tsibliotse{i

Nedir Gouvàs Klouri

PUff§P

sumárim

ntação
Áprese ..... .... l
Foreward... .... g
Homenagem / Hamage,.. .. 11
lnterdisciptinaridade e instituiçôes acadêmr'cas. reflexões
sobre o 1" Seminario lnternacional de Teoria e Metoda

I nterd i scipli n arity a n d acade mic i n stitufions. reflectio n s

an the FirsÍ lnternational Seminar of N\ME/LABI on Theory

Maria Luisa Sandoval Schmidt

l)m outro olharsobre o esÍudo das manifesrações relrgiosas;
Endereço' para correspondê ncia
uma abertura do debate... ..........29
Another look on the sfudies of retigious manrfesfaübns;
Laboratório de Estudos do lmaginário (LABI)
lnstituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (lP-USP)
Maria de Lourdes Beldi de Alcântara
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, trav. 4, Bloca 17, Sala 18
CEP 05508-900 - São Paulo - SP - Brasil , Mudanças eprstemologrbas e os esÍudos da retigião.. ... 4g
Fone: (0xx1 1) 3091-4386 (Ramal 22) Epistemological changes and religion sÍudr'es ..,...........57
Fax: (0xx1 1) 3091 -4475 Otávio Velho
e-mail: labi@edu.usp.br lmaginário/NIME-LABI, lnstituto de Anotaçôes sobre retÍgião e globalízação. .;..... .. Og
website: wvrnru. i maqinario. com. br Psicologia, Universidade de São
Paulo, n" 8. São Paulo,20A2. Renato Ortiz
La funcion delos exfreínos en la constitucion de la religion,...., 121
Anual
The rale of extremes in the constitutian of retigion ....,.. 111
Gustavo Benavides
lssN 1413-666X

Patrocínio Cultural
1. Antropologia
Small facts and large rssues ..... 149
2. Sociologia Willem Hofstee
3. Literatura A pele, o sujeito e o territóriados esÍudos da retigião . 1s7
4. Arte The skin, the subject, and theterrítary af religious sÍudies..... .., 173
5. Psicologia Mary Keller
 apresentação. lmaginário - usp, 7-9,2002

