaram dependentes habilitados como pensionistas.

Comentário da Auditoria:

Quanto às ações compromissadas, verificou-se que as providências foram elencadas de


forma genérica, inexistindo a descrição de possíveis etapas ou procedimentos a serem
conduzidos pelas unidades responsáveis, bem como das metas a serem atingidas e o prazo
previsto para sua efetivação. Ademais, no Relatório de acompanhamento, para tais ações,
verificou-se que os comentários apresentados eram pouco elucidativos, para avaliação
quanto ao estágio de evolução das ações propostas.

Tais fatores impossibilitam o acompanhamento da implementação, por não terem sido


apresentadas informações suficientes para avaliar em que medida as ações em curso serão
suficientes para sanar o quanto recomendado.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

290 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

2.6.4 AVALIAÇÃO QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES RELATIVAS


À GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL

Recomendação Realize visitas técnicas às empresas beneficiadas com


4.a incentivos fiscais, visando a monitorar se a quantidade de
do Parecer empregos gerados e os investimentos realizados estão de
Prévio de 2014 acordo com o pactuado com o Estado, na forma do art. 2º da
(item 7.3.6.2 do Portaria Conjunta n.º 78/2004, prevenindo, assim, possíveis
Relatório); prejuízos aos cofres públicos.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão indicou duas ações para esta recomendação, a seguir descritas, sendo
informado, no Relatório de Acompanhamento, o estágio de implementação (status):

1. Implantação do novo módulo de acompanhamento do Sistema de


Atração de Investimentos (SAI) para monitoramento virtual.
Status: […] o novo módulo de do Sistema de Avaliação de Investimentos
(SAI) já sofreu as validações necessárias e encontra-se disponível para as
empresas […] a SDE está promovendo visitas técnicas in loco nos três
principais empreendimentos incentivados [...]

2. Exigência do envio, pelas empresas incentivadas, de cópia da Relação


Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Balanço Patrimonial do último
exercício, de modo a convalidar as informações prestadas no novo módulo
de acompanhamento do SAI.
Status: […] as empresas já estão obrigadas a alimentar o acompanhamento
dos projetos [...]

Comentário da Auditoria:

As ações propostas sinalizam uma melhoria nos procedimentos, em termos de empregos


gerados e, possivelmente, em relação aos investimentos pactuados, contudo as ações de
visitas in loco devem ser estendidas, também, às demais empresas com projetos
incentivados. Ademais, no acompanhamento da segunda ação, deveria ser indicado o
percentual de empresas que efetivamente já alimentam a base de informação indicada.

Conclusão:

Recomendação parcialmente atendida.

Recomendação 4.b Realize o controle e o detalhamento dos recursos


do Parecer Prévio de vinculados, em conformidade com o previsto no art. 50, I,
2014 (itens 7.5, 7.5.1.1, da LRF, de forma a possibilitar a análise adequada do
7.5.1.3, 7.5.1.3.1 do fluxo dos recursos com destinação específica.
Relatório)

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão indicou duas ações para esta recomendação, de responsabilidade da


DEPAT/SEFAZ, sem especificar os setores ou outros órgãos que porventura possuam
demandas interrelacionadas, com prazos de conclusão para junho e dezembro de 2016,
sendo informado, no Relatório de Acompanhamento, o seguinte estágio de implementação
(status):

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 291


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

1. Desenvolvimento de Sistema de Controle Bancário com os módulos de


receita e despesa.
Status: Atividade em andamento. […] especificação e validação dos
requisitos implantado e protótipo, concluído c) atualmente em fase de
desenvolvimento na DT/GEDES.

2. 2.Desenvolvimento de Fluxo de Caixa.


Status: Será desenvolvido somente após a completa implantação do
Sistema de Controle Bancário.

Comentário da Auditoria:

As ações previstas, em tese, poderão atender ao quanto recomendado, porém se referem


apenas à implementação de novas funcionalidades no FIPLAN. Convêm alertar quanto às
deficiências nos controles de conciliação bancária, que deve ser objeto de aprimoramento
pois podem comprometer a eficiência das ferramentas que venham a ser implementadas
para melhoria no controle dos fluxos de recursos por fonte.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Rever as ações propostas, ampliando seu escopo, no sentido de incluir requisitos


específicos, principalmente em relação aos procedimentos de elaboração das conciliações
bancárias, periódica e tempestivamente pelas unidades/órgãos, que podem comprometer a
eficiência dos mecanismos eletrônicos de controle relativos à segregação por fonte.

Realize a implantação de rotinas administrativas e


Recomendação
procedimentos contábeis objetivando a correta evidenciação nas
4.c.1
Demonstrações Contábeis, bem como a catalogação de
do Parecer
informações complementares a serem divulgadas por meio de
Prévio de 2014
notas explicativas, quanto:
(itens 7.2 e
c.1) ao registro das despesas, considerando o regime de
7.5.9.1 do
competência de sua ocorrência, em conformidade com o
Relatório)
disposto no art. 2º da Lei n.º 4.320/1964 e o art. 50, II, da LRF.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou informando, dentre outros aspectos:

[…] salientando que o FIPLAN já possibilita o registro de despesa de


exercícios anteriores no momento do seu fato gerador.
No FIPLAN as funcionalidades RPC e ADH possibilitam o registro do
passivo por competência.
[...]

Comentário da Auditoria:

Não foram indicados no Plano de Ação, bem como no Relatório de Acompanhamento,


comentários sobre as possíveis iniciativas no sentido de atender ao recomendado.

Verificou-se, no exame das DCCEs de 2015, o aumento no registro de despesas sem a


observância do regime de competência contábil, e sem a observância das regras
orçamentárias, objeto da recomendação 4.c.1.

292 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Em relação ao definido no caput da recomendação, quanto à implantação de rotinas


administrativas e contábeis, objetivando a correta evidenciação dos fatos contábeis, e a
catalogação de informações complementares. Em relação às Notas Explicativas deste
exercício, apesar de terem sido aprimoradas, verificou-se, que ainda são insuficientes para a
adequada análise e interpretação das Demonstrações Contábeis em seu conjunto.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Incorporar ao Plano ações estruturadas que proporcionem a redução da ocorrência de


falhas nos mecanismos de reconhecimento das despesas, considerando-se não somente os
critérios contábeis, como também, as disposições orçamentárias, objetivando a melhoria na
qualidade das informações apresentadas junto à demonstrações contábeis.

Realize a implantação de rotinas administrativas e


procedimentos contábeis objetivando a correta evidenciação
nas Demonstrações Contábeis, bem como a catalogação de
informações complementares a serem divulgadas por meio de
Recomendações notas explicativas, quanto:
4.c.2, 3 e 4 c.2. às obrigações de natureza trabalhista com servidores e aos
do Parecer compromissos decorrentes de contratos de PPP, conforme
Prévio de 2014 orientações contidas na NBC T 16.10 e nos itens 02.10.00 e
(itens 7.5; 7.5.4.3; 03.02.00 do MCASP;
7.5.5.2 do c.3. à evidenciação das disponibilidades e do fluxo dos recursos
Relatório) vinculados ou com destinação específica, no Balanço Financeiro,
conforme orientação do item 05.03.00 do MCASP;
c.4. à composição e natureza das obrigações decorrentes de
convênios e instrumentos congêneres firmados com a União, na
forma da orientação da NBC T 16.7 e do item 05.08.01 MCASP.

Esclarecimentos da Comissão:

No Relatório de Acompanhamento do Plano foi informada a situação das ações propostas


(status) para estas Recomendações, da seguinte forma:
Integração com o sistema RH Bahia no tocante ao registro da despesa de
pessoal e encargos pelo regime de competência.
Status: Atividade da etapa não iniciada.

Elaboração e publicação de orientação técnica para a contabilização das


PPPs de acordo com o estabelecido no MCASP 6ª Edição.
Status: Não Atendida. Ainda em processo de Estudo. Dificuldade em
estabelecer valores dos ativos da PPP que serão incorporados ao Estado
da Bahia.

Elaboração do Balanço Financeiro de 2016, apresentando os valores por


Fonte/Destinação de Recursos.
Status: Atividade em processo inicial de análise. Foco no estudo da
funcionalidade do FIPLAN, Nota de lançamento Automático – NLA.

Expedição de Ofício circular para as unidades descentralizadas para a


realização das baixas dos valores de receitas de convênios recebidos.
Status: Atividade não iniciada.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 293


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Comentário da Auditoria:

Quanto à primeira ação indicada para o item 4.c.2, verifica-se que somente estariam
solucionadas após implantação do novo sistema de controle de elaboração da folha (RH
Bahia), com previsão para dezembro de 2019, permanecendo, sem solução nos próximos
três exercícios. A ausência de indicação das atividades a serem desenvolvidas de forma
escalonada no tempo, ou de possíveis etapas ou metas a serem atingidas pelas unidades
envolvidas na sua implementação, impossibilita a avaliação quanto ao nível de evolução da
situação existente quando da formulação da recomendação, bem como se as iniciativas em
curso proporcionarão a resolução no tempo definido.

Em relação à segunda ação, inerente à Recomendação do item 4.c.2, cabe lembrar que,
desde o exercício de 2014, a EMBASA já incorporou metodologia para registro contábil dos
efeitos decorrentes de contratos de PPP em suas Demonstrações Contábeis. Entretanto a
ação foi indicada no acompanhamento do Plano de Ação apenas como em “processo de
estudo”.

Com referência a ação para solucionar o recomendado no item 4.c.3, o Plano não indica, de
forma clara, como seria regularizada a falha objeto da Recomendação.

A ação proposta para a melhor evidenciação das obrigações inerentes aos convênios
federais, cujos saldos estão refletidos no Passivo do Estado, a previsão para corrigi-la ficou
apenas para dezembro de 2016, sem indicar quais providências seriam adotadas no
exercício de 2015.

Conclusão:

Recomendações não atendidas.

As ações propostas no Plano requerem aprimoramento no sentido de indicar de forma clara


como poderão ser atendidos os aspectos recomendados. Quando a previsão de
implementação for em prazo superior a um exercício, e com envolvimento de outros órgãos,
devem ser indicados elementos que proporcionem o adequado acompanhamento de sua
evolução, pelo menos, semestralmente, seja mediante a definição de metas ou de produtos
a serem apresentados.

Recomendação Realize a implantação de rotinas administrativas e


4.c.5 procedimentos contábeis objetivando a correta evidenciação nas
do Parecer Demonstrações Contábeis, bem como a catalogação de
Prévio de 2014 informações complementares a serem divulgadas por meio de
(item 7.5.4.2 do notas explicativas, quanto:
Relatório) c.5. à ausência de informações relevantes sobre a depreciação

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender às Recomendações, o Plano indica como unidade responsável a


DICOP/SEFAZ, sendo elencada apenas uma ação, cujo “status” informado pela comissão
sobre o seu estágio de implementação é:

Apresentação nas Notas Explicativas dos aspectos globais da depreciação.


Status: Atividade atendida no prazo.

294 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Comentário da Auditoria:

No exame das DCCEs de 2015, verificou-se a inclusão em nota explicativa de informações


sobre as taxas de depreciação utilizadas apenas para as contas de bens móveis, porém não
foram apresentadas outras informações, bem como detalhes relativos aos bens imóveis,
inclusive sobre a sua depreciação, conforme comentado no item 2.4.5.4.2 Bens Imóveis
deste Relatório.

Conclusão:

Recomendação atendida parcialmente.

Rever a ação proposta no Plano de Ação para atender ao quanto recomendado no Parecer
Prévio, pois apesar de considerada pela Comissão como “atendida”, foram identificados
aspectos que indicam não ter sido atendida em sua totalidade.

Institua procedimentos de supervisão e monitoramento pela


unidade central de contabilidade, objetivando verificar:
Recomendações 4.d.1) o cumprimento das diretrizes contábeis e a avaliação
4.d.1 e 2 quanto à adequação dos saldos apresentados nas
do Parecer Demonstrações Contábeis Consolidadas, em consonância com
Prévio de 2014 os Manuais de Encerramento do Exercício, editados pela
(itens 7.5.1; 7.5.3; SEFAZ;
7.5.9.1 do 4.d.2) a análise da variação das despesas e receitas em
Relatório) relação aos períodos anteriores, identificando os fatores que
influenciaram no resultado econômico e na gestão patrimonial,
em conformidade ao disposto no art. 85 da Lei n.º 4.320/1964.

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender às Recomendações, o Plano indica com unidade responsável a


DICOP/SEFAZ/DEPAT, sendo elencadas as seguintes ações:

d. 1 – ajustamento do registro contábil da CETREL


Status: Atividade não realizada, em fase de estudos.
d.2(i) – orientação das unidades no sentido da contabilização adequada na
conta supramencionada, como também detalhar em Notas Explicativas das
demonstrações contábeis.
d.2(ii) – análise de alternativas de solução para emitir relatórios das
empresas em conformidade com a Lei n.º 6.404/1976.

Comentário da Auditoria:

A recomendação indica a necessidade de aprimoramento das rotinas de revisão e


monitoramento das demonstrações contábeis do Estado pela unidade central de
contabilidade (DICOP), objetivando a adequada “análise e a interpretação dos resultados
econômicos e financeiros”. Entretanto, na contextualização do assunto, não foi tratada a
essência do que aborda a recomendação.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 295


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

As ações compromissadas revelam-se insuficientes para atender ao exposto na


recomendação contida no Parecer Prévio, pois os itens do relatório das contas de governo,
indicados e utilizados como referência para formular a recomendação, requerem ações mais
efetivas, objetivando sanar as falhas.

Ademais, no exame das contas de 2015, foi observada repetição de uma série de
inconsistências nos saldos contábeis em diversas contas, principalmente quanto à conta de
Investimentos e em relação aos procedimentos de consolidação.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Ampliar o conjunto de ações listadas na proposta no Plano de Ação no sentido de melhor


atender ao quanto recomendado no Parecer Prévio, pois percebe-se que a implementação
proposta não será suficiente para resolver determinados aspectos contidos no teor da
Recomendação.

Regularize as inconsistências identificadas no saldo contábil


das contas do Balanço Patrimonial Consolidado relativas:
e.1) à Dívida Ativa no montante de R$373.630 mil, em vista da
inobservância de orientações contidas no item 03.05.00 do
Recomendação MCASP;
4.e. e.2) ao Almoxarifado de Móveis de, no mínimo, R$469.689 mil,
do Parecer por deficiências nos controles internos e inobservância da NBC
Prévio de 2014 T 16;
(itens 7.5.3.1; e.3) a Obrigações a Pagar reconhecidas nas Demonstrações
7.5.4; 7.5.4.3; Contábeis de empresas controladas (R$373.308 mil) e de
7.5.7 do parcelas do ICMS e IPVA arrecadadas e não repassadas às
Relatório) prefeituras (R$432.161 mil) em razão da inobservância de
diretrizes definidas no item 02.06.04 do MCASP;
e.4) a Débitos Judiciais (precatórios), em linha com o
disciplinado no item 03.06.00 do MCASP, no valor de R$66.233
mil, no Passivo, e R$304.537 mil, na despesa orçamentária.

Esclarecimentos da Comissão:

Para atender às Recomendações, foram elencadas no Plano quatro ações de


responsabilidade da DICOP/SEFAZ, listadas a seguir, sendo indicado, no acompanhamento,
que já estariam “atendidas”:

e. 1 - Levantamento dos valores registrados para encontrar e corrigir a


diferença e adequar a Orientação Técnica 34/2013 – Procedimentos para o
registro dos procedimentos referentes à Dívida Ativa Tributária para refletir o
que determina o MCASP 6ª Edição.

e.2(i) - Apresentação em Nota Explicativa de 2015 dos critérios de avaliação


dos bens, bem como os critérios de depreciação e reavaliação;

296 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

e.2(ii) – Expedição de ofício circular DICOP às unidades descentralizadas,


chamando a atenção para o acompanhamento dos saldos destas e de
outras contas de caráter transitório

e.3 - […] será encaminhado para a CERB e a CAR, Ofícios DICOP


solicitando a correta contabilização dos valores não registrados no FIPLAN.
No tocante aos Créditos da EMBASA, EGBA e PRODEB, será
encaminhado Ofício Circular solicitando que sejam encaminhados à DICOP
até 31/10 os valores efetivamente devidos às empresas estatais citadas
para comparação dos valores levantados e subsidiar as devidas correções.

e.4 - Atualização da Orientação Técnica n.º 45/2014 para refletir o que


estabelece o MCASP 6ª edição, de forma que os valores dos precatórios
passarão a impactar o passivo, não sendo mais registrado em contas de
compensação e a despesa sendo registrada corretamente.

Comentário da Auditoria:

Na coluna “Contextualização”, foi comentado o esforço para melhorar os procedimentos


relativos ao registro dos “bens de uso comum” e da “depreciação”, aspectos que não se
referem diretamente aos objetos da recomendação. Também foram comentadas as falhas
no sistema FIPLAN para emissão de relatórios, e as rotinas de contabilização das empresas
com base na Lei n.º 6.404/76, que, a princípio, revelam-se como um empecilho à adequada
consolidação das informações oriundas das demonstrações contábeis das empresas de
economia mista.

As ações compromissadas indicam providências que solucionam parcialmente o quanto


recomendado, tendo em vista que se revelaram insuficientes para o atendimento da
recomendação formulada, consoante comentado nos itens 2.4.5.2.1 Estoque, 2.4.5.2.3.1.3
Questões contábeis da Dívida Ativa Tributária, 2.4.5.5 Fornecedores e contas a pagar a
curto prazo e 2.4.5.1.1 Disponibilidade de Caixa Bruta.

deste Relatório. Foram identificados, também, em 2015, as mesmas deficiências em


relação aos procedimentos de consolidação e cálculo de equivalência, além do não
reconhecimento de obrigações, de diferenças nos saldos nas contas de bancos e bens
permanentes, entre as DCCEs e os balanços das empresas.

Quanto aos Débitos Judiciais (precatórios), em 22/10/2015, a SEFAZ editou a OT n.º


052/2015, a fim de substituir a OT n.º 045/2014, estabelecendo os procedimentos,
elaborados considerando as disposições do MCASP, para a contabilização dos precatórios
desde o recebimento da sentença judicial (trânsito em julgado) até o pagamento efetuado
pelos Tribunais.

Conclusão:

Recomendação atendida parcialmente.

Ampliar o conjunto de ações listadas na proposta no Plano de Ação, inclusive que


compreenda, dentre os órgãos e unidades da administração direta e indireta, aqueles que
porventura tenham aspectos diretamente relacionados com a efetiva resolução do quanto
recomendado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 297


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

4.f) Restrinja as contratações temporárias de pessoal, realizadas


sob a égide do Regime Especial de Direito Administrativo (REDA),
às situações previstas no art. 37, IX, da Constituição Federal c/c o
art. 253 da Lei Estadual n.º 6.677/1994;
4.g) Implemente ações para depurar quanto dos valores
contabilizados como elemento 36 - Outros Serviços de Terceiros -
Recomendações
Pessoa Física, Subelemento 01 - Remuneração de Serviços
4.f; g; h e i
Pessoais corresponde à substituição de servidores e empregados
do Parecer
públicos, a fim de atender o art. 18, §1º, da Lei Complementar n.º
Prévio de 2014
101/2000;
(itens 6.3; 7.4.2;
4.h) Interrompa a política de contratação de pessoal, sob a forma
7.4.3 do
de Prestação de Serviço Temporário - PST, pois ofensiva ao
Relatório)
ordenamento jurídico;
4.i) Classifique as despesas com pagamentos de Prestação de
Serviço Temporário - PST, que se refiram à substituição de
servidores, bem como o percentual relativo à cota patronal, no
cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, na forma
exigida no art. 18 da Lei Complementar n.º 101/2000.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, em relação ao item 4.f:


O quantitativo de contratos vem sendo substituído na medida do possível
por pessoal estatutário.
[…] o provimento de vagas no interior do Estado das carreiras que
requerem conhecimento e formação específicos é sempre muito difícil,
quase inviável […]
A administração vem atuando para reduzir, de maneira significativa essa
modalidade de vínculo (PST), sem contudo, interromper as atividades
finalísticas, primordiais para a população.
[…]

No Plano apresentado foi informado que as demais recomendações estariam solucionadas


com as medidas elencadas para os itens 3.f e 3.d, os quais foram objeto de comentários
anteriormente.

Comentário da Auditoria:

Quanto à recomendação 4.f, o Plano de Ação indica que a responsabilidade pela execução
das ações é da Casa Civil e da SAEB. Em relação aos itens 5.g e 4.i, atribui
responsabilidade à SEFAZ e, à SAEB, em relação ao item 4.h. Entretanto não foram
atribuídas metas ou prazos para sua consecução. Os esclarecimentos e justificativas para
as contratações mediante o Regime Especial de Direito Administrativo (REDA) e pelo
sistema de Prestação de Serviço Temporário (PST) se apresentam de forma genérica, não
sendo indicadas ações e/ou procedimentos a serem deflagrados pela Administração, a(s)
unidade(s) administrativa(s) responsável(eis) pela coordenação ou implementação das
ações, bem como a estimativa numérica de redução das contratações no tempo,
quadrimestralmente, semestralmente ou anualmente.

No relatório de acompanhamento das ações relativas ao Plano de Ação, apresentado a este


TCE em março de 2015, não foi indicado o “status” do quanto foi implementado.

298 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Quanto aos reflexos contábeis, verificou-se o aperfeiçoamento dos mecanismos de registro,


mediante a utilização de rubrica contábil própria para os gastos com o pagamento dos
denominados “PST”.

Conclusão:

Recomendações atendidas parcialmente.

As ações propostas no Plano requerem aprimoramento no sentido de indicar, de forma


clara, como poderão ser atendidos os aspectos recomendados. Ademais, quando a previsão
de implementação seja em prazo superior um exercício, e com envolvimento de outros
órgãos, devendo apresentar elementos que proporcionem o adequado acompanhamento de
sua evolução, pelo menos semestralmente, seja através de metas ou de produtos a serem
apresentados.

Promova, nos sistemas de controle financeiro dos convênios, a


Recomendação
incorporação de mecanismos que possibilitem o adequado
4.j.
acompanhamento das prestações de contas dos recursos
do Parecer
repassados por convênios ou instrumentos assemelhados
Prévio de 2014
firmados pelo Estado com entidades governamentais e não
(item 7.5.2.2 do
governamentais, em consonância com as disposições da
Relatório)
Resolução TCE/BA n.º 144/2013 e do art. 93 da Lei n.º 4.320/1964.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos que foi “restabelecida a carga diária para o
TCE/BA, contemplando as informações de inadimplência dos convenentes do Estado
registrados no FIPLAN”.

No relatório de acompanhamento das ações relativas ao Plano de Ação, apresentado a este


TCE em março de 2016, foi indicado o seguinte “status” para as duas ações propostas:
Disponibilização na internet de consulta da regularidade dos convenentes.
Status: Atividade atendida desde o mês de fevereiro/2016

Desenvolvimento de relatório detalhado no FIPLAN para acompanhamento


das inadimplências dos convênios.
Status: Atividade iniciada. Em processo de especificação de requisitos. O
relatório detalhado deverá compor o ambiente Transparência Bahia.

Comentário da Auditoria:

Embora a Comissão informe a remessa regular das bases de dados ao TCE sobre as
informações constantes no FIPLAN quanto aos convênios, existem funcionalidades
implementadas, como as informações sobre a apresentação das prestações de contas pelos
convenentes, que não vêm sendo alimentadas adequadamente pelos jurisdicionados. Além
disto determinadas informações requeridas na Resolução n.º 144/2013 do TCE, cujas
funcionalidades ainda não foram implementadas no FIPLAN, impossibilitam o adequado
acompanhamento dos recursos repassados para prefeituras e instituições sem fins
lucrativos, por meio de convênios, mormente em relação à inadimplência.

As ações citadas não são suficientes para a regularização dos aspectos relacionados ao
adequado controle e gerenciamento dos recursos repassados através de convênios ou
termos assemelhados. Ademais, conforme comentado no item 2.4.5.2.2 Demais créditos a
curto prazo deste Relatório, permaneceram, em 2015, as falhas de controle interno que
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 299
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

comprometem a avaliação quanto à gestão do Estado, relacionadas com os pactos desta


natureza.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

No Plano de Ação, não foram indicadas ações estruturadas que proporcionem a redução da
ocorrência de falhas contábeis e melhorem a qualidade nos procedimentos, mormente em
relação ao acompanhamento e controle das prestações de contas dos convênios e
consequentemente na apresentação das rubricas representativas dos ativos e despesas
relacionados a estas ações de governo.

Recomendação Realize a apuração da natureza e da origem das operações


4.k. representativas dos saldos apresentados nas Demonstrações
do Parecer Contábeis Consolidadas do Estado – Exercício de 2014 nas
Prévio de 2014 contas de Créditos a Receber do FCVS, Créditos Tributários a
(item 7.5.2.3 do Receber e Investimentos e Aplicações de Longo Prazo, em
Relatório) consonância com o art. 85 da Lei n.º 4.320/1964.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, que:


[…] a conta de Créditos a Receber do FCVS representa títulos da Caixa
Econômica Federal, oriundos da empresa em liquidação URBIS, […]

Com relação às outras contas, estamos analisando os respectivos saldos


para adequá-los neste exercício.

No Relatório de Acompanhamento das ações relativas ao Plano de Ação, apesar de prevista


o atendimento à recomendação para dezembro de 2015, a única ação proposta de
“Adequação dos valores dos créditos a receber de FCVS” indicava que esta atividade
encontrava-se “em fase de análise”.

Comentário da Auditoria:

A ação proposta é insuficiente para atender à recomendação, tendo em vista que esta
decorre da ausência de análises e informações em relação às três contas, conforme
comentado no item 2.4.5.2.3 Outros Valores Realizáveis a Longo Prazo deste Relatório, não
sendo indicadas providências para as demais contas.

Cabe salientar quanto à necessidade do desenvolvimento de ações objetivando a


identificação da origem dos registros na conta de Investimento e Aplicações de Curto prazo
– Títulos e Valores Mobiliários (1.2.1.3.1.01.00.00), cujo saldo era de R$348 milhões.
Ademais, consoante previsto no Manual de Contabilidade do FIPLAN, esta rubrica deve
refletir “aplicações de recursos em títulos e valores mobiliários, [...] resgatáveis após os doze
meses seguintes a data da publicação das demonstrações contábeis”.

300 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Conclusão:

Recomendação não atendida.

No Plano de Ação, não foram indicadas ações estruturadas que proporcionem a redução da
ocorrência de falhas contábeis e melhorem a qualidade nos procedimentos de revisão e
elaboração das análises e, consequentemente, das demonstrações contábeis, além de
outras providências como a apuração das responsabilidades por descumprimento de
normas.

Recomendação 4.l. Reconheça a EBAL como estatal dependente na


do Parecer Prévio de 2014 forma estabelecida pelo art. 2°, III, da Lei
(item 7.5.3.1 do Relatório) Complementar n.º 101/2000.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, sobre as disposições do Estado de alienar o controle acionário da


Empresa e, quanto a interpretação dos efeitos decorrentes do procedimento em uso que
“conforme estudos efetuados nas Demonstrações Contábeis daquela empresa, sua
classificação no grupo de estatal dependente provocaria um aumento da Receita Corrente
Líquida de forma artificial”.

Comentário da Auditoria:

As ponderações apresentadas destacam a divergência de entendimento quanto ao


tratamento da EBAL como estatal dependente. Saliente-se que apesar de o procedimento
adotado se revelar mais prudente, encontra-se em desconformidade com a legislação.

A perspectiva de alienação da participação no capital da empresa para 2016 modifica o


tratamento contábil em relação a este investimento, não sendo oportuno a ponderação
quanto ao mérito de ser, ou não, estatal dependente.

Conclusão:

Recomendação considerada não aplicável, em face da perspectiva de alienação do capital


da Empresa.

Recomendação Implemente procedimentos contábeis e administrativos


4.m. destinados a apurar os riscos e a relevância dos desembolsos
do Parecer futuros, quando do desfecho das contingências, e consequente
Prévio de 2014 reconhecimento contábil no Passivo e/ou divulgação em Nota
(item 7.5.8.2 do Explicativa, consoante orientação da Resolução CFC n.º
Relatório) 1.111/2007 e do item 06.03.03 do MCASP.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 301


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, que:

[…] o FIPLAN já se encontra devidamente preparado para efetuar o


registro dessas contingências […]
A PGE, por sua vez, já efetua o controle das demandas em curso, de
modo a fornecer subsídios para a avaliação e registro contábil dessas
contingências […]
A partir de 2013, com o início da implantação do sistema de gerenciamento
(COCAP) houve um acentuado avanço nesse controle, que será aprimorado
com a reestruturação do COCAB. (Grifou-se)

No Plano de Ação elaborado pela Comissão, foram propostas três ações relativas à:
contratação de consultoria para desenvolvimento de sistemática de cálculo para aferição
mais precisa do impacto financeiro de todas as demandas; implantação de relatório de
contingenciamento a partir da revisão do COCAP; articulação PGE/SEFAZ para definição de
procedimentos adequados, em conformidade com as NCASP, sem, contudo especificar as
metas ou prazos para atendimento parcial ou total da recomendação.

No relatório de acompanhamento das ações relativas ao Plano de Ação, foram


contextualizadas algumas iniciativas adotadas no ano, porém, também sem especificar
prazos ou metas que possivelmente pudessem ilustrar o estágio de implementação das
ações propostas.

Comentário da Auditoria:

Nas ações compromissadas não ficaram estabelecidos os cronogramas de implementação


subentende-se que, somente após a contratação de consultoria, seria possível obter as
informações para subsidiar as informações contábeis.

Resta comprometida a avaliação do impacto das ações em relação ao quanto recomendado,


em virtude do não estabelecimento de prazo para a implementação, bem como do
detalhamento do quanto será requerido na contratação da consultoria e nas informações
que conterá o relatório a ser gerado pelo COCAP.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

No Plano de Ação, não foram indicadas ações estruturadas que proporcionem a redução da
ocorrência de falhas contábeis e melhorem a qualidade nos procedimentos, mormente em
relação ao levantamento das contingências com perspectivas de possíveis desembolsos
futuros a serem efetivados pelo Estado. A ausência de informações e avaliações de tal
natureza compromete a análise quanto aos potenciais passivos existentes, e em que
medida poderão impactar o caixa do Estado.

302 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

4.n) Proceda ao aprimoramento da metodologia de elaboração


das Notas Explicativas relativas ao Balanço Patrimonial e às
Recomendações Demonstrações das Variações Patrimoniais (DVP) em linha com
4.n, o e p as diretrizes definidas pela NBC T 16.7 e o item 05.08.00 do
do Parecer MCASP;
Prévio de 2014 4.o) defina cronograma para implantação efetiva do sistema de
(itens 7.1; 7.2; apropriação de custos, em observância ao disposto no art. 50,
7.4.3.1 do §3º, da LRF;
Relatório) 4.p) constitua provisão para reserva técnica, sugerida pelos
cálculos atuariais, para a cobertura do plano de Saúde dos
Servidores Públicos Estaduais – PLANSERV.

Esclarecimentos da Comissão:

No Plano de Ação elaborado pela Comissão, em relação às recomendações 4.n e 4.p, foram
propostas ações no sentido de Elaborar as Notas Explicativas nas DCCEs de 2015. Em
relação ao item 4.o, foram indicadas duas ações relativas à consolidação do custeamento
de unidades administrativas e ao custeamento de programas de governo, tendo por prazo
de atendimento os meses de junho de 2016 e junho de 2019, respectivamente.

Comentário da Auditoria:

As ações propostas foram consideradas como pertinentes para atender ao quanto


recomendado. Contudo, não foi especificada, no Relatório de Acompanhamento
apresentado, a situação das possíveis etapas de implementação. Para atender ao
recomendado, foi estabelecido prazo superior a um ano. Ademais, nos exames promovidos
nas DCCEs de 2015, não foram identificadas as informações em comento nas Notas
Explicativas, bem como a existência de registros suficientes para atender ao quanto
recomendado.

Em relação à implementação do sistema ACP, cabe salientar que, apesar de corroborar com
o entendimento quanto à sua complexidade e natureza inovadora, tal sistema está em
desenvolvimento há mais de dez anos, sem que tenha produzido resultados efetivos.

Conclusão:

Recomendações não atendidas.

As ações propostas no Plano requerem aprimoramento no sentido de indicar de forma clara


como poderão ser atendidos os aspectos recomendados. Quando a previsão de
implementação seja em prazo superior a um exercício, e com envolvimento de outros
órgãos, devem ser indicados os elementos que proporcionem o adequado acompanhamento
de sua evolução, pelo menos semestralmente, seja mediante a definição de metas ou de
produtos a serem apresentados.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 303


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Recomendação 4.q. Realize levantamento dos ativos intangíveis, bem como


do Parecer Prévio de dos imóveis, objetivando o registro contábil adequado
2014 das reavaliações promovidas das obras em andamento já
(itens 7.5.4.2; 7.5.4.3 do concluídas, dos bens de uso comum e dos bens
Relatório) decorrentes de contratos de PPP.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, que:

[…]
já foi procedida a regularização de parte do patrimônio do Instituto Mauá e
do DERBA […]
Nas ações de regularização de imóveis do Estado, é notável a insuficiência
de referências em documentos […] Atualmente, estão cadastrados 7.422
imóveis, sendo 4.163 a legalizar e 3.259 legalizados.
A DICOP vem desenvolvendo estudos no sentido de adequar a
contabilização do Ativo não Circulante das Empresas dependentes no
Balanço Consolidado do Estado.
[…]

No Plano de Ação apresentado foi indicada como única ação a “Adequação do Sistema
FIPLAN para consolidar a contabilidade das empresas estatais dependentes.”, tendo prazo
de conclusão para dezembro de 2018 e como unidades responsáveis SAEB/SEFAZ/PGE.

No Relatório de Acompanhamento deste Plano, protocolado ao TCE/BA em março de 2016,


não foram indicadas iniciativas adotadas nem o estágio de implementação da ação
proposta.

Comentário da Auditoria:

A recomendação decorre de inconsistência nos saldos contábeis apresentados para as


rubricas de ativos intangíveis e imóveis, principalmente em relação a determinados
aspectos, verificados também no exame das contas de 2015.

Foram destacados esforços pontuais sobre o levantamento e a situação jurídica relativa à


posse dos imóveis, somente relativos às edificações em algumas autarquias e empresas, e
indicadas dificuldades para a legalização dos imóveis/edificações. Comenta-se, também,
que em relação aos imóveis/edificações das empresas do Estado, a implementação dos
controles, principalmente em relação aos aspectos contábeis, ainda se encontra na fase de
“estudos”.

Considerando-se o volume de bens e a diversidade de situações a serem enfrentadas para


a melhoria dos controles relacionados aos imóveis, os quais não se restringem apenas às
edificações, nas ações propostas verificou-se a ausência do escalonamento em etapas,
fases ou conjunto de procedimentos, tanto no sentido de delinear as responsabilidades
pelos diversos setores envolvidos, como também em relação aos prazos para sua
implementação. Portanto, as ações consignadas no Plano de Ação são insuficientes para
atender à recomendação, bem como impossibilitam o acompanhamento da sua
implementação.

304 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Registre-se que não foi apresentada ação para as seguintes situações:

• Individualização dos registros que compõem o saldo de “obras em andamento”,


tendo em vista que provavelmente algumas já estão concluídas;
• levantamento dos bens de infraestrutura (bens de uso comum); e
• Adequada apresentação no balanço dos bens intangíveis.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

A ação proposta no Plano requer aprimoramento no sentido de indicar, de forma clara, como
poderão ser atendidos os aspectos recomendados, considerando-se principalmente ser sua
implementação prevista para 2018 e com envolvimento de várias secretarias/órgãos. Nesse
sentido, deveriam ser indicados elementos que proporcionassem o adequado
acompanhamento de sua evolução, pelo menos, semestralmente, seja mediante a definição
de metas ou de produtos a serem apresentados.

Recomendação 4.r. Promova o aperfeiçoamento dos procedimentos de


do Parecer Prévio de cobrança relacionados com os créditos tributários
2014 registrados na Dívida Ativa, tendo em vista a baixa
(item 7.5.2.3.2.1 do performance observada em 2014 na recuperação de tais
Relatório) créditos.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão contextualizou no Plano de Ação, dentre outros aspectos, que “[...] as medidas
que começaram a ser adotadas a partir de 2013 tendem a apresentar resultados graduais
ao longo do tempo e, portanto, espera-se que, nos próximos exercícios, essa performance
seja melhorada [...]”. Comenta, também, sobre a realização de mutirão entre os
procuradores da PGE e constituição “[...] de uma comissão permanente de estudo e de
proposição de medidas pertinentes.”. Entretanto, não foi estabelecido prazo para
atendimento à recomendação, nem enumeradas ações que pudessem ser acompanhadas
pelo TCE no sentido de avaliar o nível de atendimento ao quanto proposto na
Recomendação

No Relatório de Acompanhamento deste Plano, protocolado no TCE/BA em março de 2016,


não foram indicadas iniciativas adotadas nem o estágio de implementação da ação
proposta.

Comentário da Auditoria:

Os aspectos contextualizados no Plano demonstraram iniciativas no intuito de obter


melhores resultados na gestão da DAT. Na execução dos trabalhos relativos à Divida Ativa
referentes ao exercício de 2015, pode-se verificar que as medidas já implantadas e,
principalmente, a cooperação e o trabalho conjunto que, segundo informa a SEFAZ, estão
ocorrendo, representam certamente um avanço em relação à gestão da Dívida Ativa
Tributária do Estado, no rumo que tem sido recomendado por esta Casa. Entretanto, não
foram apresentadas, objetivamente, as ações e seu impacto direto na solução do problema,
de modo a permitir a aferição dos resultados.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 305


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Conclusão:

Recomendação sem ação proposta.

O Plano de Ação deve indicar, de forma clara, como poderão ser atendidos os aspectos
recomendados, de forma a proporcionar o adequado acompanhamento de sua evolução,
pelo menos semestralmente, seja mediante a definição de metas ou de produtos a serem
apresentados, indicando em cada etapa os possíveis órgãos diretamente responsáveis pela
sua implementação.

4.s) Continue os estudos relacionados com as políticas de


Recomendações seguridade e previdência social, objetivando garantir os
4.s e t. compromissos do Estado da Bahia com a sustentabilidade dos
do Parecer fundos de previdência dos servidores públicos estaduais e o
Prévio de 2014 equilíbrio do sistema previdenciário, em conformidade com a Lei
(item 7.5.8.1 do n.º 9.717/1998;
Relatório) 4.t) Aperfeiçoe os controles relacionados com o Patrimônio do
FUNPREV, de forma a subsidiar a avaliação atuarial.

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou no Plano de Ação sete ações já realizadas, dentre as quais a Edição
da Lei Complementar n.º 42, a criação, em 2013, de Grupo de Trabalho “responsável por
aperfeiçoar ações de auditoria sobre a folha de pagamento de previdência estadual e a
edição em 2015 da Lei n.º 13.222. Indica o Plano como “Ações em andamento” o
“Encaminhamento do Projeto de Lei n.º 21.435/2015 à Assembleia, sobre a alteração de
regras de pensão por morte”. Em relação ao item 4.t, informou que “a SAEB/SUPREV
adotou o procedimento de controle e comparação das informações […] evitando assim a
ocorrência de divergências como as apontadas em 2013 e 2014”, sem contudo indicar ação
específica para seu atendimento.

No Relatório de Acompanhamento deste Plano, o “status” desta única ação proposta foi a
“Publicação da Lei 13.447, em 08 de outubro de 2015, estabelecendo novas condições e
prazos para a concessão do referido benefício”.

Comentário da Auditoria:

As recomendações indicam a necessidade de aprimoramento de mecanismos relacionados


com a saúde financeira e o equilíbrio econômico dos fundos de previdência estaduais.
Entretanto, a abordagem dos comentários e ações propostas não adentram no mérito do
quanto recomendado, tratando apenas de aspectos pontuais, que se revelam insuficientes
para atendimento dos aspectos principais em derredor da gestão dos citados fundos. A
princípio, percebe-se que a Comissão considerou as recomendações como atendidas.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

Devem ser ampliadas as ações na proposta de Plano de Ação no sentido de melhor atender
ao quanto recomendado no Parecer Prévio, pois, a implementação do quanto proposto não
será suficiente para resolver determinados aspectos contidos no Recomendação.

306 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Proceda a avaliação quanto aos benefícios e as implicações da


Recomendação
repactuação do valor das contraprestações a vencer no Contrato
4.u.
de PPP n.º 02/2010, firmado entre a SETRE e a FNP Participações
do Parecer
S.A., mediante encontro de contas e a quitação antecipada da
Prévio de 2014
dívida dessa empresa junto ao FUNDESE, relativa ao contrato de
(item 7.5.5 do
financiamento da obra de reconstrução da Arena Fonte Nova,
Relatório)
tendo em vista a perspectiva de economia para o Estado.

Esclarecimentos da Comissão:

Consta no Plano de Ação, dentre outros, os seguintes comentários:

Foram apresentadas ponderações sobre interpretação do texto do art. 35 da


LRF, sobre acórdãos do TCU que tratam de restrições definidas pelo MP,
além de ser cogitada a possibilidade, em caso de alteração contratual, de
anuência prévia de outros credores da FNP.

A realização da avaliação dos benefícios desta proposta, inclusive eventual


contratação de empresa especializada para tal, deverá ser precedida da
análise jurídica dos pontos levantados.

No Plano, assim como no Relatório de Acompanhamento, inexistem comentários sobre as


providências porventura adotadas pela SEFAZ ou PGE, no sentido de atender ao quanto
recomendado.

Comentário da Auditoria:

A ausência de proposição de ações inviabiliza a avaliação de como e quando a


recomendação poderá ser atendida, haja vista que nem mesmo foi indicada a ação no
sentido de requerer a manifestação sobre a matéria junto aos órgãos envolvidos no
gerenciamento deste contrato de PPP, quais sejam: o Comitê Gestor das PPPs, a SETRE, a
SUDESB ou mesmo a DESENBAHIA.

Conclusão:

Recomendação sem indicação de ação.

Plano de Ação considerado insuficiente, por inexistir indicação de metas e prazos para o
atendimento à Recomendação.

4.v) disponibilize no FIPLAN ferramenta que possibilite assegurar


quanto ao uso das disponibilidades de caixa pelo Estado,
Recomendações
segregado por fonte;
4.v e w
4.w) elabore um plano de recomposição das fontes não
do Parecer
vinculadas, associada a uma gestão orçamentária e financeira
Prévio de 2014
mais eficiente e inclua dispositivos específicos nas normas de
(item 7.5.1.1 do
encerramento de exercícios, com diretrizes e procedimentos para
Relatório)
prevenir ou minimizar os desequilíbrios entre as fontes de
recursos do Estado.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 307


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Esclarecimentos da Comissão:

A Comissão informou, dentre outros aspectos, em relação ao item 4.v, que “O FIPLAN
possui os relatórios FIP 215, 215A e 630, com plenas condições de evidenciar as
movimentações dos recursos segregados por fonte/destinação de recursos” e que “foi
publicado o Decreto n.º 15.924 de 06/02/2015, que estabelece diretrizes para execução
orçamentária”, e quanto ao item 4.w que, “desde 2013, vem ocorrendo uma ação
permanente no sentido de recompor o saldo da Destinação de recurso 100, com relação aos
recursos não vinculados”.

No Relatório de Acompanhamento das ações relativas ao Plano de Ação, apresentado a


este TCE em março de 2016, indica o seguinte “status” para as duas ações propostas:
Criação de relatório para evidenciar o suprimento entre as fontes.
Status: Atividade já atendida.

[…] Acompanhamento para prevenir que as fontes não vinculadas


apresentem desequilíbrios e consequentemente não requeiram
recomposição.
Status: Em andamento.

Comentário da Auditoria:

Apesar de na contextualização ter sido ponderada a existência de relatórios que supririam o


quanto recomendado, foi pactuada a criação de novo relatório, o qual ainda não foi objeto de
avaliação pela auditoria.

Em relação ao plano de recomposição das fontes, as ponderações indicam a preocupação


da Administração em torno do assunto. Contudo, não foram indicadas ações efetivas,
visando atender à recomendação, bem como não foi estabelecido prazo.

Conclusão:

Recomendações atendidas parcialmente.

O Plano de Ação não indica, de forma clara, como poderão ser atendidos os aspectos
recomendados, de forma a proporcionar o adequado acompanhamento de sua evolução,
pelo menos, semestralmente, mediante a definição de metas ou de produtos a serem
apresentados, indicando em cada etapa os possíveis órgãos diretamente responsáveis pela
sua implementação.

308 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

Apresente a este Tribunal, no prazo de 180 (cento e oitenta dias),


estudo técnico para implementação de sistema de informática em
plataforma web que permita o acompanhamento on-line de todos
os convênios e outros instrumentos jurídicos utilizados para
transferir recursos estaduais a outras entidades, governamentais
e não governamentais, que possa ser acessado por qualquer
cidadão via rede mundial de computadores, contendo
Recomendação informações relativas aos instrumentos celebrados,
4.x do Parecer especialmente os dados da entidade convenente, o parlamentar e
Prévio de 2014 a emenda orçamentária que alocaram os recursos, se houver, o
(item 7.5.2.2 do objeto pactuado, o plano de trabalho detalhado, inclusive custos
Relatório) previstos em nível de item/etapa/fase, as licitações/contratações
realizadas com dados e lances de todos os fornecedores, o status
do cronograma de execução física com indicação dos bens
adquiridos, serviços ou obras executados, o nome, CPF e dados
de localização dos beneficiários diretos, quando houver, os
recursos transferidos e a transferir, a execução financeira com as
despesas executadas discriminadas analiticamente por
fornecedor.

Esclarecimentos da Comissão:

Foi estabelecido no Plano de Ação, como meta, a criação de grupo de trabalho para
desenvolvimento do estudo técnico, o qual, segundo o Relatório de Acompanhamento do
Plano, foi constituído através da Portaria Conjunta SAEB/SEFAZ/PGE n.º 001, de
22/12/2015.

Comentário da Auditoria:

A ausência de cronograma detalhado das ações e do que será deliberado pelo citado Grupo
de Trabalho inviabiliza a avaliação quanto à possibilidade de atendimento da
recomendação. Em que pese a instituição de Grupo para apresentação do estudo, conforme
recomendação do TCE, nota-se que sua instituição ocorreu no final do prazo de 180 dias.
Ademais, foi definido prazo adicional para apresentação de relatório, por meio de Portaria.

Conclusão:

Recomendação não atendida.

O Plano de Ação não indica, de forma clara, como poderão ser atendidos os aspectos
recomendados, de forma a proporcionar o adequado acompanhamento de sua evolução,
pelo menos, semestralmente, mediante a definição de metas ou de produtos a serem
apresentados, indicando em cada etapa os possíveis órgãos diretamente responsáveis pela
sua implementação.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 309


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.6.5 RESUMO DO ACOMPANHAMENTO DO PLANO DE AÇÃO

Da análise do Relatório de Acompanhamento das ações propostas no Plano de Ação,


apresentado pela Comissão coordenada pela AGE, foi elaborado o seguinte Quadro
resumo, que indica o nível de implementação das deliberações constantes do Parecer
Prévio do Tribunal de Contas do exercício de 2014:

Quadro 17 – RESUMO DO ACOMPANHAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DO PLANO


DE AÇÃO
ITENS DAS SECRETARIAS NÍVEL DE ATENDIMENTO AO QUANTO RECOMENDADO
RECOMENDAÇÕES RESPONSÁVEIS
Quanto ao planejamento e gestão das ações de políticas públicas
1.a Parcial
1.b Não atendido
1.c Parcial
1.d Parcial
1.e Não atendido
1.f Não atendido
1.g Não atendido
SEPLAN
1.h Não atendido
1.i Não atendido
1.j Parcial
1.k Não atendido
1.l Parcial
1.m Não atendido
1.n Não atendido
Quanto ao controle interno da administração pública
2.a Parcial
SEFAZ
2.b Não atendido
2.c SAEB/SEFAZ Parcial
2.d SEFAZ Parcial
2.e SEPLAN Não atendido
2.f SEFAZ Parcial
2.g Não atendido
CASA CIVIL
2.h Não atendido
2.i SAEB Não atendido
2.j SEFAZ Não atendido
2.k CASA CIVIL Parcial
2.l CASA CIVIL/SEFAZ Parcial
2.m Não atendido
SEFAZ
2.n Sem indicação de ação
2.o SEFAZ/SEPLAN Sem indicação de ação
2.p CASA CIVIL/SEFAZ Parcial
Quanto ao cumprimento dos limites constitucionais e legais
3.a SEFAZ Não Atendido
3.b SAEB Não Atendido
3.c Não Atendido
SEFAZ
3.d Parcial

310 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

ITENS DAS SECRETARIAS NÍVEL DE ATENDIMENTO AO QUANTO RECOMENDADO


RECOMENDAÇÕES RESPONSÁVEIS
3.e Não Atendido
3.f SAEB Parcial
3.g Não Atendido
Quanto à gestão orçamentária, financeira e patrimonial
4.a SDE Parcial
4.b SDE Parcial
4.c Parcial
4.d SEFAZ Não atendida
4.e Parcial
4.f CASA CIVIL/SAEB Parcial
4.g SEFAZ Parcial
4.h SAEB Parcial
4.i Atendida
4.j Não atendida
SEFAZ
4.k Não atendida
4.l Atendida
4.m PGE/SEFAZ Não atendida
4.n Parcial
SEFAZ
4.o Parcial
4.p SEFAZ/SAEB Não atendida
4.q SEFAZ/SAEB/PGE Não atendida
4.r PGE Sem indicação de ação
4.s Não atendida
SAEB
4.t Sem indicação de ação
4.u Sem indicação de ação
4.v Parcial
SEFAZ
4.w Sem indicação de ação
4.x Não atendida
Fonte: Relatório de Acompanhamento do Plano de Ação, Análise da auditoria.

Da leitura do Quadro Resumo, percebe-se que, das 61 (sessenta e uma) recomendações


indicadas no Parecer Prévio, 29 (trinta) foram consideradas pela auditoria como não
atendidas, 24 (vinte e quatro) atendidas parcialmente e 2 (duas) atendidas. Além disso,
verificou-se que, no Plano de Ação, não foram identificadas iniciativas específicas para o
atendimento de 6 (seis) recomendações.

Objetivando o aprimoramento do Plano de Ação apresentado, faz-se oportuno indicar as


seguintes sugestões:

• As ações propostas que requerem prazo de implementação superior a 12


meses, devem ser acompanhadas de cronograma com indicação das
atividades a serem desenvolvidas de forma escalonada no tempo, pelo
menos, semestralmente, e, sempre quando possível, as etapas ou metas a
serem atingidas pelas unidades responsáveis;

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 311


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Indicação da(s) unidade(s) responsável(is) pela implementação de cada ação


ou meta proposta, preferencialmente, detalhando por diretoria,
superintendência, ou nível hierárquico correspondente, segregando-as,
sempre que possível, quando houver mais de uma unidade responsável;

• Descrever as ações a serem executadas de forma detalhada para que todos


os envolvidos no processo compreendam as atividades a serem
desenvolvidas, e, sempre que possível, as metas, entregas, produtos a serem
cumpridos/entregues pelas unidades responsáveis;

• Definir os prazos de implementação das ações considerando a perspectiva


do efetivo atendimento ao quanto recomendado, priorizando aqueles com
maior relevância financeira ou possam acarretar em prejuízo ao Erário.

312 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Analítica:
Acompanhamento das Deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014

2.7 Encaminhamento da Seção Analítica

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 313


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

314 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


''

2.7 ENCAMINHAMENTO DA SEÇÃO ANALÍTICA

Concluídos os exames das Contas Governamentais do Chefe do Poder Executivo, exercício


de 2015, prestadas à Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, apresentamos, ao Exmo.
Sr. Conselheiro Relator João Evilásio Vasconcelos Bonfim, a presente Seção Analítica,
contendo a consolidação dos apontamentos dos auditores, relacionados no item 2.8,
integrantes das sete Coordenadorias de Controle Externo, para composição do Relatório e
Parecer Prévio, nos termos do art. 17 da Resolução n.º 164/2015.

Salvador, 18 de maio de 2016.

José Raimundo Bastos de Aguiar Jucival Santana de Souza


Superintendente Técnico Coordenador de Controle Externo
1ª CCE

Márcia da Silva Sampaio Cerqueira Juliana Rocha Santiago


Coordenadora de Controle Externo Coordenadora de Controle Externo
2ª CCE 3ª CCE

Antonio Luiz Carneiro Gonçalo de Amarante Santos Queiroz


Coordenador de Controle Externo Coordenador de Controle Externo
4ª CCE 5ª CCE

Raquel Leda Cordeiro Capistrano Marcos André Sampaio de Matos


Coordenadora de Controle Externo Coordenador de Controle Externo
6ª CCE 7ª CCE

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 315


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.8 RELAÇÃO DE AUDITORES


• Ailton dos Reis Cavalcanti
• Alex Pereira dos Santos
• Ana Patrícia Crisóstomo Pereira
• Ana Paula Soares de Lima
• Anésio Pereira Júnior
• Antônio José Jesus dos Santos
• Antônio Luiz Carneiro
• Augusto César Pinheiro de Mattos
• Christiane Grisi Pessoa Silva
• Dalva Andrade Erdens
• Dêlza Maria Teixeira Matos
• Eduardo Mattedi e Silva
• Edmilson Santos Galiza
• Emerson de Oliveira Araújo
• Florípedes Conceição Almeida
• Gonçalo de Amarante Santos Queiroz
• Israel Santos de Jesus
• Izabela Goulart de Santana
• José Jorge Dantas de Lima Júnior
• José Raimundo Bastos de Aguiar
• Josefa Adineide Almeida
• Josimeire Leal de Oliveira
• Josué Lima de França
• Jucival Santana de Souza
• Juliana Rocha Santiago
• Marcelo Suzart de Oliveira
• Márcia da Silva Sampaio Cerqueira
• Márcio Maia Valois Costa
• Marcos André Sampaio de Matos
• Maurício Souza Ferreira
• Olívia Mamede Couto Raymundo
• Osvaldo do Rosário do Vale
• Otoniel Jorge Magalhães Costa
• Paulo César de Oliveira Santos
• Raquel Leda Cordeiro Capistrano
• Renane Márcia Costa Casqueiro
• Rita de Cássia de Araújo Melo
• Rita Suely Bomfim Pinto
• Rosana Como Alvarez
• Rosana Ferreira Lima
• Simone Maria Ventura
• Simone Souza da Silva
• Valeria Dias Carvalho Silva Câncio
• Vanessa Hedjazi Ribeiro
• Yuri Moisés Martins Alves

316 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


3 Seção Conclusiva
TCE
Relatório e Parecer Prévio
Contas Governamentais do Estado da Bahia: Poder Executivo - Exercício de 2009

318 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


3 SEÇÃO CONCLUSIVA
Em 10/12/2015, o Plenário do Tribunal de Contas do Estado aprovou a Resolução n.º
164/2015, que dispôs sobre a Normatização dos Procedimentos para Emissão do Relatório
e Parecer Prévio das Contas de Governo no âmbito do TCE/BA. Não obstante à Resolução
encontrar-se vigente, foi prevista regra de transição, estabelecendo que suas disposições
somente se aplicarão aos processos de contas de governo a partir do exercício de 2016.

Entretanto, este Relator, considerando a existência de normas de organização interna dos


trabalhos na aludida Resolução, que não guardam relação com a formalização e o exame
de mérito das Contas de Governo, como meio de preparar as equipes técnicas para o novo
modelo, resolveu orientar sua Relatoria pelos ditames da mencionada Resolução, no
pertinente à organização e elaboração deste Relatório e Parecer Prévio.

Dentre as inovações propostas pela referida Resolução, foi estabelecido que o Relatório das
Contas de Governo do TCE/BA deve ser composto, necessariamente, por uma seção
analítica e uma conclusiva.

A seção analítica é formada pelo relatório consolidado das CCEs e a seção conclusiva é
formada pelo relatório sintético, a cargo do conselheiro relator, que analisará os resultados
auditoriais da seção analítica, com a exposição dos fatos e fundamentos que suportam a
sua proposta de Parecer Prévio.

Na seção conclusiva, deverão ser abordados, em especial, nos termos da Resolução n.º
164/2015, os seguintes elementos: observância dos limites constitucionais e legais na
execução do orçamento público; gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Estado da
Bahia, planejamento e gestão das ações de política pública, controle interno da
Administração Pública; auditorias e inspeções realizadas no exercício avaliado;
acompanhamento das deliberações constantes do parecer prévio sobre as contas do Chefe
do Poder Executivo do exercício anterior; e a apuração do atingimento de resultados
almejados por programas governamentais, considerados relevantes e prioritários, contidos
no PPA ao qual o exercício auditado está inserido, sob os aspectos da economicidade,
eficiência e eficácia da gestão pública, notadamente os situados nas áreas sociais e
econômicas.

Por fim, o Relator também deverá considerar o desempenho da economia baiana no


exercício, observando, inclusive, a conjuntura nacional e internacional e, sempre que
possível, correlacioná-la aos resultados verificados na análise da gestão.

3.1 CENÁRIO ECONÔMICO E ARRECADAÇÃO DA RECEITA ESTADUAL EM 2015

Analisando a conjuntura brasileira atual, o IBGE em 2015, mensurando o índice de inflação,


apurou que o IPCA foi de 10,67%. Porém, mais importante que a variação dentro do
exercício, é a variação dos últimos 12 meses, que, para o ano de 2015, apresentou um
crescimento quase uniforme das taxas calculadas mês a mês, somente visualizada
graficamente a sua curva decrescente a partir de fevereiro de 2016.

Quando verifico a quantificação do Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado para o
ano de 2015, observo que ele foi negativo em 3,8%, sendo o único setor positivo o de
exportação de bens e serviços com 6,1%, e os piores índices foram dos setores importação
de bens e serviços (-14,3%) e formação bruta de capital fixo (-14,1%).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 319


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Com relação ao impacto desses índices na força de trabalho, o IBGE, por meio da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios, com dados do último trimestre de 2015, comparado ao
mesmo trimestre do ano anterior, apontou que houve um crescimento de 1,1% na população
apta a trabalhar. Em contraponto, foi observada redução de 3% nos empregados no setor
privado com carteira assinada, de 4,3% entre os sem carteira assinada, e de 2,2% dentre os
empregados públicos. Por seu turno, foi registrado um crescimento de 1,2% nos
empregadores e 5,2% nos trabalhadores por conta própria, havendo, assim, uma migração
de desempregados para setores autônomos que não possuem rendimentos nem direitos
trabalhistas totalmente garantidos.

Analisando por grupamento de atividade, a força de trabalho da indústria geral ficou


reduzida em 7,9%, com a agricultura negativa em 1,5%, presumindo-se que ocorreu uma
redução nos setores agrícolas intensivos de mão de obra, aumentando-se a mecanização
ou sua produtividade, a luz do seu percentual positivo de 1,8% do PIB. Portanto, constato
que o incentivo ao agronegócio é fundamental para o crescimento e a empregabilidade.

O IBGE concluiu que a massa de rendimento real habitual foi reduzida em 2,4%, impactando
na redução do consumo das famílias, devido à perda de poder aquisitivo e na redução do
montante salarial, em razão do desemprego de integrantes do núcleo familiar, repercutindo
na queda das arrecadações tributárias dos entes federados.

Enfocando por setor de atividade em âmbito nacional, o único positivo foi o da agropecuária
que apresentou crescimento de 1,8%, tendo como subsetor também positivo a extrativa
mineral, 4,9%. No entanto, o índice mais importante para o Estado da Bahia, seja por conta
da arrecadação tributária estadual, seja pela cota-parte dos tributos federais, é o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), com percentual negativo de 7,3% ao final do quarto
trimestre, culminando com os valores para três trimestres anteriores de 3,8%, 4,8% e 6,0%,
todos negativos.

Com relação à arrecadação tributária, o Ministério da Fazenda informa que todas as


divisões econômicas tiveram em 2015, comparando com o ano anterior, a preços corrigidos
para dezembro de 2015, quedas de arrecadação, culminando no total geral de menos
3,78%. A arrecadação das receitas administradas pela Receita Federal, abrangendo todos
os tributos federais, sofreu, em 2015, uma redução total de 4,66%, sendo que o IPI, de
interesse dos estados, devido às cotas partes do Fundo de Participação dos Estados (FPE),
decresceu em 16,07% sua arrecadação.

Neste contexto, à receita pública estadual, que representa a totalidade dos recursos
arrecadados pelo Estado, sendo gerida pelo Poder Executivo por meio da SEFAZ, exceto
quanto às taxas cartorárias, arrecadadas e geridas pelo Poder Judiciário, mas escrituradas
como receitas tributárias pela SEFAZ, apresentou um desempenho negativo, com
decréscimos comparativos nos últimos três exercícios nos valores de percentuais de 5,61%,
3,21% e 5,70%, conforme Tabela 48, fls. 141 deste Relatório.

Em termos absolutos, a receita pública do Estado efetivamente arrecadada em 2015 atingiu


o valor de R$39.213.169.665,73, sendo receitas correntes o montante de
R$36.342.627.176,27 e de capital de R$2.870.542.489,46.

Dentre os tipos de receitas, destaca-se a tributária que representou R$19.630.984.102,66, já


deduzida do valor relativo à conta retificadora, no montante de R$2.804.252.722,71,
correspondendo a 50,06% da receita arrecada.

Por seu turno, dentre as receitas tributárias, tem-se relevo àquela decorrente do Imposto
sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), que totalizou
R$18.317.776.172,57, representando 85,34% da receita total com impostos.
320 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
Seção Conclusiva

No comparativo dos últimos quatro anos, a receita com o ICMS, conforme se observa na
Tabela 51, fls. 143 deste Relatório, vêm apresentando crescimento nominal, nos seguintes
percentuais 10,99 %,16,04%, 10,70%, e 5,48%.

No exercício de 2015, o Estado da Bahia recebeu transferências constitucionais da União no


montante de R$9.587.412.132,68, referentes às transferências correntes e de capital.
Deduzindo-se o valor da conta retificadora das transferências correntes, obtém-se o valor
líquido de R$7.959.833.467,01. O comportamento dessas transferências, nos últimos dois
exercícios, revelou um crescimento nominal de 2,32% em relação a 2014.

No pertinente à receita proveniente de transferências de convênios da União, que tinha


apresentado um crescimento 104,00% entre 2013 e 2014, apresentou queda de 66,06% no
comparativo entre 2014 e 2015, representando, em termos absolutos, uma redução de
R$847.338.152,29.

Visando incrementar a arrecadação, o Governo do Estado promoveu ações como a criação


do Domicilio Tributário Eletrônico (canal de comunicação direta on-line do contribuinte com o
fisco estadual), a ampliação do Canal Verde (canal eletrônico de fiscalização on-line, com
maior eficácia e melhores condições para o atendimento ao contribuinte), a criação do
programa Sefaz On-line (inserindo o fisco baiano na nova realidade de dados digitais), e a
Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e).

Considerando o índice de inflação do IPCA de 10,67% em 2015, concluo que, mesmos nos
subgrupos de receita pública onde houve crescimento nominal, há queda real da
arrecadação estadual, que, apesar de se encontrar em consonância com o cenário
brasileiro, impõe a adoção de medidas para restabelecer o equilíbrio fiscal do Estado,
considerando o Resultado Primário negativo, conforme demonstrado no item 2.3.8 deste
Relatório.

Neste cenário atual de tendência decrescente na arrecadação estadual, além das medidas
de contenção de despesas, foi identificada, pelos auditores, a necessidade de
aprimoramento da fiscalização das empresas com benefícios fiscais (item 2.4.3.5.2 deste
Relatório) e da recuperação de créditos inscritos na Divida Ativa Tributária (item
2.4.5.2.3.1.1 deste Relatório).

Em relação à fiscalização das empresas beneficiárias de incentivos fiscais, a Auditoria


recomendou a SDE que envide esforços para implementar, no mais curto prazo possível, o
Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos, visando à efetiva
fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções firmados com o Estado, com
emprego de vistorias.

Quanto à recuperação de créditos tributários, a Auditoria apontou que, a longo prazo, o uso
frequente da estratégia de anistias fiscais se mostra de baixa eficácia, como demonstra a
grande diferença entre o montante recuperado em 2013 e o que se alcançou dois anos
depois, gerando nos contribuintes uma relativa despreocupação com eventual autuação
fiscal e desestimulando os contribuintes que honram tempestivamente suas obrigações
tributárias.

Neste contexto, verifica-se que a morosidade do andamento dos processos judiciais de


cobrança estimula o contribuinte a inadimplência fiscal, sobretudo os de maior porte. Os
dados de 2015 não diferem muito, em termos percentuais, dos já demonstrados quando da
apreciação das contas do Chefe do Poder Executivo Estadual do exercício de 2014.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 321


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

No final do exercício de 2015, o valor total de processos em cobrança judicial era de


R$11.311.615.193,29, montante que equivalia a 86,52% do saldo total da Dívida Ativa
Tributária (DAT) naquele momento.

Ressalto, conforme apontado pela Auditoria, que os Processos Administrativos Fiscais


(PAFs) com valor acima de um milhão de reais representam, aproximadamente, 61,1% de
todo o valor cobrado em juízo e que 91,83% dos contribuintes com débitos fiscais
superiores, cada um, a um milhão de reais, têm seus processos em cobrança judicial. A
título de comparação, os processos fiscais inscritos na DAT com saldo igual ou menor que
R$50.000,00 eram de 273.008 em 31/12/2015. Dos quais, 76.435 PAFs estavam em juízo,
ou seja, um percentual de, aproximadamente, 28,00% apenas.

Auditoria solicitou informações acerca do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos


(CIRA) e de suas ações, tendo a Administração informado que o CIRA, embora criado
desde 2012 pelo Decreto Estadual n.º 13.843, só passou a efetivamente funcionar em 2014,
e que a ação conjunta da SEFAZ, PGE, Ministério Público e do Tribunal de Justiça, em
síntese apertada, começa a apresentar resultados.

A Auditoria confirma que a ação conjunta representou um avanço em relação à gestão da


Dívida Ativa Tributária do Estado, no rumo que tem sido recomendado por este Tribunal,
devendo, entretanto, ser intensificado para modificar a expectativa de recuperação de
créditos tributários inscritos na Dívida Ativa que se situa em 0,15% do saldo da DAT, em
31/12/2015.

3.2 PLANEJAMENTO, GESTÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE


POLÍTICA PÚBLICA

O item 2.1 da seção analítica deste Relatório tratou de avaliar os instrumentos norteadores
do Planejamento da Administração Pública, que formam a tríade orçamentária: o PPA, a
LDO e a LOA, que devem guardar compatibilidade entre si, nos termos do art. 165 da CF,
com o objetivo de verificar se tais instrumentos direcionam a Administração Pública na boa
aplicação dos recursos e se oferecem condições de demonstrar com transparência o
alcance dos resultados almejados.

Em 2015, foram realizadas duas auditorias operacionais com o objetivo de avaliar a


sistemática adotada na elaboração dos planos plurianuais dos quadriênios de 2012-2015 e
2016-2019, cujos resultados respaldam as observações a seguir, sendo reiteradas as
recomendações e determinações proferidas por este Tribunal na minha proposta de Parecer
Prévio.

Em relação a estrutura de planejamento estadual para elaboração do PPA, sobretudo na


SEPLAN, coordenadora do processo de elaboração do PPA, assim como nas secretarias,
órgãos e entidades do Poder Executivo, observo a necessidade de melhorias em razão das
seguintes fragilidades: pouca garantia e transparência de que os resultados da escuta social
são considerados na elaboração do PPA; deficiência na orientação dada pela SEPLAN às
secretarias/órgãos/entidades; fragilidades na organização administrativa das
secretarias/órgãos/entidades; insuficiência de estudos/diagnósticos específicos que
fundamentem a construção dos compromissos, das metas e das entregas/iniciativas dos
programas do PPA; deficiência no processo de elaboração/seleção dos indicadores dos
programas.

322 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

Para o PPA 2016-2019, após reuniões provocadas por esta relatoria com a SEPLAN e o
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da ALBA, relator do projeto de Lei para o
mencionado PPA, identifiquei avanços na elaboração do referido instrumento de
planejamento, permanecendo, contudo, algumas fragilidades, em especial as relacionadas
com a compatibilidade entre os instrumentos que formam a tríade orçamentária, a saber:
não explicitação do elemento vinculante entre PPA e LOA; deficiência no estabelecimento
das metas para os compromissos dos programas, comprometendo o monitoramento e a
avaliação do PPA; metas com características de ações a serem executadas e sem
especificações claras e mensuráveis; e estabelecimento de metas globais para os
compromissos, sem quantificação anual.

Quanto aos demais instrumentos de planejamento, Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e


Lei Orçamentária Anual (LOA), em 2015 foram contemplados 61 Programas de Governo,
dos quais 25 foram definidos como prioridades da Administração, restando 36 como
Programas não prioritários. Destaco, ainda, que a maior participação de percentual dos
recursos aprovados está nos Programas não prioritários e que no cômputo geral, quando
comparados os percentuais de execução alcançados, os Programas não prioritários
apresentaram melhor desempenho, com 93,05%, em relação aos Programas prioritários,
que atingiu 71,57%, o que evidencia inobservância das prescrições contidas na Lei nº
13.190/2015 (LDO) no sentido de salvaguardar a alocação preferencial de recursos em
programas eleitos como prioritários.

Na avaliação da compatibilidade entre as peças de planejamento, verifico que na LOA/2015


não há a correlação entre as Ações Orçamentárias estabelecidas e as Entregas/Iniciativas
previstas no Plano Plurianual para os Compromissos dos Programas, tendo em vista que o
próprio PPA de 2012-2015 não define as Ações Orçamentárias a serem executadas no
âmbito dos Programas, passando a ser definidas apenas nas LOAs, em desacordo com o §
7º, art. 165 da CF e art. 6º da Lei nº 12.504/2011.

O Relatório de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA), instrumento de


avaliação do PPA que compõe as contas de governo, revelou-se frágil diante das
inconsistências nos dados apresentados, a exemplo da pouca transparência dos dados
relativos às taxas de crescimento anual; da ausência de valores referentes à execução
física; da descontinuidade das informações relativas aos produtos ofertados pelas Ações
Orçamentárias; e da inconsistência na informação de execução das metas físicas das ações
orçamentárias.

Ainda em relação ao RAPPA constato como fragilidade as divergências e inconsistências no


preenchimento das informações relativas à série histórica dos indicadores apresentados em
2014 e 2015; a ausência de demonstrativo da execução orçamentária e financeira por ação
orçamentária em conjunto com a demonstração da execução das metas físicas; e a
ausência de demonstrativo do grau de cumprimento das metas dos compromissos.

Outro instrumento avaliado foi o Relatório Anual de Governo (RAG), sendo apuradas
divergências nos valores informados no próprio Relatório, que também divergem dos valores
constantes no sistema FIPLAN. Constato, ainda, que a demonstração das realizações
governamentais somente abrange a descrição dos bens e serviços realizados, sem
nenhuma correlação com as metas estabelecidas no PPA. Ademais, não se verificou a
avaliação de desempenho dos programas considerados prioritários na LDO, bem como
aspectos de governança no âmbito do PPA 2012-2015.

Sendo assim, entendo que os instrumentos de avaliação acima mencionados não se


mostraram adequados para mensurar a execução e os resultados atingidos pelos
Programas governamentais, conforme preceitua o art. 90 da Constituição Estadual,
carecendo de melhorias.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 323


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

3.3 CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL

A obrigatoriedade de implantação do sistema de controle interno está prevista nas


Constituições Federal e Estadual, bem como na Lei Complementar n.º 101/2000 (LRF). O
item 2.2 da seção analítica deste Relatório avaliou o sistema de controle interno do Poder
Executivo do Estado da Bahia, abordando os aspectos a seguir comentados.

Quanto à avaliação da estrutura básica das unidades de controle interno verifico que em
2015 foram desenvolvidas ações para o seu fortalecimento, com a criação das CCIs,
instituídas pela Lei n.º 13.204/2014, que passaram a integrar a estrutura básica das
Secretarias de Estado, à exceção das Secretarias de Promoção da Igualdade Racial, de
Relações Institucionais e de Políticas para as Mulheres e da Casa Militar do Governador.

Em seguida, o Decreto n.º 16.059/2015, disciplinou as competências das CCIs, assim como
das demais estruturas equivalentes de controle interno nos órgãos e entidades da
administração indireta do Poder Executivo Estadual, que passaram a ser desenvolvidas de
forma integrada e em articulação sistêmica com a Auditoria Geral do Estado (AGE), que tem
a competência de orientar tecnicamente e coordenar os trabalhos destas unidades.

Também foi editado o Decreto nº 16.406/2015, que aprovou o novo Regimento Interno da
SEFAZ, ampliando o rol de atribuições da AGE, de modo a consolidar a sua
responsabilidade em supervisionar e orientar as unidades de controle interno. Neste sentido,
por entender que as medidas são recentes e, portanto, necessitam de maturidade para aferir
o alcance da sua efetividade, não acompanho o opinativo do MPC em relação a expedição
de recomendação para que Poder Executivo do Estado da Bahia avalie a adoção de
providências, no âmbito de sua competência, para a criação e implantação de uma CGE.

Segundo informações prestadas pela AGE, durante 2015, foram realizadas as seguintes
atividades: edição de nove orientações técnicas voltadas para as recém-criadas CCIs,
conclusão de 28 auditorias, expedição da 1ª solicitação de inspeção às CCIs para exame de
54 convênios, com regularização de 26 deles. Informou, ainda, que até fevereiro de 2016, 49
unidades de controle interno foram implantadas, com 146 servidores, nos quais 80 já
passaram por treinamento.

Contando com uma equipe de apenas 24 auditores e oito cargos comissionados, a AGE
afirma que há limitação de pessoal para desempenhar todas as suas atribuições definidas
em lei.

No âmbito das CCIs e demais estruturas de Controle Interno existentes, a AGE informou
que das 42 entidades da administração indireta, não constatou registro de implantação de
unidade de controle interno em 16 delas. Destacou, ainda, que as fragilidades encontradas
nas CCIs estão relacionadas com a elevada rotatividade no quadro de pessoal; deficiência
no quantitativo de pessoal; elevado número de servidores sem vínculo com o Estado; e
pouca experiência técnica de parte dos servidores na área de controle interno.

Tais informações foram confirmadas por este Tribunal a partir do diagnóstico das alterações
ocorridas em 2015 com a criação das CCIs, no qual acrescento ainda: baixa utilização de
indicadores para acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária,
financeira e patrimonial pelas unidades jurisdicionadas; e significativa ausência de
acompanhamento das ações e programas do PPA, caracterizada pelo não monitoramento
dos resultados, através do uso de indicadores publicados no próprio PPA, nem de outros
indicadores.

Quanto ao cumprimento das atribuições constitucionais do controle interno, verifico que


apesar dos esforços empreendidos com a criação das CCIs, o sistema de controle interno

324 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

está muito distante do conceito ideal de “órgão de controle interno”, pois a estrutura
sistêmica existente ainda é insuficiente e pulverizada, com baixa integração entre os
procedimentos adotados, tendo em vista as seguintes situações constatadas: baixa
valorização da alta gestão na seleção dos ocupantes das CCIs; formação técnica precária e
pouca experiência dos servidores; rotatividade de pessoal; quantidade de pessoal
incompatível com o volume de atividades das CCIs, principalmente nas grandes Secretarias;
planejamento das atividades sem visão estruturada, pela falta e uso adequado de
ferramentas de TI apropriadas; não avaliação dos aspectos operacionais e de eficiência;
baixa articulação com as unidades de controle interno da administração indireta e baixo
intercâmbio de experiências; e limitação de pessoal para a AGE desempenhar todas as
suas atividades definidas em lei.

Apesar das recomendações deste Tribunal, ainda não foi implantado do Órgão Central de
Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF),
sendo constatado que em dezembro de 2015 foi criado Grupo de Trabalho com o objetivo
de desenvolvimento de estudos e proposição de minutas para a implantação do referido
órgão, com prazo de conclusão de 180 dias.

No âmbito da verificação dos instrumentos de controle interno identifico melhorias nos


sistemas corporativos, em especial no SIMPAS e ACP, após o advento do FIPLAN.
Entretanto, observo que nos sistemas corporativos permanece carente o adequado
acompanhamento da gestão dos convênios, bem como que não foi atendida a
recomendação feita por este Tribunal no sentido da alimentação sistemática do FIPLAN do
Submódulo de Acompanhamento da Ação Governamental.

Em relação à transparência pública destaco a realização da auditoria operacional no


cumprimento da Lei n.º 12.618/2012 (LAI), que regulamenta o acesso a informações no
âmbito do Poder Executivo estadual. Constato, a partir do resultado da auditoria, que
medidas ainda precisam ser adotadas para garantia do amplo acesso as informações, o que
me leva a reiterar na minha proposta de Parecer Prévio todas as recomendações e
determinações proferidas por este Tribunal, com ações voltadas para:

1) regulamentação e implementação do CGAI; designação dos órgãos responsáveis


que exercerão as competências estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei nº
12.618/2012;

2) designação formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos componentes do


Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de realizar as funções estabelecidas
pelo art. 7º da LAI;

3) conclusão do Projeto de Identidade Digital de Governo, de modo a promover a


padronização e publicação das informações mínimas contidas nos incisos I a IV, § 1º
do art. 8º da Lei nº 12.527/2011;

4) regulamentação do procedimento de classificação e desclassificação de informações


sigilosas, com o objetivo de viabilizar que a autoridade máxima de cada órgão ou
entidade estadual publique tais informações em seus sítios da Internet;

5) disponibilização de forma descentralizada, em cada órgão, de local para atendimento


presencial, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do crescimento da
demanda para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo para o
atendimento presencial do Serviço de Informações ao Cidadão (SIC);

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 325


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

6) regulamentação acerca dos procedimentos para tratamento de informação pessoal; e

7) encaminhar ao Tribunal de Contas documentação que comprove a possibilidade de


interpor recursos pelo Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública (TAG), bem como
imagens com captura de telas do sistema, evidenciando a funcionalidade e o
fluxograma que apresente os procedimentos necessários ao manejo da via recursal.

Apesar de ter sido objeto de recomendação do Parecer Prévio das contas governamentais
do exercício de 2014, verifico que o Poder Executivo do Estado da Bahia ainda não divulga,
em seu portal eletrônico, informações relativas à remuneração dos servidores públicos
estaduais civis e militares, diferentemente do que ocorrem na esfera federal e, no âmbito
estadual, com o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas do Estado e dos Municípios, o
Ministério Público, que atendem plenamente o disposto na LAI.

Levando em consideração os esforços empreendidos para o desenvolvimento do Projeto de


Identidade Digital de Governo, a cargo da SECOM, destinado a conferir unidade visual e
atender a critérios de “acessibilidade, transparência, acesso à informação e normas de
segurança” em sítios estaduais, entendo oportuno reiterar, mais uma vez, a recomendação
de divulgação da remuneração dos servidores públicos do Poder Executivo.

Constato ainda que não foi implementado sistema de informática para divulgação de
convênios e outros instrumentos para transferências de recursos estaduais, subsistindo
deficiências no FIPLAN em razão da ausência de informações das fases de proposição,
celebração, execução e prestação de contas dos convênios, situação que compromete o
exercício do controle interno e externo. Ademais, o módulo “Convênios Concedidos” do sítio
Transparência Bahia somente permite consultas até o ano de 2012, o que impossibilita o
efetivo acompanhamento acerca dos recursos públicos repassados por meio dos convênios.

3.4 LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

Abordado, neste item, a aplicação de recursos nas ações e serviços públicos de saúde e de
educação, tendo como referência os limites constitucionais mínimos de alocação de recurso,
bem como os limites legais impostos pela LRF para despesa com Pessoal e Encargos
Sociais, com Previdência Oficial e de endividamento do Estado.

3.4.1 LIMITE CONSTITUCIONAL PARA GASTOS COM SAÚDE

A participação das despesas próprias com saúde na receita de impostos líquida e


transferências constitucionais e legais ultrapassou o limite constitucional de 12%, atingindo
12,69%, percentual confirmado pela Auditoria, conforme item 2.3.1 deste Relatório, fls. 85 a
90.

Entendo, porém, que não é somente gastar o montante legal, devemos analisar a
qualificação destas despesas, pois, se no passado dizia-se que os melhores hospitais e
postos de saúde do interior eram as ambulâncias que traziam os pacientes aos hospitais de
Salvador, bastando para isso observar as placas dos veículos nas portas do HGE ou do
HGRS.

Atualmente o quadro mudou, apesar de estarmos longe do desejado, mas a criação e


qualificação de hospitais regionais, capacitados para suprir as necessidades dos postos de
saúde e hospitais municipais, a implementação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA),
especializadas e qualificadas em atendimentos de média complexidade, possibilitando a
avaliação dos casos clínicos dos pacientes, encaminhando à Capital quando estritamente
necessário, permitindo celeridade, rapidez e eficiência no acolhimento e tratamento,
demonstram que o rumo adotado é coerente com os objetivos determinantes para uma
saúde pública gratuita prevista pela Constituição Federal.
326 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
Seção Conclusiva

3.4.2 LIMITE CONSTITUCIONAL PARA GASTOS COM EDUCAÇÃO

A despesa com educação superou o mínimo anual de 25% das Receitas de Impostos na
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, previsto no art. 212 da Constituição Federal,
atingindo 27,96%. Já o mínimo anual de 60% do FUNDEB na Remuneração do Magistério
com Ensino Fundamental e Médio, também foi ultrapassado, atingindo 84,41%, conforme
confirmado pela Auditoria no item 2.3.2 deste Relatório, fls. 88 a 90.

Além dos limites mínimos constitucionais para gastos com educação, devemos analisar a
qualidade destes gastos como contrapartida da melhoria da educação, buscando utilizar
índices setoriais existentes ou propondo que o Governo elabore outros permitindo a
mensuração do grau de melhoria na qualificação do ensino. Isto já vem sendo feito por meio
das avaliações aplicadas no ensino médio, no ingresso nas escolas técnicas federais e nas
universidades públicas do País.

3.4.3 LIMITE LEGAL PARA GASTOS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAS

No pertinente às despesas com Pessoal e Encargos Sociais, verifico nos demonstrativos


publicados pelo Estado da Bahia, quanto nos cálculos realizados pela Auditoria, item 2.3.3
deste Relatório, fls. 91 a 99, que o limite prudencial estabelecido na LRF foi ultrapassado
tanto no consolidado, que reúne todos os entes do Estado, quanto no referente ao Poder
Executivo.

Registro que os limites definidos pela LRF são: alerta (54,00%), prudencial (57,00%) e
máximo (60,00%) para o consolidado, que representa o conjunto de todos órgãos e entes da
Administração. Somente para o Executivo, os limites são: alerta (43,74%), prudencial
(46,17%), e máximo (48,60%).

Para o último quadrimestre de 2015, os valores publicados pela Administração foram


57,44% e 47,61% e os calculados pela Auditoria são 58,17% e 48,33%, respectivamente,
para o consolidado e para o Poder Executivo. As divergências nos valores decorrem:

• da não inclusão, pelo Poder Executivo, de despesas incorridas com prestadores de


serviços temporários em substituição a servidores no valor de R$51.320.525,79 e de
com Pessoal e Inativo no montante de R$2.090.775,49. Também foi apurada
divergência nos valores da rubrica “Inativos com Recursos Vinculados” no montante
de R$143.332.439,97; e

• pelo Ministério Público de verbas referentes aos Abonos de Permanência e de Férias


no montante de R$29.156.093,51 e por valores de despesas apuradas com Pessoal
Inativo e Pensionista, no total de R$672.889.439,73, Órgão/Poderes, na forma
demonstrada na Tabela 16, fl. 98 deste Relatório.

Por conveniente, cabe registrar a decisão proferida na Resolução n.º 031/2016 deste TCE,
que, em resposta a consulta formulada pela Administração, fixou entendimento pela
possibilidade de exclusão das despesas com pessoal relativas ao abono permanência,
abono de férias e abono pecuniário. Ressalte-se que, até o final deste Relatório, apenas, o
Ministério Público e o Tribunal de Justiça apresentaram seus demonstrativos com a
exclusão das despesas em comento.

A Auditoria registrou, ainda, que mesmo que se exclua do cômputo das despesas com
pessoal os valores registrados pelo Ministério Público e Tribunal de Justiça, relativos aos
abonos de permanência, férias e pecuniário, e aqueles identificados pela auditoria,
pertencentes ao Poder Executivo, o limite das despesas com pessoal do consolidado e do

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 327


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Poder Executivo permaneceriam acima do limite prudencial, respectivamente, 58,49% e


47,65%.

O Poder Executivo, ultrapassando o limite prudencial previsto no art. 22 da Lei


Complementar n.º 101/2010, está submetido às seguintes vedações previstas nesse mesmo
dispositivo:

I – concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de


remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou
de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso
X do art. 37 da Constituição;

II – criação de cargo, emprego ou função;

III – alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV – provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V – contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6°


do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.

3.4.4 LIMITES PARA GASTOS COM A PREVIDÊNCIA OFICIAL DO ESTADO

A LRF, art. 59, § 1º, IV, dispõe que os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos
referidos no art. 20, quando constatarem “que os gastos com inativos e pensionistas se
encontram acima do limite definido em lei”.

Os limites para os gastos previdenciários são pertinentes à proporção entre as contribuições


dos entes e dos respectivos servidores para o custeio do regime próprio, que não poderão
ser inferiores às dos servidores nem superiores ao dobro.

Conforme demonstrado na Tabela 19 deste Relatório, fl. 100, a Auditoria obteve uma
proporção entre a contribuição do Estado em relação à dos segurados de 1,46, enquanto a
Administração apresentou o valor de 1,65. Não obstante à divergência, não restou dúvida
sobre o atendimento dos limites.

Em relação à divergência nos cálculos, cabe registrar que a Auditoria identificou uma
diferença de R$300.000.000,00 em relação ao apresentado na Tabela 7.05 das DCCEs (fl.
111), em relação à contribuição do Estado.

Aludida diferença refere-se a recursos proveniente da Cessão de Direito de


Operacionalização da Folha de Pagamento decorrente do Contrato n.º 01/2014 de prestação
de serviços financeiros e outras avenças, entre o Banco do Brasil e o Estado da Bahia,
registrado como Receita Intraorçamentária – Outras Receitas Correntes no FUNPREV em
julho de 2015, conforme comentado no item 2.4.2.2 deste Relatório.

A SEFAZ, em resposta à Solicitação n.º MF04/2016, confirmou que não se trata de receita
de contribuição e informou que os dados da aludida Tabela 7.05 deverão ser revistos nas
próximas publicações, para atender com precisão o objetivo informativo a que se propõe.

328 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

3.4.5 LIMITES DE ENDIVIDAMENTO DO ESTADO

A Auditoria, consoante se observa no item 2.3.5 e 2.3.6 deste Relatório, fls. 107 a 115,
ratificou o cumprimento pelo Estado dos limites para liberação de crédito, para o montante
global das operações de créditos realizadas, para dispêndios, para a dívida consolidada
líquida, e para a concessão de garantias de valores, relativos ao exercício de 2015.

Quanto às operações de créditos contraídas pelo Estado, analisando a natureza, taxas, fator
de atualização monetária e garantias destes créditos, identifico que a garantia dada é
sempre o repasse federal do FPE (cota-parte do Fundo de Participação dos Estados), os
indexadores externos são moedas estrangeiras, utilizadas inclusive nos contratos de
natureza interna, exceto aqueles oriundos da CEF, que utiliza a Unidade Padrão Referencial
Diária (UPRD).

Quanto às taxas de juros, nos contratos externos, poucas são fixas, sendo que a maioria
utiliza como variável a LIBOR 26 de três ou seis meses, além de um acréscimo dentro de um
intervalo pré-definido. Já nos contratos internos, quase todos são a taxas fixas, de 1,01% à
6% a.a., naqueles com variação cambial, e de 5% à 8% a.a. nos da CEF, que não possuem
variação cambial.

Recomendo, com base nos tipos de informações disponibilizadas pela STN ao público, que
se faça relatórios gerenciais de desembolsos mensais ao longo dos anos vindouros,
demonstrando os pagamentos a serem efetuados, de modo a balizar a SEPLAN no
provisionamento dos montantes necessários ao adimplemento, evitando-se possíveis
execuções das garantias, e, nos moldes efetuados pela STN, negociações com credores
visando a antecipação de pagamento com proporcional redução dos dispêndios,
permutando dívidas de juros maiores por menores, e de juros variáveis por juros fixos.

3.4.6 LIMITES OBRIGACIONAIS COM PPP

Como forma de controle do endividamento público, o art. 28 da Lei Federal n.º 12.766/2012,
que alterou a Lei n.º 11.079/2004, estabeleceu a proibição de a União conceder garantia e
realizar transferência voluntária aos entes federativos cujas despesas de caráter continuado
com PPP tiverem excedido, no ano anterior, o correspondente a 5% da Receita Corrente
Líquida do exercício, ou que excedam, nos 10 anos subsequentes, o mesmo percentual da
Receita Corrente Líquida projetada para os respectivos exercícios. Conforme se observa no
item 2.3.6 deste Relatório, na Tabela 32, o Estado da Bahia cumpriu o limite estabelecido.

