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Estudos da Violência da
UNESP/Marília ISSN 1983-2192
Abstract: Public Security, city and society is an article about the responsibility of municipal
administrations and citizens on matters regarding public security. The approach starts from
the discussion about the relationship between establishing global networks of informational
capitalism and the process of inequity and social exclusion. It is about the legal allocation
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Doutor e Mestre em Ciências Policiais da Segurança e Ordem Pública e Mestre em Gestão e Tecnologia
em Sistemas rosas@policiamilitar.sp.gov.br
2
Mestre em Ciências Policiais da Segurança e Ordem Pública e Mestrando em Educação.
asahsj@gmail.com
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Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano; Mestre em Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano e Mestre em Comunicação Social. celi@infolearning.com.br
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of municipalities concerning public security about the concepts of “The police power” and
“The power of the police”. It also addresses matters related to the participation of citizens
in public security policies and the so-called citizen security. It explores the possibilities of
using the police power of the city on preventing and confronting public security issues,
which goes beyond the function of city guards. It has been concluded as the citizen’s closest
party, the municipality has an important role in promoting public policies on preventing
and confronting public security issues. These policies must have a wide aspect since many
problems of public security are related to infrastructure shortcoming, urban space
management, and promoting citizens’ basic rights. It has been also concluded that
effectiveness and efficiency of public policies are related to the level of commitment and
participation of the citizen with these policies, and this participation has to be promoted by
the city administration.
Introdução
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Por outro lado, já é lugar comum em discursos de muitos Prefeitos que, ao serem
cobrados sobre a situação da segurança pública em seus municípios, defendem-se citando
a constituição e atribuindo ao ente estadual (UF) a responsabilidade pelas políticas de
segurança pública.
Ao atribuir ao Estado o dever da promoção da segurança pública, o constituinte não
se referiu somente ao ente estadual, mas aos entes públicos em todos os seus níveis (União,
Estados e Municípios).
Nesse rumo, o objetivo deste ensaio é apresentar uma reflexão sobre a
responsabilidade dos governos municipais quanto ao enfrentamento das questões de
segurança que afetam a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros e quanto ao estímulo do
envolvimento dos cidadãos nesse esforço.
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O autor usa o termo educação como o processo pelo qual os trabalhadores adquirem capacidade para uma
redefinição constante das especialidades necessárias à determinada tarefa e para o acesso às fontes de
aprendizagem dessas qualificações especializadas.
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Os tumultos iniciaram-se após uma manifestação pacífica para pedir esclarecimentos às autoridades sobre a morte
de Mark Duggan pela Polícia Metropolitana de Londres. A manifestação degenerou-se em motim, inicialmente
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em bairros de Londres, espalhando-se em seguida por outras cidades e vilas do país. Os distúrbios foram
caracterizados por saques desenfreados e ataques incendiários de níveis sem precedentes. Cinco pessoas morreram
e pelo menos 16 pessoas ficaram feridas como um resultado direto de atos violentos relacionados. Cerca de 3.100
pessoas foram presas e foi contabilizado um prejuízo de 200 milhões de libras.
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No que tange à segurança pública, segundo Costa Júnior (2014, p. 4), o tema só foi
contemplado em “novo entendimento”, com a abertura democrática e a promulgação, pela
Assembleia Nacional Constituinte, da Constituição de 1988, na qual consta o Capítulo III
“DA SEGURANÇA PÚBLICA”. Constitucionalmente, a segurança pública tem um
percentual mínimo no orçamento para o atendimento das demandas sociais, embora,
segundo pesquisa do Instituto Datafolha (2015, p. 2), a Segurança Pública é a terceira maior
preocupação do povo brasileiro, ficando atrás apenas de temas como a Corrupção e a
Saúde, mas à frente de temas como a Educação e o Desemprego. Ao longo da série histórica
do Instituto Datafolha, iniciada em 1996, poucos problemas chegaram ao patamar de mais
citado pelos brasileiros, sendo que em 2007 o problema envolvendo violência e segurança
pública atingiu o topo da agenda.
Diz-se “novo entendimento”, pois a Segurança Pública, nas constituições anteriores,
ainda conforme Costa Júnior (2004, p. 3), resumia-se em atividade prestada apenas pelo
aparelho sistêmico policial para a manutenção da ordem pública, “instrumento de força
utilizado, não pelo Estado, mas, pelos Governos para garantir o bem estar dos próprios
poderes governamentais”; porquanto na atual legislação o assunto é empregado para a
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proteção dos direitos, tanto individuais das pessoas humanas, quanto coletivos da
sociedade:
Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio [...] (BRASIL, 1988).