Estampas/Stamps.. ,..." 191

HibridismolHybridism .... 193
Coca Rodriguez
201
A documentary, almast a short sforY 208
Miriam Chnaiderman
Escravos para consumo interno .... 215
S/aves for internal consumPtian 218 ffipí-trffiffiÍ'l Lmr;mti
Mia Couto
A ideia de um seminario com pequeno núrnero de pesquisbdores,
Esfudo das religtões; campo de provas da
entre expositores, mediadores e debatedores, teve origem numa in-
221
satisfação experimentada pelos membros do NIME/LABI em rela-
Study of religions; a ÍesÍ field for interdisciplinarity , 242
Walnice Nogueira Galvão ção aos congressos científicos que congregam urn grande numero
de participantes, os quais, embora reconhecidamente importantes
263
como promotores de uma certa publicidade para um imenso con-
Literature and religion in çontemporary society 272 junto de trabalhos realizados por pesquisadores de uma áreaespe-
cífica ou de diferentes áreas por referência a uma mesma temática,
LJma antropotogia da peregrinaçãa e do turismo religioso......,., 284 tornaram-se ocasiões pouco propícias ao aprofundamento do de-
An anthropology of pilgrimage and religious founsm ... 299 bate de ideias e práticas de pesquisa.
Carlos Alberto Steil
o seminário, portanto, constituiu-se em afirmação do desejo de um
Jogos divinataflos.' temporalidade, imaginario e vivência encontro em que o intercâmbio pudesse acontecer em consonância
mítica. ......; 3'!6 com um aprofundamento das discussões dos temas e problemas
Divinatory games: temporality, imaginary, and mythic tiving...... 332 que cada comunicação suscitasse. E, êffi continuidade corn o espí-
Silas Guerriero rito que anima as atividades regulares do NIME/LABl, buscou-se a
Dilemas y retos metodo/ógrcos para dar cuenta de la criação de um espaço democrático para a apresentação de teorias
diversidad religiosa en Mexico 351 e pesquisas, para a exposição de ideias e para o debate franco e
The methodological problems of assessín g religious igualitário das mesmas.
diversity in Mexico ... 373
A ênfase na teoria e na rnetodologia de pesquisa em ciências hu-
Renée de la Torre
manas responde a tentativa de dar existência a apoios institucio-
O esÍudo das religioes na Dinamarca. ..:.... 396 .,tl:Í
nais, mais ou menos informais, para as investigações daqueles
The study of religions in Denmark. 419 que se encontram desacomodados em seus locais de trabalho,
Tim Jensen principalmente porque suas inquietações sobre os fenômenos que
Teorizando a violência religiosa e o
outro religioso .... .....,.. 445 estudam e suas insatisfações com as teorias e metodologias con-
Thearizing religious violence and the religious other 461 sagradas os levaram para uma região de Íronteira entre discipli-
Rosalínd l.J. Hackett nas, enfrentando oposição ou indiferença por parte das institui-
ções acadêmicas.
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iii:i:
 jensen, tim. lmaginário - usp, 0o 8, pá9. 396-41 8,2A02
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1 E essa situação, então, tem a ver com uma tradição de estudar tra-
n estudn nlas religioes ne dinemf,rca
1r: r.
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Tim Jensen*
Com exceção de algumas informações sobre a pesquisa brasileira
das chamadas religiões afro-brasileiras, meu conhecimento do es-
tudo da(s) religião(oes) no Brasil e limitado. lsso se aplica a pesqui-
sas em andamento ou publicadas, assim como aos contextos insti-
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tucionais de pesquisa relevante. Não obstante, eu correrei o risco e
.,Í:
partilharei algumas de minhas impressões sobre como o cenário
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brasileiro difere do europeu e do dinamarquês.
Por um tado, o campo brasileiro que compreende os estudos da(s)
religião(ões) parece ser muito menos influenciado pelas aborda-
gens filológico-historicas clássicas do que seus correspondentes
i
na Europa e na Dinamarca. Conseqüentemente, áreas temáticas
como as antigas (às vezes mortas) tradições religiosas do mundo
r r.r:
(por exemplo, as antigas religiões gregas e romanas, as antigas re-
ligiões egípcias, mesopotâmicas, védicas, chinesas) raramente têm
sido o foco principal de estudiosos brasileiros, nem um tema obri-
gatorio para alunos naqueles departamentos em que algum tipo de
estudo das religiões (sob seja qual for o nome) tem sido oferecido.
lgualmente, minha impressão é que não existe nenhuma tradição
no Brasil para uma religião comparada/fenomenologia da religião
(entendida e praticada como a contraparte sistemática para a histo-
na das religiões) como um slne qua non para o Estudo das Reli-
o
Frol'essot ,\ssocittdo, De- giões/Historia das Religiões, como é o caso na maioria dos depar-
partarriento cIe Estudo das
tamentos europeus, onde os alunos são introduzidos nas religiões
Religiões, Utiirrersiclade cia Di-
namarca l,'leridional. Oclense. do mundo, passadas e presentes, e nas questões teoricas e meto-
-?96
jensen, tim. lmaginário - usp, 0o 8, pag. 396-41 8,20A2
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dologicas ligadas a vários tipos de religião comparada/fenomenolo-
gia da religião
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Uma das razões para isso, aparentemente, é que o estudo das reli-
giões no Brasil foi dominado, por um lado, por abordagens antropo-
, r !iifi i:.
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i,i
r
logicas e sociologicas e, por outro lado, por abordagens teologicas.
dições religiosas vivas, especialmente no Brasil e na América Lati-
l',- na, e com o fato de que a religião, incluída evidentemente a religião
cristã, basicamente (mas não exclusivamente) em sua variedade
.
catolica, tem sido e ainda é um fator dominante na sociedade e nas
universidades. Da mesma forma, o estudo da(s) religião(ões) no
Brasil tem estado e ainda está integrado em vários estudos da(s)
Ír"::.
.G. i -
cultura(s) e das maiorias e minorias étnicas e religiosas (brasilei-
ras), da construção e reconstrução de identidades étnicas e nacio-
nais, dos processos de aculturação, dos sincretismos etc.
Segundo meu (limitado) conhecimento, uma das rnuitas conseqüên-