O Estado da Bahia possui seis contratos de PPP, a seguir descritos:

• contrato de concessão administrativa para a construção e operação do Sistema


de Disposição Oceânica do Jaguaribe (Emissário Submarino de Salvador),
firmado pela estatal não dependente EMBASA. O contrato foi celebrado em
27/12/2006 com a Concessionária Jaguaribe S/A, pelo prazo de 18 anos, e o
pagamento das contraprestações mensais teve início em junho de 2011. A partir
de janeiro de 2013, o valor da contraprestação mensal passou a ser de
R$5.016.759,37, tendo sido reajustado para R$5.338.206,76 a partir de
dezembro de 2014, e para R$5.907.955,07, a partir de dezembro de 2015;

26
LIBOR é a taxa média interbancária contra a qual um grupo representativo de bancos se propõe efetuar empréstimos
mutuamente no mercado monetário de Londres.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 329


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• contrato de concessão administrativa visando à reconstrução e operação do


Estádio Octávio Mangabeira (Fonte Nova), celebrado em 21/01/2010, com a
Concessionária Fonte Nova Negócios e Participações S/A pelo prazo de 35
anos. O início do pagamento das contraprestações (valor mensal atualizado de
R$9.823.605,60) ocorreu em abril de 2013. O valor da contraprestação foi
atualizado para R$10.390.858,82, a partir de dezembro de 2013, para
R$11.072.024,74, a partir de dezembro de 2014, e para de R$12.231.949,98, a
partir de dezembro de 2015;

• contrato de concessão administrativa para a gestão e operação de unidade


hospitalar denominada Hospital do Subúrbio, celebrado em maio de 2010 com o
Consórcio PRODAL. As contraprestações foram devidas desde o início das
operações da unidade, que ocorreu em 14/09/2010, com pagamento a partir de
outubro de 2010 e prazo contratual de 10 anos. O valor da contraprestação
mensal, atualizado a partir de fevereiro de 2013, foi de R$12.624.379,03, de
R$13.453.043,27 a partir de fevereiro de 2014, e passou a ser de
R$14.437.806,04 a partir de fevereiro de 2015;

• contrato de concessão administrativa para a construção e operação de serviços


não assistenciais da unidade hospitalar Instituto Couto Maia, celebrado em maio
de 2013 com o Consórcio Couto Maia Construção e Serviços Não Clínicos S/A
pelo prazo de 21 anos e quatro meses, a partir da data de assinatura do
contrato, sendo um ano e quatro meses de investimentos e realização de
atividades pré-operacionais e 20 anos de operação, com contraprestação anual
de R$42.180.326,00 a ser adimplida durante 20 anos. Conforme o Termo Aditivo
n° 01 ao Contrato de Concessão n.º 035/2013, o início da contagem do prazo de
realização dos investimentos e atividades pré-operacionais foi alterado para a
data da primeira liberação dos recursos do financiamento contratado pelo
Consórcio. Foi informado pela Secretaria Executiva do Programa de PPP que o
projeto ainda não tinha entrado em operação até o final de 2015;

• contrato de concessão patrocinada n.º 01/2013, para a implantação e operação


do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas (SMSL), celebrado em
15/10/2013 com a Concessionária Companhia do Metrô de Salvador, pelo prazo
de 30 anos. O início dos serviços ocorreu em janeiro de 2016, e a
contraprestação anual máxima foi estabelecida em R$127.600.000,00. Após o 2º
termo aditivo ao Contrato, de 17/12/2015, o valor da contraprestação anual
máxima passou a ser R$144.597.031,95; e

• contrato de concessão administrativa n.º 004/2015, para a gestão e operação de


serviços de apoio ao diagnóstico por imagem em uma Central de Imagem e em
12 (doze) Unidades Hospitalares integrantes da rede própria da Secretaria da
Saúde do Estado (SESAB), celebrado em 02/02/2015 com a concessionária
Rede Brasileira de Diagnósticos SPE S/A, pelo prazo de 11 anos e 06 meses
contados a partir da data de assinatura. A contraprestação anual máxima foi
estabelecida em R$81.862.557,00, tendo sido atualizada para R$98.505.838,32
em junho/2015.

3.4.7 RESULTADO NOMINAL

Conforme item 2.3.7 deste Relatório, o Resultado Nominal representa a diferença entre os
saldos da Dívida Fiscal Líquida (DFL) relativos a dois períodos. Em relação ao exercício em
comento, a meta era de redução em até R$566.170.000,00, conforme o Anexo de Metas
Fiscais da LDO/2015, enquanto que a LOA/2015 estabeleceu uma redução para a DFL em
até R$107.158.000,00.

330 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

No exercício de 2015, a meta de redução da Dívida Consolidada Líquida não foi alcançada,
apresentando um crescimento no valor de R$4.765.424.539,78. Com efeito, a Dívida
Consolidada Bruta passou para 21,38 bilhões de reais, tendo como Dívida Consolidada
Líquida cerca de 16,2 bilhões de reais, acarretando num acréscimo na divida publica liquida
em 2015.

Analisando, tendo 2014 como base 100, tivemos como amortizações o percentual de menos
6,01%, bem como 7,89% de acréscimo, referente a receitas de operações de crédito e
incorporações de dívidas. Porém, o maior impacto para o crescimento da dívida pública
decorreu das atualizações monetária e cambial no percentual de 24,55%, sem os quais a
dívida só cresceria 1,88%.

Portanto, os indexadores previstos nos contratos constituíram o maior problema da dívida


estadual, e não propriamente o tamanho da dívida. Entretanto, este crescimento autônomo
da dívida poderá acarretar problemas futuros de disponibilidades para o seu pagamento,
sendo crucial que o Estado da Bahia reveja o sistema de tomada dos futuros contratos de
empréstimos, pensando numa possível desindexação, buscando, se economicamente
viável, a amortização antecipada, visando eliminar esta fragilidade das contas públicas
estaduais.

3.4.8 RESULTADO PRIMÁRIO

O Resultado Primário mede como as ações do Governo afetam a trajetória de seu


endividamento líquido, avaliando a sustentabilidade de longo prazo da sua política fiscal,
alertando para mudanças de rumo no curto prazo, indicando a necessidade de adoção do
contingenciamento de despesas. Quando há superávits primários, estes deveriam ser
direcionados para o pagamento de serviço da dívida, bem como para amortização,
programada ou antecipada, do principal, reduzindo o estoque total das dívidas bruta e
líquida.

O Resultado Primário referente ao exercício de 2015 foi negativo no montante de


R$570.487.456,12, conforme se verifica no item 2.3.8 deste Relatório. A Auditoria registrou
que houve uma piora nas contas públicas do Estado, reflexo da crise econômica vivenciada
pelo Brasil no exercício de 2015.

Em 2014, o Resultado Primário foi positivo para pagamento dos serviços das dívidas
interna/externa, embora no 3º quadrimestre a situação já tenha sido desfavorável. O déficit
primário indica financiamento de gastos não financeiros que excedem as receitas não
financeiras, gerando crescimento da dívida.

Registro que a meta fiscal do Resultado Primário estabelecida na Lei n.º 13.190/2014 (LDO
2015) era de R$812.581.000,00, tendo sido alterada mediante a Lei n.º 13.225/2015 (LOA
2015) para R$686.416.000,00 negativos. Posteriormente, a Lei 13.463/2015, alterou
novamente a referida meta para R$1.254.000.000,00, também negativos.

3.4.9 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL DO ESTADO

Conforme item 2.4 deste Relatório, o Estado da Bahia, nos últimos exercícios, vem
incorporando os novos procedimentos de contabilização e de elaboração das
Demonstrações Contábeis, em linha com as orientações emanadas da Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Não obstante as
implementações técnicas realizadas, a Auditoria identificou fragilidades que passo a
sumariar:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 331


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

1) as notas explicativas apresentadas nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do


Estado não observam plenamente as diretrizes definidas pela NBC T 16.7 e pelo
MCASP, item 8.2, letra 'c' e letra 'd', do MCASP, item 2.4 deste Relatório;

2) deficiência em procedimentos de consolidação das demonstrações contábeis, item


2.4 deste Relatório;

3) prática reiterada de alteração de demonstrativos fiscais após sua publicação, item


2.4.1 deste Relatório;

4) reconhecimento de receitas tributárias em outro exercício, item 2.4.2.1 deste


Relatório;

5) falha na contabilização de receita no FUNPREV, item 2.4.2.2 deste Relatório;

6) crescimento das despesas processadas com DEA, item 2.4.2.3 deste Relatório;

7) despesas com pagamento de multas e juros de mora, item 2.4.2.4 deste Relatório;

8) existência de gastos com Regime Especial de Direito Administrativo (REDA) e


Prestação de Serviço Temporário (PST), item 2.4.4.2 deste Relatório;

9) situação patrimonial negativa do FUNSERV e redução da resevera técnica para


garantia financeira do PLANSERV, itens 2.4.4.3.1 e 2.4.4.3.2 deste Relatório;

10) não elaboração dos instrumentos de planejamento para uma eficiente e eficaz
execução de suas ações de comunicação pública conexas com o controle e
transparência dos gastos do Estado com propaganda e publicidade, item 2.4.4.4
deste Relatório;

11) a ausência de informações relevantes sobre a composição, os procedimentos


contábeis adotados e a evolução dos saldos apresentados, bem como
inconsistências ou falhas de controle interno que repercutem na adequada
interpretação da real situação de realização dos créditos a receber, da efetiva
representatividade financeira dos investimentos e bens de propriedade do Estado,e
do montante das obrigações existentes ao final do exercício de 2015, item 2.4.5
deste Relatório;

12) saldos em contas antigas, oriundas da migração do sistema SICOF para o FIPLAN,
sem correspondente conta bancária, letra ‘a’ do item 2.4.5.1.1 do Relatório;

13) ausência de acompanhamento, pela SEFAZ, quanto à consistência dos valores


publicados no Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar,
letra ‘b’, item 2.4.5.1.1 do Relatório;

14) aumento do montante dos recursos não classificados, em decorrência da ausência


da devida apuração de sua origem e adequada classificação, letra ‘b.1’, item
2.4.5.1.1 do Relatório;

15) fontes de recursos vinculados apresentando disponibilidade de caixa líquida


negativa, letra ‘b.2’, item 2.4.5.1.1 do Relatório;

16) inscrição em restos a pagar não processados de despesas orçamentárias, relativas


a fontes vinculadas, sem suficiência de caixa, letra ‘b.3’, item 2.4.5.1.1 do Relatório;

332 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

17) diferença entre as disponibilidades registradas nas Demonstrações Financeiras das


empresas estatais dependentes e aquelas constantes nos balancetes do FIPLAN,
letra ‘c’, item 2.4.5.1.1 do Relatório;

18) disponibilidades consideradas no saldo da unidade orçamentária FUNDESE como


sendo recursos do Caixa Único, no montante de R$174.152 mil, sem comprovação
que se refere a rendimentos de aplicação na SEFAZ, letra ‘d’, item 2.4.5.1.1 do
Relatório;

19) ausência de conciliação bancária na Conta Única do Tesouro Estadual, letra ‘a’,
item 2.4.5.1.2 do Relatório;

20) não apresentação de conciliações bancárias de diversas contas, letra ‘b’, item
2.4.5.1.2 do Relatório;

21) permanência de pendências antigas em conciliações bancárias, letra ‘c’, item


2.4.5.1.2 do Relatório;

22) conta migrada do SICOF – procedimento indevido de baixa, letra ‘d’, item 2.4.5.1.2
do Relatório;

23) da baixa aplicação da receita líquida de royalties em 2015, em razão da


contabilização do valor de R$141.729.639,81 como "dedução de receita na conta
9721223002 – Cota Parte pela Produção de Petróleo", correspondente à parcela de
2015 do contrato de cessão de crédito firmado com o Banco do Brasil, em 2014
(Contrato N.º SF/CCC/DA/01/14), item 2.4.5.1.3 do Relatório;

24) divergência de saldos referente ao FUNDESE nas Demonstrações Contábeis e os


registros no FIPLAN, item 2.4.5.2 deste Relatório;

25) deficiências de controle interno no controle de convênios, item 2.4.5.2.2 deste


Relatório;

26) acréscimos e Baixas no Saldo da DAT em 2015 – SIGAT x FIPLAN, item


2.4.5.2.3.1.2 deste Relatório;

27) questões contábeis da Dívida Ativa Tributária, item 2.4.5.2.3.1.3 deste Relatório;

28) saldo do grupo de contas de Investimentos nas DCCEs encontra-se superavaliado


no montante de R$1.188.473 mil, em razão de procedimentos de consolidação e de
cálculo da equivalência patrimonial, item 2.4.5.3 deste Relatório;

29) deficiências nos procedimentos contábeis de equivalência patrimonial, item 2.4.5.3


deste Relatório;

30) ausência de enquadramento da EBAL como empresa estatal dependente, item


2.4.5.3.1 do Relatório;

31) deficiências de controle interno dos bens imóveis, item 2.4.5.4.2 deste Relatório;

32) obrigações a pagar não incluídas nas DCCEs, item 2.4.5.5 deste Relatório;

33) desconformidade do registro contábil de precatórios com o MCASP, letra ‘a’, item
2.4.5.7.2.1 deste Relatório;

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 333


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

34) registro indevido de precatórios oriundos de unidade extinta, no valor de


R$8.404.142,97, no Passivo Circulante da Administração Direta do Poder
Executivo, letra ‘a.1’, item 2.4.5.7.2.1 deste Relatório;

35) não contabilização de precatórios, ocasionando a subavaliação do Passivo Não


Circulante e a distorção do resultado patrimonial da Administração Direta do Poder
Executivo em, pelo menos, R$5.776.503,55, letra ‘a.2’, item 2.4.5.7.2.1 deste
Relatório;

36) subavaliação da despesa orçamentária do Poder Executivo em R$286.544.456,78,


letra ‘a.3’, item 2.4.5.7.2.1 deste Relatório;

37) registro indevido de R$1.741.467,92 a título de provisão, no Passivo Não


Circulante, letra ‘b’, item 2.4.5.7.2.1 deste Relatório;

38) Controle não efetivo de precatórios por parte da SEFAZ e remessa de controles
desatualizados pela PGE, item 2.4.5.7.2.2.1.2 deste Relatório;

39) Passivo atuarial do FUNPREV, item 2.4.5.8.1 deste relatório;

40) Deficiência nos procedimentos para a provisão para indenizações – Contingências,


item 2.4.5.8.2 deste Relatório.

3.5 AUDITORIAS E INSPEÇÕES REALIZADAS EM 2015

Foram realizadas as 26 auditorias durante o exercício 2015, tendo os Auditores do TCE


selecionado as seguintes:

3.5.1 AUDITORIA OPERACIONAL DE CUMPRIMENTO DA LEI DE ACESSO À


INFORMAÇÃO (TCE/013091/2014)

A 7ª CCE realizou auditoria que teve como objetivo avaliar o cumprimento das leis que
regulamentam o acesso à informação por parte do poder Executivo Estadual. O supracitado
processo foi apreciado pelo Pleno, que determinou ao Governo do Estado, o
encaminhamento de um novo Plano de Ação, contemplando as ações necessárias para o
alcance das medidas já identificadas, com prazos e a indicação das unidades e/ou
responsáveis pela execução.

3.5.2 AUDITORIA OPERACIONAL NO PROJETO DE LEI N.º 21.474/2015, QUE INSTITUI


O PLANO PLURIANUAL PARTICIPATIVO – PPA DO ESTADO DA BAHIA PARA O
QUADRIÊNIO 2016-2019 (TCE/009393/2015)

Esta auditoria, também realizada pela 7ª CCE, teve como objetivo analisar o modelo
apresentado pelo Poder Executivo para o PPA 2016-2019, por meio do Projeto de Lei n.º
21.474/2015. O processo foi apreciado pelo Pleno que decidiu, dentre outras medidas, por
sugerir ao Governo do Estado e a SEPLAN, a observação dos apontamentos da Unidade
Técnica, determinando a adoção de ações para a revisão dos indicadores estabelecidos no
PPA 2016-2019, de forma a projetar os índices esperados, para cada ano e para o final do
plano, que viabilize a mensuração do resultado obtido após a implementação das ações de
governo.

334 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

3.5.3 AUDITORIA OPERACIONAL NA SISTEMÁTICA DE ELABORAÇÃO,


ACOMPANHAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPA 2012-2015 E
DE ELABORAÇÃO DO PPA 2016-2019 (TCE/007741/2015)

Ainda no exercício em exame, a 7ª CCE efetuou auditoria operacional com o objetivo de


avaliar a sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA
2012-2015 e de elaboração do PPA 2016-2019, avaliando de que forma os procedimentos
para a construção dos PPAs tem viabilizado a construção de um instrumento que
efetivamente norteie a condução das ações das diversas secretarias, órgãos e entidades do
Poder Executivo, permitindo a parametrização do alcance dos objetivos estratégicos
definidos pelo Estado. As fragilidades encontradas sinalizam para situações que contribuem
para construção de PPAs pouco eficazes no direcionamento das ações de governo e,
consequentemente, com pouca condição para serem monitorados e avaliados. O processo
supramencionado foi apreciado pelo Pleno, decidindo que a SEPLAN adotasse as ações
recomendadas pela Unidade Técnica fazendo os ajustes necessários na elaboração dos
futuros Planos Plurianuais, quanto ao cronograma da realização da escuta social. Para às
Secretarias, Órgãos e Entidades, dentre outras medidas, recomendou a designação e
atribuição de competências aos responsáveis pelo planejamento das atividades
relacionadas a elaboração dos PPAs, definindo o seu corpo técnico permanente e os
diversos indicadores necessários a sua avaliação.

3.5.4 AUDITORIA DE ACOMPANHAMENTO DE LICITAÇÕES, CONTRATOS E


CONVÊNIOS CELEBRADOS PELA AGERBA (TCE/007771/2015)

Esta auditoria tratou de examinar os contratos de concessão e termos de cessão de uso de


terminais rodoviários, hidroviários e aeroviários de passageiros formalizados pela AGERBA.
Concluídos os trabalhos, a 1ª CCE registrou em seu relatório as ocorrências identificadas,
sendo o processo submetido ao Pleno do Tribunal que, por meio da Resolução nº 022/2016,
recomendou aos atuais gestores da Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) que promovam
as ações necessárias quanto ao atraso na desapropriação da nova área patrimonial do
Aeroporto João Durval Carneiro, em Feira de Santana.

3.5.5 AUDITORIA NO CONTRATO DE CONCESSÃO ADMINISTRATIVA N.º 035/2013 –


INSTITUTO COUTO MAIA (TCE/007141/2015)

O TCE/BA realizou auditoria no Contrato de Concessão Administrativa n.º 035/2013,


celebrado pela SESAB nos moldes da Parceria Público-Privada (PPP), com a Couto Maia
Construções e Serviços Não Clínicos S/A. O projeto do Instituto Couto Maia (ICOM) abrange
a fusão do Hospital Couto Maia (HCM) com o Hospital Especializado Dom Rodrigo de
Menezes (HEDRM), como proposta da SESAB para solucionar as limitações físicas
estruturais inerentes a essas duas unidades de saúde, requalificando a assistência a
doenças infecciosas, ampliando a qualificação dos profissionais de saúde no atendimento a
estas doenças, fortalecendo a produção tecnocientífica do Estado e consolidando uma
estrutura adequada para o enfrentamento a epidemias e surtos e tornar mais eficiente o
gasto público.

A auditoria promovida pela 2ª CCE, ainda sem apreciação por parte do TCE/BA, em razão
das constatações observadas sugeriu pela recomendação à SESAB a adoção de medidas
para assegurar a devida agilização e transparência na execução do projeto do Instituto
Couto Maia e, especialmente, com relação à qualidade no atendimento aos pacientes das
unidades de saúde afetadas pelas adaptações provisórias decorrentes da sua implantação.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 335


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

3.5.6 AUDITORIA NO PROCESSO DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DO


ESTADO NO CAPITAL SOCIAL DA EBAL (TCE/011305/2015)

Trata de auditoria realizada pela 2ª CCE com o objetivo de acompanhar o processo de


alienação total da participação acionária do Estado no capital social da Empresa Baiana de
Alimentos - EBAL, que apresentou, ao longo dos anos, constantes prejuízos em suas
operações, motivando a atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico a contratar, em
2013, uma consultoria, que propôs como solução a alienação da participação acionária do
Estado na EBAL, tendo a auditoria identificado cinco situações merecedoras de destaque,
registradas em seu relatório, o que motivou a sugestão de notificações ao atual gestor, ao
Titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e à Assembleia Legislativa, dando
conhecimento do teor do relatório de auditoria, em atendimento ao previsto no artigo 10, § 5º
da Lei Orgânica desta Corte.

3.5.7 AUDITORIA NO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO


TRIBUTÁRIA (SIGAT) – MÓDULO DE CRÉDITO (TCE/011407/2015)

A 4ª CCE realizou auditoria de TI no Sistema Integrado de Gestão da Administração


Tributária (SIGAT), módulo de crédito, com o objetivo principal controlar o Processo
Administrativo Fiscal – Auto de Infração, Denúncia Espontânea ou Notificação Fiscal. O
trabalho efetuado comparou os achados de 2015 com os de 2011 e 2007, analisando as
informações prestadas pela Secretaria e as providências que foram ou estavam sendo
adotadas, a fim de solucionar as constatações apontadas pela auditoria.

Dos 13 pontos apontados na auditoria de 2011, verificou-se que 12 pontos persistiram,


sendo que houve redução do número de ocorrências em 7 casos, destacando a
necessidade de aprimoramento nos controles para promover maior celeridade no fluxo do
processo administrativo fiscal para a inscrição na Dívida Ativa, e propondo recomendações
técnicas de TI, tendo a SEFAZ informado que soluções seriam adotadas ou já estavam
sendo tomadas com relação à segurança da informação. Houve ainda recomendação à
PGE para agilizar a cobrança judicial de processos fiscais. Os autos foram apreciados pelo
Pleno, por meio da Resolução nº 037/2016, que expediu 11 determinações aos gestores
responsáveis.

3.5.8 AUDITORIA NO CONTROLE DOS IMÓVEIS DO ESTADO DA BAHIA


(TCE/011170/2015)

A supramencionada auditoria foi realizada na SAEB para avaliar o controle exercido sobre
os imóveis do Estado da Bahia nos aspectos contábeis, operacionais, físicos e de
legalidade, considerando, ainda, os aspectos da gestão no cumprimento das competências
regimentais, envolvendo as informações contidas no SIMOV, examinadas por amostragem,
bem como a verificação in loco dos bens imóveis selecionados e a verificação documental
de 600 imóveis registrados no referido sistema.

A 6ª CCE constatou a existência de fatos que elencam um total de 20 achados, implicando


em 17 recomendações, opinando pela notificação da SAEB para remeter ao TCE/BA, Plano
de Ação, contemplando cronograma de implementação das recomendações, com os
respectivos responsáveis.

336 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

3.5.9 AUDITORIA NA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON (FPC) - CENTRO DE MEMÓRIA E


ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA (TCE/010274/2015)

Cuidou a referida auditoria do Acompanhamento da Execução Orçamentária e Financeira no


Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia da FPC, para emitir opinião fundamentada
da regularidade da execução orçamentária, financeira e patrimonial, o cumprimento das
disposições legais pertinentes e a fidedignidade das informações apresentadas nos
documentos analisados. Os achados destacados pela equipe da 6ª CCE referem-se
principalmente ao estado das instalações do Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia,
necessitando de ações para preservação e salvaguarda do acervo histórico e cultural
custodiado, recomendando a adoção de providências necessárias para regularizar os
apontamentos destacados, materializada em plano de ação, no intuito de evitar a
reincidência de tais ocorrências e que esforços e ações sejam empreendidos pelo Governo
do Estado ao saneamento das inconsistências evidenciadas.

3.6 ACOMPANHAMENTO DAS DELIBERAÇÕES CONSTANTES DO PARECER PRÉVIO


SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO EXERCÍCIO
ANTERIOR

No Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo do exercício de 2014, o


TCE formulou 61 recomendações à Administração Pública Estadual, destinadas ao
saneamento das falhas apontadas no respectivo Relatório, dentre as quais a elaboração de
um Plano de Ação com previsão de metas e identificação dos respectivos responsáveis e
prazos.

A Comissão Estadual de Ações Corretivas e Preventivas de Ressalvas, criada pelo Decreto


n° 12.474/2010, encaminhou um Plano de Ação para atendimento às recomendações
propostas e posteriormente um relatório sobre o estágio de implementação de cada ação
proposta.

Naquele Parecer Prévio destacou-se a importância de apresentar medidas que solucionasse


o cumprimento das recomendações emitidas, observando 06 pressupostos: 1) as ações em
curso; 2) ações a serem adotadas; 3) unidade responsável e pessoas designadas para
tratarem da correção das falhas e irregularidades; 4) metas, principalmente em relação
àquelas reincidentes; 5) prazo máximo para implementação das ações recomendadas e/ou
determinadas ou para esclarecimento das falhas e irregularidades apontadas; e 6)
justificativa idônea para os casos em que não foi adotada nenhuma providência para sanar
as falhas e irregularidades apontadas e implantar as ações recomendadas e/ou
determinadas.

Segundo citação da auditoria é importante que os responsáveis pela administração da coisa


pública alcancem a compreensão de que o “Plano de Ação” funciona muito mais como um
norte colocado à sua disposição para melhor executar suas ações, que como uma
penalidade e/ou encargo. Em verdade, corresponde a documento de inegável natureza
estratégica, porque é elaborado pelo próprio gestor, atentando para suas condições
factíveis.”

As recomendações do TCE foram agrupadas em 48, cuja leitura nos informa que, das 61
recomendações indicadas no Parecer Prévio, 29 foram consideradas pela auditoria como
não atendidas, 24 atendidas parcialmente e duas atendidas. Além disso, verifico que, no
Plano de Ação, não foram identificadas iniciativas específicas para o atendimento de seis
recomendações.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 337


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Objetivando o aprimoramento do Plano de Ação apresentado, a auditoria indicou quatro


sugestões: 1) As ações propostas que requerem prazo de implementação superior a 12
meses, devem ser acompanhadas de cronograma com indicação das atividades a serem
desenvolvidas de forma escalonada no tempo, pelo menos, semestralmente, e, sempre
quando possível, as etapas ou metas a serem atingidas pelas unidades responsáveis; 2)
Indicação da(s) unidade(s) responsável(is) pela implementação de cada ação ou meta
proposta, preferencialmente, detalhando por diretoria, superintendência, ou nível hierárquico
correspondente, segregando-as, sempre que possível, quando houver mais de uma unidade
responsável; 3) Descrever as ações a serem executadas de forma detalhada para que todos
os envolvidos no processo compreendam as atividades a serem desenvolvidas, e, sempre
que possível, as metas, entregas, produtos a serem cumpridos/entregues pelas unidades
responsáveis; e 4) Definir os prazos de implementação das ações considerando a
perspectiva do efetivo atendimento ao quanto recomendado, priorizando aqueles com maior
relevância financeira ou possam acarretar em prejuízo ao Erário.

As avaliações das recomendações foram divididas quanto ao Planejamento e Gestão das


Ações de Políticas Públicas (2.6.1); ao Controle Interno da Administração Pública (2.6.2);
aos Limites Constitucionais e Legais (2.6.3); e à Gestão Orçamentária, Financeira e
Patrimonial (2.6.4).

No item 2.6.1 Planejamento e Gestão das Ações de Políticas Públicas, a auditoria coligiu em
12 grupos as 14 recomendações, avaliando como sendo 05 parcialmente atendidas e 09
não atendidas; no item 2.6.2 Controle Interno da Administração Pública, a auditoria coligiu
em 13 grupos as 16 recomendações, avaliando como sendo 07 parcialmente atendidas e 09
não atendidas ou sem indicação de ação; no item 2.6.3 Limites Constitucionais e Legais a
auditoria coligiu em 5 grupos as 7 recomendações, avaliando como sendo 02 parcialmente
atendidas e 05 não atendidas; no item 2.6.4 Controle Interno da Administração Pública, a
auditoria coligiu em 19 grupos as 24 recomendações, avaliando como sendo 02 atendidas,
10 parcialmente atendidas e 12 não atendidas ou sem indicação de ação. Porém
ponderando as justificativas da Comissão, vejo que mesmo as avaliadas como não
atendidas foram objeto de ações executadas pela administração, mas consideradas não
adequadamente interpretadas pela Comissão. A ação não surtiu o efeito desejado, mas
realmente houve uma ação direcionada ao que a administração entendeu que era solicitado
fazer, e deste modo percebo que algumas das falhas elencadas pela auditoria podem ser
enquadradas em um ou mais dos pressupostos citados anteriormente.

Analisando os apontamentos elaborados pela auditoria e avaliando as iniciativas de


atendimento de cada recomendação, levando-se em conta que as iniciativas realmente
demonstraram que houve a intenção de atendê-las, mesmo extemporaneamente, entendo
que, independentemente das recomendações que sejam encaminhadas no presente
Relatório para o exercício 2015, deve o Governo do Estado buscar atingir as
recomendações anteriores, ajustando de acordo com as atuais prioridades e trabalhando
naqueles pressupostos elencados, ou seja, cumpra as atuais recomendações,
principalmente as que forem reiteradas, mas que não deixe de cumprir as recomendações
anteriores, sejam as parcialmente atendidas, ou mesmo aquelas iniciadas
intempestivamente, ou as não totalmente atendidas dos relatórios anteriores.

3.7 PROVIDÊNCIAS REQUERIDAS NO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE


CONTAS

O Ministério Público de Contas, em seu Parecer, sugeriu a realização de diligência interna


para realização de exames técnicos complementares para aprofundamento dos trabalhos
auditorias relativos aos apontamentos dos itens 2.4.2.1 (Receitas Tributárias – Imposto de
Renda Retido na Fonte), 2.4.2.2 (Receita contabilizada no FUNPREV), e 2.4.2.3 (Despesas

338 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

de Exercícios Anteriores no Poder Executivo), para o adequado dimensionamento de seu


impacto na avaliação da gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Poder Executivo
Estadual no exercício de 2015, bem como a autuação do Contrato nº. 01/2014, celebrado
entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins de exame individualizado de sua
legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na forma preconizada pelo art. 5º, inciso
II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do Regimento Interno do TCE/BA, tendo em
vista a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de vigência contratual, bem como a
atipicidade do procedimento de sua celebração.

Não obstante entender que os exames auditoriais devem ser realizados, não vislumbro
necessidade de postergar a apreciação das presentes Contas de Governo, devendo, ao
meu sentir, inserir a realização destes trabalhos na programação para instrução das contas
vindouras, tendo em vista o cumprimento do prazo previsto no art. 91, inciso I, da
Constituição Estadual.

Ressalto que os eventuais impactos decorrentes do diagnóstico auditorial não se restringem


apenas ao exercício de 2015, tendo em vista que os apontamentos realizados nos itens
2.4.2.1, 2.4.2.2 e 2.4.2.3, referem-se: o primeiro, aos exercícios de 2013, 2014 e 2015; o
segundo, aos exercícios de 2014 e 2015; e o terceiro, DEA, a vários exercícios. Por seu
turno, os dois últimos podem impactar, inclusive, nos próximos exercícios.

Por seu turno, entendo que a inserção de auditorias na programação desta Casa e a
autuação do Contrato n.º 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil
S.A, são matérias inter corporis, podendo ser objeto de decisão Plenária. Com efeito, deixo
de inserir na Proposta de Parecer Prévio.

3.8 CONCLUSÃO

O Estado da Bahia obedeceu a todos os limites constitucionais e infraconstitucionais de


gastos públicos e a dívida pública está dentro dos parâmetros previstos nas respectivas
legislações, mesmo num ano tão recessivo para a economia como foi 2015. O Governador
do Estado conduziu suas ações dentro das possibilidades políticas e discricionárias, ao
longo da crise econômica do exercício analisado. No pertinente às fragilidades elencadas
neste Relatório, formulei recomendações para o aprimoramento da gestão estadual, não
identificando razões suficientes para imposição de ressalvas às presentes contas.

Outrossim, na forma disposta no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, sugiro a expedição
de alerta ao Poder Executivo sobre o fato de que o montante da despesa total com Pessoal
e Encargos Sociais (Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou 95% do
limite de gastos, sendo obrigatória a observância da vedação prevista no art. 22 da LRF,
conforme demonstrado no item 2.3.3 deste Relatório.

Nestes termos, submeto à apreciação deste Tribunal Pleno a proposta de Parecer Prévio
com opinativo favorável à aprovação, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, das
contas do Chefe do Poder Executivo, referentes ao período de 01 de janeiro a 31 de
dezembro de 2015, liberando de responsabilidade o Excelentíssimo Senhor Governador do
Estado da Bahia, Rui Costa, com as recomendações consignadas na aludida proposta e o
alerta previsto no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF combinado com a vedação do art.
art. 22 da LRF.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 339


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

340 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Proposta de Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do
Poder Executivo do Estado da Bahia

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

341
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
PROPOSTA DE PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO CHEFE
DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DA BAHIA

À
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DA BAHIA

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA, reunido em sua composição Plena,


nesta data, objetivando atender ao quanto disposto no art. 71, inciso I, da Constituição
Federal, no art. 91, inciso I, da Constituição do Estado da Bahia, no art. 1º, inciso I, da Lei
Complementar n.º 005/1991, e no art. 19 da Lei Complementar n.º 27/2006, apreciou o
Relatório Técnico apresentado pelo Conselheiro Relator João Evilásio Vasconcelos Bonfim,
no qual estão informados os resultados dos exames das Contas do Chefe do Poder
Executivo do Estado da Bahia, referentes ao exercício financeiro de 01 de janeiro a 31 de
dezembro de 2015, prestadas pelo Excelentíssimo Senhor Governador Rui Costa,
compreendendo as demonstrações contábeis (Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro,
Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais e Notas Explicativas), os
relatórios anuais sobre o desempenho dos programas de governo, demais demonstrativos
previstos na legislação pertinente e a mensagem enviada pelo Governador a essa augusta
Assembleia Legislativa.

Da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia


O Governador do Estado da Bahia é responsável pela elaboração e apresentação das
demonstrações e demais informações que compõem as contas do Poder Executivo, bem
como pelos controles internos que considerou como necessários para permitir a adequada
gestão do orçamento, proteção do patrimônio público e elaboração dos relatórios confiáveis
e oportunos, livres de distorção relevante, independentemente, se causada por fraude ou
erro.

Da responsabilidade do Tribunal de Contas do Estado da Bahia


A competência constitucional e legal deste Tribunal é a de expressar opinião mediante
emissão de Parecer Prévio sobre a adequação dessas contas, consideradas em seu
conjunto, devidamente fundamentada nas respectivas auditorias, conduzidas de acordo com
as Normas de Auditoria Governamental (NAGs), recomendadas pelo Instituto Rui Barbosa
(IRB) e adotadas por este Tribunal, em face do que dispõe a Resolução n.º 53/2011, as
quais são compatíveis com aquelas recomendadas pela Organização Internacional de
Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). Entretanto, por sua própria natureza e
extensão, os trabalhos auditoriais que fundamentam esta opinião não constituem uma
revisão sistemática e completa da gestão dos órgãos, entidades e fundos da Administração
Direta e Indireta do Poder Executivo do Estado da Bahia, cujas prestações de contas –
observadas as normas constitucionais, legais e práticas contábeis vigentes julgamentos
próprios e específicos por este Tribunal de Contas.

Em consonância com a Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) publicada no Diário de


Justiça de 21/08/2007, que deferiu Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade
n.º 2.238 suspendendo a eficácia do caput dos artigos 56 e 57 da Lei Complementar Federal
n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF), o presente exame está circunscrito à
emissão de Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo.

Opinião
Os fatos apresentados pelo Conselheiro Relator em seu Relatório Técnico, até onde foi
possível observar, demonstram que não possuem a relevância e materialidade para
macular, no seu mérito, a visão justa, equilibrada e prudente das Contas Governamentais,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 343


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

tomadas em seu conjunto, sendo considerados suficientes e apropriados para fundamentar


a opinião deste Tribunal de Contas.

As Contas ora referidas, portanto, representam adequadamente, em seus aspectos


relevantes e materiais, a gestão orçamentária, financeira, econômica, patrimonial e
operacional do Poder Executivo, no exercício de 2015, de acordo com os critérios
estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do Estado da Bahia, na Lei
Complementar Federal n.º 101/2000, em outros instrumentos legais pertinentes, e com as
práticas de Contabilidade Pública adotadas no Brasil.

Isso posto, este Tribunal opina favoravelmente à aprovação, por essa augusta Assembleia
Legislativa do Estado da Bahia, das contas do Chefe do Poder Executivo, referentes ao
período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2015, liberando de responsabilidade o
Excelentíssimo Senhor Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, com as
recomendações enumeradas a seguir.

• Quanto ao planejamento e gestão das ações de política pública:

1) adote medidas necessárias para que as escutas sociais realizadas quando da


elaboração dos Planos Plurianuais sejam disponibilizadas tempestivamente às
secretarias, órgãos e entidades da Administração Pública estadual, visando a sua
completa apreciação no processo de construção dos PPAs (item 2.1.1 e 2.1.2);

2) promova, em articulação com os órgãos afins, ações voltadas para designação,


atribuição de competências e capacitação dos responsáveis pelo planejamento das
atividades relacionadas à elaboração do PPA (item 2.1.1 e 2.1.2);

3) aprimore, em articulação com a SEPLAN, o processo de elaboração do PPA de


modo a sistematizar dados e informações dos indicadores para os Programas, de
forma a conter, pelo menos, a natureza do indicador (resultado ou efeito), os índices
de referência e os esperados anuais, a forma de cálculo, a fonte das informações e a
indicação dos responsáveis (item 2.1.1 e 2.1.2);

4) garanta a compatibilização entre o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária Anual,


explicitando as vinculações entre ações orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-
2019, nos termos dos arts. 165 da Constituição Federal e 159 da Constituição
Estadual (item 2.1.3);

5) revise os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os


índices esperados, para cada ano e para o final do Plano, para viabilizar a
mensuração do resultado obtido após a implementação das ações de governo, com
vistas a garantir a efetiva avaliação e acompanhamento dos resultados das políticas
públicas implementadas (item 2.1.3);

6) revise as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o caráter de


ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou
quantitativo, bem como realize projeções anuais, que permitam o monitoramento
regular de seu cumprimento, e, consequentemente, dos compromissos a elas
atrelados (item 2.1.5);

7) garanta a execução dos Programas Prioritários visando ao cumprimento das


salvaguardas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias de cada exercício,
alocando recursos necessários para a sua execução, a fim de garantir um melhor
desempenho das prioridades definidas por lei (item 2.1.6);

344 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

8) aprimore as metodologias e os processos de acompanhamento, de monitoramento e


de avaliação dos PPAs, através de melhorias a serem implementadas no Relatório
de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA) e Relatório Anual de
Governo (RAG), que permitam identificar e aferir os resultados dos Programas
definidos no PPA 2016-2019, bem como as informações relativas à série histórica
dos indicadores utilizados (item 2.1.7);

9) elimine os entraves que impedem a maior competitividade do setor do agronegócio,


permitindo atração de mais investimentos para o Estado (item 3.1);

• Quanto ao controle interno da Administração Pública:

10) adote medidas para o incremento do quantitativo de pessoal lotado nas unidades
que compõem o sistema de controle interno estadual, sobretudo na Auditoria Geral
do Estado (AGE), a fim que estas unidades possam desempenhar todas as suas
atribuições definidas em lei, promovendo, ainda, ampla capacitação aos servidores
(item 2.2.1);

11) estimule na alta administração a valorização do perfil dos ocupantes das CCIs,
visando à redução da elevada rotatividade do quadro de pessoal daqueles que
exercem funções relacionadas ao controle interno (item 2.2.1);

12) promova ações voltadas para a criação de unidades de controle interno nas
entidades da administração indireta que porventura ainda não tenham sido
implantadas (item 2.2.1);
13) garanta, por meio das Coordenações de Controle Interno, a utilização de indicadores
para acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira
e patrimonial, bem como para o monitoramento das ações e programas do PPA (item
2.2.1);
14) agilize ações para a institucionalização do Órgão Central de Controle,
Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios – OCAAF,
previsto na Lei Estadual de Licitação e Contratos nº 9.433/2005 (item 2.2.2);
15) garanta o pleno funcionamento do Sistema Integrado de Planejamento,
Contabilidade e Finanças (FIPLAN) em relação ao acompanhamento da gestão dos
convênios, especialmente, no tocante ao registro da ocorrência de prestação de
contas e das providências adotadas pela Administração para os convênios tidos por
irregulares (item 2.2.3 e 2.2.4);
16) realize a alimentação sistemática do FIPLAN do Submódulo de Acompanhamento da
Ação Governamental (item 2.2.3);
17) regulamente e implemente o Conselho Gestor de Acesso à Informação - CGAI,
previsto pelo § 6º do art. 28 da Lei Estadual nº 12.618/12, objetivando adequar o
cenário da transparência baiana à legislação estadual e federal (item 2.2.4);
18) promova a designação dos órgãos responsáveis que exercerão as competências
estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4);
19) promova a designação formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos
componentes do Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de realizar as
funções estabelecidas pelo art. 7º da LAI (item 2.2.4);
20) finalize o Projeto de Identidade Digital de Governo, de modo a promover a
padronização e publicação das informações mínimas contidas nos incisos I a IV, § 1º
do art. 8º da Lei n.º 12.527/2011 (item 2.2.4);

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 345


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

21) regulamente o procedimento de classificação e desclassificação de informações


sigilosas, em cumprimento aos arts. 22 a 24 da Lei nº 12.618/2012, com o objetivo
de viabilizar que a autoridade máxima de cada órgão ou entidade estadual publique
tais informações em seus sítios da Internet (item 2.2.4);

22) disponibilize de forma descentralizada, em cada órgão, de local para atendimento


presencial, conforme disposto no art. 6º e § 1º, inciso I do art. 9º da Lei Estadual nº
12.618/2012, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do crescimento
da demanda para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo para o
atendimento presencial do SIC (item 2.2.4);

23) regulamente os procedimentos para tratamento de informação pessoal, conforme


previsão do § 5º, art. 25 da Lei Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4);

24) encaminhe a este Tribunal de Contas, no prazo de 60 dias, documentação que


comprove a possibilidade de interpor recursos pelo Sistema de Ouvidoria e Gestão
Pública - TAG, bem como imagens com captura de telas do sistema, evidenciando a
funcionalidade e o fluxograma que apresente os procedimentos necessários ao
manejo da via recursal (item 2.2.4);

25) proceda à divulgação dos vencimentos dos servidores civis e militares, bem como
dos proventos dos agentes públicos aposentados e dos pensionistas, em obediência
ao princípio da transparência, com o fim de permitir o controle social sobre os gastos
públicos e viabilizar a concretização plena do direito fundamental de acesso à
informação pública (arts. 5º, inciso XXXIII, 37, § 3º e 216, § 2º da Constituição
Federal (item 2.2.4);

26) atualize no portal “Transparência Bahia” informações sobre os convênios celebrados


para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações públicas, como forma
de viabilizar o controle social e a bem do princípio da publicidade, nos termos dos
arts. 5º, inciso XXXIII e 37 da Constituição Federal (item 2.2.4).

• Quanto à Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia:

27) apure a causa para as rotineiras alterações dos Demonstrativos Fiscais após a sua
publicação, evitando, assim, que essas ocorrências possam comprometer a
consistência das informações prestadas (item 2.4.1);

28) implemente o Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos,


visando à efetiva fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções firmados
com o Estado, das empresas com benefícios fiscais (item 2.4.3.5.2);

29) proceda a correta classificação das despesas com pagamentos dos prestadores de
serviços temporários, que se refiram à substituição de servidores, incluindo-se o
percentual relativo à cota patronal calculado com base nesse valor, a fim de que
sejam incluídas no cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, sem
prejuízo da adoção de providências que visem a descontinuar a política de
contratação de pessoal via de PST (item 2.4.4.2);

30) observe o princípio da prudência ao contrair obrigações para o Fundo de Custeio do


Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV), sem recursos
suficientes para quitá-las (item 2.4.4.3.2);

346 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

31) elabore, em articulação com a SECOM, instrumentos de planejamento para uma


eficiente e eficaz execução de suas ações de comunicação pública, conexas com o
controle e transparência dos gastos do Estado com propaganda e publicidade (item
2.4.4.4);

32) elabore um plano de recomposição das fontes não vinculadas, o que impõe a
programação de um esforço fiscal, associada a uma gestão orçamentária e
financeira mais eficiente, incluindo dispositivos específicos nas normas de
encerramento de exercícios, além diretrizes e procedimentos para prevenir ou
minimizar os desequilíbrios entre as fontes de recursos do Estado, em relação à
inscrição em restos a pagar não processados de despesas orçamentárias, relativas a
fontes vinculadas, sem suficiência de caixa (item 2.4.5.1.1);

33) articule, com os órgãos afins, a tempestividade na contabilização das receitas de


royalties, evitando assim distorções nas informações contábeis e financeiras (item
2.4.5.1.3);

34) promova ações integradas entre as Secretarias responsáveis pela execução de


ações financiadas por recursos de royalties, objetivando a aplicação integral das
receitas dessa rubrica nas áreas eleitas para aplicação desses valores, tanto no
dispositivo Constitucional quanto na Lei n.º 9.281/2004 (item 2.4.5.1.3.1);

35) apoie as ações do CIRA, fortalecendo o trabalho conjunto da SEFAZ, a SSP, o MPE,
a PGE e o TJ, para o aumento da recuperação de débitos fiscais (item 2.4.5.2.3.1.1);

36) intensifique a integração entre os sistemas SIGAT e FIPLAN, visando a eliminação


de falhas que comprometem a exatidão dos números, possibilitando a criação de
rotinas que automatize os lançamentos, em relação aos Acréscimos e Baixas no
Saldo da DAT (item 2.4.5.2.3.1.2);

37) realize estudos para a redução de custos fiscais da PRODEB e EGBA (item 2.4.5.3);

38) observe a Resolução CFC n.º 1.136/2008, que aprovou a NBC T 16.9, sobre
depreciação, amortização e exaustão do Imobilizado, vez que os comentários
constantes na Nota Explicativa n.º 5 do Balanço Patrimonial contêm apenas
informações sobre as taxas de depreciação dos bens móveis, sem indicar outros
dados e comentários (item 2.4.5.4);

39) observe, quanto as Demais Obrigações a Curto Prazo, as Normas Brasileiras de


Contabilidade NBC T 16.6, ao estabelecer que contas contábeis de designação
genérica, como Outros(as), devem representar menos de 10% do montante total do
grupo (item 2.4.5.5.1);

40) promova, em relação à Provisão para indenizações – Contingências, o levantamento


das contingências que possam afetar o Patrimônio do Estado da Bahia, objetivando
estimar o montante dos riscos de perdas relacionados com cada demanda, a fim de
avaliar aquelas que devem ser objeto de contabilização das respectivas provisões,
bem como as que requerem apenas a divulgação de informações relevantes para
uma adequada accountability das contas públicas (item 2.4.5.8.2);

41) apresente, em relação ao Patrimônio Social e Reserva de Lucros, para cada Fundo,
em nota explicativa, a posição ao final do exercício de demonstração resumida da
sua composição, detalhando-se, por natureza, suas origens, aplicações e
disponibilidades, de forma a melhorar a evidenciação quanto ao perfil dos ativos e
passivos vinculados a cada fundo (item 2.4.5.9).

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 347


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Quanto às Auditorias e Inspeções Realizadas em 2015:

42) adote providências para a regularização fundiária do aeroporto de Feira de Santana -


João Durval Carneiro (item 2.5.4);

43) adote providências para a reforma e adequação das instalações do centro de


memória e arquivo público da Bahia (APEB), visando uma maior qualidade na
preservação e salvaguarda do acervo histórico e cultural do Estado (item 2.5.9).

• Recomendação especial:

Elaborar Plano de Ação relacionando as ações a serem empreendidas no sentido de


solucionar as recomendações contidas neste Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes
de implementação constantes do Parecer Prévio sobre as Contas de Governo de 2014 (item
2.6), estabelecendo prazos e responsáveis para o efetivo saneamento.

• Expedição de Alerta do artigo 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, combinado com a
vedação do artigo 22 da LRF:

Na forma disposta no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, fica alertado o Poder Executivo
sobre o fato de que o montante da despesa total com Pessoal e Encargos Sociais (Poder
Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou 95% do limite de gastos, sendo
obrigatória a observância à vedação prevista no art. 22 da LRF (item 2.3.3).

Tribunal de Contas do Estado da Bahia, em 07 de junho de 2016.

Conselheiro INALDO DA PAIXÃO SANTOS ARAÚJO


Presidente

Conselheiro GILDÁSIO PENEDO FILHO


Vice-presidente

Conselheiro ANTONIO HONORATO DE CASTRO NETO


Corregedor

Conselheira CAROLINA MATOS ALVES COSTA

Conselheiro PEDRO HENRIQUE LINO DE SOUZA

Conselheiro JOÃO EVILÁSIO VASCONCELOS BONFIM


Relator das Contas

Conselheiro MARCUS VINICIUS DE BARROS PRESÍDIO

348 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Siglas Utilizadas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 349


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2014

350 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


SIGLAS UTILIZADAS
ACP Sistema de Apropriação de Custos Públicos
ACPF Sistema de Apropriação de Custos Públicos
ACTUARIAL Assessoria, Consultoria Atuarial
ADAB Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
ADH Autorização do Documento Hábil
ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade
ADIN Ação Direta de Inconstitucionalidade
AGE Auditoria Geral do Estado
Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e
AGERBA
Comunicações da Bahia
AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia
AGP Assessoria de Planejamento e Gestão
AL/BA Assembleia Legislativa do Estado da Bahia
ANAC Agência Nacional de Aviação Civil
ANS Agência Nacional de Saúde
ARR Autorização de Repasse da Receita
BA Bahia
Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e
BAHIAFARMA
Distribuição de Medicamentos
BAHIAGÁS Companhia de Gás da Bahia
BAHIAINVESTE Empresa Baiana de Ativos S.A.
BAHIAPESCA Bahia Pesca S.A
BAHIATER Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural
BAHIATURSA Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia
BAPREV Fundo Previdenciário dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
BB Banco do Brasil S.A
BCB Banco Central do Brasil
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BNB Banco do Nordeste do Brasil S.A
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAB Centro Administrativo da Bahia
CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CAPPA Comitê de Acompanhamento do Plano Plurianual
CAR Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional
CAS Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor
CBO Conta Bancária de Órgão
CBPM Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
CCE Coordenadoria de Controle Externo
CCIs Coordenações de Controle Interno
CDA Coordenação de Desenvolvimento Agrário
CDD Cadastro da Despesa
CE Constituição Estadual
CE Ceará
CEASAs Centrais de Abastecimento
CEDASC Centro de Estudos e Desenvolvimento de Tecnologias para Auditoria
CEDETER Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial
CEF Caixa Econômica Federal
CERB Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia
CETREL Central de Efluentes Líquidos S/A
CF Constituição Federal
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CGAI Comitê Gestor de Acesso à Informação
CGE Controladoria Geral do Estado
CGR Corregedoria Geral
CGU Controladoria-Geral da União
CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
CIRA Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos
CIS Centro Industrial de Subaé
CLP Centro de Liderança Pública

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 351


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

CLT Consolidação das Leis do Trabalho


CMG Casa Militar do Governador
CNJ Conselho Nacional de Justiça
CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
CODETERs Colegiados Territoriais de Desenvolvimento Sustentável
COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
COMPREV Sistema de Compensação Previdenciária
CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária
COPAF Coordenação Geral de Planejamento, Acompanhamento e Controle Financeiro
CPF Cadastro de Pessoa Física
CTF Controle Total de Frota
CUT Conta Única do Tesouro
CUTE Conta Única do Tesouro Estadual
DARC Diretoria de Arrecadação, Crédito Tributário e Controle
DAT Dívida Ativa Tributária
DATAPREV Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
DC Dívida Consolidada
DCL Dívida Consolidada Líquida
DEA Despesas de Exercícios Anteriores
DEPAF Departamento de Planejamento, Administração e Finanças
DEPAT Diretoria do Tesouro
DERBA Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia
DESENBAHIA Agência de Fomento do Estado da Bahia S/A
DESENVALE Companhia de Desenvolvimento do Vale do Paraguaçu
DESENVOLVE Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia
DETRAN Departamento Estadual de Trânsito
DFL Dívida Fiscal Líquida
DICOP Diretoria da Contabilidade Pública
DIGEF Diretoria de Gestão Financeira Previdenciária e Investimentos
DIVEP Diretoria de Vigilância Epidemiológica
DJE Diário da Justiça Eletrônico
DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DOE Diário Oficial do Estado
DP Defensoria Pública
DPAF Departamento de Planejamento, Administração e Finanças
DPT Departamento de Polícia Técnica
DVP Demonstração das Variações Patrimoniais
EBAL Empresa Baiana de Alimentos S.A
EBAPE Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas
EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.
EBRAE Empresa Brasileira de Engenharia Ltda.
EBT Escala Brasil Transparente
EC Emenda Constitucional
EGBA Empresa Gráfica da Bahia
EGERAIS Encargos Gerais do Estado
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A
ETAA Escritório Técnico de Assessoria Atuarial S/S Ltda.
FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FCVS Fundo de Compensação de Variações Salariais
FEAS Fundo Estadual de Assistência Social
FES/BA Fundo Estadual de Saúde
FG Fiplan Gerencial
FGBP Fundo Garantidor Baiano de Parcerias
FGV Fundação Getulio Vargas
FGV DIREITO RIO Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas
FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
FIFA Fédération Internationale de Football Association
FIPLAN Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças
FJS Fundação José Silveira (FJS)
FMI Fundo Monetário Internacional
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FNP Fonte Nova Negócios e Participações
FPC Fundação Pedro Calmon – Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia
FPE Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal
FUNCEB Fundação Cultural do Estado da Bahia
FUNCEP Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza

352 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Siglas Utilizadas

FUNDAC Fundação da Criança e do Adolescente


Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
FUNDEB
Profissionais da Educação
FUNDESE Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico
FUNPREV Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
FUNSERV Fundo de Custeio do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais
GABGOV Gabinete do Governador
GCRED Gerência de Controle do Crédito Tributário
GECOR Gerência de Controle e Orientação
HCM Hospital Couto Maia
HEDRM Hospital Especializado Dom Rodrigo de Menezes
HEMOBA Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia
HGC Hospital Geral de Camaçari
HGCA Hospital Geral Clériston Andrade
HGRS Hospital Geral Roberto Santos
IAT Instituto Anísio Teixeira
IBAMETRO Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICAT Índice de Transparência do Contencioso Administrativo Tributário dos Estados Brasileiros
ICM Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
ICMS
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações
ICOM Instituto Couto Maia
IGH Instituto de Gestão e Humanização
IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado
INCC Índice Nacional de Custo da Construção
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores
IOF
Mobiliários
IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
IPC Índice de Preços ao Consumidor
IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IPI-EXP Imposto sobre Produtos Industrializados, Proporcional às Exportações
IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IR Imposto de Renda
IRDEB Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia
IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte
ITCD Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos
ITCF Índice de Transparência e Cidadania Fiscal
JUCEB Junta Comercial do Estado da Bahia
KFW Corporação de Empréstimo à Reconstrução – Alemanha
LACEN-BA Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz
LAI Lei de Acesso à Informação
LC Lei Complementar
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LID Licitação, Inexigibilidade e Dispensa
LOA Lei Orçamentária Anual
LRF Lei de Responsabilidade Fiscal
LTDA Limitada
MAUÁ Instituto de Artesanato Visconde de Mauá
MCASP Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
MDE Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
MDF Manual de Demonstrativos Ficais
MEC Ministério da Educação
MF Ministério da Fazenda
MIP Manual para Instrução de Pleitos
MIRANTE Sistema de Observação das Contas Públicas
MOP Manual de Orçamento Público
MP Ministério Público
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
MPC Ministério Público de Contas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 353


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

MPF Ministério Público Federal


MPS Ministério da Previdência Social
MS Ministério da Saúde
NACP Núcleo Auxiliar de Conciliação de Precatórios
NBC T Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica
NBCASP Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
NCASP Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público
NEF Núcleo de Estudos Fiscais
NFC-e Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica
NLA Nota de Lançamento Automático
NLC Nota de Lançamento Contábil
Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e
OCAAF
Convênios
OEA Organização dos Estados Americanos
OECF Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OGE Ouvidoria Geral do Estado
ONU Organização das Nações Unidas
PAF Processo Administrativo Fiscal
PAOE Projeto, Atividade e Operação Especial
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PAT Programa Água para Todos
PCASP Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
PC-BA Polícia Civil do Estado da Bahia
PDCA Planejamento, Execução, Checagem e Ação
PGE Procuradoria Geral do Estado
PGFN Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
PGR Procuradoria Geral da República
PIB Produto Interno Bruto
PL Projeto de Lei
PLANSERV Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais
PLEM Plano de Emergência em Aeródromo
PLOA Projeto de Lei Orçamentária Anual
PM/BA Polícia Militar da Bahia
PPA Plano Plurianual
PPA Plano Plurianual Participativo
PPP Parceria Público-Privada
PREMAR Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias no Estado da Bahia
PREVBAHIA Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
PREVIC Superintendência Nacional de Previdência Complementar
PROALBA Programa de Incentivo à Cultura de Algodão
PROAUTO Programa Especial de Incentivo ao Setor Automotivo da Bahia
PRODEB Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia
PROFIS Procuradoria Fiscal
PROFISCO Programa de Modernização e Fortalecimento da Gestão Fiscal do Estado
PROInfo Sistema de Gerenciamento de Processos Documentos
PRÓ-MORADIA Programa de Atendimento Habitacional através do Poder Público
PST Prestadores de Serviço Temporário
PTP Programa de Transparência Pública
RAG Relatório Anual de Governo
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RAPPA Relatório Anual da Avaliação da Execução do PPA
RBAC Regulamento Brasileiro da Aviação Civil
RCL Receita Corrente Líquida
REDA Regime Especial de Direito Administrativo
RFB Secretaria Receita Federal
RGF Relatório de Gestão Fiscal
RGPS Regime Geral de Previdência Social
RH Recursos Humanos
RP Restos a Pagar
RPC Registro do Passivo por Competência
RPPS Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
RPPS Regime Próprio de Previdência Social
RPV Requisição de Pequeno Valor
RRA Rendimento Recebido Acumuladamente
RREO Relatório Resumido da Execução Orçamentária
RS Rio Grande do Sul

354 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Siglas Utilizadas

S/A Sociedade Anônima


SAEB Secretaria da Administração
SAF Superintendência de Administração Financeira
SAIS Superintendência de Atenção Integral à Saúde
SDE Secretaria de Desenvolvimento Econômico
SDR Secretaria de Desenvolvimento Rural
SEAGRI Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura
SEAP Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização
SEC Secretaria da Educação
SECOM Secretaria de Comunicação Social
SECOPA Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014
SECTI Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
SECULT Secretaria de Cultura
SEDES Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza
SEDIR Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional
SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano
SEFAZ Secretaria da Fazenda
SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
SEINFRA Secretaria de Infraestrutura
SEMA Secretaria do Meio Ambiente
SEPLAN Secretaria do Planejamento
SEPROMI Secretaria de Promoção da Igualdade Racial
SERIN Secretaria de Relações Institucionais
SESAB Secretaria da Saúde
SETRE Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
SETUR Secretaria de Turismo
SGA Superintendência de Gestão e Avaliação
SIAP Sistema de Administração de Patrimônio
SIC Serviço de Informações ao Cidadão
SICM Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração
SICOF Sistema de Informações Contábeis e Financeiras
SICON Sistema de Informações Gerenciais de Convênios e Contratos
SICONV Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse
SIGAP Sistema de Gestão de Gastos Públicos
SIGAT Sistema Integrado de Gestão da Administração Tributária
SIHS Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento
SIMOV Sistema de Controle de Bens Imóveis
SIMPAS Sistema Integrado de Material, Patrimônio e Serviços
SINASC Sistema de Informações de Nascidos Vivos
SIOPS Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde
SIPLAN Sistema Informatizado de Planejamento
SIRH Sistema Integrado de Recursos Humanos
SISOB Sistema para Cadastramento e Atualização de Dados de Óbito pelos Cartórios de Registro
SIT Superintendência de Infraestrutura de Transportes da Bahia
SJCDH Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos
SJDHDS Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social
SMA Superintendência de Monitoramento e Avaliação
SMSL Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas
SOF Secretaria de Orçamento Federal
SPE Superintendência de Planejamento Estratégico
SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres
SPO Superintendência de Orçamento Público
SRD Solicitação de Reserva de Dotação
SSP Secretaria da Segurança Pública
STF Supremo Tribunal Federal
STN Secretaria do Tesouro Nacional
SUCAB Superintendência de Construções Administrativas da Bahia
SUDEC Superintendência de Proteção e Defesa Civil
SUDESB Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia
SUDIC Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial
SUPAT Superintendência de Patrimônio
SUPERH Superintendência de Recursos Humanos da Saúde
SUPREV Superintendência de Previdência
SUS Sistema Único de Saúde
TAG Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública
TCE/BA Tribunal de Contas do Estado da Bahia
TCM/BA Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 355


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

TCU Tribunal de Contas da União


TI Tecnologia da Informação
TJ/BA Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
TMI Taxa de Mortalidade Infantil
TRF Tribunal Regional Federal
TRT Tribunal Regional do Trabalho
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
UESC Universidade Estadual de Santa Cruz
UNEB Universidade do Estado da Bahia
UPA Unidade de Pronto Atendimento
UPRD Unidade Padrão Referencial Diária
URBIS Habitação e Urbanização da Bahia S.A
URV Unidade Real de Valor
VPA Variação Patrimonial Aumentativa
VPD Variação Patrimonial Diminutiva

356 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

358 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PRINCIPAIS FONTES DE CRITÉRIOS
PRINCIPAIS FONTES DE CRITÉRIOS

LEGISLAÇÃO FEDERAL

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:


www.planalto.gov.br.

BRASIL. Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998. Modifica o sistema de


previdência social, estabelece normas de transição e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Emenda Constitucional n.º 29, de 13 de setembro de 2000. Altera os arts. 34, 35, 156,
160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos
de saúde. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Emenda Constitucional n.º 41, de 19 de dezembro de 2003. Modifica os arts. 37, 40, 42,
48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga o inciso IX do §3º do art. 142 da Constituição
Federal e dispositivos da Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Emenda Constitucional n.º 62, de 09 de dezembro de 2009. Altera o art. 100 da
Constituição Federal e acrescenta o art. 97 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
instituindo regime especial de pagamento de precatórios pelos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Medida Provisória n.º 664, de 30 de dezembro de 2014. Altera as Leis nº 8.213, de 24 de
julho de 1991, nº 10.876, de 2 junho de 2004, nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e a Lei nº
10.666, de 8 de maio de 2003. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 24, de 7 de janeiro de 1975. Dispõe sobre os convênios para a
concessão de isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, e dá
outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 63, de 11 de janeiro de 1990. Dispõe sobre critérios e prazos de
crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e de
transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências. Disponível
em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos
Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei
Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas
para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a
disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 359


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

o
BRASIL. Lei Complementar n.º 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3 do art. 198 da
Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os
critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação
os
e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis n
8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei Complementar n.º 151, de 5 de agosto de 2015. Altera a Lei Complementar nº 148, de
os
25 de novembro de 2014; revoga as Leis n 10.819, de 16 de dezembro de 2003, e 11.429, de 26 de
dezembro de 2006; e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e
institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Institui, para os Estados, Distrito Federal e
Municípios, compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus respectivos
territórios, plataformas continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.478, de 6 de agosto de 1997. Dispõe sobre a política energética nacional, as
atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a
Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.507, de 12 de novembro de 1997. Regula o direito de acesso a informações e
disciplina o rito processual do habeas data. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.717, de 27 de novembro de 1998. Dispõe sobre regras gerais para a organização
e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 9.796, de 05 de maio de 1999. Dispõe sobre a compensação financeira entre o
Regime Geral de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de
contribuição para efeito de aposentadoria, e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

360 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BRASIL. Lei n.º 10.303, de 31 de outubro de 2001. Altera e acrescenta dispositivos na Lei nº 6.404
de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei nº 6.385, de 7 de
dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores
Mobiliários. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 10.887, de 18 de junho de 2004. Dispõe sobre a aplicação de disposições da
os
Emenda Constitucional n.º 41, de 19 de dezembro de 2003, altera dispositivos das Leis n. 9.717, de
27 de novembro de 1998, 8.213, de 24 de julho de 1991, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e dá
outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 11.079, de 30 de dezembro de 2004. Institui normas gerais para licitação e
contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e


Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB,
de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei n.º 10.195, de
os
14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880,
de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 12.024, de 27 de agosto de 2009. Dá nova redação aos arts. 4º, 5º e 8º da Lei n.º
10.931, de 2 de agosto de 2004, que tratam de patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias;
dispõe sobre o tratamento tributário a ser dado às receitas mensais auferidas pelas empresas
construtoras nos contratos de construção de moradias firmados dentro do Programa Minha Casa,
Minha Vida - PMCMV, atribui à Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL as atribuições de
apurar, constituir, fiscalizar e arrecadar a Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública;
altera as Leis n.ºs 11.196, de 21 de novembro de 2005, 11.652, de 7 de abril de 2008, 10.833, de 29
de dezembro de 2003, 9.826, de 23 de agosto de 1999, 6.099, de 12 de setembro de 1974, 11.079,
de 30 de dezembro de 2004, 8.668, de 25 de junho de 1993, 8.745, de 9 de dezembro de 1993,
10.865, de 30 de abril de 2004, 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, e 11.941, de 27 de maio de 2009;
e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal;
altera a Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei n.º 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei n.º 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 12.734, de 30 de novembro de 2012. Modifica as Leis nº 9.478, de 6 de agosto de
1997, e nº 12.351, de 22 de dezembro de 2010, para determinar novas regras de distribuição entre os
entes da Federação dos royalties e da participação especial devidos em função da exploração de
petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, e para aprimorar o marco regulatório sobre a
exploração desses recursos no regime de partilha. Disponível em: www.planalto.gov.br.
s
BRASIL. Lei n.º 12.766, de 27 de dezembro de 2012. Altera as Leis n.º 11.079, de 30 de dezembro
de 2004, que institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito
da administração pública, para dispor sobre o aporte de recursos em favor do parceiro privado,
10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.833, de 29 de dezembro de 2003, 12.058, de 13 de outubro
de 2009, 9.430, de 27 de dezembro de 1996, 10.420, de 10 de abril de 2002, 10.925, de 23 de julho
de 2004, 10.602, de 12 de dezembro de 2002, e 9.718, de 27 de novembro de 1998, e a Medida
Provisória n.º 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Lei n.º 12.965, de 12 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres
para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: www.planalto.gov.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 361


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 68, de 01 de julho de 1998. Autoriza o Estado da Bahia
a conceder garantias e contragarantias às operações de crédito a serem contratadas no âmbito do
programa de recuperação da lavoura cacaueira baiana, junto às instituições de crédito oficiais.
Disponível em: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 71, de 13 de dezembro de 1999. Autoriza o Estado da
Bahia a prestar garantia e contragarantia às operações de crédito contratadas no âmbito do programa
de recuperação da lavoura cacaueira baiana, regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional no
valor de R$15.000.000,00 (quinze milhões de reais), sendo R$14.400.000,00 (catorze milhões e
quatrocentos mil reais) referente a renovação da operação autorizada pela Resolução 105, de 1997,
do Senado Federal, e R$600.000,00 (seiscentos mil reais) relativos ao resíduo da margem não
utilizada da primeira etapa do programa. Disponível em:
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 20, de 06 de setembro de 2001. Autoriza o Estado da
Bahia a renovar, ampliar e adequar as garantias prestadas às operações de crédito contratadas no
âmbito do programa de recuperação da lavoura cacaueira baiana, no valor global de
R$91.600.000,00 (noventa e um milhões e seiscentos mil reais), já autorizadas pelas Resoluções 68,
de 1998, e 71, de 1999, ambas do Senado Federal. Disponível em:
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 23, de 17 de outubro de 2001. Dá nova redação ao art.
2º da Resolução nº 20, de 2001, do Senado Federal. Disponível em:
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 40, de 20 de dezembro de 2001. Dispõe sobre os
limites globais para o montante da dívida pública consolidada e da dívida pública mobiliária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendimento ao disposto no art. 52, VI e IX, da
Constituição Federal. Disponível em: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 43, de 21 de dezembro de 2001. Dispõe sobre as
operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive
concessão de garantias, seus limites e condições de autorização, e dá outras providências.
Disponível em: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 25, de 13 de junho de 2002. Restabelece a Resolução
n.º 20, de 2001, do Senado Federal. Disponível em:
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 2, de 19 de março de 2003. Restabelece a Resolução


n.º 20, de 2001, restabelecida pela Resolução n.º 25, de 2002, ambas do Senado Federal. Disponível
em: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução n.º 20, de 07 de novembro de 2003. Amplia o prazo para
cumprimento dos limites de endividamento estabelecidos na Resolução nº 40, de 2001, do Senado
Federal, que dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida pública consolidada e da
dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Disponível em:
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Cautelar 268–1 – Origem: BA. Relator: Ministro Marco
Aurélio. Reqte: Estado da Bahia. Reqdo: União. Decisão Ação Cautelar – Liminar – Referendo –
Agravo Regimental – Inadequação. 1. A decisão, de folha 39 a 41, está submetida ao Plenário, para o
cabível referendo (Folha 47). Tem se, por isso, a inadequação do agravo interposto. 2. Nego-lhe
seguimento. 3. Publique-se. Brasília, 23 de setembro de 2004. Disponível em: www.stf.jus.br.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade (Med. Liminar) 4425 –
Dispositivo Legal Questionado: Art. 002º (que acresce de um art. 097 o Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias), art 003º, art. 004º e art. 006º, todos da Emenda Constitucional n.º 062,
de 2009 além dos §§ 009º e 012 do art. 100 da Constituição, introduzidos pelo art. 001º da mesma
Emenda. Plenário, 14.03.2013. Disponível em: www.stf.jus.br

362 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade (Med. Liminar) 4357 –
Dispositivo Legal Questionado: Emenda Constitucional n.º 062, de 09 de dezembro de 2009,
publicada em 10 de dezembro de 2009. Plenário, 14.03.2013. Disponível em: www.stf.jus.br

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade (Med. Cautelar) 5.409 –
Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade. Decisão Monocrática Concessiva da Tutela
de Urgência. Referendo do Tribunal Pleno. Direito Constitucional. utilização da disponibilidade
financeira dos Depósitos Judiciais. Lei Complementar 42/15 do Estado da Bahia. Disponível em:
www.stf.jus.br

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 227331 – Origem: RS. Relator: Ministro
Marco Aurélio. Proventos – Benefício outorgado ao pessoal da ativa – extensão. Disponível em:
www.stf.jus.br.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 281015 – Origem: RS. Relator: Ministro
Moreira Alves. Reqte: Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Reqdo: João Batista Lima.
Auxílio-alimentação. Esta Corte tem entendido que o direito ao vale alimentação ou auxílio-
alimentação não se estende aos inativos por força do §4º do art. 40 da Constituição Federal,
porquanto se trata, em verdade, de verba indenizatória destinada a cobrir os custos de refeição
devida exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de suas funções, não se
incorporando à remuneração nem aos proventos de aposentadoria (assim, a título exemplificativo,
nos RREE 220.713, 220.048, 228.083, 237.362 e 227.036). Dessa orientação divergiu o acórdão
recorrido. Recurso extraordinário conhecido e provido. Disponível em: www.stf.jus.br.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário com Agravo 652777 – Origem: SP.
Relator: Ministro Ayres Britto. Recte: Município de São Paulo. Recdo: Ana Maria Andreu Lacambra.
Constitucional. Administrativo. Divulgação, em Sítio Eletrônico Oficial, de Informações Alusivas a
Servidores Públicos. Conflito aparente de Normas Constitucionais. Direito à Informação de Atos
Estatais. Princípio da Publicidade Administrativa. Privacidade, Intimidade e Segurança de Servidores
Públicos. Disponível em: www.stf.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 79, de 09 de junho de 2009. Dispõe sobre a
transparência na divulgação das atividades do Poder Judiciário brasileiro e dá outras providências.
Disponível em: www.cnj.jus.br. (Revogada)

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 102, de 15 de dezembro de 2009. Dispõe
sobre a regulamentação da publicação de informações alusivas à gestão orçamentária e financeira,
aos quadros de pessoal e respectivas estruturas remuneratórias dos tribunais e conselhos. Disponível
em: www.cnj.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 115, de 29 de junho de 2010. Dispõe sobre a
Gestão de Precatórios no âmbito do Poder Judiciário. Disponível em: www.cnj.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 123, de 9 de novembro de 2010. Acrescenta
e altera dispositivos da Resolução n.º 115 do CNJ, que dispõe sobre a Gestão de Precatórios no
âmbito do Poder Judiciário. Disponível em: www.cnj.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 145, de 02 de março de 2012. Acrescenta e
altera dispositivos da Resolução n.º 115 do CNJ, que dispõe sobre a Gestão de Precatórios no âmbito
do Poder Judiciário. Disponível em: www.cnj.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 151, de 05 de julho de 2012. Altera a
redação do inciso VI do artigo 3º da Resolução nº 102, de 15 de dezembro de 2009, do Conselho
Nacional de Justiça. Disponível em: www.cnj.jus.br.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 215, de 16 de dezembro de 2015. Dispõe, no
âmbito do Poder Judiciário, sobre o acesso à informação e a aplicação da Lei 12.527, de 18 de
novembro de 2011. Disponível em: www.cnj.jus.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 363


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BRASIL. Decreto n.º 1, de 11 de janeiro de 1991. Regulamenta o pagamento da compensação


financeira instituída pela Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e dá outras providências.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 2.829, de 29 de outubro de 1998. Estabelece normas para a elaboração e
execução do Plano Plurianual e dos Orçamentos da União, e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 3.112, de 06 de julho de 1999. Dispõe sobre a regulamentação da Lei n.º
9.796, de 5 de maio de 1999, que versa sobre compensação financeira entre o Regime Geral de
Previdência Social e os regimes próprios de previdência dos servidores da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, na contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria, e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 6.900, de 15 de julho de 2009. Acresce o art. 14-A ao Decreto nº 3.112, de 6
de julho 1999, que regulamenta a Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999, e dá outras providências.
Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 7.185, de 27 de maio de 2010. Dispõe sobre o padrão mínimo de qualidade do
sistema integrado de administração financeira e controle, no âmbito de cada ente da Federação, nos
termos do art. 48, parágrafo único, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e dá
outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 7.724, de 16 de maio de 2012. Regulamenta a Lei nº 12.527, de 18 de


novembro de 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do
art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição. Disponível em:
www.planalto.gov.br.

BRASIL. Decreto n.º 7.845, de 14 de novembro de 2012. Regulamenta procedimentos para


credenciamento de segurança e tratamento de informação classificada em qualquer grau de sigilo, e
dispõe sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento. Disponível em: www.planalto.gov.br.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 589, de 27 de


dezembro de 2001. Estabelece conceitos, regras e procedimentos contábeis para consolidação das
empresas estatais dependentes nas contas públicas e dá outras providências. Disponível em:
www.tesouro.fazenda.gov.br.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 504, de 03 de outubro
de 2003. Altera a denominação contas contábeis e funções. Disponível em:
http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/gfm/legislacao/Portaria504.pdf

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 564, de 27 de outubro
de 2004. Aprova a 1ª Edição do Manual de Procedimentos da Dívida Ativa. Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/contabilidade_governamental/legislacao_revogada.asp (Revogada)

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 634, de 19 de


novembro de 2013. Dispõe sobre regras gerais acerca das diretrizes, normas e procedimentos
contábeis aplicáveis aos entes da Federação, com vistas à consolidação das contas públicas da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sob a mesma base conceitual. Disponível
em: http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/leg_contabilidade_novosite.asp

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria Conjunta n.º 01, de 10 de
dezembro de 2014. Aprova a Parte I - Procedimentos Contábeis Orçamentários da 6ª edição do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/leg_contabilidade_novosite.asp

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 553, de 22 de


setembro de 2014. Aprova a 6ª edição do Manual de Demonstrativos Fiscais - MDF. Disponível em:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/471139/Portaria_STN_553_2014_6_edicao_MD
F.pdf

364 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 700, de 10 de


dezembro de 2014. Aprova as Partes II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais, III – Procedimentos
Contábeis Específicos, IV – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e V – Demonstrações
Contábeis Aplicadas ao Setor Público da 6ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público (MCASP). Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/leg_contabilidade_novosite.asp

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 10, de 07 de janeiro
de 2015. Altera o Manual de Demonstrativos Fiscais – MDF, 6ª edição, aprovado pela Portaria nº 553,
de 22 de setembro de 2014. Disponível em:
https://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/471139/CPU_Portaria_STN_10_2015_Altera_6
ª_edicao_MDF.pdf

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria n.º 548, de 24 de


setembro de 2015. Dispõe sobre prazos-limite de adoção dos procedimentos contábeis patrimoniais
aplicáveis aos entes da Federação, com vistas à consolidação das contas públicas da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, sob a mesma base conceitual. Disponível em:
https://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/0/Portaria+STN+548+2015+PIPCP/73e5e615-
ccbe-4050-bfc3-a9356d35daf1

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria Interministerial STN/SOF


n.º 163, de 04 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas
no âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios, e dá outras providências. Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/leg_contabilidade_novosite.asp

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria Interministerial n.º 519,
de 27 de novembro de 2001. Altera o anexo II da Portaria Interministerial STN/SOF n.º 163, de 04 de
maio de 2001. Disponível em: http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/leg_contabilidade_novosite.asp

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria Interministerial n.º 688,
de 14 de outubro de 2005. Altera o Anexo II da Portaria Interministerial STN/SOF n.º 163, de 4 de
maio de 2001, e dá outras providências. Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/contabilidade_governamental/legislacao_revogada.asp. (Revogada)

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Nota n.º 1097/2007/CCONT-STN,


de 26 de junho de 2007. Identificação preliminar das divergências na federação quanto ao cálculo da
Despesa Total com Pessoal para fins de apuração dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Disponível em: www.tesouro.fazenda.gov.br.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Portaria n.º 6.209, de 16 de dezembro de 1999. Dispõe
sobre a compensação previdenciária. Disponível em: http://www.mtps.gov.br/legislacao

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Portaria MPS n.º 403, de 10 de dezembro de 2008.
Dispõe sobre as normas aplicáveis às avaliações e reavaliações atuariais dos Regimes Próprios de
Previdência Social - RPPS da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, define
parâmetros para a segregação da massa e dá outras providências. Disponível em:
http://www.mtps.gov.br/legislacao

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Portaria MPS n.º 288, de 30 de junho de 2015. Alteração
da Portaria MPAS nº 6.209 de 1999, que dispõe sobre a compensação previdenciária entre o Regime
Geral de Previdência Social - RGPS e os regimes próprios de previdência social. Disponível em:
http://www.mtps.gov.br/legislacao

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Ministério da Fazenda. Portaria Interministerial MPS/MF


n.º 410, de 29 de julho de 2009. Disciplina o art. 14-A do Decreto n.º 3.112, de 6 de julho de 1999,
acrescentado pelo Decreto n.º 6.900, de 15 de julho de 2009, que dispõe sobre a compensação
financeira em atraso, relativa aos benefícios em manutenção em 5 de maio de 1999, concedidos a
partir de 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.mtps.gov.br/legislacao

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 365


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério Público Federal. Portaria Interministerial MS/MPF n.º 529,
de 30 de abril de 1999. Designa Equipe, para desenvolverem, nos próximos dezoito meses, Projeto
para Implantação de um Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos para Saúde - SIOPS,
abrangendo União, Estados e Municípios, incluindo o estudo de normas para a elaboração
orçamentária do setor saúde dentro das Contas Públicas. Disponível em:
http://portal2.saude.gov.br/saudelegis/leg_norma_pesq_consulta.cfm (Revogada)

BRASIL. Ministério da Saúde. Procuradoria Geral da República. Portaria Conjunta MS/PGR/MPF n.º
1.163, de 11 de outubro de 2000. Estabelece diretrizes para a implementação do SIOPS no âmbito
do Ministério da Saúde, incluindo a criação da Câmara Técnica e dos Núcleos Estaduais de Apoio ao
SIOPS. Disponível em: http://portal2.saude.gov.br/saudelegis/leg_norma_pesq_consulta.cfm
(Revogada)

BRASIL. Ministério da Saúde. Procuradoria Geral da República. Portaria Interministerial MS/PGR-


MPF n.º 446, de 16 de março de 2004. Implementa o Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Saúde – SIOPS sob a supervisão da Secretaria-Executiva e da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos – SCTIE, ambas do Ministério da Saúde. Disponível em:
http://portal2.saude.gov.br/saudelegis/leg_norma_pesq_consulta.cfm

BRASIL. Ministério da Saúde. Procuradoria Geral da República. Portaria n.º 53, de 16 de janeiro de
2013. Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Saúde (SIOPS) e fixa prazos para registro e homologação de informações, em
observância ao art. 39 da Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, e ao Capítulo I do
Decreto nº 7.827, de 16 de outubro de 2012. Disponível em:
http://portal2.saude.gov.br/saudelegis/leg_norma_pesq_consulta.cfm

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.111, de 29 de novembro de 2007.


Aprova o Apêndice II da Resolução CFC n.º . 750/93 sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível
em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.132, de 21 de novembro de 2008.


Aprova a NBC T 16.5 - Registro Contábil. Disponível em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.133, de 21 de novembro de 2008.


Aprova a NBC T 16.6 - Demonstrações Contábeis. Disponível em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.134, de 21 de novembro de 2008.


Aprova a NBC T 16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.136, de 21 de novembro de 2008.


Aprova a NBC T 16.9 - Depreciação, Amortização e Exaustão. Disponível em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n.º 1.137, de 21 de novembro de 2008.


Aprova a NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor
Público. Disponível em: www.cfc.org.br.

BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Resolução n.º 209, de 22 de dezembro de 2009.
Dispõe sobre os critérios de manutenção de Recursos Próprios Mínimos e constituição de Provisões
Técnicas a serem observados pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde.
Disponível em: http://www.ans.gov.br/legislacao/busca-de-legislacao

BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil. Resolução n.º 279, de 10 de julho de 2013. Estabelece
critérios regulatórios quanto à implantação, operação e manutenção do Serviço de Prevenção,
Salvamento e Combate a Incêndio em Aeródromos Civis (SESCINC). Disponível em:
http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao

366 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

LEGISLAÇÃO ESTADUAL

BAHIA. Constituição (1989). Constituição do Estado da Bahia. Disponível em:


www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Emenda Constitucional n.º 19, de 12 de março de 2014. Dá nova redação ao art. 204 da
Constituição do Estado da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei Complementar n.º 005, de 04 de dezembro de 1991. Dispõe sobre a Lei Orgânica do
Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei Complementar n.º 24, de 04 de janeiro de 2006. Regula a competência da Ouvidoria do
Ministério Público do Estado da Bahia, a escolha do Ouvidor, extingue e transforma cargos, e dá
outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei Complementar n.º 26, de 28 de junho de 2006. Dispõe sobre a Lei Orgânica e o
Estatuto da Defensoria Pública do Estado da Bahia e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei Complementar n.º 34, de 06 de fevereiro de 2009. Dispõe sobre a Lei Orgânica da
Procuradoria Geral do Estado, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei Complementar n.º 42, de 09 de julho de 2015. Dispõe sobre a utilização de parcela de
depósitos judiciais e extrajudiciais para pagamento de precatórios e de requisições judiciais de
pequeno valor e para capitalização do Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores
Públicos do Estado da Bahia - FUNPREV. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 6.445, de 07 de dezembro de 1992. Dispõe sobre o Fundo de Desenvolvimento
Social e Econômico - FUNDESE e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 6.677, de 26 de setembro de 1994. Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos
Civis do Estado da Bahia, das Autarquias e das Fundações Públicas Estaduais. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 7.014, de 04 de dezembro de 1996. Trata do Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 7.249, de 07 de janeiro de 1998. Dispõe sobre o Sistema de Seguridade Social dos
Servidores Públicos Estaduais, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 7.435, de 30 de dezembro de 1998. Dispõe sobre a organização e estrutura da
Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 7.980, de 12 de dezembro de 2001. Institui o Programa de Desenvolvimento


Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia - DESENVOLVE, revoga a Lei nº 7.024 , de
23 de janeiro de 1997, que instituiu o Programa de Incentivo ao Comércio Exterior - PROCOMEX e
dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 7.992, de 28 de dezembro de 2001. Cria, nas estruturas da Secretaria da Educação e
da Superintendência de Construções Administrativas da Bahia - SUCAB, os cargos em comissão que
indica, altera disposições da Lei n.º 6.677, de 26 de setembro de 1994, e dá outras providências.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 8.889, de 01 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a estrutura dos cargos e
vencimentos no âmbito do Poder Executivo do Estado da Bahia e dá outras providências. Disponível
em: www.legislabahia.ba.gov.br

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 367


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BAHIA. Lei n.º 8.893, de 12 de dezembro de 2003. Dá nova redação ao art. 1º da Lei n.º 8.598, de
28 de abril de 2003. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.281, de 07 de outubro de 2004. Estabelece a distribuição dos recursos financeiros
de que trata o art. 204 da Constituição Estadual e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.290, de 27 de dezembro de 2004. Institui o Programa de Parcerias Público-
Privadas do Estado da Bahia - PPP Bahia e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.433, de 01 de março de 2005. Dispõe sobre as licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes
do Estado da Bahia e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.444, de 26 de abril de 2005. Altera a Lei n.º 7.249, de 07 de janeiro de 1998, que
dispõe sobre o Sistema de Seguridade Social dos Servidores Públicos Estaduais, e dá outras
providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.446, de 09 de maio de 2005. Define obrigação de pequeno valor, no âmbito da
Administração Pública Estadual, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 9.528, de 22 de junho de 2005. Reorganiza o Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos Estaduais e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 10.845, de 27 de novembro de 2007. Dispõe sobre a Organização e Divisão
Judiciária do Estado da Bahia, a administração e o funcionamento da Justiça e seus serviços
auxiliares. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 10.955, de 21 de dezembro de 2007. Modifica a estrutura organizacional e de cargos
em comissão da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, disciplina o Fundo Financeiro
da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia e o Fundo Previdenciário dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia, em observância ao art. 249, da Constituição Federal de
1988, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 11.357, de 06 de janeiro de 2009. Organiza o Regime Próprio de Previdência dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.039, de 28 de dezembro de 2010. Dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o
exercício de 2011, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.212, de 04 de maio de 2011. Modifica a estrutura organizacional e de cargos em
comissão da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras providências.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.504, de 29 de dezembro de 2011. Institui o Plano Plurianual - PPA do Estado da
Bahia para o quadriênio 2012-2015. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.566, de 08 de março de 2012. Altera a estrutura remuneratória dos postos e
graduações da Polícia Militar do Estado da Bahia, concede reajuste nos termos do inciso X do art. 37
da Constituição Federal e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.595, de 05 de novembro de 2012. Autoriza o Poder Executivo a contratar
operação de crédito interno junto à Caixa Econômica Federal e dá outras providências. Disponível
em: www.legislabahia.ba.gov.br.

368 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BAHIA. Lei n.º 12.597, de 22 de novembro de 2012. Altera dispositivos da Lei n.º 11.357, de 06 de
janeiro de 2009, que organiza o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do Estado
da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.610, de 27 de dezembro de 2012. Autoriza o Poder Executivo a criar o Fundo
Garantidor Baiano de Parcerias - FGBP, altera as Leis n.º 9.290, de 27 de dezembro de 2004, e n.º
7.599, de 07 de fevereiro de 2000, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.617, de 28 de dezembro de 2012. Autoriza o não ajuizamento de execuções
fiscais de pequeno valor, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.618, de 28 de dezembro de 2012. Regula o acesso a informações no âmbito do
Estado da Bahia, conforme prevê o art. 45 da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.814, de 22 de maio de 2013. Autoriza o Poder Executivo a contratar operações de
crédito interno junto à Caixa Econômica Federal, na forma que indica, altera a Lei nº 12.589, de 16 de
agosto de 2012, e dá outras providencias. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.903, de 05 de setembro de 2013. Reduz multas e acréscimos moratórios
incidentes sobre os créditos tributários do ICM e do ICMS, nas condições que estabelece. Disponível
em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 12.949, de 14 de fevereiro de 2014. Institui mecanismo de controle do patrimônio
público do Estado da Bahia, dispondo sobre provisões de encargos trabalhistas a serem pagos às
empresas contratadas para prestar serviços de forma contínua, no âmbito dos Poderes Públicos do
Estado da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.144, de 03 de abril de 2014. Altera dispositivos da Lei nº 9.281, de 07 de outubro
de 2004, que estabelece a distribuição dos recursos financeiros de que trata o art. 204 da
Constituição do Estado da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.153, de 16 de abril de 2014. Autoriza o Poder Executivo a ceder a instituições
financeiras públicas créditos decorrentes de royalties, participações especiais e compensações
financeiras relacionados à exploração de petróleo e gás natural, recursos hídricos e minerais.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.190, de 11 de julho de 2014. Dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o
exercício de 2015, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.204, de 11 de dezembro de 2014. Modifica a estrutura organizacional da


Administração Pública do Poder Executivo Estadual e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.207, de 22 de dezembro de 2014. Altera as Leis nº 7.014, de 04 de dezembro de
1996, e nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.214, de 29 de dezembro de 2014. Dispõe sobre os princípios, diretrizes e
objetivos da Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia, institui o Conselho Estadual
de Desenvolvimento Territorial - CEDETER e os Colegiados Territoriais de Desenvolvimento
Sustentável - CODETERs. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.217, de 30 de dezembro de 2014. Altera dispositivos da Lei nº 13.145, de 03 de
abril de 2014, o art. 38 da Lei nº 10.845, de 27 de novembro de 2007, e dá outras providências.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 369


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BAHIA. Lei n.º 13.222, de 12 de janeiro de 2015. Institui o Regime de Previdência Complementar, no
âmbito do Estado da Bahia, fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões de
que trata o art. 40 da Constituição Federal, autoriza a criação de entidade fechada de previdência
complementar, na forma de Fundação, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.225, de 23 de janeiro de 2015. Estima a Receita e fixa a Despesa do Estado para
o exercício financeiro de 2015. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.342, de 07 de maio de 2015. Reajusta os vencimentos, subsídios, soldos e
gratificações dos cargos efetivos, cargos em comissão e funções gratificadas, proventos e pensões
da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, na forma que indica, e dá
outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.343, de 07 de maio de 2015. Altera a estrutura remuneratória dos cargos efetivos,
cargos em comissão, funções comissionadas e gratificadas, da Administração direta, autárquica e
fundacional do Poder Executivo Estadual, na forma que indica, e dá outras providências. Disponível
em: www.legislabahia.ba.gov.br.
os
BAHIA. Lei n.º 13.346, de 12 de maio de 2015. Altera as Leis n 4.826, de 27 de janeiro de 1989, e
10.955, de 21 de dezembro de 2007, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.347, de 15 de maio de 2015. Dispõe sobre o reajuste dos vencimentos dos
servidores ocupantes dos cargos de provimento efetivo e temporário e dos proventos de
aposentadoria da Assembleia Legislativa, na forma que indica. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.349, de 22 de maio de 2015. Reajusta os vencimentos, gratificações e proventos
dos servidores, as funções de confiança e os cargos em comissão do Ministério Público do Estado da
Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.369, de 14 de julho de 2015. Dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o
exercício de 2016, e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.370, de 27 de julho de 2015. Cria cargos comissionados de Assessor de
Desembargador e Assistente de Gabinete, no Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do Estado da
Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.372, de 17 de setembro de 2015. Reajusta os vencimentos e vantagens dos
cargos efetivos e dos cargos em comissão, no âmbito do Poder Judiciário do Estado da Bahia.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.447, de 07 de outubro de 2015. Altera dispositivos da Lei nº 11.357, de 06 de
janeiro de 2009, que organiza o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do Estado
da Bahia. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.449, de 21 de outubro de 2015. Institui o Programa de Transação Judicial e
Extrajudicial de Créditos Tributários - Programa CONCILIA BAHIA e dá outras providências.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.450, de 26 de outubro de 2015. Altera dispositivos da Lei nº 9.528, de 22 de junho
de 2005, que reorganiza o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.463, de 16 de dezembro de 2015. Altera a Lei nº 13.190, de 11 de julho de 2014,
que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício de 2015, na forma que indica.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

370 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BAHIA. Lei n.º 13.468, de 29 de dezembro de 2015. Institui o Plano Plurianual Participativo - PPA do
Estado da Bahia para o quadriênio 2016-2019. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Lei n.º 13.470, de 30 de dezembro de 2015. Estima a Receita e fixa a Despesa do Estado
para o exercício financeiro de 2016. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Projeto de Lei n.º 16.942, de 03 de dezembro de 2007. Cria a Controladoria Geral do
Estado, o Sistema Estadual de Controle Interno e dá outras providências. Disponível em:
www.al.ba.gov.br.