No entanto, quase trinta anos após a promulgação da Lei maior, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2015, p. 7), dos 5.570 municípios, apenas
1.081 têm Guardas Municipais, ou seja 19,4% das cidades brasileiras. Embora os índices
criminais em algumas cidades sejam alarmantes, o desestímulo para a criação de suas
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próprias forças de segurança decorre das limitações orçamentárias. Logo após a publicação
da Lei federal nº 13.022, de 8 de agosto de 2014, que instituiu o Estatuto-Geral das Guardas
Municipais, inclusive atribuindo o poder de polícia administrativa e o porte de arma aos
agentes das forças municipais de segurança, mas que também determinou, para a criação
das Guardas, que cidades com população entre cinquenta mil e quinhentos mil habitantes,
mantivessem um efetivo mínimo de duzentos agentes e para as cidades com população
acima dos quinhentos mil habitantes, o efetivo mínimo de 1.500 agentes, algumas
prefeituras criticaram a imposição de quadros organizacionais mínimos pelo governo
federal, alegando que o custo da corporação, mesmo com o mínimo do efetivo legal,
inviabiliza sua criação.
Assim, conforme Cretella Júnior (1986, p. 21) o “poder da polícia é empregado pela
polícia a fim de assegurar o bem-estar público ameaçado”.
Na sequência, entende-se por “poder de polícia administrativa” a participação da
Administração Pública em situações jurídicas que normalmente seriam de direito privado,
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mas que por força legal são de competência do regime jurídico de direito público e,
portanto, submetidas ao poder de fiscalização de vários órgãos estatais (nas áreas da saúde,
educação, trabalho, previdência, assistência social, entre outras). Nesse sentido, a “polícia
administrativa” objetiva a manutenção da segurança e ordem pública, prevenindo (ou
reprimindo) transgressões às leis, impedindo que o comportamento do indivíduo cause
prejuízos à sociedade; atuando sobre bens, direitos e atividades. Segundo Cunha (2012, p.1)
o poder de polícia administrativa manifesta-se por meio de atos normativos concretos e
específicos:
-atos normativos e de alcance geral: através da lei constituem-se as
limitações administrativas ao exercício dos direitos e das atividades
individuais. Pode se dar por Decretos, Resoluções, Portarias, Instruções
etc.;
-atos administrativos e operações materiais de aplicação da lei ao caso
concreto, incluindo medidas repressivas e medidas preventivas, ambas
com intuito de coagir o infrator a cumprir a lei.
Por fim, entende-se por “poder de polícia judiciária” o realizado pelas instituições
especializadas, com competências legais privativas (por exemplo, Polícia Federal, Polícia
Civil, Polícia Militar etc.), responsáveis em auxiliar o Poder Judiciário no cumprimento de
sua função jurisdicional, combatendo, reprimindo, prevenindo o crime e responsabilizando
seus autores.
Mesmo assim, com ou sem as forças municipais de segurança pública, a ineficiência
e o descaso dos governos negam à população o acesso aos serviços básicos e o que se
verifica nas cidades é a multiplicação das “comunidades” nas periferias e espaços urbanos
que permitam uma precária subsistência, logradouros sem planejamento urbanístico e sem
perspectivas para os que nessa condição sobrevivem, receita certa para uma formação
marginalizada de excluídos sociais.
Assim, concorda-se com Lima et al. (2014, p. 400) que o município é o ente federado
mais próximo do cidadão, espera-se dele um envolvimento capaz de atender às demandas
sociais por ações facilitadoras da gestão da segurança pública; ações que vão muito além
das competências constitucionais das guardas municipais, capazes de estimular a
conscientização e o fortalecimento da cidadania, a cultura da prevenção criminal e da
contenção da violência.
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Os Conselhos Comunitários de Segurança são regulamentados pela Resolução SSP/SP nº 181, de 19/11/2013.
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Considerações Finais
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Cf. TJ-AM, 2015: MS nº 40001344920158040000.
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Cf. TJ-RS, 2007: AI nº 70.020.195.616.
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Referências bibliográficas
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SANTOS, Maria das Graças dos. Políticas Públicas: Contribuições para o Debate.
In: KANAANE, Roberto; FIEL FILHO, Alécio; FERREIRA, Maria das Graças (Orgs.).
Gestão Pública: planejamento, processos, sistemas de informação e pessoas. São
Paulo: Atlas, 2010.
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