:
. ..li...:.;
cias disso e que os departamentos de Historia das Religiões (ou
'r..rif.: ". Ciência da Religião, ou Estudo da Religião), como eles são conheci-
dos especialmente nos países europeus, mas em certa medida tam-
bem na América do Norte, são raros no Brasil. Conseqüentemente,
enquanto se pode dizer que um "historiador das religiões" (ou "estu-
dioso de religiões comparadas") europeu ou norte-americano - ape-
sar das muitíssimas variaçôes em currículos, tradições acadêmicas,
relações com departamentos teologicos e tradições teotogicas - é (e
:':li:li:i"'jl r: ,
ele proprio se sente assim) um membro de uma comunidade de estu-
:.,r 1i,i, r i.
diosos definida em relação a educaÇão, abordagens, terminologia,
contextos institucionais, uffi conjunto de revistas e periodicos, filiação
a associações nacionais e internacionais de historia/estudo das reli-
giões, isso não ocorre para os estudiosos da religião brasileiros.
Quando eles participam de uma comunidade erudita, essa na maio-
ria das vezes e constituída por antropologos, sociólogos, psicologos
ou,teologos.Alguns deles, naturalmente, podem ser membros, diga-
mos, da Associação Brasileira para a História das Religiões, e alguns
podem até estudar religião do "modo europeu". Mas eles não são
tantos, e muitos deles na verdade tiverarn uma educação teologica e
uma filiação acadêmica. Um fato que os torna mais aparentados a
397
 jensen, tim. Imaginário - usp, ro B, pá9. 396418,20A2
muitos dos membros, por exemplo, da Academia Americana da Reli-
gião do que, por exemplo, aos membros da Associação Dinamarque-
sa para a Historia das Religiões, que foram quase todos educados
em departarnentos nãoteológicos para a Historia das Religioes/Es-
tudo das Religiões, e que, pelo menos até agora, tiveram uma forma-
ção tradicional compreendendo um especializaçáo com base histori-
co-filologica em uma religião antiga assim corno em religiões
comparadas/fenomenologia das religiões.
Finalmente, minha impressão é que, devido ao fato de que o estudo
das religiões no Brasil tem essa aparência e está em grande medida
centrado em tradições religiosas vivas, especialmente no Brasil, mui-
tos estudiosos brasileiros consideram como dado que sua pesquisa
acadêmica tem um lado político, A religião tem importância (de mui-
tas formas) no Brasil, e também o estudo das religiões. Eu menciono
isso de passagem, apenas porque depois considerarei o papel do es-
tudioso dinamarquês como formador de opinião publica.
Apesar, ou por causa, dessas diferenças na conformação do estudo
das religiôes no Brasil e na Europa, o breve relato e as considera-
ções que Íarei a seguir sobre tradições, desenvolvimentos e tendên-
cias recentes em um dos países europeus, a Dinamarca, podem ter
algum interesse para pelo menos alguns estudiosos brasileiros. Os
desenvolvimentos mencionados não podem ser vistos como válidos
para todos os países europeus, pelo menos não no mesmo grau,
mas eu considero seguro dizer que pelo menos alguns dos países
estão passando por experiências semelhantes àquelas menciona-
das neste relato, assim como alguns dos desenvolvimentos dina-
marqueses devem certamente ser vistos como implementação local
de tendências e desenvolvimentos internacionais. Deve, porem, fi-
car bem claro que, por exemplo, aqueles países europeus e asso-
ciações nacionais afiliados à EASR, a Associação Européia para o
Estudo das Religiões, estabelecida em 2000 em Cracovia, Polônia,
apesar de todas as semelhanças e apesar de desenvolvimentos se-
melhantes, diferem uns dos outros em vários sentidos.
O período que considero cobre os ultimos trinta anos, isto é, de cer-
ca de 1970 a 20A2, período em que eu eu mesmo tenho estado na
area. Os desenvolvimentos e mudanças de que trato são o número
398
jensen, tim. lmaginário - usp, ro 8, pag. 396-41 B, Z0A2
de alunos, de estudiosos empregados e de departamentos, as teo-
rias, os métodos e o numero de teorias e métodos discutidos e usa-
dos, inclinações e tendências entre estudiosos mais jovens e mais
velhos, o aumento do interesse público na religião, a revivescência
da religião, a repolitização da religião e do estudo das religiões e, fi-
nalmente, a questão de atingir um equilíbrio entre tradição e reno-
vação da Historia das Religiões/Estudo das Religiões na Dinamar-
ca - e talvez até no Brasil.
Nem preciso dizer que o que segue não passa de um esboço gros-
seiro. Eu não apresento nada próximo de um quadro completo do
que chamo de estudo das religiões na Dinamarca, independente-
mente dos vários nomes dos departamentos. As referências a no-
mes e a publicações são mínimas. Porém, mencionar alguns mas
não todos os nomes e publicações me obriga a declarar que so o
tempo e o espaÇo me impedem de mencionar todos. Eu tambem
não me esforcei demais em relacionar ou referir explicitamente de-
senvolvimentos internacionais e europeus, por exemplo, discus-
sões na IAHR. Basta dizer que a maior parte do que aconteceu e
está acontecendo na Dinamarca pode e deve ser vista em relação
com inclinações e tendências internacionais - assim como com de-
senvolvimentos extramuros na historia corrente do mundo, inclusi-
ve a historia das religiões que estudamos.
Finalmente, apenas algumas palavras sobre justamente esses de-
senvolvimentos extramuros. Podemos discutir, criticar e reformular
teorias populares e também mais refinadas de secularizaçáo e des-
secularizaçáo - e fazemos isso. Não pode, porém, haver nenhuma
duvida de que o objeto de nosso estudo, as tradições religiosas e a
religião "como tat", se tornou mais visível no mundo da historia con-
temporânea e - especialmente - no debate publico na Europa e na
Dinamarca, pelo menos do que em 1970. A religião não mais é algo
(somente) "lá fora", no terceiro mundo, em outro mundo ou "lá", nos
Estados Unidos ou na América Latina. A religião está aqui, visível e
intensamente debatida. As vezes porque "ela" parece (em vários
sentidos e em graus variados) ultrapassar as linhas que suposta-
mente separam "políiica" e "religião", as esferas pública e privada. A
religião não é mais interessante só para um número minguante de
3 99
i