BAHIA. Projeto de Lei n.º 21.435, de 13 de agosto de 2015. Altera dispositivos da Lei n° 11.357, de
06 de janeiro de 2009, que organiza o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do
Estado da Bahia. Disponível em: www.al.ba.gov.br.

BAHIA. Projeto de Lei n.º 21.474, de 31 de agosto de 2015. Institui o Plano Plurianual Participativo -
PPA do Estado da Bahia para o quadriênio 2016-2019. Disponível em: www.al.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 181-A, de 09 de julho de 1991. Dispõe sobre o processamento de despesas de
exercícios encerrados e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 7.884, de 27 de dezembro de 2000. Aprova o Regulamento do Sistema Estadual
de Auditoria no âmbito do SUS/BA. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 7.919, de 30 de março de 2001. Institui o Sistema Integrado de Material,
Patrimônio e Serviços - SIMPAS, no âmbito da Administração Pública Estadual, e dá outras
providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 7.921, de 02 de abril de 2001. Aprova o Regimento da Secretaria da Fazenda.
Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br. (Revogado)

BAHIA. Decreto n.º 8.444, de 07 de fevereiro de 2003. Institui o Sistema de Apropriação de Custos
Públicos - ACP, no âmbito da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras
providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 9.266, de 14 de dezembro de 2004. Institui o Sistema de Informações


Gerenciais de Convênios e Contratos - SICON, no âmbito da Administração Pública Estadual, aprova
o regulamento para celebração de convênios ou instrumentos congêneres que requeiram liberação
de recursos estaduais e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 10.359, de 23 de maio de 2007. Aprova o Regimento da Secretaria do


Planejamento. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br. (Revogado)

BAHIA. Decreto n.º 11.995, de 05 de março de 2010. Dispõe sobre a opção pelo Regime de
Pagamento de Precatórios previsto no art. 97, § 1º, inciso II, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição Federal de 1988 com as alterações da Emenda Constitucional n.º
62/2009 e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 12.474, de 24 de novembro de 2010. Institui a Comissão Estadual de Ações
Corretivas e Preventivas de ressalvas relativas às Contas Governamentais destinadas ao
aprimoramento das atividades estatais mencionadas nas conclusões de Pareceres Prévios do
Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE–BA). Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 13.843, de 29 de março de 2012. Cria o Comitê Interinstitucional de


Recuperação de Ativos - CIRA. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 14.117, de 03 de setembro de 2012. Homologa a Resolução nº 001/2012, de 04


de julho de 2012, do Conselho Estadual de Comunicação Social. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 371


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BAHIA. Decreto n.º 14.125, de 06 de setembro de 2012. Institui o Sistema Integrado de


Planejamento, Contabilidade e Finanças do Estado da Bahia - FIPLAN. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 14.219, de 27 de novembro de 2012. Institui o Modelo de Governança para
Programas Integrantes do Plano Plurianual - PPA, define instâncias de coordenação multisetorial, e
dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br. (Revogado)

BAHIA. Decreto n.º 14.582, de 04 de julho de 2013. Altera o Decreto nº 12.474, de 24 de novembro
de 2010. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 14.811, de 13 de novembro de 2013. Dispõe sobre os procedimentos referentes
ao Encerramento do Exercício 2013 e aprova a 6ª edição do Manual de Encerramento do Exercício
Financeiro. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 15.158, de 27 de maio de 2014. Altera o Regulamento do Processo


Administrativo Fiscal, aprovado pelo Decreto nº 7.629, de 09 de julho de 1999. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 15.716, de 28 de novembro de 2014. Aprova a 7ª edição do Manual de


Encerramento do Exercício Financeiro e dispõe sobre os procedimentos referentes ao Encerramento
do Exercício 2014. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 15.924, de 06 de fevereiro de 2015. Dispõe sobre a execução orçamentária dos
órgãos, dos fundos e das entidades integrantes da Administração Pública do Poder Executivo
Estadual. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 15.959, de 12 de fevereiro de 2015. Constitui Comissão Especial para o fim que
especifica. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.011, de 18 de março de 2015. Institui Grupo de Trabalho com o objetivo de
realizar estudos, visando à elaboração das minutas dos atos constitutivos da Fundação de
Previdência Complementar dos Servidores Públicos do Estado da Bahia - PREVBAHIA e adotar
todas as providências necessárias ao seu efetivo funcionamento. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.014, de 20 de março de 2015. Dispõe sobre a elaboração do Plano
Plurianual Participativo - PPA 2016-2019 do Estado da Bahia. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.
BAHIA. Decreto n.º 16.059, de 30 de abril de 2015. Disciplina as atividades das Coordenações de
Controle Interno e dá outras providências. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.106, de 29 de maio de 2015. Aprova o Regimento da Secretaria da


Administração - SAEB. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.283, de 17 de agosto de 2015. Aprova o Regimento da Secretaria de


Comunicação Social - SECOM. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.339, de 2 de outubro de 2015. Aprova a avaliação econômico-financeira da


EBAL - Empresa Baiana de Alimentos S/A, autoriza a alienação total da participação acionária do
Estado da Bahia no capital social da Empresa referida e constitui Comissão Especial para os fins que
especifica. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.405, de 11 de novembro de 2015. Dispõe sobre a execução da Lei
Complementar nº 42, de 09 de julho de 2015, que trata da utilização de parcela de depósitos judiciais
e extrajudiciais para pagamento de precatórios e de requisições judiciais de pequeno valor e para
capitalização do Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia
- FUNPREV. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

372 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BAHIA. Decreto n.º 16.406, de 13 de novembro de 2015. Aprova o Regimento da Secretaria da


Fazenda - SEFAZ. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.452, de 01 de dezembro de 2015. Aprova a 8ª edição do Manual de


Encerramento do Exercício Financeiro e dispõe sobre os procedimentos referentes ao Encerramento
do Exercício 2015. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.489, de 23 de dezembro de 2015. Aprova o Regimento da Secretaria do


Planejamento. Disponível em: www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto n.º 16.664, de 30 de março de 2016. Institui os princípios, as diretrizes e outros
elementos norteadores para gestão do Plano Plurianual Participativo - PPA para o quadriênio 2016 -
2019, no âmbito do Poder Executivo Estadual e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Decreto Financeiro n.º 88, de 28 de julho de 2015. Abre aos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social crédito suplementar, na forma que indica, e dá outras providências. Disponível em:
www.legislabahia.ba.gov.br.

BAHIA. Assembleia Legislativa do Estado. Ato da Presidência n.º 38.469, de 15 de maio de 2012.
Regula o acesso a informações, no âmbito do Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, na forma
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e dá outras providências. In: Diário Oficial do Estado
da Bahia, Poder Legislativo, Salvador, 16 maio 2012.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 18, de 19 de junho de 1992. Aprova o
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 144, de 12 de dezembro de 2013. Estabelece
normas e procedimentos para o controle externo dos convênios, acordos, ajustes e instrumentos
congêneres destinados à descentralização de recursos estaduais. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 184, de 16 de setembro de 2014. Inspeção.
Acompanhamento da Lei de Responsabilidade Fiscal (3º Quadrimestre de 2013). Disponível em:
www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 187, de 23 de setembro de 2014. Auditoria.
Juntar às contas da Diretoria Geral da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) e da
Superintendência de Organização e Atendimento da Rede Escolar (SUPEC), exercício de 2013, em
tramitação. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 192, de 14 de outubro de 2014. Dispõe sobre
normas para prestações de contas pelos responsáveis por Unidades Jurisdicionadas da
Administração Direta e Indireta Estadual para fins de julgamento pelo Tribunal de Contas do Estado
da Bahia. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 230, de 02 de dezembro de 2014. Aprova o
Plano de Diretrizes do Tribunal de Contas do Estado da Bahia para o exercício de 2015 e dá outras
providências. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 153, de 05 de novembro de 2015. Modifica a
Resolução nº 192, de 14 de outubro de 2014. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 164, de 10 de dezembro de 2015. Dispõe
sobre a Normatização dos Procedimentos para Emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas de
Governo no âmbito do TCE/BA. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 168, de 15 de dezembro de 2015. Aprova as
Diretrizes para o Planejamento Operacional do exercício 2016 e dá outras providências. Disponível
em: www.tce.ba.gov.br.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 373


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 22, de 29 de março de 2016. Inspeção.
Anexação a Prestação de Contas do Exercício. Determinações. Decisão por maioria. Disponível em:
www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 28, de 12 de abril de 2016. Contrato de
Parceria Público Privada na Modalidade Concessão Administrativa para Reconstrução e Exploração
do Estádio da Fonte Nova. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 31, de 28 de abril de 2016. Consulta.
Despesas com pessoal. Apuração dos limites fixados nos artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade
Fiscal nº 101/2000. Exclusão das parcelas relativas às verbas pagas a título de abono pecuniário de
férias (conversão de 1/3 das férias em pecúnia), abono de permanência, indenização de férias e
licenças-prêmio. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 32, de 28 de abril de 2016. Inspeção.
Secretaria de Governo do Estado da Bahia. Juntar as Contas do Governador de 2015. Lei de Acesso
à Informação nº 12.618/2012. Expedição de recomendação. Decisão unânime. Disponível em:
www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 38, de 10 de maio de 2016. Inspeção.
Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia. Juntar as Contas do Governador de 2015.
Expedição de determinação. Decisão unânime. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Resolução n.º 39, de 10 de maio de 2016. Inspeção.
Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia. Juntar as Contas do Governador de 2015.
Expedição de recomendação e determinação. Decisão unânime. Disponível em: Disponível em:
www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Acórdão nº 396, de 18 de dezembro de 2014. Prestação de


Contas de Ordenador de Despesa. À unanimidade, aprovação das Contas com ressalvas,
recomendações, determinações e aplicação de multa à Gestora, Sr.ª Lêda Oliveira de Souza, além de
quitação aos responsáveis pelos adiantamentos do exercício. Por maioria, expedir determinação à
SECOM. Disponível em: www.tce.ba.gov.br.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Ato nº 040, de 09 de março de 2016. Resolve nomear, para
iniciar os trabalhos em 10 de março de 2016, Comissão Sindicante, composta por servidores. In:
Diário Eletrônico do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Salvador, 10 mar.2016. Reti-
ratificado 16/03/2016.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Ato nº 068, de 07 de abril de 2016. Altera o Ato nº 040, de 09
de março de 2016. In: Diário Eletrônico do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Salvador, 08
abr.2016.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Ato nº 069, de 11 de abril de 2016. Prorroga o prazo
referente ao Ato nº 040, de 09 de março de 2016. In: Diário Eletrônico do Tribunal de Contas do
Estado da Bahia, Salvador, 12 abr.2016.

BAHIA. Tribunal de Justiça. Decreto Judiciário n.º 162, de 11 de março de 2013. Unifica as
Comissões Permanentes de Avaliação Documental e dá outras providências. In: Diário da Justiça
Eletrônico, Salvador, 12 mar.2013.

BAHIA. Tribunal de Justiça. Resolução n.º 15, de 10 de outubro de 2008. Aprova o Regimento
Interno da Ouvidoria do Poder Judiciário do Estado da Bahia, regulamentando a sua composição,
funcionamento e dando outras providências. In: Diário do Poder Judiciário, Salvador, 13 out.2008.

BAHIA. Tribunal de Justiça. Resolução n.º 02, de 20 de fevereiro de 2013. Estabelece o Programa
de Gestão Documental no âmbito do Poder Judiciário do Estado da Bahia. In: Diário da Justiça
Eletrônico, Salvador, 05 mar.2013. Republicação 06 mar.2013.

374 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Principais Fontes de Critérios

BAHIA. Tribunal de Justiça. Resolução n.º 06, de 07 de maio de 2014. Institui a Política de
Segurança no âmbito do Poder Judiciário do estado da Bahia e dá outras providências. In: Diário da
Justiça Eletrônico, Salvador, 14 maio 2014.

BAHIA. Ministério Público do Estado. Ato Normativo n.º 020, de 19 de outubro de 2012.
Regulamenta o acesso à informação e cria o Serviço de Informação ao Cidadão - SIC, no âmbito do
Ministério Público do Estado da Bahia e dá outras providências. In: Diário da Justiça Eletrônico,
Salvador, 22 out.2012.

BAHIA. Secretaria da Administração. Secretaria da Fazenda. Procuradoria Geraldo do Estado.


Portaria Conjunta SAEB/SEFAZ/PGE n.º 001, de 22 de dezembro de 2015. Institui Grupo de
Trabalho para desenvolvimento de estudos relacionados ao controle, acompanhamento e avaliação
financeira de contratos e convênios. Diário Oficial do Estado da Bahia, Poder Executivo, Salvador,
23 dez. 2015.

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Portaria nº 33, de 29 de janeiro de 2016. Publica o Relatório


Resumido da Execução orçamentária do Estado da Bahia, realizada e registrada no Sistema
Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças - FIPLAN, pelos órgãos, fundos e entidades da
Administração Pública Estadual, referente ao bimestre NOVEMBRO/DEZEMBRO de 2015, composto
pelo Balanço Orçamentário, demais demonstrativos e notas explicativas relativos ao período de
Janeiro a Dezembro de 2015. Diário Oficial do Estado da Bahia, Poder Executivo, Salvador, 30 jan.
2016.

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Instrução Normativa SAF n.º 016, de 09 de setembro de 2015.
Dispõe sobre a movimentação financeira em Instituições Bancárias pelos Órgãos, Fundos e
Entidades da Administração Pública do Poder Executivo Estadual e dá outras providências.
Disponível em:
http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/pdf_saf/IN_016_2015_MOVIMENTACAO_FINANCEIRA.pdf

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Orientação Técnica AGE nº 01/2015. Orienta as Coordenações de


Controle Interno (CCIs) dos órgãos e entidades da Administração Pública Direta do Poder Executivo
Estadual e demais estruturas de controle existentes nos órgãos e entidades da Administração Pública
indireta, estabelecendo normas gerais de procedimentos aplicáveis no desenvolvimento de suas
atividades. Disponível em: http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/controle_interno/OT_AGE_
01_2015_NORMAS_GERAIS.pdf

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Orientação Técnica nº 034/2013. Procedimentos para o registro dos
processos referentes à Dívida Ativa Tributária. Disponível em: http://www.sefaz.ba.gov.br/
administracao/pdf_saf/OT_34.pdf

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Orientação Técnica nº 045/2014. Contabilização do pagamento de


precatórios pelo Tribunal de Justiça. Disponível em: http://www.sefaz.ba.gov.br/
administracao/pdf_saf/OT_45.pdf

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Orientação Técnica nº 052/2015. Contabilização dos Precatórios,


execução da despesa e pagamento pelo Tribunal de Justiça. Disponível em:
http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/pdf_saf/OT_52.pdf

BAHIA. Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração. Secretaria da Fazenda. Portaria Conjunta


n.º 078, de 29 de outubro de 2004. Designa servidores para comporem Comissão de
Acompanhamento de Empreendimentos Incentivados pelo Governo do Estado da Bahia e dá outras
providências. Diário Oficial do Estado da Bahia, Poder Executivo, Salvador, 30 e 31 out. 2004.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Instrução Normativa n.º 002, de 20 de novembro de 2012.


Institui o processo de monitoramento e avaliação dos programas de governo do Plano Plurianual no
âmbito do Poder Executivo Estadual e normatiza os seus procedimentos. In: Diário Oficial do
Estado da Bahia, Poder Executivo, Salvador, 21 nov.2012.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 375


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

376 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


TCE
Relatório e Parecer Prévio das
Contas do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2011

Referências

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

378 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


REFERÊNCIAS

BAHIA. Secretaria da Administração. Relatório Imobiliário do Estado: exercício 2015. Salvador:


SAEB/Superintendência de Patrimônio/Diretoria de Administração de Bens Imóveis, 2016, 351 p.

BAHIA. Secretaria do Planejamento - Superintendência de Orçamento Público. MOP - Manual de


Orçamento Público - 2010. Salvador: SEPLAN/SPO. 2009.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA–


2012-2015: ano 2015. Salvador: SEPLAN. 2016. V.II

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA–


2012-2015: ano 2014. Capítulo 4 - 2ª edição Revisada e Atualizada. Salvador: SEPLAN. 2014.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA–


2012-2015: ano 2014. Salvador: SEPLAN. 2014.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA–


2012-2015: ano 2015. Salvador: SEPLAN. 2016. 882 p. 2 v.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA–


2012-2015: ano 2013. Salvador: SEPLAN. 2014.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual da Avaliação Parcial da Execução do PPA –


2012-2015: ano 2012. Salvador: SEPLAN. 2013.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório Anual de Governo 2015. Salvador: SEPLAN. 2016,
358 p.

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório de avaliação dos indicadores do PPA 2012-2015.


Salvador: SEPLAN, 2014. (1 DVD)

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Relatório de avaliação inicial de 20 programas prioritários


do Plano Plurianual. Salvador: SEPLAN, 2013. 20v. (1 DVD)

BAHIA. Secretaria do Planejamento. Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças


do Estado da Bahia. Guia de utilização módulo de monitoramento e avaliação submódulo de
informações do RAG. Salvador: SEPLAN, 2014. 86 p. Disponível em: <
http://www.seplan.ba.gov.br/arquivos/File/publicacoes/fiplan/Manual_de_Processo_Elaboracao_do_R
AG_Setembro_2014.pdf>. Acesso em: maio 2016.

BAHIA. Secretaria da Fazenda do Estado. Demonstrações contábeis consolidadas do Estado:


exercício de 2014. Disponível em: <
http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/contas/balanco_anual/balancogeral_2014.pdf>. Acesso em:
maio 2016.

BAHIA. Secretaria da Fazenda do Estado. Demonstrações contábeis consolidadas do Estado:


exercício de 2015. Disponível em: <
http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/contas/balanco_anual/balancogeral_2015.pdf>. Acesso em:
maio 2016.

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Manual de encerramento do exercício. 6. ed. Disponível em: <
http://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/default/manual_encerramento_fiplan_6ed_2013.pdf>. Acesso em:
maio 2016.

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Manual de encerramento do exercício. 7. ed. Disponível em: <
http://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/default/manual_encerramento_fiplan_7ed_2014.pdf>. Acesso em:
maio 2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 379


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

BAHIA. Secretaria da Fazenda. Manual de encerramento do exercício. 8. ed. Disponível em: <
http://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/default/manual_encerramento_fiplan_8ed_2015.pdf>. Acesso em:
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BAHIA. Secretaria da Fazenda do Estado. Auditoria Geral do Estado. Plano de ação para
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BAHIA (Estado). Transparência Bahia. Site. Disponível em: < http://www.transparencia.ba.gov.br/ >.
Acesso em: maio 2016.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as Contas do
Poder Executivo do Estado da Bahia: exercício de 2014. Conselheira-Relatora Carolina Costa.
Salvador: TCE/BA, 2015.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as Contas do
Poder Executivo do Estado da Bahia: exercício de 2013. Conselheiro-Relator Gildásio Penedo
Filho. Salvador: TCE/BA, 2014.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as Contas do
Estado da Bahia: Poder Executivo exercício de 2012. Conselheiro-Relator Inaldo Araújo. Salvador:
TCE/BA, 2013.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio das Contas do Poder Executivo
do Estado da Bahia: exercício de 2011. Conselheira-Relatora Ridalva Figueiredo. Salvador:
TCE/BA, 2012.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio das Contas do Poder Executivo
do Estado da Bahia: exercício de 2010. Conselheiro-Relator Filemon Matos. Salvador: TCE/BA,
2011.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio das Contas do Estado da
Bahia: Poder Executivo exercício de 2009. Conselheiro-Relator Antonio Honorato. Salvador: TCE/BA,
2010.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio das Contas do Estado da
Bahia: Poder Executivo exercício de 2008. Conselheiro-Relator Pedro Lino. Salvador: TCE/BA, 2009.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio das Contas do Estado da
Bahia: Poder Executivo exercício de 2007. Conselheiro-Relator Zilton Rocha. Salvador: TCE/BA,
2008.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário, Executivo e Ministério Público exercício de 2006. Conselheiro-Relator
Antonio França Teixeira. Salvador: TCE/BA, 2007.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário, Executivo e Ministério Público exercício de 2005. Conselheiro-Relator
Manoel Figueiredo Castro. Salvador: TCE/BA, 2006.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário, Executivo e Ministério Público exercício de 2004. Conselheiro-Relator
Filemon Matos. Salvador: TCE/BA, 2005.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e Ministério Público exercício de 2003. Conselheiro-
Relator Ursicino Pinto de Queiroz. Salvador: TCE/BA, 2004.

380 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Referências

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e Ministério Público exercício de 2002. Conselheira-
Relatora Ridalva Correa de Melo Figueiredo. Salvador: TCE/BA, 2003.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e Ministério Público exercício de 2001. Conselheiro-
Relator Antonio Honorato de Castro Neto. Salvador: TCE/BA, 2002.

BAHIA. Tribunal de Contas do Estado. Relatório e Parecer Prévio Contas do Estado da Bahia:
Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e Ministério Público exercício de 2000. Conselheiro-
Relator Pedro Henrique Lino de Souza. Salvador: TCE/BA, 2001. 2v.

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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 381


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
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ENCONTRO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL, 4., 2014, Fortaleza. Declaração de


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382 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Referências

Glossário

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 383


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

384 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


GLOSSÁRIO
Amortização da Dívida de 15% da receita orçamentária destinada
Despesas com pagamento e/ou a aporte ao Fundo de Manutenção e
refinanciamento do principal e da Desenvolvimento da Educação Básica e
atualização monetária ou cambial da de Valorização dos Profissionais da
dívida pública interna e externa, contratual Educação (FUNDEB) no âmbito dos
ou mobiliária. Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; a restituição de receitas
Auditoria contínuas (tributos, aluguéis e outros)
Exame independente, objetivo e recebidas a maior ou indevidamente; os
sistemático de dada matéria, baseado em recursos que o ente tenha a competência
normas técnicas e profissionais, no qual de arrecadar, mas que pertencem a outro
se confronta uma condição com ente, e a renúncia de receita
determinado critério, com o fim de emitir contabilizada.
uma opinião ou comentários.
Concessão Administrativa
Autarquia É o contrato de prestação de serviços de
Entidade administrativa de Direito Público que a Administração Pública seja a
Interno, criada por lei para desenvolver usuária direta ou indireta, ainda que
atividades típicas da administração envolva execução de obra ou
pública que requeiram, para seu melhor fornecimento e instalação de bens (Lei n.º
funcionamento, gestão administrativa e 11.079, de 30/12/2004).
financeira descentralizada.
Concessão Patrocinada
Ativo Imobilizado É a concessão de serviços públicos ou de
Item tangível que é mantido para o uso na obras públicas de que trata a Lei n.º
produção ou fornecimento de bens ou 8.097, de 13/02/1995, quando envolver,
serviços, ou para fins administrativos, adicionalmente à tarifa cobrada dos
inclusive os decorrentes de operações usuários, contraprestação pecuniária do
que transfiram para a entidade os parceiro público ao parceiro privado (Lei
benefícios, riscos e controle desses bens. n.º 11.079, de 30/12/2004).

Balanço Patrimonial Consolidação


Demonstrativo contábil que apresenta, Processo que ocorre pela soma ou pela
num determinado momento, a situação agregação de saldos ou grupos de contas,
econômica e financeira do patrimônio excluídas as transações entre entidades
público, bem como os atos administrativos incluídas na consolidação, formando uma
que possam vir a afetá-lo. unidade contábil consolidada.

Classificação por Categoria Econômica Créditos Adicionais


Agrupamento das receitas e despesas Autorizações de despesas públicas não
orçamentárias em correntes e de capital, computadas ou insuficientemente dotadas
com o objetivo de propiciar informações na Lei Orçamentária Anual. Classificam-se
de caráter macroeconômico, ou seja, em suplementar, especial e extraordinário.
sobre os efeitos dos gastos do Governo
na economia, e destinadas aos Deduções da Receita Pública
respectivos acompanhamentos e ao São recursos arrecadados que não
controle administrativo e gerencial. pertencem ao arrecadador, não são
aplicáveis em programas e ações
Conta Retificadora da Receita governamentais sob a responsabilidade
Orçamentária do ente arrecadador.
Conta contábil instituída pela Portaria n.º
328/2001 da Secretaria do Tesouro
Nacional (STN), para registrar a parcela
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 385
Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Déficit de Capital Despesa Orçamentária


Ocorre quando a despesa de capital é Aquela executada por entidade pública e
maior que a receita de capital. que depende de autorização legislativa
para sua realização, por meio da Lei
Despesas Correntes Orçamentária Anual ou de Créditos
Despesas que não contribuem Adicionais, com a finalidade de cumprir os
diretamente para a formação ou a programas de Governo, bem como
aquisição de um bem de capital, a garantir o atendimento dos serviços
exemplo dos gastos destinados à públicos e o pagamento de amortização e
manutenção e ao funcionamento de juros da dívida pública.
órgãos, entidades, fundos e à
continuidade na prestação de serviços Despesa Pública
públicos; à conservação de bens móveis e Constitui-se de toda saída de recursos ou
imóveis e ao pagamento de juros e de todo pagamento efetuado a qualquer
encargos da dívida pública. título, para saldar gastos fixados na Lei do
Orçamento ou em lei especial e
Despesas de Capital destinados à execução dos serviços
Despesas que contribuem diretamente públicos.
para a formação ou a aquisição de um
bem de capital, a exemplo dos gastos com Despesa Total com Pessoal
planejamento e execução de obras; Entende-se como o somatório dos gastos
aquisição de instalações, equipamentos e com os ativos, inativos e pensionistas,
material permanente; aquisição e relativos a mandatos eletivos, cargos,
subscrição de títulos representativos do funções ou empregos, civis e militares,
capital de empresas ou entidades de abrangidas quaisquer espécies
qualquer natureza; e outros. remuneratórias (vencimentos e vantagens,
fixas e variáveis, subsídios, proventos,
Despesas de Exercícios Anteriores reformas e pensões, adicionais,
(DEA) gratificações, horas extras), encargos
São despesas relativas a exercícios sociais e contribuições previdenciárias,
encerrados, para as quais o orçamento recolhidas pelo ente, bem como os
respectivo consignava crédito próprio com valores dos contratos de terceirização de
dotação suficiente para atendê-las, mas mão de obra que se referem à
que não tenham sido processadas na substituição de servidores e empregados
época própria. Compromissos públicos.
reconhecidos após o encerramento do
exercício correspondente. Dívida Ativa
Constitui-se dos créditos do Estado e de
Despesas Fiscais suas autarquias e fundações, tributários
São as despesas decorrentes das ações ou não, inscritos em registro próprio, após
típicas do Governo, a exemplo de apurada sua liquidez e certeza, de acordo
pagamento de pessoal, manutenção da com legislação específica. São os créditos
máquina pública, construção de escolas, que o Estado tem contra terceiros.
estradas e hospitais.
Dívida Consolidada ou Fundada
Despesa Obrigatória de Caráter É o montante total, apurado sem
Continuado duplicidade, das obrigações financeiras do
Considera-se a despesa corrente derivada ente da Federação, assumidas em virtude
de lei, medida provisória ou ato de leis, contratos, convênios e da
administrativo normativo que fixem para o realização de operações de crédito, para
ente a obrigação legal de sua execução amortização em prazo superior a doze
por um período superior a dois exercícios. meses. Consideram-se também as
operações de crédito para
refinanciamento de prazo inferior a doze
meses cujas receitas tenham constado do

386 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Glossário

orçamento. A dívida fundada é interna, para a exploração de atividade econômica


quando assumida dentro do País, e ou industrial, que o Governo seja levado a
externa, quando assumida fora do País. exercer por força de contingência ou
conveniência administrativa, tendo em
Dívida Consolidada Líquida vista o interesse público.
É o valor da dívida consolidada, deduzido
da disponibilidade de caixa, das Entidade
aplicações financeiras, dos demais ativos É a denominação genérica para Estado,
financeiros, e acrescido dos Restos a autarquias, fundações, empresas públicas
Pagar Processados e do Serviço da e sociedades de economia mista, que são
Dívida a Pagar. criadas por lei ou mediante prévia
autorização legislativa, com personalidade
Dívida Flutuante jurídica e patrimônio próprios, para a
Compromissos de pagamento, geralmente execução de atividades que lhes são
de curto prazo, independentes de atribuídas em lei.
autorização orçamentária.
Execução Financeira
Dívida Mobiliária Representa a utilização dos recursos
É representada por títulos emitidos pela financeiros em função da programação
União, inclusive o Banco Central, Estados financeira até a fase do pagamento e da
e Municípios. arrecadação da receita, visando a atender
a realização dos projetos e das atividades
Dotação consignados no Orçamento.
Limite de crédito consignado na lei de
orçamento ou crédito adicional, para Execução Orçamentária
atender a determinada despesa. É a utilização dos créditos consignados no
Orçamento em todas as suas fases:
Elemento de Despesa descentralização, empenho e liquidação.
É o desdobramento da despesa com
pessoal, material, serviços, obras, Extraorçamentários
instalações e outros meios de que se São aqueles que não estão previstos no
serve a Administração Pública para a Orçamento, e correspondem a fatos de
consecução de seus fins. natureza financeira. Os
desembolsos/dispêndios
Empresa Estatal Dependente extraorçamentários não são considerados
Empresa controlada que receba do ente despesas orçamentárias, uma vez que
controlador recursos financeiros para representam movimentação de recursos
pagamento de despesas com pessoal, de que pertencem a terceiros, sendo
custeio em geral ou de capital, excluídos, usualmente representados por saídas dos
no último caso, aqueles provenientes de cofres públicos em contrapartida da baixa
aumento de participação acionária. De de passivos financeiros que não alteram o
acordo com a Portaria STN n.º 589/2001, patrimônio da entidade, a exemplo das
será considerada dependente apenas a saídas de caixa provenientes da
empresa deficitária que receba subvenção devolução de caução, fiança e depósitos
econômica do ente controlador. Da de diversas origens.
mesma forma, considera-se ainda
subvenção econômica a transferência Fonte de Recursos
permanente de recursos de capital para Identificação da origem e da natureza dos
empresa controlada deficitária. recursos orçamentários através de código
e descrição, observado o seguinte
Empresa Pública esquema de classificação: Recursos do
Entidade dotada de personalidade jurídica Tesouro, subdivididos em Recursos
de direito privado, com patrimônio próprio, Ordinários e Recursos Vinculados,
participação exclusiva do Poder Público Recursos de Outras Fontes e Recursos
no seu capital e direção, criada por lei

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 387


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Próprios de entidades da Administração financeira do Governo e o programa de


Indireta. trabalho dos Poderes, seus órgãos,
fundos e entidades da Administração
Função Indireta, compreendendo: orçamento
Constitui o nível maior de agregação das fiscal, orçamento de investimento de
ações governamentais, através da qual se empresas estatais e orçamento da
busca identificar setores ou área da seguridade social.
atuação do Governo, para fins de
programação e orçamento público. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
Lei que compreende as metas e as
Fundação Pública prioridades da Administração Pública. É o
Entidade criada por lei específica, com instrumento de conexão entre o
personalidade jurídica de direito público planejamento e o orçamento, previsto na
ou privado sem fins lucrativos, para o Constituição Federal.
desenvolvimento de atividades de
interesse da coletividade, tais como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
educação, cultura, pesquisas científicas, É o principal instrumento regulador das
com autonomia administrativa, patrimônio contas públicas no Brasil, instituído pela
próprio e funcionamento custeado com Lei Complementar n.º 101/2000, que
recursos do Tesouro e de outras fontes. estabelece metas, limites e condições
para a gestão das receitas e das
Fundo Especial despesas e obrigando governantes a
Parcela de receitas vinculada por lei à assumirem compromissos com a
realização de determinados objetivos ou arrecadação e os gastos públicos.
serviços, mediante dotações consignadas
na Lei Orçamentária Anual, facultada a Metas Fiscais
adoção de normas peculiares de São metas anuais estabelecidas na Lei de
aplicação. Diretrizes Orçamentárias (LDO), em
valores correntes e constantes, relativas a
Ingressos receitas, despesas, resultados nominal e
Correspondem a todas as quantias primário e montante da dívida pública,
recebidas pelos cofres públicos. para o exercício a que se referirem e para
os dois seguintes.
Ingressos Orçamentários
São aqueles pertencentes ao ente público, Operações de Crédito
arrecadados exclusivamente para Correspondem ao compromisso financeiro
aplicação em programas e ações assumido em razão de mútuo, abertura de
governamentais. crédito, emissão e aceite de título,
aquisição financiada de bens e serviços,
Inversões Financeiras arrendamento mercantil e outras
Despesas com a aquisição de imóveis ou operações assemelhadas, inclusive com o
bens de capital já em utilização; com a uso de derivativos financeiros. Equipara-
aquisição de títulos representativos do se a Operação de Crédito à assunção, ao
capital de empresas ou entidades de reconhecimento ou à confissão de dívidas
qualquer espécie, já constituídas, quando pelo ente da Federação, sem prejuízo do
a operação não importe aumento de cumprimento das exigências que
capital; e com a constituição ou o aumento envolvem as regras para a geração de
do capital de empresas. despesas, previstos nos arts. 15 e 16 da
LRF.
Lei Orçamentária Anual (LOA)
Lei especial de iniciativa do Poder Orçamento da Seguridade Social
Executivo que contém a discriminação da Orçamento que integra a Lei
receita e da despesa orçamentária para Orçamentária Anual (LOA),
determinado exercício financeiro, de forma compreendendo as ações destinadas a
a evidenciar a política econômica assegurar os direitos relativos à saúde, à

388 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Glossário

previdência e à assistência social, programas e projetos de desenvolvimento


desenvolvidas pelos Poderes da União, setorial e/ou regional, com previsão de
Estado, Distrito Federal ou Município, ações a serem desenvolvidas num
seus órgãos, fundos, autarquias, período de quatro anos. Serve de base
fundações e empresa estatal dependente. para as programações anuais.

Orçamento de Investimento Programa


Orçamento que integra a Lei É a unidade básica de planejamento e
Orçamentária Anual (LOA), gestão do plano plurianual, constituída por
compreendendo os investimentos das um conjunto de ações articuladas, cujos
empresas não dependentes em que o produtos, bens e serviços ofertados à
Estado, direta ou indiretamente, detenha a sociedade concorrem para a consecução
maioria do capital social com direito a de objetivo comum preestabelecido,
voto. mensurado por um indicador, tendo em
vista a solução de um problema ou o
Orçamento Fiscal atendimento de uma necessidade ou
Orçamento que integra a Lei demanda da sociedade.
Orçamentária Anual (LOA), que estima as Receitas Correntes
receitas e fixa as despesas, de modo a São os meios financeiros de origem
demonstrar a programação dos Poderes tributária, contributiva, patrimonial,
da União, Estado, Distrito Federal e industrial e outras, bem como os recursos
Município, seus órgãos, fundos, recebidos de outras pessoas de direito
autarquias, fundações e empresa estatal público de outra esfera de governo ou de
dependente. direito privado, quando destinados a
atender gastos classificáveis em despesas
Parceria Público-Privada (PPP) correntes.
É o contrato administrativo de concessão,
na modalidade patrocinada ou Receita Corrente Líquida
administrativa, celebrado entre a É o somatório da arrecadação das
Administração Pública direta e indireta e receitas tributárias, de contribuições,
entidades privadas, através do qual o patrimoniais, industriais, agropecuárias,
agente privado participa da implantação e de serviços, transferências correntes e
do desenvolvimento da obra, do serviço outras receitas correntes, consideradas as
ou do empreendimento público, bem como deduções conforme o ente União, Estado,
da exploração ou da gestão, total ou Distrito Federal e Município. No caso do
parcial, das atividades dele decorrentes, Estado da Bahia, as parcelas entregues
cabendo-lhe contribuir com recursos aos Municípios por determinação
financeiros, materiais e humanos, constitucional e a contribuição dos
observada a legislação pertinente. segurados para o custeio de sistema de
previdência e assistência social dos
Passivo Atuarial servidores, as receitas provenientes da
Ocorre quando o valor das reservas compensação financeira entre os regimes
matemáticas é superior ao valor do de previdência social e o aporte financeiro
patrimônio já constituído, ou seja, o fundo do Estado ao Fundo de Manutenção e
de previdência apresenta mais obrigações Desenvolvimento da Educação Básica e
com seus participantes do que caixa para de Valorização dos Profissionais da
cobrir o pagamento das obrigações. Educação.

Passivo Real a Descoberto Receitas de Capital


Ocorre quando o ativo real é menor que o São os meios financeiros provenientes de
passivo real. constituição de dívidas, da conversão em
espécie de bens e direitos, assim como os
Plano Plurianual (PPA) recursos recebidos de outras pessoas de
Programação global da gestão direito público de outra esfera de governo
governamental, em que constam os e de direito privado, destinados a atender

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 389


Relatório e Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

a gastos classificáveis em despesas de no exercício subsequente. Conforme sua


capital. natureza, os restos a pagar podem ser
classificados em Restos a Pagar
Receitas Intraorçamentárias Processados e Restos a Pagar Não
São receitas de órgãos, fundos, Processados.
autarquias, fundações e empresas Restos a Pagar Processados
estatais dependentes, quando o fato que São despesas liquidadas, em que o credor
originar a receita decorrer de despesa de já cumpriu as suas obrigações, isto é,
órgão, fundo, autarquia, fundação, entregou o material, prestou os serviços
empresa estatal dependente no âmbito da ou executou etapa da obra, dentro do
mesma esfera de governo. exercício. É, portanto, reconhecido como
líquido e certo o seu direito ao respectivo
Receita Orçamentária/Receita Pública pagamento. Trata-se de despesas
Todos os ingressos disponíveis para empenhadas, liquidadas e não pagas.
cobertura das despesas orçamentárias.
Restos a Pagar Não Processados
Receita do Tesouro São despesas que ainda dependem da
Recursos cuja arrecadação é da prestação do serviço ou do fornecimento
competência do Tesouro Federal, do material, ou que o credor já tenha
Estadual ou Municipal. É também cumprido suas obrigações, e o direito
chamada de Recursos do Tesouro. ainda não tenha sido apurado e
reconhecido. Trata-se de despesas
Receitas Fiscais empenhadas, mas não liquidadas e não
São as receitas resultantes das ações pagas.
precípuas do Governo, a exemplo de
impostos, taxas, contribuições e Resultado Nominal
transferências. É a variação da dívida consolidada líquida
calculada para as diversas esferas de
Receita Própria governo, em um determinado período de
Recursos oriundos do esforço de tempo.
arrecadação própria das entidades da
Administração Direta e Indireta, cabendo- Resultado Primário
lhes a sua aplicação. É também É a diferença apurada entre as receitas
denominada de Recursos Próprios. fiscais realizadas e as despesas fiscais.
Se a diferença é positiva, ocorre um
Recursos de Terceiros superávit, significando que o ente foi
Recursos pertencentes a terceiros capaz de atender às despesas fiscais e,
arrecadados pelo ente público, total ou parcialmente, ao serviço da
exclusivamente para fazer face às dívida. Sendo o resultado negativo,
exigências contratuais pactuadas, para significa que o ente não foi capaz de
posterior devolução. atender às despesas fiscais, recorrendo
às receitas não fiscais para refinanciar o
Renúncia de Receita déficit.
Compreende a anistia, remissão, subsídio,
crédito presumido, concessão de isenção Royalty (Royalties)
em caráter não geral, alteração de Expressão da língua inglesa que significa
alíquota ou modificação de base de o pagamento que se faz àquele que
cálculo que implique redução discriminada possui uma patente, copyright, marca
de tributos ou contribuição. registrada, um recurso natural ou qualquer
direito de uso exclusivo que seja
Restos a Pagar resultante de um trabalho intelectual ou
São as despesas empenhadas, pendentes criativo, como livro, música ou arte, com a
de pagamento na data de encerramento finalidade de obter uma licença para o uso
do exercício financeiro, inscritas desse direito.
contabilmente como obrigações a pagar

390 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Glossário

Saldo Patrimonial
O Saldo Patrimonial ou Patrimônio Líquido
é apurado pelo confronto do Ativo com o
Passivo, e pode apresentar as seguintes
situações:

• Saldo Patrimonial Negativo ou Passivo


a Descoberto – ocorre quando o Ativo
for menor que o Passivo;
• Saldo Patrimonial Positivo ou Ativo
Real Líquido – ocorre quando o Ativo
for maior que o Passivo;
• Saldo Patrimonial Nulo – decorre da
igualdade entre os elementos do Ativo
e do Passivo.

Serviço da Dívida a Pagar


Representa o montante da amortização,
de juros, prêmios e títulos a resgatar
decorrentes da Dívida Fundada ou
Consolidada.

Superávit Orçamentário
Ocorre quando a despesa realizada é
menor que a receita arrecadada.

Transferência Corrente
Subcategoria econômica da receita. É o
ingresso proveniente de outros entes ou
entidades, referentes a recursos
pertencentes ao ente ou entidade
recebedora ou ao ente ou entidade
transferidora, efetivados mediante
condições preestabelecidas ou mesmo
sem qualquer exigência, desde que o
objetivo seja a aplicação em despesas
correntes.

Transferência de Capital
Subcategoria econômica da receita. É o
ingresso proveniente de outros entes ou
entidades, referentes a recursos
pertencentes ao ente ou entidade
recebedora ou ao entre ou entidade
transferidora, efetivados mediante
condições preestabelecidas ou mesmo
sem qualquer exigência, desde que o
objetivo seja a aplicação em despesas de
capital.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 391


Manifestação do Ministério Público de Contas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


11
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL
PROCURADORIA-GERAL DE CONTAS

PROCESSO: TCE/002434/2016
RELATORA: CONSELHEIRO JOÃO EVILÁSIO VASCONSELOS BOMFIM
NATUREZA: PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GOVERNO DO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO DO ESTADO DA BAHIA
RESPONSÁVEL: GOVERNADOR RUI COSTA
EXERCÍCIO: 2015

PARECER

1. RELATÓRIO

Trata-se de processo de prestação de contas do Chefe do Poder Executivo do


Estado da Bahia, relativa ao exercício financeiro de 2015, tendo como responsável o
Exmo. Sr. RUI COSTA.

Seus elementos constitutivos originais (o Relatório Anual de Atividades do


Governo, as Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado referentes ao exercício de
2015, o Relatório Imobiliário do Estado, os Relatórios Anual de Avaliação Parcial da
Execução do PPA 2012-2015 e do Ano 2015, e a mensagem enviada pelo Governador à
Assembleia Legislativa), assim como aqueles posteriormente anexados (o Plano de Ação e
o respectivo relatório de acompanhamento, elaborados pela Comissão Estadual de Ações
Corretivas e Preventivas de Ressalvas relativas às Contas Governamentais, criada pelo
Decreto nº 12.474/2010, alterado pelo Decreto nº 14.582/2013), foram objeto de análise
pelas Coordenadorias de Controle Externo desta E. Corte de Contas, culminando com a
elaboração do Relatório sobre as contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia
ora apreciadas.

As análises e os comentários das Coordenadorias de Controle Externo


encontram-se agrupados em 06 (seis) tópicos, que compõe a Seção Analítica do sobredito
Relatório, de forma semelhante à disposição dos assuntos nos Relatórios das Contas de
Governo dos exercícios anteriores, com a abordagem dos seguintes temas:

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 395
a) Análise dos instrumentos de planejamento e orçamento que nortearam e
viabilizaram a atuação do Governo Estadual. Foram avaliados os
procedimentos relativos ao processo de elaboração, monitoramento e
avaliação do Plano Plurianual e suas repercussões sobre as demais leis
orçamentárias, além de analisado o Relatório da Avaliação Parcial da
Execução do Plano Plurianual;

b) Avaliação do sistema de controle interno do Estado, englobando a


concepção de sistema, reportado nos arts. 70 e 74 da Carta Magna,
considerando as normas, sistemas corporativos, a estrutura organizacional
e de recursos humanos destinados a promoverem o controle interno das
diversas unidades administrativas, suas fragilidades e o impacto sobre a
elaboração, execução, acompanhamento e avaliação das ações de política
pública, bem como a verificação do cumprimento da transparência pública,
que é um dos princípios norteadores das atividades de controle interno;

c) Verificação quanto ao cumprimento dos dispositivos constitucionais e


legais no que diz respeito aos limites da despesa com pessoal, manutenção
do ensino, despesas com saúde e previdenciárias, dívida e operações de
crédito, além dos resultados nominal, primário e financeiro. Incluiu-se,
também, o cálculo do limite relativo às Parcerias Público-Privadas (PPPs),
previsto na Lei n.º 11.079, de 30/12/2004;

d) Revisão do conteúdo das demonstrações contábeis buscando avaliar se


evidenciam adequadamente a gestão orçamentária, financeira e patrimonial
do Estado, e proporcionam a interpretação dos aspectos relevantes contidos
nos Balanços Orçamentário e Patrimonial do Estado;

e) Resumo dos Achados e Deliberações do Plenário do TCE sobre as


Inspeções e Auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas, relativas ao
exercício de 2015; e

f) Avaliação das ações adotadas pelo Governo Estadual para a correção das
falhas apontadas nas recomendações do Relatório sobre as Contas do
Chefe do Poder Executivo, relativas ao exercício de 2014 e do respectivo
Plano de Ação proposto.

É exclusivamente sobre esta peça (Relatório das Contas de Governo),


encaminhadas a este Parquet em 19/05/2015, que recaíram os exames que subsidiam a
presente manifestação.

É o breve relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1 NATUREZA JURÍDICA DAS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO

Conforme prática habitual, antes de adentrar as questões específicas das


Contas em apreço, mostra-se necessário esclarecer, ainda que brevemente, que os poderes
do Tribunal de Contas do Estado, em relação aos atos praticados pelo Chefe do Poder
Executivo estadual, não se esgotam na emissão de parecer prévio para julgamento pela
Assembleia Legislativa.

É que, além de tal competência, o Constituinte dotou o órgão de controle externo


de um plexo de atribuições capaz de lhe permitir o total controle acerca da regularidade dos
gastos públicos, destacando-se, em especial, a de “julgar as contas dos administradores e

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


396 PROCURADORIA-GERAL
demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público” (art. 71, II, da CF/88 e 91, II, da CE).
Nesses casos, temos as chamadas Contas de Gestão, nas quais o Tribunal,
com esteio no quanto disposto nos arts. 71, II, da CF/88 e 91, II, da CE, é quem, de fato,
julga as contas apresentadas pelo gestor. Em tais hipóteses, a análise abrange a
regularidade de cada ato de gestão do patrimônio público praticado, aí inseridos aqueles
relativos a despesa (licitações, contratos, convênios, empenhos, liquidações, pagamentos) e
a receita públicas, dentre outros.
Assim, se o Governador do Estado diretamente utilizar, arrecadar, guardar,
gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores públicos (se ordenar despesa ou
repasses a entidades privadas, por exemplo), estará sujeito ao controle – julgamento – por
parte da Corte de Contas (o que pode se dar, diga-se, concomitantemente à apreciação
global da efetividade das políticas públicas executadas – objeto das denominadas Contas
de Governo).
Nesse sentido, importante a lição de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes1, que
também se manifesta pela possibilidade de se julgar as contas do Chefe do Poder Executivo
quando atue como mero ordenador de despesa:
Diferentemente do que ocorre em relação às contas anuais do presidente da
República, o Tribunal de Contas tem competência, também privativa, para
julgar contas dos demais administradores e gestores em geral.
Aqui, a única exclusão feita refere-se às contas da unidade federada ou da
União como um todo, representada pelo chefe do Poder Executivo. Mas, se
este praticar atos de ordenador de despesa, descendo do seu pedestal
para assumir a condição de simples gestor, passará a responder como
tal, ficando sujeito ao julgamento nas mesmas condições do agente
cuja função avocou. Do mesmo modo, são ordinariamente julgadas as
contas do Tribunal de Justiça, da Assembléia Legislativa e da Câmara
Municipal. Foi firmado, no Supremo Tribunal Federal, o entendimento pela
inconstitucionalidade de norma que pretenda subtrair do Tribunal de Contas
a competência do julgamento das contas da Mesa da Assembléia
Legislativa para submetê-las ao regime do art. 71, c/c art. 49, IX, da
Constituição Federal, que é exclusivo da prestação de contas do Chefe do
Poder Executivo. (negritei)

In casu, contudo, os elementos remetidos à análise deste Órgão Ministerial não


revelam a atuação do Governador do Estado como ordenador de despesa, de sorte a
autorizar o julgamento pela Corte de Contas.
Trata-se, aqui, de exclusivas Contas de Governo, em que o Tribunal de
Contas (no uso da competência que lhe atribui o art. 71, I, da CF/88 e 91, I, da CE) emite
parecer prévio (opinando tecnicamente pela aprovação, aprovação com ressalvas ou
desaprovação, além da expedição de recomendações e/ou determinações) para subsidiar o
julgamento pelo Parlamento. A Corte analisa a gestão sob uma perspectiva ampla,
abordando aspectos como o atendimento aos objetivos e metas estabelecidos, cumprimento
dos planos e programas de governo, respeito aos limites de gastos mínimos ou máximos
(ex.: saúde, educação, pessoal, etc.), o nível do endividamento público, a adequação dos
demonstrativos contábeis da Lei Federal n. 4.320/64, dentre outros.

1
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Tribunais de Contas do Brasil: jurisdição e competência. 2. ed. 1. reimpressão.
Belo Horizonte: Fórum, 2008, p. 345-346.

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PROCURADORIA-GERAL 397
É de se ver que o exame das contas apresentadas pelo Chefe do Poder
Executivo deve se alicerçar sobre dois pilares, quais sejam: i) o alcance dos objetivos e
metas firmados nas leis orçamentárias (lato sensu), a partir da verificação da eficiência e da
eficácia das políticas públicas desenvolvidas ao longo do exercício, e ii) a demonstração da
regularidade/responsabilidade da gestão fiscal, sobretudo à luz da certificação do respeito
aos limites constitucionais e legais de gastos e endividamento público.

2.2. MÉRITO: IRREGULARIDADES E FRAGILIDADES APONTADAS NO RELATÓRIO


DAS CONTAS DE GOVERNO.

Com relação ao mérito das contas de governo ora apreciadas, cumpre


inicialmente destacar que, em virtude da extensão do relatório técnico elaborado pelas
Coordenadorias de Controle Externo do TCE, bem como da natureza das ocorrências
abordadas, este Parquet de Contas selecionou, para fins de exame mais detalhado na sua
fundamentação do presente opinativo, as irregularidades e deficiências consideradas mais
relevantes e providas de conotação jurídica, sem embargo, obviamente, da consideração e
avaliação das demais inconformidades pontuadas pela Auditoria na formação do juízo a
respeito das presentes contas.

2.2.1. DEFICIÊNCIAS RELATIVAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO DA POLÍTICA


PÚBLICA
2.2.1.1. Fragilidades no Plano Plurianual 2016-2019
O modelo orçamentário dos entes federativos foi delineado pela Constituição
Federal de 1988 que, em seu art. 165, elencou os instrumentos normativos que deverão
integrar o ciclo orçamentário. Neste sentido, segundo disposições constitucionais, o sistema
orçamentário legal encontra-se estruturado em três leis de iniciativa do Poder Executivo, a
saber: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei
Orçamentária Anual – LOA.
Constituição Federal de 1988
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.

Em atenção ao princípio da simetria, as disposições constitucionais acima postas


foram reproduzidas no texto da Constituição do Estado da Bahia:
Constituição Estadual de 1989
Art. 159 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - plano plurianual;
II - diretrizes orçamentárias;
III - orçamentos anuais.
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá de forma
regionalizada diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as
despesas de capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


398 PROCURADORIA-GERAL
§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades
da Administração Pública, incluindo despesas de capital para o exercício
financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política
de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Nota-se que as normas constitucionais acima colacionadas, além de definirem


as funções que a tríade legal PPA/LDO/LOA deve desempenhar no planejamento e
execução da atividade financeira do Estado, apontam elementos e vetores de gestão que
deverão constar nas leis orçamentárias em epígrafe.

No que diz respeito ao PPA, este constitui-se o eixo central ou estruturante do


planejamento das atividades e ações governamentais. Sinteticamente, pode-se afirmar que
o conteúdo nuclear do PPA é a fixação, de forma regionalizada, das diretrizes, objetivos e
metas governamentais para o ciclo de quatro exercícios financeiros.

Ciente da dimensão estratégica dessa importante peça de planejamento, o TCE-


BA realizou, no período de janeiro a agosto de 2015, auditoria operacional sobre a
sistemática de elaboração, acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-
2015 e de elaboração do PPA 2016-2019 (Processo nº. TCE/007741/2015). No julgamento
do referido processo (Resolução n.º 038/2016), o Tribunal Pleno expediu determinação ao
atual gestor da SEPLAN para que observe as recomendações da Unidade Técnica fazendo
os ajustes necessários, quando da elaboração dos futuros Planos Plurianuais, para ajustar o
cronograma da realização da escuta social para que as demandas dela advindas sejam
disponibilizadas às secretarias/órgãos/entidades antes da realização das mesas temáticas e
em tempo hábil para apreciação no planejamento de suas intervenções; e às Secretarias,
Órgãos e Entidades para:

• Designar e atribuir competências aos responsáveis pelo planejamento das


atividades relacionadas à elaboração do PPA;
• Definir núcleo permanente de técnicos voltados ao processo de
elaboração do PPA;
• Formalizar as informações dos indicadores dos programas do PPA, de
forma a conter, pelo menos: natureza do indicador (resultado ou efeito),
índices de referência, índices esperados anuais, forma de cálculo, fonte das
informações e indicação dos responsáveis;
• Sistematizar dados e informações que subsidiem a elaboração/seleção de
indicadores para os programas do PPA; e
• Aumentar a oferta de capacitação relacionada à metodologia de
construção de indicadores, voltados à área de atuação da
secretaria/órgão/entidade.

Além do sobredito trabalho auditorial, esta Instituição de Controle decidiu realizar


o exame do modelo apresentado pelo Poder Executivo para o PPA 2016-2019 (Processo nº.
TCE/009393/2015), com vistas a avaliar o novo instrumento em relação ao PPA 2012-2015,
e “emitir considerações técnicas quanto à sua estruturação, de forma a contribuir para
aprovação de um instrumento de planejamento que melhor direcione a administração
pública e que viabilize seu acompanhamento, monitoramento e avaliação”.

Ressalte-se que, após a provocação do TCE, constatou-se que a Lei nº


13.468/2015, instituidora do PPA 2016-2019, levou em conta algumas recomendações
sugeridas pela Auditoria para a melhoria e aperfeiçoamento da aludida peça de
planejamento. Todavia, identificou-se que outras sugestões feitas pela equipe técnica desta
Casa, que são imprescindíveis para o controle de desempenho da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial, não foram acolhidas.

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PROCURADORIA-GERAL 399
Eis a síntese das propostas não adotadas pelo Poder Executivo na elaboração
do PPA 2016-2019, as quais, na visão deste Órgão Ministerial, repercutirão diretamente no
acompanhamento, monitoramento e avaliação dos resultados das ações implementadas
pelo Poder Executivo estadual (fl. 33 do relatório técnico):

• Explicitar nos Projetos de Leis Orçamentárias anuais as vinculações entre


ações orçamentárias e as iniciativas do PPA 2016-2019, com vistas a
garantir a transparência da compatibilização, legalmente exigida, do
orçamento com o Plano;

• Revisar as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o


caráter de ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável,
qualitativo ou quantitativo, bem como realizar projeções anuais, que
permitam o monitoramento regular de seu cumprimento, e,
consequentemente, dos compromissos a elas atrelados; e

• Revisar os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a


projetar os índices esperados, para cada ano e para o final do plano, que
viabilize a mensuração do resultado obtido após a implementação das
ações de governo.

No que pertine aos indicadores, o §2º do art. 4º da Lei nº. 13.468/2015 fixa que
estes devem aferir “a variação da realidade como uma aproximação do resultado das ações
do programa de governo”. Logo, a mensuração adequada dos resultados obtidos na
execução dos programas de governo, consoante determinado pela Constituição Federal (art.
74, incisos I e II), pressupõe a existência de indicadores consistentes, que tenham sido
construído a partir de critérios tecnicamente sólidos.

Ademais, dentro de uma perspectiva de Administração Pública eficiente, é


desejável que os indicares sejam estruturados para permitir a mensuração dos resultados
dos programas governamentais não apenas quando do encerramento da vigência do Plano
Plurianual, cuja duração é de quadrienal, mas, também, na oportunidade do encerramento
de cada exercício financeiro, a fim de que os gestores públicos possam utilizar os produtos
das medições efetuadas para diagnosticar e corrigir, de maneira célere e tempestiva,
eventuais falhas no planejamento ou na execução das políticas públicas que possam vir a
comprometer o alcance dos resultados esperados.

Nesse sentido, revela-se imprescindível que esta Casa de Controle reitere a


RECOMENDAÇÃO já exarada no âmbito do processo nº. TCE/009393/2015, no sentido de
que o Chefe do Poder Executivo promova a revisão dos indicadores estabelecidos no PPA
2016-2019, de forma a projetar os índices esperados, para cada ano e para o final do
plano, que viabilize a mensuração do resultado obtidos com a implementação das ações de
governo, com vistas a garantir a efetiva avaliação e acompanhamento dos resultados das
políticas públicas implementadas, sem prejuízo da emissão de RESSALVAS sobre as
contas examinadas em virtude das fragilidades consignadas pelas Coordenadorias de
Controle Externo no item 2.1 (“Planejamento e Gestão das Ações de Política Pública”) do
relatório técnico que instrui o presente processo.

2.2.1.2. Inobservância das prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes


Orçamentárias (LDO)
No caso específico da Lei de Diretrizes Orçamentárias, merecem destaque as
seguintes funções: (i) estabelecimento de parâmetros necessários à alocação dos recursos
no orçamento anual, com vistas a permitir o cumprimento das metas e dos objetivos

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400 PROCURADORIA-GERAL
contemplados no PPA e (ii) seleção ou escolha, a partir dos programas constantes do PPA,
daqueles que serão priorizados na execução do orçamento do exercício subsequente.
Sobre o tema, importa colacionar o ensinamento de Regis de Oliveira2, no qual o
autor ressalta da importância da LDO, não apenas como instrumento norteador da
elaboração da Lei Orçamentária Anual, mas sobretudo como ferramenta de planejamento
das metas e prioridades:
Ora, a lei de diretrizes, o próprio nome está dizendo, deve traçar as regras
gerais para a aplicação ao plano plurianual e também aos orçamentos
anuais. Deve traçar “metas e prioridades” que deverão constar do plano
plurianual, orientando “elaboração da lei orçamentária anual”, ou seja, o que
deve ela conter. Deverá dispor, também, “sobre as alterações na legislação
tributária”, isto é, quando pode haver a inserção das receitas.

Por sua vez, e constituindo-se a última peça da chamada tríade orçamentária, a


Lei Orçamentária Anual – LOA nasce com fins de dar concretude fática, através da sua
execução, aos programas, metas e prioridades estipuladas tanto no PPA quanto na LDO. No
caso específico do Estado da Bahia, por meio da Lei estadual n.º 13.225, de 31 de janeiro
de 2015, o Poder Executivo estadual estimou a receita e fixou a despesa para o exercício
2015.

Tomando por base dados consolidados em relatórios, estudos técnicos e


informes oficiais, o relatório técnico do TCE apresenta distintas inadequações e
inconsistências atinentes ao PPA (2016-2019), LDO e LOA.

Destacamos, para fins de abordagem mais detalhada neste tópico do parecer


ministerial, alguns aspectos relacionados à execução de programas de governo
consignados como prioritários pela LDO.

Quanto a este ponto, importa registrar que o Poder Executivo estadual fixou suas
diretrizes orçamentárias para o exercício 2015 por meio da Lei Estadual n.º 13.190, de 11 de
julho de 2014 (LDO), elegendo, no seu Anexo I, as prioridades para o referido exercício
financeiro. Além disso, o referido diploma normativo também previu que, em caso de
necessidade de limitação de empenho ou de movimentação financeira, deverão ser
preservadas, sempre que possível, as dotações orçamentárias destinadas aos programas
considerados prioritários:

Art. 3º - As prioridades da Administração Pública Estadual para o exercício


de 2015, atendidas as despesas que constituem obrigação constitucional ou
legal do Estado e as de funcionamento dos órgãos, fundos e entidades que
integram os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, são as constantes
do Anexo I desta Lei.
Parágrafo único - Com relação às prioridades de que trata o caput deste
artigo observar-se-á, ainda, o seguinte:
I - poderão ser alteradas no Projeto de Lei Orçamentária para 2015 se
ocorrer a necessidade de ajustes nas diretrizes estratégicas do Governo do
Estado;
II - em caso de necessidade de limitação de empenho e movimentação
financeira, os órgãos, fundos e entidades da Administração Pública Estadual
deverão ressalvar, sempre que possível, as ações vinculadas às
prioridades estabelecidas nos termos deste artigo (Grifos nossos).

2
Oliveira, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. 3ª Edição, revisada e atualizada. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2010. p 369.

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PROCURADORIA-GERAL 401
Segundo os dados consolidados nas Tabelas 1 (fl. 35) e 3 (fl. 37) do multireferido
Relatório do TCE, ao editar a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício 2015, o
Executivo estadual elegeu, como prioritários, 25 (vinte e cinco) programas governamentais,
cujo orçamento atualizado somou R$11.493.277.127,19 (onze bilhões, quatrocentos e
noventa e três milhões, duzentos e setenta e sete mil, cento e vinte e sete reais e dezenove
centavos). A Tabela 4 (fls. 38/39) apresenta os programas tidos como não prioritários da
LDO 2015, cujo orçamento atualizado atingiu a casa de R$33.302.892.064,81 (trinta e três
bilhões, trezentos e dois milhões, oitocentos e noventa e dois mil, sessenta e quatro reais e
oitenta e um centavos).

Os informes consolidados no bojo do relatório técnico sub examine detalham os


percentuais de execução orçamentária de programas prioritários e não prioritários,
escalonando-os por faixas e/ou níveis de desempenho (às fls. 35/39).

Restou apurado que, ao longo do exercício 2015, o percentual de execução


orçamentária dos programas eleitos como prioritários na LDO atingiu a casa de 71,57%
(setenta e um vírgula cinquenta e sete por cento), ao passo que aqueles considerados como
não prioritários tiveram execução de 93,05% (noventa e três vírgula cinco centésimos
por cento), o que materializa desprezo, executório e operacional, a considerável parcela
dos programas de governo consignados como prioritários na Lei de Diretrizes
Orçamentárias.

Como se percebe, os programas tidos como não prioritários atingiram patamares


de execução orçamentária muito acima daqueles observados em relação aos prioritários
(93,05% contra 71,57%). Dito de outra forma, a partir dos componentes orçamentários e dos
dados consolidados no relatório técnico, conclui-se que as inadequações e impropriedades
neste ponto debatidas materializam descumprimento às determinações da Lei de Diretrizes
Orçamentárias do exercício de 2015 (Lei Estadual n.º 13.190/2015), evidenciando que a
execução orçamentária levada a cabo pelo Poder Executivo não atentou para as prioridades
fixadas no instrumento de planejamento aprovado pelo Parlamento.

Veja-se, a propósito, o seguinte trecho do relatório do TCE, que delineia os


contornos irregularidade ora abordada (fl. 66):

Realizando comparativo da execução dos Programas prioritários e não


prioritários, verificasse que dos 36 Programas não prioritários, 23 (63,89%)
obtiveram percentual de execução acima de 60%, enquanto que dos 25
prioritários, 11 (44%) apresentaram o mesmo percentual de execução.
Portanto, no cômputo geral, quando comparados os percentuais de
execução alcançados, verifica-se que os Programas não prioritários
apresentaram melhor desempenho em relação aos Programas
prioritários (Grifo nosso)

Deve-se ter em mente que, além de funcionar como ferramenta de planejamento


orçamentário, a LDO estabelece regras substantivas com fins de ajustar as ações de
governamentais previstas no PPA às disponibilidades financeiras de cada exercício,
privilegiando a alocação de recursos nos programas tidos como prioritários.

Por oportuno, vale ressaltar que prioridades pressupõem grau de precedência


e/ou de preferência de determinadas ações ou atos em face de outros; no contexto em que
se inserem (leis orçamentárias), as prioridades são estabelecidas em virtude da relevância
do empreendimento com fins de concretização de objetivos estratégicos de política
econômica e social.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


402 PROCURADORIA-GERAL
Neste prisma, e considerando não terem sido consignadas no relatório técnico
do TCE insuperáveis limitações orçamentárias ou indisponibilidades de caixa, revela-se
forçoso concluir que as distorções em epígrafe pautaram-se, a priori, em escolhas
discricionárias atinentes à alocação de recursos. É dizer: o Poder Executivo estadual, ao
longo do exercício 2015, privilegiou o fluxo de despesas em favor da execução de
programas não prioritários, em detrimento dos programas prioritários, com a consequente
inobservância do planejamento materializado na LDO. Indo além de simples inadequações
operacionais, os percentuais de desempenho e/ou execução aqui tratados constituem-se em
desrespeito à força normativa da LDO, no que diz respeito à alocação preferencial de
recursos em programas eleitos como prioritários.

Pelo exposto, as distorções atinentes à alocação de recursos destinados à


execução de programas, metas e prioridades fixadas na LDO devem ensejar, além de
RESSALVAS ao Parecer Prévio das contas de governo em manejo, a expedição de
RECOMENDAÇÃO ao atual Chefe do Poder Executivo estadual no sentido de que adote as
cautelas necessárias para evitar a repetição das inadequações observadas no exercício
2015, notadamente no que concerne à inobservância das prescrições normativas contidas
na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO que buscam salvaguardar a alocação preferencial
de recursos em programas eleitos como prioritários.

2.2.2. DEFICIÊNCIAS NO CONTROLE INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


ESTADUAL

Conforme consignado no relatório técnico das presentes contas de governo, o


Poder Executivo do Estado da Bahia ainda não dispunha, efetivamente, durante o
exercício financeiro ora analisado, de um sistema estruturado de controle interno que
possibilitasse a avaliação e o acompanhamento, de forma coordenada e razoavelmente
efetiva, (i) da conformidade dos atos de gestão com os parâmetros normativos
disciplinadores da atividade administrativa do Estado (controle procedimental ou de
conformidade) e, especialmente, (ii) dos resultados das políticas públicas implementadas,
quanto à eficácia, eficiência e economicidade, bem como do cumprimento das metas
estipuladas no plano plurianual (controle de resultado ou de desempenho).

Vale destacar que o controle interno é aspecto fundamental da atividade


administrativa de toda e qualquer organização (pública ou particular), ao lado do
planejamento, da organização e da direção. Em outros termos, o dever de controlar é
imanente à gestão organizada de qualquer negócio, seja ele público ou particular. É ele
(controle interno) que propiciará a avaliação e mensuração, dentre outros aspectos, dos
resultados de uma política pública executada por determinado órgão da Administração
Pública, permitindo ao seu titular aferir se os objetivos e metas inicialmente planejados estão
sendo atingidos, e em que medida. Sem essa indispensável avaliação – que deve ser
realizada de forma contínua –, o Estado-Administração não disporá de subsídios suficientes
para decidir lucidamente acerca do prosseguimento, ou não, da execução de uma política
pública da forma como inicialmente delineada, isto é, ficará o administrador desprovido de
um instrumento de orientação que lhe permita conduzir, de modo ordenado e eficiente, a
máquina administrativa ao alcance dos resultados desejados.

Em verdade, o dever de controle, além de compor o núcleo essencial da própria


atividade de administrar, decorre do princípio jurídico-constitucional da eficiência ou da
boa administração, positivado no art. 37, caput, da CF/88. Com efeito, não se pode admitir,
dentro de uma perspectiva de administração eficiente, que um órgão público planeje,
coordene e execute políticas relacionadas a sua área de atuação, com dispêndio de

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PROCURADORIA-GERAL 403
recursos públicos, sem possuir mecanismos que lhe permitam avaliar permanentemente se
– e em que medida – os resultados previstos estão sendo atingidos pelas ações
desenvolvidas, em ordem a possibilitar a correção de eventuais desvios e a consequente
otimização dos recursos disponíveis.

O controle interno exerce, portanto, papel fundamental no desempenho eficiente


de qualquer organização estatal. É por meio dele que se detectam eventuais desvios ou
obstáculos que possam surgir durante a execução de um programa, possibilitando a adoção
tempestiva de medidas corretivas para que o processo se reoriente na direção dos objetivos
traçados pela organização.

Além da detecção de desvios e da adoção de correções, um controle interno


adequadamente estruturado (i) fornece informações à Administração Superior sobre todas
as áreas relacionadas com o controle, seja contábil, administrativa, operacional ou jurídica,
auxiliando na tomada de decisões estratégias; (ii) possibilita que o gestor previna a sua
responsabilidade em relação a ilegalidades ou outras irregularidades, na medida em que
fornece, a partir de olhar sistêmico, mapeamento das áreas consideradas mais sensíveis,
sinalizando as medidas necessárias para redução dos riscos; (iii) recomenda os ajustes
necessários para o aperfeiçoamento da gestão pública, com vistas à eficiência operacional e
(iv) vela pela realização das metas estipuladas nos instrumento de planejamento da gestão
governamental.

Caso a função de controle não seja efetivamente desempenhada, as demais


funções administrativas (planejamento, organização e direção) serão comprometidas,
impondo-se prejuízo ao desempenho de toda a organização estatal. Todavia, para o êxito do
controle interno, é necessário superar antigos paradigmas e promover os ajustes
necessários nas estruturas governamentais, de modo a favorecer a conscientização e o
comprometimento dos gestores públicos nas suas áreas de atribuições.

Verifica-se, no caso do Estado da Bahia, que a função de controle interno da


gestão pública não tem sido desempenhada de maneira efetiva, afigurando-se evidente,
durante todo o exercício de 2015, a incapacidade de as estruturas de controle existentes
alcançarem as finalidades previstas no art. 74 da Constituição Federal, in verbis:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução
dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Considerando o teor das informações contidas no relatório técnico das contas


do Chefe do Poder Executivo, é possível inferir, assim como pontuado por este Parquet nas
contas de governo do exercício anterior, que a baixa eficiência do controle interno da
Administração Pública estadual, sobretudo no que concerne à avaliação dos resultados das
políticas públicas implementadas, está associada a três causas principais, as quais serão
abordadas, com maior detalhamento, nos subitens subsequentes.

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404 PROCURADORIA-GERAL
2.2.2.1 Precariedade das unidades setoriais de controle interno

Como sabido, com o advento da Lei Estadual nº. 13.204/2014, algumas


modificações foram introduzidas na estrutura administrativa do Poder Executivo do Estado
da Bahia, dentre as quais merece destaque a criação, no âmbito das Secretarias de Estado,
de unidade intitulada Coordenação de Controle Interno, com atribuição para
“desempenhar as funções de acompanhamento, controle e fiscalização da execução
orçamentária, financeira e patrimonial, em estreita articulação com o órgão estadual de
controle interno”.

Em seguida, foi expedido o Decreto Estadual nº. 16.059/2015, com o objetivo de


disciplinar as atividades das Coordenações de Controle Interno e das demais estruturas
equivalentes nos órgãos e entidades do Poder Executivo, as quais deverão ser
desenvolvidas de forma integrada e em articulação sistêmica com a Auditoria Geral do
Estado.

Ocorre que, apesar de a sobredita medida ser considerada um avanço em


relação aos exercícios anteriores, haja vista o seu caráter inovador, o que se percebeu, na
prática, conforme apontado no trabalho técnico que instrui as presentes contas, é que as
referidas unidades setoriais de controle interno não funcionaram a contento no período
examinado. Essa constatação se deve aos seguintes aspectos (consoante item 2.2.2 do
relatório técnico):

i) pouca autonomia dos servidores lotados nas CCIs, uma vez que grande
parte é ocupante de cargo comissionado, em detrimento da independência
proporcionada pela sujeição ao regime impessoal e isonômico da seleção
por concurso público;

ii) formação técnica precária e pouca experiência dos servidores lotados nas
CCIs, em desacordo com a recomendação constante da própria Orientação
Técnica AGE n.º 01/2015, de que os servidores lotados nessas unidades
devem ter capacitação profissional necessária e desejável formação de
nível superior;

iii) rotatividade de pessoal nas CCIs;

iv) quantidade de pessoal incompatível com o volume de atividades das


CCIs, principalmente nas grandes Secretarias;

v) planejamento das atividades sem visão estruturada, pela falta de uso


adequado de ferramentas de TI apropriadas;

vi) não avaliação dos aspectos operacionais e de eficiência, com ênfase na


legalidade, considerando que o decreto regulamentador das atividades das
CCIs foi tímido no detalhamento das atribuições das referidas unidades
setoriais de controle, limitando-se a dispor que as atividades por elas
desempenhadas compreendem as funções de acompanhamento, controle e
fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial; e

vii) baixa articulação com as unidades de controle interno da administração


indireta e baixo intercâmbio de experiências;

Com efeito, as informações colhidas junto aos gestores das unidades


jurisdicionadas, e que serviram de base para elaboração do diagnóstico sobre a instituição e
a operacionalização das estruturas de controle interno da Administração Pública estadual
(item 2.2.1.2 do relatório técnico), revelam que as estruturas de controle existentes

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PROCURADORIA-GERAL 405
(pessoal, normas, procedimentos e rotinas em uso) são precárias, não permitindo o
efetivo acompanhamento e monitoramento da gestão operacional, administrativa,
orçamentária, financeira, patrimonial, contábil e da execução das metas estipuladas para os
programas de governo.
A fim de sustentar tal premissa fática, mostra-se conveniente elencar a síntese
dos principais dados apresentados no diagnóstico sobre a institucionalização e
operacionalização das unidades setoriais de controle interno, que consta do item 2.2.1.2 do
relatório das contas do Chefe do Poder Executivo:
i) dos 94 servidores lotados nas CCIs e unidades equivalentes, cerca de
60% são ocupantes de cargo comissionado, terceirizados ou sob REDA;

ii) em 60% das unidades, é reconhecido que o número de servidores


alocados nas CCIs não é suficiente para atender às demandas da atividade;

iii) aproximadamente 66,66% dos respondentes não estão de acordo que a


CCI é responsável pelo planejamento, coordenação e avaliação das
atividades exercidas pelos diversos setores de controle de suas unidades e
60% estão em desacordo que a CCI armazena informações úteis para a
realização dos trabalhos em Sistema de Banco de Dados, que permita
cruzamento de informações e emissão de relatórios;

iv) para 60% dos respondentes, a CCI não utiliza indicadores para
acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária,
financeira e patrimonial da unidade jurisdicionada, apesar de 96%
informarem que a AGE vem orientando tecnicamente o planejamento e os
procedimentos operacionais das CCIs;

v) as CCIs acompanham os contratos e convênios realizados com atenção à


legalidade e regularidade dos mesmos, em 70,83% e 62,50% dos
jurisdicionados, respectivamente, bem como as atividades de guarda,
estoque e inventário de bens e valores, conforme normas e regulamentos
existentes, em 48%, e os processos administrativos, inquéritos e
sindicâncias para apuração de possíveis irregularidades em 54,16% das
unidades jurisdicionadas;

vi) quanto ao acompanhamento das ações e programas do PPA, cerca de


70,83% dos jurisdicionados afirmam que a CCI não monitora seus
resultados, nem mesmo usa indicadores publicados no Plano Plurianual,
nem outros indicadores para avaliar o cumprimento dos mesmos;

Além das deficiências estruturais das diversas unidades setoriais de controle


interno, impende ressaltar que o texto legal não especificou, com o grau de detalhamento
desejável, as competências a serem exercidas pelas Coordenações de Controle Interno,
aludindo genericamente às funções de acompanhamento, controle e fiscalização da
execução orçamentária, financeira e patrimonial.

Faz-se necessário, portanto, interpretar os dispositivos legais que disciplinam as


atribuições das aludidas unidades de controle interno à luz da Constituição (princípio
hermenêutico da interpretação conforme a Constituição3), extraindo-se dos signos
3
Segundo Dirley da Cunha Júnior, “o princípio da interpretação conforme a Constituição também consiste num princípio de
controle de constitucionalidade, mas que ganha relevância para a interpretação constitucional quando a norma legal objeto
de controle se apresentar com mais de um sentido ou significado (normas plurissignificativas ou polissêmicas), devendo,
nesse caso, dar-se preferência à interpretação que lhe empreste aquele sentido – entre os vários possíveis – que
possibilite a sua conformidade com a Constituição. […] Na eventual hipótese de existirem várias interpretações, porém
todas em conformidade com a Constituição, deve-se adotar aquela interpretação que seja melhor orientada para a
Constituição, ou seja, que melhor realize a Constituição” (Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Salvador: JusPODIVM,
2008, pp. 223/224)

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406 PROCURADORIA-GERAL
linguísticos empregados pelo texto normativo o sentido – dentre aqueles comportados pela
moldura de possibilidades semânticas – que promova a melhor realização das finalidades
estabelecidas no art. 74 da Constituição Federal.

Nesta senda, é forçoso concluir que expressão “acompanhamento, controle e


fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial” deve ser lida e
compreendida de modo a abranger tanto (i) o controle da conformidade dos atos de gestão
com os parâmetros normativos disciplinadores da atividade administrativa do Estado
(controle procedimental ou de conformidade), quanto (ii) o controle dos resultados das
políticas públicas implementadas, quanto à eficácia e eficiência, bem como do cumprimento
das metas estipuladas no plano plurianual (controle de resultado ou de desempenho).
Vale dizer, o vocábulo “controle” deve ser interpretado amplamente, em ordem a alcançar as
duas vertentes acima indicadas (controle procedimental e controle de resultado), sob pena
de frustração das finalidades constitucionalmente atribuídas ao sistema de controle interno
da gestão pública.

Nesse bojo, registre-se que o citado decreto regulamentador das atividades das
Coordenações de Controle Interno (Decreto Estadual nº. 16.059/2015) foi demasiadamente
tímido no detalhamento das atribuições das referidas unidades setoriais de controle,
limitando-se a dispor que atividades por elas desempenhadas compreendem

as funções de acompanhamento, controle e fiscalização da execução


orçamentária, financeira e patrimonial, buscando assegurar a conformidade
dos atos e fatos administrativos, quanto à legalidade, à legitimidade, bem
como à economicidade da gestão, em relação a padrões normativos e
operacionais a que estejam obrigados. (art. 4º,§ 1º – grifo nosso).

A despeito disso, não se mostra possível, sob o aspecto jurídico-constitucional,


qualquer interpretação desta norma infralegal que busque afastar do rol de competências
das unidades de controle interno a atribuição para avaliar os resultados das políticas
públicas implementadas, quanto à eficácia e eficiência, bem como o cumprimento das metas
previstas nos instrumentos de planejamento governamental.

Em primeiro lugar, porque essa competência decorre diretamente da lei que


instituiu as referidas unidades controladoras, a qual aludiu genericamente às “funções de
acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial”, abrangendo, numa interpretação conforme a Constituição, tanto o controle de
conformidade quanto o controle de desempenho operacional. Destarte, não poderia o
decreto, enquanto ato normativo secundário, destinado a garantir a fiel execução da lei por
ele regulamentada, excluir uma atribuição legalmente prevista.

Segundo, porque o art. 4º, § 1º, do referido decreto estabelece que o controle
levado a cabo pelas Coordenações de Controle Interno inclui a avaliação da
economicidade da gestão quanto aos padrões normativos e operacionais aplicáveis,
abrangendo, na visão deste Órgão Ministerial, a avaliação do cumprimento das metas
previstas no plano plurianual, bem como dos resultados da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial quanto à eficácia, eficiência e efetividade.

É que o vocábulo economicidade traduz a ideia fundamental de desempenho


qualitativo, desdobrando-se nas noções de eficiência, eficácia e efetividade, conforme a
precisa lição de Lucas Rocha Furtado:

A eficiência que foi elevada pela Constituição Federal à categoria de


princípio geral da Administração Pública é um dos aspectos da

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PROCURADORIA-GERAL 407
economicidade. Esta, além da eficiência, compreende a eficácia e a
efetividade. Temos, portanto, que economicidade é gênero do qual a
4
eficiência, eficácia e a efetividade são suas manifestações.

Conclui-se, portanto, que o Poder Executivo do Estado da Bahia deverá, por


meio das Coordenações de Controle Interno e demais unidades equivalentes, proceder
à avaliação acerca cumprimento das metas previstas no plano plurianual, bem como da
eficácia, eficiência e efetividade da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

Por fim, a institucionalização das unidades setoriais de controle interno, operada


pelo advento da Lei Estadual nº. 13.204, de 11 de dezembro de 2014, conquanto represente
importante passo no aprimoramento do controle interno da gestão pública estadual, não tem
o condão de elidir a responsabilidade do Chefe do Poder Executivo pelas relevantes
deficiências identificadas nas estruturas de controle interno durante o exercício financeiro
ora analisado, as quais comprometeram o alcance das finalidades previstas no art. 74 da
Constituição Federal, sobretudo no que concerne à (indispensável) avaliação do resultado
da gestão.

2.2.2.2. Ausência de um sistema integrado de controle interno

Verifica-se que o Constituinte, identificando a necessidade de se extrapolar o


mero exame da legalidade stricto sensu da gestão pública, impôs a criação de um sistema
de controle interno dotado de competência para avaliar o resultado da gestão, observados
os aspectos da eficiência e da eficácia. A obrigatoriedade dos órgãos públicos de implantar o
sobredito sistema de controle interno está prevista nos arts. 74, I a IV, da Constituição
Federal e 90, I a IV, da Constituição do Estado da Bahia:

Constituição Federal
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
(negritei)

Constituição do Estado da Bahia


Art. 90. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de Governo e dos orçamentos do Estado;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e
entidades da administração estadual, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres do Estado;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
(negritei)

4
Curso de direito administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2007, p. 112

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408 PROCURADORIA-GERAL
Ressalte-se, ainda, que a Lei de Responsabilidade Fiscal também exige a
implementação do controle interno sistêmico, pois, em seu art. 59, confere ao Poder
Legislativo, com o auxílio dos Tribunais de Contas, e ao sistema de controle interno de
cada Poder a competência para a fiscalização do cumprimento de suas normas. Portanto,
não restam dúvidas quanto à obrigatoriedade da existência de órgão sistêmico de controle
interno no Estado da Bahia.

No que se refere a essa necessária estruturação sistêmica determinada pelo


legislador constituinte, tem-se que o controle interno deve atuar de forma conjunta e
organizada, a partir da estruturação de regras, de unidades e princípios, coordenados entre
os diversos órgãos. De acordo com o Ministro aposentado do TCU Adhemar Paladini Ghisi
(apud Fernandes, 2008, p. 89)5:

um autêntico sistema de controle interno constituiria, em síntese, uma


verdadeira rede de informações, capaz de subsidiar o processo de tomada
de decisão em nível governamental, além de fornecer ao dirigente, a
qualquer instante, a exata noção do desempenho de cada um dos órgãos
subordinados e vinculados.

A despeito da norma imperativa prevista na Constituição Federal, e reproduzida


na Constituição Estadual, restou demonstrado que, durante o exercício de 2015, o Poder
Executivo do Estado da Bahia não dispunha, efetivamente, de um sistema estruturado
de controle interno. As ações de controle, como apontado no relatório do TCE, ainda são
“ações de controle viabilizadas por setores dispersos, de forma pulverizada e com baixa
integração entre os procedimentos adotados” (conforme item 2.2.2 do relatório técnico).

A carência de um sistema integrado de controle interno – cuja caracterização


pressupõe a articulação entre os múltiplos órgãos setoriais de controle – compromete
significativamente a efetividade da função controladora, como tem sido empiricamente
observado no âmbito do Estado da Bahia.

Nessa seara, é importante registrar que o Governador do Estado encaminhou,


em 03/12/2007, Projeto de Lei (PL nº 16.942) à Assembleia Legislativa objetivando a
instituição do sistema estadual de controle interno e a criação da Controladoria Geral do
Estado (CGE), órgão destinado a funcionar como unidade central de controle interno, dotado
de competência para exercer a orientação normativa e a supervisão técnica dos diversos
órgãos setoriais (como existe, por exemplo, no âmbito do Poder Executivo Federal).

Tal Projeto, contudo, encontra-se paralisado naquela Casa até a presente data.
Conforme consulta ao sítio eletrônico do parlamento baiano, verifica-se que a última
movimentação ocorreu em 17/06/2009 (quase 7 anos atrás). Observa-se também que já
houve manifestação favorável ao Projeto emitida pelas Comissões de Constituição e Justiça,
de Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle e de Educação, Cultura, Ciência e
Tecnologia e Serviço Público.

Em virtude do impasse na tramitação do referido projeto de lei, o atual


Governador do Estado editou o já mencionado Decreto nº. 16.059/2015, atribuindo à
Auditoria Geral do Estado – AGE, órgão integrante da estrutura da Secretaria da Fazenda,
o papel central de promover a articulação sistêmica das atividades desempenhadas pelas
Coordenações de Controle Interno, como se depreende dos seguintes dispositivos:

5
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Tribunais de Contas do Brasil: jurisdição e competência. 2. ed. 1. reimpressão.
Belo Horizonte: Fórum, 2008, p. 89.

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PROCURADORIA-GERAL 409
Art. 1º - As atividades das Coordenações de Controle Interno e das demais
estruturas de controle interno equivalentes existentes nos órgãos e
entidades do Poder Executivo Estadual serão desenvolvidas de forma
integrada e em articulação sistêmica com a Auditoria Geral do Estado -
AGE.

Art. 2º - […]
Parágrafo único - As Coordenações de Controle Interno e demais estruturas
de controle interno equivalentes ficam sujeitas à orientação técnica da
AGE, respeitada a subordinação administrativa e hierárquica ao titular do
seu respectivo órgão ou entidade.

Art. 3º - Tendo em vista a articulação sistêmica das atividades de


controle interno, caberá à Auditoria Geral do Estado - AGE, da Secretaria
da Fazenda, sem prejuízo de outras atribuições regimentais:
I - orientar tecnicamente o planejamento e procedimentos operacionais de
controle interno, exercidos pelas Coordenações de Controle Interno e
demais estruturas de controle interno equivalentes, acompanhando suas
atividades;
II - coordenar as atividades que exijam ações integradas das Coordenações
de Controle Interno ou de outras estruturas responsáveis pelo controle
interno do Poder Executivo Estadual, com vistas à efetividade das
competências que lhe são comuns;
III - formular às Secretarias sistêmicas propostas de aperfeiçoamento dos
modelos e sistemas corporativos de controle;
IV - articular-se com os órgãos de controle dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
V - estimular ações voltadas para a capacitação de servidores vinculados ao
controle interno;
VI - desenvolver outras atividades correlatas. (Grifos nossos)

Verifica-se, portanto, que referido ato normativo conferiu, ao menos sob o


aspecto formal, uma roupagem sistêmica ao controle interno do Poder Executivo do Estado
da Bahia, conferindo à AGE, na condição de órgão central, a responsabilidade por promover
a articulação, coordenação, supervisão e orientação técnica das diversas unidades setoriais
de controle interno (Coordenações de Controle Interno).

Ademais, com a edição do Decreto nº. 16.406, de 13 de novembro de 2015, que


aprovou o novo Regimento Interno da Secretaria da Fazenda, a Auditoria Geral do Estado
passou a contar com um rol mais amplo de atribuições, dentre as quais cabe destacar: i)
desenvolver e implementar metodologias de análise de risco e detecção de fraudes; ii)
implantar ferramentas eletrônicas de auxílio à auditoria governamental; iii) elaborar manuais
e procedimentos de auditoria governamental; iv) normatizar e monitorar as atividades de
acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial a serem realizadas pelas Coordenações de Controle Interno dos órgãos.

Trata-se, inegavelmente, de significativo avanço no processo de estruturação do


sistema de controle interno no âmbito do Estado da Bahia, tal como reclamado pela
Constituição Federal, embora a criação de um órgão central de controle diretamente
subordinado ao Chefe do Poder Executivo, e dotado de quadro próprio de servidores
admitidos mediante concurso público específico, se apresente como um modelo mais
adequado para conferir máxima efetividade à função controladora.

Não é por outra razão que foi destacado no relatório das contas de governo que,
em função da limitação de pessoal, a Auditoria Geral do Estado, que só conta com “uma

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410 PROCURADORIA-GERAL
equipe de apenas 24 (vinte e quatro) auditores e 08 (oito) cargos comissionados”, não pode,
no exercício de 2015, “desempenhar todas as suas atividades definidas em lei”. Este
obstáculo, que também foi detectado nas unidades setoriais de controle interno, contribuiu
para que ocorressem as inúmeras fragilidades listadas nos Quadros 11 e 12 do relatório
técnico do TCE.

Logo, apesar do avanço normativo promovido pelo Decreto nº. 16.059/2015 na


institucionalização de um sistema integrado de controle interno, afigura-se ainda oportuna a
expedição da RECOMENDAÇÃO no sentido de que o Poder Executivo do Estado da Bahia
avalie a adoção de providências, no âmbito de sua competência, para a criação e
implantação de uma Controladoria Geral do Estado desvinculada das Secretarias
atualmente existentes, com quadro de pessoal próprio e devidamente instrumentalizada
para atuar como unidade central de controle interno.

Registre-se, ademais, que a estruturação sistêmica do controle interno, nos


moldes do decreto acima mencionado, não descaracteriza a irregularidade verificada no
exercício financeiro ora apreciado, haja vista que, durante o exercício de 2015, o Poder
Executivo do Estado da Bahia careceu, no plano dos fatos, de um sistema efetivamente
estruturado de controle interno, em descompasso com as normas imperativas previstas nos
art. 74, caput, da Constituição Federal e 90, caput, da Constituição Estadual.

2.2.2.3 Não Implementação do Órgão de Controle de Contratos e Convênios

Ainda nessa seara do controle interno do Estado da Bahia, verifica-se que


continua pendente a implementação e estruturação do Órgão Central de Controle,
Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF). A criação e
as competências de tal Órgão foram preconizadas pela Lei Estadual de Licitações e
Contratos (Lei Estadual n.º 9.433/2005 – arts. 8º, XXII, 153, 154 e 172), que lhe atribuiu a
relevante função de exercer a fiscalização da execução dos contratos e convênios e
supervisionar o trabalho realizado no âmbito de cada Secretaria.

Ao idealizar e instituir este importante Órgão, o legislador estadual se preocupou


claramente em evitar que, durante a execução dos contratos e convênios, houvesse
desvirtuamento de suas finalidades, desvios de verbas repassadas a convenentes ou má
execução do objeto pactuado.

Percebe-se que a efetiva implementação do OCAAF, que exercerá o


supervisionamento da fiel execução dos contratos e convênios celebrados, ensejará ao
Poder Público uma visão macro de “onde” e “como” estão sendo empregados os recursos
públicos estaduais. De igual modo, a ação desse Órgão Central de Controle oportunizará
uma compreensão geral e sistêmica acerca da execução e das prestações de contas
dos contratos e convênios, acarretando um maior controle, maior precisão na
avaliação da relação custo-benefício destes instrumentos de satisfação de interesses
públicos, expedição de orientações uniformes e, mormente, efetivação dos princípios
regentes da Administração Pública.

Registre-se que o TCE/BA, no exercício do controle externo, identifica


recorrentemente inúmeras irregularidades e/ou fragilidades relacionadas à execução de
contratos e convênios, gerando recomendações e ressalvas, imputação de multas e
responsabilização financeira ou desaprovação de prestações de contas. A implementação
do OCAAF contribuirá de maneira relevante para evitar (ou mitigar) a recorrência de tais
práticas inadequadas.

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PROCURADORIA-GERAL 411
Nesse ponto, o relatório técnico do TCE (fl. 70) destaca que foi criado Grupo de
Trabalho, mediante Portaria Conjunta SAEB/SEFAZ/PGE, de dezembro/2015, objetivando o
desenvolvimento de estudos e proposição de minutas dos instrumentos adequados ao
controle, acompanhamento e avaliação financeira de contratos e convênios, com prazo de
conclusão de 180 dias. Trata-se de medida louvável, embora tardia, haja vista que, desde a
publicação da Lei Estadual de Licitações e Contratos, essa omissão estatal vem sendo
pontuada nos relatórios e pareceres prévios das contas do Chefe do Poder Executivo. Logo,
verifica-se que há um reiterado descumprimento pelo Poder Executivo estadual das
recomendações deste TCE quanto à exigência de institucionalização material do OCAAF.

Assim, considerando a relevância estratégica da implementação desse Órgão


Central de Controle, a sua previsão legal há mais de uma década e a continuidade da
inércia do Estado, este Parquet de Contas também pugna pela inclusão de RESSALVA no
tocante à não implementação do OCAAF, com a expedição de oportuna DETERMINAÇÃO
para que o Chefe do Poder Executivo adote as providências necessárias à devida
institucionalização desse importante Órgão de Controle, observando as atribuições e
competências previstas na Lei Estadual n.º 9.433/2005.

2.2.3. DEFICIÊNCIAS NA TRANSPARÊNCIA DOS GASTOS PÚBLICOS

De início, cumpre registrar que o dever de transparência da Administração


Pública é fundamento basilar do Estado Democrático e instrumento essencial para o
exercício efetivo da cidadania, previstos no art. 1°, caput e II, da Lei Fundamental.

Com efeito, a democracia é o governo do poder visível, transparente, que


promove a difusão das informações de interesse coletivo produzidas ou custodiadas pelo
Estado como forma de fomentar a participação ativa do cidadão na gestão e na fiscalização
da coisa pública. Nas precisas palavras de Noberto Bobbio, a democracia “é o governo do
poder público em público”6.

Não há olvidar-se que o maior ou menor grau de acesso à informação é um


importante indicador do grau civilizatório de uma nação. Nesse sentido, o primeiro país no
mundo a desenvolver um marco legal sobre transparência pública foi a Suécia, em 1766. Já
os Estados Unidos aprovaram sua Lei de Liberdade de Informação, conhecida como FOIA
(Freedom of Information Act), em 1966, que recebeu, desde então, diferentes emendas
visando a sua adequação à passagem do tempo. Na América Latina, a Colômbia foi pioneira
ao estabelecer, em 1888, um Código que franqueou o acesso a documentos de Governo. Já
a legislação do México, de 2002, é considerada uma referência, tendo previsto a instauração
de sistemas rápidos de acesso, a serem supervisionados por órgão independente. Chile,
Uruguai, entre outros, também aprovaram leis de acesso à informação.7

No plano internacional, o acesso à informação como direito fundamental também


é reconhecido por importantes organismos, tais como a Organização das Nações Unidas
(ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

No Brasil, não se pode perder de vista que a Constituição Federal de 1988, de


forma minuciosa e em diversas passagens (Art. 5º, XXXIII; Art. 37, caput e §3º; e Art. 216,
§2º), salvaguarda a tutela do direito fundamental à informação como instrumento de
implementação da transparência pública, visto que a sua existência é elemento indissociável

6
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. São Paulo: Paz e Terra, 1997. p.84.
7
Cartilha da Controladoria-Geral da União. Acesso à Informação Pública: Uma introdução à Lei nº 12.527, de 18 de
novembro de 2011. Disponível em: <www.cgu.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2016.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


412 PROCURADORIA-GERAL
do modelo de Estado adotado (Estado Democrático), no qual o exercício legítimo do poder
estatal demanda uma abertura que proporcione ao seu verdadeiro titular (o povo) não só a
participação efetiva na gestão pública, como também na fiscalização dos atos praticados
pelos governantes eleitos. É de se dizer que participação e controle social só existem
quando o acesso às informações públicas é garantido, pois não há como discutir, deliberar e
controlar aquilo que sequer é conhecido.
A respeito da conexão entre o princípio da publicidade/transparência e o
princípio democrático, Rafael Carvalho Rezende Oliveira leciona que

O princípio da publicidade impõe a divulgação e a exteriorização dos atos


o
do Poder Público (art. 37 da CRFB e art. 2 da Lei 9.784/1999). A
visibilidade (transparência) dos atos administrativos guarda estreita relação
o
com o princípio democrático (art 1 da CRFB): o povo, único e verdadeiro
titular do poder, deve conhecer os atos dos seus representantes. Quanto
maior a transparência pública, maior será o controle social sobre os atos da
Administração e das entidades privadas que exercem atividades delegadas
8
ou de relevância pública.

Nesse contexto, o acesso às informações de interesse coletivo, na égide de um


regime democrático, deve ser encarado como um direito subjetivo de cada cidadão (ou de
pessoa jurídica), quando toma contornos de direito individual; ou da sociedade, quando
ganha feição de um direito coletivo ou transindividual, gerando para o Estado-Administração
o correlato dever normativo de agir da forma mais transparente possível, isto é, de
utilizar os instrumentos operacionais existentes – especialmente no campo da tecnologia da
informação – para promover a mais ampla difusão das informações tidas como de interesse
público.
Não mais se admite, portanto, como era apregoado em regimes ditatoriais, que o
acesso à informação de interesse público corresponda a uma faculdade ou favor do Estado,
que avaliaria soberanamente a conveniência em fornecer ou deixar de fornecer informações
estatais ao cidadão ou à sociedade.
É inegável que a transparência pública não é assunto novo no país: diferentes
diplomas normativos já contemplaram, de maneiras variadas, essa questão. A partir da
Constituição de 1988, diversas espécies normativas infraconstitucionais (como a Lei de
Responsabilidade Fiscal, a Lei do Processo Administrativo, a Lei do Habeas Data e a Lei de
Arquivos) entraram em vigor prevendo que governos divulgassem, por exemplo, dados
orçamentários e financeiros, bem como o conteúdo de atos administrativos.
Nesse caminhar, é mister destacar que o legislador federal sancionou a Lei nº
12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação (LAI), com o propósito de regulamentar o direito
de acesso à informação previsto no inciso XXXIII do art. 5°, no inciso II do § 3° do art. 37 e
no § 2° do art. 216 da Constituição Federal. No âmb ito do Estado da Bahia, a matéria foi
devidamente disciplinada na Lei Estadual n.º 12.618/2012, em consonância com as normas
gerais estabelecidas pela lei federal retromencionada.
Conquanto represente importante marco normativo em prol da transparência da
gestão pública, a Lei de Acesso à Informação deve ser enxergada como o fruto de um
processo histórico-evolutivo cujo marco inicial foi a Constituição de 1988. De fato, desde a
promulgação a Lei Fundamental de 1988, o amplo acesso à informação pública é a regra,
sendo o sigilo excepcionalmente admitido apenas nas hipóteses estabelecidas no próprio
texto constitucional.

8
Princípios do Direito Administrativo. 2. ed. rev., atual. e ampl.. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013.
p.102.

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PROCURADORIA-GERAL 413
A Lei de Acesso à Informação, portanto, não introduziu um valor inaugural na
ordem jurídica brasileira. O direito de acesso à informação – e o correlato dever estatal de
transparência – precede a edição do referido diploma, sendo haurido diretamente do texto
constitucional. A LAI buscou apenas dar concreção, no plano infraconstitucional, a esse
direito preexistente, criando garantias procedimentais para o seu efetivo exercício9.

Do exposto, surge um legítimo questionamento: o que há de novo na Lei de


Acesso à Informação?10

O caráter impactante da nova lei reside na definição de mecanismos concretos


para ampliar a eficácia e efetividade do direito fundamental de acesso à informação, como a
imposição de divulgação de informações de interesse coletivo ou geral independentemente
de requerimento (transparência ativa), mediante a obrigatória utilização de sítios oficiais na
rede mundial de computadores (internet). Além disso, a nova lei estabeleceu procedimentos
para o exercício do direito de acesso, parâmetros para eventuais restrições, e definiu as
responsabilidades dos agentes públicos, civis ou militares, por possíveis violações ao dever
de transparência pública.11

Diante desse cenário normativo, que impõe aos entes federativos a adoção e o
aperfeiçoamento de mecanismos que garantam o acesso às informações de interesse
público, é possível identificar que, no âmbito do Estado da Bahia, as informações sobre a
gestão dos recursos públicos são disponibilizadas por meio dos sítios eletrônicos
“Transp@rência Bahia” e “Ouvidoria Geral do Estado da Bahia”.

No ensejo, cabe pontuar que no sítio eletrônico “Transparência Bahia” o Poder


Executivo divulga os gastos efetuados com recursos estaduais, discriminando os dados por
credor, período, valores monetários etc., ou seja, as informações são disponibilizadas por
iniciativa do próprio ente federativo (transparência ativa). Já no sítio eletrônico “Ouvidoria
Geral do Estado da Bahia”, qualquer interessado pode formular uma solicitação
(transparência passiva), a qual será analisada e disponibilizada, caso não esteja dentre as
exceções cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Verifica-se, contudo, que o Poder Executivo do Estado da Bahia, mesmo após


implementar ferramentas que facilitam o acesso às informações de interesse público, ainda
incorre em falhas que dificultam o cumprimento integral do preceito em questão, como
restou demonstrado após a auditoria operacional que esta Casa de Controle realizou sobre
o cumprimento da Lei de Acesso à Informação (Processo n°. TCE/013091/2014). No
julgamento de tal processo, o Tribunal Pleno expediu, por meio da Resolução nº. 32/2016, a
seguinte determinação:

Ao Governo do Estado, para que encaminhe a este Tribunal de Contas, no


prazo de 60 dias, em articulação com as Secretarias afins, um novo Plano
de Ação, contemplando as ações necessárias para o alcance das medidas
já identificadas pela Administração, com as respectivas datas, bem como a
indicação das unidades e/ou responsáveis pela execução, visando, em
especial, ações voltadas para:

9
Sobre o tema, v. Juliano Heinen. Comentários à Lei de acesso à informação: Lei nº 12.527/2011. Belo Horizonte:
Fórum, 2014.
10
SERRANO; VALIM. Lei de Acesso à Informação Pública: um balanço inicial. Le Monde Diplomatique Brasil.
11
CLÈVE, Clèmerson Merlin; FRANZONI, Júlia Ávila. Administração pública e a nova Lei de Acesso à Informação.
Interesse Público, Belo Horizonte, v. 15, n. 79, maio/jun. 2013.

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414 PROCURADORIA-GERAL
• imediata regulamentação e implementação do Conselho Gestor de Acesso
à Informação (CGAI), previsto pelo § 6º do art. 28 da Lei Estadual n.º
12.618/12, objetivando adequar o cenário da transparência baiana à
legislação estadual e federal;

• imediata designação dos órgãos responsáveis que exercerão as


competências estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei Estadual n.º
12.618/2012;

• imediata designação formal de agentes de monitoramento, junto aos


órgãos componentes do Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de
realizar as funções estabelecidas pelo art. 7º da LAI;

• imediata conclusão do Projeto de Identidade Digital de Governo, de modo


a promover a padronização e publicação das informações mínimas contidas
nos incisos I a IV, § 1º do art. 8º da Lei n.º12.527/2011;

• imediata regulamentação do procedimento de classificação e


desclassificação de informações sigilosas, em cumprimento aos arts. 22 a
24 da Lei n.º 12.618/2012, com o objetivo de viabilizar que a autoridade
máxima de cada órgão ou entidade estadual publique tais informações em
seus sítios da Internet;

• disponibilização de forma descentralizada, em cada órgão, de local para


atendimento presencial, conforme disposto no art. 6º e § 1º, inciso I do art.
9º da Lei Estadual n.º 12.618/2012, devendo cada unidade adotar um plano
de avaliação do crescimento da demanda para aferir a necessidade de
instalação de um espaço exclusivo para o atendimento presencial do SIC;

• imediata regulamentação acerca dos procedimentos para tratamento de


informação pessoal, conforme previsão do § 5º, art. 25 da Lei Estadual n.º
12.618/2012; e

• encaminhar a este Tribunal de Contas documentação que comprove a


possibilidade de interpor recursos pelo Sistema de Ouvidoria e Gestão
Pública (TAG), bem como imagens com captura de telas do sistema,
evidenciando a funcionalidade e o fluxograma que apresente os
procedimentos necessários ao manejo da via recursal.

Dentre os aspectos relacionados a deficiências na transparência da gestão pública,


cabe destacar as seguintes ocorrências detectadas pela equipe técnica deste Tribunal.

2.2.3.1 Falhas quanto ao cumprimento da Lei de acesso à informação (LAI)

É cediço que a internet é um meio privilegiado de divulgação de informações,


porquanto alcança, através da difusão em rede, um universo amplo de pessoas
interessadas em acessá-las. Trata-se, sem dúvidas, de um legítimo instrumento de
democratização da informação pública, cujo acesso – franqueado a todos, de modo
igualitário – se torna inegavelmente mais fácil e menos dispendioso para o seu destinatário.
Justamente por isso, a LAI definiu, em seu texto, a internet como o canal obrigatório para a
divulgação de informações de interesse coletivo ou geral, dando prioridade à transparência
ativa, como se depreende do artigo 8º, § 2º, da Lei:

Art. 8º. É dever dos órgãos e entidades públicas promover,


independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse
coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 415
[...]
§ 2°. Para cumprimento do disposto no caput, os órg ãos e entidades
públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
mundial de computadores (internet).

Nesse sentido, é de se ver que os procedimentos estabelecidos pelo Estado


para o acesso à informação devem ser simples e de fácil compreensão pelo cidadão, de
forma a facilitar o seu acesso, prevendo a existência de ferramentas de busca e garantindo
que as informações disponibilizadas possam ser amplamente utilizadas. Além disso, os
pedidos de informação devem ser processados com rapidez e em linguagem cidadã, com a
possibilidade de apresentação de recurso em caso de negativa de fornecimento da
informação.

Com isso em mente, de acordo com avaliação feita pela Auditoria desse E.
Tribunal de Contas, no exercício examinado, foram constatadas algumas melhorias no que
pertine ao aspecto visual dos sítios institucionais, notadamente em razão das medidas
adotadas pela Secretaria de Comunicação, a qual, por meio de Coordenação de Internet,
iniciou o Projeto de Identidade Digital de Governo, visando uniformizar as referidas
plataformas em termos de “acessibilidade, transparência, acesso à informação e normas de
segurança” (consoante item 2.2.4.3 do relatório).

A despeito disso, ainda foram encontradas fragilidades na publicação, nos sítios


institucionais, das informações exigidas pelas Leis Federal e Estadual de Acesso à
Informação, que prejudicariam, em análise última, a transparência nos moldes erigidos pelos
normativos referenciados. Deveras, é possível constatar principalmente que, no portal
“Transparência Bahia”, uma das principais plataformas de divulgação de informações
institucionais, ainda não foram implementadas melhorias que estavam previstas, tais como:
i) consulta de ICMS por região e atividade econômica; ii) publicação de editais e contratos
celebrados; iii) divulgação de vencimentos de servidores.

Idêntica situação se verificou em relação à publicização das informações


relativas aos convênios e instrumentos congêneres, Neste caso, a apesar da recomendação
expedida no parecer prévio emitido sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, relativas
ao exercício de 2014, ainda não houve ampliação do conteúdo referente ao módulo
“Convênios Concedidos” do sítio Transparência Bahia, “que continua a permitir consultas
somente até o ano de 2012”.

É de se ver que as medidas corretivas propostas no relatório técnico do TCE


visam ao aperfeiçoamento dos instrumentos de divulgação de informações públicas
utilizados pelo Poder Executivo do Estado da Bahia, de modo a efetivar os ditames
esposados na legislação estadual e federal de acesso à informação. É certo que a mudança
de hábitos e de antigas práticas reclama compromisso, firmeza e tempo, bem como que
muito ainda resta a fazer para a consagração de um modelo de gestão pública
verdadeiramente transparente, na qual qualquer cidadão possa ter acesso amplo, rápido e
facilitado a informações de interesse coletivo ou geral, ressalvas aquelas excepcionalmente
consideradas sigilosas nos termos da Constituição. Contudo, não custa lembrar que o sonho
precede a realidade, e a atuação firme deste Tribunal, na condição de guardião dos
diplomas normativos concretizadores do princípio da transparência, será importante vetor de
transformação da turva realidade que ainda permeia a gestão pública, apesar dos
significativos avanços verificados nos últimos anos em prol da transparência.

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416 PROCURADORIA-GERAL
2.2.3.2 Não regulamentação do Comitê Gestor de Acesso à Informação (CGAI)

Outro ponto digno de nota diz respeito à não regulamentação do Comitê Gestor
de Acesso à Informação. Afinal, conforme destacado no relatório técnico acerca das
presentes contas, o Poder Executivo ainda “não publicou o decreto que regulamentará o
dispositivo legal do CGAI, fato que pode ser verificado através das declarações prestadas
pela Casa Civil e pela Ouvidoria Geral do Estado, que informaram que a minuta do decreto
ainda está em fase de elaboração” (consoante item 2.5.1 do relatório técnico).

A Lei nº. 12.527/2011 (LAI) determina que Estados e Municípios instituam


mecanismos próprios para o estabelecimento de instâncias recursais, devendo organizar,
em legislação própria, seu sistema recursal, seguindo as normas gerais da lei nacional. No
caso do Estado da Bahia, a Lei Estadual nº. 12.618/2012 determinou a criação do Comitê
Gestor de Acesso à Informação (CGAI), que teve as atribuições definidas pelo art. 28 do
indigitado diploma legal, senão vejamos:

Art. 28 – Fica instituído o Comitê Gestor de Acesso à Informação – CGAI,


com as seguintes competências:
I – requisitar da autoridade que classificar informação como ultrassecreta e
secreta esclarecimento ou conteúdo, total ou parcial da informação;
II – rever a classificação de informações ultrassecretas ou secretas, de
ofício ou mediante provocação de pessoa interessada;
III – decidir recursos, conforme previsto pelo art. 14 desta Lei;
IV – estabelecer orientações de caráter geral a fim de suprir eventuais
lacunas na aplicação desta Lei.

Nesse sentido, mister concluir pela imperiosa necessidade de adoção de


medidas concretas para a efetiva implantação do Comitê Gestor de Acesso à Informação
(CGAI), a fim de que, enfim, o referido órgão cumpra o desiderato proposto pela norma, no
sentido de suprir lacunas em matéria de transparência pública estadual, mormente quanto
ao processamento dos recursos legais previstos, classificação e desclassificação de
informações sigilosas e padronização da publicidade das informações divulgadas.

2.2.3.3 Não divulgação da remuneração dos servidores públicos do Poder


Executivo do Estado da Bahia

Consoante registrado alhures, o relatório técnico do TCE revela que o Poder


Executivo do Estado da Bahia não divulga, em seu portal eletrônico, informações relativas à
remuneração dos servidores públicos estaduais civis e militares, diferentemente do que
ocorre no Poder Executivo Federal e, no âmbito estadual, com o Tribunal de Justiça, o
Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público.

Ora, os valores pagos pela Administração Pública a título de remuneração dos


agentes públicos estaduais, enquanto representativos da realização de autêntica despesa
pública, configuram informações de interesse coletivo ou geral e devem, portanto, estar
disponíveis nos mencionados sítios eletrônicos oficiais do Estado.

Antes que se alegue a ausência de previsão legal expressa impondo a


divulgação de tal informação, faz-se necessário ressaltar que o dever estatal de promover a
mais ampla divulgação das informações de interesse coletivo ou geral dimana diretamente
da Constituição Federal, como projeção integrada do princípio constitucional da publicidade
(art. 37, caput, CF) e do direito fundamental à informação (art. 5º, inciso XXXIII).

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PROCURADORIA-GERAL 417
Neste sentido, vale a transcrição dos pertinentes comentários de Bruno
Miragem:

A noção de publicidade da ação administrativa, nesse aspecto, resulta em


um dever de transparência, na exata medida em que estabelece como
paradigma da ação administrativa a sua exposição ao conhecimento
público, para acesso a qualquer interessado, como condição, critério para
sua legitimidade.
[…]
Há, pois, como identificar um dever de transparência da Administração
Pública e seus agentes, cujo atendimento se dá mediante a realização de
prestação – portanto, dever de fazer, promover a divulgação de
informações públicas –, assim também como dever de abstenção que lhe é
lógica e imediatamente correlato, de não se comportar de modo a impedir
12
ou dificultar o acesso de qualquer cidadão a informações públicas.

Por corresponder a um efeito jurídico do princípio constitucional da publicidade, a


transparência deve ser implementada na maior medida do possível, sendo um dever da
Administração – e não mera faculdade – utilizar os meios e instrumentos disponíveis,
especialmente no campo da tecnologia da informação, para promover a mais ampla difusão
das informações tidas como de interesse público, respeitadas as limitações jurídicas
estabelecidas na Constituição (art. 5o, XXXIII, parte final, da CF) e as restrições impostas
pela realidade fática.

Afinal, na festejada lição de Robert Alexy, que encontra larga recepção na


doutrina brasileira, os princípios são mandamentos de otimização, ou seja, “normas que
ordenam algo que deve ser realizado na maior medida do possível dentro das possibilidades
fáticas e jurídicas existentes”, cabendo salientar que “o âmbito das possibilidades jurídicas é
determinado pelos princípios e regra colidentes”.13

Neste prisma, cumpre reconhecer que as despesas públicas atinentes à


remuneração de servidores públicos, com a identificação de todos os seus elementos
essenciais (a quem se pagou, quanto se pagou e por que se pagou), qualificam-se
nitidamente como informações de interesse coletivo ou geral, devendo, por conseguinte,
ser amplamente divulgadas pela Administração, inclusive com a utilização dos recursos
tecnológicos da internet.

Com efeito, além de estar inserida do âmbito de incidência do princípio da


publicidade e do direito fundamental à informação – matrizes, como acima mencionado, do
dever estatal de transparência –, a divulgação da remuneração dos servidores públicos, de
forma nominal e individualizada, não encontra óbice jurídico em princípios jurídicos
aparentemente colidentes, a exemplo da intimidade e da privacidade, conforme
entendimento assentado pelo Supremo Tribunal Federal:

"Caso em que a situação específica dos servidores públicos é regida pela


1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição. Sua remuneração
bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal
lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou
geral. Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade
deles, vida privada e segurança pessoal e familiar se encaixem nas
exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo
constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), pois o fato é que não estão em jogo

12
A nova Administração Pública e o Direito Administrativo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 312 e 315,
13
Teoria dos diretos fundamentais (traduzido por Virgílio Afonso da Silva). 2 ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 90

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418 PROCURADORIA-GERAL
nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade. 2. Não cabe,
no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto
da divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos enquanto
agentes públicos mesmos. [...]”(SS 3902, Relator(a): Min. AYRES
BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2011) (grifo nosso)

De outro lado, no campo das possibilidades fáticas, vale mencionar que não há
obstáculos operacionais para a efetiva divulgação de tal informação na forma
pretendida, eis que a Administração já dispõe dos dados relativos à remuneração paga aos
seus servidores, por meio do sistema que confecciona os respectivos contracheques, bem
como já tem os meios próprios (sítio eletrônico “Transparência Bahia”) para divulgá-los. É de
se ver que eventual custo operacional para divulgação da informação será mínimo, não
guardando relevância capaz de afetar a possibilidade fática de sua implementação.

Forçoso reconhecer, portanto, que a divulgação das despesas públicas


correspondentes à remuneração de agentes públicos, com identificação nominal dos
beneficiários e indicação do cargo ocupado, representa uma imposição constitucional
decorrente do princípio da publicidade administrativa (art. 37, caput, da CF) e do direito
fundamental à informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), por se tratar de medida
vocacionada a garantir a maior realização possível dos fins almejados pelas referidas
normas, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes.

Logo, o fato de inexistir regra legal expressa impondo a divulgação desse tipo de
informação não exime o Estado do dever de fazê-lo.

Supera-se, aqui, a ideia restrita de vinculação positiva do administrador à lei


formal, na “leitura convencional do princípio da legalidade”14, pela qual sua atuação estava
pautada por aquilo – e apenas naquilo – que o legislador expressamente determinasse ou
autorizasse. Em seu lugar, e como resultado do fenômeno da constitucionalização do
Direito, a doutrina contemporânea alude ao princípio da constitucionalidade ou, mais
propriamente, ao princípio da juridicidade administrativa, que traduz a ideia de vinculação do
administrador público ao ordenamento jurídico como um todo, especialmente aos princípios
e regras de índole constitucional15. Nesta perspectiva, o administrador pode e deve atuar
tendo por fundamento direto os princípios previstos (expressa ou implicitamente) na
Constituição, independentemente de interposição do legislador ordinário. Como destaca
Gustavo Binenbojm:

A vinculação da Administração não se circunscreve, portanto, à lei formal,


mas a esse bloco de legalidade (o ordenamento jurídico como um todo
sistêmico), a que aludia Hauriou, que encontra melhor enunciação, para os
dias de hoje, no que Merkl chamou de princípio da juridicidade
administrativa.
[…]
A superação do paradigma da legalidade administrativa só pode ocorrer
com a substituição da lei pela Constituição como cerne de vinculação
administrativa à juridicidade.
Tal postura científica assenta na superação do dogma da
imprescindibilidade da lei para mediar a relação entre a Constituição e a
Administração Pública. Com efeito, em vez de a eficácia operativa das
normas constitucionais – especialmente as instituidoras de princípios e
definidoras de direitos fundamentais – depender sempre de lei para vincular

14
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Princípios do Direito Administrativo. 2. ed. rev., atual. e ampl.. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2013. p.75-78.
15
BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para a construção teórica e prática
da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2012. p.223.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 419
o administrador, tem-se hoje a Constituição como fundamento primeiro do
16
agir administrativo.

Saliente-se que essa concepção teórica vem sendo referendada pelo Supremo
Tribunal Federal, cabendo citar, como exemplo, a proibição de nomeação de parentes para
cargos comissionados e funções de confiança (vedação do nepotismo). Embora inexistisse
regra legal proibindo expressamente tal prática, o Pretório Excelso entendeu ser possível
extrair a vedação diretamente dos princípios constitucionais da impessoalidade e da
moralidade administrativa17, ante a sua eficácia normativa, reputando desnecessária a
existência de lei formal para mediar a relação entre a Administração Pública e a
Constituição.

Embora seja possível deduzir diretamente da Constituição Federal o dever da


Administração de divulgar amplamente informações relativas à remuneração dos servidores
públicos, há também dispositivos na legislação infraconstitucional que reforçam tal
entendimento.
Veja-se, primeiramente, que a Lei de Acesso à Informação estabelece, como
diretrizes orientadoras de sua aplicação, a “divulgação de informações de interesse público,
independentemente de solicitações” (art. 3o, II) e a “utilização de meios de comunicação
viabilizados pela tecnologia da informação” (art. 3o, III), determinando, outrossim, que a
Administração Pública assegure uma gestão transparente, promovendo o acesso amplo e a
divulgação de informações de interesse público (art. 6o, I).

Em plena consonância com tais diretrizes, o art. 8o, caput e § 2º, da LAI
estabelece que os órgãos e entidades públicas têm o dever de promover,
independentemente de requerimentos, e em local de fácil acesso, a ampla divulgação das
informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, prevendo
ainda a obrigatoriedade da divulgação ser feita em sítios oficiais da rede mundial de
computadores (internet):

Art. 8º. É dever dos órgãos e entidades públicas promover,


independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse
coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão
constar, no mínimo:
[…]
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades
públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
mundial de computadores (internet).

Sobreleva destacar que o rol de informações elencadas no art. 8, §1º, da LAI é


meramente exemplificativo, tendo o legislador empregado o vocábulo “no mínimo” com o
propósito de afastar dúvidas quanto a tal exegese. Ou seja, se a informação for qualificada
como de interesse coletivo ou geral, a Administração tem o dever de promover a sua

16
Uma teoria do direito administrativo. 2. ed. rev. e atual.. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 141.
17
EMENTA: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. VEDAÇÃO NEPOTISMO. NECESSIDADE DE LEI FORMAL. INEXIGIBILIDADE.
PROIBIÇÃO QUE DECORRE DO ART. 37, CAPUT, DA CF. RE PROVIDO EM PARTE. I - Embora restrita ao âmbito do
Judiciário, a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A
vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III - Proibição que decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal. IV - Precedentes. V - RE conhecido e parcialmente provido
para anular a nomeação do servidor, aparentado com agente político, ocupante, de cargo em comissão. (RE 579951,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/2008)

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


420 PROCURADORIA-GERAL
divulgação nos sítios eletrônicos oficiais, independentemente de figurarem no rol (não
exaustivo) do sobredito art. 8, §1º, salvo se houver justificativas consistentes que revelem
restrições de ordem operacional ou tecnológica para a divulgação.

Como visto acima, os dados relativos à remuneração dos servidores públicos


são classificados como de interesse coletivo ou geral, nos termos da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça18, enquadrando-se no raio de
incidência da norma impositiva prevista no art. 8o, caput e § 2º da Lei de Acesso à
Informação. Além disso, conforme também já destacado, inexistem obstáculos operacionais
ou tecnológicos para a efetiva divulgação de tais informações, na medida em que a
Administração já dispõe desses dados, por meio do sistema que confecciona os respectivos
contracheques, bem como já tem os meios próprios (sítio eletrônico “Transparência Bahia”)
para divulgá-los.

No âmbito do Estado da Bahia, o próprio Tribunal de Contas do Estado, o


Tribunal de Contas dos Municípios, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público já
disponibilizam, detalhadamente e de forma nominal, as informações atinentes às
remunerações dos seus respectivos agentes públicos, evidenciando a inexistência de
obstáculos de qualquer natureza que possam eventualmente justificar a não divulgação
destes dados na rede mundial de computadores.

Ainda no plano infraconstitucional, cumpre mencionar que a Lei Complementar


n. 131/2009 alterou a Lei de Responsabilidade Fiscal para determinar a divulgação nos
meios eletrônicos de acesso público, e em tempo real, de informações detalhadas sobre a
execução orçamentária e financeira. Eis o teor do dispositivo:

Art. 48. [...]


Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante:
[...]
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária
e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art.
48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou
jurídica o acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número
do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à
pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o
caso, ao procedimento licitatório realizado;

Observe-se que o art. 48-A, inciso I, da LRF determina a divulgação de todos os


atos relativos à execução de despesas públicas, com a identificação do bem fornecido ou
serviço prestado, bem como da pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento.

Ora, o servidor público, em essência, é uma pessoa física beneficiária de


uma despesa pública em razão de um serviço prestado à Administração, de sorte que

18
“A Lei de Acesso à Informação constitui importante propulsor da cultura da transparência na Administração Pública
brasileira, intrinsecamente conectado aos ditames da cidadania e da moralidade pública, sendo legítima a divulgação dos
vencimentos dos cargos, empregos e funções públicas, informações de caráter estatal, e sobre as quais o acesso da
coletividade é garantido constitucionalmente (art. 5º, XXXIII, art. 37, § 3º, II e art. 216, § 2º, da CF/88)”. (MS 18.847/DF,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014, DJe 17/11/2014).

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 421
as despesas relacionadas à sua remuneração enquadram-se na moldura da regra legal
acima transcrita, tornando obrigatória a sua divulgação nos meios eletrônicos de acesso
público.

Nem se argumente que o art. 48-A, inciso I, da LRF apenas se aplica às


despesas públicas realizadas para pagamento de prestadores de serviços contratados pela
Administração com base da Lei Federal 8.666/93. Tal interpretação restritiva não se coaduna
com o princípio constitucional da isonomia, porquanto cria uma discriminação desprovida de
coeficiente mínimo de razoabilidade.

Com efeito, para fins de divulgação de uma despesa pública, não faz sentido
diferenciar (i) a situação da pessoa física contratada com base na Lei n. 8.666/93 para
prestar um serviço temporário à Administração (serviço de consultoria especializada, por
exemplo), e (ii) a situação da pessoa física admitida para prestar um serviço em caráter
permanente à Administração, a partir de vínculo jurídico de natureza funcional (estatutário ou
celetista). Se os recursos empregados são públicos, a despesa deve ser
detalhadamente divulgada, com a identificação de seus elementos essenciais (quanto
se pagou, a quem se pagou e por que se pagou), sendo absolutamente irrelevante a
natureza do vínculo entre o beneficiário e a Administração Pública.

Logo, em consonância com os princípios da isonomia e da publicidade (aqui


invocados em sua função interpretativa19), o sentido mais adequado a ser atribuído ao art.
48-A, inciso I, da LRF é o de que devem ser divulgadas, em meio eletrônico de fácil acesso
ao público (portais eletrônicos), todas as despesas públicas relacionadas ao pagamento de
serviços prestados ao Estado, com identificação da pessoa física beneficiária do dispêndio,
independentemente da natureza do seu vínculo jurídico com a Administração Pública.

Pelo exposto, conclui-se que a divulgação da remuneração dos agentes públicos


estaduais no portal da transparência, de forma nominal e individualizada, constitui uma
obrigação – e não mera faculdade – da Administração Pública, diretamente extraível da
Constituição Federal, porquanto representa, de acordo com as possibilidades jurídicas e
fáticas existentes, o meio apto a garantir a maior realização possível dos fins proclamados
pelo princípio da publicidade (art. 37, caput, da CF) e pelo direito fundamental à informação
pública (art. 5o, XXXIII, da CF). Além disso, a referida obrigação é reforçada pela
legislação infraconstitucional, que impõe a divulgação em meio eletrônico de despesas
públicas relativas a pagamentos por serviços prestados ao Estado, com a identificação da
pessoa física beneficiária, o que abrange, numa exegese orientada pelos princípios da
isonomia e da publicidade, os dados atinentes à remuneração dos servidores públicos (art.
48-A, inciso I, da LRF c/c art. 8o, caput e § 2º da Lei de Acesso à Informação).

2.2.3.3.1 Evolução da Jurisprudência do STF sobre o tema

Como antecipado no tópico precedente, a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal, guardião maior da nossa Carta Magna, tem reconhecido a legitimidade jurídico-
constitucional da divulgação, em portais eletrônicos, de informações atinentes à
remuneração de agentes públicos, rejeitando alegações de ofensa aos direitos fundamentais
à intimidade e à vida privada. Veja-se a suma da trajetória/evolução do debate sobre o
tema20.

19
Segundo Luís Roberto Barroso, “a eficácia dos princípios constitucionais, nessa acepção [da eficácia interpretativa],
consiste em orientar a interpretação das regras em geral (constitucionais e infraconstitucionais), para que o intérprete faça
a opção, dentre as possíveis exegeses para o caso, por aquela que realiza melhor o efeito pretendido pelo princípio
constitucional pertinente”. (Interpretação e aplicação da constituição. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 378)
20
TCU, Processo nº 020.365/2012-8, Rel. Min. Valmir Campelo, Acórdão: AC-0590-10/15-P, Sessão: 25/03/2015.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


422 PROCURADORIA-GERAL
Por certo, já em 2003, percebia-se a compreensão emanada da Excelsa Corte
de que o direito de receber informações revestidas de interesse geral ou coletivo dos órgãos
e entidades da Administração Pública qualifica-se como prerrogativa de índole
constitucional, sujeita unicamente às limitações fixadas no próprio texto da Carta Política
(art. 5º, incisos XIV e XXXIII), ou seja, “o exercício desse direito pressupõe o pleno acesso
aos dados passíveis de serem enquadrados como públicos, e indiscutivelmente o são os
alusivos à satisfação de despesas a título de remuneração dos servidores e autoridades”21.

Mais adiante, em julho de 2009, o Ministro Gilmar Mendes deferiu pedido para
suspender a execução das decisões liminares, proferidas nos autos dos Mandados de
Segurança nºs 180.176-0/7-00 e 180.589-0/1-00 (este no Agravo Regimental nº 180.589-
0/3-01), em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que haviam determinado
a suspensão da divulgação da remuneração bruta mensal vinculada ao nome de cada
servidor do Município de São Paulo, em sítio eletrônico na internet, denominado “De Olho
nas Contas”, de domínio da municipalidade. O eminente Ministro entendeu, em apertada
síntese, que legislação municipal abriu margem para a concretização da política de gestão
transparente da Administração Pública, possibilitando, pois, maior eficiência e ampliação do
controle social e oficial dos gastos municipais. Daí, em arremate, concluiu que a legislação
sob ataque não poderia sofrer as restrições requeridas, sob pena de se caracterizar grave
lesão à ordem pública.

Na sequência (final de 2009), ao apreciar o Ag. Reg. na Medida Cautelar no


Mandando de Segurança nº 28.177-4, o Ministro Marco Aurélio desproveu o agravo
interposto pelo Presidente da Câmara dos Deputados, mantendo a liminar que ordenou que
fosse disponibilizada ao impetrante documentação relativa às despesas decorrentes de
verbas indenizatórias proporcionadas aos integrantes daquela Casa Parlamentar.

Na mesma linha, já em 2011, nos autos do segundo Ag. Reg. na Suspensão de


Segurança nº 3.902, oriundo de São Paulo, o Plenário firmou o entendimento, por
unanimidade e nos termos do voto do Relator, Ministro Carlos Ayres Britto, no sentido de
que a situação específica dos servidores públicos é regida pela primeira parte do inciso
XXXIII do art. 5º do Diploma Magno, sendo o nome e a remuneração de cada um, com os
respectivos cargos ou funções por eles titularizados, além da identificação dos órgãos de
sua formal lotação, constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral, expondo-se,
portanto, à divulgação oficial, sem que a intimidade, a vida privada e segurança pessoal e
familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo
constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), pois não estão em jogo aí nem a segurança do
Estado nem do conjunto da sociedade.

Renovando a compreensão acima, em julho de 2012, o Ministro Ayres Britto, nos


autos da Suspensão de Liminar nº 623 – DF, deferiu o pedido para suspender os efeitos da
liminar concedida nos autos da Ação Ordinária nº 33326-48.2012.4.01.3400, ajuizada pela
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, na 22ª Vara Federal/DF, mediante
a qual havia sido determinado que a União se abstivesse “de realizar novas divulgações dos
rendimentos dos Servidores Públicos Federais, no âmbito dos três Poderes da República,
de forma individualizada”, liminar que fora estendida, a pedido da interessada, a fim de
“abranger também a retirada do ar das publicações de rendimentos já realizadas”.

Seguindo neste passo, ainda no mês de julho de 2012, a Ministra Rosa Weber,
nos autos da Reclamação nº 14.228 – Rio de Janeiro, deferiu a liminar requerida pela União,
para suspender o trâmite do Agravo de Instrumento nº 2012.02.01.011672-0 (TRF-2ª
Região) e os efeitos da decisão liminar ali proferida, que havia determinado “suspensão pelo
21
MS-24.725/DF, Rel. Min. Celso de Melo, DJ de 9/12/2003; Ag. Reg. MC – MS 28.177-4, Rel. Min. Marco Aurélio

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 423
prazo de 60 (sessenta) dias do dever de publicação da remuneração de Magistrados
afiliados à AMAERJ [Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro], com
indicação dos nomes e lotações do magistrado [cf. orientação contida na Resolução-CNJ nº
151, de 5/7/2012], enquanto não proferido decisório judicial em sentido contrário”.

Neste lanço, o Ministro Joaquim Barbosa, nos autos da Ação Cível Originária nº
1.993/DF, indeferiu a antecipação de tutela requerida pela Associação dos Juízes Federais
do Rio de Janeiro e Espírito Santo – AJUFERJES contra a União Federal, cujo objetivo era
evitar que a divulgação dos vencimentos de seus associados, determinada pela Resolução
151/2012 do CNJ, incluísse o nome e a lotação do magistrado correspondente.

Enfim, por aí se vê que a interpretação dessa matéria no âmbito do Supremo já


estava praticamente pacificada, apesar de diversos precedentes mencionados terem sido
firmados em decisões monocráticas.

Em 23/04/2015, o Pretório Excelso finalmente apreciou a questão em recurso


extraordinário com repercussão geral reconhecida (ARE 652777), fixando tese conclusiva
sobre a questão. Ao julgarem o referido recurso, os ministros do STF concluíram, de forma
unânime, que a divulgação da remuneração dos servidores públicos com o nome dos
respectivos titulares é de interesse geral e não viola o direito à intimidade e à privacidade
(artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal), sendo, portanto, legítima a sua publicação,
inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública. Veja-se o teor do
Informativo n. 782 do STF:

Servidor público e divulgação de vencimentos


É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. Esse o
entendimento do Plenário ao dar provimento a recurso extraordinário em
que discutida a possibilidade de se indenizar, por danos morais, servidora
pública que tivera seu nome publicado em sítio eletrônico do município, em
que teriam sido divulgadas informações sobre a remuneração paga aos
servidores públicos. A Corte destacou que o âmbito de proteção da
privacidade do cidadão ficaria mitigado quando se tratasse de agente
público. O servidor público não poderia pretender usufruir da mesma
privacidade que o cidadão comum. Esse princípio básico da Administração
— publicidade — visaria à eficiência. Precedente citado: SS 3902/SP (DJe
de 3.10.2011).
ARE 652777/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 23.4.2015. (ARE-652777)

Posta assim a questão, é de se ver que o STF apregoa a máxima efetividade do


imperativo constitucional de transparência dos gastos oficiais, reconhecendo que as
informações relativas à remuneração, cargo e lotação de servidor público são informações
essencialmente públicas (de interesse coletivo ou geral), cujo acesso deve ser garantido a
todo e qualquer cidadão, inexistindo qualquer violação aos direitos fundamentais à
intimidade e à privacidade.

Feitas essas considerações acerca do tema, é de se dizer que o dever de ampla


transparência na gestão pública, como corolário do princípio constitucional da publicidade e
do direito fundamental à informação, impõe que, respeitadas as ressalvas taxativamente
previstas da Lei Maior, coloque-se à disposição da sociedade, preferencialmente pelos
meios de fácil de acesso ao público, o acompanhamento de todas as informações que
digam respeito à gestão da coisa pública, como vistas a fomentar a participação social no
processo de tomada de decisões sobre questões de interesse coletivo, bem como o controle
dos atos governamentais pela sociedade.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


424 PROCURADORIA-GERAL
Ante o exposto, este Parquet de Contas, pelos fundamentos aqui explanados,
entende e sugere que o TCE/BA também deva incluir no seu Parecer Prévio RESSALVAS
em relação às fragilidades constatadas e relatadas pelas Coordenadorias de Controle
Externo no cumprimento do princípio constitucional da transparência pública, cabendo,
ainda, a expedição de DETERMINAÇÃO específica para que o Poder Executivo estadual
divulgue, nos seus sítios eletrônicos oficiais, as informações relativas aos valores detalhados
das remunerações dos agentes públicos estaduais, de forma nominal e individualizada, em
cumprimento ao dever de transparência dimanado do princípio da publicidade (art. 37,
caput, da CF) e do direito fundamental à informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), bem
como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF c/c art. 8o, caput e § 2º da Lei
de Acesso à Informação, trilhando, assim, o caminho já desbravado por diversos outros
órgãos da Administração Pública brasileira.

2.2.4 DEFICIÊNCIAS E IRREGULARIDADES NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES


QUE REGISTRA DADOS SOBRE A CELEBRAÇÃO E APLICAÇÃO DOS RECURSOS
PÚBLICOS TRANSFERIDOS POR MEIO DE CONVÊNIOS E INSTRUMENTOS
CONGÊNERES

2.2.4.1 Deficiências e irregularidades apontadas nas Contas de Governo do


exercício 2014 e as respectivas deliberações desta Corte de Contas

Ao analisar as contas de governo referentes ao exercício de 2014, este Parquet


de Contas pugnou pela inclusão de RESSALVA no Parecer Prévio prolatado por essa Corte
de Contas, em virtude da ausência de mecanismos no sistema de informação adotado pelo
Poder Executivo do Estado da Bahia (FIPLAN) que possibilitassem catalogar
adequadamente as informações e acompanhar, de modo minimamente eficiente, a
execução dos convênios e instrumentos congêneres celebrados com entidades
governamentais e não governamentais, impactando negativamente não apenas na
consistência dos registros contábeis da conta “Convênios a Comprovar” (item 7.5.2.2. do
relatório auditorial de 2014), como também – e especialmente – na efetividade do controle
(interno, externo) da boa e regular aplicação dos recursos públicos estaduais
voluntariamente transferidos.

Com base nos achados auditoriais apontados no exercício de 2014 e nas razões
expostas por este Órgão Ministerial naquela oportunidade, essa Corte de Contas expediu
diversas recomendações ao atual Chefe do Poder Executivo, com vistas a sanar ou mitigar
as irregularidades colocadas em evidência, as quais foram gravadas nos seguintes termos:

Recomendação 2.d do Parecer Prévio de 2014 (item 5.3.1)


Garanta o pleno funcionamento do Sistema Integrado de Planejamento,
Contabilidade e Finanças (FIPLAN), corrigindo notadamente os problemas
operacionais identificados no seu Módulo de Controle de Contratos e
Convênios.

Recomendação 2.m do Parecer Prévio de 2014 (item 5.3.1)


Implemente as medidas contempladas no Plano de Ação encaminhado
mediante Ofício nº 27/2013, que visam a aperfeiçoar o Sistema Integrado de
Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN), com o objetivo de
viabilizar o fornecimento de informações do Poder Executivo a este Órgão
de Controle Externo.

Recomendação 4.j. do Parecer Prévio de 2014 (item 7.5.2.2)


Promova, nos sistemas de controle financeiro dos convênios, a
incorporação de mecanismos que possibilitem o adequado

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 425
acompanhamento das prestações de contas dos recursos repassados por
convênios ou instrumentos assemelhados firmados pelo Estado com
entidades governamentais e não governamentais, em consonância com as
disposições da Resolução TCE/BA nº 144/2013 e do art. 93 da Lei nº
4.320/1964.

Recomendação 4.x do Parecer Prévio de 2014 (item 7.5.2.2)


Apresente a este Tribunal, no prazo de 180 (cento e oitenta dias), estudo
técnico para implementação de sistema de informática em plataforma web
que permita o acompanhamento on-line de todos os convênios e outros
instrumentos jurídicos utilizados para transferir recursos estaduais a outras
entidades, governamentais e não governamentais, que possa ser acessado
por qualquer cidadão via rede mundial de computadores, contendo
informações relativas aos instrumentos celebrados, especialmente os dados
da entidade convenente, o parlamentar e a emenda orçamentária que
alocaram os recursos, se houver, o objeto pactuado, o plano de trabalho
detalhado, inclusive custos previstos em nível de item/etapa/fase, as
licitações/contratações realizadas com dados e lances de todos os
fornecedores, o status do cronograma de execução física com indicação dos
bens adquiridos, serviços ou obras executados, o nome, CPF e dados de
localização dos beneficiários diretos, quando houver, os recursos
transferidos e a transferir, a execução financeira com as despesas
executadas discriminadas analiticamente por fornecedor

Ao realizar o acompanhamento das deliberações destacadas alhures, as


unidades técnicas dessa Corte de Contas apontaram no relatório que instrui as presentes
contas de governo, mais precisamente no item 2.6 (“Acompanhamento das deliberações
constantes do parecer prévio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo –
Exercício de 2014”), que ainda subsistem diversas irregularidades atinentes ao controle
interno dos convênios, em função das graves deficiências nas funcionalidades do FIPLAN.

Em síntese, as Coordenadorias de Controle Externo desta Corte consignam que


as medidas administrativas adotadas, notadamente os pontuais ajustes realizados no
FIPLAN, não foram suficientes para sanar as fragilidades identificadas nas contas de
governo do exercício anterior. Ainda subsistem deficiências no FIPLAN que comprometem
substancialmente o exercício do controle interno nas fases de proposição, celebração,
execução e prestação de contas dos convênios e instrumentos congêneres, impactando,
outrossim, no exercício da atividade fiscalizatória a cargo dos órgãos de controle externo.

Além disso, por meio da “Recomendação 4.x do Parecer Prévio de 2014”,


essa Corte de Contas deliberou no sentido de que o Poder Executivo apresentasse, no
prazo de 180 dias, um estudo técnico para implementação de um sistema de informática em
plataforma web que permita o acompanhamento on-line de todas as etapas que compõem o
ciclo de vida dos convênios e instrumentos similares. Sucede que o Grupo de Trabalho
responsável pelo cumprimento da sobredita recomendação somente foi instituído pela
Administração Estadual em 22/12/2015 (próximo ao final do prazo estipulado na
recomendação), por meio da Portaria conjunta SAEB/SEFAZ/PGE nº 0001 (fl. 309), não
tendo sido apresentado um cronograma detalhado das ações e do que será deliberado pelo
citado Grupo de Trabalho, fato esse que inviabiliza a avaliação do estágio de atendimento
da recomendação.

Tais circunstâncias demonstram, lamentavelmente, que a Administração Pública


estadual não tem envidados os esforços necessários para cumprir, de modo tempestivo e
efetivo, as recomendações expedidas por esta E. Corte de Contas.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


426 PROCURADORIA-GERAL
Por essas razões, e com esteio nas informações contidas no item 2.6 do relatório
técnico das contas de governo, este Órgão Ministerial pugna pela inclusão de RESSALVA
no Parecer Prévio das contas de governo em apreço, tendo em vista a falta de medidas
administrativas efetivas, até o presente momento, que solucionem ou mitiguem as graves
deficiências identificadas no FIPLAN, em especial no que toca ao controle interno de
convênios e instrumentos congêneres celebrados pelo Estado da Bahia com entidades
governamentais e não governamentais, rogando, ainda, que esse egrégio Tribunal de
Contas reitere as RECOMENDAÇÕES relativas ao aperfeiçoamento do FIPLAN que ainda
não foram cumpridas na sua integralidade pelo Poder Executivo.

2.2.4.2 Novas deficiências e irregularidades identificadas nas Contas de


Governo do exercício 2015

No relatório técnico que instrui as contas de governo ora examinadas, as


Unidades Técnicas do TCE mais uma vez abordaram deficiências e irregularidades no
controle interno dos convênios e instrumentos congêneres, em especial no sistema FIPLAN,
conforme se depreende dos itens 2.2.4.3 (Ações de promoção da Transparência do
Executivo Estadual), 2.4.5.5.1 (Demais Obrigações a Curto Prazo) e 2.4.5.2.2 (Demais
créditos a curto prazo).

No item “2.4.5.2.2 Demais créditos a curto prazo”, aponta-se que algumas


funcionalidades foram implementadas no FIPLAN para aprimorar o controle interno dos
convênios, com a implantação do módulo de registro das prestações de contas (PCT) e o
relatório “Demonstrativo de Convênios Concedidos”. Contudo, a Unidade Técnica destaca,
de forma categórica, que o sistema ainda “carece de mecanismos que possibilitem o
adequado gerenciamento operacional, controle financeiro e legal, bem como o registro
contábil dos recursos repassados, durante sua execução até a sua conclusão, e o
acompanhamento do trâmite derivado da análise das respectivas prestações de contas.” (fl.
190).

Com esteio nas informações apresentadas pela Auditoria, é possível concluir que
as novas funcionalidades implementadas no FIPLAN não alteraram ou mitigaram
substancialmente o quadro de deficiência no controle interno dos sobreditos instrumentos de
transferência voluntária de recursos públicos estaduais.

Saliente-se ainda que a Administração Pública estadual não implementou


funcionalidades que contemplem a consolidação das informações exigidas pelo Anexo Único
da Resolução Normativa n.º 144/2013 desse TCE/BA, tendo as Coordenadorias de Controle
Externo pontuado que “o referido sistema não dispõe, ainda, de relatório ou ferramentas que
possibilitem a adequada identificação dos convênios, considerando as datas de vencimento
dos pactos, os dados relacionados com a análise das prestações de contas, para atender ao
quanto requerido pelo TCE, bem como para viabilizar o efetivo controle e o gerenciamento
dos pactos firmados.” (fl. 190). Tais limitações acabam, de igual modo, por prejudicar
severamente a elaboração do plano anual de diretrizes desse Tribunal, previsto no art. 11 da
Resolução n.° 144/2013 deste TCE, haja vista a carê ncia de informações e critérios para
subsidiar a sua confecção.

Art. 11. Os planos anuais de diretrizes deste Tribunal estabelecerão


critérios para a seleção amostral e premissas específicas para a
auditoria em prestações de contas de convênios e instrumentos
congêneres, podendo fazer distinção entre os exames a serem realizados
nos processos mantidos nos órgãos ou entidades e naqueles já autuados
no Tribunal para julgamento pela Segunda Câmara.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 427
§1° As programações de auditoria das Coordenadorias de Controle Externo
contemplarão a alocação de tempo e recursos para o exame de prestações
de contas de convênios e instrumentos congêneres, segundo seleção
amostraI determinada por critérios de risco, materialidade e relevância.

§2° Os exames auditoriais poderão ser realizados em convênios e


instrumentos congêneres com o objeto já concluso ou ainda em
execução, nas dependências do órgão repassador e/ou diretamente no
Município ou ente privado sem fins lucrativos responsável pela aplicação
dos recursos estaduais que lhes forem repassados.

§3° A indicação de convênios e instrumentos congêne res a serem remetidos


para instrução e julgamento no Tribunal de Contas decorrerá de triagem
realizada a partir do resultado dos exames auditoriais, ou diretamente da
seleção amostraI estabelecida segundo critérios de risco,
materialidade e relevância.

Ainda no item 2.4.5.2.2, a Unidade Técnica destaca que o FIPLAN também não
dispõe de relatórios específicos com informações a respeito das tomadas de contas
eventualmente instauradas pela Administração Pública Estadual, prejudicando a avaliação
da eficiência do controle interno dos recursos repassados por meio de convênios e
instrumentos simulares:
Das análises promovidas, verificou-se, também, que inexiste nas DCCEs
informações sobre os convênios em situação de tomada de contas, como
quantidade de termos, valores e situação/fase da cobrança, dentre outras.
Cabe registrar que, até onde foi possível verificar, o Fiplan não dispõe de
relatórios específicos para este tipo de situação dos convênios. As
providências da Administração, dentre essas a deflagração dos
procedimento de Tomada de Contas, deveria ser objeto de divulgação,
complementarmente às relações dos convenentes inadimplentes, por se
revelar importante para avaliação da eficiência da gestão no controle dos
recursos repassados através de convênios. (fl. 192)

Como é cediço, o gestor público que deixa de instaurar, no prazo legal, o


processo de tomada de contas pode ser responsabilizado solidariamente perante as
irregularidades que deixaram de ser apuradas tempestivamente, conforme dispõe o art. 90
da Constituição do Estado da Bahia c/c o art. 128 do RITCEBA, in verbis:

Constituição do Estado da Bahia


Art. 90 - Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
[...]
Parágrafo único - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, darão ciência ao
respectivo Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária.

Regimento Interno do TCEBA:


Art. 128. A autoridade administrativa competente, sob pena de
responsabilidade solidária, deverá, no prazo de 10 (dez) dias do
conhecimento do fato, adotar as providências para a instauração da tomada
de contas, nos casos previstos em lei e neste Regimento, fazendo a devida
comunicação ao Tribunal de Contas.

Em relação ao item 2.2.4.3 (Ações de promoção da Transparência do


Executivo Estadual), o relatório auditorial aponta que o sítio eletrônico Transparência Bahia
somente permite consultas sobre os convênios celebrados pelo Estado da Bahia até o ano

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


428 PROCURADORIA-GERAL
de 2012, o que evidencia uma limitação das informações fornecidas por meio da
transparência ativa, prejudicando severamente qualquer tentativa de controle social sobre a
gestão dos recursos públicos repassado por meio de tais instrumentos.

Na oportunidade, calha lembrar que, ao contrário do cenário atual do Estado da


Bahia, a União e outros entes federativos22, a exemplo de São Paulo, Espírito Santo e Minas
Gerais, já implementaram plataformas web para centralizar informações sobre convênios, de
modo a promover maior transparência sobre o processo de seleção das entidades,
governamentais e não governamentais, bem como permitir um controle concomitante da
aplicação dos recursos voluntariamente transferidos pelo ente público.

Como se vê, as medidas até aqui adotadas pela Administração Pública estadual
não foram capazes de sanar as principais irregularidades relativas ao controle interno dos
convênios identificadas nas contas de governo do exercício de 2014, e que voltam a ser
apontadas pelas Unidades Técnicas desse TCE, com maior realce e profundidade, nas
contas atinentes ao exercício em apreço.

Sendo assim, este Parquet de Contas pugna pela inclusão de RESSALVA no


Parecer Prévio das presentes contas de governo quanto à ausência de mecanismos no
sistema de informação adotado pelo Poder Executivo do Estado da Bahia (FIPLAN) que
permitam catalogar adequadamente as informações e acompanhar, de modo minimamente
eficiente, a execução dos convênios e instrumentos congêneres celebrados com entidades
governamentais e não governamentais, impactando negativamente não apenas na
consistência dos registros contábeis das contas em apreço, como também – e
especialmente – na efetividade do controle (interno, externo e social) da boa e regular
aplicação dos recursos públicos estaduais voluntariamente transferidos. Por fim, sugere-se
ainda pela expedição de DETERMINAÇÃO ao atual Chefe do Poder Executivo a fim de que,
para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações públicas, como forma de
viabilizar o controle social e a bem do princípio da publicidade insculpido no art. 37 da
Constituição Federal de 1988 c/c o art. 5º, inciso XXXIII, da mesma Carta Magna,
disponibilize no portal “Transparência Bahia” informações sobre convênios celebrados nos
exercícios 2013 e subsequentes.

2.2.5. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA PELO REGIME ESPECIAL DE DIREITO


ADMINISTRATIVO (REDA)

Neste ponto, cumpre tratar da política de arregimentação de pessoal adotada


pelo Poder Executivo do Estado da Bahia, especificamente no que tange às contratações
temporárias, tema este objeto de distintas ações e manifestações deste Ministério Público
de Contas em oportunidades anteriores.

A Constituição Federal de 1988 estabelece que os cargos, empregos e funções


públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos fixados em lei, ficando
a investidura em cargo ou emprego condicionada, como regra, à aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com suas natureza e
complexidade (art. 37, I e II, CF/88).

Resta claro, portanto, que o constituinte originário previamente definiu como


deve ser feita a contratação de servidores públicos, estabelecendo a regra do concurso
público como forma legítima de arregimentação de pessoal.

22
Como exemplo, além da plataforma da União (www.convenios.gov.br) pode-se citar os portais do Estado de São Paulo
(http://www.convenios.sp.gov.br/), Espírito Santo (http://www.convenios.es.gov.br/) e Minas Gerais
(http://saida.convenios.mg.gov.br/).

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PROCURADORIA-GERAL 429
Impende repisar que o concurso público é o instrumento que melhor representa
o sistema do mérito, porque traduz um certame pautado, dentre outros, pelos princípios
constitucionais da isonomia, legalidade, publicidade e impessoalidade, não comportando
preferências pessoais, apadrinhamentos ou subjetividades. Dito de outra forma, exigência
da aprovação em concurso configura-se como a regra geral para a investidura em cargos e
empregos públicos.

De outra banda, o próprio texto constitucional elencou hipóteses taxativas e


excepcionais em que o procedimento concursal é dispensado, merecendo especial
destaque, no caso vertente, a contratação temporária prevista no art. 37, IX, da CF. De
acordo com este preceito normativo, “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.

No plano infraconstitucional, no âmbito do Estado da Bahia, a matéria está


regulamentada na Lei Estadual n.º 6.677, de 26/09/1994, com as alterações introduzidas
pelas Leis Estaduais n.os 7.992/2001 e 8.889/2003, que em seu art. 253 traz o rol das
hipóteses em que as contratações temporárias podem ser manejadas:
Art. 253 - Consideram-se como de necessidade temporária de excepcional
interesse público as contratações que visem a:
I – combater surtos epidêmicos;
II – realizar recenseamentos e pesquisas, inadiáveis e imprescindíveis;
III – atender a situações de calamidade pública;
IV – substituir professor ou admitir professor visitante, inclusive estrangeiro;
V – atender a serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a pré-
determinação do prazo;
VI – atender às necessidades do regular funcionamento das unidades escolares
estaduais, enquanto não houver candidatos aprovados em concurso, em número
suficiente para atender à demanda mínima e nos casos de substituição decorrentes
de licença prêmio, licença maternidade ou licença médica dos ocupantes de cargos
de magistério público estadual de ensino fundamental e médio;
VII – atender as funções públicas de interesse social, através de exercício
supervisionado, na condição de treinandos de nível técnico ou superior;
VIII – atender a outras situações de urgência definidas em lei.

Em que pese o caráter excepcionalíssimo dessa forma de arregimentação de


pessoal, tem-se observado que os administradores públicos têm transformado em regra
geral aquilo que a norma constitucional trouxe como exceção. Não raras vezes, as
contratações temporárias são utilizadas para o desempenho de atividades desprovidas de
qualquer marca de temporariedade, materializando burla à imposição constitucional do
concurso público.

O relatório técnico do TCE (Item 2.4.4.2, fls. 154/156) aponta que, ao longo do
exercício 2015, o Poder Executivo alocou recursos orçamentários para pagamento da
despesa com Regime Especial de Direito Administrativo (REDA), no montante de R$
369.709.666,85, o que representa um acréscimo de aproximadamente 12,26% em relação
ao montante alocado no exercício 2014 (R$ 329.327.933,26). Em que pese o incremento do
montante de recursos orçamentários destinados ao pagamento de pessoal contratado via
REDA, no que diz respeito ao número de contratos firmados sob referido regime, o informe
auditorial dá conta de que, em 31/12/2015, nas diversas Unidades que integram a
Administração Direta e Indireta do Estado da Bahia, vigiam 15.528 contratos, representando
um decréscimo de 2,96% em relação ao exercício anterior.

Conforme consignado nas contas de governo relativas ao exercício 2014,


tomando por base o caráter excepcional do instituto da contratação temporária, e visando

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430 PROCURADORIA-GERAL
uma maior efetividade no controle realizado pela Corte de Contas sobre aludidas
contratações, este Ministério Público de Contas (MPC), desde há muito, tem adotado
medidas voltadas ao acompanhamento sistemático de contratações de servidores
temporários. Dentre as medidas adotadas, cumpre destacar: a) colheita, junto aos gestores
responsáveis pelos editais convocatórios, de informações e esclarecimentos acerca dos
elementos da permearam as contratações; b) expedição de Recomendações ministeriais e,
em alguns casos c) o oferecimento, junto ao TCE-BA, de Representações, solicitando,
inclusive, medidas cautelares com fins de obstar contratações temporárias desprovidas de
amparo normativo.

Nesta seara, vale registrar a reunião conjunta (realizada em 26/09/2011) entre


membros do MPC e representantes máximos da Procuradoria Geral do Estado, das
Secretarias da Administração e da Fazenda e do próprio TCE/BA. Naquela oportunidade,
após amplo debate acerca de contratação de servidores sob o REDA no âmbito do
Executivo Estadual, deliberou-se que a Secretaria da Administração apresentaria um
relatório das ações de Governo com vistas à diminuição das contratações feitas pelo
multireferido regime, contemplando, de igual modo, um cronograma de concursos a serem
realizados nos exercícios subsequentes.

Sobreleva destacar que a posição deste Órgão Ministerial, enquanto zelador da


ordem jurídica e da observância aos princípios que norteiam a Administração Pública,
sempre foi de cobrar um posicionamento institucional sobre as ações de Governo com vistas
à diminuição das contratações temporárias feitas por meio de REDA, em respeito e à regra
constitucional do concurso público

Por ocasião da apreciação das contas de governo do exercício 2014, o Tribunal


Pleno do TCE-BA expediu, no bojo do respectivo Parecer Prévio, recomendação específica
para que o Poder Executivo Estadual restringisse as contratações temporárias de pessoal,
sob a égide do REDA, às situações previstas no art. 37, IX, da Constituição Federal c/c o art.
253 da Lei Estadual n.º 6.677/1994. Note-se que o conteúdo da recomendação Plenarial
aqui referida coaduna tanto com núcleo meritório do posicionamento reiteradamente
defendido por este Órgão Ministerial, nos feitos em que teve a oportunidade de se
manifestar sobre a matéria.

Com fins de atender às recomendações levadas ao sobredito Parecer Prévio,


instituiu-se, no âmbito do Executivo Estadual – a cargo da Comissão Estadual de Ações
Corretivas e Preventivas de Ressalvas relativas às Contas Governamentais –, um Plano de
Ação dedicado ao implemento das medidas sugeridas pelo TCE, ficando sob a
responsabilidade da Auditoria Geral do Estado (AGE), integrante da estrutura da Secretaria
da Fazenda, o acompanhamento do estágio de implementação e/ou de adoção das
providências contempladas no referido Plano.

O relatório de acompanhamento da execução do aludido Plano de Ação, emitido


pela AGE e protocolizado no TCE-BA sob o número TCE/002016/2016, informa que, entre
os exercícios 2014 e 2015, houve uma gradual substituição de servidores temporários
(contratados via REDA) por servidores concursados. Indica, também, que em relação às
áreas não consideradas como atividades típicas do Estado, o Executivo ainda tem feito uso
de contratações temporárias, via REDA, tendo, para tanto, aperfeiçoado o Sistema Integrado
de Recursos Humanos – SIRH, com fins de fortalecer o controle sistêmico de referidas
contratações, atentando especialmente para: a) prazo máximo de vigência dos contratos; b)
acúmulo de contratos e/ou de vínculos; c) recontratações; d) impedimentos, etc.

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PROCURADORIA-GERAL 431
Por seu turno, a Auditoria do TCE destacou que referido informe deixou de
indicar, detalhadamente, o “status” de implementação de cada medida saneadora,
concluindo que, até março de 2015, as recomendações inerentes à contratação de pessoal
por meio de REDA tinham sido parcialmente atendidas (fl. 298).

A análise conjunta dos Relatórios Técnicos aqui destacados (emitidos por TCE-
BA e AGE) leva à conclusão de que, no exercício ora examinado, houve uma ínfima
diminuição do número de contratações temporárias pelo REDA em relação ao exercício de
2014, mas um pequeno incremento quando comparado com o número de servidores
temporários existentes em 2013, a evidenciar que inexiste tendência consistente de
redução dessa forma excepcional de arregimentação de pessoal.

Pelos fundamentos aqui expostos, o MPC entende e sugere que o TCE/BA deva
incluir no seu Parecer Prévio RESSALVA em relação a continuidade da utilização distorcida
da contratação temporária via Regime Especial de Direito Administrativo, em detrimento do
mandamento constitucional plasmado no art. 37, II, CF/88, ao tempo em que se
RECOMENDA a cobrança ao Chefe do Poder Executivo da aprovação e apresentação do
calendário (cronograma) de concursos públicos, a fim de que as necessidades permanentes
dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública estadual sejam supridas
mediante a arregimentação de servidores efetivos, nos termos proclamados pela
Constituição da República.

2.2.6. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE PRESTADORES DE SERVIÇOS


TEMPORÁRIOS (PST) PARA SUBSTITUIÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS.

Ainda no que diz respeito à política de pessoal do Estado da Bahia, Faz-se


mister também destacar o elevado gasto com os chamados Prestadores de Serviços
Temporários (PST), que se encontra concentrado na Secretaria de Educação e abrange
pagamentos, inclusive, para professores da rede pública de ensino.

O relatório técnico do TCE (fls. 156/157) destaca que, ao longo do exercício


2015, foram gastos R$ 147 milhões com o pagamento de remuneração aos Prestadores
de Serviços Temporários (PST), sendo R$102 milhões (69,39% do total) liquidados no
âmbito da Secretaria de Educação, sob a rúbrica “Outros Serviços de Terceiros – Pessoa
Física” (elemento de despesa 36). No exercício anterior, as despesas com os PST's
somaram R$275 milhões e, em 2013, foram na ordem de R$286 milhões.

A respeito do exercício financeiro ora analisado, destaca o relatório técnico do


TCE destaca (fl. 156):

Consoante o verificado em auditoria realizada em 2015, foram identificadas


no período de janeiro a julho de 2015, despesas decorrentes da
contratação de serviços de professores e assistentes administrativos
no montante de R$51.320.525,79, em regime de Prestação de Serviço
Temporário (PST), classificadas no elemento 36 – Outros Serviços de
Terceiros – Pessoa Física, quando deveriam ter sido contabilizadas no
elemento 34 – Outras despesas de pessoal decorrentes de contratos
de terceirização, uma vez que os profissionais contratados destinaram-se à
substituição de servidores. (Grifo nosso)

Por serem registrados no elemento de despesa Outros Serviços de Terceiros –


Pessoa Física, não foram considerados pelo Estado no cálculo do limite da Despesa
com Pessoal, na forma preconizada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
circunstância que, associada à inexistência de processo seletivo para recrutamento

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


432 PROCURADORIA-GERAL
desses trabalhadores, indica que a utilização dessa modalidade de arregimentação em
substituição a servidores e empregados públicos configura violação ainda mais grave ao
ordenamento jurídico que o uso indevido do REDA.

Em outros termos, os valores pagos aos prestadores de serviços temporários


contratados para substituir servidores público, conforme apontado no relatório técnico que
instrui as presentes contas de governo, deixaram de ser considerados pelo Estado para fins
de apuração do limite da Despesa com Pessoal, notadamente no âmbito da Secretaria de
Educação, em clara violação ao quanto previsto no art. 18, § 1º, da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF).

Embora não tenha aptidão para, por si só, alterar o quadro dos gastos com
pessoal divulgado pelo Poder Executivo no último quadrimestre de 2015 – que continuaria,
segundo a Auditoria (fl. 94), acima do limite prudencial, mas abaixo do limite máximo
previsto no art. 20, inciso, II, alínea “c”, da LRF –, a inobservância da norma prevista art. 18,
§ 1º, da LRF caracteriza irregularidade grave, vez que, a um só tempo, (i) afeta a segurança
e a confiabilidade da apuração despesa total com pessoal, distorcendo tais dados nos
demonstrativos contábeis do Estado, com evidentes prejuízo ao controle (interno, externo e
social) dos limites legalmente estabelecidos para o comprometimento da receita pública, e
(ii) foge à moldura normativa traçada com fins de nortear a responsabilidade fiscal da
gestão, pondo em risco, por consequência, o equilíbrio fiscal das contas públicas.

Ademais, consta no Relatório do TCE (fl. 157) a recomendação no sentido de


que se proceda à “correta classificação das despesas com pagamentos dos prestadores de
serviços temporários, que se refiram à substituição de servidores, incluindo o percentual
relativo à cota patronal calculado com base neste valor, a fim de que sejam incluídas no
cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, sem prejuízo da adoção de
providências com vistas a descontinuar a política de contratação de pessoal, sob a forma de
PST”.

Assim, considerando a relevância das despesas com PST, a sua possível


utilização como mecanismo de fuga aos limites impostos pela LRF e às regras
constitucionais do concurso público e até mesmo da contratação temporária (REDA),
mostra-se necessária a realização, pelas existentes unidades de controle interno do Estado
(como a AGE, por exemplo) ou por equipe técnica dessa Corte, de inspeção ou auditoria
especial para continuar mapeando o conteúdo desses gastos com PST no Poder Executivo
estadual, mormente na identificação do quantitativo referente à substituição de servidores e
empregados públicos.

Por estas razões, o Ministério Público de Contas, a exemplo do que defendera


por ocasião da apreciação das Contas de Governo do exercício pretérito, sugere que o
TCE/BA inclua no seu Parecer Prévio RESSALVA em relação a continuidade da utilização
distorcida da contratação temporária de Prestadores de Serviços Temporários (PST) para
substituição de servidores públicos (professores e assistentes administrativos) no âmbito da
Secretaria de Educação, em clara transgressão mandamento constitucional plasmado no
art. 37, II, CF/88.

Sugere-se, outrossim, DETERMINAÇÃO para que o Poder Executivo adote as


providências necessárias no sentido de descontinuar a política de contratação de
Prestadores de Serviços Temporários (PST) para o desempenho de atividades próprias de
servidores públicos.

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PROCURADORIA-GERAL 433
2.2.7 INCONFORMIDADES NA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E
PATRIMONIAL

O relatório técnico sobre as contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da


Bahia de 2015 indica que a gestão fiscal no exercício em apreço obedeceu aos limites
impostos pela Constituição e pela legislação infraconstitucional, são eles: educação, saúde,
pessoal e encargos sociais (o Poder Executivo deve ficar atento a esse aspecto, na medida
em que fora atingido, de acordo com a apuração realizada pelo TCE, o chamado limite
prudencial, incidindo as restrições previstas no art. 22, parágrafo único, da LRF), previdência
oficial, dívida pública e parcerias público-privadas.

A despeito disso, foram identificadas diversas inconsistências nas


Demonstrações Contábeis Consolidadas do Poder Executivo, em grande parte semelhantes
àquelas consignadas nas contas de governo do exercício anterior, mas não devidamente
solucionadas durante o exercício financeiro de 2015.

Destacamos, nos itens seguintes, algumas inconformidades que merecem


especial atenção desta E. Corte de Contas, dada a relevância dos valores envolvidos e/ou
os possíveis impactos nas Demonstrações Contábeis do Estado, inclusive na apuração dos
limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

2.2.7.1. Elevado volume de gastos com Despesas de Exercícios Anteriores (DEA)

Consoante apontado no Relatório Técnico (fls. 131/137) que instrui o presente


processo, o Poder Executivo do Estado da Bahia realizou, no exercício de 2015, despesas
no elemento 92 – Despesas de Exercícios Anteriores que alcançaram a expressiva cifra de
R$ 1.555.853.525 mil, sendo possível observar, como demonstrado na Tabela 40 (fl. 133),
um crescimento progressivo desse tipo de gasto a partir do ano de 2013.

Ainda de acordo com a área técnica desta E. Corte de Contas, no primeiro


trimestre do ano de 2016 foram efetuados dispêndios com DEA no montante de R$
988.979.327 mil23, referentes a despesas cujo fato gerador ocorreu em exercícios pretéritos,
mas que não foram reconhecidas e empenhadas no momento adequado, ferindo-se o
princípio da competência.

A propósito do tema, é importante destacar, inicialmente, que o princípio da


legalidade orçamentária “determina que a Administração Pública realize as suas atividades
segundo as previsões das leis orçamentárias”. Isto é, a atividade financeira do Estado deve
se pautar nas previsões de receitas e nas autorizações de despesas contidas nas leis que
compõem o planejamento orçamentário, notadamente na Lei Orçamentária Anual,
afigurando-se ilícita a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais, conforme preceituado pelo art. 167, inciso
II, da Constituição Federal.

A fim de assegurar o adequado controle da gestão orçamentária, e evitar a


assunção de obrigações que extrapolem os limites das despesas autorizadas pela LOA
(créditos orçamentários ou adicionais), a legislação pátria estabelece que a contabilização

23
No primeiro quadrimestre do ano de 2015, os gastos com DEA atingiram a cifra de R$ 986.683 mil (fl. 153 do relatório
técnico das contas de governo relativas ao exercício de 2014), a evidenciar (i) que esses gastos tendem a se concentrar,
em grande medida, nos primeiros meses do ano, bem como (ii) que os valores apurados no início do exercício de 2016
guardam equivalência com aqueles pagos a título de DEA no primeiro quadrimestre de 2015, não sendo possível concluir, a
partir dos dados apresentados, que a trajetória crescente destas despesas será preservada em 2016.

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434 PROCURADORIA-GERAL
das despesas públicas há de observar o princípio da competência (art. 35, II, da Lei nº.
4.320/64), de onde se extrai que o reconhecimento da despesa, com a formalização do
devido empenho, deve ocorrer dentro do exercício financeiro em que fora constituída a
obrigação pecuniária a ser adimplida, com a realização dos correspondentes registros
contábeis.

Consoante lecionam José Maurício Conti e outros,

Já no tocante às despesas, o inciso II do art. 35 concebe que pertencem ao


exercício financeiro somente aquelas legalmente empenhadas. Configura-
se o empenho o recurso usado pela Administração para gerir a
execução orçamentária, abrangendo tal ato a constatação de dotação
orçamentária para a concretização da despesa, assim como a
autorização para que a mesma despesa seja realizada.
[…]
A adoção desse procedimento [do empenho] permite estabelecer a
associação entre a despesa a correspondente autorização orçamentária
para a realização do gasto, que nada mais é do que a explicitação do
princípio da legalidade. Propicia-se, também, estabelecer a vinculação
24
entre os gastos do governo e os recursos que lhes deram origem. (grifo
nosso)

A regra geral, portanto, é que as despesas sejam empenhadas no exercício de


sua competência, e eventualmente inscritas em restos a pagar (processados ou não
processados) caso as etapas que compõem o ciclo de realização da despesa pública não
sejam integralmente concluídas até o encerramento do exercício financeiro a que se
referem.

Há, todavia, situações excepcionais em que despesas de exercícios


encerrados deixam de ser processadas na época própria, por equívocos pontuais ou outras
razões devidamente justificadas, ensejando a formação de um passivo que poderá ser
adimplido no exercício seguinte, por meio de dotação orçamentária específica consignada
no orçamento sob a rubrica “Despesas de Exercícios Anteriores”. É o que dispõe o art. 37 da
Lei nº. 4.320/64:

Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento


respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las,
que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a
Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o
encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de
dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos,
obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

No âmbito do Estado da Bahia, a matéria foi regulamentada pelo Decreto nº.


185-A/1991, que definiu, em seu art. 1º, as hipóteses e condições para a utilização do
procedimento excepcional em comento:

Art. 1º [...]
Parágrafo único - As dívidas de que trata este artigo compreendem as
seguintes categorias:
I - despesas de exercícios encerrados, para os quais o orçamento
respectivo consignava crédito próprio, com saldo no final do exercício
suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época
própria;
24
CONTI, José Mauricio (Org.). Orçamentos Públicos: a Lei 4.320/64 comentada. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2010, p. 131

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PROCURADORIA-GERAL 435
II - despesas de Restos a Pagar, com prescrição interrompida;
III - compromissos reconhecidos pela autoridade competente, ainda que não
tenha sido prevista a dotação orçamentária própria ou não tenha esta
deixado saldo no exercício respectivo, mas que pudessem ser atendidos em
face da legislação vigente.

Faz-se necessário, portanto, interpretar os dispositivos normativos acima


transcritos, especialmente os contemplados no art. 1º, parágrafo único, incisos I e III, que
são invocados com maior frequência, de modo a delimitar os respectivos sentidos e
alcances, utilizando-se como diretriz hermenêutica a excepcionalidade do procedimento
regulamentado.

Nesse sentido, entende-se que a hipótese normativa prevista no inciso I


abrange as situações em que a obrigação pecuniária da Administração Pública já se
encontrava constituída, em decorrência de ato ou contrato administrativo, afigurando-se
dispensável, para realização do devido processamento da despesa pública na época
própria, a prolação de qualquer decisão pela autoridade administrativa competente
reconhecendo formalmente o compromisso. É o caso, por exemplo, das despesas ordinárias
com remuneração de pessoal e daquelas relacionadas a contratos de prestação de serviços
continuados.

Justamente por se tratar de compromisso previamente assumido por ato ou


contrato administrativo, o pagamento da despesa fora do exercício de sua competência
pressupõe que o gestor indique o crédito orçamentário próprio no orçamento do exercício
em que a despesa deveria ter sido processada, de modo a garantir que as obrigações
assumidas em determinado exercício não excedam os créditos orçamentários ou adicionais
nele existentes (art. 167, inciso II, da CF). Além disso, por se tratar de procedimento
anormal, devem ser indicadas as razões de fato pelas quais os empenhos foram praticados
no exercício de origem (art. 3º, inciso I, alínea “b”, do Decreto nº. 185-A/1991), apurando-se,
outrossim, a responsabilidade funcional dos agentes que tenham deixado de processar
despesas de forma injustificada ou por razões inconsistentes.

Já a hipótese do inciso III deve ser interpretada cum grano salis, porquanto
autoriza a realização de despesas de exercícios anteriores “ainda que não tenha sido
prevista a dotação orçamentária própria ou não tenha esta deixado saldo no exercício
respectivo”. Uma exegese ampla desse preceito normativo colocará em risco o princípio da
legalidade orçamentária, porquanto permitirá que despesas previsíveis, relativas ao
adimplemento de obrigações pecuniárias constituídas no curso do exercício, deixem de ser
empenhadas para contornar a eventual ausência ou insuficiência dos créditos orçamentários
previstos, transferindo-se o seu reconhecimento e pagamento para o exercício seguinte, em
claro descompasso com a vedação contida no art. 167, inciso II, da CF.

Na visão deste Parquet, o preceito normativo em apreço (art. 1º, parágrafo


único, inciso III, do Decreto nº. 185-A/1991) tem incidência apenas nas situações
excepcionais em que uma obrigação abstratamente prevista em lei venha a ser reconhecida
pela Administração Pública, por meio de decisão proferida pela autoridade administrativa
competente, após o encerramento do exercício em que deveria ter sido processada. Ou
seja, o direito titularizado pelo beneficiário da despesa já existia à época do exercício
encerrado, por força de norma legal, mas somente foi reconhecido concretamente pela
autoridade administrativa competente em momento posterior, dando azo à efetivação do
gasto público com despesa de exercício anterior.

É o caso, por exemplo, do pagamento realizado em favor de servidor público


que tinha direito a determinada vantagem econômica legalmente prevista, mas que somente

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436 PROCURADORIA-GERAL
foi pleiteada e/ou reconhecida pela Administração Pública em momento posterior ao
encerramento do exercício em que era devida. Nessas hipóteses, como a despesa não pode
ser processada antes da decisão proferida pela autoridade administrativa competente
reconhecendo o direito do beneficiário, se houver um distanciamento temporal entre a
ocorrência do fato gerador do direito e o seu reconhecimento pela Administração (seja pela
demora do titular do direito em exercê-lo, seja pelo decurso do tempo necessário para que a
Administração possa instruir e decidir o pleito), o pagamento poderá ser feito como despesa
de exercício anterior.

Trata-se, portanto, de situação diversa daquela em que a obrigação pecuniária


já se encontrava constituída por ato ou contrato administrativo anterior, tornando previsível a
realização da despesa pública, que poderia ser regularmente empenhada e contabilizada
pela Administração no exercício financeiro de sua competência, com observância dos
créditos orçamentários e adicionais existentes.

No presente caso concreto, as Unidades Técnicas do TCE selecionaram, para


exame por amostragem, processos de pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores
que representaram 26,65% do valor total pago sob essa rubrica no exercício de 2015,
identificando-se, no âmbito do Poder Executivo, o processamento como DEA de despesas
previsíveis e ordinárias, que deveriam, a princípio, ter sido empenhadas e liquidadas no
exercício de 2014, a exemplo do pagamento de férias devidas a servidores naquele ano.

Além disso, o Relatório Técnico aponta falhas na instrução da maior parte dos
processos de pagamento selecionados para exame, que dificultam a verificação da
regularidade do processamento das despesas pelo procedimento excepcional previsto no
art. 37 da Lei nº. 4.320/64, mais precisamente no que concerne:

(i) à ausência de motivação do ato, não tendo sido apresentados elementos


ou informações, descritos de forma suficiente para fundamentar as razões
pelas quais as despesas não foram empenhadas no exercício de origem,
em consonância com o art. 3º inciso I, alínea “b”, do Decreto Estadual n.º
181-A/1991,

(ii) à ausência de indicação da rubrica orçamentária a que estaria vinculada


a despesa no exercício de sua competência, em conformidade com o
quanto preceituado no art. 1º, parágrafo inciso, inciso I e art. 3º inciso I,
alínea “a”, ambos do Decreto Estadual n.º 181-A/1991, e

(iii) à imprecisão quanto à descrição da despesa, não constando detalhes


relativos a sua natureza e origem, e/ou período a que se referem
(competência).

O pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores sem a indicação dos


motivos da não realização do empenho no exercício de origem e sem a certificação da
existência de saldo orçamentário na respectiva dotação do exercício a que se refere, como
determina a legislação, acaba por criar um ambiente propício à assunção de obrigações
sem a existência de créditos orçamentários ou adicionais suficientes para suportá-los, em
contrariedade ao princípio da legalidade orçamentária.
Registre-se que, de acordo com a área técnica desta Corte de Contas, o não
processamento de despesas no exercício correto decorre da deficiência do controle
interno da execução orçamentária e/ou da insuficiência de saldo orçamentário na
dotação específica para realização da despesa no exercício de sua competência, concluindo
que “as falhas nas estimativas do total de despesas, utilizadas na elaboração da Lei
Orçamentária Anual, contribuem, de forma determinante, para o processamento da despesa
como DEA” (fl. 139).

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PROCURADORIA-GERAL 437
Com efeito, é factível que a lei orçamentária anual contemple despesas
subestimadas para as unidades gestoras da Administração Pública, por não levar em
consideração, com o rigor técnico necessário, o comportamento das despesas em anos
anteriores, a perspectiva de variação de índices de preços, os efeitos de decisões judiciais
(especialmente nas áreas marcadas por maior judicialização das políticas públicas), dentre
outros aspectos relevantes. Contudo, a própria legislação prevê o instrumento jurídico
adequado para que sejam feitos ajustes no orçamento durante a sua execução, qual seja, a
abertura de créditos adicionais (suplementares, especiais ou extraordinários)25, que
pressupõem a indicação dos recursos disponíveis para financiá-los. Nesse sentido, Marcos
Abraham preleciona que

[…] durante a execução do orçamento, podem ocorrer situações em que os


valores previstos originariamente, constantes na lei orçamentária, não sejam
suficientes para a realização dos gastos, e como a atividade financeira se
submete ao princípio da legalidade orçamentária, que impede a realização
de uma despesa específica sem a sua prévia autorização, são necessários
os créditos adicionais.
Os créditos adicionais são os valores concedidos para suprir a falta de
26
recursos orçamentários.

A omissão do gestor em empenhar despesas públicas previsíveis no exercício


de sua competência, a exemplo das despesas ordinárias com folha de pessoal e com
pagamento de obrigações relativas a contratos de prestação de serviços contínuos, em
virtude da insuficiência da dotação orçamentária prevista – postergando-se, assim, o seu
processamento para o exercício seguinte, na condição de DEA –, não se coaduna com o
ordenamento jurídico pátrio, na medida em que enseja, de forma velada, a assunção de
obrigações em patamar superior aos créditos orçamentários e adicionais existentes,
contrariando a vedação contida no art. 167, II, da CF e gerando risco de comprometimento
da execução dos orçamentos futuros.

Conforme bem pontuado no Relatório Técnico que instrui as presentes contas


de governo, “a inexistência de dotação orçamentária para fazer face a determinadas
despesas no próprio exercício, e consequente limitação do gestor em reconhecer no ano a
despesa corretamente, não se revela como suficiente para justificar o 'represamento' de
despesas” (fl. 139).

Além da violação ao princípio da legalidade orçamentária e do risco ao


desejável equilíbrio das contas públicas, a realização de gastos públicos excessivos como
Despesas de Exercícios Anteriores, contrariando o caráter de estrita excepcionalidade deste
procedimento, acaba também comprometendo a transparência da gestão pública, pois as
despesas não são reconhecidas e contabilizadas no exercício de sua competência, gerando
distorções nos demonstrativos contábeis no Estado. É o caso, por exemplo, dos gastos com
pessoal efetuados como DEA, que aparentemente não vêm sendo contabilizados pela
Administração Pública estadual para fins de apuração dos limites da Lei de
Responsabilidade Fiscal, ainda que se refiram a despesas dos meses de competência
abrangido pelo período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF27.

25
Lei nº. 4.320/64, Art. 40: “São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente
dotadas na Lei de Orçamento”.
26
Curso de direito financeiro brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, pp. 289/290
27
Art. 18, § 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze
imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

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438 PROCURADORIA-GERAL
Os impactos contábeis do não reconhecimento de despesas no exercício de sua
competência foram pontuados no relatório técnico das presentes contas de governo:

a ausência do reconhecimento da totalidade das despesas pelo regime de


competência é procedimento recorrente no Estado, acarretando em
distorções nas DCCEs de 2015 no seu conjunto, tanto no Balanço
Patrimonial, com a subavaliação do Passivo e das despesas, bem como no
Balanço Orçamentário(fl. 213).

Considerando que os exames realizados pela Auditoria, no bojo das presentes


contas de governo, foram pautados no critério amostral, selecionando-se para análise uma
pequena parcela dos processos de pagamento de DEAs do exercício de 2015, afigura-se
necessário, como sinalizado pela área técnica desta E. Corte de Contas, que “a
Administração promova um reexame aprofundado para determinar o impacto total nas
DCCEs de 2015 e de 2016” (fl. 140).

Em verdade, os exames complementares reclamados (seja pela própria


Administração Pública, com posterior apreciação pelas Coordenadorias de Controle Externo
deste Tribunal, seja diretamente pelas unidades técnicas desta Corte) devem preceder a
apreciação das presentes contas de governo, haja vista que os fatos a serem apurados são
relevantes para a adequada avaliação das contas e consequente formação do juízo técnico
a ser externado no parecer prévio desta E. Corte de Contas.

Considerando, entretanto, a hipótese de a diligência complementar acima


sugerida não ser acolhida pelo eminente Conselheiro Relator, em virtude da rigidez do rito
processual tradicionalmente adotado por esta E. Corte para o cumprimento do prazo
constitucional de apreciação das contas de governo (art. 91, inciso I, da Constituição
Estadual), entende este Parquet, à luz das informações consignadas no relatório
técnico que instrui o presente processo, que as irregularidades e inadequações relativas
ao achado auditorial em exame não se revestem de aptidão para, numa análise global e
contextualizada da gestão governamental, macular o mérito das contas em apreço,
conquanto mereçam ensejar a expedição de determinações específicas e incisivas para que
sejam adotadas as medidas necessárias à sua correção e prevenção de irregularidades
semelhantes.

É que a Auditoria analisou, por amostragem, processos de pagamento de DEA


que representaram 26,65% do valor total pago sob essa rubrica no exercício de 2015, e que
abrangem despesas previsíveis e ordinárias não empenhadas no exercício de 2014, a
exemplo de despesas relativas ao pagamento de folha de pessoal, não merecendo tal fato
(omissão quanto ao processamento de despesas públicas no exercício de sua
competência), na visão deste representante do Parquet, repercutir na formação do juízo a
respeito das contas de governo em apreço.

Com efeito, em relação às despesas de exercícios anteriores pagas durante


o exercício de 2015, devem ser imputadas à gestão governamental ora avaliada as falhas
na instrução dos processos de pagamento, notadamente (i) a ausência de informações para
fundamentar as razões pelas quais as despesas não foram empenhadas no exercício de
origem, (ii) à ausência de indicação da rubrica orçamentária a que estaria vinculada a
despesa no exercício de sua competência, e (iii) a descrição imprecisa da despesa, não
constando detalhes relativos a sua natureza e origem, e/ou período a que se referem
(competência), em contrariedade com o disposto no art. 3º do Decreto Estadual n.º 181-
A/1991.

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PROCURADORIA-GERAL 439
De outra banda, no que concerne às despesas de exercícios anteriores
pagas no primeiro trimestre de 2016 – que podem abranger despesas previsíveis relativas
a obrigações constituídas no exercício financeiro de 2015, mas não processadas na época
própria, gerando passivo não contabilizado a ser pago como DEA –, cabe destacar que não
fora realizada análise mais detalhada pela Auditoria, ainda que por critério amostral. O
montante pago, todavia, dada a sua magnitude, indica a possível ocorrência de
irregularidades que merecem ser apuradas.

Ante o exposto, este Parquet de Contas, pelos fundamentos aqui explanados,


entende e sugere que o TCE/BA também deva incluir no seu Parecer Prévio RESSALVAS
em relação às fragilidades constatadas na instrução dos processos de pagamento de
Despesas de Exercícios Anteriores pagas no exercício de 2015, notadamente quanto (i) à
ausência de informações para fundamentar as razões pelas quais as despesas não foram
empenhadas no exercício de origem, (ii) à ausência de indicação da rubrica orçamentária a
que estaria vinculada a despesa no exercício de sua competência, e (iii) à descrição
imprecisa da despesa, não constando detalhes relativos a sua natureza e origem, e/ou
período a que se referem (competência), em contrariedade com o disposto no art. 3º, inciso
I, do Decreto Estadual n.º 181-A/1991.

Sugere-se, outrossim, a expedição de DETERMINAÇÕES específicas para que


o Poder Executivo:

(i) adote, com urgência, as medidas administrativas necessárias ao


aprimoramento dos mecanismos específicos de controle interno relacionados ao
processamento de Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de modo a assegurar a
utilização deste tipo de procedimento em situações de estrita excepcionalidade, apurando-
se, ademais, a responsabilidade funcional dos agentes que eventualmente deem causa, de
modo injustificado ou sem justificativa razoável, ao não processamento de despesas
públicas no exercício de sua competência;

(ii) apresente a este Tribunal, por meio da Secretaria da Fazenda, no prazo


máximo de 120 (cento e vinte) dias, o resultado do reexame aprofundado e global das
Despesas de Exercícios Anteriores – DEA liquidadas nos anos de 2015 e 2016, avaliando a
sua adequação aos requisitos normativos aplicáveis e, especialmente, o impacto total de tais
despesas nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado referentes aos exercícios
de 2015 e 2016, com a consequente republicação dos demonstrativos devidamente
ajustados;

(iii) contabilize na Despesa Total com Pessoal, para fins de apuração dos limites
previstos nos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, os gastos desta natureza
efetuados como Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, quando a competência da
despesa estiver abrangida pelo período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF;

Por fim, afigura-se também conveniente a expedição de RECOMENDAÇÃO ao


Governador do Estado para que adote as medidas necessárias ao aperfeiçoamento da
metodologia de elaboração da Lei Orçamentária Anual, especialmente no que concerne à
estimativa das despesas, em ordem a minimizar o risco de insuficiência das dotações
orçamentárias previstas.

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440 PROCURADORIA-GERAL
2.2.7.2. Contabilização de Receitas Tributárias (Imposto de Renda na Fonte) em
desconformidade com o regime de caixa (art. 35, inciso I, da Lei nº. 4.320/64)

Conforme consignado no relatório técnico das contas de governo, o Poder


Executivo estadual contabilizou, como receita tributária do exercício de 2015, valores
relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF incidente sobre a remuneração paga
a inativos em 2013 e 2014, que não teriam sido devidamente contabilizados na época
própria. É o que se depreende dos esclarecimentos prestados pela DICOP, através de Ofício
n.º 237/2016, e que se encontram transcritos às fls. 128 do relatório técnico que instrui o
presente feito:

O incremento em 2015 da Receita de Imposto de Renda Retido nas Fontes


sobre Rendimentos do Trabalho, se refere a receitas do Fundo de
Previdência do Servidor Público – FUNPREV do exercício de 2013 de
R$259.554.152,63 e 2014 no total de R$314.265.391,26 não contabilizadas
no FIPLAN, sendo contabilizadas no exercício de 2015, conforme
documentos em anexo.

Sucede que, como bem destacado pelas Coordenadorias de Controle Externo


responsáveis pelo exame auditorial, o reconhecimento da receita em exercício diverso
daquele em que ocorreu a sua efetiva arrecadação não se coaduna com o regime de
apuração de receitas públicas previsto no art. 35, inciso I, da Lei nº. 4.320/64 (regime de
caixa), segundo o qual pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas.

Em seus comentários ao sobredito preceito normativo, José Maurício Conti e


outros asseveram:

No que se refere às receitas, somente serão consideradas aquelas


arrecadadas no exercício financeiro, o que denota um típico regime de
caixa ou de gerência, permitindo que a Administração tenha conhecimento
do efetivo montante ao seu dispor, proporcionando, assim, maior
28
confiabilidade para fazer frente às suas despesas. (Grifo nosso)

No que concerne ao Imposto de Renda Retido na Fonte, incidente sobre a folha


de pagamento de pessoal inativo, a Auditoria pontua que “em virtude dos registros
ocorrerem entre subcontas no FIPLAN, a caraterização do evento administrativo de
'arrecadação' se materializou nos anos de 2013 e 2014, porém o reconhecimento da
receita no sistema orçamentário não se efetivou nos exercícios competentes, por
inconsistências nos procedimentos de contabilização”. (fl. 129)

Nesse sentido, tendo as receitas sido arrecadas nos exercícios em que


ocorreram as retenções do IR, não poderia a Administração, sob o pretexto de omissão
quanto à sua apropriação no momento adequado, ter promovido a contabilização como
receita tributária do exercício de 2015. Como indicado no relatório técnico, “no sistema
Patrimonial, este tipo de evento deveria ser registrado como Ajuste de Exercícios Anteriores,
portanto não deveria impactar o Resultado do Exercício de 2015” (fl. 237).

A despeito da relevância da contabilização equivocada das receitas em apreço, a


Auditoria não avançou para dimensionar de que forma, e em que extensão, tal falha
repercutiu na avaliação da gestão orçamentária e financeira, tendo em vista o impacto
gerado nos demonstrativos contábeis do Estado.

28
CONTI, José Mauricio (Org.). Orçamentos Públicos: a Lei 4.320/64 comentada. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2010, p. 131.

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PROCURADORIA-GERAL 441
Assim como sugerido no tópico precedente, referente ao pagamento de
Despesas de Exercícios Anteriores, aqui também se mostra conveniente a realização de
exames técnicos complementares para robustecer o achado auditorial em exame, com a
indicação detalhada de todos os efeitos jurídico-contábeis decorrentes da contabilização
indevida das receitas públicas atinentes ao IRRF, incidente sobre a folha de inativos de 2013
e 2014, tendo em vista a sua relevância e pertinência para a adequada análise das
presentes contas.

Todavia, conforme já consignado, a rigidez do itinerário procedimental


tradicionalmente empregado pela Corte de Contas, com vistas ao cumprimento do prazo de
apreciação das contas do Chefe do Poder Executivo previsto no art. 91, inciso I, da
Constituição Estadual, acaba inviabilizando a solicitação de diligências complementares por
este Parquet. Assim, tomando por base as informações consignadas no relatório técnico que
instrui o presente processo, entende-se, à luz do cenário fático-probatório existente, que a
inconformidade relativa ao achado auditorial em exame não se reveste de aptidão para,
numa análise global e contextualizada da gestão governamental, macular o mérito das
contas em apreço, conquanto mereça ensejar a expedição de determinação específica para
que sejam adotadas as medidas necessárias à sua correção e prevenção de irregularidades
semelhantes.

Destarte, este Parquet de Contas pugna pela inclusão de RESSALVA no


Parecer Prévio das presentes contas de governo em relação à contabilização indevida de
receitas tributárias atinentes a Imposto de Renda Retido na Fonte, incidente sobre a folha de
pagamento dos inativos de 2013 e 2014, contrariando-se os arts. 35, inciso I e 39, caput, da
Lei nº. 4.320/64, bem como a expedição de DETERMINAÇÃO para que o Poder Executivo
observe o regime legalmente previsto para a contabilização das receitas públicas (regime de
caixa), com a consequente correção da falha pontuada no item 2.4.2.1 (Receitas Tributárias
– Imposto de Renda Retido na Fonte) do relatório técnico que instrui as presentes contas de
governo, avaliando os seus impactos nos demonstrativos contábeis do Estado relativos aos
exercícios de 2015 e de 2016, com a devida republicação acompanhada de notas
explicativas.

2.2.7.3. Falha na contabilização de receita intra-orçamentária do FUNPREV

Consta do relatório técnico das contas de governo que o Poder Executivo


estadual destinou ao FUNPREV o valor de R$ 300.000 mil, obtidos por meio do Contrato nº.
01/2014, celebrado com o Banco do Brasil S.A., em 19/12/2014, para a prestação de
diversos serviços relacionados à centralização e ao processamento da folha de pagamento
dos servidores do Estado, bem como de outras movimentações e aplicações financeiras de
titularidade do ente estatal.

O referido montante foi registrado como receita intra-orçamentária do FUNPREV


em julho de 2015, a partir de orientação jurídica e contábil da Procuradoria-Geral do Estado,
externada por meio do Parecer nº. GB-PGE-018/2015, cuja conclusão fora transcrita no
multireferido relatório técnico, in verbis:

Nesta linha o contrato em tela foi firmado pelo Estado da Bahia para
contratar o Banco do Brasil S.A, com exclusividade, dentre outros serviços,
a centralização da movimentação e aplicações financeiras de titularidade do
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e a contratação de regimes
previdenciários ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), mediante
precificação a ser negociada na forma das disposições do Anexo XI.
Consoante já relatado, o referido contrato previu, ainda, o pagamento de

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442 PROCURADORIA-GERAL
remuneração ao contratante, em virtude da celebração do ajuste, o que
pode ser considerado como resultado financeiro deste e, portanto,
apropriável como receita do Fundo Financeiro da Previdência Social dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia – FUNPREV. (fl. 131 – Grifo da
auditoria)

Como destacado pela Auditoria, a análise do objeto contratual evidencia que, da


totalidade dos serviços bancários a serem prestados, apenas uma parcela guardava relação
com o gerenciamento dos recursos de titularidade do FUNPREV, razão pela qual o resultado
financeiro da avença não poderia ser apropriado, em sua integralidade, como receita própria
do aludido fundo previdenciário. Deveria à Administração, ao revés, ter promovido a prévia
avaliação do valor econômico dos serviços relacionados ao FUNPREV, tomando por base o
volume relativo de transações e aplicações financeiras ou outro critério mais adequado às
circunstâncias, em ordem a definir a proporção do valor pactuado que caberia ao fundo
previdenciário a título de receita própria.

Ademais, as Coordenadorias de Controle Externo apontam que “a receita já


havia sido objeto de registro orçamentário e patrimonial na Unidade Encargos Gerais no ano
anterior” (fl. 130), quando se deu a sua efetiva arrecadação, não se mostrando adequada a
sua apropriação integral como receita intra-orçamentária própria do FUNPREV no exercício
de 2015, a partir do correspectivo registro de despesa intra-orçamentária da Unidade
Encargos Gerais.

Neste sentido, a Auditoria sustenta corretamente que

considerando-se que o pacto refere-se a direitos relacionados à citada


transação comercial, que estabelece que apenas parte dos serviços serão
prestados aos fundos previdenciários, e, sendo as receitas
contabilmente registradas no exercício de 2014, acarretando nos
respectivos efeitos no resultado orçamentário e patrimonial para o Estado, a
transferência financeira para o FUNPREV, efetivada em 2015, deveria
ser caracterizada como ato administrativo distinto, tendo em vista os
elementos constantes no processo administrativo n.º 023279/2015-0, que
demonstram ser o principal elemento motivador a redução do déficit do
regime previdenciário relativo ao FUNPREV. Por conseguinte, os
procedimentos contábeis devem refletir o ato administrativo considerando-
se sua essência, qual seja, como aporte de recursos para o Funprev
para cobrir resultado deficitário. (fl. 131 – grifo nosso)

Registre-se que a apropriação integral dos valores obtidos por meio do


sobredito contrato administrativo como receita própria do FUNPREV, quando deveria sê-lo
apenas parcialmente, e no mês de sua efetiva arrecadação, pode – dentre outros possíveis
reflexos – eventualmente impactar na apuração dos limites da despesa total com pessoal
dos órgãos e poderes do Estado da Bahia, tendo em vista o disposto no art. 19, § 1º, inciso
VI, alínea “c”, da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sucede que a Auditoria não aprofundou os exames para dimensionar as reais
consequências do achado auditorial, o que demandaria a adoção de providências
complementares, dentre as quais a avaliação econômica da proporção do resultado
financeiro do Contrato nº. 01/2014 que caberia originariamente ao FUNPREV, a título de
receita própria.
Diante da ausência de tais informações, mostra-se oportuna a conversão do
feito em diligência para que sejam realizados os exames técnicos complementares, de modo
a permitir a adequada avaliação dos exatos contornos e da repercussão do achado
auditorial ora apreciado.

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PROCURADORIA-GERAL 443
Tendo em vista, entretanto, que esta Corte Contas, no propósito de dar
cumprimento ao prazo estatuído no art. 91, inciso I, da Constituição Estadual, vem adotando
rigoroso itinerário procedimental para apreciação de processos de contas de governo – o
que acaba por inviabilizar a realização de diligências por vezes relevantes à
complementação da instrução do feito –, esse Parquet de Contas, vislumbrando desde logo
a hipótese de não realização dos exames complementares sugeridos, externa o
entendimento de que a irregularidade apontada pela Auditoria, à luz dos elementos fáticos-
probatórios existentes, não se reveste de aptidão para conspurcar o mérito das contas sob
análise.

Sendo assim, pugna-se pela inclusão de RESSALVA no Parecer Prévio das


presentes contas de governo em relação à falha na apropriação integral dos recursos
obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do
Brasil S.A., como receita intra-orçamentária própria do FUNPREV no exercício de 2015.
Sugere-se, ainda, a expedição de DETERMINAÇÃO para que o Poder Executivo adote as
providências necessárias ao saneamento da irregularidade apontada pela Auditoria,
avaliando os seus impactos nas Demonstrações Contábeis do Estado relativas aos
exercícios de 2015 e de 2016, com a devida republicação acompanhada de notas
explicativas.

Por derradeiro, considerando a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de


vigência do Contrato nº 01/2014, bem como a atipicidade do procedimento de sua
celebração (distrato de contrato administrativo anterior sucedido de novo contrato entre as
mesmas partes, com mesmo objeto e modificação do fluxo de pagamentos originariamente
definido), requer este Parquet que seja determinada a autuação da referida avença para fins
de exame individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na
forma preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do
Regimento Interno do TCE/BA.

2.2.7.4. Pagamento de multa e juros de mora por atraso no cumprimento de


obrigações pecuniárias. Ausência de evidenciação segregada do volume de tais
despesas nos demonstrativos contábeis do Estado, com consequente prejuízo à
transparência da gestão pública.

Consoante sinalizado no item 2.4.2.4 (“Pagamento de multas e juros de


mora”) do relatório técnico que instrui as contas de governo sob análise, o Estado da Bahia
despendeu valores significativos, durante o exercício de 2015, para pagamento de multa e
juros de mora por inadimplemento de obrigações pecuniárias.

A partir de consulta ao FIPLAN Gerencial (sistema orçamentário), as


Coordenadorias de Controle Externo identificaram que foram contabilizadas, nos
subelementos de despesa 16 (Tributos e Multas Quando Previstos em Contrato) e 51
(Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas a Tributos), liquidações de
despesas que totalizaram o valor de R$ 8.962 mil.

Constataram ainda as unidades técnicas do TCE, quando da análise das


Despesas de Exercícios Anteriores, que a Secretaria de Educação realizou pagamento no
valor R$ 7.622 mil, referente à parte do débito decorrente de Auto de Infração lavrado pela
Receita Federal pelo não recolhimento, em exercícios anteriores, de contribuição patronal
devida sobre serviços de terceiros pessoa física, denominados como PSTs, sendo R$ 3.415
mil do principal e R$ 4.207 mil de multa e juros de mora. A Auditoria aponta que o valor
integral da despesa foi equivocadamente registrado no subelemento 32 (serviços

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444 PROCURADORIA-GERAL
Contratação), quando, em verdade, deveria ter sido feita a contabilização dos valores
alusivos aos encargos moratórios de forma segregada, mediante registro no subelemento
próprio, de modo a permitir a sua identificação em consulta ao FIPLAN.

Além disso, ao proceder à análise por amostragem dos registros contábeis das
unidades orçamentárias com maior volume de lançamentos de despesas com encargos
moratórios, as Coordenarias de Controle Externo constataram a incidência reduzida de
lançamentos relativos a multa e juros de mora sobre contas de consumo (água e energia).
Após questionarem a Secretaria de Administração do Estado (SAEB) sobre o volume total
de despesas com encargos moratórios sobre contas desta natureza, as unidades técnicas
desta Corte obtiveram a informação de que, no exercício de 2015, foram incluídas nas
contas de consumo dos diversos órgãos componentes da estrutura do Poder Executivo
despesas com multa e juros de mora no montante de R$ 6.846mil, relativas a contas
emitidas pela EMBASA, e R$ 2.188 mil, referentes a contas da COELBA.

Registre-se que esse tipo de irregularidade vem sendo reiteradamente


identificada nas prestações de contas anuais de diversos órgãos e entidades que integram a
estrutura da Administração Pública estadual, seja em decorrência de fragilidades no controle
interno das unidades responsáveis pelo pagamento, seja por conta de atrasos no repasse
de Quadro de Cotas Mensais (QMC) pela Secretaria da Fazenda.

Tendo em vista a recorrência de achados auditoriais desta natureza, esta E.


Corte de Contas aprovou, em sessão plenária ocorrida no dia 29/11/2015, a realização de
Auditora Especial pelas unidades técnicas do TCE para “apurar o quanto de recursos
públicos têm sido destinados ao pagamento de juros, multa e demais encargos moratórios,
em razão de atrasos dos repasses de QCM da Secretaria da Fazenda” (Acórdão nº.
406/2015, proferido nos autos do processo TCE/001237/2014). Os trabalhos auditoriais, que
ainda se encontram em fase de andamento, poderão esclarecer não só o volume de
recursos empregados em tais despesas, como também as causas motivadoras de sua
ocorrência em diversos órgãos e entidades da Administração Pública estadual.

Diante de uma realidade de escassez de recursos públicos para o atendimento


das necessidades sociais básicas, revela-se inadmissível que a Administração Pública, por
conta de deficiências nas estruturas e mecanismos de controle interno ou de falhas de
planejamento na liberação de recursos, venha a realizar despesas que deveriam ser
evitadas, por não trazerem nenhum proveito ao interesse público a ser perseguido pelo
Estado no desempenho da sua função administrativa. Trata-se de despesa ensejadora de
prejuízo ao erário, que reclama, mormente no atual contexto de recessão econômica e crise
fiscal, a adoção de medidas por parte dos órgãos competentes do Poder Executivo para que
sejam implementados, com urgência, mecanismos que possibilitem o adimplemento das
obrigações pecuniárias dentro do prazo legal ou contratualmente previsto, em ordem a evitar
o inaceitável emprego de recursos públicos para pagamento de encargos moratórios.

Ademais, como bem destacado pela Auditoria,

os dispêndios de recursos para pagamento de multas e juros de mora, por


não atender à finalidade pública, devem ser objeto da devida apuração,
mediante processo administrativo próprio, para a verificação dos fatores
que contribuíram para sua ocorrência, bem como apuração, se decorrentes,
ou não, de ação ou omissão de agente público, e da responsabilidade do
gestor público para a sua consecução. (grifo nosso – fl. 139)

Considerando que não há nos presentes autos informações mínimas a respeito


das causas motivadoras do pagamento de encargos moratórios por atraso no adimplemento

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 445
de obrigações pecuniárias, o que inviabiliza a avaliação e delimitação das possíveis
responsabilidades, entende este Parquet que tal irregularidade, à luz dos elementos fáticos-
probatórios existentes, não possui aptidão para afetar o mérito das contas de governo sob
análise.

Por fim, o relatório técnico das contas de governo consigna que as


Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado de 2015 não contêm informações sobre
o volume de gastos realizados com pagamento de encargos moratórios, sendo constatada a
apresentação de saldo zero no item relativo às despesas com Juros e Encargos de Mora,
que compõe a coluna de Variações Patrimoniais Diminutivas, na Demonstração das
Variações Patrimoniais.

A falta de evidenciação destes eventos (pagamento de encargos moratórios)


nas Demonstrações Contábeis do Estado, em virtude de deficiências nos procedimentos de
sua contabilização, vilipendia o dever da transparência da gestão pública, dimanado do
princípio constitucional da publicidade (art. 37, caput, da CF) e do direito fundamental de
acesso à informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), comprometendo, consequentemente, o
exercício do adequado controle (interno, externo e social) das despesas relacionadas ao
pagamento de multa e juros de mora, bem como a identificação e interpretação de tais
informações pelos demais usuários dos demonstrativos contábeis do ente estatal.29

Neste sentido, sugere-se que o TCE/BA inclua no seu Parecer Prévio


RESSALVAS em relação à inexistência de informações, nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado do exercício de 2015, a respeito do volume de gastos realizados
pela Administração Pública estadual para pagamento de multas e juros de mora por
inadimplemento de obrigações pecuniárias, expedindo, ademais, DETERMINAÇÕES
específicas para que o Poder Executivo:

(i) adote as medidas administrativas necessárias para aprimorar o planejamento


e a execução dos repasses de Quadro de Cotas Mensais (QMC) pela Secretaria da
Fazenda, de modo a garantir o adimplemento das obrigações pecuniárias assumidas pelo
Estado dentro do prazo legal ou contratualmente previsto, evitando, por consequência, o
emprego de recursos públicos para pagamento de encargos moratórios;

(ii) proceda à apuração, mediante processo administrativo próprio, das causas


que contribuíram para a realização de despesas públicas relacionadas ao pagamento de
multas e juros de mora, promovendo a responsabilização dos agentes públicos que
eventualmente tenham concorrido, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, para a
consecução de tais dispêndios; e

(iii) adote as providências necessárias ao adequado registro, nas


Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado, das informações relativas aos gastos
realizados pela Administração Pública estadual com pagamento de multas e juros
moratórios.

29
Como leciona Marcus Abraham, “[…] são usuários da contabilidade pública: os gestores do patrimônio público e das
políticas econômicas e sociais do país para a tomada de decisões; a população em geral, como instrumento de
transparência e confiabilidade da execução orçamentária e patrimonial da Administração Pública; os organismos nacionais
e internacionais de crédito e fomento; os órgãos de controle interno e externo nas suas funções institucionais”. (Curso de
direito financeiro brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 230)

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


446 PROCURADORIA-GERAL
2.2.7.5. AUSÊNCIA DE CONTROLE SOBRE os programas de concessão de
beneficios fiscais, com consequente RENÚNCIA DE RECEITA

No que pertine à gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Estado da


Bahia, ainda recai sobre o Chefe do Poder Executivo a irregularidade referente à ausência
de controle e acompanhamento, durante o exercício de 2015, sobre procedimentos que
ensejaram renúncia de receitas do Estado. Este instituto (da renúncia de receitas)
compreende, nos termos do art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, a “anistia, remissão,
subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de
alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos
ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado”.

A renúncia de receita representa um dos principais mecanismo utilizados pelos


entes federativos para intervir indiretamente no domínio econômico, fomentando
determinadas atividades econômicas em seus respectivos territórios, com a consequente
atração de investimentos, por meio da concessão incentivos fiscais aos interessados, que
devem atender a certos requisitos para usufruir de tais vantagens. Nesse sentido, preleciona
Harrison Leite:

Outro tema que merece destaque é o regramento trazido pela LRF para a
tão mencionada renúncia de receita. Consiste na concessão de benefícios
fiscais por parte de alguns entes federativos com o fim maior de atrair
investimentos.
[...]
Ocorre que diversos benefícios foram concedidos sem análise acurada dos
seus efeitos orçamentários. É dizer, quando se concede um benefício,
fatalmente há reflexos no orçamento, na parte das receitas. E, se a receita é
afetada, poderá haver distúrbios em diversas áreas, incluindo-se as metas
de investimento, a necessidade de redução de gastos, a impossibilidade de
30
aumentos salariais, dentre tantos outros.

Nesse trilho, revela-se imprescindível a adoção de mecanismos de controle


sobre a concessão dos referidos benefícios, especialmente porque, caso estes estejam
sendo distribuídos sem o lastro (formal e material) exigido, significa que, injustificadamente,
deixou-se de arrecadar, comprometendo, em última análise, a execução das ações previstas
no orçamento-programa.

No que pertine às presentes contas, o Relatório do TCE (item 2.4.3.5.1) dá conta


de que, por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do
Estado da Bahia (DESENVOLVE), que visa, em síntese, fomentar e diversificar a matriz
industrial e agroindustrial estadual, foram concedidos benefícios que importaram em
renúncia de receitas no valor total de R$2.147.447 mil.

Os aludidos incentivos ocorreram por meio dos seguintes procedimentos:


liquidações antecipadas da parcela do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) com prazo dilatado e redução dos juros eventualmente incidentes. São
operações que, no termos do Regulamento do Programa Desenvolve, geram descontos nos
pagamentos dos tributos devidos, conforme se extrai do art. 6º do Decreto Estadual nº.
8.205, de 03 de abril de 2002:

Art. 6º - A liquidação antecipada da parcela do imposto cujo prazo


tenha sido dilatado ensejará desconto de até 90% (noventa por cento),

30
LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. Salvador: Ed. JusPodivm, p. 169.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 447
de acordo com a Tabela I, anexa.
§ 1º - Os valores antecipados deverão ser recolhidos em moeda corrente
até o 20º dia do mês da antecipação.
§ 2º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por parcela do imposto a
soma da parcela do ICMS com prazo de pagamento dilatado e dos
encargos financeiros correspondentes.
§ 3º - Ocorrendo liquidação antecipada de parte da parcela do imposto cujo
prazo tenha sido dilatado, considera-se quitado o valor da parcela do
imposto correspondente ao percentual que o recolhimento equivale na data
em que foi efetuado.
§ 4º - O percentual de desconto sobre a parcela do imposto restante será
calculado considerando a quantidade de anos de antecipação, de acordo
com a Tabela I, anexa.

Nesse sentido, segundo a escorreita interpretação dos técnicos desta Casa, as


sobreditas operações representaram efetiva renúncia de receita e só poderiam ter sido
efetuadas com respaldo em convênios firmados no âmbito do Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ)31, sob pena de malferir o art. 1º, IV, da Lei Complementar n.º
24/1975, que assim dispõe:

Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de


mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios
celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta
Lei.
[…]
IV - à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais,
concedidos com base no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais
resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus;

Em resposta a este Tribunal, a Secretaria da Fazenda aduziu que as aludidas


concessões feitas no pagamento do ICMS tiveram natureza meramente financeira e não
fiscal. Com base nessa argumentação, eximiu-se de demonstrar, efetivamente, se tais
operações de incentivos foram concretizadas com fundamento em ajustes homologados
pelo CONFAZ.

Registre-se que, nos termos Lei Complementar nº. 24/75 – que regulamenta a
concessão de isenções do ICMS, em consonância com o quanto disposto no art. 155, § 2º,
inciso XII, alínea “g”, da Constituição Federal –, encontra-se compreendida pela exigência
de celebração prévia de convênio interestadual a outorga de “quaisquer outros incentivos ou
favores fiscais ou financeiro-fiscais, concedidos com base no Imposto de Circulação de
Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus”
(art. 1º, parágrafo único, inciso IV). Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que
não se afiguram compatíveis com o texto constitucional, mais precisamente com o quanto
preceituado no dispositivo acima mencionado, a edição de atos normativos “que outorguem
benefícios fiscais ou financeiros, bem assim incentivos compensatórios pontuais, dos
quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus tributário, em
matéria de ICMS, sem que tais medidas sejam precedidas da necessária celebração de
convênio no âmbito do CONFAZ”.32

31
“Compete ao Conselho, promover a celebração de convênios, para efeito de concessão ou revogação de isenções,
incentivos e benefícios fiscais do imposto de que trata o inciso II do art. 155 da Constituição, de acordo com o previsto no §
2º, inciso XII, alínea g, do mesmo artigo e na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975”. Disponível em:
<https://www.confaz.fazenda.gov.br/menu-de-apoio/competencias>. Acesso em: 19 mai. 2016.
32
Rcl 15819 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014

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448 PROCURADORIA-GERAL
A nosso ver, essa irregularidade, que já havia sido pontuada em ocasiões
anteriores33, deverá gerar a imposição de RESSALVAS sobre as contas em comento, em
virtude da manutenção de benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos ao ICMS sem a
demonstração cabal de que, no período auditado, restou satisfeita a condição prevista no
art. 155, § 2º, inciso XII, alínea “g”, da Constituição Federal c/c art. 1º, parágrafo único,
inciso IV, da Lei Complementar n.º 24/1975.

Ainda no que se refere à temática em apreço – renúncia de receitas –, insta


salientar que a Portaria Conjunta n.° 78/2004, das Secretarias da Fazenda (SEFAZ) e da
Indústria, Comércio e Mineração (SICM)34, constituiu a Comissão de Acompanhamento de
Empreendimentos Incentivados pelo Governo da Bahia, com competência para fiscalizar o
cumprimento, pelas empresas empreendedoras, dos compromissos assumidos nos
protocolos de intenções firmados com o Estado da Bahia, especialmente quanto aos
números de empregos gerados, de investimentos realizados, níveis de produção alcançados
e cronogramas de implantação.

Após ofícios encaminhados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico


(SDE), (Ofício CG n.º 135, de 26 de junho de 2015; Ofício CG n.º 263, de 05 de outubro de
2015; Ofício GASEC n.º 008, de 17 de fevereiro de 2016), a equipe técnica desta Casa de
Controle chegou à conclusão de que, no exercício examinado, não foram realizadas visitas
técnicas aos empreendimentos contemplados com incentivos fiscais, a fim de averiguar se
as empresas beneficiadas cumpriram ou não as obrigações assumidas via protocolos de
intenções. Além disso, restou também registrado que, apenas em dezembro de 2015, foi
validado o Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos (SAI),
ferramenta que servirá para monitorar, futura e virtualmente, os projetos incentivados.

Nesse trilho, frise-se que, a fim de verificar se algumas empresas beneficiadas


com os aludidos incentivos fiscais implementaram as medidas constantes dos respectivos
instrumentos de intenções, a Auditoria deste TCE realizou visitas in loco nos
empreendimentos previstos, tendo identificado algumas inadequações, a saber: i) no tocante
à realização dos investimentos estimados, apenas uma empresa superou o montante
previsto; ii) no que se refere às contratações de pessoas portadoras de necessidades
especiais, observou-se que uma das empresas selecionadas descumpriu esta obrigação
legal; iii) quanto à contratação de menores aprendizes, também se verificou que apenas
uma das empresas não realizou contratações de pessoas com esse perfil.

Este tipo de acompanhamento que foi realizado por técnicos desta Instituição de
Controle em 6 (seis) projetos incentivados via renúncia de receitas deveria ter sido feito de
igual forma, e em maior amplitude, pelo controle interno da Administração Pública do Estado
da Bahia, tendo em vista o disposto no art. 89, caput, da Constituição Estadual, segundo o
qual:

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial


do Estado e dos Municípios, incluída a das entidades da administração
indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções, renúncia de receitas e isenções fiscais, será exercida pela
Assembléia Legislativa, quanto ao Estado, e pelas Câmaras Municipais,
quanto aos Municípios, mediante controle externo e sistema de controle
interno de cada Poder.

33
Vide prestações de contas do Chefe do Poder Executivo relativas a exercícios anteriores. Disponível em:
<https://www.tce.ba.gov.br/controle-externo/contas-de-governo#conteudo>. Acesso em: 19 mai. 2016.
34
Atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Disponível em:

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 449
Ao não cumprir esse desiderato no exercício examinado, seja mediante visitas
técnicas aos empreendimentos incentivados ou por meio da implantação tempestiva do
Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos (SAI), devem ser
emitidas RESSALVAS sobre as contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia,
bem como a expedição de DETERMINAÇÃO para que seja realizado o devido
monitoramento dos projetos beneficiados com incentivos fiscais, em obediência ao art. 89,
caput, da Constituição Estadual.

2.2.7.6. FALTA DE MECANISMOS DE REGISTRO DAS DESPESAS QUE


PROMOVAM A ALOCAÇÃO ADEQUADA DOS CUSTOS NOS PROGRAMAS

Restou também apurado pelas Coordenadorias de Controle Externo desta E.


Corte de Contas, quanto ao aspecto da despesa pública, a falta de mecanismos de registro
de despesas que promovam a alocação adequada dos custos nos programas
governamentais.

Nesse sentido, segundo consta do relatório técnico sobre as presentes contas, a


Tabela nº. 61, que foi confeccionada com base em informações extraídas do FIPLAN
Gerencial, elenca os registros das despesas por programa, os quais foram realizados de
maneira equivocada no exercício de 2015, pois não representam adequadamente os custos
dos programas financiados com recursos do orçamento.

A título de exemplo, cumpre asseverar que as despesas alusivas ao programa


de “Apoio Administrativo às Atividades das Secretarias”, que abrangem os gastos com a
aposentadoria dos servidores inativos e também os custos de pessoal das diversas
secretarias, deveriam, de maneira segregada, ser contabilizadas nos programas específicos
relativos à previdência e às diversas ações nas quais a mão-de-obra esteve efetivamente
alocada.

Disso se extrai que, ao longo de 2015, várias despesas, embora se referissem a


ações diversas e específicas, foram registradas e alocadas inadequadamente como se
pertencessem à mesma categoria de programa. Essa sistemática dificulta a avaliação e
monitoramento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, mais precisamente no que
toca à eficiência (relação custo-benefício) dos programas governamentais, diante da
ausência de registros adequados de despesas que pudessem traduzir os custos reais de
cada programa financiado com recursos do orçamento, contrariando-se o quanto
preceituado no art. 90, caput e II, da Constituição Estadual e art. 50, § 3º, da LRF,

Trata-se de achado que deve gerar a imposição de RESSALVAS sobre as


contas de governo do Chefe do Poder Executivo, por violação aos dispositivos invocados,
bem como expedição de DETERMINAÇÃO para que sejam adotados mecanismos de
registros de despesas que promovam a alocação fiel e precisa dos custos dos programas
governamentais, em ordem a permitir o cumprimento do quanto previsto nos arts. 90, caput
e II, da Constituição Estadual e 50, § 3º, da LRF.

3. CONCLUSÃO

Conforme sustentado na fundamentação do presente opinativo, alguns achados


auditoriais consignados no relatório técnico que instrui o feito em apreço, mais precisamente
aqueles contemplados nos itens 2.4.2.1 (Receitas Tributárias – Imposto de Renda Retido na
Fonte), 2.4.2.2 (Receita contabilizada no FUNPREV), e 2.4.2.3 (Despesas de Exercícios
Anteriores no Poder Executivo), reclamam a realização de exames técnicos
complementares, que ficam desde logo sugeridos por este Órgão Ministerial, para o

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


450 PROCURADORIA-GERAL
adequado dimensionamento de seu impacto na avaliação da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial do Poder Executivo Estadual no exercício de 2015.

Na eventualidade, entretanto, de tal diligência não ser determinada pelo


eminente Conselheiro Relator, em virtude da rigidez procedimental tradicionalmente
empregada por este Tribunal para apreciação de contas de governo, com vistas ao
cumprimento do prazo previsto no art. 91, inciso I, da Constituição Estadual, o Ministério
Público de Contas do Estado da Bahia, alicerçado nas informações e conclusões
apresentadas na Seção Analítica do Relatório Técnico, manifesta-se pela emissão de
PARECER PRÉVIO favorável à APROVAÇÃO das Contas de Governo referentes ao
exercício de 2015, de responsabilidade do Exmo. Sr. Rui Costa, com

(a) RESSALVAS quanto às irregularidades apontadas pelas


Coordenadorias de Controle Externo deste Tribunal, a serem devidamente discriminadas no
Parecer Prévio, especialmente em relação:
a.1) à precaridade das estruturas de controle interno existentes
durante o exercício financeiro analisado, as quais se mostraram
inidôneas para o alcance das finalidades previstas no art. 74 da
Constituição da República, sobretudo no que concerne à
indispensável avaliação dos resultados da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial, quanto à eficácia, eficiência e efetividade;

a.2) à ausência de um sistema integrado de controle interno que


possibilitasse ao Poder Executivo, nos termos preconizados pelo art.
74 da Constituição da República, a avaliação e o acompanhamento,
de forma coordenada e efetiva, (i) da conformidade dos atos de
gestão com os parâmetros normativos disciplinadores da atividade
administrativa do Estado (controle procedimental ou de
conformidade) e, especialmente, (ii) dos resultados das políticas
públicas implementadas, quanto à eficácia, eficiência e
economicidade, bem como do cumprimento das metas estipuladas
no plano plurianual (controle de resultado ou de desempenho);

a.3) à inobservância das prioridades estabelecidas na Lei de


Diretrizes Orçamentárias (LDO);

a.4) à não implementação do Órgão Central de Controle,


Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios
(OCAAF), contrariando previsão expressa da Lei Estadual
9.433/2005;

a.5) à ausência de mecanismos no sistema de informação adotado


pelo Poder Executivo do Estado da Bahia (FIPLAN) que permitam
catalogar adequadamente as informações e acompanhar, de modo
minimamente eficiente, a execução dos convênios e instrumentos
congêneres celebrados com entidades governamentais e não
governamentais, impactando negativamente não apenas na
consistência dos registros contábeis da conta “Convênios a
Comprovar” (item 2.4.5.2.2. do relatório técnico), como também – e
especialmente – na efetividade do controle (interno e externo) da boa
e regular aplicação dos recursos públicos estaduais voluntariamente
transferidos;

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 451
a.6) à falta de regulamentação e efetiva implantação do Comitê
Gestor de Acesso à Informação (CGAI), órgão competente para
processar os recursos no que se refere aos pedidos de acesso à
informações públicas, classificar e desclassificar informações
sigilosas e padronizar a publicidade das informações divulgadas pelo
Estado da Bahia, nos termos da Lei Estadual n. 12.618/2012;

a.7) à não divulgação, em sítios eletrônicos oficiais, da remuneração


dos servidores públicos do Poder Executivo do Estado da Bahia, em
contrariedade ao princípio da publicidade (art. 37, caput, da CF) e ao
direito fundamental à informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), bem
como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF c/c art.
8o, caput e § 2º da Lei de Acesso à Informação;

a.8) à continuidade da utilização distorcida da contratação temporária


de servidores públicos via Regime Especial de Direito Administrativo
(REDA), em detrimento do mandamento constitucional plasmado no
art. 37, II, CF/88;

a.9) à contratação de Prestadores de Serviços Temporários (PST's)


para substituir servidores efetivos na área de educação (professores
e assistentes administrativos), sem a inclusão dos valores gastos a
remuneração destes agentes no cômputo da despesa de pessoal,
contrariando, a regra constitucional do concurso público (art. 37, II,
da CF), bem como as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal
que buscam controlar e limitar a evolução dos gastos com pessoal
(art. 18, § 1º, LRF);

a.10) às fragilidades constatadas na instrução dos processos de


pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores pagas no exercício
de 2015, notadamente quanto (i) à ausência de informações para
fundamentar as razões pelas quais as despesas não foram
empenhadas no exercício de origem, (ii) à ausência de indicação da
rubrica orçamentária a que estaria vinculada a despesa no exercício
de sua competência, e (iii) à descrição imprecisa da despesa, não
constando detalhes relativos a sua natureza e origem, e/ou período a
que se referem (competência), em contrariedade com o disposto no
art. 3º, inciso I, do Decreto Estadual n.º 181-A/1991.

a.11) à contabilização indevida de receitas tributárias atinentes a


Imposto de Renda Retido na Fonte, incidente sobre a folha de
pagamento dos inativos de 2013 e 2014, contrariando os arts. 35,
inciso I e 39, caput, da Lei nº. 4.320/64;

a.12) à falha na apropriação integral dos recursos obtidos por meio


do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o
Banco do Brasil S.A., como receita intra-orçamentária própria do
FUNPREV no exercício de 2015;

a.13) à inexistência de informações, nas Demonstrações Contábeis


Consolidadas do Estado do exercício de 2015, a respeito do volume
de gastos realizados pela Administração Pública estadual para

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


452 PROCURADORIA-GERAL
pagamento de multas e juros de mora por inadimplemento de
obrigações pecuniárias;

a.14) à manutenção de benefícios fiscais ou financeiro-fiscais


relativos ao ICMS sem a demonstração cabal de que, no período
auditado, restou satisfeita a condição prevista no art. 155, § 2º, inciso
XII, alínea “g”, da Constituição Federal c/c art. 1º, parágrafo único,
inciso IV, da Lei Complementar n.º 24/1975;

a.15) às deficiências do controle interno sobre as renúncias de


receitas, em virtude da não realização de visitas técnicas, durante o
exercício de 2015, aos empreendimentos contemplados por
programas de incentivos fiscais, a fim de averiguar se as empresas
beneficiadas estavam ou não cumprindo as obrigações assumidas
nos protocolos de intenções;

a.16) às fragilidades identificadas nos procedimentos contábeis


empregados pela Administração Pública estadual, gerando as
inconsistências e distorções apontadas pelas Coordenadorias de
Controle Externo no item 2.4.5 (“Gestão Patrimonial”) do relatório
técnico.

(b) DETERMINAÇÕES35 ao Governador do Estado para correção das


irregularidades apontadas pelas Coordenadorias de Controle Externo deste Tribunal,
especialmente para que:

b.1) o Poder Executivo proceda, por meio das Coordenações de


Controle Interno e demais estruturas de controle interno, sob a
articulação, coordenação e orientação técnica da Auditoria Geral do
Estado, à avaliação acerca cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, bem como da eficácia, eficiência e efetividade da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial;

b.2) adote as providências necessárias à devida institucionalização


do Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação
Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF), observando as
atribuições e competências previstas na Lei Estadual n.º 9.433/2005;

b.3) adote as medidas concretas para a efetiva implantação do


Comitê Gestor de Acesso à Informação (CGAI), nos termos do art. 28
da Lei Estadual n. 12.618/2012, a fim de que, enfim, o referido órgão
cumpra o desiderato proposto pela norma, no sentido de suprir
lacunas em matéria de transparência pública estadual, mormente

35
Neste ponto, vale consignar que o poder do Tribunal de Contas de expedir determinações voltadas ao exato cumprimento da
lei dimana diretamente do texto constitucional, mais precisamente do art. 71, IX, da Constituição da República, segundo o
qual compete à Corte de Contas “assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade” (função corretiva). Trata-se de competência autônoma, veiculada em norma
constitucional de eficácia plena e aplicabilidade imediata, e que é passível, por conseguinte, de ser exercida em qualquer
processo no qual o órgão controlador identifique lesão ou ameaça de ofensa à ordem jurídica, abrangendo tanto a
determinação de abstenção de ato contrário à lei (tutela de natureza inibitória, vocacionada à prevenção do ilícito), quanto
a determinação para adoção de medidas necessárias à correção/eliminação de ilicitude identificada (tutela de remoção do
ilícito). Logo, o fato de a Lei Complementar n. 005/91 ter sido omissa em relação à possibilidade de o Tribunal expedir
determinações na oportunidade da apreciação de processos de contas (art. 24) jamais pode conduzir ao (equivocado)
entendimento de tal competência não pode ser exercida, sob pena de subversão do escalonamento hierárquico das
normas jurídicas e de clara violação ao princípio da supremacia da constituição.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 453
quanto ao processamento dos recursos legais previstos,
classificação e desclassificação de informações sigilosas e
padronização da publicidade das informações divulgadas;

b.4) o Poder Executivo divulgue, nos seus sítios eletrônicos oficiais,


as informações relativas aos valores detalhados das remunerações
dos agentes públicos estaduais, de forma nominal e individualizada,
em cumprimento ao dever de transparência dimanado do princípio da
publicidade (art. 37, caput, da CF) e do direito fundamental à
informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), bem como ao comando
legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF c/c art. 8o, caput e § 2º da
Lei de Acesso à Informação, trilhando, assim, o caminho já
desbravado por diversos outros órgãos da Administração Pública
brasileira;

b.5) para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações


públicas, como forma de viabilizar o controle social e a bem do
princípio da publicidade insculpido no art. 37 da Constituição Federal
de 1988 c/c o art. 5º, inciso XXXIII, da mesma Carta Magna,
disponibilize no portal “Transparência Bahia” informações sobre
convênios celebrados nos exercícios 2013 e subsequentes;

b.6) adote as providências necessárias no sentido de descontinuar a


política de contratação de Prestadores de Serviços Temporários
(PST) para o desempenho de atividades próprias de servidores
públicos;

b.7) adote, com urgência, as medidas administrativas necessárias ao


aprimoramento dos mecanismos específicos de controle interno
relacionados ao processamento de Despesas de Exercícios
Anteriores – DEA, de modo a assegurar a utilização deste tipo de
procedimento em situações de estrita excepcionalidade, apurando-
se, ademais, a responsabilidade funcional dos agentes que
eventualmente deem causa, de modo injustificado ou sem
justificativa razoável, ao não processamento de despesas públicas
no exercício de sua competência;

b.8) apresente a este Tribunal, por meio da Secretaria da Fazenda,


no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, o resultado do reexame
aprofundado e global das Despesas de Exercícios Anteriores – DEA
liquidadas nos anos de 2015 e 2016, avaliando a sua adequação aos
requisitos normativos aplicáveis e, especialmente, o impacto total de
tais despesas nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do
Estado referentes aos exercícios de 2015 e 2016, com a
consequente republicação dos demonstrativos devidamente
ajustados, e acompanhados de notas explicativas;

b.9) contabilize na Despesa Total com Pessoal, para fins de


apuração dos limites previstos nos arts. 19 e 20 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, os gastos desta natureza efetuados como
Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, quando a competência da
despesa estiver abrangida pelo período de apuração previsto no art.
18, § 2º, da LRF;

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


454 PROCURADORIA-GERAL
b.10) observe o regime legalmente previsto para a contabilização das
receitas públicas (regime de caixa), com a consequente correção da
falha pontuada no item 2.4.2.1 (“Receitas Tributárias – Imposto de
Renda Retido na Fonte”) do relatório técnico, avaliando os seus
impactos nos demonstrativos contábeis do Estado relativos aos
exercícios de 2015 e de 2016, com a devida republicação
acompanhada de notas explicativa;

b.11) adote as providências necessárias ao saneamento da


irregularidade apontada pela Auditoria no item 2.4.2.2 (“Receita
contabilizada do FUNPREV”) do relatório técnico, avaliando os seus
impactos nas Demonstrações Contábeis do Estado relativas aos
exercícios de 2015 e de 2016, com a devida republicação
acompanhada de notas explicativas;

b.12) adote as medidas administrativas necessárias para aprimorar o


planejamento e a execução dos repasses de Quadro de Cotas
Mensais (QMC) pela Secretaria da Fazenda, de modo a garantir o
adimplemento das obrigações pecuniárias assumidas pelo Estado
dentro do prazo legal ou contratualmente previsto, evitando, por
consequência, o emprego de recursos públicos para pagamento de
encargos moratórios;

b.13) proceda à apuração, mediante processo administrativo próprio,


das causas que contribuíram para a realização de despesas públicas
relacionadas ao pagamento de multas e juros de mora, promovendo
a responsabilização dos agentes públicos que eventualmente tenham
concorrido, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, para a
consecução de tais dispêndios;

b.14) adote as providências administrativas necessárias para


assegurar o adequado registro, nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado, de informações relativas aos gastos
realizados pela Administração Pública estadual com pagamento de
multas e juros moratórios;

b.15) para que sejam adotados mecanismos de registros de


despesas que promovam a alocação fiel e precisa dos custos dos
programas governamentais, em ordem a permitir o cumprimento do
quanto previsto nos arts. 90, caput e II, da Constituição Estadual e
50, § 3º, da LRF.

(c) RECOMENDAÇÕES ao atual Governador do Estado para que:

c.1) promova a revisão dos indicadores estabelecidos no PPA 2016-


2019, de forma a projetar os índices esperados, para cada ano e
para o final do plano, que viabilize a mensuração do resultado
obtidos com a implementação das ações de governo, com vistas a
garantir a efetiva avaliação e acompanhamento dos resultados das
políticas públicas implementadas;

c.2) avalie a adoção de providências, no âmbito de sua competência,


para criação e implantação de uma Controladoria Geral do Estado

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


PROCURADORIA-GERAL 455
desvinculada das Secretarias atualmente existentes, com quadro de
pessoal próprio e devidamente instrumentalizada para atuar como
unidade central de controle interno;

c.3) adote as cautelas necessárias para assegurar, durante a


execução orçamentária, a alocação preferencial de recursos em
programas de governo eleitos como prioritários na Lei de Diretrizes
Orçamentárias – LDO, evitando, portanto, a reiteração das
inadequações verificadas no exercício financeiro de 2015;

c.4) aprove e apresente um calendário (cronograma) de concursos


públicos, com vistas à redução das contratações temporárias
irregulares, em ordem a garantir que as necessidades permanentes
dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública
estadual sejam supridas mediante a arregimentação de servidores
efetivos, nos termos proclamados pela Constituição da República;

c.5) adote as medidas necessárias ao aperfeiçoamento da


metodologia de elaboração da Lei Orçamentária Anual,
especialmente no que concerne à estimativa das despesas, em
ordem a minimizar o risco de insuficiência das dotações
orçamentárias previstas;

c.6) avalie, com o apoio técnico do Grupo de Trabalho (GT) criado


pela Portaria conjunta SAEB/SEFAZ/PGE nº 0001/2015, a
conveniência e oportunidade de implantar ou utilizar o Sistema de
Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV) adotado
pela União, apresentando a este Tribunal, em prazo razoável, as
razões técnicas que eventualmente justifiquem a não adesão ao
referido sistema.

Por fim, requer este Parquet que seja determinada a autuação do Contrato nº.
01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins de exame
individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na forma
preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do Regimento
Interno do TCE/BA, tendo em vista a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de
vigência contratual, bem como a atipicidade do procedimento de sua celebração.

É o parecer.

Salvador/BA, 25 de maio de 2016.

DANILO FERREIRA ANDRADE


Procurador-Geral do Ministério Público de Contas

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


456 PROCURADORIA-GERAL
Declaração de Voto – Conselheiro Marcus Presídio

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


11
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PROCESSO: TCE/002434/2016
NATUREZA: RELATÓRIO E PROPOSTA DE PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO
CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DA BAHIA
RESPONSÁVEL: GOVERNADOR RUI COSTA SANTOS
EXERCÍCIO: 2015
RELATOR: CONSELHEIRO JOÃO EVILÁSIO VASCONCELOS BONFIM

DECLARAÇÃO DE VOTO

Trata-se da Prestação de Contas Anuais do Governo do Estado da Bahia, referente


ao exercício 2015, de responsabilidade do Excelentíssimo Governador Rui Costa Santos.

A Prestação de Contas foi apresentada tempestivamente a esta Corte, nos termos do


art. 91, inciso I da Constituição do Estado da Bahia e do art. 12, da Lei Complementar nº
05/91

A presente análise, com a consequente emissão de parecer prévio, subsidiará o


julgamento a ser realizado pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, com
fundamento no art. 71, inciso IX da Constituição, e versará, conclusivamente, sobre a gestão
orçamentária, patrimonial e financeira do respectivo exercício.

Inicialmente, cumprimento os trabalhos desenvolvidos sob a liderança do


Excelentíssimo Senhor Conselheiro Relator João Evilásio Vasconcelos Bonfim que, a
despeito da Resolução nº 164/2015, deste Tribunal, estabelecer rotinas e metodologias
dedicadas à emissão do Relatório e do Parecer Prévio aplicáveis às contas a partir do
exercício de 2016, antecipou-se, entregando à sociedade baiana Relatório de Contas de
Governo e Proposta de Parecer Prévio com os aperfeiçoamentos previstos nesta norma.

Assim, o Relatório foi composto da seção analítica, elaborada pelos órgãos técnicos
desta Casa e da seção conclusiva, de lavra do Conselheiro Relator. Está acompanhado de
Proposta de Parecer Prévio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, exercício de
2015, opinando pela sua aprovação, com recomendações, e expedição de alerta quanto ao
atingimento do limite de gastos com despesas de Pessoal e Encargos Sociais, previstas na
Lei de Responsabilidade Fiscal.

O documento apresenta uma análise dos resultados auditoriais, com a exposição dos
fatos e fundamentos, abordando elementos relativos: a) à observância dos limites
constitucionais e legais; b) à gestão orçamentária, financeira e patrimonial; c) ao
planejamento e à gestão das ações de política pública; d) ao controle interno; e) às
auditorias e inspeções; f) ao acompanhamento das deliberações do parecer prévio anterior;
e, g) à apuração do atingimento de resultados almejados por programas governamentais.

Ademais, apresenta suas conclusões, considerando o desempenho da economia


baiana no exercício, observando, inclusive, a conjuntura nacional e internacional e
correlacionando-as aos resultados verificados na análise da gestão.

Colho do Parecer do ilustre Conselheiro Relator informações pertinentes ao Sistema


de Controle Interno, no âmbito do Estado da Bahia. Neste sentido, verifico que,
corretamente, os auditores vislumbraram esse Sistema como diretamente egresso das
constituições federal e estadual1, da Lei Federal nº 4.320/642, bem como da Lei de
Responsabilidade Fiscal3, competindo-lhe, em suma, a verificação das falhas, ilegalidades e

1 Arts. 70 e 74 da Constituição Federal, art. 90 da Carta Estadual.


2 Arts. 75 a 78.
3 Art. 54 e 59

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 459


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

irregularidades das ações da Administração, propondo sempre a correção e saneamento


das fragilidades, inclusive dando ciência a este Tribunal das situações pertinentes, sob pena
de responsabilidade solidária4.

Do ponto de vista orgânico, e em homenagem a essas importantes competências, foi


identificada a necessidade de autonomia do Sistema de Controle, que não poderia bem
exercer os seus misteres em uma condição subalterna, pulverizada em diversos setores e
com baixa integração procedimental.

O Relatório apontou a carência atual de um órgão central de controle interno, como


organização formal e material, voltada ao efetivo cumprimento dos comandos legais citados
e como instrumento de concretização dos valores políticos e sociais vigentes no
ordenamento.

Ademais, identificou que as Coordenações de Controle Interno – CCI´s criadas ainda


não dispõem dos recursos necessários a garantir o pleno exercício de suas competências.

Da mesma forma, o Estado se ressente de órgão de central de acompanhamento e


avaliação financeira de contratos e convênios – OCAAF, previsto no art. 172 da Lei Estadual
de Licitações5. Nesse sentido, foi instituído6 Grupo de Trabalho, ainda em curso, objetivando
o desenvolvimento de estudos e a proposição de minutas dos instrumentos adequados ao
controle, ao acompanhamento e à avaliação financeira dos instrumentos referidos.

Entendo, a partir de minha experiência como gestor e como membro da Segunda


Câmara, que urge a implantação deste órgão específico para acompanhar, em especial, os
convênios firmados pela Administração, compreendendo da concepção dos termos à
avaliação das respectivas prestações de contas.

O presente trabalho de relatoria demonstrou, ainda, uma associação entre esses


reclames citados e o aprofundamento das iniciativas referentes às ações de transparência
pública, nos moldes tratados na Lei Federal nº 12.527/2011 e, claro, na Lei Estadual nº
12.618/2012, que velam pelo acesso à informação como uma experiência institucionalizada
de um Estado Democrático de Direito.

Foram descritas ações de promoção da transparência do Executivo, mas observado


que, no âmbito federal, o processo inicial de promoção e monitoramento dessas normas foi
atribuído, à época, à Controladoria Geral da União – CGU, atualmente convertida em
Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Outro aspecto que destaco do Relatório diz respeito ao atendimento dos limites
constitucionais e legais, para gastos com saúde, educação, pessoal, previdência,
endividamento e parcerias público privadas.

Com efeito, a participação das despesas próprias com saúde na receita de impostos
líquida e transferências constitucionais e legais ultrapassou até o limite constitucional de
12%, atingindo 12,69%. Quanto à educação, superou o mínimo anual de 25% das receitas
de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino, pontuando 27,96%.

Os gastos globais com o Grupo de Despesa – Pessoal e Encargos Sociais


ultrapassaram o limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, tanto no
consolidado (cujo limite prudencial é de 57%), que reúne todos os entes do Estado, quanto
no referente ao Poder Executivo (cujo limite prudencial foi fixado em 46,17%).

4 Art. 74 da Constituição Federal de 1988.


5 Lei Estadual nº 9.433/05
6 Portaria Conjunta SAEB/SEFAZ/PGE nº 001, de 22/12/2015, com prazo de conclusão dos trabalhos de 180 dias.

460 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto
Conselheiro Marcus Presídio

Esse aspecto se confirmou no resultado dos cálculos publicados pela Administração


(57,44% e 47,61%, respectivamente), assim como por meio dos critérios aplicados pelos
auditores deste Tribunal (58,17% e 48,33%, respectivamente), aferidos no último
quadrimestre do ano em apreço.

Foram observados os limites de gastos com a Previdência Oficial do Estado,


previstos na LRF, bem como o cumprimento, pelo Estado, dos limites para a liberação de
créditos, o montante global das operações de crédito realizadas, os dispêndios, a dívida
consolidada líquida e a concessão de garantias de valores.

O total de despesas de parcerias público-privadas foi inferior ao limite de 5%7,


estabelecido pela Lei Federal nº 12.766/12, para obter da União a concessão de garantias e
transferência voluntária.

E, por fim, o resultado primário realizado em 2015 foi negativo em cerca de R$570
milhões, em conformidade com a meta fiscal alterada da LDO que era de até 1 bilhão e 250
milhões de reais, negativo. Já a meta do resultado nominal8 não foi alcançada, acarretando
em um acréscimo da dívida pública líquida no valor aproximado de 4 bilhões e 700 milhões
de reais.

No geral, verifico que a gestão fiscal foi adequada, apesar da desaceleração


econômica ocorrida, tendo o comportamento das principais contas sido compatível com a
realidade histórica e, de certa forma, refletido as principais ações governamentais para
sujeitá-la aos critérios legais estabelecidos, inclusive nas leis orçamentárias vigentes.

Assim, VOTO para que este Tribunal acolha a proposta de Parecer Prévio
apresentada pelo Exmo. Senhor Conselheiro Relator, João Evilásio Vasconcelos Bonfim, no
sentido de opinar favoravelmente quanto à aprovação, pela augusta Assembleia Legislativa
do Estado da Bahia, das contas do Chefe do Poder Executivo, referentes ao período de 01
de janeiro a 31 de dezembro de 2015, liberando de responsabilidade o Excelentíssimo
Senhor Governador do Estado da Bahia, Rui Costa Santos. No que se refere às
recomendações propostas, sugiro as alterações abaixo, e acompanho as demais, à exceção
da “Recomendação Especial”.

a) alteração redacional

24) garanta a possibilidade de interpor recursos por meio do Sistema de


Ouvidoria e Gestão Pública – TAG, bem como a sua devida análise, instrução
e julgamento. (item 2.2.4);

29) inclua no cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, o


montante relativo à prestação de serviços temporários – PST, que se refira à
substituição de servidores, conforme entendimento desta Corte e do
Ministério Público de Contas – MPC, sem prejuízo da adoção de providências
que visem a descontinuar este tipo de contratação. (item 2.4.4.2);

7 Representativo de R$ 328,371 milhões, correspondente a 1,21% da Receita Corrente Líquida.


8 representa a diferença entre o saldo da dívida fiscal líquida, no final do exercício, em relação ao ano anterior

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 461


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

b) inclusão de recomendação

44) Elabore Plano de Ação relacionado às ações a serem empreendidas no


sentido de atender às recomendações contidas neste Parecer Prévio, bem
como aquelas pendentes de implementação e constantes do Parecer Prévio
das Contas de Governo de 2014, estabelecendo prazos e responsáveis.

É o VOTO.

Em 07 de junho de 2016.

Cons. Marcus Presídio

462 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado – Conselheiro Pedro Lino

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


11
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RELATÓRIO E PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO PODER EXECUTIVO


EXERCÍCIO DE 2015

VOTO EM SEPARADO

INTRODUÇÃO

Inicio meu voto destacando a iniciativa do Exmo. Sr. Cons. João Bonfim que resolveu
orientar sua Relatoria pelos ditames da Resolução nº 164/2015, que aprovou
"Procedimentos para Emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas de Governo no
âmbito do TCE/BA", embora suas disposições somente serão aplicadas a partir do exercício
de 2016.

Não obstante a Resolução encontrar-se em transição, consta da presente proposta de


Parecer Prévio, de forma pioneira, a Seção Analítica, correspondente à consolidação dos
apontamentos dos auditores, integrantes das sete Coordenadorias de Controle Externo.

Corroborando o registro do Exmo. Cons. Relator, esta nova metodologia faz jus a qualidade
técnica dos Auditores desta Casa e contribui para a segregação de responsabilidades e
consequente evolução do controle externo a cargo do TCE/BA.

Neste sentido, destaco, ainda, duas auditorias operacionais, dentre os trabalhos realizados
durante o exercício de 2015, cujo resultado contribuiu significativamente para o exame das
presentes contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo. São elas:

1. Auditoria operacional na sistemática de elaboração, acompanhamento,


monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do ppa 2016-
2019 (TCE/007741/2015);

2. Auditoria Operacional No Projeto De Lei N.º 21.474/2015, Que Institui O Plano


Plurianual Participativo – PPA Do Estado Da Bahia Para O Quadriênio 2016-
2019 (TCE/009393/2015)

Sendo assim, procedo, agora, à narrativa e apresentação de pontos e aspectos, que me


pareceram relevantes na avaliação do primeiro ano de gestão do Exmo. Sr. Governador do
Estado Rui Costa, para, sobre isso, emitir uma opinião.

1. AVALIAÇÃO DO PLANEJAMENTO E GESTÃO GOVERNAMENTAL

Os auditores, quanto à avaliação da sistemática de elaboração do Plano Plurianual,


constataram que as fragilidades encontradas contribuem para construção de PPAs pouco
eficazes no direcionamento das ações de governo e, consequentemente, com pouca
condição para serem monitorados e avaliados.

O que se verificou, no exercício de 2015, durante o processo de elaboração do PPA


2016/2019, foi a reincidente fragilidade da estrutura de planejamento estadual para
elaboração do plano plurianual para o quadriênio, corroborando trabalhos anteriores,
realizados no âmbito da própria Secretaria de Planejamento, citados no Relatório e Parecer
Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo, exercício 2014.

Embora os auditores tenham afirmado a existência de avanços no processo de realização


das escutas sociais para elaboração do PPA Participativo, em relação à estrutura e
operacionalização do PPA 2012-2015, o Estado ainda carece de condições básicas para

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 465


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

viabilizar a construção de um instrumento que efetivamente norteie a condução das ações


do governo e das diversas secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, com vistas
ao alcance dos anseios da sociedade e ao desenvolvimento do Estado.

No que se refere ao acompanhamento realizado em 2015, dos instrumentos de


planejamento (PPA, LDO e LOA), os auditores registram:

• dentre os 61 Programas de Governo, 25 foram definidos como prioridades da


Administração por meio da LDO/2015, com destaque para “Pacto pela Vida”,
“Mobilidade e Acessibilidade Urbana”, “Justiça Presente1“ e “Água para Todos - PAT”,
que juntos representaram 83% do aporte de recursos orçamentários destinados aos
programas prioritários (R$11,5 bilhões), restando 36 como Programas não
prioritários.

• os Programas “Ações de Apoio Administrativo do Poder Executivo” e “Operações


Especiais” que se referem a créditos orçamentários destinados à manutenção do
Poder Executivo e outros compromissos financeiros do Estado, representaram juntos
44,86% dos recursos orçamentários atuais da LOA/2015,

• considerando o montante de recursos do orçamento atual dos programas prioritários


estabelecidas pela LDO 2015 (R$11,5 bilhões) e o resultado da sua execução
orçamentária, conclui-se que, mesmo com a suplementação de recursos, o montante
efetivamente aplicado (R$8,2 bilhões) manteve-se abaixo do inicialmente orçado
(R$9 bilhões);

• 12 Programas (48%) dos 25 prioritários [dos quais 11 estão sob a responsabilidade


do Poder Executivo] apresentaram baixa execução, posicionando-se com
percentuais de realização abaixo dos 50%; e

• a execução dos programas não prioritários apresentou melhor desempenho em


relação aos Programas prioritários;

Os auditores constataram também deficiências na estrutura estadual para


acompanhamento, monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015. Além de não haver o
dimensionamento das metas por exercício, de forma a melhor direcionar a
operacionalização anual do Plano, observou-se também a inexistência, no Relatório de
Avaliação da Execução do último ano do PPA, de demonstração do grau de cumprimento
das metas estabelecidas para o quadriênio.

A ausência destas informações no Relatório de Avaliação da Execução do PPA, segundo os


auditores, fere o disposto na Lei Federal de Acesso à Informação que, em seu art. 7º, impõe
a publicação de dados mínimos para a efetivação do princípio da transparência pública.
Ademais, cumpre lembrar que a Constituição Estadual, em seu art. 90, estabelece a
obrigação de manutenção de controle interno, com o objetivo de avaliar o cumprimento das
metas e execução dos programas do PPA.

Ocorre que, as deficiências nesse monitoramento, somadas às fragilidades apresentadas no


processo de elaboração e compatibilização dos instrumentos, refletem-se na qualidade dos
demonstrativos RAPPA e do RAG, que são peças que compõem a prestação de contas
do Governo do Estado da Bahia, relativa ao exercício de 2015.

1 Sob responsabilidade do Poder Judiciário.

466 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado
Conselheiro Pedro Lino

Neste sentido, os auditores registram que, em 14/04/2016, a publicação do Relatório de


Avaliação do PPA de 2015 (RAPPA), encaminhada ao Poder Legislativo, como anexo do
relatório da prestação de contas anual, foi retirada do sítio da Secretaria de Planejamento,
sendo republicada nova versão, na qual foram efetuadas as correções dos percentuais de
execução orçamentária, diferente da que foi encaminhada ao Poder Legislativo, quando da
prestação de contas anual do Chefe do Poder Executivo.

Assim, os auditores concluem que diante das fragilidades verificadas em todo o Relatório de
Avaliação do PPA 2012-2015, RAPPA 2015, verifica-se que a avaliação do cumprimento das
metas dos compromissos do PPA não foi apresentada e que o sistema de controle interno
do Poder Executivo mostra-se frágil para avaliar a execução dos Programas de Governo,
bem como seus resultados na aplicação dos recursos públicos, como preceitua o art. 90 da
Constituição Estadual.

Novamente, neste ano, volto a externar a imensa gravidade desta situação: que a
economicidade, eficiência e eficácia das ações dos programas governamentais, devem ser
objeto de controle por parte da administração, e esta é uma das principais diretrizes da Lei
de Responsabilidade Fiscal.

Portanto, resta patente que não se trata de mera infringência, mas de grave infração
administrativa à LRF, posto que, sem saber se quais metas, objetivos e resultados foram
atingidos pelo Estado, não há governo, por ausência de gestão e de controle efetivo das
metas, programas e diretizes - orçamentárias e programáticas.

É que, a LRF integra o conjunto de medidas do Programa de Estabilidade Fiscal – PEF,


apresentado à sociedade brasileira; e quatro são os eixos da Lei de Responsabilidade Fiscal
– LRF: a) Planejamento, b) Transparência, c) Controle e d) Responsabilização.

2. AVALIAÇÃO DA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL

Da análise técnica realizada pelos auditores, sobre as Demonstrações Contábeis


apresentadas, com ênfase nos números representativos do Poder Executivo, principalmente,
em relação às informações necessárias à avaliação da gestão Orçamentária e Patrimonial
do Estado, verificou-se a prática reiterada de alteração de Demonstrativos Fiscais após a
sua publicação.

Tal situação caracteriza deficiência de controle ou adoção inadequada de rotina para


cumprimento dos prazos de publicação, distorcendo a real situação do Estado, uma vez
que, segundo os auditores, no último quadrimestre de 2015, os Demonstrativos Fiscais
foram alterados após a edição das DCCEs – Exercício de 2015, encaminhadas a esta
Corte de Contas como parte integrante das Contas do Governador.

Ademais, das análises promovidas nos principais bens, direitos e obrigações apresentados
no Balanço Patrimonial, os auditores verificaram a ausência de comentários importantes
sobre a composição, os procedimentos contábeis adotados e a evolução dos saldos
apresentados, bem como inconsistências ou falhas de controle interno que repercutem na
adequada interpretação da real situação de realização dos créditos a receber, da efetiva
representatividade financeira dos investimentos e bens de propriedade do Estado, além da
integridade e consistência do montante das obrigações existentes ao final do exercício de
2015.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 467


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.1 RECONHECIMENTO DE RECEITA AUFERIDA EM 2014 CONSIDERADA COMO


RECEITA DE 2015

O Poder Executivo estadual destinou ao FUNPREV o valor de R$ 300 milhões, obtidos por
meio do Contrato nº. 01/2014, celebrado com o Banco do Brasil S.A., em 19/12/2014, para a
prestação de diversos serviços relacionados à centralização e ao processamento da folha
de pagamento dos servidores do Estado, à centralização e processamento da
movimentação financeira da Conta Única do Tesouro (CUT), às transferências
constitucionais, e centralização de recebimentos e das aplicações financeiras do Estado,
dentre outros.

O referido montante foi registrado como receita intra-orçamentária do FUNPREV em julho de


2015, a partir de orientação jurídica e contábil da Procuradoria-Geral do Estado, entretanto,
a mesma receita já havia sido objeto de registro orçamentário e patrimonial na Unidade
Encargos Gerais no ano anterior, quando se deu a sua efetiva arrecadação, não se
mostrando adequada a sua apropriação integral como receita intra-orçamentária própria do
FUNPREV no exercício de 2015.

O reconhecimento de receita em exercício diverso daquele em que ocorreu a sua efetiva


arrecadação, desatende ao regime de apuração de receitas públicas previsto no art. 35,
inciso I, da Lei nº. 4.320/64 (regime de caixa), segundo o qual pertencem ao exercício
financeiro as receitas nele arrecadadas.

Ademais, segundo os auditores, a análise do objeto contratual evidencia que, da totalidade


dos serviços bancários a serem prestados, apenas uma parcela guardava relação com o
gerenciamento dos recursos de titularidade do FUNPREV, razão pela qual o resultado
financeiro da avença não poderia ser apropriado, em sua integralidade, como receita própria
do FUNPREV. Deveria a Administração ter promovido a prévia avaliação do valor econômico
dos serviços relacionados ao FUNPREV, tomando por base o volume relativo de transações
e aplicações financeiras ou outro critério mais adequado às circunstâncias, em ordem a
definir a proporção do valor pactuado que caberia ao fundo previdenciário a título de receita
própria.

Considerando-se que o Contrato com o Banco do Brasil estabelece que apenas parte dos
serviços serão prestados aos fundos previdenciários, e, sendo as receitas contabilmente
registradas no exercício de 2014, acarretando nos respectivos efeitos no resultado
orçamentário e patrimonial para o Estado, a transferência financeira para o FUNPREV,
efetivada em 2015, deveria ser caracterizada como ato administrativo distinto, tendo em
vista as informações da própria Administração, que demonstram ser o principal elemento
motivador a redução do déficit do regime previdenciário relativo ao FUNPREV.

Acerca desse achado, reforça o Parecer do MPC, que os procedimentos contábeis devem
refletir o ato administrativo considerando-se sua essência, qual seja, aporte de recursos para
o Funprev para cobrir resultado deficitário. Assim, a apropriação integral dos valores obtidos
por meio do referido contrato como receita própria do FUNPREV, quando deveria sê-lo
apenas parcialmente, e no mês de sua efetiva arrecadação, pode – dentre outros possíveis
reflexos – eventualmente impactar na apuração dos limites da despesa total com pessoal
dos órgãos e poderes do Estado da Bahia, tendo em vista o disposto no art. 19, § 1º, inciso
VI, alínea “c”, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Assim, considerando a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de vigência do


Contrato nº 01/2014, bem como a atipicidade do procedimento de sua celebração (distrato
de contrato administrativo anterior nº 01/2012, de 29/06/2012, sucedido de novo contrato
entre as mesmas partes, com mesmo objeto e modificação do fluxo de pagamentos
originariamente definido), requer o MPC, que seja determinada a autuação da referida

468 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado
Conselheiro Pedro Lino

avença para fins de exame individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste
Tribunal, na forma preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes,
todos do Regimento Interno do TCE/BA.

2.2 SUBAVALIAÇÃO DE DESPESAS

Foram realizadas despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no montante R$ 1,7 bilhões,


correspondente a 6,2% da RCL do exercício (4,3% da receita total arrecadada), por todos os
Poderes.

Apesar de o procedimento ser amparado por dispositivos legais, deve ser considerado na
condição de exceção, pois a regra-geral é o reconhecimento dentro do período de
competência da despesa, devendo ser respeitadas as disposições da legislação, em
especial as de natureza orçamentária previstas na Lei n. 4.320/1964, principalmente o
descrito no art. 37, que define as circunstâncias para a formalização de despesas na
condição de DEA.

O montante de despesas realizadas vem crescendo nos últimos anos, e em 2015, em


relação ao Poder Executivo estadual (R$ 1,5 bilhão), foi superior em 78,9% ao montante
executado no ano anterior, o que tem um agravante a mais, frise-se, pois grande parte
desse montante foi decorrente do último ano do mandato do ex-governador Jacques
Wagner.

Segundo os auditores, as falhas nas estimativas do total de despesas, utilizadas na


elaboração da Lei Orçamentária Anual, contribuem, de forma determinante, para o
processamento da despesa como DEA.

Ademais, a inobservância dos princípios e dispositivos constitucionais, de regramentos


legais, bem como as falhas na elaboração da LOA, as deficiências nos controles internos e
as inconsistências na contabilização das despesas no exercício próprio, impactam
diretamente nos saldos apurados nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado
(DCCEs) do exercício em análise, tanto pelo efeito das despesas, de 2014, contabilizadas
neste exercício, como, daquelas reconhecidas em 2016, porém inerentes à 2015.

Foram realizados exames pela Auditoria, quando da análise das presentes contas de
Governo, a partir de critério amostral, tendo sido verificado que houve crescimento de
pagamentos por meio DEA nas três categorias de gastos (Pessoal, despesas correntes e
investimentos).

Da análise dos processos de pagamento de DEA no Poder Executivo verificou-se a


ausência de elementos ou informações, descritos de forma suficiente para “fundamentar as
razões do não processamento no momento oportuno”, em consonância com o art. 3º do
Decreto n.º 181-A/1991, bem como imprecisão quanto aos detalhes, à natureza e origem da
despesa, ao período que se referem (competência), e ausência de indicação da rubrica
orçamentária a que estaria vinculada nos exercícios anteriores.

Neste sentido, os auditores entendem a necessidade da Administração promover um


reexame aprofundado para determinar o impacto total dessas despesas nas DCCEs de
2015 e de 2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 469


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2.3 LIMITAÇÃO DO CONTROLE E TRANSPARÊNCIA DOS GASTOS DO ESTADO COM


PROPAGANDA E PUBLICIDADE

A despesa realizada com propaganda, promoção e divulgação das ações do Estado,


inclusive aquela destinada à publicação legal, para o exercício de 2015, considerando-se as
empresas que integram o Orçamento de Investimentos, totalizou R$ 138,9 milhões, sendo
R$ 130,3 milhões com Comunicação de Governo e R$ 8,6 milhões com propaganda e
publicidade das empresas constantes do orçamento de investimentos.

Embora tenha representado um decréscimo nominal de 9,98% em relação aos gastos do


exercício anterior, cujo montante foi de R$ 154,3 milhões, há de se ressaltar que a mudança
de sistemática da contabilização com a implantação do sistema FIPLAN em 2013, causou
limitação na transparência desses gastos e consequentemente na atuação dos órgãos de
controle.

Ademais, decorridos cinco anos das primeiras recomendações dos auditores deste TCE, o
Estado não concluiu, ainda, a elaboração dos instrumentos de planejamento recomendados
por normas da Administração Pública, para uma eficiente e eficaz execução de suas ações
de comunicação pública conexas com o controle e transparência dos gastos do Estado com
propaganda e publicidade.

Tal é a importância do controle desses gastos, que o montante aplicado em 2015 foi superior
aos recursos gastos na execução de programas de governo, inclusive definidos como
prioritários pela LDO, tais como: “Enfrentamento da Violência Contra as Mulheres” (R$ 5,3
milhões), “Autonomia das Mulheres” (R$ 5,7 milhões), “Regularização Fundiária e Reforma
Agrária” (R$ 5,7 milhões), “Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades
Tradicionais” (R$ 3,6 milhões) e “Proteção Social” (R$ 39,9 milhões).

2.4 INCONSISTÊNCIAS NO DEMONSTRATIVO DE DISPONIBILIDADE DE CAIXA E DOS


RESTOS A PAGAR

Da análise do Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar do exercício


de 2015, os auditores apuraram uma série de falhas relacionadas aos controles e registros
das disponibilidades do Poder Executivo, resultando em erros e distorções nesse
demonstrativo. Em virtude dos questionamentos da auditoria, em 09/05/2016, foi emitido
novo Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar, republicado no DOE
de 13/05/2016.

Desde o exercício de 2011, quando o Estado da Bahia implementou a demonstração da


disponibilidade por destinação de recursos, o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e
dos Restos a Pagar apresenta fontes com saldo disponível líquido negativo. No exercício de
2015, essa situação permaneceu inalterada.

Ademais, os auditores ressaltaram que a partir do exercício de 2015, com o detalhamento


das obrigações financeiras e o acréscimo das colunas “Restos a Pagar Empenhados e não
Liquidados do Exercício” e “Empenhos não Liquidados Cancelados (Não Inscritos por
Insuficiência Financeira)” no Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a
Pagar, ficou evidente a inscrição em restos a pagar não processados de despesas
orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem suficiência de caixa. Além disso,
através dessas mesmas fontes já foram pagas despesas, até 16/05/2016, por meio de
DEA, em valores que perfazem R$ 522,4 milhões.

Nesse sentido, os auditores recomendam que o Estado elabore um plano de recomposição


das fontes não vinculadas, o que impõe a programação de um esforço fiscal, associada a
uma gestão orçamentária e financeira mais eficiente.

470 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado
Conselheiro Pedro Lino

Assim como no ano anterior, foi apurado também que não vem sendo realizado
sistematicamente as conciliações bancárias da Conta CUTE, cujo saldo contábil, em
31/12/2015, era de R$ 321,8 milhões enquanto o constante no extrato bancário, na mesma
data era de R$ 417,4 milhões. Essa divergência, assim como a representatividade dos
valores envolvidos, segundo os auditores, reforçam a necessidade do acompanhamento
desses saldos.

Ademais, considerando-se o volume de recursos que transitam pela citada conta, o que
demonstra ser esta uma área de risco, deveria ser mantida uma estrutura de controle mais
robusta, evitando-se possíveis incorreções nos registros contábeis, nos lançamentos
oriundos da instituição financeira no extrato. Concluem os auditores que os controles
internos ainda não são suficientemente estruturados de forma a permitir, com razoável nível
de segurança, a avaliação e adequação do saldo contábil apresentado, deficiência que
permanece desde a implantação do FIPLAN, em 2013, portanto, há mais de 3 anos.

3. AUSÊNCIA DE SISTEMA DE CONTROLE INTERNO NOS MOLDES DA CF

Segundo os auditores, com a institucionalização em 2015, das Coordenações de Controle


Interno (CCI) na administração direta e de unidades correlatas na administração indireta,
operadas pelo advento da Lei Estadual n.º 13.204/2014, apesar de tratar-se de medida de
aprimoramento da gestão da administração pública, buscando a estruturação de um sistema
de controle interno no âmbito do Estado da Bahia, tal como reclamado pela Constituição
Federal, ainda não se vislumbra, no âmbito do Poder Executivo, a sua efetivação.

Tal constatação se confirma a partir de todas as deficiências de controle apresentadas no


relatório dos auditores, bem como do resultado da pesquisa obtida mediante coleta das
informações constantes dos Anexos V e VI da Resolução TCE/BA n.º 192/2014 [modificada
pela Resolução TCE/BA n.º 153/2015], cujos documentos foram apresentados pelos
próprios jurisdicionados, quando da prestação de contas de gestão de suas unidades,
relativas ao exercício de 2015.

Assim, os auditores consideram que a estrutura sistêmica existente ainda é insuficiente e


pulverizada, tendo em vista:

• pouca autonomia dos servidores lotados nas CCIs, uma vez que grande parte é
ocupante de cargo comissionado, em detrimento da independência proporcionada
pela sujeição ao regime impessoal e isonômico da seleção por concurso público;

• formação técnica precária e pouca experiência dos servidores lotados nas CCIs, em
desacordo com a recomendação constante da própria Orientação Técnica AGE n.º
01/2015, de que os servidores lotados nessas unidades devem ter capacitação
profissional necessária e desejável formação de nível superior;

• rotatividade de pessoal nas CCIs;

• quantidade de pessoal incompatível com o volume de atividades das CCIs,


principalmente nas grandes Secretarias;

• planejamento das atividades sem visão estruturada, pela falta e uso adequado de
ferramentas de Tecnologia de Informação (TI) apropriadas;

• não avaliação dos aspectos operacionais e de eficiência, com ênfase na legalidade,


considerando que o decreto regulamentador das atividades das CCIs foi tímido no
detalhamento das atribuições das referidas unidades setoriais de controle, limitando-
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 471
Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

se a dispor que as atividades por elas desempenhadas compreendem as funções de


acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial;

• baixa articulação com as unidades de controle interno da administração indireta e


baixo intercâmbio de experiências; e

• limitação de pessoal para a Auditoria Geral do Estado (AGE) desempenhar todas as


suas atividades definidas em lei.

De uma forma geral, concluem os auditores, o que se vê são ações de controle viabilizadas
por setores dispersos, de forma pulverizada e com baixa integração entre os procedimentos
adotados, que associadas à ausência de um órgão central dotado de competência para
promover a coordenação e articulação sistêmica das unidades setoriais, nos moldes de uma
Instituição autônoma e independente, com atribuições próprias e desvinculadas das Pastas
de Estado e com carreira de estado, acabaram comprometendo o alcance das finalidades
constitucionalmente atribuídas ao sistema de controle interno (art. 74 da CF), notadamente
no que concerne à avaliação dos resultados da gestão pública em termos de eficácia,
eficiência e efetividade.

4. RESULTADO DA AUDITORIA OPERACIONAL DE CUMPRIMENTO DA LEI DE


ACESSO À INFORMAÇÃO 2

Por meio dos exames auditoriais, constatou-se que apenas 24 (35,82%) dos 67 órgãos e
entidades do Executivo Estadual apontaram a existência de agente de monitoramento da Lei
de Acesso à Informação designado por ato formal e que parte dessas designações só
ocorreu no decurso da auditoria deste TCE.

Quanto à Transparência Ativa, os sítios na Internet dos órgãos e entidades do Executivo


Estadual não dispõem da totalidade das informações mínimas, determinadas na Lei Federal
n.º 12.527/2011, dentre as quais, registro de despesas, informações concernentes a
procedimentos licitatórios e dados gerais para o acompanhamento de programas, ações e
projetos.

Quanto à Transparência Passiva, os auditores detectaram a existência de 15 órgãos e


entidades que não possuem local específico e apropriado para o funcionamento do Serviço
de Informações ao Cidadão (SIC). Embora a obrigação imediata de disponibilizar espaço
adequado para o atendimento presencial seja dos dirigentes máximos dos órgãos e
entidades do Poder Executivo, é dever do Estado indicar formalmente órgão(s) para atuar
na coordenação da LAI, os quais devem instruir e orientar as unidades da Administração
Pública Estadual quanto o direito fundamental de acesso à informação.

5. OUTRAS IRREGULARIDADES DESTACADAS DO RELATÓRIO DOS AUDITORES

5.1 LIMITE DAS DESPESAS COM PESSOAL ACIMA DO LIMITE PRUDENCIAL

Os auditores verificaram que os percentuais de gastos com pessoal do Poder Executivo e


do Consolidado de todos os Poderes e Órgãos correspondem a 48,33% e 58,71% da RCL,
respectivamente, estando acima do limite prudencial, previsto no art. 59 da LRF.

E, ainda que se exclua do cômputo das despesas com pessoal os valores registrados pelo

2 TCE/013091/2014.

472 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado
Conselheiro Pedro Lino

Ministério Público e Tribunal de Justiça, relativos aos Abonos de Permanência, Férias e


Pecuniário, e aqueles identificados pela auditoria, pertencentes ao Poder Executivo, o
limite das despesas com pessoal do Poder Executivo e do consolidado permanecem acima
do limite prudencial (47,65% e 58,49%, respectivamente).

Acerca da exclusão das despesas com pessoal, relativas ao Abono Permanência, Abono de
Férias e Abono Pecuniário, com base na decisão, por maioria de votos, proferida na
Resolução n.º 031/2016 deste TCE, os auditores entendem que tal decisão está em
desalinho com a Portaria n.º 553, de 22/09/2014, expedida pela STN do Ministério da
Fazenda, que orienta pela inclusão desses gastos.

5.2 DESEQUILÍBRIO FINANCEIRO NO ÂMBITO DA SEGURIDADE SOCIAL DOS


SERVIDORES

No exercício de 2015, os gastos realizados no âmbito da seguridade social (FUNPREV,


FUNSERV e BAPREV) importaram em R$6,9 bilhões, representando 19,54% do total das
despesas liquidadas do Poder Executivo, tendo aumentado em 13,89% em relação a
31/12/2014.

Os auditores concluem que há um importante comprometimento da Receita Corrente


Líquida (RCL) com o aporte de recursos para cobertura do desequilíbrio financeiro, tendo
como consequência a redução dos recursos disponíveis para o custeio ou investimento em
outras áreas de atuação da Administração Pública.

Ademais, de acordo com a avaliação atuarial, o déficit do FUNPREV foi de R$165,9 bilhões,
e no que concerne ao BAPREV, o relatório de avaliação atuarial apontou superávit no valor
de R$602,5 milhões.

5.3 RESULTADO PRIMÁRIO DEFICITÁRIO

Quanto ao Resultado Primário (ou fiscal) do exercício de 2015, decorrente das receitas e
despesas, em comparação com o exercício de 2014, concluem os auditores:

“pode-se inferir que houve uma piora nas contas públicas do Estado, reflexo da crise
econômica vivenciada pelo Brasil no exercício de 2015. Em 2014, obteve-se um
Resultado Primário positivo para pagamento dos serviços das dívidas interna/externa,
embora no 3º quadrimestre a situação já tenha sido desfavorável e em 2015 ele foi
negativo, o que é preocupante, vez que o déficit primário indica financiamento de
gastos não financeiros que excedem as receitas não financeiras, gerando crescimento
da dívida.”

Tal situação foi admitida pelo próprio Governador do Estado Rui Costa, em sua mensagem
na reabertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa, em 01/02/2016, a seguir transcrita:

“Posso afirmar que o ano de 2015 foi marcado por dificuldades. No meu discurso feito
aqui, um ano atrás, sublinhei a importância da crise econômica e política que nos
avizinhava e que, posteriormente, se demonstrou ainda mais forte que os prognósticos
iniciais. Isso teve rebatimento sobre a Bahia, tanto nas receitas do Estado como nas
finanças dos nossos municípios. São recursos que deixaram de entrar para fazer
frente às ações prioritárias, como nas áreas de saúde, de segurança, de infraestrutura
viária ou de educação.”

[…]

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 473


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

“Outro ponto sensível é que acabamos de publicar um relatório técnico que demonstra
que o nosso gasto com pessoal, no último quadrimestre de 2015, ultrapassou em
1,44% o limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de
46,17% das receitas correntes líquidas. Isso implica em restrições legais que podem
dificultar ainda mais as ações do Estado, como o impedimento de criar cargos,
reestruturar carreiras e realizar novas contratações”

Finalizando, ressalto, aqui, importante conclusão dos auditores de que a partir da análise
do Relatório de Acompanhamento das ações propostas no Plano de Ação, apresentado pela
Comissão coordenada pela AGE, verificou-se que das 61 recomendações indicadas no
Parecer Prévio, apenas 2 foram atendidas, 29 não foram atendidas, 24 foram atendidas
parcialmente, e não foram identificadas iniciativas específicas para o atendimento de 6
recomendações.

Diante do exposto, teria, objetivamente, todos os elementos para indicar a


DESAPROVAÇÃO das presentes contas.

Entretanto, considerando tratar-se de exame das contas de governo de 2015, do


primeiro ano de gestão do Exmo. Sr. Governador Rui Costa, e que grande parte dos
achados descritos aqui são remanescentes da gestão anterior, apesar do Governo atual ter
tomado conhecimento das recomendações sugeridas no Parecer Prévio do exercício de
2014 e consequentemente ter apresentado um Plano de Ação no sentido de atender à
decisão deste TCE, sugiro a sua APROVAÇÃO, entretanto, entendo que devam ser
RESSALVADAS do juízo aprovativo, as seguintes irregularidades apontadas pelos auditores
desta Casa:

• fragilidades nos procedimentos contábeis empregados pela Administração Pública


estadual, gerando inconsistências e distorções, com destaque para os controles
contábeis e financeiros sobre as disponibilidades do Estado;

• retificações e republicações contínuas nos demonstrativos da LRF em 2015,


inconsistências nos saldos contábeis de contas do ativo e passivo nas DCCEs e
contabilização de receitas e despesas sem a observância do exercício de
competência, com implicações contábeis, orçamentários, fiscais e legais;

• processamento irregular em 2015 das despesas como DEA, à luz do que dispõe a
Lei 4.320/1964 e as formalidades do Decreto nº 181-A;

• falha na apropriação integral dos recursos obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014,
celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A., como receita intra-
orçamentária própria do FUNPREV no exercício de 2015;

• ausência de sistema de controle interno nos moldes da Constituição Federal e


precariedade das Coordenações de Controle Interno existentes, as quais se
mostraram inadequadas quanto à avaliação dos resultados da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial, quanto à eficácia, eficiência e efetividade;

• inobservância das prescrições normativas contidas na Lei de Diretrizes


Orçamentárias – LDO, principalmente, no que se refere a alocação preferencial de
recursos em programas eleitos como prioritários; e

• falta de medidas administrativas efetivas, que solucionem ou mitiguem as graves


deficiências de controle interno identificadas no FIPLAN.

474 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Voto em Separado
Conselheiro Pedro Lino

Considerando que não cabe mais aqui expedir recomendações, tendo em vista que
as recomendações efetivadas nos pareceres prévios de exercícios anteriores não se
reverteram em ações objetivas por parte do Poder Executivo estadual, acompanho a
expedição de alerta sobre o fato das despesas de pessoal terem ultrapassado o limite
prudencial, e sugiro que sejam transformadas em DETERMINAÇÕES ao Exmo. Sr.
Governador do Estado, para correção das irregularidades apontadas pelos auditores deste
Tribunal, as demais recomendações propostas pelo Exmo. Sr. Conselheiro Relator João
Bonfim.
Acrescentando, ainda, as DETERMINAÇÕES propostas pelo MPC e transcritas a
seguir:
1) o Poder Executivo proceda, por meio das Coordenações de Controle Interno e
demais estruturas de controle interno, sob a articulação, coordenação e orientação técnica
da Auditoria Geral do Estado, à avaliação acerca cumprimento das metas previstas no plano
plurianual, bem como da eficácia, eficiência e efetividade da gestão orçamentária, financeira
e patrimonial;
2) adote as providências necessárias à devida institucionalização do Órgão Central
de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF),
observando as atribuições e competências previstas na Lei Estadual n.º 9.433/2005;
3) adote as medidas concretas para a efetiva implantação do Comitê Gestor de
Acesso à Informação (CGAI), nos termos do art. 28 da Lei Estadual n. 12.618/2012, a fim de
que, enfim, o referido órgão cumpra o desiderato proposto pela norma, no sentido de suprir
lacunas em matéria de transparência pública estadual, mormente quanto ao processamento
dos recursos legais previstos, classificação e desclassificação de informações sigilosas e
padronização da publicidade das informações divulgadas;
4) o Poder Executivo divulgue, nos seus sítios eletrônicos oficiais, as informações
relativas aos valores detalhados das remunerações dos agentes públicos estaduais, de
forma nominal e individualizada, em cumprimento ao dever de transparência dimanado do
princípio da publicidade (art. 37, caput, da CF) e do direito fundamental à informação pública
(art. 5o , XXXIII, da CF), bem como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF
c/c art. 8o , caput e § 2º da Lei de Acesso à Informação, trilhando, assim, o caminho já
desbravado por diversos outros órgãos da Administração Pública brasileira;
5) para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações públicas, como
forma de viabilizar o controle social e a bem do princípio da publicidade insculpido no art. 37
da Constituição Federal de 1988 c/c o art. 5º, inciso XXXIII, da mesma Carta Magna,
disponibilize no portal “Transparência Bahia” informações sobre convênios celebrados nos
exercícios 2013 e subsequentes;
6) adote as providências necessárias no sentido de descontinuar a política de
contratação de Prestadores de Serviços Temporários (PST) para o desempenho de
atividades próprias de servidores públicos;
7) adote, com urgência, as medidas administrativas necessárias ao aprimoramento
dos mecanismos específicos de controle interno relacionados ao processamento de
Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de modo a assegurar a utilização deste tipo de
procedimento em situações de estrita excepcionalidade, apurando-se, ademais, a
responsabilidade funcional dos agentes que eventualmente deem causa, de modo
injustificado ou sem justificativa razoável, ao não processamento de despesas públicas no
exercício de sua competência;
8) apresente a este Tribunal, por meio da Secretaria da Fazenda, no prazo máximo
de 120 (cento e vinte) dias, o resultado do reexame aprofundado e global das Despesas de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 475


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Exercícios Anteriores – DEA liquidadas nos anos de 2015 e 2016, avaliando a sua
adequação aos requisitos normativos aplicáveis e, especialmente, o impacto total de tais
despesas nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado referentes aos exercícios
de 2015 e 2016, com a consequente republicação dos demonstrativos devidamente
ajustados, e acompanhados de notas explicativas;
9) contabilize na Despesa Total com Pessoal, para fins de apuração dos limites
previstos nos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, os gastos desta natureza
efetuados como Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, quando a competência da
despesa estiver abrangida pelo período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF;
10) observe o regime legalmente previsto para a contabilização das receitas
públicas (regime de caixa), com a consequente correção da falha pontuada no item 2.4.2.1
(“Receitas Tributárias – Imposto de Renda Retido na Fonte”) do relatório técnico, avaliando
os seus impactos nos demonstrativos contábeis do Estado relativos aos exercícios de 2015
e de 2016, com a devida republicação acompanhada de notas explicativa;
11) adote as providências necessárias ao saneamento da irregularidade apontada
pela Auditoria no item 2.4.2.2 (“Receita contabilizada do FUNPREV”) do relatório técnico,
avaliando os seus impactos nas Demonstrações Contábeis do Estado relativas aos
exercícios de 2015 e de 2016, com a devida republicação acompanhada de notas
explicativas;
12) adote as medidas administrativas necessárias para aprimorar o planejamento e
a execução dos repasses de Quadro de Cotas Mensais (QMC) pela Secretaria da Fazenda,
de modo a garantir o adimplemento das obrigações pecuniárias assumidas pelo Estado
dentro do prazo legal ou contratualmente previsto, evitando, por consequência, o emprego
de recursos públicos para pagamento de encargos moratórios;
13) proceda à apuração, mediante processo administrativo próprio, das causas que
contribuíram para a realização de despesas públicas relacionadas ao pagamento de multas
e juros de mora, promovendo a responsabilização dos agentes públicos que eventualmente
tenham concorrido, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, para a consecução de tais
dispêndios;
14) adote as providências administrativas necessárias para assegurar o adequado
registro, nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado, de informações relativas
aos gastos realizados pela Administração Pública estadual com pagamento de multas e
juros moratórios;
15) para que sejam adotados mecanismos de registros de despesas que promovam
a alocação fiel e precisa dos custos dos programas governamentais, em ordem a permitir o
cumprimento do quanto previsto nos arts. 90, caput e II, da Constituição Estadual e 50, § 3º,
da LRF; e
16) que seja determinada a autuação do Contrato nº 01/2014, celebrado entre o
Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins de exame individualizado de sua
legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na forma preconizada pelo art. 5º, inciso
II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do Regimento Interno do TCE/BA, tendo em
vista a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de vigência contratual, bem como a
atipicidade do procedimento de sua celebração.

É o voto.

Sala das Sessões, 07 de junho de 2016.

CONSELHEIRO Pedro Henrique Lino de Souza

476 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto – Conselheira Carolina Costa

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


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PROCESSO: TCE/002434/2016
NATUREZA: Contas do Chefe do Poder Executivo Estadual
EXERCÍCIO: 2015
RESPONSÁVEL: Governador Rui Costa
RELATOR: Conselheiro João Evilásio Vasconcelos Bonfim

DECLARAÇÃO DE VOTO ESCRITA

Valendo-me da prerrogativa prevista no art. 93, §1º, do Regimento Interno deste Tribunal de
Contas, apresento declaração de voto escrita, por meio da qual farei algumas considerações
sobre a prestação de contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia, referente ao
exercício de 2015.

Inicialmente, gostaria de parabenizar o Conselheiro João Bonfim e a Equipe de Auditoria


pelo trabalho e pioneirismo no uso da nova normatização instituída pela Resolução nº
164/2015 que regulamenta a emissão do Relatório e Proposta de Parecer Prévio das Contas
de Governo no âmbito do TCE/BA, apesar do artigo 29 estabelecer a aplicação das
disposições normativas nos exercícios 2016 e 2017. Tal conduta demonstra o compromisso
do Conselheiro Relator com o aperfeiçoamento do exercício da função de Controle Externo.

A apreciação das contas prestadas anualmente pelo Chefe do Poder Executivo estadual,
para fins de emissão de parecer prévio, revela-se a competência constitucional mais
importante do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA). Embora seja a Assembleia
Legislativa da Bahia o órgão julgador das presentes contas, o parecer emitido por esse
Órgão de Controle contém elementos técnicos destinados a fundamentar o julgamento
político, orientar a gestão governamental e fornecer aos contribuintes informações para o
exercício do controle social.

1. PRELIMINAR
Data máxima e respeitosa vênia aos demais julgadores, invocando o art. 86, §§ 1º e 2º do
RITCE1, constato, na espécie, a necessidade da oitiva do Chefe do Executivo com a
finalidade de oportunizar o exercício constitucional do contraditório e da ampla defesa, no
que se referem aos apontamentos de irregularidades listados a seguir:

1 – Reconhecimento, em 2015, de receitas arrecadadas em 2013 e 2014, em


desobediência ao disposto no inciso I, art. 35 da Lei 4.320/642, o qual estabelece que
pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas (item 2.4.2.1 – fls.
128/129 e 183/184 do Relatório de Auditoria);
Os autos dão conta de que foi contabilizada a quantia de R$ 588.193.635,58 (quinhentos e
oitenta e oito milhões, cento e noventa e três mil, seiscentos e trinta e cinco reais e
cinquenta e oito centavos) como receita orçamentária do exercício de 2015, embora
tenha sido arrecadada nos exercícios de 2013 e 2014.

1 Art. 86. As questões preliminares ou prejudiciais serão resolvidas antes da apreciação do mérito. § 1º Levantada a
preliminar ou prejudicial, dar-se-á a palavra ao representante do Ministério Público para que se pronuncie a respeito.§ 2º
Versando a preliminar ou prejudicial sobre irregularidade sanável, o colegiado poderá converter o julgamento em diligência.
2 Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas;

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 479


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

2 – Pagamentos irregulares de despesas de exercícios anteriores, ocasionando


subavaliação de despesas, em decorrência da omissão na realização de empenhos
prévios, contrariando o quanto estabelecido no arts. 37 e 60 da Lei nº 4.320/643 (item
2.4.2.3 – fls. 128 e 131/140 do Relatório de Auditoria);

Foi detectada pela Auditoria a subavaliação de despesas, provocada pela omissão na


realização do prévio empenho, comprometendo a fidedignidade e transparência das
Demonstrações apresentadas (2014 e 2015), já que despesas que deveriam ser inscritas
em restos a pagar, compondo base de cálculos para análise de índices e demais resultados,
não foram consideradas, devido à ausência de registro tempestivo, como manda o art. 60 da
Lei 4.320/64.

3 – Contabilização indevida de receita intra-orçamentária no Funprev, com posterior


abertura de crédito orçamentário por excesso de arrecadação (item 2.4.2.2 – fls.
129/131 do Relatório de Auditoria);

No Relatório de Auditoria, foi registrada a contabilização em 07/2015, como receita intra-


orçamentária do Funprev, o montante de R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais),
referente ao Contrato nº. 01/2014, firmado entre o Estado da Bahia e Banco do Brasil em
19/12/2014. Muito embora tenha como objeto 29 serviços bancários, sendo apenas 2
referentes aos Fundos de Previdência, a totalidade do numerário foi creditada na Unidade
FUNPREV no exercício de 2015.

4 – Pagamento de multas e juros de mora, sem a devida evidenciação nas


Demonstrações Contábeis (item 2.4.2.4 – fls. 137/139 do Relatório de Auditoria); e

A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) apresenta saldo zero para o item
despesas com Juros e Encargos de Mora. Todavia, os exames auditoriais revelaram a
existência de despesas dessa natureza nos subelementos 16 (Tributos e Multas Quando
Previstos em Contratos) e 51 (Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas
a Tributos), no total de R$ 8.962.290,00 (oito milhões, novecentos e sessenta e dois
milhões, duzentos e noventa milhões), fls. 137/138 do Relatório de Auditoria.

Ademais, em resposta à solicitação da equipe auditorial, a Coordenação de Serviços


Auxiliares, unidade da estrutura da SAEB, responsável pelo monitoramento de despesas
com consumo de água e energia, apresentou um quadro demonstrativo, onde mostra que o
Estado da Bahia pagou de multas e juros de mora, em 2015, o montante de R$
6.846.000,00 (seis milhões, oitocentos e quarenta e seis mil) referentes às faturas
emitidas pela Embasa e R$ 2.188.000,00 (dois milhões, cento e oitenta e oito mil) das
faturas emitidas pela Coelba, fl. 139 do Relatório de Auditoria.

5 – Renúncia de receita sem evidência de que foi celebrado convênio no âmbito do


Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), como determina o art. 1º da Lei
Complementar n.º 24/1975 (item 2.4.3.5 – fls. 145/149 do Relatório de Auditoria).

Consta nos autos que o Estado da Bahia, durante o exercício 2015, desonerou uma parcela
de contribuintes de recolher tributos na ordem de R$2.580.811.000,00 (dois bilhões,
quinhentos e oitenta milhões, oitocentos e onze mil reais), conforme Tabela 56, fls.146.
Contudo, além da constatação de que grande parte dos recursos públicos é
renunciada de forma incompatível com a Constituição Federal (art. 155, § 2º, XII, g) e à

3 Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com
saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com
prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser
pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que
possível, a ordem cronológica. […] Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

480 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

margem do quanto exigido pela Lei Complementar n.º 24/1975 (art. 1º), os autos
também evidenciam que a fiscalização das empresas com benefícios fiscais, não vem
sendo realizada sob o argumento de insuficiência orçamentária (fls. 146/149 do
Relatório de Auditoria).

Excelentíssimos Senhores Julgadores, a ausência de manifestação por parte do gestor


público sobre as deficiências detectadas, em especial, as que se referem à superavaliação
da receita e subavaliação da despesa, bem como a falta de pronunciamento da Auditoria
sobre a completude das informações e das suas respectivas justificativas comprometem a
emissão de juízo de valor sobre o mérito da prestação de contas ora examinada.

Os fatos anunciados evidenciam a existência de imprecisão sobre os resultados da


execução do orçamento e sobre as informações constantes das demais demonstrações,
bem como revelam incerteza sobre o cumprimento de índices legais e constitucionais, além
de atribuir insegurança sobre o atingimento das metas estabelecidas nos instrumentos de
planejamento.

Ressalte-se que a análise de mérito a ser empreendida pode ocorrer sobre parâmetros
deficientes de completude e de profundidade, reverberando sobre o vindouro julgamento
político e também sobre o controle social.

Portanto, preliminarmente à apreciação definitiva das Contas de 2015, necessária se faz a


notificação do Chefe do Executivo acerca das irregularidades listadas, com a finalidade de
oportunizar a correção do registro e dos respectivos demonstrativos e limites, bem como
assegurar e exercício constitucional do contraditório e da ampla defesa.

Cumpre registrar que o Supremo Tribunal Federal, em sede de decisão monocrática, lavrada
pelo Excelentíssimo Min. Celso de Mello, admitiu que o Tribunal de Contas, mesmo
exercendo atribuição opinativa das contas anuais prestadas pelo Governador do Estado,
deve observar a cláusula constitucional do contraditório e da ampla defesa. Assim, confira-
se o precedente:
[…]
A circunstância de o Tribunal de Contas exercer atribuições desvestidas de
caráter deliberativo não exonera essa essencial instituição de controle –
mesmo tratando-se da apreciação simplesmente opinativa das contas
anuais prestadas pelo Governador do Estado – do dever de observar a
cláusula constitucional que assegura o direito de defesa e as demais
prerrogativas inerentes ao due process of law aos que possam, ainda
que em sede de procedimento administrativo, eventualmente expor-se aos
riscos de uma sanção jurídica.
Cumpre ter presente que o Estado, em tema de sanções de natureza
jurídica ou de limitações de caráter político-administrativo, não pode
exercer a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária,
desconsiderando, no exercício de sua atividade institucional, o princípio da
plenitude de defesa, pois – não custa enfatizar – o reconhecimento da
legitimidade ético-jurídica de qualquer restrição imposta pelo Poder Público
exige, ainda que se cuide de procedimento meramente administrativo
(CF, art. 5º, LV), a fiel observância do postulado do devido processo
legal, consoante adverte autorizado magistério doutrinário (MANOEL
GONÇALVES FERREIRA FILHO, "Comentários à Constituição Brasileira de
1988", vol. 1/68-69, 1990, Saraiva; PINTO FERREIRA, "Comentários à
Constituição Brasileira", vol. 1/176 e 180, 1989, Saraiva; JESSÉ TORRES
PEREIRA JÚNIOR, "O Direito à Defesa na Constituição de 1988", p. 71/73,
item n. 17, 1991, Renovar; EDGARD SILVEIRA BUENO FILHO, "O Direito à
Defesa na Constituição", p. 47-49, 1994, Saraiva; CELSO RIBEIRO
BASTOS, "Comentários à Constituição do Brasil", vol. 2/268-269, 1989,
Saraiva; MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, "Direito Administrativo", p.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 481


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

401-402, 5ª ed., 1995, Atlas; LÚCIA VALLE FIGUEIREDO, "Curso de Direito


Administrativo", p. 290 e 293-294, 2ª ed., 1995, Malheiros, v.g.).
[...]
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA 1197 / PE – PERNAMBUCO. Relator Min.
CELSO DE MELLO, Julgamento 15/09/1997, Publicação DJ 22-09-97 P-
46243. (grifos)

Tendo por base o citado aresto, o Tribunal de Contas da União emitiu o Acórdão nº
1464/2015, comunicando ao Congresso Nacional que as Contas do Governo referentes ao
exercício de 2014, não estavam em condições de serem apreciadas, demandando a
abertura de prazo para apresentação de contrarrazões por parte da Excelentíssima Senhora
Presidente da República Dilma Vana Rousseff, em nome do devido processo legal e em
respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa (ACÓRDÃO
1464/2015 ATA 22 – PLENÁRIO – 17/06/2015).

Ante todo o exposto, em observância ao princípio constitucional do contraditório e da ampla


defesa e com base nos precedentes citados proponho a apreciação, como PRELIMINAR, da
notificação do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, Rui Costa, concedendo prazo
de 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar a correção dos registros e dos respectivos
demonstrativos e limites e/ou as justificativas ou esclarecimentos que entenda pertinentes.

Caso seja acolhida, o TCE/BA deverá emitir comunicação à augusta Assembleia Legislativa
da Bahia sobre a deliberação desse Colegiado.

É a preliminar que proponho antes da discussão do mérito, na forma do art. 864 do


Regimento Interno desse Tribunal de Contas, arguindo o representante do Ministério Público
de Contas sobre a questão posta, conforme é determinado pelos §§1º e 4º do art. 86 do
citado Regimento.

2. MÉRITO

Superada a questão preliminar, passo a proceder à análise meritória sobre os temas da


prestação de contas do Governador do Estado da Bahia que reputo serem de maior
relevância. Antes, porém, julgo oportuno tecer registro sobre o empenho demonstrado pelo
Excelentíssimo Sr. Rui Costa e sua equipe de trabalho em promover a superação das
ocorrências detectadas no exercício de 2014, por meio da apresentação do respectivo Plano
de Ação, o qual foi devidamente analisado pelos competentes técnicos dessa Casa de
Controle.

Trago, nesta declaração, determinadas ocorrências constantes do Relatório confeccionado


pela Equipe Auditorial, que se relacionam exclusivamente, com aspectos da gestão pública,
tão somente dependentes da reavaliação das ferramentas gerenciais disponíveis, sem
prejuízo de uma mobilização integrada das diversas unidades administrativas, cuja correção
não é vinculada a fatores externos.

I – INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

A – Ausência de norma legal para regulamentar a elaboração do PPA

Na Constituição Estadual (CE), as leis que constituem o sistema orçamentário estão


explicitadas no art.159. Entretanto, no que se refere ao Plano Plurianual (PPA), a legislação
apenas prediz, em termos genéricos, que se “estabelecerá de forma regionalizada diretrizes,

4 Art. 86. As questões preliminares ou prejudiciais serão resolvidas antes da apreciação do mérito. (grifos)

482 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras dela


decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada” (CE, art.159, § 1º).
Não há nenhuma orientação normativa que ordene e integre os procedimentos
metodológicos para elaboração do Plano no Estado.

Na ausência de regulamentação, o PPA vem sendo elaborado conforme o entendimento dos


responsáveis por sua construção e a interpretação que fazem do § 1º do art. 159. Como
apontam os autos, a ausência de normatização para regulamentar a elaboração do Plano
Plurianual estadual compromete o seu processo de construção, vez que deixa sob a
discricionariedade da gestão a determinação da metodologia a ser utilizada para a
construção do PPA, além dos seus componentes (fls. 25/26 do Relatório de Auditoria).

O tratamento das regras de elaboração do PPA deve ser fixado em Lei Complementar, de
modo a conferir maior estabilidade e segurança ao planejamento público, em obediência ao
que estabelece o § 9º, I, do art. 159 da CE. A título de exemplo, confiram-se o que diz a Lei
Complementar nº 10.336/1994 editada pelo Estado do Rio Grande do Sul:

Art. 6º A proposta do plano plurianual compor-se-á de:


I – mensagem que conterá:
a) diagnóstico global da situação, indicando as carências e ociosidades
existentes nos vários setores, mediante análise retrospectiva e prospectiva;
b) explicitação das diretrizes, dos objetivos e respectivas metas a
serem alcançadas;
c) indicação dos critérios utilizados na projeção da receita, bem como na
estimativa das despesas por órgão e por Programa;
d) indicação dos benefícios sócio-econômicos a alcançar com a
realização dos Programas previstos;
e) demonstração da capacidade de endividamento e de pagamento,
indicando o enquadramento nos limites legais, bem como comparando a
posição do endividamento ao final dos três exercícios financeiros anteriores
à vigência do plano com a prevista para o final de sua vigência. (Grifei)

Assim, observa-se que o planejamento compreende a elaboração de diagnóstico do cenário


existente, identificação dos problemas, formulação de estratégias, diretrizes e metas a
solucionar cada um dos problemas detectados. Nesse contexto, imperioso demonstrar que
os programas, obrigatoriamente, devem indicar os resultados pretendidos e os custos
projetados e quantificados.

Na sequência, complementando o panorama, tem-se que a execução dos Programas deve


ser monitorada e os resultados publicizados, conforme segue:

Art. 3º – Integrarão a lei do plano plurianual:


I – as diretrizes que nortearão a administração pública e os objetivos
de cada órgão por Programa;
II – o demonstrativo das receitas por fonte e das despesas por Programa;
III – a estimativa das despesas de capital, especificadas por Programa;
IV – as metas, quantificadas física e financeiramente, por órgão e por
Programa, que deverão ser atingidas relativamente à prestação de
serviços-fins [...]
[…]
Art. 12 – O Poder Executivo publicará no Diário Oficial do Estado, até o
dia 30 de maio de cada ano, quadros contendo informações sobre as
realizações anuais de acordo com as especificações referidas no
artigo 3º, incisos II a IV. (Grifos)

Como se vê, a efetividade das políticas públicas não depende apenas da alocação de
recursos, mas, sobretudo da gestão dos programas constantes no PPA, representada pelo

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 483


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

modo como eles são elaborados, executados e monitorados. A ausência de regulamentação


do art. 159, §9º, I, da CE, que diz respeito ao planejamento governamental, implica grande
prejuízo à gestão.

A Auditoria do TCE/BA assevera que a falta de uma sistemática instituída previamente, que
alcance tanto o processo de elaboração quanto a construção de modelo teórico para
programas do Plano Plurianual, indica o quão frágil ainda é o planejamento do Estado da
Bahia, refletindo, inevitavelmente, na qualidade dos PPAs elaborados (fls. 26/27 do Relatório
de Auditoria).

Tal postura sinaliza a incompreensão da importância do PPA como um instrumento de


gestão estratégica, viabilizador da condução dos projetos do Estado. É de se dizer: se os
programas são mal desenhados e prevalece apenas a logística orçamentária, tem-se uma
programação de baixa qualidade com consequente redução da capacidade organizativa do
Estado. Nesse sentido, revela-se imprescindível que o Estado da Bahia edite norma legal
para regulamentação do processo de construção do Plano Plurianual, em atendimento ao
parágrafo 9º, I, do art. 159 da CEl5.

B – Inadequação e insuficiência dos dados e informações disponibilizados quanto a


gestão orçamentária

A publicidade das prioridades da atuação governamental e do direcionamento da aplicação


dos recursos públicos possibilita o controle social sobre as atividades desenvolvidas e a
verificação da sua compatibilidade com a programação prevista. Nesse sentido, o acesso à
informação sobre a Gestão Orçamentária constitui condição prévia para o exercício da
cidadania.

Todavia, a análise do Relatório do presente processo, bem como dos documentos que o
instruem, demonstram que a publicidade das informações de interesse público ainda se
mostra precária, tornando explícita a fragilidade do controle interno do Poder Executivo para
avaliar e corrigir a execução dos Programas de Governo. Os resultados da aplicação dos
recursos financeiros não são divulgados em linguagem simples e objetiva, conforme
diagnosticado às fls. 42/57 do Relatório de Auditoria.

Dentre os aspectos relacionados às deficiências na operacionalização e transparência da


gestão pública, registra-se a indisponibilidade de informações gerenciais de interesse
público, em função de importantes fragilidades apontadas na forma a seguir:

(a) Ausência de explicitação da correlação entre as Ações Orçamentárias disponíveis


na LOA e as Entregas/Iniciativas definidas no PPA (fl. 43 do Relatório de Auditoria);

(b) Ausência de procedimentos para validação dos dados de execução física das
ações orçamentárias registrados no Sistema Integrado de Planejamento,
Contabilidade e Finanças do Estado da Bahia (FIPLAN) pelas
secretarias/órgãos/entidades (fl. 43 do Relatório de Auditoria);

(c) Não apuração do desempenho dos programas e seu impacto para a população
beneficiada (fl. 44 do Relatório de Auditoria);

(d) Apresentação das informações constantes dos relatórios da Secretaria de


Planejamento (SEPLAN) apenas em “linguagem orçamentária”, dificultando a sua
acessibilidade (fls. 44/57 do Relatório de Auditoria);

5 Art. 159 – Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: [… ] § 9º – Cabe à lei complementar: I – dispor sobre o
exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e organização do plano plurianual, da lei de diretrizes
orçamentárias e da lei orçamentária anual;

484 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

(e) Pouca transparência sobre a execução dos programas governamentais, bem como
acerca dos resultados do seu monitoramento e avaliação do PPA, em razão da
precariedade dos mecanismos de divulgação e da baixa clareza/insuficiência de dados
e informações disponibilizados (fls. 45 do Relatório de Auditoria);

(f) Ausência de garantia da integridade das informações relativas à execução física do


PPA (fls. 44/57 do Relatório de Auditoria);

(g) Indisponibilidade do resultado da avaliação do cumprimento das metas dos


compromissos do PPA (fl. 54 do Relatório de Auditoria).

O acesso a informação, além da completude, abrange a consistência e a credibilidade sobre


o que está sendo revelado. Exige respostas congruentes e seguras por parte do gestor
público. Nesse sentido, apresenta-se necessário o aperfeiçoamento dos instrumentos de
divulgação de informações públicas utilizados pelo Poder Executivo do Estado da Bahia,
notadamente o sistema de informação FIPLAN e os relatórios produzidos pela SEPLAN –
Relatório Anual de Gestão (RAG) e Relatório Anual de Avaliação Parcial do PPA (RAPPA).

II – CONTROLE INTERNO

O artigo 70 da Constituição Federal (CF) dispôs, em seu caput, que a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Por seu turno, o artigo
74 versou que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno, atribuindo-lhe finalidades.

A Lei Complementar nº 101/2002, LRF, também trouxe normas que visaram ao


fortalecimento do sistema de controle interno. Em seu artigo 59, dispôs que o Poder
Legislativo, os Tribunais de Contas e o sistema de controle interno de cada Poder e do
Ministério Público fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar,
especificando os aspectos nos quais sua atuação deve ter ênfase. No artigo 54, parágrafo
único, dispõe que o Relatório de Gestão Fiscal deverá ser assinado pelas autoridades
responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno.

Em obediência à previsão constitucional, o sistema de controle interno deve abranger as


seguintes funções: a) avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a
execução dos programas de governo e dos orçamentos dos órgãos; b) avaliar resultados
quanto à eficiência e eficácia no que tange à gestão orçamentária, financeira, patrimonial e
de recursos humanos dos órgãos e entidades da Administração direta e indireta; c) apoiar o
controle externo no exercício de sua missão institucional.

O Relatório Técnico (item 2.2.2) destacou as seguintes inconsistências referentes ao


controle interno:
a) pouca autonomia dos servidores lotados nas CCIs, uma vez que grande
parte é ocupante de cargo comissionado, em detrimento da independência
proporcionada pela sujeição ao regime impessoal e isonômico da seleção
por concurso público;

b) formação técnica precária e pouca experiência dos servidores lotados


nas CCIs, em desacordo com a recomendação constante da própria
Orientação Técnica AGE n.º 01/2015, de que os servidores lotados nessas
unidades devem ter capacitação profissional necessária e desejável
formação de nível superior;

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 485


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

c) rotatividade de pessoal nas CCIs;

d) quantidade de pessoal incompatível com o volume de atividades das


CCIs, principalmente nas grandes Secretarias;

e) planejamento das atividades sem visão estruturada, pela falta de uso


adequado de ferramentas de TI apropriadas;

f) não avaliação dos aspectos operacionais e de eficiência, com ênfase na


legalidade, considerando que o decreto regulamentador das atividades das
CCIs foi tímido no detalhamento das atribuições das referidas unidades
setoriais de controle, limitando-se a dispor que as atividades por elas
desempenhadas compreendem as funções de acompanhamento, controle e
fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial; e

g) baixa articulação com as unidades de controle interno da administração


indireta e baixo intercâmbio de experiências;

Importante ressaltar que o órgão de controle interno, em razão da essência de sua atividade,
deve ser autônomo e independente, livre de ingerência de outros órgãos ou Poderes. Sobre
o tema, Maria Celeste Moraes Guimarães6 assevera que o controle interno deve ter
autonomia, administrativa e financeira, e independência, além de seus cargos deveres ser
providos por concurso de provas e título, sendo criadas carreiras para o exercício dessas
funções.

No âmbito do Estado da Bahia, observa-se que as ações de controle são viabilizadas por
setores dispersos, de forma pulverizada e com baixa integração entre as unidades de
controle interno, de modo que o planejamento das atividades das CCIs não se dá de
maneira estruturada e estrategicamente planejada. Nos termos do artigo 1º do Decreto
Estadual nº 16.059/2015, caberia à Auditoria Geral do Estado (AGE) promover a articulação
sistêmica das atividades desempenhadas pelas CCIs, as quais ficam sujeitas às suas
orientações técnicas.

Deste modo, faz-se necessário que a AGE realize um planejamento estruturado das
atividades das CCIs, bem como que proceda com a expedição de Orientação Técnica com
vistas a promover a integração entre as CCIs, permitindo o intercâmbio de conhecimento,
experiências, técnicas e rotinas.

Nesse bojo, registre-se que o citado decreto regulamentador das atividades das
Coordenações de Controle Interno (Decreto Estadual nº. 16.059/2015) foi demasiadamente
tímido no detalhamento das atribuições das referidas unidades setoriais de controle. Tal fato
acarretou uma ausência da avaliação dos aspectos operacionais e da eficiência das suas
atividades.

O Plano de Ação, apresentado em atendimento às recomendações do TCE/BA sobre as


contas governamentais do exercício de 2014, deixa claro que a avaliação do cumprimento
das metas previstas no PPA são de responsabilidade das Assessorias de Planejamento e
Gestão (APGs), no âmbito setorial, e da SEPLAN e AGE, no âmbito estadual. Contudo, não
foi indicado no Plano a norma que atribui às APGs o cumprimento de tal tarefa.

Ao realizar o acompanhamento das deliberações feitas no Parecer Prévio relativo às Contas


do Chefe do Poder Executivo do exercício de 2014, as unidades auditoriais apontaram, no
Relatório Técnico, no item 2.6 (Acompanhamento das deliberações constantes do parecer

6 GUIMARÃES, Maria Celeste Moraes apud GUERRA, Evandro Martins; CASTRO, Sebastião Helvecio Ramos de. Controle
externo: estudos temáticos. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 126.

486 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

prévio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo – Exercício de 2014), que ainda
subsistem diversas irregularidades atinentes ao controle interno dos convênios, em função
das graves deficiências nas funcionalidades do FIPLAN.

As medidas administrativas adotadas não foram suficientes para sanar as fragilidades


identificadas na prestação de contas do exercício anterior. Ainda subsistem deficiências no
FIPLAN que comprometem substancialmente o exercício do controle interno nas fases de
proposição, celebração, execução e prestação de contas dos convênios e instrumentos
congêneres.

Em relação à descentralização de recursos, ressalte-se que subsiste recomendação


expedida por este Tribunal de Contas, porém, não cumprida pela Administração. Deliberou-
se que o Poder Executivo apresentasse, no prazo de 180 dias, um estudo técnico para
implementação de sistema de informática em plataforma web que permita o
acompanhamento on-line de todas as etapas que compõem o ciclo dos convênios e
instrumentos similares. No entanto, o Grupo de Trabalho responsável pelo cumprimento da
sobredita recomendação somente foi instituído pela Administração Estadual em 22/12/2015
(próximo ao final do prazo estipulado na recomendação), por meio da Portaria conjunta
SAEB/SEFAZ/PGE nº 0001 (fl. 309), não tendo sido apresentado um cronograma detalhado
das ações e do que está sendo deliberado pelo citado Grupo de Trabalho.

No que pertine à transparência pública, cumpre destacar que a legislação não apenas obriga
a disponibilização das informações, mas também determina a facilidade no seu acesso, de
modo que este seja permitido a pessoas de diferentes níveis de instrução. Consagra
expressamente o direito de acesso à informação como direito fundamental e estabelece
diretrizes a serem observadas pela Administração Pública na sua consecução, quais sejam:
a) observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; b) divulgação
de informações de interesse público, independentemente de solicitações; c) utilização de
meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; d) fomento ao
desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; e) desenvolvimento
do controle social da administração pública.

No Manual da Lei de Acesso à Informação para Estados e Municípios, elaborado pela


Controladoria Geral da União (CGU), agora Ministério da Transparência, Controle e
Fiscalização, foi recomendado aos gestores públicos que envidem esforços para o
fortalecimento das ações de garantia do direito de acesso às informações, inclusive,
trabalhando para o seu constante aperfeiçoamento. São essas as diretrizes:

1 Prevenção da corrupção: com acesso às informações públicas os


cidadãos têm mais condições de monitorar as decisões de interesse
público. A corrupção prospera no segredo. O acompanhamento da gestão
pública pela sociedade é um complemento indispensável à fiscalização
exercida pelos órgãos públicos;

2 Respeito aos direitos fundamentais: a violação aos direitos humanos


também prospera em um ambiente de segredo e acontece com mais
facilidade “a portas fechadas”. Um governo transparente propicia o respeito
a esses direitos;

3 Fortalecimento da democracia: líderes políticos são mais propensos a


agir de acordo com os desejos do eleitorado se sabem que suas ações
podem ser constantemente avaliadas pelo público. Os eleitores têm
condições de fazer uma escolha apropriada se tiverem informações sobre
as decisões tomadas pelos candidatos no desempenho de seus cargos
públicos;
4 Melhoria da gestão pública: o acesso à informação pode contribuir para
melhorar o próprio dia a dia das instituições públicas, pois a partir das

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 487


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

solicitações que recebe dos cidadãos, os órgãos podem identificar


necessidades de aprimoramentos em sua gestão documental, em seus
fluxos de trabalho, em seus sistemas informatizados, entre outros aspectos
que tornarão a gestão pública mais eficiente;

5 Melhoria do processo decisório: quando o governo precisa tomar uma


decisão, se o assunto for aberto para a participação do público interessado
e de especialistas nas questões que estão sendo definidas, é possível obter
contribuições que agreguem valor ao resultado. (Manual da Lei de Acesso à
Informação para Estados e Municípios, pp. 6-7).

A Lei Estadual nº. 12.618/2012 determinou a criação do Comitê Gestor de Acesso à


Informação (CGAI), que teve as atribuições definidas pelo art. 28 do indigitado diploma legal,
dentre as quais estão: a) requisitar da autoridade que classificar informação como
ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, total ou parcial da informação; b) rever
a classificação de informações ultrassecretas ou secretas, de ofício ou mediante provocação
de pessoa interessada; c) decidir recursos, conforme previsto pelo art. 14 dessa Lei; d)
estabelecer orientações de caráter geral a fim de suprir eventuais lacunas na aplicação da
Lei.

No entanto, no Estado da Bahia, ainda não ocorreu a efetiva regulamentação do Comitê


Gestor de Acesso à Informação (CGAI). A medida se faz imperiosa para que o referido órgão
cumpra o desiderato proposto pela norma, no sentido de suprir lacunas em matéria de
transparência pública estadual, mormente quanto ao processamento dos recursos legais
previstos, classificação e desclassificação de informações sigilosas e padronização da
publicidade das informações divulgadas.

O Relatório Técnico também apontou que o Poder Executivo do Estado da Bahia não
divulga, em seu portal eletrônico, informações relativas à remuneração dos servidores
públicos estaduais civis e militares, diferentemente do que ocorre no Poder Executivo
Federal e, no âmbito estadual, com o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas do Estado e
o Ministério Público.

Ademais, também foi possível constatar que no portal “Transparência Bahia” ainda não
foram implementadas melhorias que estavam previstas, tais como: a) consulta de ICMS por
região e atividade econômica; b) publicação de editais e contratos celebrados; c) divulgação
de vencimentos de servidores.

O artigo 8º, caput e § 2º, da LAI estabelece que os órgãos e entidades públicas têm o dever
de promover, independentemente de requerimentos, e em local de fácil acesso, a ampla
divulgação das informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou
custodiadas, prevendo ainda a obrigatoriedade da divulgação ser feita em sítios oficiais da
rede mundial de computadores (Internet).

III – GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL

A – Reconhecimento, em 2015, de receitas de exercícios anteriores (2013 e 2014)

Foram reconhecidas, em 2015, receitas arrecadadas em 2013 e 2014, em desobediência ao


disposto no inciso I, art. 35 da Lei 4.320/647, o qual estabelece que pertencem ao exercício
financeiro as receitas nele arrecadadas.

7 Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nêle arrecadadas;

488 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

• Receita de Imposto de Renda Retido na Fonte (inativos):

Os autos dão conta de que foi contabilizada a quantia de R$ 573.819.543,89 (quinhentos e


setenta e três milhões, oitocentos e dezenove mil, quinhentos e quarenta e três reais e
oitenta e nove centavos) como receita orçamentária do exercício de 2015, embora tenha
sido arrecadada nos exercícios de 2013 e 2014 (fls. 128/129).

De acordo com os esclarecimentos prestados pela Diretoria de Contabilidade Pública –


DICOP, a contabilização de receita do Fundo Financeiro da Previdência Social dos
Servidores Públicos do Estado da Bahia (FUNPREV), oriunda de retenções de imposto de
renda de inativo, no exercício de 2015, deve-se ao fato de não ter ocorrido o devido registro
no FIPLAN em 2013 (R$259.554.152,63) e em 2014 (R$314.265.391,26).

• Receita de royalties:

A Auditoria apontou que, em consulta ao Fiplan Gerencial, igualmente, foi verificado o


registro da quantia de R$ 14.374.019,69 (quatorze milhões, trezentos e setenta e quatro mil,
dezenove reais e sessenta e nove centavos), como receita orçamentária de 2015, embora
tenha sido arrecadada em 2014 (fls. 183/184).

Instada a se manifestar, por meio do Ofício nº 370, de 28/08/2015, a Secretaria da Fazenda


(SEFAZ) respondeu o seguinte:

Sobre a diferença do valor de R$14.374.091,69 do liberado pelo Banco do


Brasil e lançado nos extratos bancários, e o contabilizado no FIPLAN
Gerencial, do 1º quadrimestre de 2015, esclarecemos que se refere a uma
receita que ingressou em dezembro de 2014, no valor de R$19.359.046,03,
no dia 29.12.2014. O equivalente a 25,74% (R$4.984.954,34) foi
contabilizado em dezembro, da destinação de recurso 0109000000 (unidade
DEPAT) e o equivalente a 74,25% (R$14.374.091,69), da destinação de
recurso 0209000000 (unidade FUNPREV) não foi contabilizado.
Em 2015, fizemos o lançamento da receita na conta
1721223002 – Cota Parte pela Produção de Petróleo, no
montante de R$14.374.091,69. (grifos)

Percebe-se que os registros das referidas receitas (IRRF de inativos e recursos de royalties)
não ocorreram nos exercícios em que foram efetivamente arrecadadas. A omissão da
contabilização em momento oportuno representa irregularidade. Todavia, o fato, por si só,
não autoriza que se reconheça como receita orçamentária do exercício seguinte. Conforme
preceitua o inciso I, do art. 35 da Lei. 4.320/64, a receita deve ser registrada no exercício em
que fora efetivamente arrecadada.

O mesmo diploma legal, agora em seu art. 398, dispõe que “os créditos da Fazenda Pública,
de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em
que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias”. Nessa mesma linha, o
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP (6ª edição), estabelece (p. 54
– versão digital):

3.2.3. Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores

Para que a lei orçamentária seja aprovada de modo equilibrado, a


classificação “9990.00.00 – Recursos arrecadados em exercícios anteriores”
encontra-se disponível na relação de naturezas de receitas, conforme
estabelecido Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001. Deste modo,

8 Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do
exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 489


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

sempre que necessário, as receitas previstas poderão incorporar recursos


arrecadados em exercícios anteriores para fins de equilíbrio orçamentário.
Todavia, tais receitas não são passíveis de execução dado já terem
sido arrecadadas em exercícios anteriores. Quando da execução do
orçamento, estes recursos serão identificados por meio de superávit
financeiro, fonte para suportar as despesas orçamentárias previamente
orçadas.

[...]

3.3. Reconhecimento da Receita Orçamentária

O reconhecimento da receita orçamentária ocorre no momento da


arrecadação, conforme art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e decorre do enfoque
orçamentário dessa Lei, tendo por objetivo evitar que a execução das
despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação efetiva.

3.3.1. Recursos Financeiros Que Não Devem Ser Reconhecidos Como


Receita Orçamentária

Não devem ser reconhecidos como receita orçamentária os recursos


financeiros oriundos de:

a. Superávit Financeiro – a diferença positiva entre o ativo financeiro e o


passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais
transferidos e as operações de créditos neles vinculadas. Portanto, trata-se
de saldo financeiro e não de nova receita a ser registrada. O superávit
financeiro pode ser utilizado como fonte para abertura de créditos
suplementares e especiais. (grifos)
[...]

Da análise dos autos, pode-se extrair que a receita orçamentária do exercício de 2015
encontra-se superavaliada em pelo menos R$ 588.193.635,58 (quinhentos e oitenta e oito
milhões, cento e noventa e três mil, seiscentos e trinta e cinco reais e cinquenta e oito
centavos), conforme tabela a seguir:

Receita orçamentária contabilizada indevidamente


IRRF de inativos (2013 e 2014) 573.819.543,89
Royalties (2014) 14.374.091,69
Total 588.193.635,58
Fonte: Seção Analítica, fls. 128/129 e 183/184.

Como consequência dos lançamentos indevidos, a receita corrente líquida, também se


encontra superavaliada. Cabe lembrar que ela é base de cálculo para apuração de diversos
índices, em especial, o percentual referente à despesa com pessoal.

Dessa forma, é forçoso concluir que a inconsistência apontada compromete de forma


relevante a fidedignidade e segurança das informações apresentadas em vários
demonstrativos apresentados pelo fiscalizado, a exemplo do Relatório Resumido da
Execução Orçamentária – RREO (Demonstrativo da Receita Corrente Líquida, Anexo 3, do
inciso I,do art. 53 da LRF; Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas, Anexo 13, arts. 22,
25, 28, da Lei nº 11.079/04; Demonstrativo Simplificado do RREO, Anexo 14, art. 48 da LRF;
Demonstrativo da Despesa com Pessoal do Poder Executivo e Defensoria Pública, Anexo 1,
art. 55, inciso I, alínea “a”, da LRF), do Relatório de Gestão Fiscal – RGF (Demonstrativo
da Dívida Consolidada, Anexo 2, art. 55, inciso I, alínea “b”, da LRF; Demonstrativo das
Garantias e Contragarantias de Valores, Anexo 3, art. 55, inciso I, alínea "c" e art. 40, § 1º,

490 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

da LRF; Demonstrativo das Operações de Crédito, Anexo 4, art. 55, inciso I, alínea "d" e
inciso III alínea "c" da LRF; Demonstrativo Simplificado do Relatório de Gestão Fiscal,
Anexo 6, art. 48 da LRF); além do Balanço Orçamentário Receita Orçamentária, Receita
Corrente Líquida, Despesa com Pessoal x Receita Corrente Líquida, Dívida
Consolidada Líquida x Receita Corrente Líquida, Relação Operação de Crédito x
Receita Corrente Líquida, dentre outros. O fato apurado fragiliza as informações
fornecidas sobre o cumprimento de índices e metas fiscais do período.

Registre-se que a ora advertida contabilização imprópria reflete impactos nos exercícios de
2015 e 2016, tendo em vista que a receita corrente líquida é apurada pelo período de um
ano, ou seja, os demonstrativos apurados em períodos menores, tais como bimestre,
trimestre e quadrimestre, considerarão a referida receita por até 1 ano após a competência
na qual foi lançada.

B – Irregular pagamento de despesas de exercícios anteriores

Outra ocorrência digna de nota diz respeito à crescente execução de despesas de


exercícios anteriores – DEA. O Relatório Técnico comprova que parte dessa despesa foi
executada em desacordo a legislação (fls.131/140 do Relatório de Auditoria). Foi apontado
que houve subavaliação de despesas, com a não realização de empenho ou
liquidação no período oportuno, ferindo o princípio da competência (fl. 128 do Relatório
de Auditoria). Ressalte-se que tais procedimentos contrariam o quanto estabelecido nos arts.
37 e 60 da Lei nº 4.320/649.

No exercício ora analisado, os autos revelam que foram pagas a título de despesas de
exercícios anteriores (elemento 92) o montante R$1.678.113 (um bilhão, seiscentos e
setenta e oito milhões, cento e treze mil), sendo que 92,45% de valor foram executados pelo
Poder Executivo, conforme planilha a seguir (fl. 131 do Relatório de Auditoria):

DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES (EXERCÍCIO DE 2015)


Descrição Empenhada Liquidada Paga Restos a Pagar %
Legislativo 4.897.523 4.897.523 4.878.618 R$ 18.904 0,29%
Judiciário 89.505.800 89.505.800 89.505.080 R$ 720 5,33%
Executivo 1.555.853.525 1.555.853.525 1.551.393.960 R$ 4.459.565 92,45%
Ministério Público 31.623.833 31.623.833 31.623.833 - 1,88%
Defensoria Pública 711.684 711.684 711.534 R$ 150 0,04%
TOTAL 1.682.592.365 1.682.592.365 1.678.113.026 R$ 4.479.339 100,00%
Fonte: Tabela 39 do Relatório de Auditoria (fl. 131).

Cumpre registrar que o desembolso com esse tipo de despesa correspondeu a 6,2% da
Receita Corrente Líquida e 4,3% da receita total arrecadada. Comparando o exercício de
2015 com o de 2014, percebe-se que houve um crescimento de 72,4% com pagamentos de
DEA (fls . 131/132 do Relatório de Auditoria).

Já no exercício corrente (2016), detecta-se a mesma prática, que parece ocorrer em grau
progressivo. A Tabela 40, fl. 133 do Relatório Técnico, demonstra que só no primeiro
trimestre já foi executado como DEA o montante de R$ 1.100.596.035,00 (um bilhão, cem
milhões, quinhentos e noventa e seis mil e trinta e cinco reais).

9 Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio,
com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a
Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício
correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos,
obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. (grifei) […] Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio
empenho. (grifei)

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 491


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Cumpre ressaltar que a legislação pertinente (art. 37, da Lei. nº 4.320/64) apenas autoriza o
pagamento de DEA na ocorrência de uma das seguintes circunstâncias:

1) Despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava


crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado
na época própria;
2) Restos a Pagar com prescrição interrompida; e
3) Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente.

O eminente Conselheiro do TCE/PE, Valdecir Pascoal10, ao tratar das três situações


permitidas pelo art. 37 da Lei 4.320/64, resumiu bem as hipóteses que cabem pagamento de
DEA. Confira-se:
1) As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento
respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las,
que não se tenham processado na época própria. Esse não-processamento
pode decorrer da anulação ou insubsistência do empenho ou por simples
erro da Administração, por exemplo, tendo, contudo, o credor demonstrado
ulteriormente, por qualquer meio idôneo, haver cumprido a sua obrigação.
Também se enquadra no caso despesas urgentíssimas, que não puderam
aguardar os trâmites administrativos para a realização do empenho.

2) Os restos a pagar com prescrição interrompida. Vimos que, após um ano,


os restos a pagar são cancelados, de sorte que aqueles recursos
destinados ao seu pagamento passam a ser considerados outras receitas
(correntes ou de capital). Vimos também que o direito do credor perante a
Administração só prescreve em 05 (cinco) anos. Assim, pode ocorrer de
uma situação em, mesmo diante de cancelamento de restos a pagar (os
não-processados, vez que nos processados o credor já havia demonstrado
o seu direito), ao final do exercício subsequente à sua inscrição, o credor
venha a demonstrar o seu direito. Nesse caso, deve a Administração fazer o
pagamento com base no elemento despesas de exercícios anteriores.

3) Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício


financeiro. Nesse caso, a autoridade administrativa reconhece a despesa,
ainda que não houvesse no orçamento anterior dotação própria ou não
tenha deixado saldo. Esse pagamento decorre de obrigação legal. Como
exemplo, a promoção de servidor com data retroativa. (grifos)

Percebe-se que a terceira situação dispensa a dotação orçamentária por uma questão de
impossibilidade temporal. A obrigação é gerada após o encerramento do exercício,
impossibilitando a emissão do empenho prévio, como determina o art. 60 da Lei nº 4.320/64.
Exemplos: leis e decisões judiciais que reconhecem direitos no exercício corrente com
efeitos retroativos.

Cumpre ressaltar que a ausência de autorização legislativa (dotação orçamentária) somente


é justificada, para esse tipo de ocorrência, no exercício que for reconhecido o direito. Caso
se trate de despesas com parcelas a serem pagas em exercícios futuros, esses gastos
também devem ser autorizados pelo Poder Legislativo, ou seja, devem estar devidamente
fixados nas leis orçamentárias seguintes.

O Relatório Técnico demonstra que muitas dessas despesas foram executadas de forma
irregular, fls. 134/135. Vide aresto transcrito a seguir:

2.4.2.3.1 Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) no Poder Executivo

10 PASCOAL, Valdecir. Direito Financeiro e Controle Externo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, p. 74/75.

492 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

Do exame nos processos de pagamento selecionados, cuja despesa se


relacionava a gastos de Pessoal e Encargos, foram identificadas as falhas
com:

• relação à motivação do ato – ausência de elementos ou informações,


descritos de forma suficiente para “fundamentar as razões do não
processamento no momento oportuno”, em consonância com o art. 3º do
Decreto nº 181-A/1991.
• relação à indicação do crédito orçamentário e a descrição da despesa –
imprecisão quanto aos detalhes, à natureza e origem da despesa, ao
período que se referem (competência), bem como à ausência de
indicação da rubrica orçamentária a que estaria vinculada nos exercícios
anteriores, conforme demonstrado na tabela a seguir

Foi identificado que, nas Secretarias de Educação, Saúde e Segurança Pública,


correspondentes a 03 (três) das 05 (cinco) entidades selecionadas, não havia saldo
orçamentário no exercício anterior (2014) que pudesse suportar o total das despesas pagas
como DEA, em 2015, no que se refere ao grupo de pessoal (fl. 134 do Relatório de
Auditoria).

No tocante a outras despesas correntes e despesas de investimentos, a Tabela 44 (fl. 135


do Relatório de Auditoria) mostra que, de 31 processos analisados, em 4 foram indicados
créditos orçamentários insuficientes ou zerados, em 3 foram indicadas dotações de
exercício diferente do período a que se referem as despesas e em 24 não foi indicado
o crédito orçamentário próprio, em violação ao quanto determina o comando inserto no
art. 37 da Lei. 4.320/64.

Ademais, ressalte-se que o Decreto Estadual nº 181-A/1991 exige que quando se tratar de
compromissos reconhecidos para os quais não se tenha deixado saldo orçamentário próprio
no respectivo exercício, a despesa deverá ser submetida à apreciação do Secretário ou
dirigente de órgão diretamente subordinado ao Governador. (alínea “a”, do inciso II, art 3º11).

Dos 42 processos de pagamentos analisados relativos à DEA, observa-se que 10 são de


despesa com pessoal (Tabelas 41 e 42). A Tabela 43 evidencia que a grande maioria dos
processos oriundos de outras despesas correntes e de investimentos referem-se às
competências 11 e 12 de 2014 (fls. 133/135 do Relatório de Auditoria).

Tal situação viola a determinação contida no art. 37 da Lei nº 4.320/64, a qual admite o
pagamento de despesas de exercícios anteriores apenas em situações específicas. A
excepcionalidade desse tipo de despesa é reforçada com a vedação imposta pelo art. 60,
também da Lei nº 4.320/64, que dispõe ser vedada a realização de despesa sem prévio
empenho. Dessa forma, tem-se que é obrigatória a efetuação do prévio empenho em
momento oportuno, inscrevendo a despesa em restos a pagar, não havendo o que se falar
em pagamento mediante DEA.

Impende asseverar que o § 1º, do art. 60 da Lei nº 4.320/6412, dispensa apenas emissão
da nota de empenho13, em casos especiais previstos na legislação específica. No entanto,

11 Art. 3º – Para reconhecimento dos débitos de exercícios encerrados, o ordenador de despesa de cada Unidade Gestora
adotará os seguintes procedimentos: I – nas hipóteses dos incisos I e II do art. 1º: a) ouvir a Inspetoria Setorial de
Finanças, ou órgão equivalente, quanto à existência de saldo orçamentário na respectiva dotação do exercício a que se
refere; b) fundamentar no seu despacho de reconhecimento de débito as razões pelas quais as despesas não foram
empenhadas no exercício de origem. II – na situação prevista no inciso III do art. 1º: a) fundamentar as razões do não
processamento no momento oportuno; b) submeter à apreciação do Secretário ou ao dirigente dos órgãos
diretamente subordinados ao Governador. (grifei)
12 Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. § 1º Em casos especiais previstos na legislação
específica será dispensada a emissão da nota de empenho.
13 Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor,
a representação e a importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 493


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

não se deve confundir o ato de realização do empenho com a emissão do documento


gerado, conforme esclarecimentos prestados pela doutrina:

IMPORTANTE
O empenho sempre será prévio. Porém, em alguns casos, PREVISTOS EM
LEI, poderá ser dispensada a emissão da nota de empenho, porém jamais
o empenho (a lei poderá dispensar a emissão da nota de empenho das
despesas oriundas de determinação constitucional ou legal, por exemplo).
Nesse caso, o empenho (reserva de dotação) poderá ser efetuado por
qualquer outro meio eficaz, como por exemplo, num “livro de controle de
14
dotações”.

Registre-se que, além do empenho ordinário (despesas com valores definidos, que devem
ser pagos numa única prestação), a Lei 4.320/6415 prevê mais dois tipos empenhos, quais
sejam: o empenho por estimativa (quando não se pode determinar, previamente, o
montante exato a ser pago, ex.: conta de luz) e o empenho global (despesas contratuais e
outras, sujeitas a parcelamento, ex: contratos de obra). Tal previsão legal abarca as diversas
situações passíveis de ocorrer no mundo fático, não havendo justificativas para a não
realização do empenho prévio.

O descumprimento do art. 60 da Lei nº 4.320/64 impacta de forma relevante na análise das


contas públicas, haja vista que a irregularidade ora tratada distorce informações essenciais
sobre a gestão orçamentária e financeira, atribuindo incerteza à contabilidade pública.

No caso específico, pode-se concluir que a omissão na realização do prévio empenho


comprometeu a fidedignidade e transparência das Demonstrações apresentadas (2014
e 2015), já que despesas que deveriam ser inscritas em restos a pagar, compondo base de
cálculos para análise de índices e demais resultados, não foram consideradas, devido à
ausência de registro tempestivo, como manda o referido dispositivo legal.

Ressalte-se que a presente situação também impacta na análise do quanto disposto no art.
42 da LRF16, vez que despesas, em proporções cada vez maiores, vêm sendo transferidas
para exercícios seguintes, conferindo insegurança a realização do orçamento. Tal fato
decorre da ausência de empenhos e/ou liquidações no momento oportuno, fazendo com que
despesas de exercícios anteriores, conhecidas e ainda não contabilizadas, sejam
desconsideradas para fins de reconhecimento de obrigações contraídas nos respectivos
exercícios das prestações de contas.

Outra consequência percebida é a distorção no índice da despesa com pessoal, visto que
despesas de exercícios anteriores são deduzidas do índice do exercício em análise, mas,
devido o decurso do tempo, não são apropriadas ao índice do período a que se referem.
Explica-se:

A Tabela 13, fl. 94 do Relatório Técnico evidencia que R$ 242.306.277,71 (duzentos e


quarenta e dois milhões, trezentos e seis mil, duzentos e setenta e sete reais e setenta e um
centavos), pagos como DEA em 2015 (fls. 133), originários de gastos com pessoal e
encargos de exercícios anteriores, não somaram no índice da despesa com pessoal do
referido exercício. A exclusão é devidamente permita pelo inciso IV, § 1º, do art. 19 da Lei de

14 PASCOAL, Valdecir. Direito Financeiro e Controle Externo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, p. 74/75.
15 Art. 60 […] § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. § 3º É
permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento. (grifamos)
16 Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

494 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

Responsabilidade Fiscal17. Ocorre que, esse valor é expurgado em 2015, mas por já ter
ocorrido a análise do exercício de 2014, a referida despesa não será nele considerada, para
efeitos de índices de pessoal. Assim, não é contabilizada em nenhum dos períodos citados.

Cumpre asseverar que o inciso II, do art. 50 da LRF determina que na escrituração das
contas públicas a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o
regime de competência (mês), apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos
fluxos financeiros pelo regime de caixa (entradas e saídas).

Em cumprimento ao referido comando legal, a apuração do índice da despesa com


pessoal deve observar o regime de competência (mês a mês), razão pela qual a despesa
deve ser apropriada no período a que se refere. Dessa forma, a despesa já liquidada
como DEA, em 2016, deve ser incluída no índice de pessoal do exercício de 2015, se a
ele se referir, sem prejuízo das sanções impostas pela omissão do empenho no momento
oportuno, aos respectivos responsáveis.

Pelos motivos expostos, compreendo que esse Tribunal de Controle deve adotar medidas
para assegurar o cumprimento do quanto estabelecido nos dispositivos legais citados, tendo
em vista que a não observância distorce as informações apresentadas nos demonstrativos
contábeis, orçamentários e financeiros do Estado, dificultando a atuação do Controle
Externo, ao tempo que coloca em risco o equilíbrio e a sanidade das contas públicas.

C – Contrato nº 01/2014

No Relatório Técnico foi identificado o registro, em julho de 2015, como receita intra-
orçamentária do Funprev, o montante de R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões). Como
contrapartida da receita lançada, foi gerado um processo de despesa no elemento 93 –
Indenizações e Restituições, na Unidade 80101 – Encargos Gerais. Tal operação ocorreu
após consulta junto à Procuradoria-Geral do Estado, que se manifestou por meio do Parecer
n° GB-PGE-018/2015 (fl. 129 do Relatório de Auditor ia)18.

A Auditoria apontou que o valor em análise se refere ao Contrato nº. 01/2014, firmado entre
o Estado e Banco do Brasil em 19/12/2014, tendo como objeto serviços bancários a serem
prestados em caráter de exclusividade (18 incisos), além de outros serviços sem caráter de
exclusividade (11 incisos) (fl. 130 do Relatório de Auditoria) .

Consta dos autos que apenas 2 dos 29 incisos relativos ao objeto contratual tratam de
serviços relativos ao Funprev, quais sejam: centralização da movimentação e aplicação
financeira de titularidade do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e contratação
dos serviços previdenciários do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), mediante
precificação a ser negociada na forma das disposições do ANEXO XI (fl. 130 do Relatório de
Auditoria).

No que tange à primeira hipótese, a Auditoria destacou o seguinte (fl. 130):

Cláusula nona (da Remuneração) – foi definido, como remuneração ao


Estado, o valor de R$711.014 mil, correspondente a R$11.850 mil “a cada
um dos sessenta meses de vigência”. Foi estabelecido, também, que em

17 Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de
apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
discriminados: […] § 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as
despesas: […] IV – decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se
refere o § 2o do art. 18; […] § 2o do art. 18 – A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês
em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência. (grifamos)
18 Processo Administrativo nº 023279/2015-0.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 495


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

virtude de ter “sido adiantada pelo BANCO ao ESTADO, por força do


Contrato 01/2012, de 29/06/2012, que ora se distrata, a quantia de
R$411.014.992,68”, seria devido o restante, no montante de R$300.000 mil,
a ser pago pelo Banco, “de uma só vez” e “em até 15 (quinze) dias úteis
19
após a publicação do extrato ”. (grifos)

Do exposto, pode-se concluir, que, apenas, pequena parcela dos serviços contratados (2 de
29) refere-se aos Regimes de Previdência, razão pela qual o seu lançamento deveria
respeitar devidas proporções (Encargos Gerais x RPPS) e ser realizado no exercício de
2014, momento em que o recursos foram arrecadados. Todavia, os elementos constantes
dos autos informam que todo o valor (R$ 300.000.000,00) foi lançando como receita própria
do Funprev, em julho de 2015 (fl. 129 do Relatório de Auditoria).

A situação se reveste de intensa gravidade, haja vista que, além da contabilização indevida,
foi detectado pelos Auditores que, por meio do Decreto Financeiro nº 88, de 28/07/2015,
foram abertos créditos adicionais por excesso de arrecadação do Funprev, no valor exato de
R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões) (fl. 131 do Relatório de Auditoria).

A excentricidade da operação causou estranheza também ao Ministério Público de Contas


(fls. 63/66 do Parecer do MPC) que, solicitando a adoção de providências complementares,
pontuou o seguinte:
Por derradeiro, considerando a materialidade dos valores envolvidos, o
prazo de vigência do Contrato nº 01/2014, bem como a atipicidade do
procedimento de sua celebração (distrato de contrato administrativo anterior
sucedido de novo contrato entre as mesmas partes, com mesmo objeto e
modificação do fluxo de pagamentos originariamente definido), requer este
Parquet que seja determinada a autuação da referida avença para fins de
exame individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste
Tribunal, naforma preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e
seguintes, todos do Regimento Interno do TCE/BA.

A indevida apropriação da integralidade do resultado financeiro do contrato em comento


como se receita própria do Funprev fosse, bem como as condições da sua realização,
merecem a máxima atenção por parte desse Órgão de Controle, uma vez que têm condição
de interferir na apuração dos limites da despesa total com pessoal do Estado da Bahia, em
face do disposto no art. 19, § 1º, inciso VI, alínea “c”, da LRF.

D – Pagamento de multa e juros de mora

Outra ocorrência de grande relevância (fl. 137) refere-se ao volume de pagamentos de


multa e juros de mora, aliado ao fato de que as informações não constam nas
Demonstrações apresentadas (fl. 137 do Relatório de Auditoria).

Cumpre alertar sobre o dispêndio de valores expressivos por parte do Estado da Bahia com
o pagamento de multas e juros de mora pelo não adimplemento oportuno de suas
obrigações durante o exercício de 2015. A irregularidade descrita vem sendo reiteradamente
pontuada pelo Colegiado desse Tribunal ao longo do julgamento das contas anuais de
diversos órgãos e entidades que integram a estrutura da Administração Pública estadual20. A

19 Os extratos do Contrato nº 01/2014 e o termo de distrato do Contrato nº 01/2012 foram publicados no DOE de 20 e 21 de
dezembro de 2014 (fl. 130).
20 Auditoria de Prestação de Contas Consolidadas. Processo nº TCE/001150/2014. Exercício: 2013 – Secretaria do
Planejamento (Seplan); Prestação de Contas de Administrador. Processo: TCE/001238/2014. Exercício: 2013 –
Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Acompanhamento da Execução Orçamentária e Financeira (AROF). Processo
nº TCE/012322/2014. Exercício: 2013 – Departamento de Polícia do Interior (DEPIN); Prestação de Contas de
Administrador. Processo nº TCE/005693/2014. Exercício: 2013 – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM);
Prestação de Contas de Administrador. Processo: TCE/000808/2013. Exercício: 2012 – Fundação Pedro Calmon / Centro
de Memória e Arquivo Público da Bahia (FPC).

496 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

referida irregularidade é reflexo direto da fragilidade dos controles internos, bem como da
ineficiência do seu planejamento.

Consta dos autos que, em consulta ao Fiplan Gerencial, foi verificada a existência de
despesas dessa natureza nos subelementos 16 (Tributos e Multas Quando Previstos em
Contratos) e 51 (Multas não Decorrentes de Obrigação Contratual ou Relativas a Tributos),
no total de R$ 8.962.290,00 (oito milhões, novecentos e sessenta e dois milhões, duzentos e
noventa milhões) (fl. 138 do Relatório de Auditoria).

Em resposta à solicitação da Equipe Técnica, a Coordenação de Serviços Auxiliares,


unidade da estrutura da SAEB, responsável pelo monitoramento de despesas com consumo
de água e energia, apresentou um quadro demonstrativo, onde consigna que o Estado da
Bahia desembolsou o montante de R$ 6.846.000,00 (seis milhões, oitocentos e quarenta e
seis mil) relativo a multas e juros de mora referentes às faturas emitidas pela Embasa e R$
2.188.000,00 (dois milhões, cento e oitenta e oito mil) relativo às faturas emitidas pela
Coelba (fls.139 do Relatório da Contas), no ano de 2015.

Não é só.

Durante o exame de processos de DEA, verificou-se, no âmbito do processo de pagamento


de nº 1110100011500077714 (Tabela 44, fls.135 do Relatório das Contas), o pagamento, no
montante de R$ 7.622.000,00 (sete milhões, seiscentos e vinte e dois mil) pela Secretaria de
Educação, referente à parte do Auto de Infração da Receita Federal, em razão do não
recolhimento, em exercícios anteriores, de contribuição patronal devida sobre serviços de
terceiros pessoa física, denominados PST (prestadores de serviços temporários).

Registre-se que, do valor citado, R$ 3.415.000,00 (três milhões quatrocentos e quinze mil),
referem-se ao principal e R$ 4.207.000,00 (quatro milhões, duzentos e sete mil) a multa e
juros de mora.

Considerando que o processo de pagamento de nº 1110100011500077714 corresponde à


parcela de débito imputado pela Receita Federal, faz-se imperiosa a apuração por este
Órgão de Controle Externo, a fim de promover o delineamento das circunstâncias que lhe
deram ensejo, dos seus responsáveis, bem como a mensuração de possíveis danos ao
Erário.

Em face da repetição desse tipo de ocorrência (pagamento de multas e juros de mora), em


29/10/2015, o Pleno deste Tribunal determinou, durante o julgamento do processo
TCE/001237/2014, a instauração de auditoria de especial, em 29/10/2015, com o intuito
de “apurar o quanto de recursos públicos têm sido destinados ao pagamento de juros, multa
e demais encargos moratórios, em razão de atrasos dos repasses de QCM da Secretaria da
Fazenda” (Acórdão nº. 406/2015), a qual também deverá abranger a averiguação do caso
ora relatado.

Desnecessário afirmar o quanto esse tipo de despesa relacionada ao pagamento de juros e


multas com recursos públicos se divorcia do atingimento da finalidade pública, devendo ser
seriamente combatida por esse Tribunal de Contas.

Diante da pertinência, cabe invocar a arguta manifestação do douto presentante do Parquet


de Contas:

Diante de uma realidade de escassez de recursos públicos para o


atendimento das necessidades sociais básicas, revela-se inadmissível que
a Administração Pública, por conta de deficiências nas estruturas e
mecanismos de controle interno ou de falhas de planejamento na liberação

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 497


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

de recursos, venha a realizar despesas que deveriam ser evitadas, por não
trazerem nenhum proveito ao interesse público a ser perseguido pelo
Estado no desempenho da sua função administrativa. Trata-se de despesa
ensejadora de prejuízo ao erário, que reclama, mormente no atual contexto
de recessão econômica e crise fiscal, a adoção de medidas por parte dos
órgãos competentes do Poder Executivo para que sejam implementados,
com urgência, mecanismos que possibilitem o adimplemento das
obrigações pecuniárias dentro do prazo legal ou contratualmente previsto,
em ordem a evitar o inaceitável emprego de recursos públicos para
pagamento de encargos moratórios.

De igual forma, deve ser apurada e corrigida nesse exercício e vindouros a constatação por
parte da Unidade Técnica de que, nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado,
não constam informações sobre gastos realizados com acréscimos moratórios, sendo
que a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) apresenta saldo zero para o item
despesas com Juros e Encargos de Mora (fl. 138 do Relatório de Auditoria).

A falta de registro/contabilização do montante gasto com pagamentos dessa natureza viola


frontalmente o dever de fornecer acesso ao conteúdo informacional dos atos e gastos
efetivados pelo Estado, na medida em que representa verdadeiro obstáculo ao
acompanhamento e controle dos recursos financeiros.

A informação pública deve ser completa, caso contrário, compromete-se a credibilidade


sobre a assertiva dos atos praticados pelos gestores públicos. Espera-se da Administração
Pública que os seus Demonstrativos Contábeis Consolidados reflitam a realidade da
aplicação do recurso público. Eles devem servir como instrumento de publicidade e
transparência da gestão. Os citados demonstrativos configuram garantias de segurança ao
orçamento público, correspondendo a importante ferramenta voltada a permitir o exercício
do controle externo e interno e, principalmente, fomentar o controle social.

E – Renúncia de receita

Os objetivos fundamentais do Estado brasileiro, fixados no art.3º da CF, somente são


atingíveis mediante a arrecadação de receitas públicas. Seja qual for a sua vertente,
impactada por oneração ou desoneração, ela deve ser utilizada como ferramenta de
desenvolvimento econômico e social, exigindo, dessa forma, a devida cautela e reflexão
sobre os efeitos das opções realizadas.

Utilizando o sistema tributário como instrumento de indução da economia, o Estado da Bahia


desonerou uma parcela de contribuintes de recolher tributos na ordem de
R$2.580.811.000,00 (dois bilhões, quinhentos e oitenta milhões, oitocentos e onze mil reais),
durante o exercício 2015, (Tabela 56 do Relatório de Auditoria, fls.146). Desse montante,
83% (oitenta e três por cento) das renúncias de receitas ocorreram no âmbito do Programa
de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia
(DESENVOLVE), instituído pela Lei Estadual n.º 7.980/2001, com objetivo de fomentar e
diversificar a matriz industrial e agroindustrial, tendo por finalidade última o desenvolvimento
econômico e social e a geração de empregos e renda no Estado.

Embora o citado Programa seja contemplado com montante expressivo de renúncia de


receitas, precisamente R$2.147.447.000,00 (dois bilhões, cento e quarenta e sete milhões e
quatrocentos e quarenta e sete mil reais), o Corpo Técnico desse Tribunal não encontrou
evidências de que o DESENVOLVE esteja amparado por Convênio no âmbito do
Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), como determina o art. 1º da Lei
Complementar n.º 24/1975. A SEFAZ, mesmo após questionamentos auditoriais, não
apresentou os termos de convênios celebrados (fls. 146/147 do Relatório de Auditoria).

498 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

A Lei Complementar nº. 24/75, no seu art. 1º, caput e parágrafo único, inciso IV estabelece a
exigência de celebração de convênio interestadual prévia de forma prévia a outorga de
“quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais, concedidos com base
no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta
ou indireta, do respectivo ônus”21, como bem registrado no parecer do Ministério Público de
Contas (fls. 71/72 do Parecer do MPC).

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que não se afiguram compatíveis com
o texto constitucional a edição de atos normativos “que outorguem benefícios fiscais ou
financeiros, bem assim incentivos compensatórios pontuais, dos quais resulte redução ou
eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus tributário, em matéria de ICMS, sem que
tais medidas sejam precedidas da necessária celebração de convênio no âmbito do
CONFAZ”.22

Mas não é só!

Além da constatação de que grande parte dos recursos públicos é renunciada de forma
incompatível com a Constituição Federal (art. 155, § 2º, XII, g) e à margem do quanto
exigido pela Lei Complementar n.º 24/1975 (art. 1º), o exame dos presentes autos também
evidencia que a fiscalização das empresas com benefícios fiscais, quanto ao
cumprimento dos compromissos assumidos nos protocolos de intenções firmados
com o Estado da Bahia, especialmente em relação ao número de empregos gerados, de
investimentos realizados, níveis de produção alcançados e cronogramas de implantação,
não vem sendo realizada, sob o argumento de insuficiência orçamentária (fls. 147/149
do Relatório de Auditoria).

Consoante já assentado, a utilização instrumental dos efeitos da tributação, seja para onerar
ou desonerar, exige cautela e reflexão acerca dos resultados produzidos/pretendidos. A
questão relacionada à renúncia de receita é um tema tão sensível que a LRF lhe dedica
atenção em três capítulos diferentes, impondo a realização de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios
seguintes, atendendo ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e pelo menos uma das
seguintes condições: (i) demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da lei orçamentária e de que não afetará as metas de resultados fiscais (ii)
apresentação de medidas de compensação, por meio do aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição (art. 14 da LRF).

O tratamento da renúncia de receita não poderia ocorrer de forma diferente, pois o Estado
necessita de recursos financeiros para realizar o custeio das políticas públicas,
principalmente aquelas voltadas a realização dos direitos fundamentais, como saúde e
educação, que ao longo do tempo vêm exigindo cada vez mais aplicação de recursos
públicos, diante dos novos desafios impostos23.

Nesse cenário, impende assinalar que o Estado é governado com a baliza da Constituição e
em favor das necessidades de toda a sociedade. Se há tratamento diferenciado em relação

21 Art. 1º – As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas
nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei. Parágrafo único
– O disposto neste artigo também se aplica: […] IV – à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais,
concedidos com base no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou
indireta, do respectivo ônus;
22 Rcl 15819 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014
23 Com o objetivo de avaliar os riscos de subfinanciamento de direitos fundamentais no Brasil, a Comissão de Defesa dos
Direitos Fundamentais (CDDF) do Conselho Nacional do Ministério Público realizou em 18/04/2016 “Audiência Pública
sobre o custeio constitucionalmente adequado da educação e da saúde e o papel do Ministério Público diante da crise
fiscal e da necessidade de equilíbrio federativo”. A íntegra da audiência pública encontra-se disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=e3JMxp9NtNc.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 499


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

a determinadas empresas, é para que elas sejam veículos de promoção de finalidades


maiores fixadas no plano constitucional. A gestão pública deve ser realizada à luz dos
desígnios dos fins do Estado para a sociedade24.

Pois bem, assim, cabe o registro, por oportuno e relevante, de que os recursos renunciados
em 2015 (R$2.580.811.000,00), equivalem a 85,74% dos gastos realizados com saúde e
38,92% dos gastos realizados com educação25. Portanto, a responsabilidade na gestão
fiscal sobre as condições da renúncia de receita exige, além do cumprimento das
condicionantes impostas pelo ordenamento jurídico, o acompanhamento dos acordos
celebrados com aqueles que são beneficiados pelo não recolhimento de tributos.

Em suma, a legitimidade da renúncia de receitas públicas requer concreto proveito para a


sociedade. No caso específico, o Estado da Bahia precisa demonstrar, dentro do que
preceitua o princípio da transparência fiscal26, que as empresas beneficiadas, efetivamente,
aumentaram os índices de empregabilidade do Estado, realizaram os investimentos
pactuados, aumentaram os níveis de produção dentro dos cronogramas acordados. Do
contrário, será ilegítimo o benefício concedido “que não guarde pertinência com os objetivos
constitucionais autorizadores da intervenção do Estado sobre a economia”27.

F – Prestadores de Serviços Temporários – PST e contratações via REDA.

Outrossim, imperioso destacar, ainda que de forma breve, a expressividade dos gastos que
têm sido observados no âmbito da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) e em
suas unidades com servidores temporários, contratados pelo Regime Especial de Direito
Administrativo (REDA) e com os prestadores de serviço temporário (PST), os quais têm sido
utilizados para suprir considerável demanda por profissionais efetivos (professores e
assistentes administrativos), representando, portanto, afronta ao preceito constitucional que
determina a via da realização de concurso público para a investidura em cargo ou emprego
público (art. 37, II, CF), bem como violação às diretrizes fixadas pela LRF, uma vez que o

24 TORRES, Heleno Taveira. Transparência das finanças públicas é um direito coletivo. Disponível em:
<http://www.conjur.com.br/2014-nov-26/consultor-tributario-controle-financas-publicas-exige-transparencia>. Acesso em: 03
jun. 2016.
25 Considerando os valores de R$ 3.010.065.995,70 e de R$6.630.690.631,55 extraídos, respectivamente, das Tabela 6 –
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS COM AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE e da Tabela 8 – DESPESAS
COM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (fls. 86 e 89 do Relatório).
26 Versam sobre a transparência fiscal os art. 1º, §1º, 48, 48 A e 49 da LRF: Art. 1º [...] § 1o A responsabilidade na gestão
fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras,
dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restos a Pagar. […] Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes
orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. […] Parágrafo único. A
transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas,
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II – liberação ao
pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III – adoção de sistema integrado de administração
financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto
no art. 48-A. Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação
disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:I – quanto à despesa: todos os
atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a
disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço
prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos
extraordinários. Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o
exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação
pelos cidadãos e instituições da sociedade. […] (Grifamos).
27 ASSUNÇÃO, Matheus Carneiro. Incentivos fiscais em tempos de crise: Impactos econômicos e reflexos financeiros.
Disponível em: <http://www.sinprofaz.org.br/artigos/incentivos-fiscais-em-tempos-de-crise-impactos-economicos-e-reflexos-
financeiros/>. 03 jun. 2016.

500 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

suprimento de mão de obra necessária à continuidade dos serviços prestados pelo Estado
perpassa pelo correspondente e adequado planejamento orçamentário.

Ressalto que os autos registram que Poder Executivo alocou recursos orçamentários para
pagamento da despesa com REDA, em 2015, no montante de R$369.709.666,85 (fls.155 do
Relatório de Auditoria), cerca de 12,26% a mais do que no exercício anterior. Quanto ao
PST, os gastos atingiram R$147 milhões (fls. 156 do Relatório de Auditoria).

Ainda com relação à utilização indevida de PST, cabe advertir que esse tipo de contratação
não respeita a impessoalidade e a qualificação técnica, haja vista que não há processo
seletivo que permita avaliar o mérito dos candidatos. Ademais, os direitos trabalhistas dos
contratados também são negados, em razão da precariedade do vínculo firmado.

3. CONCLUSÃO

Sendo assim, pelas razões expostas e acolhendo, ainda, a manifestação do Ministério


Público de Contas, VOTO pela emissão de PARECER PRÉVIO favorável à APROVAÇÃO
das contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia, referentes ao exercício de
2015, tendo como responsável o Governador Sr. Rui Costa, nos termos do art. 71, inciso I,
da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual, art. 1º, inciso I, da Lei
Complementar Estadual nº. 005/1991 e art. 4º, inciso II, alínea “a”, do Regimento Interno
deste Tribunal de Contas, com ressalvas quanto às seguintes falhas apontadas pela
Auditoria:

1. inobservância das prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias


(LDO) (item 2.1.5);

2. inadequação e insuficiência dos dados e informações disponibilizados sobre a


gestão orçamentária, decorrentes (a) da ausência de publicidade da correlação entre
as Ações Orçamentárias disponíveis na LOA e as Entregas/Iniciativas definidas no
PPA; (b) da ausência de procedimentos formalizados para validação dos dados de
execução física das ações orçamentárias registrados no Sistema Integrado de
Planejamento, Contabilidade e Finanças do Estado da Bahia (FIPLAN) pelas
secretarias/órgãos/entidades, além de intempestividade e ausência de registro de
dados relativos à execução física das ações orçamentárias; (c) da indisponibilidade
de informações sobre o desempenho dos programas e seu impacto para a população
beneficiada; (d) da inadequação das informações constantes dos relatórios da
SEPLAN, uma vez que constituem documentos extensos, separados em dois
volumes, divulgados em “linguagem orçamentária”; (e) da pouca transparência da
execução e dos resultados do monitoramento e avaliação do PPA, dada a
insuficiência dos mecanismos de divulgação e a baixa clareza e insuficiência de
dados e informações disponibilizados; (f) Indisponibilidade e inconsistências das
informações relativas à execução física do Plano Plurianual, sem garantia da
integridade das informações disponíveis para acesso; (g) Indisponibilidade da
avaliação do cumprimento das metas dos compromissos do PPA (itens 2.16 e 2.17);

3. precariedade das estruturas de controle interno existentes durante o exercício


financeiro analisado, as quais se mostraram inidôneas para o alcance das finalidades
previstas no art. 74 da Constituição da República, sobretudo no que concerne à
indispensável avaliação dos resultados da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial, quanto à eficácia, eficiência e efetividade (itens 2.2.1.2 e 2.2.2);

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 501


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

4. não implementação do Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação


Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF), contrariando previsão expressa da
Lei Estadual 9.433/2005 (itens 2.2.2 e 2.6.2);

5. ausência de mecanismos no sistema de informação adotado pelo Poder Executivo


do Estado da Bahia (FIPLAN) que permitam catalogar adequadamente as
informações e acompanhar, de modo minimamente eficiente, a execução dos
convênios e instrumentos congêneres celebrados com entidades governamentais e
não governamentais, impactando negativamente não apenas na consistência dos
registros contábeis da conta “Convênios a Comprovar”, tratando-se de
recomendação realizada no parecer prévio referente ao exercício de 2014 e não
cumprida (itens 2.2.2, 2.4.5.2.2 e 2.6.1);

6. falta de regulamentação e efetiva implantação do Comitê Gestor de Acesso à


Informação (CGAI), órgão competente para processar os recursos no que se refere
aos pedidos de acesso à informações públicas, classificar e desclassificar
informações sigilosas e padronizar a publicidade das informações divulgadas pelo
Estado da Bahia, nos termos da Lei Estadual n. 12.618/2012 (item 2.2.4.2);

7. contratação de Prestadores de Serviços Temporários (PST's) para substituir


servidores efetivos na área de educação (professores e assistentes administrativos),
sem a inclusão dos valores gastos a remuneração destes agentes no cômputo da
despesa de pessoal, contrariando, a regra constitucional do concurso público (art.
37, II, da CF), bem como as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal que
buscam controlar e limitar a evolução dos gastos com pessoal (art. 18, § 1º, LRF)
(itens 2.3.3 e 2.4.4.2);

8. contabilização indevida de receitas tributárias atinentes a Imposto de Renda Retido


na Fonte, incidente sobre a folha de pagamento dos inativos de 2013 e 2014,
contrariando os arts. 35, inciso I e 39, caput, da Lei nº. 4.320/64 (item 2.4.2.1);

9. falha na apropriação integral dos recursos obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014,
celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A., como receita intra-
orçamentária própria do FUNPREV no exercício de 2015 (item 2.4.2.2);

10. inexistência de informações, nas Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado


do exercício de 2015, a respeito do volume de gastos realizados pela Administração
Pública estadual para pagamento de multas e juros de mora por inadimplemento de
obrigações pecuniárias (item 2.4.2.4);

11. fragilidades constatadas na instrução dos processos de pagamento de Despesas de


Exercícios Anteriores pagas no exercício de 2015, notadamente quanto (i) à ausência
de informações para fundamentar as razões pelas quais as despesas não foram
empenhadas no exercício de origem, (ii) à ausência de indicação da rubrica
orçamentária a que estaria vinculada a despesa no exercício de sua competência, e
(iii) à descrição imprecisa da despesa, não constando detalhes relativos a sua
natureza e origem, e/ou período a que se referem (competência), em contrariedade
com o disposto no art. 3º, inciso I, do Decreto Estadual n.º 181-A/1991 (item 2.4.2.3);

12. manutenção de benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos ao ICMS sem a


demonstração cabal de que, no período auditado, restou satisfeita a condição
prevista no art. 155, § 2º, inciso XII, alínea “g”, da Constituição Federal c/c art. 1º,
parágrafo único, inciso IV, da Lei Complementar n.º 24/1975 (item 2.4.3.5.1);

502 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

13. deficiências do controle interno sobre as renúncias de receitas, em virtude da não


realização de visitas técnicas, durante o exercício de 2015, aos empreendimentos
contemplados por programas de incentivos fiscais, a fim de averiguar se as
empresas beneficiadas estavam ou não cumprindo as obrigações assumidas nos
protocolos de intenções (item 2.4.3.5.2);

14. fragilidades identificadas nos procedimentos contábeis empregados pela


Administração Pública estadual, gerando as inconsistências e distorções apontadas
pelas Coordenadorias de Controle Externo (item 2.4.5);

15. contabilização indevida de receita orçamentária de Royalties em 2015, no montante


de R$14.374.019,69, arrecadadas em 2014, contrariando os arts. 35, inciso I e 39,
caput, da Lei nº. 4.320/64; (item 2.4.5.1.3);

16. ausência de mecanismos no sistema de informação adotado pelo Poder Executivo


do Estado da Bahia (FIPLAN) que permitam catalogar adequadamente as
informações e acompanhar, de modo minimamente eficiente, a execução dos
convênios e instrumentos congêneres celebrados com entidades governamentais e
não governamentais, impactando negativamente não apenas na consistência dos
registros contábeis da conta “Convênios a Comprovar”, como também – e
especialmente – na efetividade do controle (interno e externo) da boa e regular
aplicação dos recursos públicos estaduais voluntariamente transferidos (item
2.4.5.2.2);

17. não divulgação, em sítios eletrônicos oficiais, da remuneração dos servidores


públicos do Poder Executivo do Estado da Bahia, em contrariedade ao princípio da
publicidade (art. 37, caput, da CF) e ao direito fundamental à informação pública (art.
5o, XXXIII, da CF), bem como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF
c/c art. 8o, caput e § 2º da Lei de Acesso à Informação (item 2.6.2).

Quanto às recomendações sugeridas pelo Ilustre Conselheiro Relator, converto em


determinações, acrescentando, ainda, os seguintes encaminhamentos:

1. pela emissão de recomendações ao Poder Executivo no sentido de que:

• Quanto ao planejamento e gestão das ações de política pública:


a) elabore norma legal para regulamentação do processo de construção
do Plano Plurianual (PPA), conforme estabelece o parágrafo 9º do
artigo 159 da Constituição Estadual (item 2.1.1);
b) promova a revisão dos indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019,
de forma a projetar os índices esperados, para cada ano e para o final
do plano, que viabilize a mensuração do resultado obtidos com a
implementação das ações de governo, com vistas a garantir a efetiva
avaliação e acompanhamento dos resultados das políticas públicas
implementadas (item 2.1.3);
c) adote as medidas necessárias ao aperfeiçoamento da metodologia de
elaboração da Lei Orçamentária Anual, especialmente no que
concerne à estimativa das despesas, em ordem a minimizar o risco de
insuficiência das dotações orçamentárias previstas (item 2.1.5);
d) adote as cautelas necessárias para assegurar, durante a execução
orçamentária, a alocação preferencial de recursos em programas de
governo eleitos como prioritários na Lei de Diretrizes Orçamentárias –
LDO, evitando, portanto, a reiteração das inadequações verificadas no
exercício financeiro de 2015 (item 2.1.6);

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 503


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

• Quanto ao controle interno da Administração Pública:


e) adote providências, no âmbito de suas competências, para
institucionalizar a Controladoria Geral do Estado, com autonomia,
quadro de pessoal próprio e devidamente instrumentalizado para atuar
como unidade central de controle interno, sendo capaz de avaliar a
ação governamental nos moldes exigidos pela Carta Federal (itens 2.2
e 2.1.1);
f) avalie, com o apoio técnico do Grupo de Trabalho (GT) criado pela
Portaria conjunta SAEB/SEFAZ/PGE nº 0001/2015, a conveniência e
oportunidade de implantar ou utilizar o Sistema de Gestão de
Convênios e Contratos de Repasse (SICONV) adotado pela União,
apresentando a este Tribunal, em prazo razoável, as razões técnicas
que eventualmente justifiquem a não adesão ao referido sistema (itens
2.2.2, 2.4.5.2.2 e 2.6.1).

• Quanto à Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado


da Bahia:
g) constitua provisão para reserva técnica, sugerida pelos cálculos
atuariais, Relatório das Contas Governamentais de 2013 e Auditoria
Geral do Estado, para a cobertura do Plano de Saúde dos Servidores
Públicos Estaduais – PLANSERV (item 2.4.4.3.1);
h) proceda à avaliação quanto aos benefícios e as implicações da
repactuação do valor das contraprestações a vencer no Contrato de
PPP n.º 02/2010, firmado entre a SETRE e a FNP Participações S.A.,
mediante o encontro de contas e a quitação antecipada da dívida
dessa empresa junto ao FUNDESE, relativa ao contrato de
financiamento da obra de reconstrução da Arena Fonte Nova, tendo
em vista a perspectiva de economia para o Estado (item 2.6.4)

2. pela emissão de determinações28 ao Poder Executivo no sentido de que:

• Quanto ao planejamento e gestão das ações de política pública:


a) proceda, por meio das Coordenações de Controle Interno e demais
estruturas de controle interno, sob a articulação, coordenação e
orientação técnica da Auditoria Geral do Estado, à avaliação acerca
cumprimento das metas previstas no plano plurianual, bem como da
eficácia, eficiência e efetividade da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial (item 2.2);

• Quanto ao controle interno da Administração Pública:


b) adote, com urgência, as medidas administrativas necessárias ao
aprimoramento dos mecanismos específicos de controle interno
relacionados ao processamento de Despesas de Exercícios Anteriores

28 É oportuno trazer a nota de rodapé nº 35 do parecer emitido pelo Ilutre Procurador-Geral do Ministério Público de Contas,
Dr. Danilo Ferreira Andrade, sobre a expedição de determinações pelo Tribunal de Contas: “Neste ponto, vale consignar
que o poder do Tribunal de Contas de expedir determinações voltadas ao exato cumprimento da lei dimana diretamente do
texto constitucional, mais precisamente do art. 71, IX, da Constituição da República, segundo o qual compete à Corte de
Contas “assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se
verificada ilegalidade” (função corretiva). Trata-se de competência autônoma, veiculada em norma constitucional de
eficácia plena e aplicabilidade imediata, e que é passível, por conseguinte, de ser exercida em qualquer processo no qual o
órgão controlador identifique lesão ou ameaça de ofensa à ordem jurídica, abrangendo tanto a determinação de abstenção
de ato contrário à lei (tutela de natureza inibitória, vocacionada à prevenção do ilícito), quanto a determinação para adoção
de medidas necessárias à correção/eliminação de ilicitude identificada (tutela de remoção do ilícito). Logo, o fato de a Lei
Complementar n. 005/91 ter sido omissa em relação à possibilidade de o Tribunal expedir determinações na oportunidade
da apreciação de processos de contas (art. 24) jamais pode conduzir ao (equivocado) entendimento de tal competência
não pode ser exercida, sob pena de subversão do escalonamento hierárquico das normas jurídicas e de clara violação ao
princípio da supremacia da constituição.”

504 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Declaração de Voto Escrita
Conselheira Carolina Costa

– DEA, de modo a assegurar a utilização deste tipo de procedimento


em situações de estrita excepcionalidade, apurando-se, ademais, a
responsabilidade funcional dos agentes que eventualmente deem
causa, de modo injustificado ou sem justificativa razoável, ao não
processamento de despesas públicas no exercício de sua
competência (item 2.4.2.3);

• Quanto à Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado


da Bahia:
c) inclua notas explicativas nos Relatórios de Gestão Fiscal a serem
divulgados, na forma exigida no art. 55, II, da Lei Complementar n.º
101/2000, informando, além das medidas corretivas de recondução ao
limite de pessoal adotadas ou a adotar, se o Poder Executivo se
encontra amparado pela situação prevista no art. 66 da citada Lei
(item 2.3.3);
d) somente conceda a renúncia de receita no Programa DESENVOLVE
amparado por Convênio no âmbito do Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ), como determina o art. 1º da Lei Complementar
n.º 24/1975 (item 2.4.3.5.1);
e) realize visitas técnicas às empresas beneficiadas com incentivos
fiscais, visando a monitorar se a quantidade de empregos gerados e
os investimentos realizados estão de acordo com o pactuado com o
Estado, na forma do art. 2º da Portaria Conjunta n.º 78/2004,
prevenindo, assim, possíveis prejuízos aos cofres públicos (item
2.4.3.5.2);

f) realize a implantação de rotinas administrativas e procedimentos


contábeis objetivando a correta evidenciação nas Demonstrações
Contábeis, bem como a catalogação de informações complementares
a serem divulgadas por meio de notas explicativas (item 2.4);
g) realize o controle e o detalhamento dos recursos vinculados, em
conformidade com o previsto no art. 50, I, da LRF, de forma a
possibilitar a análise adequada do fluxo dos recursos com destinação
específica (item 2.4.5);
h) promova, nos sistemas de controle financeiro dos convênios, a
incorporação de mecanismos que possibilitem o adequado
acompanhamento das prestações de contas dos recursos repassados
por convênios ou instrumentos assemelhados firmados pelo Estado
com entidades governamentais e não governamentais, em
consonância com as disposições da Resolução TCE n.º 144/2013 e
do art. 93 da Lei n.º 4.320/1964 (item 2.4.5.2.2);
i) realize a apuração da natureza e da origem das operações
representativas dos saldos apresentados nas Demonstrações
Contábeis Consolidadas do Estado – Exercício 2015 nas contas de
Créditos a Receber do FCVS, Créditos Tributários a Receber e
Investimentos e Aplicações de Longo Prazo, em consonância com o
art. 87 e 88 da Lei n.º 4.320/1964 (item 2.4.5.2.3);
j) reconheça a EBAL como estatal dependente na forma estabelecida
pelo art. 2º, III, da Lei Complementar n.º 101/2000 (item 2.4.5.3.1);

3. pela emissão de determinações às Coordenadorias de Controle Externo,


para que:

a) realize exames complementares, no âmbito da auditoria de


Acompanhamento da Lei de Responsabilidade Fiscal, relativa ao 3º

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 505


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Quadrimestre de 2015, demonstrando os efeitos jurídico-contábeis


sobre os demonstrativos e limites, decorrentes (i) da contabilização
indevida das receitas públicas atinentes ao IRRF, incidente sobre a
folha de inativos de 2013 e 2014, bem como da contabilização
indevida de Royalties; e (ii) das Despesas de Exercícios Anteriores –
DEA, quando a competência da despesa estiver abrangida pelo
período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF;
b) realize auditoria do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre o Estado da
Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins de exame individualizado de
sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na forma
preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes,
todos do Regimento Interno do TCE/BA, tendo em vista a
materialidade dos valores envolvidos, o prazo de vigência contratual,
bem como a atipicidade do procedimento de sua celebração;
c) verifique, no âmbito da auditoria especial aprovada na Sessão
Plenária do dia 29/10/2015, durante a discussão do julgamento do
processo TCE/001237/2014, o pagamento realizado no bojo do
Processo nº 1110100011500077714, identificando as circunstâncias
que lhe deram ensejo, bem como os seus responsáveis e possíveis
danos.

Adiro a expedição de alerta proposta pelo Ilustre Conselheiro Relator, estabelecido no art.
59, § 1º, II, da Lei Complementar nº 101/2000, tendo em vista que a despesa total com
Pessoal e Encargos Sociais (Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou
95% do limite de gastos, sendo obrigatória a observância à vedação prevista no art. 22 da
LRF (item 2.3.3).

Quanto ao Plano de Ação, relacionando as ações a serem empreendidas no sentido de


solucionar as recomendações contidas no Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de
implementação constantes do Parecer Prévio sobre as Contas de Governo de 2014 (item
2.6), adiro em parte ao encaminhamento proposto pelo Conselheiro Relator, uma vez que
VOTO como determinação para que o referido Plano seja encaminhando no prazo de 90
(noventa dias).

É o VOTO.

Em 07 de junho de 2016.

Carolina Costa
Conselheira

506 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Pronunciamento do Conselheiro-presidente Inaldo Araújo

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


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''

PRONUNCIAMENTO DO CONSELHEIRO-PRESIDENTE INALDO


ARAÚJO

Exmo. Sr. Cons. João Bonfim, eminente Relator das Contas do Governo do Estado da
Bahia, exercício de 2015,
Exmos. Srs. Conselheiros,
Exmos. Representantes do Ministério Público de Contas e da Procuradoria Geral do Estado,
Servidoras e servidores da Casa,
Senhoras e senhores,

Dizem que não é pela capa que se conhece um grande livro. Mas, indubitavelmente, um
memorável trabalho auditorial precisa ser grandioso em todos os seus aspectos. E esse
exame das Contas Governamentais, referentes ao exercício de 2015, superou as nossas
expectativas. A começar pelo primor da sua capa, que se deveu, até onde fui informado, ao
esforço criativo de talentosos servidores do nosso Núcleo de Informação e Documentação.
Mas o mérito também é, sem dúvida alguma, do Exmo. Cons. João Bonfim, que, na
condição de Relator, soube muito bem escolhê-los.

O fato é que não se pode olvidar que os Relatórios e Pareceres Prévios produzidos pelos
Tribunais de Contas, ao trazerem elementos técnicos essenciais para a análise das Contas
Governamentais, em muito auxiliam o seu julgamento pelas Casas Legislativas. Pois entre
quem faz (Poder que executa) e quem tem a competência constitucional de julgar (Poder
que legisla) deve existir sempre uma opinião prévia, técnica, longe dos perigosos caminhos
da subjetividade, e, antes tudo, independente.

Tendo o seu papel fiscalizador assegurado pela Carta Magna de 1988, bem como pela
Constituição Estadual de 1989, o Tribunal de Contas do Estado da Bahia procura exercê-lo
com transparência, buscando, cada vez mais, o envolvimento do cidadão, cuidando com
zelo do dinheiro que ao povo pertence.

Afinal, em tempo de sedição, os Tribunais de Contas precisam ser, cada vez mais,
imparciais, circunspectos e dizer o que precisa ser dito, sempre pautados em exames
auditoriais, em momento e locais próprios.

Vale mencionar que, na relatoria destas contas referentes ao exercício de 2015, o Exmo.
Relator inovou ao já seguir o quanto disposto na Resolução nº 164/2015, obrigatória para os
processos de contas de governo dos exercícios de 2016 e 2017, a qual dispõe sobre a
Normatização dos Procedimentos para Emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas
de Governo no âmbito desta Corte, no que diz respeito à sua elaboração, prevista no Título
VII da citada norma.

Desse modo, tal Relatório passou a ser composto, também, de uma sessão analítica, além
de uma conclusiva: a primeira, formada pelo relatório consolidado das Coordenadorias de
Controle Externo (CCEs) e a segunda, pelo relatório sintético, a cargo do conselheiro-relator.

Outro aspecto de destaque foi o cuidado em manter o arcabouço técnico do Parecer Prévio,
observando os padrões internacionais, em perfeita sintonia com o recomendado pelas
Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público e pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Isso porque, é imperioso que se diga, o Parecer Prévio emitido pelos Tribunais de Contas,
para mim, sempre, Casas de Auditoria, é um documento de elevado teor técnico
especializado, sendo considerado um dos mais importantes instrumentos de transparência

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 509


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

da gestão governamental, uma vez que traz, materialmente, apreciação apolítica das contas
consolidadas e prestadas anualmente pelo Chefe do Poder Executivo, demonstrando ser,
por conseguinte, um importante instrumento para efetivar o mecanismo de “freios e
contrapesos” entre os poderes governamentais.

Diante de um relatório cuidadoso, bem elaborado e inovador, parabenizo o Exmo. Cons.


João Bonfim e a sua competente equipe pelo empenho, não apenas para atender ao
objetivo proposto, mas para ir além dele, fazendo com que o Tribunal de Contas do Estado
da Bahia, cada vez mais, sinta orgulho do seu corpo técnico e continue avançando na
defesa da accountability, no combate à corrupção e no incentivo às boas práticas de
governança pelo bom caminho da transparência, da independência, da eficiência, da
fundamentação técnica e do agir com justiça.

Muito obrigado a todos.

Salvador, 07 de junho de 2016.

Inaldo Araújo
Conselheiro-presidente

510 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do
Estado da Bahia, realizada em 07 de junho de 2016

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


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ATA DA 31ª SESSÃO ORDINÁRIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO DA BAHIA, REALIZADA EM 07 DE JUNHO DE 2016
Abertura dos trabalhos: 14h30min. Presentes: Presidente Exmo. Sr. Conselheiro INALDO
ARAÚJO; Exmos. Srs. Conselheiros PEDRO LINO, ANTONIO HONORATO, GILDÁSIO
PENEDO FILHO, CAROLINA COSTA, JOÃO BONFIM e MARCUS PRESÍDIO .-
Procurador do Ministério Público Especial junto a este Tribunal: Dr. DANILO FERREIRA
ANDRADE.- Representante do Núcleo de Atuação da Procuradoria Geral do Estado: Dr.
ROGÉRIO LEAL PINTO DE CARVALHO.- Secretária Geral: Dra. SORAIA DE OLIVEIRA.–
A ata da sessão anterior foi aprovada.- EXPEDIENTE – CORRESPONDÊNCIA - Ofício do
Exmo. Sr. Diretor-Geral da Escola de Constas Públicas do Tribunal de Contas do Estado de
Alagoas, Conselheiro Anselmo Roberto de Almeida Brito, agradecendo ao Exmo. Sr.
Conselheiro Presidente Inaldo Araújo pela participação no I Encontro Interestadual de
Capacitação Técnica das Escolas dos Tribunais de Contas de Alagoas, Bahia, Pernambuco
e Sergipe, no qual ministrou palestra de grande valia e orientação para os participantes do
evento, sobre o tema “Breve Abordagem sobre Fraudes na Administração”.-
Correspondências dos Exmos. Srs. Presidentes dos Tribunais de Contas dos Estados do
Tocantins e de Rondônia, Conselheiros Manoel Pires dos Santos e Edilson de Sousa Silva,
respectivamente, agradecendo pelo recebimento da estátua de Ruy Barbosa e
parabenizando esta Casa pelo seu centenário.- MATÉRIA ADMINISTRATIVA - O Exmo. Sr.
Conselheiro Presidente Inaldo Araújo fez registrar a presença, neste Plenário, de cinco
estudantes do curso de Direito, três da Universidade Salvador (UNIFACS); um , da
Universidade Católica do Salvador (UCSAL); e um, da Faculdade de Tecnologia e Ciências
(FTC), dando-lhes as boas vindas.- Em seguida, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo
Araújo convidou os Exmos. Srs. Conselheiros, os Exmos. Srs. Procuradores do Ministério
Público de Contas, os Ilmos. Srs. Procuradores do Núcleo de Atuação da Procuradoria Geral
do Estado junto a este Tribunal, os servidores desta Casa e, inclusive, os estudantes
presentes na sessão, para a palestra sobre o tema “Controle das Políticas Governamentais
e Qualidade dos Gastos Públicos: a Centralidade do Ciclo Orçamentário”, a ser proferida
pela Exma. Sra. Procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, Dra.
Élida Graziane Pinto, no próximo dia 17 de junho, às 09h, no Plenário desta Instituição.-
Dando prosseguimento aos trabalhos, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo,
considerando que o processo n° TCE/002434/2016, ref erente às Contas do Chefe do Poder
Executivo do Estado da Bahia, exercício de 2015, do Excelentíssimo Senhor Governador
Rui Costa, foi incluído em pauta, concedeu a palavra ao Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim
para, na condição de Relator, discorrer sobre as suas considerações sobre a matéria e
apresentar o seu Relatório e voto, a seguir transcritos: “Saúdo os Excelentíssimos
Conselheiros, a representação do Ministério Público de Contas e da Procuradoria Geral do
Estado, os servidores desta Casa e todos os presentes nesta Sessão Plenária que, para
mim, é histórica, vez que assumo pela primeira vez a Relatoria do processo que tem como
objetivo a emissão, por este Tribunal, do Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do
Chefe do Poder Executivo da Bahia, a ser encaminhado à augusta Assembleia Legislativa
do Estado da Bahia. Enfrentei este desafio, que muito me honrou e alegrou por ter me
proporcionado a oportunidade de compreender os diversos aspectos que envolvem a
avaliação da gestão governamental e a forma como as diversas áreas de atuação do Estado
concorrem para a disponibilização dos serviços públicos, o funcionamento da máquina
estatal e como o controle externo contribui para o aprimoramento da política e do gasto
público. A noção da importância do controle é algo inerente à natureza humana, como é,
desde os primórdios, a necessidade de viver em grupos. Neste sentido, tem-se que os
primeiros vestígios de controle via atividade auditorial foram encontrados em Uruk, na
Suméria, cerca de 8.000 a.c., ou seja, há 10.016 anos, quando fichas de barro eram
utilizadas na contagem do patrimônio, auxiliando o exercício do controle. Assim como a
humanidade, o controle também evolui no tempo. Desde a sua fundação, o Tribunal de
Contas tem envidado esforços para estimular a prática da transparência das ações estatais

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 513


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

e o aperfeiçoamento da gestão pública. E hoje, neste Plenário, encontro-me, junto com


meus pares, apreciando as contas governamentais do exercício de 2015, ano no qual o
TCE/BA completou 100 anos de criação. No sentido da evolução, cabe pontuar que, em
10/12/2015, foi aprovada a Resolução n.º 164/2015, que dispõe sobre a Normatização dos
Procedimentos para Emissão do Relatório e Parecer Prévio das Contas de Governo no
âmbito do TCE/BA. Não obstante a Resolução encontrar-se vigente, foi prevista regra de
transição, estabelecendo que suas disposições somente se aplicarão aos processos de
contas de governo a partir do exercício de 2016. Entretanto, considerando a existência de
normas de organização interna dos trabalhos na aludida Resolução e a oportunidade de
preparar as equipes técnicas para o novo modelo, resolvi orientar essa Relatoria pelos
ditames da mencionada norma, no pertinente à organização e elaboração deste Relatório e
Parecer Prévio. Dentre as inovações propostas, foi estabelecido que o Relatório das Contas
de Governo do TCE/BA deve ser composto, necessariamente, de uma Seção Analítica e
uma Conclusiva. A Seção Analítica é formada pelo relatório consolidado das CCEs e a
Seção Conclusiva é formada pelo relatório sintético do Relator, onde são analisados os
resultados auditoriais da Seção Analítica, com a exposição dos fatos e fundamentos que
suportaram a minha proposta de Parecer Prévio. Cabe destacar que a Seção Analítica foi
um documento de autoria dos seguintes Auditores: Ailton dos Reis Cavalcanti, Alex Pereira
dos Santos, Ana Patrícia Crisóstomo Pereira, Ana Paula Soares de Lima, Anésio Pereira
Júnior, Antônio José Jesus dos Santos, Antônio Luiz Carneiro, Augusto César Pinheiro de
Mattos, Christiane Grisi Pessoa Silva, Dalva Andrade Erdens, Dêlza Maria Teixeira Matos,
Eduardo Mattedi e Silva, Edmilson Santos Galiza, Emerson de Oliveira Araújo, Florípedes
Conceição Almeida, Gonçalo de Amarante Santos Queiroz, Israel Santos de Jesus, Izabela
Goulart de Santana, José Jorge Dantas de Lima Júnior, Josefa Adineide Almeida, Josimeire
Leal de Oliveira, José Raimundo Bastos de Aguiar, Josué Lima de França, Jucival Santana
de Souza, Juliana Rocha Santiago, Marcelo Suzart de Oliveira, Márcia da Silva Sampaio
Cerqueira, Márcio Maia Valois Costa, Marcos André Sampaio de Matos, Maurício Souza
Ferreira, Olívia Mamede Couto Raymundo, Osvaldo do Rosário do Vale, Otoniel Jorge
Magalhães Costa, Paulo César de Oliveira Santos, Raquel Leda Cordeiro Capistrano,
Renane Márcia Costa Casqueiro, Rita de Cássia de Araújo Melo, Rita Suely Bomfim Pinto,
Rosana Como Alvarez, Rosana Ferreira Lima, Simone Maria Ventura, Simone Souza da
Silva, Valeria Dias Carvalho Silva Câncio, Vanessa Hedjazi Ribeiro, Yuri Moisés Martins
Alves. Após o exame aprofundado da Seção Analítica apresentada a esta Relatoria, que
abordou, em síntese, a análise do planejamento e gestão das ações de política pública, a
avaliação do controle interno e da transparência pública, o exame do cumprimento dos
limites constitucionais e legais com gastos com educação, saúde, previdência oficial do
Estado, com pessoal e encargos sociais, dívida pública e com parcerias público-privada, a
apuração do resultado nominal e primário, e a gestão orçamentária, financeira e patrimonial
do Estado da Bahia, produzi a Seção Conclusiva do Relatório e a proposta de Parecer
Prévio. Registro que disponibilizei a Seção Analítica ao Ministério Público de Contas, o que
subsidiou a emissão do opinativo do Parquet. Na Seção Conclusiva, deverão ser abordados,
em especial, nos termos da Resolução n.º 164/2015, os seguintes elementos: observância
dos limites constitucionais e legais na execução do orçamento público; gestão orçamentária,
financeira e patrimonial do Estado da Bahia, planejamento e gestão das ações de política
pública, controle interno da Administração Pública; auditorias e inspeções realizadas no
exercício avaliado; acompanhamento das deliberações constantes do parecer prévio sobre
as contas do Chefe do Poder Executivo do exercício anterior; e a apuração do atendimento
de resultados almejados por programas governamentais, considerados relevantes e
prioritários, contidos no PPA ao qual o exercício auditado está inserido, sob os aspectos da
economicidade, eficiência e eficácia da gestão pública, notadamente os situados nas áreas
sociais e econômicas. Por fim, o Relator também deverá considerar o desempenho da
economia baiana no exercício, observando, inclusive, a conjuntura nacional e internacional
e, sempre que possível, correlacioná-la aos resultados verificados na análise da gestão.
Esta nova metodologia faz jus à qualidade técnica dos Auditores e contribui para a
segregação de responsabilidades, contribuindo de forma significativa para a evolução do

514 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

controle externo a cargo desta Casa. Antes de iniciar a apreciação das Contas propriamente
dita, por reconhecimento e agradecimento, quero parabenizar, além dos auditores que
subscreveram a Seção Analítica, os servidores Ane Gleide da Conceição de Araújo, Edson
Silva Santos, Cristiano Pereira Rodrigues, Denilze Alencar Sacramento, Marcelo
Mascarenhas Liguori, Mário Sérgio Afonso Oliveira, Marystella da Silva de Souza, que,
juntos, não mediram esforços para a realização de todas as etapas necessárias à
elaboração deste trabalho. As contas foram prestadas pelo Excelentíssimo Senhor
Governador, Rui Costa, à Assembleia Legislativa, em 15/02/2016, na forma prevista no art.
105, XV, da Constituição Estadual. Por sua vez, a Assembleia Legislativa as enviou a este
Tribunal em 15/04/2016, tendo sido aqui autuadas sob o nº TCE/002434/2016, em
18/04/2016. Sua composição compreende: Relatório Anual de Atividades do Governo;
Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado; Inventário dos Bens Imóveis dos
Órgãos da Administração Direta do Poder Executivo (Relatório Imobiliário do Estado) e
Relatório Anual de Avaliação Parcial da Execução do PPA 2012-2015, ano 2015, volumes I e
II. Analisando a conjuntura brasileira atual, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2015, mensurando o índice de inflação, apurou que o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10,67%. Porém, mais importante que a variação dentro
do exercício, é a variação dos últimos 12 meses, que, para o ano de 2015, apresentou um
crescimento quase uniforme das taxas calculadas mês a mês, somente visualizada
graficamente a sua curva decrescente a partir de fevereiro de 2016. Quando verifico a
quantificação do Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado para o ano de 2015,
observo que ele foi negativo em 3,8%, sendo o único setor positivo o de exportação de bens
e serviços, com 6,1%, e os piores índices foram dos setores importação de bens e serviços
(-14,3%) e formação bruta de capital fixo (-14,1%). Com relação ao impacto desses índices
na força de trabalho, o IBGE, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios,
com dados do último trimestre de 2015, comparado ao mesmo trimestre do ano anterior,
apontou que houve um crescimento de 1,1% na população apta a trabalhar. Em
contraponto, foi observada redução de 3% nos empregados no setor privado com carteira
assinada, de 4,3% entre os sem carteira assinada, e de 2,2% dentre os empregados
públicos. Por seu turno, foi registrado um crescimento de 1,2% nos empregadores e 5,2%
nos trabalhadores por conta própria, havendo, assim, uma migração de desempregados
para setores autônomos que não possuem rendimentos nem direitos trabalhistas totalmente
garantidos. Analisando por grupamento de atividade, a força de trabalho da indústria geral
ficou reduzida em 7,9%, enquanto a agricultura, em 1,5%. Não obstante a redução da força
de trabalho também no setor agrícola, foi mensurado um desempenho positivo de 1,8% do
PIB na agropecuária e de 4,9%, na extrativa mineral. Esses dados apontam uma redução
nos setores agrícolas intensivos de mão de obra, em razão da diminuição da área plantada
e do aumento da mecanização. Portanto, constato que o incentivo ao agronegócio é
fundamental para o crescimento e a empregabilidade. O IBGE concluiu que a massa de
rendimento real habitual foi reduzida em 2,4%, impactando na redução do consumo das
famílias, devido à perda de poder aquisitivo, e na redução do montante salarial, em razão do
desemprego de integrantes do núcleo familiar, repercutindo na queda das arrecadações
tributárias dos entes federados. No entanto, o índice mais importante para o Estado da
Bahia, seja por conta da arrecadação tributária estadual, seja pela cota-parte dos tributos
federais, é o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com percentual negativo de 7,3%
ao final do quarto trimestre, culminando com os valores para três trimestres anteriores de
3,8%, 4,8% e 6,0%, todos negativos. Abro aqui um parêntese para comentar que a redução
de IPI e de ICMS tem uma relação direta com o baixo desempenho do agronegócio, que
influencia diretamente, na medida em que quanto mais áreas são plantadas, mais máquinas
são adquiridas, mais insumos são consumidos e mais ICMS são pagos, através do consumo
de combustível e de energia. A diminuição do desempenho do agronegócio impacta
diretamente com a arrecadação de IPI e ICMS. Com relação à arrecadação tributária, o
Ministério da Fazenda informa que todas as divisões econômicas tiveram, em 2015,
comparando com o ano anterior, a preços corrigidos para dezembro de 2015, quedas de
arrecadação, culminando no total geral de menos 3,78%. A arrecadação das receitas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 515


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

administradas pela Receita Federal, abrangendo todos os tributos federais, sofreu, em 2015,
uma redução total de 4,66%, sendo que o IPI, de interesse dos estados, devido às cotas
partes do Fundo de Participação dos Estados (FPE), decresceu em 16,07% sua
arrecadação. Neste contexto, a receita pública estadual, que representa a totalidade dos
recursos arrecadados pelo Estado, sendo gerida pelo Poder Executivo por meio da SEFAZ,
exceto quanto às taxas cartorárias, arrecadadas e geridas pelo Poder Judiciário, mas
escrituradas como receitas tributárias pela SEFAZ, apresentou um desempenho negativo,
com decréscimos comparativos nos últimos três exercícios nos valores de percentuais de
5,61%, 3,21% e 5,70%, conforme Tabela 48, fls. 141 do Relatório. Em termos absolutos, a
receita pública do Estado efetivamente arrecadada em 2015 atingiu o valor de
R$39.213.169.665,73, sendo receitas correntes o montante de R$36.342.627.176,27 e de
capital, de R$2.870.542.489,46. Dentre os tipos de receitas, destaca-se a tributária, que
representou R$19.630.984.102,66, já deduzida do valor relativo à conta retificadora, no
montante de R$2.804.252.722,71, correspondendo a 50,06% da receita arrecadada. Por seu
turno, dentre as receitas tributárias, tem-se relevo àquela decorrente do Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), que totalizou
R$18.317.776.172,57, representando 85,34% da receita total com impostos. No comparativo
dos últimos quatro anos, a receita com o ICMS, conforme se observa na Tabela 51, fls. 143
do Relatório, vem apresentando crescimento nominal, nos seguintes percentuais, de 10,99
%,16,04%, 10,70%, e 5,48%. No exercício de 2015, o Estado da Bahia recebeu
transferências constitucionais da União no montante de R$9.587.412.132,68, referentes às
transferências correntes e de capital. Deduzindo-se o valor da conta retificadora das
transferências correntes, obtém-se o valor líquido de R$7.959.833.467,01. O comportamento
dessas transferências, nos últimos dois exercícios, revelou um crescimento nominal de
2,32% em relação a 2014. No pertinente à receita proveniente de transferências de
convênios da União, que tinha apresentado um crescimento de 104,00% entre 2013 e 2014,
apresentou queda de 66,06% no comparativo entre 2014 e 2015, representando, em termos
absolutos, uma redução de R$847.338.152,29. Visando incrementar a arrecadação, o
Governo do Estado promoveu ações como a criação do Domicilio Tributário Eletrônico (canal
de comunicação direta on-line do contribuinte com o fisco estadual), a ampliação do Canal
Verde (canal eletrônico de fiscalização on-line, com maior eficácia e melhores condições
para o atendimento ao contribuinte), a criação do programa Sefaz On-line (inserindo o fisco
baiano na nova realidade de dados digitais), e a Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica
(NFC-e). Considerando o índice de inflação do IPCA de 10,67% em 2015, concluo que,
mesmos nos subgrupos de receita pública nos quais houve crescimento nominal, há queda
real da arrecadação estadual, que, apesar de se encontrar em consonância com o cenário
brasileiro, impõe a adoção de medidas para restabelecer o equilíbrio fiscal do Estado,
considerando o Resultado Primário negativo, conforme demonstrado no item 2.3.8 do
Relatório das Contas de Governo. Neste cenário atual de tendência decrescente na
arrecadação estadual, além das medidas de contenção de despesas, foi identificada, pelos
auditores, a necessidade de aprimoramento da fiscalização das empresas com benefícios
fiscais (item 2.4.3.5.2 do Relatório) e da recuperação de créditos inscritos na Divida Ativa
Tributária (item 2.4.5.2.3.1.1 do Relatório). Em relação à fiscalização das empresas
beneficiárias de incentivos fiscais, a Auditoria recomendou à Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (SDE) que envide esforços para implementar, no mais curto prazo possível, o
Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de Investimentos, visando à efetiva
fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções firmados com o Estado, com
emprego de vistorias. Quanto à recuperação de créditos tributários, a Auditoria apontou que,
a longo prazo, o uso frequente da estratégia de anistias fiscais se mostra de baixa eficácia,
como demonstra a grande diferença entre o montante recuperado em 2013 e o que se
alcançou dois anos depois, gerando nos contribuintes uma relativa despreocupação com
eventual autuação fiscal, criando a cultura da inadimplência beneficiada ao invés da
valorização da adimplência, por meio de descontos por antecipação de pagamentos ou
outros meios de incentivos aos contribuintes. Neste contexto, verifica-se que a morosidade

516 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

do andamento dos processos judiciais de cobrança estimula o contribuinte a inadimplência


fiscal, sobretudo os de maior porte. Os dados de 2015 não diferem muito, em termos
percentuais, dos já demonstrados quando da apreciação das contas do Chefe do Poder
Executivo Estadual do exercício de 2014. No final do exercício de 2015, o valor total de
processos em cobrança judicial era de R$11.311.615.193,29, montante que equivalia a
86,52% do saldo total da Dívida Ativa Tributária (DAT) naquele momento. Ressalto,
conforme apontado pela Auditoria, que os Processos Administrativos Fiscais (PAFs) com
valor acima de um milhão de reais representam, aproximadamente, 61,1% de todo o valor
cobrado em juízo e que 91,83% dos contribuintes com débitos fiscais superiores, cada um, a
um milhão de reais, têm seus processos em cobrança judicial. A título de comparação, os
processos fiscais inscritos na DAT com saldo igual ou menor que R$50.000,00 eram de
273.008 em 31/12/2015, dos quais, 76.435 PAFs estavam em juízo, ou seja, um percentual
de, aproximadamente, 28,00% apenas. A Auditoria solicitou informações acerca do Comitê
Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA) e de suas ações, tendo a Administração
informado que o CIRA, embora criado desde 2012 pelo Decreto Estadual n.º 13.843, só
passou a efetivamente funcionar em 2014, e que a ação conjunta da SEFAZ, PGE,
Ministério Público e Tribunal de Justiça, em síntese apertada, começa a apresentar
resultados. A Auditoria confirma que a ação conjunta representou um avanço em relação à
gestão da Dívida Ativa Tributária do Estado, no rumo que tem sido recomendado por este
Tribunal, devendo, entretanto, ser intensificado para modificar a expectativa de recuperação
de créditos tributários inscritos na Dívida Ativa, que se situa em 0,15% do saldo da DAT, em
31/12/2015. Em relação ao planejamento, gestão, monitoramento e avaliação das ações de
política pública, o item 2.1 da Seção Analítica do Relatório tratou de avaliar os instrumentos
norteadores do Planejamento da Administração Pública, que formam a tríade orçamentária:
o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária
Anual (LOA), que devem guardar compatibilidade entre si, nos termos do art. 165 da CF,
com o objetivo de verificar se tais instrumentos direcionam a Administração Pública na boa
aplicação dos recursos e se oferecem condições de demonstrar com transparência o
alcance dos resultados almejados. Em 2015, foram realizadas duas auditorias operacionais
com o objetivo de avaliar a sistemática adotada na elaboração dos planos plurianuais dos
quadriênios de 2012-2015 e 2016-2019, cujos resultados respaldam as observações a
seguir, sendo reiteradas as recomendações e determinações proferidas por este Tribunal na
minha proposta de Parecer Prévio. Em relação à estrutura de planejamento estadual para
elaboração do PPA, sobretudo na SEPLAN, coordenadora do processo de elaboração do
PPA, assim como nas secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, observo a
necessidade de melhorias em razão das seguintes fragilidades: pouca garantia e
transparência de que os resultados da escuta social são considerados na elaboração do
PPA; deficiência na orientação dada pela SEPLAN às secretarias/órgãos/entidades;
fragilidades na organização administrativa das secretarias/órgãos/entidades; insuficiência de
estudos/diagnósticos específicos que fundamentem a construção dos compromissos, das
metas e das entregas/iniciativas dos programas do PPA; deficiência no processo de
elaboração/seleção dos indicadores dos programas. Para o PPA 2016-2019, após reuniões
provocadas por esta relatoria com a SEPLAN, o Presidente da Comissão de Finanças,
Orçamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) e o
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da ALBA, respectivamente os Deputados
Alex Lima e Josenildo Ramos, que, na oportunidade, era relator do projeto de Lei para o
mencionado PPA, identifiquei avanços na elaboração do referido instrumento de
planejamento, permanecendo, contudo, algumas fragilidades, em especial as relacionadas
com a compatibilidade entre os instrumentos que formam a tríade orçamentária, a saber:
não explicitação do elemento vinculante entre PPA e LOA; deficiência no estabelecimento
das metas para os compromissos dos programas, comprometendo o monitoramento e a
avaliação do PPA; metas com características de ações a serem executadas e sem
especificações claras e mensuráveis; e estabelecimento de metas globais para os
compromissos, sem quantificação anual, o que impossibilita o devido monitoramento do
estágio de implementação das metas a cada exercício. Aqui, vale salientar que dessas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 517


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

reuniões realizadas com a Secretaria de Planejamento e com os deputados das Comissões


de Finanças, Orçamento e de Constituição e Justiça da Assembleia, resultou uma emenda
de Relator que modificou o Projeto de Lei da PPA 2016/2019, em atendimento aos
apontamentos feitos pelos auditores desta Casa. Quanto aos demais instrumentos de
planejamento, LDO e LOA, em 2015 foram contemplados 61 Programas de Governo, dos
quais 25 foram definidos como prioridades da Administração, restando 36 como Programas
não prioritários. Destaco, ainda, que a maior participação de percentual dos recursos
aprovados está nos Programas não prioritários e que, no cômputo geral, quando
comparados os percentuais de execução alcançados, os Programas não prioritários
apresentaram melhor desempenho, com 93,05%, em relação aos Programas prioritários,
que atingiu 71,57%, o que evidencia inobservância das prescrições contidas na Lei nº
13.190/2015 (LDO) no sentido de salvaguardar a alocação preferencial de recursos em
programas eleitos como prioritários. Na avaliação da compatibilidade entre as peças de
planejamento, verifico que na LOA/2015 não há correlação entre as Ações Orçamentárias
estabelecidas e as Entregas/Iniciativas previstas no Plano Plurianual para os Compromissos
dos Programas, tendo em vista que o próprio PPA de 2012-2015 não define as Ações
Orçamentárias a serem executadas no âmbito dos Programas, passando a ser definidas
apenas nas LOAs, em desacordo com o § 7º, art. 165 da CF e art. 6º da Lei nº 12.504/2011.
O Relatório de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA), instrumento de
avaliação do PPA que compõe as contas de governo, revelou-se frágil diante das
inconsistências nos dados apresentados, a exemplo da pouca transparência dos dados
relativos às taxas de crescimento anual; da ausência de valores referentes à execução
física; da descontinuidade das informações relativas aos produtos ofertados pelas Ações
Orçamentárias; e da inconsistência na informação de execução das metas físicas das ações
orçamentárias. Ainda em relação ao RAPPA, constato como fragilidade as divergências e
inconsistências no preenchimento das informações relativas à série histórica dos
indicadores apresentados em 2014 e 2015; a ausência de demonstrativo da execução
orçamentária e financeira por ação orçamentária em conjunto com a demonstração da
execução das metas físicas; e a ausência de demonstrativo do grau de cumprimento das
metas dos compromissos. Outro instrumento avaliado foi o Relatório Anual de Governo
(RAG), sendo apuradas divergências nos valores informados no próprio Relatório, que
também divergem dos valores constantes no sistema FIPLAN. Constato, ainda, que a
demonstração das realizações governamentais somente abrange a descrição dos bens e
serviços realizados, sem nenhuma correlação com as metas estabelecidas no PPA.
Ademais, não se verificou a avaliação de desempenho dos programas considerados
prioritários na LDO, bem como aspectos de governança no âmbito do PPA 2012-2015.
Sendo assim, entendo que os instrumentos de avaliação acima mencionados não se
mostraram adequados para mensurar a execução e os resultados atingidos pelos
Programas governamentais, conforme preceitua o art. 90 da Constituição Estadual,
carecendo de melhorias. Quanto ao controle interno e à transparência pública, a
obrigatoriedade de implantação do sistema de controle interno está prevista nas
Constituições Federal e Estadual, bem como na Lei Complementar n.º 101/2000, Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). O item 2.2 da Seção Analítica do Relatório avaliou o sistema
de controle interno do Poder Executivo do Estado da Bahia, abordando os aspectos a seguir
comentados. Quanto à avaliação da estrutura básica das unidades de controle interno,
verifico que, em 2015, foram desenvolvidas ações para o seu fortalecimento, com a criação
das Coordenadorias de Controle Interno (CCIs), instituídas pela Lei n.º 13.204/2014, que
passaram a integrar a estrutura básica das Secretarias de Estado, à exceção das
Secretarias de Promoção da Igualdade Racial, de Relações Institucionais e de Políticas para
as Mulheres e da Casa Militar do Governador. Em seguida, o Decreto n.º 16.059/2015
disciplinou as competências das CCIs, assim como das demais estruturas equivalentes de
controle interno nos órgãos e entidades da administração indireta do Poder Executivo
Estadual, que passaram a ser desenvolvidas de forma integrada e em articulação sistêmica
com a Auditoria Geral do Estado (AGE), que tem a competência de orientar tecnicamente e
coordenar os trabalhos dessas unidades. Também foi editado o Decreto nº 16.406/2015, que

518 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

aprovou o novo Regimento Interno da SEFAZ, ampliando o rol de atribuições da AGE, de


modo a consolidar a sua responsabilidade em supervisionar e orientar as unidades de
controle interno. Neste sentido, por entender que as medidas são recentes e, portanto,
necessitam de maturidade para aferir o alcance da sua efetividade, não acompanho o
opinativo do Ministério Público de Contas (MPC) em relação à expedição de recomendação
para que o Poder Executivo do Estado da Bahia avalie a adoção de providências, no âmbito
de sua competência, para a criação e implantação de uma Controladoria Geral do Estado
(CGE). Segundo informações prestadas pela AGE, durante 2015 foram realizadas as
seguintes atividades: edição de nove orientações técnicas voltadas para as recém-criadas
CCIs, conclusão de 28 auditorias, expedição da primeira solicitação de inspeção às CCIs
para exame de 54 convênios, com regularização de 26 deles. Informou, ainda, que até
fevereiro de 2016, 49 unidades de controle interno foram implantadas, com 146 servidores,
nos quais 80 já passaram por treinamento. Contando com uma equipe de apenas 24
auditores e oito cargos comissionados, a AGE afirma que há limitação de pessoal para
desempenhar todas as suas atribuições, definidas em lei. No âmbito das CCIs e demais
estruturas de Controle Interno existentes, a AGE informou que das 42 entidades da
administração indireta, não constatou registro de implantação de unidade de controle interno
em 16 delas. Destacou, ainda, que as fragilidades encontradas nas CCIs estão relacionadas
com a elevada rotatividade no quadro de pessoal; deficiência no quantitativo de pessoal;
elevado número de servidores sem vínculo com o Estado; e pouca experiência técnica de
parte dos servidores na área de controle interno. Tais informações foram confirmadas por
este Tribunal a partir do diagnóstico das alterações ocorridas em 2015 com a criação das
CCIs, no qual acrescento ainda: baixa utilização de indicadores para acompanhamento,
controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimonial pelas unidades
jurisdicionadas; e significativa ausência de acompanhamento das ações e programas do
PPA, caracterizada pelo não monitoramento dos resultados, através do uso de indicadores
publicados no próprio PPA, nem de outros indicadores. Quanto ao cumprimento das
atribuições constitucionais do controle interno, verifico que apesar dos esforços
empreendidos com a criação das CCIs, o sistema de controle interno está muito distante do
conceito ideal de “órgão de controle interno”, pois a estrutura sistêmica existente ainda é
insuficiente e pulverizada, com baixa integração entre os procedimentos adotados, tendo em
vista as seguintes situações constatadas: baixa valorização da alta gestão na seleção dos
ocupantes das CCIs; formação técnica precária e pouca experiência dos servidores;
rotatividade de pessoal; quantidade de pessoal incompatível com o volume de atividades
das CCIs, principalmente nas grandes Secretarias; planejamento das atividades sem visão
estruturada, pela falta e uso adequado de ferramentas de TI apropriadas; não avaliação dos
aspectos operacionais e de eficiência; baixa articulação com as unidades de controle interno
da administração indireta e baixo intercâmbio de experiências; e limitação de pessoal para a
AGE desempenhar todas as suas atividades definidas em lei. Permitam-me um comentário a
respeito das CCIs, que ainda não estão absorvidas culturalmente pelos nossos
jurisdicionados. Existe um fator que eu observo. É que os controles internos são vistos como
órgão para tentar mascarar as informações ao controle externo. Então, é preciso que haja
uma maior aproximação também entre o controle interno e o controle externo, da
compreensão do papel de cada um, na medida em que o controle externo também se
propõe a observar e corrigir distorções ainda no exercício de cada mandato. Apesar das
recomendações deste Tribunal, ainda não foi implantado o Órgão Central de Controle,
Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios (OCAAF), sendo
constatado que em dezembro de 2015 foi criado Grupo de Trabalho com o objetivo de
desenvolvimento de estudos e proposição de minutas para a implantação do referido órgão,
com prazo de conclusão de 180 dias. No âmbito da verificação dos instrumentos de controle
interno, identifico melhorias nos sistemas corporativos, em especial no SIMPAS e ACP, após
o advento do sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN).
Entretanto, observo que nos sistemas corporativos permanece carente o adequado
acompanhamento da gestão dos convênios, bem como que não foi atendida a
recomendação feita por este Tribunal, no sentido da alimentação sistemática do FIPLAN do

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 519


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

Submódulo de Acompanhamento da Ação Governamental. Em relação à transparência


pública, destaco a realização da Auditoria operacional no cumprimento da Lei n.º
12.618/2012, Lei de Acesso à Informação (LAI), que regulamenta o acesso a informações no
âmbito do Poder Executivo estadual. Constato, a partir do resultado da auditoria, que
medidas ainda precisam ser adotadas para garantia do amplo acesso às informações, o que
me leva a reiterar, na minha proposta de Parecer Prévio, todas as recomendações e
determinações proferidas por este Tribunal, com ações voltadas para: regulamentação e
implementação do Comitê Gestor de Acesso à Informação (CGAI); designação dos órgãos
responsáveis que exercerão as competências estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei nº
12.618/2012; designação formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos
componentes do Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de realizar as funções
estabelecidas pelo art. 7º da LAI; conclusão do Projeto de Identidade Digital de Governo, de
modo a promover a padronização e publicação das informações mínimas contidas nos
incisos I a IV, § 1º do art. 8º da Lei nº 12.527/2011; regulamentação do procedimento de
classificação e desclassificação de informações sigilosas, com o objetivo de viabilizar que a
autoridade máxima de cada órgão ou entidade estadual publique tais informações em seus
sítios da Internet; disponibilização de forma descentralizada, em cada órgão, de local para
atendimento presencial, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do
crescimento da demanda, para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo
para o atendimento presencial do Serviço de Informações ao Cidadão (SIC);
regulamentação acerca dos procedimentos para tratamento de informação pessoal; e
encaminhar ao Tribunal de Contas documentação que comprove a possibilidade de interpor
recursos pelo Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública (TAG), bem como imagens com
captura de telas do sistema, evidenciando a funcionalidade e o fluxograma que apresente os
procedimentos necessários ao manejo da via recursal. Apesar de ter sido objeto de
recomendação do Parecer Prévio das contas governamentais do exercício de 2014, verifico
que o Poder Executivo do Estado da Bahia ainda não divulga, em seu portal eletrônico,
informações relativas à remuneração dos servidores públicos estaduais civis e militares,
diferentemente do que ocorre na esfera federal e, no âmbito estadual, com o Tribunal de
Justiça, o Tribunal de Contas do Estado e dos Municípios e o Ministério Público, que
atendem plenamente ao disposto na LAI. Levando em consideração os esforços
empreendidos para o desenvolvimento do Projeto de Identidade Digital de Governo, a cargo
da SECOM, destinado a conferir unidade visual e a atender aos critérios de “acessibilidade,
transparência, acesso à informação e normas de segurança” em sítios estaduais, entendo
oportuno reiterar, mais uma vez, a recomendação de divulgação da remuneração dos
servidores públicos do Poder Executivo. Constato ainda que não foi implementado sistema
de informática para divulgação de convênios e outros instrumentos para transferências de
recursos estaduais, subsistindo deficiências no FIPLAN em razão da ausência de
informações das fases de proposição, celebração, execução e prestação de contas dos
convênios, situação que compromete o exercício do controle interno e externo. Ademais, o
módulo “Convênios Concedidos”, do sítio Transparência Bahia, somente permite consultas
até o ano de 2012, o que impossibilita o efetivo acompanhamento acerca dos recursos
públicos repassados por meio dos convênios. No pertinente aos limites constitucionais e
legais referentes à aplicação de recursos nas ações e serviços públicos de saúde e de
educação, tendo como referência os limites constitucionais mínimos de alocação de recurso,
bem como os limites legais impostos pela LRF para despesa com Pessoal e Encargos
Sociais, com Previdência Oficial e de endividamento do Estado, a Auditoria constatou o
cumprimento das previsões legais, na forma comentada a seguir. A participação das
despesas próprias com saúde na receita de impostos líquida e transferências constitucionais
e legais ultrapassou o limite constitucional de 12%, atingindo 12,69%, percentual confirmado
pela Auditoria, conforme item 2.3.1 do Relatório, fls. 85 a 90. Entendo, porém, que não é
somente gastar o montante legal, devemos analisar a qualificação destas despesas, pois, se
no passado dizia-se que os melhores hospitais e postos de saúde do interior eram as
ambulâncias que traziam os pacientes aos hospitais de Salvador, bastando para isso
observar as placas dos veículos nas portas do Hospital Geral do Estado (HGE) ou do

520 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), atualmente o quadro mudou, apesar de estarmos
longe do desejado, mas a criação e qualificação de hospitais regionais, capacitados para
suprir as necessidades dos postos de saúde e hospitais municipais, a implementação de
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), especializadas e qualificadas em atendimentos de
média complexidade, possibilitando a avaliação dos casos clínicos dos pacientes,
encaminhando à Capital quando estritamente necessário, permitindo celeridade, rapidez e
eficiência no acolhimento e tratamento, demonstram que o rumo adotado é coerente com os
objetivos determinantes para uma saúde pública gratuita prevista pela Constituição Federal.
A despesa com educação superou o mínimo anual de 25% das Receitas de Impostos na
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, previsto no art. 212 da Constituição Federal,
atingindo 27,96%. Já o mínimo anual de 60% do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) na
Remuneração do Magistério com Ensino Fundamental e Médio também foi ultrapassado,
atingindo 84,41%, conforme confirmado pela Auditoria no item 2.3.2 do Relatório, fls. 88 a
90. Além dos limites mínimos constitucionais para gastos com educação, devemos analisar
a qualidade destes gastos como contrapartida da melhoria da educação, buscando utilizar
índices setoriais existentes ou propondo que o Governo elabore outros, permitindo a
mensuração do grau de melhoria na qualificação do ensino. Isto já vem sendo feito por meio
das avaliações aplicadas no ensino médio, no ingresso nas escolas técnicas federais e nas
universidades públicas do País. No pertinente às despesas com Pessoal e Encargos
Sociais, verifico que o limite prudencial estabelecido na LRF foi ultrapassado tanto no
consolidado, que reúne todos os entes do Estado, quanto no referente ao Poder Executivo,
conforme demonstrativos publicados pelo Estado da Bahia, bem como nos cálculos
realizados pela Auditoria, item 2.3.3 do Relatório, fls. 91 a 99. Registro que os limites
definidos pela LRF são: alerta (54,00%), prudencial (57,00%) e máximo (60,00%) para o
consolidado, que representa o conjunto de todos órgãos e entes da Administração. Somente
para o Executivo, os limites são: alerta (43,74%), prudencial (46,17%), e máximo (48,60%).
Para o último quadrimestre de 2015, os valores publicados pela Administração e os
calculados pela Auditoria foram: para o consolidado, 57,44% e 58,17%, respectivamente; e
para o Poder Executivo, 47,61% e 48,33%, respectivamente. As divergências nos valores
decorrem: da não inclusão, pelo Poder Executivo, de despesas incorridas com prestadores
de serviços temporários em substituição a servidores, no valor de R$51.320.525,79, e de,
com Pessoal e Inativo, no montante de R$2.090.775,49. Também foi apurada divergência
nos valores da rubrica “Inativos com Recursos Vinculados”, no montante de
R$143.332.439,97; e da não inclusão, pelo Ministério Público, de verbas referentes aos
Abonos de Permanência e de Férias, no montante de R$29.156.093,51, e por valores de
despesas apuradas com Pessoal Inativo e Pensionista, no total de R$ 672.889.439,73,
Órgão/Poderes, na forma demonstrada na Tabela 16, fl. 98 do Relatório. Por conveniente,
cabe registrar a decisão proferida na Resolução n.º 031/2016 deste TCE, que, em resposta
à consulta formulada pela Administração, fixou entendimento pela possibilidade de exclusão
das despesas com pessoal relativas ao abono permanência, abono de férias e abono
pecuniário. Ressalte-se que, até o final do Relatório, apenas, o Ministério Público e o
Tribunal de Justiça apresentaram seus demonstrativos com a exclusão das despesas em
comento. A Auditoria registrou, ainda, que mesmo que se exclua do cômputo das despesas
com pessoal os valores registrados pelo Ministério Público e Tribunal de Justiça, relativos
aos abonos de permanência, férias e pecuniário, e aqueles identificados pela auditoria,
pertencentes ao Poder Executivo, o limite das despesas com pessoal do consolidado e do
Poder Executivo permaneceriam acima do limite prudencial, respectivamente, 58,49% e
47,65%. O Poder Executivo, ultrapassando o limite prudencial previsto no art. 22 da Lei
Complementar n.º 101/2010, está submetido às seguintes vedações previstas nesse mesmo
dispositivo: I – concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a
qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou
contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II – criação
de cargo, emprego ou função; III – alteração de estrutura de carreira que implique aumento
de despesa; IV – provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 521


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de


servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V – contratação de hora extra, salvo
no caso do disposto no inciso II do § 6° do art. 57 da Constituição e as situações previstas
na lei de diretrizes orçamentárias. Em relação aos limites para gastos com a previdência
oficial do Estado, a LRF, art. 59, § 1º, IV, dispõe que os Tribunais de Contas alertarão os
Poderes ou órgãos referidos no art. 20, quando constatarem “que os gastos com inativos e
pensionistas se encontram acima do limite definido em lei”. Os limites para os gastos
previdenciários são pertinentes à proporção entre as contribuições dos entes e dos
respectivos servidores para o custeio do regime próprio, que não poderão ser inferiores às
dos servidores nem superiores ao dobro. Conforme demonstrado na Tabela 19 do Relatório,
fl. 100, a Auditoria obteve uma proporção entre a contribuição do Estado em relação à dos
segurados de 1,46, enquanto a Administração apresentou o valor de 1,65. Não obstante a
divergência, não restou dúvida sobre o atendimento dos limites. Em relação à divergência
nos cálculos, cabe registrar que a Auditoria identificou uma diferença de R$300.000.000,00
em relação ao apresentado na Tabela 7.05 das Demonstrações Contábeis Consolidadas do
Estado (DCCEs), fl. 111, em relação à contribuição do Estado. A aludida diferença refere-se
a recursos provenientes da Cessão de Direito de Operacionalização da Folha de Pagamento
decorrente do Contrato n.º 01/2014 de prestação de serviços financeiros e outras avenças,
entre o Banco do Brasil e o Estado da Bahia, registrado como Receita Intraorçamentária –
Outras Receitas Correntes, no FUNPREV, em julho de 2015, conforme comentado no item
2.4.2.2 do Relatório. A SEFAZ, em resposta à Solicitação n.º MF04/2016, confirmou que não
se trata de receita de contribuição e informou que os dados da aludida Tabela 7.05 deverão
ser revistos nas próximas publicações, para atender com precisão ao objetivo informativo a
que se propõe. Em relação aos limites de endividamento do Estado, a Auditoria, consoante
se observa nos itens 2.3.5 e 2.3.6 do Relatório, fls. 107 a 115, ratificou o cumprimento pelo
Estado dos limites para liberação de crédito, para o montante global das operações de
créditos realizadas, para dispêndios, para a dívida consolidada líquida, e para a concessão
de garantias de valores, relativos ao exercício de 2015. Quanto às operações de créditos
contraídas pelo Estado, analisando a natureza, taxas, fator de atualização monetária e
garantias destes créditos, identifico que a garantia dada é sempre o repasse federal do FPE
(cota-parte do Fundo de Participação dos Estados), os indexadores externos são moedas
estrangeiras, utilizadas inclusive nos contratos de natureza interna, exceto aqueles oriundos
da Caixa Econômica Federal (CEF), que utiliza a Unidade Padrão Referencial Diária
(UPRD). Quanto às taxas de juros nos contratos externos, poucas são fixas, sendo que a
maioria utiliza como variável a taxa interbancária do mercado londrino, além de um
acréscimo dentro de um intervalo predefinido. Já nos contratos internos, quase todos são a
taxas fixas, que variam de 1,01% à 6% a.a., acrescidos da variação cambial, e de 5% à 8%
a.a. nos da CEF, que não possuem variação cambial. Recomendo, com base nos tipos de
informações disponibilizadas pela Secretaria do Tesouro Nacional ao público, que se faça
relatórios gerenciais de desembolsos mensais ao longo dos anos vindouros, demonstrando
os pagamentos a serem efetuados, de modo a balizar a SEPLAN no provisionamento dos
montantes necessários ao adimplemento, evitando-se possíveis execuções das garantias, e,
nos moldes efetuados pela STN, negociações com credores visando à antecipação de
pagamento com proporcional redução dos dispêndios, permutando dívidas de juros maiores
por menores, e de juros variáveis por juros fixos. Como forma de controle do endividamento
público, o art. 28 da Lei Federal n.º 12.766/2012, que alterou a Lei n.º 11.079/2004,
estabeleceu a proibição de a União conceder garantia e realizar transferência voluntária aos
entes federativos cujas despesas de caráter continuado com PPP tiverem excedido, no ano
anterior, o correspondente a 5% da Receita Corrente Líquida do exercício, ou que excedam,
nos 10 anos subsequentes, o mesmo percentual da Receita Corrente Líquida projetada para
os respectivos exercícios. Conforme se observa no item 2.3.6 do Relatório, na Tabela 32, o
Estado da Bahia cumpriu o limite estabelecido. Conforme item 2.3.7 do Relatório, o
Resultado Nominal representa a diferença entre os saldos da Dívida Fiscal Líquida (DFL)
relativos a dois períodos. Em relação ao exercício em comento, a meta era de redução em
até R$566.170.000,00, conforme o Anexo de Metas Fiscais da LDO/2015, enquanto que a

522 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

LOA/2015 estabeleceu uma redução para a DFL em até R$107.158.000,00. No exercício de


2015, a meta de redução da Dívida Consolidada Líquida não foi alcançada, apresentando
um crescimento no valor de R$4.765.424.539,78. Com efeito, a Dívida Consolidada Bruta
passou para 21,38 bilhões de reais, tendo como Dívida Consolidada Líquida cerca de 16,2
bilhões de reais, acarretando num acréscimo da dívida pública liquida em 2015. Analisando,
tendo 2014 como base 100, tivemos como amortizações o percentual de menos 6,01%, bem
como 7,89% de acréscimo, referente a receitas de operações de crédito e incorporações de
dívidas. Porém, o maior impacto para o crescimento da dívida pública decorreu das
atualizações monetária e cambial no percentual de 24,55%, sem os quais a dívida só
cresceria 1,88%. Portanto, os indexadores previstos nos contratos constituíram o maior
problema da dívida estadual, e não propriamente o tamanho da dívida. Entretanto, este
crescimento autônomo da dívida poderá acarretar problemas futuros de disponibilidades
para o seu pagamento, sendo crucial que o Estado da Bahia reveja a forma de remuneração
dos futuros contratos de empréstimos, pensando numa possível desindexação, buscando,
se economicamente viável, a amortização antecipada, visando eliminar esta fragilidade das
contas públicas estaduais.O Resultado Primário, referente ao exercício de 2015, foi negativo
no montante de R$570.487.456,12, conforme se verifica no item 2.3.8 do Relatório. A
Auditoria registrou que houve uma piora nas contas públicas do Estado, reflexo da crise
econômica vivenciada pelo Brasil no exercício de 2015. O Resultado Primário, que mede
como as ações do Governo afetam a trajetória de seu endividamento líquido e a
sustentabilidade a longo prazo da sua política fiscal, alertando para mudanças de rumo no
curto prazo e para a adoção do contingenciamento de despesas, em 2014, foi positivo para
pagamento dos serviços das dívidas interna/externa, embora no 3º quadrimestre a situação
já tenha sido desfavorável. O deficit primário indica financiamento de gastos não financeiros
que excedem as receitas não financeiras, gerando crescimento da dívida. Registro que a
meta fiscal do Resultado Primário estabelecida na Lei n.º 13.190/2014 (LDO 2015) era de
R$812.581.000,00, tendo sido alterada, mediante a Lei n.º 13.225/2015 (LOA 2015), para
R$686.416.000,00 negativos. Posteriormente, a Lei 13.463/2015 alterou novamente a
referida meta para R$1.254.000.000,00, também negativos. Ressalto que o Estado da Bahia
teve, nos exercícios de 2013 e 2014, o maior crescimento na arrecadação do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre todos os estados brasileiros. A
arrecadação cresceu 25,41% em termos nominais no período, praticamente o dobro de São
Paulo (12,59%), e acima também do Rio de Janeiro (15,01%), de Minas Gerais (19,28%) e
do Rio Grande do Sul (19,21%). Decorrente do combate à sonegação e do estímulo à
regularização dos débitos tributários, as contas da Bahia fecharam no azul em 2014, com
destaque para o superávit primário de R$1,13 bilhão, três vezes maior que o resultado do
ano anterior, que também havia sido positivo, alcançando R$0,3 bilhão. O Estado também
apresentou baixo índice de endividamento. A arrecadação do ICMS na Bahia em 2015
cresceu 6,48%, quase o dobro da média nacional (3,62%), ampliando a participação no
somatório do imposto arrecadado em todo o país, sendo o sexto do ranking nacional. O
Estado alcançou 4,8% de participação no ICMS total, ante 4,7% em 2014. O desempenho
confirmou a tendência de recuperação da capacidade do fisco baiano nos últimos anos, com
a participação do Estado subindo constantemente desde o patamar de 4,3% em 2012. A
arrecadação superior à media nacional nos últimos anos e o esforço de controle dos gastos
públicos estão no cerne do equilíbrio fiscal obtido pela Bahia, com atuações intensas tanto
no combate à sonegação quanto na modernização tecnológica do fisco. Registro, então, que
a motivação para a piora nas contas públicas em 2015 do Estado decorreu da crise
econômica vivenciada pelo Brasil neste período, que não possibilitou o incremento da
receita pública na proporção necessária para fazer frente às despesas do exercício. Da
análise do crescimento dos gastos em 2015, percebo, claramente, que a contabilização da
transferência ao FUNPREV do valor de R$300 milhões, conforme comentado no item 2.3.4.1
do Relatório, bem como, para todos entes, das despesas de pessoal com ativos, inativos e
pensionistas, decorrentes do crescimento legal e dos reajustes salariais e vantagens
reconhecidas (item 2.4.4.2 do Relatório), e do aumento de pagamento de gastos por meio
de Despesas de Exercícios Anteriores (item 2.4.2.3 do Relatório), ocorridos em todos os

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 523


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

poderes, ocasionaram o resultado primário negativo em 2015. No pertinente à gestão


orçamentária, financeira e patrimonial, conforme item 2.4 do Relatório, o Estado da Bahia,
nos últimos exercícios, vem incorporando os novos procedimentos de contabilização e de
elaboração das Demonstrações Contábeis, em linha com as orientações emanadas da
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Não
obstante as implementações técnicas realizadas, a Auditoria identificou fragilidades que
passo a sumariar: 1. as notas explicativas apresentadas nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado não observam plenamente as diretrizes definidas pela Norma
Brasileira de Contabilidade Técnica (NBCT) 16.7 e pelo item 8.2 letra 'c' e letra 'd' do Manual
de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP); 2. deficiência em procedimentos de
consolidação das demonstrações contábeis; 3. prática reiterada de alteração de
demonstrativos fiscais após sua publicação; 4. reconhecimento de receitas tributárias em
outro exercício; 5. falha na contabilização de receita no FUNPREV; 6. crescimento das
despesas processadas com DEA; 7. despesas com pagamento de multas e juros de mora;
8. existência de gastos com Regime Especial de Direito Administrativo (REDA) e Prestação
de Serviço Temporário (PST); 9. situação patrimonial negativa do FUNSERV e redução da
reserva técnica para garantia financeira do PLANSERV; 10. não elaboração dos
instrumentos de planejamento para uma eficiente e eficaz execução de suas ações de
comunicação pública conexas com o controle e transparência dos gastos do Estado com
propaganda e publicidade; 11. a ausência de informações relevantes sobre a composição,
os procedimentos contábeis adotados e a evolução dos saldos apresentados, bem como
inconsistências ou falhas de controle interno que repercutem na adequada interpretação da
real situação de realização dos créditos a receber, da efetiva representatividade financeira
dos investimentos e bens de propriedade do Estado, e do montante das obrigações
existentes ao final do exercício de 2015; 12. saldos em contas antigas, oriundas da
migração do sistema SICOF para o FIPLAN, sem correspondente conta bancária; 13.
ausência de acompanhamento, pela SEFAZ, quanto à consistência dos valores publicados
no Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar; 14. aumento do
montante dos recursos não classificados, em decorrência da ausência da devida apuração
de sua origem e adequada classificação; 15. fontes de recursos vinculados apresentando
disponibilidade de caixa líquida negativa; 16. inscrição em restos a pagar não processados
de despesas orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem suficiência de caixa; 17.
diferença entre as disponibilidades registradas nas Demonstrações Financeiras das
empresas estatais dependentes e aquelas constantes nos balancetes do FIPLAN; 18.
disponibilidades consideradas no saldo da unidade orçamentária FUNDESE como sendo
recursos do Caixa Único, no montante de R$174.152 mil, sem comprovação que se refere a
rendimentos de aplicação na SEFAZ; 19. ausência de conciliação bancária na Conta Única
do Tesouro Estadual e em diversas contas; 20. permanência de pendências antigas em
conciliações bancárias e conta migrada do SICOF – procedimento indevido de baixa; 21. da
baixa aplicação da receita líquida de royalties em 2015, em razão da contabilização do valor
de R$141.729.639,81 como "dedução de receita na conta 9721223002 – Cota Parte pela
Produção de Petróleo", correspondente à parcela de 2015 do contrato de cessão de crédito
firmado com o Banco do Brasil, em 2014 (Contrato N.º SF/CCC/DA/01/14); 22. divergência
de saldos referente ao FUNDESE nas Demonstrações Contábeis e os registros no FIPLAN;
23. deficiências de controle interno na área de convênios; 24. acréscimos e Baixas no Saldo
da DAT em 2015 – SIGAT x FIPLAN; 25. questões contábeis da Dívida Ativa Tributária; 26.
saldo do grupo de contas de Investimentos nas DCCEs encontra-se superavaliado no
montante de R$1.188.473 mil, em razão de procedimentos de consolidação e de cálculo da
equivalência patrimonial; 27. deficiências nos procedimentos contábeis de equivalência
patrimonial; 28. ausência de enquadramento da EBAL como empresa estatal dependente;
29. deficiências de controle interno dos bens imóveis; 30. obrigações a pagar não incluídas
nas DCCEs; 31. desconformidade do registro contábil de precatórios com o Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP); 32. registro indevido de precatórios
oriundos de unidade extinta, no valor de R$8.404.142,97, no Passivo Circulante da
Administração Direta do Poder Executivo; 33. não contabilização de precatórios,

524 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

ocasionando a subavaliação do Passivo Não Circulante e a distorção do resultado


patrimonial da Administração Direta do Poder Executivo em, pelo menos, R$5.776.503,55;
34. subavaliação da despesa orçamentária do Poder Executivo em R$286.544.456,78; 35.
registro indevido de R$1.741.467,92 a título de provisão, no Passivo Não Circulante, letra
‘b’; 36. controle não efetivo de precatórios por parte da SEFAZ e remessa de controles
desatualizados pela PGE; 37. passivo atuarial do FUNPREV; e 38. deficiência nos
procedimentos para a provisão para indenizações – Contingências. Em relação às auditorias
e inspeções, verifico que em 2015 foram realizadas 26, tendo os Auditores deste Tribunal,
com base na relevância do objeto, destacados 09 delas, a seguir sumariadas: Auditoria
Operacional de cumprimento da Lei de Acesso à Informação: a 7ª CCE realizou esta
Auditoria, que teve como objetivo avaliar o cumprimento das leis que regulamentam o
acesso à informação por parte do poder Executivo Estadual. O processo foi apreciado pelo
Pleno, que determinou ao Governo do Estado o encaminhamento de um novo Plano de
Ação, contemplando as ações necessárias para o alcance das medidas já identificadas, com
prazos e a indicação das unidades e/ou responsáveis pela execução. Auditoria Operacional
no Projeto de Lei n.º 21.474/2015, que institui o Plano Plurianual do Estado da Bahia para o
Quadriênio 2016-2019: Esta auditoria, também realizada pela 7ª CCE, teve como objetivo
analisar o modelo apresentado pelo Poder Executivo para o PPA 2016-2019, por meio do
Projeto de Lei n.º 21.474/2015. O processo foi apreciado pelo Pleno que decidiu, dentre
outras medidas, por sugerir ao Governo do Estado e a SEPLAN, a observação dos
apontamentos da Unidade Técnica, determinando a adoção de ações para a revisão dos
indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os índices esperados,
para cada ano e para o final do plano, que viabilize a mensuração do resultado obtido após
a implementação das ações de governo. Auditoria Operacional na Sistemática de
Elaboração, Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação do PPA 2012-2015 e de
Elaboração do PPA 2016-2019: Ainda no exercício em exame, a 7ª CCE efetuou Auditoria
operacional com o objetivo de avaliar a sistemática de elaboração, acompanhamento,
monitoramento e avaliação do PPA 2012-2015 e de elaboração do PPA 2016-2019,
avaliando de que forma os procedimentos para a construção dos PPAs tem viabilizado a
construção de um instrumento que efetivamente norteie a condução das ações das diversas
secretarias, órgãos e entidades do Poder Executivo, permitindo a parametrização do alcance
dos objetivos estratégicos definidos pelo Estado. As fragilidades encontradas sinalizam para
situações que contribuem para construção de PPAs pouco eficazes no direcionamento das
ações de governo e, consequentemente, com pouca condição para serem monitorados e
avaliados. O processo foi apreciado pelo Pleno, decidindo que a SEPLAN adotasse as
ações recomendadas pela Unidade Técnica fazendo os ajustes necessários na elaboração
dos futuros Planos Plurianuais, quanto ao cronograma da realização da escuta social. Para
as Secretarias, Órgãos e Entidades, dentre outras medidas, recomendou a designação e
atribuição de competências aos responsáveis pelo planejamento das atividades
relacionadas a elaboração dos PPAs, definindo o seu corpo técnico permanente e os
diversos indicadores necessários a sua avaliação. Auditoria de Acompanhamento de
Licitações, Contratos e Convênios celebrados pela AGERBA: esta Auditoria tratou de
examinar os contratos de concessão e termos de cessão de uso de terminais rodoviários,
hidroviários e aeroviários de passageiros formalizados pela AGERBA. Concluídos os
trabalhos, a 1ª CCE registrou em seu relatório as ocorrências identificadas, sendo o
processo submetido ao Pleno do Tribunal que, por meio da Resolução nº 022/2016,
recomendou aos atuais gestores da Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) que promovam
as ações necessárias quanto ao atraso na desapropriação da nova área patrimonial do
Aeroporto João Durval Carneiro, em Feira de Santana. Auditoria no Contrato de Concessão
Administrativa n.º 035/2013 – Instituto Couto Maia: o TCE/BA realizou Auditoria no Contrato
de Concessão Administrativa n.º 035/2013, celebrado pela SESAB nos moldes da Parceria
Público-Privada (PPP), com a Couto Maia Construções e Serviços Não Clínicos S/A. O
projeto do Instituto Couto Maia (ICOM) abrange a fusão do Hospital Couto Maia (HCM) com
o Hospital Especializado Dom Rodrigo de Menezes (HEDRM), como proposta da SESAB
para solucionar as limitações físicas estruturais inerentes a essas duas unidades de saúde,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 525


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

requalificando a assistência a doenças infecciosas, ampliando a qualificação dos


profissionais de saúde no atendimento a estas doenças, fortalecendo a produção
tecnocientífica do Estado e consolidando uma estrutura adequada para o enfrentamento a
epidemias e surtos e tornar mais eficiente o gasto público. A Auditoria promovida pela 2ª
CCE, ainda sem apreciação por parte do TCE/BA, em razão das constatações observadas
sugeriu pela recomendação à SESAB a adoção de medidas para assegurar a devida
agilização e transparência na execução do projeto do Instituto Couto Maia e, especialmente,
com relação à qualidade no atendimento aos pacientes das unidades de saúde afetadas
pelas adaptações provisórias decorrentes da sua implantação. Auditoria no Processo de
alienação da participação acionária do Estado no capital social da EBAL: trata de Auditoria
realizada pela 2ª CCE com o objetivo de acompanhar o processo de alienação total da
participação acionária do Estado no capital social da Empresa Baiana de Alimentos - EBAL,
que apresentou, ao longo dos anos, constantes prejuízos em suas operações, motivando a
atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico a contratar, em 2013, uma consultoria, que
propôs como solução a alienação da participação acionária do Estado na EBAL, tendo a
Auditoria identificado cinco situações merecedoras de destaque, registradas em seu
relatório, o que motivou a sugestão de notificações ao atual gestor, ao Titular da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico e à Assembleia Legislativa, dando conhecimento do teor do
relatório de auditoria, em atendimento ao previsto no artigo 10, § 5º da Lei Orgânica desta
Corte. Auditoria no Sistema Integrado de Gestão da Administração Tributária (SIGAT) –
Módulo de Crédito: a 4ª CCE realizou Auditoria de Tecnologia da Informação (TI) no Sistema
Integrado de Gestão da Administração Tributária (SIGAT), módulo de crédito, com o objetivo
principal de controlar o Processo Administrativo Fiscal – Auto de Infração, Denúncia
Espontânea ou Notificação Fiscal. O trabalho efetuado comparou os achados de 2015 com
os de 2011 e 2007, analisando as informações prestadas pela Secretaria e as providências
que foram ou estavam sendo adotadas, a fim de solucionar as constatações apontadas pela
auditoria. Os autos foram apreciados pelo Pleno, por meio da Resolução nº 037/2016, que
expediu 11 determinações aos gestores responsáveis. Auditoria no Controle dos Imóveis do
Estado da Bahia: esta Auditoria foi realizada na SAEB para avaliar o controle exercido sobre
os imóveis do Estado da Bahia nos aspectos contábeis, operacionais, físicos e de
legalidade, considerando, ainda, os aspectos da gestão no cumprimento das competências
regimentais, envolvendo as informações contidas no SIMOV, examinadas por amostragem,
bem como a verificação in loco dos bens imóveis selecionados e a verificação documental
de 600 imóveis registrados no referido sistema. A 6ª CCE constatou a existência de fatos
que elencam um total de 20 achados, implicando em 17 recomendações, opinando pela
notificação da SAEB para remeter ao TCE/BA, Plano de Ação, contemplando cronograma de
implementação das recomendações, com os respectivos responsáveis. Auditoria na
Fundação Pedro Calmon (FPC) - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia: cuidou a
referida Auditoria do Acompanhamento da Execução Orçamentária e Financeira no Centro
de Memória e Arquivo Público da Bahia da FPC, para emitir opinião fundamentada da
regularidade da execução orçamentária, financeira e patrimonial, o cumprimento das
disposições legais pertinentes e a fidedignidade das informações apresentadas nos
documentos analisados. Os achados destacados pela equipe da 6ª CCE referem-se
principalmente ao estado das instalações do Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia,
necessitando de ações para preservação e salvaguarda do acervo histórico e cultural
custodiado, recomendando a adoção de providências necessárias para regularizar os
apontamentos destacados, materializada em plano de ação, no intuito de evitar a
reincidência de tais ocorrências e que esforços e ações sejam empreendidos pelo Governo
do Estado ao saneamento das inconsistências evidenciadas. Quanto ao acompanhamento
das deliberações constantes do Parecer Prévio sobre as contas do Chefe do Poder
Executivo do exercício anterior, verifico que o TCE formulou 61 recomendações à
Administração Pública Estadual, destinadas ao saneamen
das falhas apontadas no respectivo Relatório, dentre as quais a elaboração de um Plano de
Ação com previsão de metas e identificação dos respectivos responsáveis e prazos. A
Comissão Estadual de Ações Corretivas e Preventivas de Ressalvas, criada pelo Decreto n°

526 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

12.474/2010, encaminhou um Plano de Ação para atendimento às recomendações


propostas, e posteriormente um relatório sobre o estágio de implementação de cada ação
proposta. Naquele Parecer Prévio destacou-se a importância de apresentar medidas que
solucionassem o cumprimento das recomendações emitidas, observando 06 pressupostos:
1) as ações em curso; 2) ações a serem adotadas; 3) unidade responsável e pessoas
designadas para tratarem da correção das falhas e irregularidades; 4) metas, principalmente
em relação àquelas reincidentes; 5) prazo máximo para implementação das ações
recomendadas e/ou determinadas ou para esclarecimento das falhas e irregularidades
apontadas; e 6) justificativa idônea para os casos em que não foi adotada nenhuma
providência para sanar as falhas e irregularidades apontadas. Segundo citação da Auditoria,
que acompanho na íntegra, torna-se importante que os responsáveis pela administração
pública alcancem a compreensão de que o Plano de Ação funciona muito mais como um
norte colocado à sua disposição, com o objetivo de melhor executar suas ações, que como
uma penalidade e/ou encargo. Em verdade, corresponde a um documento de inegável
natureza estratégica, porque é elaborado pelo próprio gestor, atentando para suas
condições factíveis. As recomendações do TCE foram agrupadas em 48, cuja leitura nos
informa que, das 61 recomendações indicadas no Parecer Prévio, 29 foram consideradas
pela Auditoria como não atendidas, 24 atendidas parcialmente e duas atendidas. Além disso,
verifico que, no Plano de Ação, não foram identificadas iniciativas específicas para o
atendimento de 6 recomendações. Objetivando o aprimoramento do Plano de Ação
apresentado, a Auditoria indicou quatro sugestões: 1) As ações propostas que requerem
prazo de implementação superior a 12 meses, devem ser acompanhadas de cronograma,
com indicação das atividades a serem desenvolvidas de forma escalonada no tempo, pelo
menos, semestralmente, e, sempre quando possível, registrar as etapas ou metas a serem
atingidas pelas unidades responsáveis; 2) Indicação da(s) unidade(s) responsável(is) pela
implementação de cada ação ou meta proposta, preferencialmente, detalhando por diretoria,
superintendência, ou nível hierárquico correspondente, segregando-as, sempre que
possível, quando houver mais de uma unidade responsável; 3) Descrever as ações a serem
executadas de forma detalhada para que todos os envolvidos no processo compreendam as
atividades a serem desenvolvidas, e, sempre que possível, as metas, entregas, produtos a
serem cumpridos/entregues pelas unidades responsáveis; e 4) Definir os prazos de
implementação das ações considerando a perspectiva do efetivo atendimento ao quanto
recomendado, priorizando aqueles com maior relevância financeira ou que possam acarretar
em prejuízo ao Erário. As avaliações das recomendações foram divididas quanto ao
Planejamento e Gestão das Ações de Políticas Públicas; ao Controle Interno da
Administração Pública; aos Limites Constitucionais e Legais; e à Gestão Orçamentária,
Financeira e Patrimonial. Para o planejamento e gestão das ações de políticas públicas, a
Auditoria coligiu em 12 grupos as 14 recomendações, avaliando como sendo 05
parcialmente atendidas e 09 não atendidas. No âmbito do controle interno da Administração
Pública, a Auditoria reuniu em 13 grupos as 16 recomendações, avaliando como sendo 07
parcialmente atendidas e 09 não atendidas ou sem indicação de ação. Já em relação aos
limites constitucionais e legais, a Auditoria agrupou em 5 as 7 recomendações, avaliando
como sendo 02 parcialmente atendidas e 05 não atendidas. Por fim, quanto à gestão
orçamentária, financeira e patrimonial, a Auditoria agrupou as 24 recomendações em 19,
avaliando como sendo 02 atendidas, 10 parcialmente atendidas e 12 não atendidas ou sem
indicação de ação. Ao ponderar as justificativas da Comissão, vejo que mesmo as
recomendações avaliadas como não atendidas foram objeto de ações executadas pela
Administração, que no entendimento da Auditoria foram interpretadas equivocadamente pela
Comissão. Ou seja, a ação não surtiu o efeito desejado, mas realmente houve uma ação
direcionada pela Administração com base no seu entendimento do que foi recomendado por
este Tribunal. Deste modo, percebo que algumas das recomendações determinadas podem
ser enquadradas em um ou mais dos pressupostos definidos pela Auditoria. Analisando os
apontamentos elaborados pela Auditoria e avaliando as iniciativas de atendimento de cada
recomendação, levando-se em conta que as iniciativas realmente demonstraram que houve
a intenção de atendê-las, mesmo extemporaneamente, entendo que, independentemente

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 527


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

das recomendações que sejam encaminhadas no presente Relatório, deve o Governo do


Estado buscar atingir as recomendações anteriores, ajustando de acordo com as atuais
prioridades e trabalhando naqueles pressupostos elencados, ou seja, cumpra as atuais
recomendações, principalmente as que forem reiteradas, mas que não deixe de cumprir as
recomendações anteriores, sejam as parcialmente atendidas, ou mesmo aquelas iniciadas
intempestivamente, ou as não totalmente atendidas dos relatórios anteriores. O Ministério
Público de Contas, em seu Parecer, sugeriu a realização de diligência interna para
realização de exames técnicos complementares para aprofundamento dos trabalhos
auditorias relativos aos apontamentos dos itens 2.4.2.1 (Receitas Tributárias – Imposto de
Renda Retido na Fonte), 2.4.2.2 (Receita contabilizada no FUNPREV), e 2.4.2.3 (Despesas
de Exercícios Anteriores no Poder Executivo), para o adequado dimensionamento de seu
impacto na avaliação da gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Poder Executivo
Estadual no exercício de 2015, bem como a autuação do Contrato nº. 01/2014, celebrado
entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins de exame individualizado de sua
legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na forma preconizada pelo art. 5º, inciso
II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do Regimento Interno do TCE/BA, tendo em
vista a materialidade dos valores envolvidos, o prazo de vigência contratual, bem como a
atipicidade do procedimento de sua celebração. Não obstante entender que os exames
auditoriais devem ser realizados, não vislumbro necessidade de postergar a apreciação das
presentes Contas de Governo, devendo, ao meu sentir, inserir a realização destes trabalhos
na programação para instrução das contas vindouras, tendo em vista o cumprimento do
prazo previsto no art. 91, inciso I, da Constituição Estadual. Ressalto que os eventuais
impactos decorrentes do diagnóstico auditorial não se restringem apenas ao exercício de
2015, tendo em vista que os apontamentos realizados nos itens 2.4.2.1, 2.4.2.2 e 2.4.2.3,
referem-se: o primeiro, aos exercícios de 2013, 2014 e 2015; o segundo, aos exercícios de
2014 e 2015; e o terceiro, DEA, a vários exercícios. Por seu turno, os dois últimos podem
impactar, inclusive, nos próximos exercícios. Por seu turno, entendo que a inserção de
auditorias na programação desta Casa e a autuação do Contrato n.º 01/2014, celebrado
entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, são matérias inter corporis, podendo ser
objeto de decisão Plenária. Com efeito, deixo de inserir na Proposta de Parecer Prévio. Para
concluir, constato que o Estado da Bahia obedeceu a todos os limites constitucionais e
infraconstitucionais de gastos públicos e a dívida pública está dentro dos parâmetros
previstos nas respectivas legislações, mesmo num ano tão recessivo para a economia como
foi 2015. O Governador do Estado conduziu suas ações dentro das possibilidades políticas e
discricionárias, ao longo da crise econômica do exercício analisado. No pertinente às
fragilidades elencadas no Relatório, formulei recomendações para o aprimoramento da
gestão estadual, não identificando razões suficientes para imposição de ressalvas às
presentes contas. Outrossim, na forma disposta no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF,
sugiro a expedição de alerta ao Poder Executivo sobre o fato de que o montante da despesa
total com Pessoal e Encargos Sociais (Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015,
ultrapassou 95% do limite de gastos, sendo obrigatória a observância da vedação prevista
no art. 22 da LRF, conforme demonstrado no item 2.3.3 do Relatório. Nestes termos,
submeto à apreciação deste Tribunal Pleno a proposta de Parecer Prévio com opinativo
favorável à aprovação, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, das contas do
Chefe do Poder Executivo, referentes ao período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de
2015, liberando de responsabilidade o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado da
Bahia, Rui Costa, com as recomendações consignadas na aludida proposta e o alerta
previsto no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF combinado com a vedação do art. art. 22
da LRF.” Em seguida, o Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim passou à leitura da Proposta de
Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia, exercício
2015, a seguir: "Proposta de Parecer Prévio Sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo
do Estado da Bahia. À Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. O Tribunal de Contas do
Estado da Bahia, reunido em sua composição Plena, nesta data, objetivando atender ao
disposto no art. 71, inciso I, da Constituição Federal, no art. 91, inciso I, da Constituição do
Estado da Bahia, no art. 1º, inciso I, da Lei Complementar n.° 005/1991, e no art. 19 da Lei

528 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

Complementar nº 27/2006, apreciou o Relatório Técnico apresentado pelo Conselheiro


Relator João Evilásio Vasconcelos Bonfim, no qual estão informados os resultados dos
exames das Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia, referentes ao
exercício financeiro de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2015, prestadas pelo
Excelentíssimo Senhor Governador Rui Costa, compreendendo as demonstrações contábeis
(Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro, Balanço Patrimonial, Demonstração das
Variações Patrimoniais e Notas Explicativas), os relatórios anuais sobre o desempenho dos
programas de governo, demais demonstrativos previstos na legislação pertinente e a
mensagem enviada pelo Governador a esta augusta Assembleia Legislativa. Da
responsabilidade do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia - O Governador do
Estado da Bahia é responsável pela elaboração e apresentação das demonstrações e
demais informações que compõem as contas do Poder Executivo, bem como pelos
controles internos que considerou como necessários para permitir a adequada gestão do
orçamento, proteção do patrimônio público e elaboração dos relatórios confiáveis e
oportunos, livres de distorção relevante, independentemente, se causada por fraude ou erro.
Da responsabilidade do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. A competência
constitucional e legal deste Tribunal é a de expressar opinião mediante emissão de Parecer
Prévio sobre a adequação dessas contas consideradas, em seu conjunto, devidamente
fundamentada nas respectivas auditorias, conduzidas de acordo com as Normas de
Auditoria Governamental, recomendadas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB) e adotadas por
este Tribunal, em face do que dispõe a Resolução nº 53/2011, as quais são compatíveis com
aquelas recomendadas pela Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras
Superiores (INTOSAI). Entretanto, por sua própria natureza e extensão, os trabalhos
auditoriais que fundamentam esta opinião não constituem uma revisão sistemática e
completa da gestão dos órgãos, entidades e fundos da Administração Direta e Indireta do
Poder Executivo do Estado da Bahia, cujas prestações de contas, observadas as normas
constitucionais, legais e práticas contábeis vigentes, julgamentos próprios e específicos por
este Tribunal de Contas. Em consonância com a Decisão do Supremo Tribunal Federal,
publicada no Diário de Justiça de 21/08/2007, que deferiu Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade nº 2.238 suspendendo a eficácia do caput dos artigos 56 e 57 da
Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), o presente exame
está circunscrito à emissão de Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do
Poder Executivo. Opinião. Os fatos apresentados pelo Conselheiro Relator em seu Relatório
Técnico, até onde foi possível observar, demonstram que não possuem a relevância e
materialidade para macular, no seu mérito, a visão justa, equilibrada e prudente das Contas
Governamentais, tomadas em seu conjunto, sendo considerados suficientes e apropriados
para fundamentar a opinião deste Tribunal de Contas. As Contas ora referidas, portanto,
representam adequadamente, em seus aspectos relevantes e materiais, a gestão
orçamentária, financeira, econômica, patrimonial e operacional do Poder Executivo, no
exercício de 2015, de acordo com os critérios estabelecidos na Constituição Federal, na
Constituição do Estado da Bahia, na Lei Complementar Federal nº 101/2000, em outros
instrumentos legais pertinentes, e com as práticas de Contabilidade Pública adotadas no
Brasil. Isso posto, este Tribunal opina favoravelmente à aprovação, por essa augusta
Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, das contas do Chefe do Poder Executivo,
referentes ao período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2015, liberando de
responsabilidade o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, com
as recomendações enumeradas a seguir. Quanto ao planejamento e gestão das ações de
política pública: 1. adote medidas necessárias para que as escutas sociais realizadas
quando da elaboração dos Planos Plurianuais sejam disponibilizadas tempestivamente às
secretarias, órgãos e entidades da Administração Pública estadual, visando a sua completa
apreciação no processo de construção dos PPAs (item 2.1.1 e 2.1.2); 2. promova, em
articulação com os órgãos afins, ações voltadas para designação, atribuição de
competências e capacitação dos responsáveis pelo planejamento das atividades
relacionadas à elaboração do PPA (item 2.1.1 e 2.1.2); 3. aprimore, em articulação com a
SEPLAN, o processo de elaboração do PPA de modo a sistematizar dados e informações

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 529


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

dos indicadores para os Programas, de forma a conter, pelo menos, a natureza do indicador
(resultado ou efeito), os índices de referência e os esperados anuais, a forma de cálculo, a
fonte das informações e a indicação dos responsáveis (item 2.1.1 e 2.1.2); 4. garanta a
compatibilização entre o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária Anual, explicitando as
vinculações entre ações orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-2019, nos termos dos
arts. 165 da Constituição Federal e 159 da Constituição Estadual (item 2.1.3); 5. revise os
indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os índices esperados,
para cada ano e para o final do Plano, para viabilizar a mensuração do resultado obtido após
a implementação das ações de governo, com vistas a garantir a efetiva avaliação e
acompanhamento dos resultados das políticas públicas implementadas; 6. revise as metas
estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o caráter de ação a ser executada,
dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou quantitativo, bem como realize
projeções anuais, que permitam o monitoramento regular de seu cumprimento, e,
consequentemente, dos compromissos a elas atrelados (item 2.1.5); 7. garanta a execução
dos Programas Prioritários, visando ao cumprimento das salvaguardas estabelecidas na Lei
de Diretrizes Orçamentárias de cada exercício, alocando recursos necessários para a sua
execução, a fim de garantir um melhor desempenho das prioridades definidas por lei (item
2.1.6); 8. aprimore as metodologias e os processos de acompanhamento, de monitoramento
e de avaliação dos PPAs, através de melhorias a serem implementadas no Relatório de
Avaliação da Execução do Plano Plurianual e Relatório Anual de Governo, que permitam
identificar e aferir os resultados dos Programas definidos no PPA 2016-2019, bem como as
informações relativas à série histórica dos indicadores utilizados (item 2.1.7); 9. elimine os
entraves que impedem a maior competitividade do setor do agronegócio, permitindo atração
de mais investimentos para o Estado (item 3.1); Quanto ao controle interno da Administração
Pública: 10. adote medidas para o incremento do quantitativo de pessoal lotado nas
unidades que compõem o sistema de controle interno estadual, sobretudo na Auditoria Geral
do Estado (AGE), a fim que estas unidades possam desempenhar todas as suas atribuições
definidas em lei, promovendo, ainda, ampla capacitação aos servidores (item 2.2.1); 11.
estimule na alta administração a valorização do perfil dos ocupantes das CCIs, visando a
redução da elevada rotatividade do quadro de pessoal daqueles que exercem funções
relacionadas ao controle interno; 12. promova ações voltadas para a criação de unidades de
controle interno nas entidades da Administração indireta que porventura ainda não tenham
sido implantadas; 13. garanta, por meio das Coordenações de Controle Interno, a utilização
de indicadores para acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária,
financeira e patrimonial, bem como para o monitoramento das ações e programas do PPA
(item 2.2.1); 14. agilize ações para a institucionalização do Órgão Central de Controle,
Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios - OCAAF, previsto na
Lei Estadual de Licitação e Contratos nº 9.433/2005 (item 2.2.2); 15. garanta o pleno
funcionamento do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN)
em relação ao acompanhamento da gestão dos convênios, especialmente, no tocante ao
registro da ocorrência de prestação de contas e das providências adotadas pela
Administração para os convênios tidos por irregulares (item 2.2.3 e 2.2.4); 16. realize a
alimentação sistemática do FIPLAN do Submódulo de Acompanhamento da Ação
Governamental (item 2.2.3); 17. regulamente e implemente o Conselho Gestor de Acesso à
Informação - CGAI, previsto pelo § 6º, do art. 28 da Lei Estadual nº 12.618/12, objetivando
adequar o cenário da transparência baiana à legislação estadual e federal; 18. promova a
designação dos órgãos responsáveis que exercerão as competências estabelecidas nos
incisos do art. 29 da Lei Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4); 19. promova a designação
formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos componentes do Poder Executivo do
Estado da Bahia, no sentido de realizar as funções estabelecidas pelo art. 7º da LAI (item
2.2.4); 20. finalize o projeto de identidade digital de governo, de modo a promover a
padronização e publicação das informações mínimas, contidas no inciso I, art. 4º, § 1 do art.
8º da Lei nº 12.527/2011 (item 2.2.4); 21. regulamente o procedimento de classificação e
desclassificação de informações sigilosas, em cumprimento aos arts. 22 a 24 da Lei n°
12.618/2012, com o objetivo de viabilizar que a autoridade máxima de cada órgão ou

530 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

entidade estadual publique tais informações em seus sítios da Internet (item 2.2.4); 22.
disponibilize de forma descentralizada, em cada órgão, de local para atendimento
presencial, conforme disposto no art. 6º e § 1º, inciso I do art. 9º da Lei Estadual n°
12.618/2012, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do crescimento da
demanda para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo para o
atendimento presencial do SIC (item 2.2.4); 23. regulamente os procedimentos para
tratamento de informação pessoal, conforme previsão do § 5º, art. 25 da Lei Estadual nº
12.618/2012 (item 2.2.4); 24. encaminhe a este Tribunal de Contas, no prazo de 60 dias,
documentação que comprove a possibilidade de interpor recursos pelo Sistema de Ouvidoria
e Gestão Pública - TAG, bem como imagens com captura de telas do sistema, evidenciando
a funcionalidade e o fluxograma que apresente os procedimentos necessários ao manejo da
via recursal (item 2.2.4); 25. proceda à divulgação dos vencimentos dos servidores civis e
militares, bem como dos proventos dos agentes públicos aposentados e dos pensionistas,
em obediência ao princípio da transparência, com o fim de permitir o controle social sobre os
gastos públicos e viabilizar a concretização plena do direito fundamental de acesso à
informação pública (arts. 5º, inciso XXXIII, 37, § 3º e 216, § 2º da Constituição Federal (item
2.2.4); 26. atualize no portal "Transparência Bahia" informações sobre os convênios
celebrados para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações públicas, como
forma de viabilizar o controle social e a bem do princípio da publicidade, nos termos dos
arts. 5º, inciso XXXIII e XXXVII da Constituição Federal (item 2.2.4). Quanto à Gestão
Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia: 27. apure a causa para as
rotineiras alterações dos Demonstrativos Fiscais após a sua publicação, evitando, assim,
que essas ocorrências possam comprometer a consistência das informações prestadas
(item 2.4.1); 28. implemente o Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de
Investimentos, visando à efetiva fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções
firmados com o Estado, das empresas com benefícios fiscais (item 2.4.3.5.2); 29. proceda à
correta classificação das despesas com pagamentos dos prestadores de serviços
temporários, que se refiram à substituição de servidores, incluindo-se o percentual relativo à
cota patronal calculado com base nesse valor, a fim de que sejam incluídas no cálculo das
despesas com pessoal do Poder Executivo, sem prejuízo da adoção de providências que
visem a descontinuar a política de contratação de pessoal via de PST (item 2.4.4.2); 30.
observe o princípio da prudência ao contrair obrigações para o Fundo de Custeio do Plano
de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV), sem recursos suficientes para
quitá-las (item 2.4.4.3.2); 31. elabore, em articulação com a SECOM, instrumentos de
planejamento para uma eficiente e eficaz execução de suas ações de comunicação pública,
conexas com o controle e transparência dos gastos do Estado com propaganda e
publicidade (item 2.4.4.4); 32. elabore um plano de recomposição das fontes não vinculadas,
o que impõe a programação de um esforço fiscal, associada a uma gestão orçamentária e
financeira mais eficiente, incluindo dispositivos específicos nas normas de encerramento de
exercícios, além de diretrizes e procedimentos para prevenir ou minimizar os desequilíbrios
entre as fontes de recursos do Estado, em relação à inscrição em restos a pagar não
processados de despesas orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem suficiência de
caixa (item 2.4.5.1.1); 33. articule, com os órgãos afins, a tempestividade na contabilização
das receitas de royalties, evitando assim distorções nas informações contábeis e financeiras
(item 2.4.5.1.3); 34. promova ações integradas entre as Secretarias responsáveis pela
execução de ações financiadas por recursos de royalties, objetivando a aplicação integral
das receitas dessa rubrica nas áreas eleitas para aplicação desses valores, tanto no
dispositivo Constitucional quanto na Lei nº 9.281/2004 (item 2.4.5.1.3.1); 35. apoie as ações
do CIRA, fortalecendo o trabalho conjunto da SEFAZ, a SSP, o MPE, a PGE e o TJ, para o
aumento da recuperação de débitos fiscais (item 2.4.5.2.3.1.1); 36. intensifique a integração
entre os sistemas SIGAT e FIPLAN, visando a eliminação de falhas que comprometem a
exatidão dos números, possibilitando a criação de rotinas que automatize os lançamentos,
em relação aos Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT (item 2.4.5.2.3.1.2); 37. realize
estudos para a redução de custos fiscais da PRODEB e EGBA (item 2.4.5.3); 38. observe a
Resolução CFC nº 1.136/2008, que aprovou a NBC T 16.9, sobre depreciação, amortização

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 531


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

e exaustão de Imobilizado, vez que os comentários constantes na Nota Explicativa n.° 5 do


Balanço Patrimonial contêm apenas informações sobre as taxas de depreciação dos bens
móveis, sem indicar outros dados e comentários (item 2.4.5.4); 39. observe, quanto às
Demais Obrigações a Curto Prazo, às Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 16.6, ao
estabelecer que contas contábeis de designação genérica, como outros(as), devem
representar menos de 10% do montante total do grupo (item 2.4.5.5.1); 40. promova, em
relação à Provisão para indenizações - Contingências, o levantamento das contingências
que possam afetar o Patrimônio do Estado da Bahia, objetivando estimar o montante dos
riscos de perdas relacionados com cada demanda, a fim de avaliar aquelas que devem ser
objeto de contabilização das respectivas provisões, bem como as que requerem apenas a
divulgação de informações relevantes para uma adequada accountability das contas
públicas (item 2.4.5.8.2); 41. apresente, em relação ao Patrimônio Social e Reserva de
Lucros, para cada Fundo, em nota explicativa, a posição ao final do exercício de
demonstração resumida da sua composição, detalhando-se, por natureza, suas origens,
aplicações e disponibilidades, de forma a melhorar a evidenciação quanto ao perfil dos
ativos e passivos vinculados a cada fundo (item 2.4.5.9). Quanto às Auditorias e Inspeções
Realizadas em 2015: 42. adote providências para a regularização fundiária do Aeroporto de
Feira de Santana - João Durval Carneiro (item 2.5.4); 43. adote providências para a reforma
e adequação das instalações do Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia (APEB),
visando uma maior qualidade na preservação e salvaguarda do acervo histórico e cultural do
Estado (item 2.5.9). Recomendação especial: Elaborar Plano de Ação relacionando as
ações a serem empreendidas no sentido de solucionar as recomendações contidas neste
Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de implementação constantes do Parecer
Prévio sobre as Contas de Governo de 2014 (item 2.6), estabelecendo prazos e
responsáveis para o efetivo saneamento. Expedição de Alerta do artigo 59, parágrafo 1º,
inciso II, da LRF, combinado com a vedação do artigo 22 da LRF: Na forma disposta no art.
59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, fica alertado o Poder Executivo sobre o fato de que o
montante da despesa total com Pessoal e Encargos Sociais (Poder Executivo e
Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou 95% do limite de gastos, sendo obrigatória a
observância à vedação prevista no art. 22 da Lei de Responsabilidade Fiscal (item 2.3.3)".
Aberta a discussão, pediu a palavra a Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa para
cumprimentar os nobres Pares, as representações do Ministério Público de Contas e da
Procuradoria Geral do Estado, a Secretária-Geral e demais servidores que viabilizam o
acontecimento desta importante sessão, prestando uma homenagem aos auditores e
servidores presentes, em especial, aos estudantes universitários que dignificam ainda mais
a presente sessão, e à presença honrosa dos órgãos de imprensa. No ensejo, a Exma. Sra.
Conselheira Carolina Costa, ao apresentar a sua declaração de voto sobre a matéria,
parabenizando o Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim e a equipe de auditoria pelo trabalho e
pioneirismo no uso da nova normatização instituída pela Resolução nº 164/2015, propôs a
apreciação, como preliminar, na forma do art. 86 do Regimento Interno deste Tribunal de
Contas, arguindo o representante do Ministério Público de Contas sobre a questão,
conforme determinado pelos §§1° e 4º do art. 86 do citado Regimento, da notificação do
Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, Rui Costa, concedendo prazo de 30 (trinta)
dias para, querendo, apresentar a correção dos registros e dos respectivos demonstrativos e
limites e/ou as justificativas ou esclarecimentos que entenda pertinentes, relacionando os
pontos a serem esclarecidos. Em seguida, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo
colocou em discussão a preliminar suscitada, passando a palavra ao Exmo. Sr. Procurador-
Geral do Ministério Público de Contas, Dr. Danilo Ferreira Andrade, que teceu considerações
sobre a proposta da Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa, registrando que a preliminar
gira em torno da possibilidade do Tribunal, na sessão de apreciação das Contas de
Governo, deliberar por alguma diligência, que acabe invariavelmente por extrapolar o prazo
constitucional de 60 dias previsto no artigo 91, inciso I, da Constituição do Estado da Bahia,
e que, "quanto a este ponto, o Ministério Público de Contas entende que não há qualquer
óbice jurídico à adoção de diligências dessa natureza, tanto que no nosso opinativo nós
sugerimos a esta Colenda Corte, inicialmente, que realize uma diligência interna, não no

532 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

sentido proposto pela Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa, mas para que os autos
retornassem à unidade técnica competente a fim de que fossem aprofundados os exames
técnicos relativos a três dos cinco achados auditoriais que S. Exa. apresenta aqui na sua
preliminar, ressaltando que o prazo de sessenta dias para a apreciação das Contas de
Governo é, processualmente, qualificado como prazo impróprio, já que o seu
descumprimento, a sua inobservância não gera qualquer tipo de consequência processual,
ou seja, não há de se falar aqui em preclusão temporal para a realização do exame a cargo
do Tribunal de Contas". Pediu a palavra o Ilmo. Sr. Procurador do Núcleo de Atuação da
Procuradoria Geral do Estado junto a este Tribunal, Dr. Rogério Carvalho para, inicialmente,
parabenizar o Exmo. Sr. Conselheiro Relator pela precisão do seu relatório ao avaliar, de
maneira sistemática e bastante objetiva, todos os pontos da prestação de contas do
Excelentíssimo Senhor Governador, ressaltando que se trata de um trabalho árduo pelo
volume de informações e de ocorrências que existem. Ainda com a palavra, o Ilmo. Sr. Dr.
Rogério Carvalho fez registrar, "como representante do Estado da Bahia, que este entende
que as informações que já constam no processo são suficientes e as matérias levantadas
pela auditoria foram objeto de uma análise precisa do Ministério Público"; que a principal
questão apresentada por esse parquet foi muito bem enfrentada no parecer do nobre
Relator; e concluiu pela desnecessidade de oitiva do Excelentíssimo Senhor Governador
para trazer mais elementos aos autos. Pediu a palavra o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-
Presidente Gildásio Penedo Filho para, após saudar o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente
Inaldo Araújo, os demais Conselheiros, as representações das Procuradorias, e, de modo
especial, o Exmo. Sr. Conselheiro Relator, toda a sua equipe e o corpo auditorial do Tribunal
de Contas do Estado da Bahia, representado pelo Ilmo. Sr. Superintendente Técnico, Dr.
José Raimundo Bastos de Aguiar, pela qualidade técnica desse importante e robusto
trabalho de análise das Contas Governamentais do exercício de 2015, saudando, também,
os senhores e senhoras presentes, manifestar o seu posicionamento a respeito da
preliminar suscitada pela Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa, no sentido de que
considera bastante razoável a ponderação do Ministério Público e também a possibilidade,
em tese, de abertura de diligência, sem, efetivamente, ferir o postulado do art. 91, inciso I, e
que nos últimos quatro anos sempre presenciou o respeito do prazo constitucional de
sessenta dias para a elaboração do Parecer Prévio, tendo o Exmo. Sr. Conselheiro
Presidente Inaldo Araújo acrescentado que nos últimos trinta anos, apenas em um exercício
o citado prazo não foi observado. Na oportunidade, o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente
Gildásio Penedo Filho expressou o seu entendimento com relação aos pontos abordados
pela Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa para justificar a proposta da preliminar, e,
entendendo que não há, neste momento, nenhum prejuízo ao enfrentamento do mérito, e
que há condições do Plenário apreciá-lo, uma vez que considera não haver ofensa nenhuma
ao princípio do contraditório e da ampla defesa, votou contra a preliminar. Pediu a palavra o
Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim para, ao também manifestar o seu voto contra a
preliminar, fazer registrar que a equipe responsável por este trabalho teve o cuidado de
buscar, junto a cada Secretaria de Estado, os esclarecimentos referentes aos pontos de
maior gravidade, e que a apreciação das Contas do Chefe do Poder Executivo, no seu ponto
de vista, está apta a ser julgada, não havendo necessidade de se oferecer ao Poder
Executivo a possibilidade de exercer o direito da ampla defesa e do contraditório. O Exmo.
Sr. Conselheiro Marcus Presídio e o Exmo. Sr. Conselheiro Corregedor Antonio Honorato
manifestaram-se contra a preliminar, acompanhando os votos do Exmo. Sr. Conselheiro
Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho e do Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim, e o Exmo.
Sr. Conselheiro Pedro Lino acompanhou a Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa na sua
proposta de preliminar, tendo o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo registrado
que, por maioria de votos, o Plenário deliberou contra a preliminar, restando vencidos a
Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa, proponente, e o Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino.
Durante a apreciação da preliminar acima, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo
Araújo, com base no art. 48 do Regimento Interno desta Casa, submeteu à deliberação do
Plenário a prorrogação desta sessão até as vinte horas, com o que concordou o Tribunal
Pleno. Em seguida, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo deu início à discussão

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 533


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

do mérito, passando a palavra, por ordem de inscrição, ao Exmo. Sr. Conselheiro


Corregedor Antonio Honorato que, ao parabenizar o Exmo. Sr. Conselheiro Relator e tecer
elogios à qualidade da equipe técnica deste Tribunal, enfatizou o caráter técnico da
apreciação das Contas do Poder Executivo por esta Casa, discorrendo sobre a semelhança
entre os pontos destacados pelo Relator nessas contas com os achados dos anos anteriores
e a precisão de S. Exa. nas recomendações contidas no seu voto, o qual acompanhou
integralmente. Na oportunidade, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo passou a
palavra ao Exmo. Sr. Conselheiro Marcus Presídio, que também parabenizou o Exmo. Sr.
Conselheiro João Bonfim pelo seu trabalho árduo para apresentar este Parecer Prévio,
agradecendo ao Gabinete de S. Exa., em nome do Ilmo. Sr. Mário Sérgio Afonso Oliveira; ao
Ilmo. Sr. Coordenador da 7ª CCE, Dr. Marcos André Sampaio de Matos, em nome de todas
as Coordenadorias; ao Ilmo. Sr. Superintendente Técnico, Dr. José Raimundo Bastos de
Aguiar, que tão brilhantemente dirige a Superintendência Técnica; e a todos os demais
técnicos da Casa que se envolveram nesta importante missão. No ensejo, o Exmo. Sr.
Conselheiro Marcus Presídio, ao fazer registrar os avanços introduzidos pelo Exmo. Sr.
Conselheiro Relator neste trabalho, destacou a importância de o Poder Executivo apresentar
uma solução para a criação do controle interno no âmbito dos seus órgãos e entidades,
expressando o seu entendimento, com base na sua experiência na 2ª Câmara deste
Tribunal, de que se houvesse o órgão central de acompanhamento e avaliação financeira de
contratos em pleno funcionamento, os julgamentos seriam voltados muito mais para a
prevenção e o caráter educativo dos gestores do Estado, do que para a punição. Ao final, o
Exmo. Sr. Conselheiro Marcus Presídio adiantou o seu voto em separado, solicitando a sua
juntada aos autos, acompanhando parcialmente o Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim,
Relator, apenas sugerindo, no que se refere a algumas recomendações propostas, as
alterações abaixo, acompanhando as demais, à exceção da "Recomendação Especial”,
propondo sua transformação em mais uma recomendação, a de número 44: "a) alteração
redacional - 24) garanta a possibilidade de interpor recursos por meio do Sistema de
Ouvidoria e Gestão Pública – TAG, bem como a sua devida análise, instrução e julgamento
(item 2.2.4); 29) inclua no cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, o
montante relativo à prestação de serviços temporários – PST, que se refira à substituição de
servidores, conforme entendimento desta Corte e do Ministério Público de Contas – MPC,
sem prejuízo da adoção de providências que visem a descontinuar este tipo de contratação
(item 2.4.4.2); b) inclusão de recomendação - 44) Elabore Plano de Ação relacionado às
ações a serem empreendidas no sentido de atender às recomendações contidas neste
Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de implementação e constantes do Parecer
Prévio das Contas de Governo de 2014, estabelecendo prazos e responsáveis". O Exmo.
Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo passou a palavra ao Exmo. Sr. Conselheiro Vice-
Presidente Gildásio Penedo Filho, que, inicialmente, louvou o trabalho do Exmo. Sr.
Conselheiro João Bonfim e de toda a sua equipe, do corpo auditorial do Tribunal de Contas
do Estado da Bahia, pela apresentação de uma avaliação analítica, extremamente
contundente e robusta da execução financeira e orçamentária do Estado no exercício de
2015, fazendo ponderações quanto à convergência entre os pareceres do Ministério Público
de Contas, do trabalho auditorial e do Exmo. Sr. Conselheiro Relator, no que tange à
aprovação das contas, enfatizando que os achados existentes não são fortes o suficiente
para comprometer ou macular o seu mérito, considerando, como destacado pelo Relator, a
grave crise econômica e financeira que se abateu sobre o país,no ano de 2015, com
repercussões sérias nos entes federativos, ressaltando que a Bahia se encontra numa
situação até então confortável, no que tange às suas finanças, em comparação com outros
Estados, e tecendo considerações sobre questões relacionadas à educação, saúde,
previdência, pessoal, e planejamento e gestão das ações de políticas públicas. Em seguida,
o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho, ao acompanhar o Exmo. Sr.
Conselheiro Relator na sua proposta de Parecer Prévio favorável à aprovação das Contas
do Chefe do Poder Executivo, exercício de 2015, com todas as suas recomendações,
acrescentou ressalvas relativas aos seguintes pontos auditoriais: a deficiente alimentação
sistemática do FIPLAN, Submódulo de Acompanhamento da Ação Governamental, que não

534 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

tem permitido ao próprio Estado, através da Secretaria do Planejamento, nem ao controle


externo, sob a responsabilidade do Tribunal de Contas do Estado, a conferência dos
indicadores relativos ao atingimento das metas, limitando o trabalho auditorial do órgão de
controle externo; a gestão orçamentária, financeira e patrimonial, no que tange,
principalmente, à questão do FIPLAN, para permitir o acompanhamento tempestivo no que
diz respeito, em especial, aos convênios; o elevado volume de crescimento das Despesas
de Exercícios Anteriores; a contabilização indevida de receitas tributárias atinentes a
Imposto de Renda Retido na Fonte, incidente sobre a folha de pagamento dos inativos de
2013 e 2014, contrariando os arts. 35, inciso I e 39, caput, da Lei nº. 4.320/64; a falha na
apropriação integral dos recursos obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre
o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A., como receita intra-orçamentária própria do
FUNPREV no exercício de 2015. No ensejo, o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente
Gildásio Penedo Filho fez referências a pontos ressalvados pelo Ministério Público de
Contas, que manteve na condição de recomendação, conforme voto do Exmo. Sr.
Conselheiro Relator, manifestando o seu entendimento de que, em sede de Parecer Prévio,
não cabe apresentação de determinação ao Chefe do Poder Executivo, uma vez que
determinação tem poder coercitivo, tem poder de impor à autoridade o seu cumprimento e
que a apreciação do Parecer Prévio é meramente uma função opinativa, cabendo à
Assembleia Legislativa o seu julgamento definitivo. O Exmo. Sr. Conselheiro Presidente
Inaldo Araújo passou a palavra ao Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino que, conforme o art. 93
do Regimento Interno desta Casa, comprometeu-se a encaminhar o voto na íntegra, no dia
de amanhã, à Secretaria de Plenário, para juntada aos autos, fazendo a leitura do sumário
do seu voto, concluindo nos seguintes termos: "Finalizando, ressalto, aqui, importante
conclusão dos auditores de que a partir da análise do Relatório de Acompanhamento das
ações propostas no Plano de Ação, apresentado pela Comissão coordenada pela AGE,
verificou-se que das 61 recomendações indicadas no Parecer Prévio, apenas 2 foram
atendidas, 29 não foram atendidas, 24 foram atendidas parcialmente, e não foram
identificadas iniciativas específicas para o atendimento de 6 recomendações. Diante do
exposto, teria, objetivamente, todos os elementos para indicar a desaprovação das
presentes contas. Entretanto, considerando tratar-se de exame das contas de governo de
2015, do primeiro ano de gestão do Exmo. Sr. Governador Rui Costa, e que grande parte
dos achados descritos aqui são remanescentes da gestão anterior, apesar do Governo atual
ter tomado conhecimento das recomendações sugeridas no Parecer Prévio do exercício de
2014 e consequentemente ter apresentado um Plano de Ação no sentido de atender à
decisão deste TCE, sugiro a sua APROVAÇÃO, entretanto, entendo que devam ser
RESSALVADAS do juízo aprovativo, as seguintes irregularidades apontadas pelos auditores
desta Casa: 1. fragilidades nos procedimentos contábeis empregados pela Administração
Pública estadual, gerando inconsistências e distorções, com destaque para os controles
contábeis e financeiros sobre as disponibilidades do Estado; 2. retificações e republicações
contínuas nos demonstrativos da LRF em 2015, inconsistências nos saldos contábeis de
contas do ativo e passivo nas DCCEs e contabilização de receitas e despesas sem a
observância do exercício de competência, com implicações contábeis, orçamentários, fiscais
e legais; 3. processamento irregular em 2015 das despesas como DEA, à luz do que dispõe
a Lei 4.320/1964 e as formalidades do Decreto nº 181-A; 4. falha na apropriação integral dos
recursos obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o
Banco do Brasil S.A., como receita intra-orçamentária própria do FUNPREV no exercício de
2015; 5. ausência de sistema de controle interno nos moldes da Constituição Federal e
precaridade das Coordenações de Controle Interno existentes, as quais se mostraram
inadequadas quanto à avaliação dos resultados da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial, quanto à eficácia, eficiência e efetividade; 6. inobservância das prescrições
normativas contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, principalmente, no que se
refere a alocação preferencial de recursos em programas eleitos como prioritários; e 7. falta
de medidas administrativas efetivas, que solucionem ou mitiguem as graves deficiências de
controle interno identificadas no FIPLAN. Considerando que não cabe mais aqui expedir
recomendações, tendo em vista que as recomendações efetivadas nos pareceres prévios de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 535


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

exercícios anteriores não se reverteram em ações objetivas por parte do Poder Executivo
estadual, acompanho a expedição de alerta sobre o fato das despesas de pessoal terem
ultrapassado o limite prudencial, e sugiro que sejam transformadas em DETERMINAÇÕES
ao Exmo. Sr. Governador do Estado, para correção das irregularidades apontadas pelos
auditores deste Tribunal, as demais recomendações propostas pelo Exmo. Sr. Conselheiro
Relator João Bonfim. Acrescentando, ainda, as DETERMINAÇÕES propostas pelo MPC e
transcritas a seguir: 1) o Poder Executivo proceda, por meio das Coordenações de Controle
Interno e demais estruturas de controle interno, sob a articulação, coordenação e orientação
técnica da Auditoria Geral do Estado, à avaliação acerca cumprimento das metas previstas
no plano plurianual, bem como da eficácia, eficiência e efetividade da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial; 2) adote as providências necessárias à devida institucionalização
do Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e
Convênios (OCAAF), observando as atribuições e competências previstas na Lei Estadual
n.º 9.433/2005; 3) adote as medidas concretas para a efetiva implantação do Comitê Gestor
de Acesso à Informação (CGAI), nos termos do art. 28 da Lei Estadual n. 12.618/2012, a fim
de que, enfim, o referido órgão cumpra o desiderato proposto pela norma, no sentido de
suprir lacunas em matéria de transparência pública estadual, mormente quanto ao
processamento dos recursos legais previstos, classificação e desclassificação de
informações sigilosas e padronização da publicidade das informações divulgadas; 4) o
Poder Executivo divulgue, nos seus sítios eletrônicos oficiais, as informações relativas aos
valores detalhados das remunerações dos agentes públicos estaduais, de forma nominal e
individualizada, em cumprimento ao dever de transparência dimanado do princípio da
publicidade (art. 37, caput, da CF) e do direito fundamental à informação pública (art. 5o ,
XXXIII, da CF), bem como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF c/c art. 8o
, caput e § 2º da Lei de Acesso à Informação, trilhando, assim, o caminho já desbravado por
diversos outros órgãos da Administração Pública brasileira; 5) para possibilitar a
transparência que deve ser dada às ações públicas, como forma de viabilizar o controle
social e a bem do princípio da publicidade insculpido no art. 37 da Constituição Federal de
1988 c/c o art. 5º, inciso XXXIII, da mesma Carta Magna, disponibilize no portal
“Transparência Bahia” informações sobre convênios celebrados nos exercícios 2013 e
subsequentes; 6) adote as providências necessárias no sentido de descontinuar a política
de contratação de Prestadores de Serviços Temporários (PST) para o desempenho de
atividades próprias de servidores públicos; 7) adote, com urgência, as medidas
administrativas necessárias ao aprimoramento dos mecanismos específicos de controle
interno relacionados ao processamento de Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de
modo a assegurar a utilização deste tipo de procedimento em situações de estrita
excepcionalidade, apurando-se, ademais, a responsabilidade funcional dos agentes que
eventualmente deem causa, de modo injustificado ou sem justificativa razoável, ao não
processamento de despesas públicas no exercício de sua competência; 8) apresente a este
Tribunal, por meio da Secretaria da Fazenda, no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias,
o resultado do reexame aprofundado e global das Despesas de Exercícios Anteriores – DEA
liquidadas nos anos de 2015 e 2016, avaliando a sua adequação aos requisitos normativos
aplicáveis e, especialmente, o impacto total de tais despesas nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado referentes aos exercícios de 2015 e 2016, com a consequente
republicação dos demonstrativos devidamente ajustados, e acompanhados de notas
explicativas; 9) contabilize na Despesa Total com Pessoal, para fins de apuração dos limites
previstos nos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, os gastos desta natureza
efetuados como Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, quando a competência da
despesa estiver abrangida pelo período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF; 10)
observe o regime legalmente previsto para a contabilização das receitas públicas (regime de
caixa), com a consequente correção da falha pontuada no item 2.4.2.1 (“Receitas Tributárias
– Imposto de Renda Retido na Fonte”) do relatório técnico, avaliando os seus impactos nos
demonstrativos contábeis do Estado relativos aos exercícios de 2015 e de 2016, com a
devida republicação acompanhada de notas explicativa; 11) adote as providências
necessárias ao saneamento da irregularidade apontada pela Auditoria no item 2.4.2.2

536 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

(“Receita contabilizada do FUNPREV”) do relatório técnico, avaliando os seus impactos nas


Demonstrações Contábeis do Estado relativas aos exercícios de 2015 e de 2016, com a
devida republicação acompanhada de notas explicativas; 12) adote as medidas
administrativas necessárias para aprimorar o planejamento e a execução dos repasses de
Quadro de Cotas Mensais (QMC) pela Secretaria da Fazenda, de modo a garantir o
adimplemento das obrigações pecuniárias assumidas pelo Estado dentro do prazo legal ou
contratualmente previsto, evitando, por consequência, o emprego de recursos públicos para
pagamento de encargos moratórios; 13) proceda à apuração, mediante processo
administrativo próprio, das causas que contribuíram para a realização de despesas públicas
relacionadas ao pagamento de multas e juros de mora, promovendo a responsabilização
dos agentes públicos que eventualmente tenham concorrido, por ação ou omissão, dolosa
ou culposa, para a consecução de tais dispêndios; 14) adote as providências administrativas
necessárias para assegurar o adequado registro, nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado, de informações relativas aos gastos realizados pela Administração
Pública estadual com pagamento de multas e juros moratórios; 15) para que sejam
adotados mecanismos de registros de despesas que promovam a alocação fiel e precisa
dos custos dos programas governamentais, em ordem a permitir o cumprimento do quanto
previsto nos arts. 90, caput e II, da Constituição Estadual e 50, § 3º, da LRF; e 16) que seja
determinada a autuação do Contrato nº 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o
Banco do Brasil S.A, para fins de exame individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª
Câmara deste Tribunal, na forma preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e
seguintes, todos do Regimento Interno do TCE/BA, tendo em vista a materialidade dos
valores envolvidos, o prazo de vigência contratual, bem como a atipicidade do procedimento
de sua celebração". O Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo passou a palavra ao
Ilmo. Sr. Dr. Rogério Carvalho, que, inicialmente, parabenizou o Exmo. Sr. Conselheiro
Relator e, principalmente, destacar a conclusão do seu relatório, que é a mesma conclusão
do Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho, de que o Estado da Bahia,
mesmo diante dessa crise, que é, de fato, pública e notória, conseguiu cumprir todos os
índices estabelecidos na legislação específica, em especial, manter os seus compromissos
e pagamentos, fazendo comparações entre a situação do Estado da Bahia e a de outros
Estados da federação, relativas à remuneração dos servidores, ao PIB, ao ICMS, ao
cumprimento de recomendações deste Tribunal em exercícios anteriores, ao controle
interno, à questão da Lei de Acesso à Informação e transparência, à questão do PST, e a
Despesas de Exercícios Anteriores, registrando a sua convicção de que o Chefe do Poder
Executivo e sua equipe, com a participação da Procuradoria Geral do Estado, dará a devida
atenção às recomendações desta Instituição, e acompanhando o Exmo. Sr. Conselheiro
Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho no seu entendimento de que não cabem
determinações quando da emissão de Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder
Executivo. O Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo passou a palavra ao Exmo. Sr.
Dr. Danilo Ferreira Andrade, que trouxe novamente a debate nesta Corte de Contas, já que
foi objeto de discussão nas Contas de Governo no exercício anterior, a questão referente à
possibilidade ou não de o Tribunal expedir determinações em Contas de Governo, já que o
Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho, acompanhado pelo
entendimento adotado pelo Ilmo. Sr. Dr. Rogério Carvalho, fez registrar o entendimento
relativo a impossibilidade de expedição de determinações em processo dessa natureza,
trazendo novos argumentos a respeito da possibilidade de expedição de determinações em
Contas de Governo, uma vez que a norma é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, de
modo que, independentemente de previsão expressa na Lei Orgânica, o Tribunal pode
exercer esse mister, em qualquer processo de controle externo de sua competência, por ser
da essência do órgão controlador, identificando irregularidades na gestão da coisa pública,
adotar as medidas cabíveis para efeito de correção dessas irregularidades. Ainda com a
palavra, S. Exa. fez registrar que essa argumentação está respaldada, inclusive, no manual
de boas práticas processuais da ATRICON e do Instituto Rui Barbosa, no item 7.2, que trata
das determinações e recomendações, e, ao final, com base nessas considerações, e sem
querer adentrar uma a uma às determinações sugeridas pelo Ministério Público de Contas,

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 537


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

já que a matéria foi amplamente debatida, S. Exa., em nome do Ministério Público de


Contas, reafirmou o seu posicionamento, sugerindo a este Tribunal que emita Parecer
Prévio no sentido da aprovação das Contas de Governo com as ressalvas, determinações e
recomendações que foram expressamente relacionadas no opinativo do órgão. Pediu a
palavra o Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim para incorporar ao seu voto as contribuições e
as sugestões do Exmo. Sr. Conselheiro Marcus Presídio, por tratarem de alterações
meramente redacionais, expressando o seu entendimento de que em sede de Parecer
Prévio não cabem as determinações, aproveitando para agradecer aos funcionários do seu
gabinete que não fizeram parte da comissão, mas que permitiram a continuidade dos
trabalhos do seu gabinete, citando, nominalmente, os Ilmos. Srs. Alberto Luiz Telles Soares,
Savana dos Santos Silva, Antônio Carlos Dias Dantas, Ariselma Pereira Pereira, Hans Ungar
Neto, Marcelo Dantas Veiga, Thiago Magalhães Guedes, Henrique Menezes Passos e
Fernanda Figueiredo Oliveira, além do estagiário Paulo Ricardo Pinheiro Sacramento e do
terceirizado Rodrigo Figueiredo Marques, e solicitando esse registro no prontuário de todos
que contribuíram para o trabalho de relatoria das contas do exercício de 2015, do Governo
Rui Costa. O Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo, considerando que quase
todos os votos foram antecipados, encerrou a fase de discussão e abriu a de votação,
passando a palavra à Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa para a leitura do seu voto, que
S. Exa. concluiu nos seguintes termos: "Sendo assim, pelas razões expostas e acolhendo,
ainda, a manifestação do Ministério Público de Contas, VOTO pela emissão de PARECER
PRÉVIO favorável à APROVAÇÃO das contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da
Bahia, referentes ao exercício de 2015, tendo como responsável o Governador Sr. Rui
Costa, nos termos do art. 71, inciso I, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da
Constituição Estadual, art. 1º, inciso I, da Lei Complementar Estadual nº. 005/1991 e art. 4º,
inciso II, alínea “a”, do Regimento Interno deste Tribunal de Contas, com ressalvas quanto
às seguintes falhas apontadas pela Auditoria: 1. inobservância das prioridades
estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) (item 2.1.5); 2. inadequação e
insuficiência dos dados e informações disponibilizados sobre a gestão orçamentária,
decorrentes (a) da ausência de publicidade da correlação entre as Ações Orçamentárias
disponíveis na LOA e as Entregas/Iniciativas definidas no PPA; (b) da ausência de
procedimentos formalizados para validação dos dados de execução física das ações
orçamentárias registrados no Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças
do Estado da Bahia (FIPLAN) pelas secretarias/órgãos/entidades, além de intempestividade
e ausência de registro de dados relativos à execução física das ações orçamentárias; (c) da
indisponibilidade de informações sobre o desempenho dos programas e seu impacto para a
população beneficiada; (d) da inadequação das informações constantes dos relatórios da
SEPLAN, uma vez que constituem documentos extensos, separados em dois volumes,
divulgados em “linguagem orçamentária”; (e) da pouca transparência da execução e dos
resultados do monitoramento e avaliação do PPA, dada a insuficiência dos mecanismos de
divulgação e a baixa clareza e insuficiência de dados e informações disponibilizados; (f)
Indisponibilidade e inconsistências das informações relativas à execução física do Plano
Plurianual, sem garantia da integridade das informações disponíveis para acesso; (g)
Indisponibilidade da avaliação do cumprimento das metas dos compromissos do PPA (itens
2.16 e 2.17); 3. precariedade das estruturas de controle interno existentes durante o
exercício financeiro analisado, as quais se mostraram inidôneas para o alcance das
finalidades previstas no art. 74 da Constituição da República, sobretudo no que concerne à
indispensável avaliação dos resultados da gestão orçamentária, financeira e patrimonial,
quanto à eficácia, eficiência e efetividade (itens 2.2.1.2 e 2.2.2); 4. não implementação do
Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e
Convênios (OCAAF), contrariando previsão expressa da Lei Estadual 9.433/2005 (itens
2.2.2 e 2.6.2); 5. ausência de mecanismos no sistema de informação adotado pelo Poder
Executivo do Estado da Bahia (FIPLAN) que permitam catalogar adequadamente as
informações e acompanhar, de modo minimamente eficiente, a execução dos convênios e
instrumentos congêneres celebrados com entidades governamentais e não governamentais,
impactando negativamente não apenas na consistência dos registros contábeis da conta

538 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

“Convênios a Comprovar”, tratando-se de recomendação realizada no parecer prévio


referente ao exercício de 2014 e não cumprida (itens 2.2.2, 2.4.5.2.2 e 2.6.1); 6. falta de
regulamentação e efetiva implantação do Comitê Gestor de Acesso à Informação (CGAI),
órgão competente para processar os recursos no que se refere aos pedidos de acesso à
informações públicas, classificar e desclassificar informações sigilosas e padronizar a
publicidade das informações divulgadas pelo Estado da Bahia, nos termos da Lei Estadual
n. 12.618/2012 (item 2.2.4.2); 7. contratação de Prestadores de Serviços Temporários
(PST's) para substituir servidores efetivos na área de educação (professores e assistentes
administrativos), sem a inclusão dos valores gastos a remuneração destes agentes no
cômputo da despesa de pessoal, contrariando, a regra constitucional do concurso público
(art. 37, II, da CF), bem como as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal que buscam
controlar e limitar a evolução dos gastos com pessoal (art. 18, § 1º, LRF) (itens 2.3.3 e
2.4.4.2); 8. contabilização indevida de receitas tributárias atinentes a Imposto de Renda
Retido na Fonte, incidente sobre a folha de pagamento dos inativos de 2013 e 2014,
contrariando os arts. 35, inciso I e 39, caput, da Lei nº. 4.320/64 (item 2.4.2.1); 9. falha na
apropriação integral dos recursos obtidos por meio do Contrato nº. 01/2014, celebrado entre
o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A., como receita intra-orçamentária própria do
FUNPREV no exercício de 2015 (item 2.4.2.2); 10. inexistência de informações, nas
Demonstrações Contábeis Consolidadas do Estado do exercício de 2015, a respeito do
volume de gastos realizados pela Administração Pública estadual para pagamento de
multas e juros de mora por inadimplemento de obrigações pecuniárias (item 2.4.2.4); 11.
fragilidades constatadas na instrução dos processos de pagamento de Despesas de
Exercícios Anteriores pagas no exercício de 2015, notadamente quanto (i) à ausência de
informações para fundamentar as razões pelas quais as despesas não foram empenhadas
no exercício de origem, (ii) à ausência de indicação da rubrica orçamentária a que estaria
vinculada a despesa no exercício de sua competência, e (iii) à descrição imprecisa da
despesa, não constando detalhes relativos a sua natureza e origem, e/ou período a que se
referem (competência), em contrariedade com o disposto no art. 3º, inciso I, do Decreto
Estadual n.º 181-A/1991 (item 2.4.2.3); 12. manutenção de benefícios fiscais ou financeiro-
fiscais relativos ao ICMS sem a demonstração cabal de que, no período auditado, restou
satisfeita a condição prevista no art. 155, § 2º, inciso XII, alínea “g”, da Constituição Federal
c/c art. 1º, parágrafo único, inciso IV, da Lei Complementar n.º 24/1975 (item 2.4.3.5.1); 13.
deficiências do controle interno sobre as renúncias de receitas, em virtude da não realização
de visitas técnicas, durante o exercício de 2015, aos empreendimentos contemplados por
programas de incentivos fiscais, a fim de averiguar se as empresas beneficiadas estavam ou
não cumprindo as obrigações assumidas nos protocolos de intenções (item 2.4.3.5.2); 14.
fragilidades identificadas nos procedimentos contábeis empregados pela Administração
Pública estadual, gerando as inconsistências e distorções apontadas pelas Coordenadorias
de Controle Externo (item 2.4.5); 15. contabilização indevida de receita orçamentária de
Royalties em 2015, no montante de R$14.374.019,69, arrecadadas em 2014, contrariando
os arts. 35, inciso I e 39, caput, da Lei nº. 4.320/64; (item 2.4.5.1.3); 16. ausência de
mecanismos no sistema de informação adotado pelo Poder Executivo do Estado da Bahia
(FIPLAN) que permitam catalogar adequadamente as informações e acompanhar, de modo
minimamente eficiente, a execução dos convênios e instrumentos congêneres celebrados
com entidades governamentais e não governamentais, impactando negativamente não
apenas na consistência dos registros contábeis da conta “Convênios a Comprovar”, como
também – e especialmente – na efetividade do controle (interno e externo) da boa e regular
aplicação dos recursos públicos estaduais voluntariamente transferidos (item 2.4.5.2.2); 17.
não divulgação, em sítios eletrônicos oficiais, da remuneração dos servidores públicos do
Poder Executivo do Estado da Bahia, em contrariedade ao princípio da publicidade (art. 37,
caput, da CF) e ao direito fundamental à informação pública (art. 5o, XXXIII, da CF), bem
como ao comando legal inserto no art. 48-A, inciso I, da LRF c/c art. 8o, caput e § 2º da Lei
de Acesso à Informação (item 2.6.2). Quanto às recomendações sugeridas pelo Ilustre
Conselheiro Relator, converto em determinações, acrescentando, ainda, os seguintes
encaminhamentos: 1. pela emissão de recomendações ao Poder Executivo no sentido de

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 539


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

que: Quanto ao planejamento e gestão das ações de política pública: a) elabore norma legal
para regulamentação do processo de construção do Plano Plurianual (PPA), conforme
estabelece o parágrafo 9º do artigo 159 da Constituição Estadual (item 2.1.1); b) promova a
revisão dos indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os índices
esperados, para cada ano e para o final do plano, que viabilize a mensuração do resultado
obtidos com a implementação das ações de governo, com vistas a garantir a efetiva
avaliação e acompanhamento dos resultados das políticas públicas implementadas (item
2.1.3); c) adote as medidas necessárias ao aperfeiçoamento da metodologia de elaboração
da Lei Orçamentária Anual, especialmente no que concerne à estimativa das despesas, em
ordem a minimizar o risco de insuficiência das dotações orçamentárias previstas (item
2.1.5); d) adote as cautelas necessárias para assegurar, durante a execução orçamentária,
a alocação preferencial de recursos em programas de governo eleitos como prioritários na
Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, evitando, portanto, a reiteração das inadequações
verificadas no exercício financeiro de 2015 (item 2.1.6); Quanto ao controle interno da
Administração Pública: e) adote providências, no âmbito de suas competências, para
institucionalizar a Controladoria Geral do Estado, com autonomia, quadro de pessoal próprio
e devidamente instrumentalizado para atuar como unidade central de controle interno, sendo
capaz de avaliar a ação governamental nos moldes exigidos pela Carta Federal (itens 2.2 e
2.1.1); f) avalie, com o apoio técnico do Grupo de Trabalho (GT) criado pela Portaria
conjunta SAEB/SEFAZ/PGE nº 0001/2015, a conveniência e oportunidade de implantar ou
utilizar o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV) adotado pela
União, apresentando a este Tribunal, em prazo razoável, as razões técnicas que
eventualmente justifiquem a não adesão ao referido sistema (itens 2.2.2, 2.4.5.2.2 e 2.6.1).
Quanto à Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia: g) constitua
provisão para reserva técnica, sugerida pelos cálculos atuariais, Relatório das Contas
Governamentais de 2013 e Auditoria Geral do Estado, para a cobertura do Plano de Saúde
dos Servidores Públicos Estaduais – PLANSERV (item 2.4.4.3.1); h) proceda à avaliação
quanto aos benefícios e as implicações da repactuação do valor das contraprestações a
vencer no Contrato de PPP n.º 02/2010, firmado entre a SETRE e a FNP Participações S.A.,
mediante o encontro de contas e a quitação antecipada da dívida dessa empresa junto ao
FUNDESE, relativa ao contrato de financiamento da obra de reconstrução da Arena Fonte
Nova, tendo em vista a perspectiva de economia para o Estado (item 2.6.4). 2. pela emissão
de determinações ao Poder Executivo no sentido de que: Quanto ao planejamento e gestão
das ações de política pública: a) proceda, por meio das Coordenações de Controle Interno e
demais estruturas de controle interno, sob a articulação, coordenação e orientação técnica
da Auditoria Geral do Estado, à avaliação acerca cumprimento das metas previstas no plano
plurianual, bem como da eficácia, eficiência e efetividade da gestão orçamentária, financeira
e patrimonial (item 2.2); Quanto ao controle interno da Administração Pública: b) adote, com
urgência, as medidas administrativas necessárias ao aprimoramento dos mecanismos
específicos de controle interno relaciona
ao processamento de Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de modo a assegurar a
utilização deste tipo de procedimento em situações de estrita excepcionalidade, apurando-
se, ademais, a responsabilidade funcional dos agentes que eventualmente deem causa, de
modo injustificado ou sem justificativa razoável, ao não processamento de despesas
públicas no exercício de sua competência (item 2.4.2.3); Quanto à Gestão Orçamentária,
Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia: c) inclua notas explicativas nos Relatórios de
Gestão Fiscal a serem divulgados, na forma exigida no art. 55, II, da Lei Complementar n.º
101/2000, informando, além das medidas corretivas de recondução ao limite de pessoal
adotadas ou a adotar, se o Poder Executivo se encontra amparado pela situação prevista no
art. 66 da citada Lei (item 2.3.3); d) somente conceda a renúncia de receita no Programa
DESENVOLVE amparado por Convênio no âmbito do Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ), como determina o art. 1º da Lei Complementar n.º 24/1975 (item
2.4.3.5.1); e) realize visitas técnicas às empresas beneficiadas com incentivos fiscais,
visando a monitorar se a quantidade de empregos gerados e os investimentos realizados
estão de acordo com o pactuado com o Estado, na forma do art. 2º da Portaria Conjunta n.º

540 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

78/2004, prevenindo, assim, possíveis prejuízos aos cofres públicos (item 2.4.3.5.2); f)
realize a implantação de rotinas administrativas e procedimentos contábeis objetivando a
correta evidenciação nas Demonstrações Contábeis, bem como a catalogação de
informações complementares a serem divulgadas por meio de notas explicativas (item 2.4);
g) realize o controle e o detalhamento dos recursos vinculados, em conformidade com o
previsto no art. 50, I, da LRF, de forma a possibilitar a análise adequada do fluxo dos
recursos com destinação específica (item 2.4.5); h) promova, nos sistemas de controle
financeiro dos convênios, a incorporação de mecanismos que possibilitem o adequado
acompanhamento das prestações de contas dos recursos repassados por convênios ou
instrumentos assemelhados firmados pelo Estado com entidades governamentais e não
governamentais, em consonância com as disposições da Resolução TCE n.º 144/2013 e do
art. 93 da Lei n.º 4.320/1964 (item 2.4.5.2.2); i) realize a apuração da natureza e da origem
das operações representativas dos saldos apresentados nas Demonstrações Contábeis
Consolidadas do Estado – Exercício 2015 nas contas de Créditos a Receber do FCVS,
Créditos Tributários a Receber e Investimentos e Aplicações de Longo Prazo, em
consonância com o art. 87 e 88 da Lei n.º 4.320/1964 (item 2.4.5.2.3); j) reconheça a EBAL
como estatal dependente na forma estabelecida pelo art. 2º, III, da Lei Complementar n.º
101/2000 (item 2.4.5.3.1); 3. pela emissão de determinações às Coordenadorias de Controle
Externo, para que: a) realize exames complementares, no âmbito da auditoria de
Acompanhamento da Lei de Responsabilidade Fiscal, relativa ao 3º Quadrimestre de 2015,
demonstrando os efeitos jurídico-contábeis sobre os demonstrativos e limites, decorrentes (i)
da contabilização indevida das receitas públicas atinentes ao IRRF, incidente sobre a folha
de inativos de 2013 e 2014, bem como da contabilização indevida de Royalties; e (ii) das
Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, quando a competência da despesa estiver
abrangida pelo período de apuração previsto no art. 18, § 2º, da LRF; b) realize auditoria do
Contrato nº. 01/2014, celebrado entre o Estado da Bahia e o Banco do Brasil S.A, para fins
de exame individualizado de sua legalidade no âmbito da 2ª Câmara deste Tribunal, na
forma preconizada pelo art. 5º, inciso II, alínea “e” c/c arts. 152 e seguintes, todos do
Regimento Interno do TCE/BA, tendo em vista a materialidade dos valores envolvidos, o
prazo de vigência contratual, bem como a atipicidade do procedimento de sua celebração; c)
verifique, no âmbito da auditoria especial aprovada na Sessão Plenária do dia 29/10/2015,
durante a discussão do julgamento do processo TCE/001237/2014, o pagamento realizado
no bojo do Processo nº 1110100011500077714, identificando as circunstâncias que lhe
deram ensejo, bem como os seus responsáveis e possíveis danos. Adiro à expedição de
alerta proposta pelo Ilustre Conselheiro Relator, estabelecido no art. 59, § 1º, II, da Lei
Complementar nº 101/2000, tendo em vista que a despesa total com Pessoal e Encargos
Sociais (Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou 95% do limite de
gastos, sendo obrigatória a observância à vedação prevista no art. 22 da LRF (item 2.3.3).
Quanto ao Plano de Ação, relacionando as ações a serem empreendidas no sentido de
solucionar as recomendações contidas no Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de
implementação constantes do Parecer Prévio sobre as Contas de Governo de 2014 (item
2.6), adiro em parte ao encaminhamento proposto pelo Conselheiro Relator, uma vez que
VOTO como determinação para que o referido Plano seja encaminhando no prazo de 90
(noventa dias)". Encerrada a votação, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo,
considerando que o Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino, o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-
Presidente Gildásio Penedo Filho e a Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa votaram com
ressalvas e o Exmo. Sr. Conselheiro João Bonfim, Relator, o Exmo. Sr. Conselheiro
Corregedor Antonio Honorato e o Exmo. Sr. Conselheiro Marcus Presídio não propuseram
ressalvas, emitiu voto de desempate pela não emissão de ressalvas. A Exma. Sra.
Conselheira Carolina Costa, nesta oportunidade, converteu as suas determinações em
recomendações, no que foi acompanhada pelo Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino. Ao final,
decidiu o Plenário emitir o Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo do
Estado da Bahia, que opina, à unanimidade dos Exmos. Srs. Conselheiros, favoravelmente
à aprovação, pela augusta Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, das Contas do Chefe
do Poder Executivo, referentes ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2015, com

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 541


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

as recomendações propostas pelo Exmo. Sr. Conselheiro Relator, enumeradas a seguir.


Quanto ao planejamento e gestão das ações de política pública: 1. adote medidas
necessárias para que as escutas sociais realizadas quando da elaboração dos Planos
Plurianuais sejam disponibilizadas tempestivamente às secretarias, órgãos e entidades da
Administração Pública estadual, visando a sua completa apreciação no processo de
construção dos PPAs (item 2.1.1 e 2.1.2); 2. promova, em articulação com os órgãos afins,
ações voltadas para designação, atribuição de competências e capacitação dos
responsáveis pelo planejamento das atividades relacionadas à elaboração do PPA (item
2.1.1 e 2.1.2); 3. aprimore, em articulação com a SEPLAN, o processo de elaboração do
PPA de modo a sistematizar dados e informações dos indicadores para os Programas, de
forma a conter, pelo menos, a natureza do indicador (resultado ou efeito), os índices de
referência e os esperados anuais, a forma de cálculo, a fonte das informações e a indicação
dos responsáveis (item 2.1.1 e 2.1.2); 4. garanta a compatibilização entre o Plano Plurianual
e a Lei Orçamentária Anual, explicitando as vinculações entre ações orçamentárias e as
Iniciativas do PPA 2016-2019, nos termos dos arts. 165 da Constituição Federal e 159 da
Constituição Estadual (item 2.1.3); 5. revise os indicadores estabelecidos no PPA 2016-
2019, de forma a projetar os índices esperados, para cada ano e para o final do Plano, para
viabilizar a mensuração do resultado obtido após a implementação das ações de governo,
com vistas a garantir a efetiva avaliação e acompanhamento dos resultados das políticas
públicas implementadas; 6. revise as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a
eliminar o caráter de ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável,
qualitativo ou quantitativo, bem como realize projeções anuais, que permitam o
monitoramento regular de seu cumprimento, e, consequentemente, dos compromissos a
elas atrelados (item 2.1.5); 7. garanta a execução dos Programas Prioritários, visando ao
cumprimento das salvaguardas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias de cada
exercício, alocando recursos necessários para a sua execução, a fim de garantir um melhor
desempenho das prioridades definidas por lei (item 2.1.6); 8. aprimore as metodologias e os
processos de acompanhamento, de monitoramento e de avaliação dos PPAs, através de
melhorias a serem implementadas no Relatório de Avaliação da Execução do Plano
Plurianual e Relatório Anual de Governo, que permitam identificar e aferir os resultados dos
Programas definidos no PPA 2016-2019, bem como as informações relativas à série
histórica dos indicadores utilizados (item 2.1.7); 9. elimine os entraves que impedem a maior
competitividade do setor do agronegócio, permitindo atração de mais investimentos para o
Estado (item 3.1); Quanto ao controle interno da Administração Pública: 10. adote
medidas para o incremento do quantitativo de pessoal lotado nas unidades que compõem o
sistema de controle interno estadual, sobretudo na Auditoria Geral do Estado (AGE), a fim
que estas unidades possam desempenhar todas as suas atribuições definidas em lei,
promovendo, ainda, ampla capacitação aos servidores (item 2.2.1); 11. estimule na alta
administração a valorização do perfil dos ocupantes das CCIs, visando a redução da
elevada rotatividade do quadro de pessoal daqueles que exercem funções relacionadas ao
controle interno; 12. promova ações voltadas para a criação de unidades de controle interno
nas entidades da Administração indireta que porventura ainda não tenham sido implantadas;
13. garanta, por meio das Coordenações de Controle Interno, a utilização de indicadores
para acompanhamento, controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e
patrimonial, bem como para o monitoramento das ações e programas do PPA (item 2.2.1);
14. agilize ações para a institucionalização do Órgão Central de Controle, Acompanhamento
e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios - OCAAF, previsto na Lei Estadual de
Licitação e Contratos nº 9.433/2005 (item 2.2.2); 15. garanta o pleno funcionamento do
Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) em relação ao
acompanhamento da gestão dos convênios, especialmente, no tocante ao registro da
ocorrência de prestação de contas e das providências adotadas pela Administração para os
convênios tidos por irregulares (item 2.2.3 e 2.2.4); 16. realize a alimentação sistemática do
FIPLAN do Submódulo de Acompanhamento da Ação Governamental (item 2.2.3); 17.
regulamente e implemente o Conselho Gestor de Acesso à Informação - CGAI, previsto pelo
§ 6º, do art. 28 da Lei Estadual nº 12.618/12, objetivando adequar o cenário da

542 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

transparência baiana à legislação estadual e federal; 18. promova a designação dos órgãos
responsáveis que exercerão as competências estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei
Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4); 19. promova a designação formal de agentes de
monitoramento, junto aos órgãos componentes do Poder Executivo do Estado da Bahia, no
sentido de realizar as funções estabelecidas pelo art. 7º da LAI (item 2.2.4); 20. finalize o
projeto de identidade digital de governo, de modo a promover a padronização e publicação
das informações mínimas, contidas no inciso I, art. 4º, § 1 do art. 8º da Lei nº 12.527/2011
(item 2.2.4); 21. regulamente o procedimento de classificação e desclassificação de
informações sigilosas, em cumprimento aos arts. 22 a 24 da Lei n° 12.618/2012, com o
objetivo de viabilizar que a autoridade máxima de cada órgão ou entidade estadual publique
tais informações em seus sítios da Internet (item 2.2.4); 22. disponibilize de forma
descentralizada, em cada órgão, de local para atendimento presencial, conforme disposto
no art. 6º e § 1º, inciso I do art. 9º da Lei Estadual n° 12.618/2012, devendo cada unidade
adotar um plano de avaliação do crescimento da demanda para aferir a necessidade de
instalação de um espaço exclusivo para o atendimento presencial do SIC (item 2.2.4); 23.
regulamente os procedimentos para tratamento de informação pessoal, conforme previsão
do § 5º, art. 25 da Lei Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4); 24. garanta a possibilidade de
interpor recursos por meio do Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública – TAG, bem como a
sua devida análise, instrução e julgamento. (item 2.2.4); 25. proceda à divulgação dos
vencimentos dos servidores civis e militares, bem como dos proventos dos agentes públicos
aposentados e dos pensionistas, em obediência ao princípio da transparência, com o fim de
permitir o controle social sobre os gastos públicos e viabilizar a concretização plena do
direito fundamental de acesso à informação pública (arts. 5º, inciso XXXIII, 37, § 3º e 216, §
2º da Constituição Federal (item 2.2.4); 26. atualize no portal "Transparência Bahia"
informações sobre os convênios celebrados para possibilitar a transparência que deve ser
dada às ações públicas, como forma de viabilizar o controle social e a bem do princípio da
publicidade, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXIII e XXXVII da Constituição Federal (item
2.2.4). Quanto à Gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia:
27. apure a causa para as rotineiras alterações dos Demonstrativos Fiscais após a sua
publicação, evitando, assim, que essas ocorrências possam comprometer a consistência
das informações prestadas (item 2.4.1); 28. implemente o Módulo de Acompanhamento do
Sistema de Atração de Investimentos, visando à efetiva fiscalização e monitoramento dos
protocolos de intenções firmados com o Estado, das empresas com benefícios fiscais (item
2.4.3.5.2); 29. inclua no cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, o montante
relativo à prestação de serviços temporários – PST, que se refira à substituição de
servidores, sem prejuízo da adoção de providências que visem a descontinuar este tipo de
contratação (item 2.4.4.2); 30. observe o princípio da prudência ao contrair obrigações para
o Fundo de Custeio do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV),
sem recursos suficientes para quitá-las (item 2.4.4.3.2); 31. elabore, em articulação com a
SECOM, instrumentos de planejamento para uma eficiente e eficaz execução de suas ações
de comunicação pública, conexas com o controle e transparência dos gastos do Estado com
propaganda e publicidade (item 2.4.4.4); 32. elabore um plano de recomposição das fontes
não vinculadas, o que impõe a programação de um esforço fiscal, associada a uma gestão
orçamentária e financeira mais eficiente, incluindo dispositivos específicos nas normas de
encerramento de exercícios, além de diretrizes e procedimentos para prevenir ou minimizar
os desequilíbrios entre as fontes de recursos do Estado, em relação à inscrição em restos a
pagar não processados de despesas orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem
suficiência de caixa (item 2.4.5.1.1); 33. articule, com os órgãos afins, a tempestividade na
contabilização das receitas de royalties, evitando assim distorções nas informações
contábeis e financeiras (item 2.4.5.1.3); 34. promova ações integradas entre as Secretarias
responsáveis pela execução de ações financiadas por recursos de royalties, objetivando a
aplicação integral das receitas dessa rubrica nas áreas eleitas para aplicação desses
valores, tanto no dispositivo Constitucional quanto na Lei nº 9.281/2004 (item 2.4.5.1.3.1);
35. apoie as ações do CIRA, fortalecendo o trabalho conjunto da SEFAZ, a SSP, o MPE, a
PGE e o TJ, para o aumento da recuperação de débitos fiscais (item 2.4.5.2.3.1.1); 36.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 543


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

intensifique a integração entre os sistemas SIGAT e FIPLAN, visando a eliminação de falhas


que comprometem a exatidão dos números, possibilitando a criação de rotinas que
automatize os lançamentos, em relação aos Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT (item
2.4.5.2.3.1.2); 37. realize estudos para a redução de custos fiscais da PRODEB e EGBA
(item 2.4.5.3); 38. observe a Resolução CFC nº 1.136/2008, que aprovou a NBC T 16.9,
sobre depreciação, amortização e exaustão de Imobilizado, vez que os comentários
constantes na Nota Explicativa n.° 5 do Balanço Pat rimonial contêm apenas informações
sobre as taxas de depreciação dos bens móveis, sem indicar outros dados e comentários
(item 2.4.5.4); 39. observe, quanto às Demais Obrigações a Curto Prazo, às Normas
Brasileiras de Contabilidade NBC T 16.6, ao estabelecer que contas contábeis de
designação genérica, como outros(as), devem representar menos de 10% do montante total
do grupo (item 2.4.5.5.1); 40. promova, em relação à Provisão para indenizações -
Contingências, o levantamento das contingências que possam afetar o Patrimônio do Estado
da Bahia, objetivando estimar o montante dos riscos de perdas relacionados com cada
demanda, a fim de avaliar aquelas que devem ser objeto de contabilização das respectivas
provisões, bem como as que requerem apenas a divulgação de informações relevantes para
uma adequada accountability das contas públicas (item 2.4.5.8.2); 41. apresente, em relação
ao Patrimônio Social e Reserva de Lucros, para cada Fundo, em nota explicativa, a posição
ao final do exercício de demonstração resumida da sua composição, detalhando-se, por
natureza, suas origens, aplicações e disponibilidades, de forma a melhorar a evidenciação
quanto ao perfil dos ativos e passivos vinculados a cada fundo (item 2.4.5.9). Quanto às
Auditorias e Inspeções Realizadas em 2015: 42. adote providências para a regularização
fundiária do Aeroporto de Feira de Santana - João Durval Carneiro (item 2.5.4); 43. adote
providências para a reforma e adequação das instalações do Centro de Memória e Arquivo
Público da Bahia (APEB), visando uma maior qualidade na preservação e salvaguarda do
acervo histórico e cultural do Estado (item 2.5.9). 44. Elabore Plano de Ação relacionado às
ações a serem empreendidas no sentido de atender às recomendações contidas neste
Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de implementação e constantes do Parecer
Prévio das Contas de Governo de 2014, estabelecendo prazos e responsáveis; e a
expedição de Alerta do artigo 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, combinado com a
vedação do artigo 22 da LRF: Na forma disposta no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF,
fica alertado o Poder Executivo sobre o fato de que o montante da despesa total com
Pessoal e Encargos Sociais (Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou
95% do limite de gastos, sendo obrigatória a observância à vedação prevista no art. 22 da
LRF (item 2.3.3). Vencidos, parcialmente, o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente Gildásio
Penedo Filho, nas ressalvas contidas na sua proposta de voto; o Exmo. Sr. Conselheiro
Pedro Lino, nas ressalvas e determinações contidas na sua proposta de voto; e a Exma.
Sra. Conselheira Carolina Costa, nas recomendações específicas e ressalvas contidas na
sua proposta de voto. Vencidos, ainda, em parte, o Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino e a
Exma. Sra. Conselheira Carolina Costa, que estabeleceram o prazo de noventa dias para o
item "44" das recomendações. Ao final, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo
declarou aprovado e conferido o Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder
Executivo do Estado da Bahia, correspondentes ao exercício de 2015, a seguir transcrito:
"PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO
ESTADO DA BAHIA - À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DA BAHIA - O
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA, reunido em sua composição Plena,
nesta data, objetivando atender ao quanto disposto no art. 71, inciso I, da Constituição
Federal, no art. 91, inciso I, da Constituição do Estado da Bahia, no art. 1º, inciso I, da Lei
Complementar n.º 005/1991, e no art. 19 da Lei Complementar n.º 27/2006, apreciou o
Relatório Técnico apresentado pelo Conselheiro Relator João Evilásio Vasconcelos Bonfim,
no qual estão informados os resultados dos exames das Contas do Chefe do Poder
Executivo do Estado da Bahia, referentes ao exercício financeiro de 01 de janeiro a 31 de
dezembro de 2015, prestadas pelo Excelentíssimo Senhor Governador Rui Costa,
compreendendo as demonstrações contábeis (Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro,
Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais e Notas Explicativas), os

544 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

relatórios anuais sobre o desempenho dos programas de governo, demais demonstrativos


previstos na legislação pertinente e a mensagem enviada pelo Governador a essa augusta
Assembleia Legislativa. Da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo do Estado da
Bahia - O Governador do Estado da Bahia é responsável pela elaboração e apresentação
das demonstrações e demais informações que compõem as contas do Poder Executivo,
bem como pelos controles internos que considerou como necessários para permitir a
adequada gestão do orçamento, proteção do patrimônio público e elaboração dos relatórios
confiáveis e oportunos, livres de distorção relevante, independentemente, se causada por
fraude ou erro. Da responsabilidade do Tribunal de Contas do Estado da Bahia - A
competência constitucional e legal deste Tribunal é a de expressar opinião mediante
emissão de Parecer Prévio sobre a adequação dessas contas, consideradas em seu
conjunto, devidamente fundamentada nas respectivas auditorias, conduzidas de acordo com
as Normas de Auditoria Governamental (NAGs), recomendadas pelo Instituto Rui Barbosa
(IRB) e adotadas por este Tribunal, em face do que dispõe a Resolução n.º 53/2011, as
quais são compatíveis com aquelas recomendadas pela Organização Internacional de
Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI). Entretanto, por sua própria natureza e
extensão, os trabalhos auditoriais que fundamentam esta opinião não constituem uma
revisão sistemática e completa da gestão dos órgãos, entidades e fundos da Administração
Direta e Indireta do Poder Executivo do Estado da Bahia, cujas prestações de contas –
observadas as normas constitucionais, legais e práticas contábeis vigentes julgamentos
próprios e específicos por este Tribunal de Contas. Em consonância com a Decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) publicada no Diário de Justiça de 21/08/2007, que deferiu
Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2.238 suspendendo a eficácia
do caput dos artigos 56 e 57 da Lei Complementar Federal n.º 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF), o presente exame está circunscrito à emissão de Relatório
e Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do Poder Executivo. Opinião - Os fatos
apresentados pelo Conselheiro Relator em seu Relatório Técnico, até onde foi possível
observar, demonstram que não possuem a relevância e materialidade para macular, no seu
mérito, a visão justa, equilibrada e prudente das Contas Governamentais, tomadas em seu
conjunto, sendo considerados suficientes e apropriados para fundamentar a opinião deste
Tribunal de Contas. As Contas ora referidas, portanto, representam adequadamente, em
seus aspectos relevantes e materiais, a gestão orçamentária, financeira, econômica,
patrimonial e operacional do Poder Executivo, no exercício de 2015, de acordo com os
critérios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do Estado da Bahia, na Lei
Complementar Federal n.º 101/2000, em outros instrumentos legais pertinentes, e com as
práticas de Contabilidade Pública adotadas no Brasil. Isso posto, este Tribunal opina
favoravelmente à aprovação, por essa augusta Assembleia Legislativa do Estado da
Bahia, das contas do Chefe do Poder Executivo, referentes ao período de 01 de janeiro a 31
de dezembro de 2015, liberando de responsabilidade o Excelentíssimo Senhor Governador
do Estado da Bahia, Rui Costa, com as recomendações enumeradas a seguir. Quanto ao
planejamento e gestão das ações de política pública: 1) adote medidas necessárias para
que as escutas sociais realizadas quando da elaboração dos Planos Plurianuais sejam
disponibilizadas tempestivamente às secretarias, órgãos e entidades da Administração
Pública estadual, visando a sua completa apreciação no processo de construção dos PPAs
(item 2.1.1 e 2.1.2); 2) promova, em articulação com os órgãos afins, ações voltadas para
designação, atribuição de competências e capacitação dos responsáveis pelo planejamento
das atividades relacionadas à elaboração do PPA (item 2.1.1 e 2.1.2); 3) aprimore, em
articulação com a SEPLAN, o processo de elaboração do PPA de modo a sistematizar
dados e informações dos indicadores para os Programas, de forma a conter, pelo menos, a
natureza do indicador (resultado ou efeito), os índices de referência e os esperados anuais,
a forma de cálculo, a fonte das informações e a indicação dos responsáveis (item 2.1.1 e
2.1.2); 4) garanta a compatibilização entre o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária Anual,
explicitando as vinculações entre ações orçamentárias e as Iniciativas do PPA 2016-2019,
nos termos dos arts. 165 da Constituição Federal e 159 da Constituição Estadual (item
2.1.3); 5) revise os indicadores estabelecidos no PPA 2016-2019, de forma a projetar os

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 545


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

índices esperados, para cada ano e para o final do Plano, para viabilizar a mensuração do
resultado obtido após a implementação das ações de governo, com vistas a garantir a
efetiva avaliação e acompanhamento dos resultados das políticas públicas implementadas
(item 2.1.3); 6) revise as metas estabelecidas no PPA 2016-2019, de forma a eliminar o
caráter de ação a ser executada, dando às mesmas aspecto mensurável, qualitativo ou
quantitativo, bem como realize projeções anuais, que permitam o monitoramento regular de
seu cumprimento, e, consequentemente, dos compromissos a elas atrelados (item 2.1.5); 7)
garanta a execução dos Programas Prioritários visando ao cumprimento das salvaguardas
estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias de cada exercício, alocando recursos
necessários para a sua execução, a fim de garantir um melhor desempenho das prioridades
definidas por lei (item 2.1.6); 8) aprimore as metodologias e os processos de
acompanhamento, de monitoramento e de avaliação dos PPAs, através de melhorias a
serem implementadas no Relatório de Avaliação da Execução do Plano Plurianual (RAPPA)
e Relatório Anual de Governo (RAG), que permitam identificar e aferir os resultados dos
Programas definidos no PPA 2016-2019, bem como as informações relativas à série
histórica dos indicadores utilizados (item 2.1.7); 9) elimine os entraves que impedem a maior
competitividade do setor do agronegócio, permitindo atração de mais investimentos para o
Estado (item 3.1); Quanto ao controle interno da Administração Pública: 10) adote
medidas para o incremento do quantitativo de pessoal lotado nas unidades que compõem o
sistema de controle interno estadual, sobretudo na Auditoria Geral do Estado (AGE), a fim
que estas unidades possam desempenhar todas as suas atribuições definidas em lei,
promovendo, ainda, ampla capacitação aos servidores (item 2.2.1); 11) estimule na alta
administração a valorização do perfil dos ocupantes das CCIs, visando à redução da
elevada rotatividade do quadro de pessoal daqueles que exercem funções relacionadas ao
controle interno (item 2.2.1); 12) promova ações voltadas para a criação de unidades de
controle interno nas entidades da administração indireta que porventura ainda não tenham
sido implantadas (item 2.2.1); 13) garanta, por meio das Coordenações de Controle Interno,
a utilização de indicadores para acompanhamento, controle e fiscalização da execução
orçamentária, financeira e patrimonial, bem como para o monitoramento das ações e
programas do PPA (item 2.2.1); 14) agilize ações para a institucionalização do Órgão Central
de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convênios – OCAAF,
previsto na Lei Estadual de Licitação e Contratos nº 9.433/2005 (item 2.2.2); 15) garanta o
pleno funcionamento do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças
(FIPLAN) em relação ao acompanhamento da gestão dos convênios, especialmente, no
tocante ao registro da ocorrência de prestação de contas e das providências adotadas pela
Administração para os convênios tidos por irregulares (item 2.2.3 e 2.2.4); 16) realize a
alimentação sistemática do FIPLAN do Submódulo de Acompanhamento da Ação
Governamental (item 2.2.3); 17) regulamente e implemente o Conselho Gestor de Acesso à
Informação - CGAI, previsto pelo § 6º do art. 28 da Lei Estadual nº 12.618/12, objetivando
adequar o cenário da transparência baiana à legislação estadual e federal (item 2.2.4); 18)
promova a designação dos órgãos responsáveis que exercerão as competências
estabelecidas nos incisos do art. 29 da Lei Estadual nº 12.618/2012 (item 2.2.4); 19)
promova a designação formal de agentes de monitoramento, junto aos órgãos componentes
do Poder Executivo do Estado da Bahia, no sentido de realizar as funções estabelecidas
pelo art. 7º da LAI (item 2.2.4); 20) finalize o Projeto de Identidade Digital de Governo, de
modo a promover a padronização e publicação das informações mínimas contidas nos
incisos I a IV, § 1º do art. 8º da Lei n.º 12.527/2011 (item 2.2.4); 21) regulamente o
procedimento de classificação e desclassificação de informações sigilosas, em cumprimento
aos arts. 22 a 24 da Lei nº 12.618/2012, com o objetivo de viabilizar que a autoridade
máxima de cada órgão ou entidade estadual publique tais informações em seus sítios da
Internet (item 2.2.4); 22) disponibilize de forma descentralizada, em cada órgão, de local
para atendimento presencial, conforme disposto no art. 6º e § 1º, inciso I do art. 9º da Lei
Estadual nº 12.618/2012, devendo cada unidade adotar um plano de avaliação do
crescimento da demanda para aferir a necessidade de instalação de um espaço exclusivo
para o atendimento presencial do SIC (item 2.2.4); 23) regulamente os procedimentos para

546 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

tratamento de informação pessoal, conforme previsão do § 5º, art. 25 da Lei Estadual nº


12.618/2012 (item 2.2.4); 24) garanta a possibilidade de interpor recursos por meio do
Sistema de Ouvidoria e Gestão Pública – TAG, bem como a sua devida análise, instrução e
julgamento (item 2.2.4); 25) proceda à divulgação dos vencimentos dos servidores civis e
militares, bem como dos proventos dos agentes públicos aposentados e dos pensionistas,
em obediência ao princípio da transparência, com o fim de permitir o controle social sobre os
gastos públicos e viabilizar a concretização plena do direito fundamental de acesso à
informação pública (arts. 5º, inciso XXXIII, 37, § 3º e 216, § 2º da Constituição Federal (item
2.2.4); 26) atualize no portal “Transparência Bahia” informações sobre os convênios
celebrados para possibilitar a transparência que deve ser dada às ações públicas, como
forma de viabilizar o controle social e a bem do princípio da publicidade, nos termos dos
arts. 5º, inciso XXXIII e 37 da Constituição Federal (item 2.2.4). Quanto à Gestão
Orçamentária, Financeira e Patrimonial do Estado da Bahia: 27) apure a causa para as
rotineiras alterações dos Demonstrativos Fiscais após a sua publicação, evitando, assim,
que essas ocorrências possam comprometer a consistência das informações prestadas
(item 2.4.1); 28) implemente o Módulo de Acompanhamento do Sistema de Atração de
Investimentos, visando à efetiva fiscalização e monitoramento dos protocolos de intenções
firmados com o Estado, das empresas com benefícios fiscais (item 2.4.3.5.2); 29) inclua no
cálculo das despesas com pessoal do Poder Executivo, o montante relativo à prestação de
serviços temporários – PST, que se refira à substituição de servidores, sem prejuízo da
adoção de providências que visem a descontinuar este tipo de contratação (item 2.4.4.2);
30) observe o princípio da prudência ao contrair obrigações para o Fundo de Custeio do
Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (FUNSERV), sem recursos suficientes
para quitá-las (item 2.4.4.3.2); 31) elabore, em articulação com a SECOM, instrumentos de
planejamento para uma eficiente e eficaz execução de suas ações de comunicação pública,
conexas com o controle e transparência dos gastos do Estado com propaganda e
publicidade (item 2.4.4.4); 32) elabore um plano de recomposição das fontes não
vinculadas, o que impõe a programação de um esforço fiscal, associada a uma gestão
orçamentária e financeira mais eficiente, incluindo dispositivos específicos nas normas de
encerramento de exercícios, além diretrizes e procedimentos para prevenir ou minimizar os
desequilíbrios entre as fontes de recursos do Estado, em relação à inscrição em restos a
pagar não processados de despesas orçamentárias, relativas a fontes vinculadas, sem
suficiência de caixa (item 2.4.5.1.1); 33) articule, com os órgãos afins, a tempestividade na
contabilização das receitas de royalties, evitando assim distorções nas informações
contábeis e financeiras (item 2.4.5.1.3); 34) promova ações integradas entre as Secretarias
responsáveis pela execução de ações financiadas por recursos de royalties, objetivando a
aplicação integral das receitas dessa rubrica nas áreas eleitas para aplicação desses
valores, tanto no dispositivo Constitucional quanto na Lei n.º 9.281/2004 (item 2.4.5.1.3.1);
35) apoie as ações do CIRA, fortalecendo o trabalho conjunto da SEFAZ, a SSP, o MPE, a
PGE e o TJ, para o aumento da recuperação de débitos fiscais (item 2.4.5.2.3.1.1); 36)
intensifique a integração entre os sistemas SIGAT e FIPLAN, visando a eliminação de falhas
que comprometem a exatidão dos números, possibilitando a criação de rotinas que
automatize os lançamentos, em relação aos Acréscimos e Baixas no Saldo da DAT (item
2.4.5.2.3.1.2); 37) realize estudos para a redução de custos fiscais da PRODEB e EGBA
(item 2.4.5.3); 38) observe a Resolução CFC n.º 1.136/2008, que aprovou a NBC T 16.9,
sobre depreciação, amortização e exaustão do Imobilizado, vez que os comentários
constantes na Nota Explicativa n.º 5 do Balanço Patrimonial contêm apenas informações
sobre as taxas de depreciação dos bens móveis, sem indicar outros dados e comentários
(item 2.4.5.4); 39) observe, quanto as Demais Obrigações a Curto Prazo, as Normas
Brasileiras de Contabilidade NBC T 16.6, ao estabelecer que contas contábeis de
designação genérica, como Outros(as), devem representar menos de 10% do montante total
do grupo (item 2.4.5.5.1); 40) promova, em relação à Provisão para indenizações –
Contingências, o levantamento das contingências que possam afetar o Patrimônio do Estado
da Bahia, objetivando estimar o montante dos riscos de perdas relacionados com cada
demanda, a fim de avaliar aquelas que devem ser objeto de contabilização das respectivas

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 547


Relatório e Proposta de Parecer Prévio do TCE sobre as
Contas do Chefe do Poder Executivo do Estado da Bahia – Exercício de 2015

provisões, bem como as que requerem apenas a divulgação de informações relevantes para
uma adequada accountability das contas públicas (item 2.4.5.8.2); 41) apresente, em
relação ao Patrimônio Social e Reserva de Lucros, para cada Fundo, em nota explicativa, a
posição ao final do exercício de demonstração resumida da sua composição, detalhando-se,
por natureza, suas origens, aplicações e disponibilidades, de forma a melhorar a
evidenciação quanto ao perfil dos ativos e passivos vinculados a cada fundo (item 2.4.5.9).
Quanto às Auditorias e Inspeções Realizadas em 2015: 42) adote providências para a
regularização fundiária do aeroporto de Feira de Santana - João Durval Carneiro (item
2.5.4); 43) adote providências para a reforma e adequação das instalações do centro de
memória e arquivo público da Bahia (APEB), visando uma maior qualidade na preservação e
salvaguarda do acervo histórico e cultural do Estado (item 2.5.9); 44) Elaborar Plano de
Ação relacionando as ações a serem empreendidas no sentido de solucionar as
recomendações contidas neste Parecer Prévio, bem como aquelas pendentes de
implementação constantes do Parecer Prévio sobre as Contas de Governo de 2014 (item
2.6), estabelecendo prazos e responsáveis para o efetivo saneamento. Expedição de Alerta
do artigo 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, combinado com a vedação do artigo 22 da
LRF: Na forma disposta no art. 59, parágrafo 1º, inciso II, da LRF, fica alertado o Poder
Executivo sobre o fato de que o montante da despesa total com Pessoal e Encargos Sociais
(Poder Executivo e Consolidado), em 31/12/2015, ultrapassou 95% do limite de gastos,
sendo obrigatória a observância à vedação prevista no art. 22 da LRF (item 2.3.3). Vencidos,
parcialmente, o Exmo. Sr. Conselheiro Vice-Presidente Gildásio Penedo Filho, nas ressalvas
contidas na sua proposta de voto; o Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino, nas ressalvas e
determinações contidas na sua proposta de voto; e a Exma. Sra. Conselheira Carolina
Costa, nas recomendações específicas e ressalvas contidas na sua proposta de voto.
Vencidos, ainda, em parte, o Exmo. Sr. Conselheiro Pedro Lino e a Exma. Sra. Conselheira
Carolina Costa, que estabeleceram o prazo de noventa dias para o item "44" das
recomendações. Tribunal de Contas do Estado da Bahia, em 07 de junho de 2016.
Conselheiro INALDO DA PAIXÃO SANTOS ARAÚJO Presidente; Conselheiro
GILDÁSIO PENEDO FILHO - Vice-presidente; Conselheiro ANTONIO HONORATO DE
CASTRO NETO - Corregedor; Conselheira CAROLINA MATOS ALVES COSTA;
Conselheiro PEDRO HENRIQUE LINO DE SOUZA; Conselheiro JOÃO EVILÁSIO
VASCONCELOS BONFIM - Relator das Contas; Conselheiro MARCUS VINICIUS DE
BARROS PRESÍDIO". Ao final, o Exmo. Sr. Conselheiro Presidente Inaldo Araújo fez o
seguinte pronunciamento: "Senhores Conselheiros, eminente Relator, João Bonfim,
Conselheira Carolina Costa, representante do Ministério Público de Contas, Procurador-
Geral do Estado, aqui representado por Dr. Rogério, dizem que não é pela capa,
Conselheiro João Bonfim, que se conhece um grande livro. Mas, indubitavelmente, um
memorável trabalho auditorial precisa ser grandioso em todos os seus aspectos. E esse
exame das Contas Governamentais, referentes ao exercício de 2015, superou as nossas
expectativas. A começar pelo primor da sua capa, que se deveu, até onde fui informado, ao
esforço criativo de talentosos servidores do nosso Núcleo de Informação e Documentação.
Mas o mérito também é, sem dúvida alguma, de V.Exa., Conselheiro João Bonfim, que, na
condição de Relator, soube muito bem escolhê-los. O fato é que não se pode olvidar que os
Relatórios e Pareceres Prévios produzidos pelos Tribunais de Contas, ao trazerem
elementos técnicos essenciais para a análise das Contas Governamentais, em muito
auxiliam o seu julgamento pelas Casas Legislativas. Pois entre quem faz (Poder que
executa) e quem tem a competência constitucional de julgar (Poder que legisla) deve existir
sempre uma opinião prévia, técnica, longe dos perigosos caminhos da subjetividade, e,
antes tudo, independente. Tendo o seu papel fiscalizador assegurado pela Carta Magna de
1988, bem como pela Constituição Estadual de 1989, o Tribunal de Contas do Estado da
Bahia procura exercê-lo com transparência, buscando, cada vez mais, o envolvimento do
cidadão, cuidando com zelo do dinheiro que ao povo pertence. Afinal, em tempo de sedição,
os Tribunais de Contas precisam ser, cada vez mais, imparciais, circunspectos e dizer o que
precisa ser dito, sempre pautados em exames auditoriais, em momentos e locais próprios.
Vale mencionar, Conselheiro João Bonfim, que, na relatoria destas contas referentes ao

548 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Ata da 31ª Sessão Ordinária do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
Realizada em 07 de junho de 2016

exercício de 2015, V.Exa. inovou ao já seguir o quanto disposto na Resolução n° 164/2015,


obrigatória para os processos de contas de governo dos exercícios de 2016 e 2017, mas
com vigência a partir do dia 15 de dezembro, quando foi aprovado aqui por este Plenário.
Desse modo, tal Relatório passou a ser composto, também, de uma seção analítica, além de
uma conclusiva: a primeira, formada pelo relatório consolidado das Coordenadorias de
Controle Externo (CCEs) e a segunda, pelo seu brilhante relatório sintético. Outro aspecto
de destaque foi o cuidado em manter, isso é importante, o arcabouço técnico do Parecer
Prévio, observando os padrões internacionais, em perfeita sintonia com o recomendado
pelas Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público e pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso porque, é imperioso que se diga,
o Parecer Prévio emitido pelos Tribunais de Contas é um documento de elevado teor técnico
especializado, sendo considerado um dos mais importantes instrumentos de transparência
da gestão governamental, uma vez que traz, materialmente, apreciação apolítica das contas
consolidadas e prestadas anualmente pelo Chefe do Poder Executivo, demonstrando ser,
por conseguinte, um importante instrumento, Dr. Danilo, para efetivar o mecanismo de
"freios e contrapesos" entre os poderes governamentais. Diante de um relatório, Conselheiro
João Bonfim, cuidadoso, bem elaborado e inovador, parabenizo V.Exa. e a sua competente
equipe, que V.Exa., com muita propriedade, fez registrar nos respectivos prontuários, este é
o reconhecimento do Tribunal, não apenas para atender ao objetivo proposto, mas para ir
além dele, fazendo com que o Tribunal de Contas do Estado da Bahia, cada vez mais, sinta
orgulho do seu corpo técnico e continue avançando na defesa da accountability, no combate
à corrupção e no incentivo às boas práticas de governança pelo bom caminho da
transparência, da independência, da eficiência, da fundamentação técnica e do agir com
justiça. Muito obrigado a todos". RECURSOS – JULGAMENTO – RELATOR: CONS.
GILDÁSIO PENEDO FILHO – REVISOR: CONS. ANTONIO HONORATO - PROCESSO:
TCE/000876/2015 - NATUREZA: RECURSO – RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO
ESPECIAL DE CONTAS – RECORRIDO: RESOLUÇÃO Nº 342/2006 DA 2ª CÂMARA DO
TCE/BA – Adiada a devolução de vista.- RELATOR: CONS. MARCUS PRESÍDIO –
REVISOR: CONS. PEDRO LINO - PROCESSO: TCE/009467/2014 - NATUREZA:
RECURSO – RECORRENTE: JOSÉ CARLOS DE JESUS RODRIGUES – RECORRIDO: O
ESTADO DA BAHIA/RESOLUÇÃO Nº 152/2013 DA 2ª CÂMARA DO TCE/BA - ADVOGADO:
ADEMIR ISMERIM E LILIAN MARIA SANTIAGO REIS – Adiado o julgamento.- RELATOR:
CONS. GILDÁSIO PENEDO FILHO – REVISORA: CONSª. CAROLINA COSTA -
PROCESSO: TCE/006207/2013 - NATUREZA: RECURSO – RECORRENTE: ABELARDO
DE OLIVEIRA FILHO – RECORRIDO: O ESTADO DA BAHIA/ACÓRDÃO Nº 294/2012 DO
TRIBUNAL PLENO DO TCE/BA - ADVOGADO: ANTÔNIO JORGE MOREIRA GARRIDO
JÚNIOR – Adiado o julgamento.- RELATOR: CONS. MARCUS PRESÍDIO – REVISOR:
CONS. JOÃO BONFIM - PROCESSO: TCE/008916/2015 - NATUREZA: RECURSO –
RECORRENTE: JÚLIO CÉSAR ROCHA MOTA – RECORRIDO: O ESTADO DA
BAHIA/RESOLUÇÃO Nº 252/2015 DA 2ª CÂMARA DO TCE/BA – Adiado o julgamento.-
Encerramento: 20h. E, para constar, eu, Rita de Cássia Bahia Arouca, Secretária do
Plenário, lavrei a presente ata que, lida e aprovada, vai assinada pelo Exmo. Sr. Conselheiro
Presidente e pelo Exmo. Sr. Representante do Ministério Público junto a este Tribunal e por
mim.-

CONS. INALDO ARAÚJO – PRESIDENTE

DR. DANILO FERREIRA ANDRADE – PROCURADOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO


ESPECIAL.

RITA DE CÁSSIA BAHIA AROUCA – SECRETÁRIA DO PLENÁRIO.

NOTAS TAQUIGRÁFICAS 031/2016.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA 549


Parecer Prévio sobre as Contas do Chefe do
Poder Executivo do Estado da Bahia

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA


Seção Conclusiva

341
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA
553
554
555
556
557
558
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA

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