jensen, tim. tmaginário - usp, ho B, pá9. 396-418,20A2
peritos em religião antiquados, ou para estudiosos com uma afeição
estranha e um pouco peÍversa em relação ao passado e ao exotico.
Hoje jornatistas, homens de negocios, professores, assistentes so-
ciais, policiais e muitos mais estão bastante interessados em reli-
gião, e com muita freqüência eles até pedem cursos sobre religião
porque precisam de informações mais qualificadas sobre religião.
O interesse religioso e não-religioso na religião sem dúvida ajudou
a abrir caminho para um (variamente motivado) interesse no estudo
acadêmico das religiões. Ele influenciou o estudo acadêmico das
religiões não so com respeito ao numero crescente de alunos. A
mudança para o estudo da religião contemporânea, a inclusão de
métodos e teorias antes empregados principalmente pela sociolo-
gia da religião e o novo papel do estudioso da religião como intelec-
tual publico não podem ser entendidos apenas por referência a mu-
danças de direção dentro do mundo acadêmico.
1 970-2ü00: aiunos, estudiosos, departatriento§ e associaçoes
Em 1g70, o número de alunos no Departamento da Historia das
Religiões na Universidade de Copenhague era mais ou menos 10.
Havia um catedrático e um professor associado. Na Universidade
de Aarhus a situação era a úesma. Também em 1970, um novo
Departamento de Sociologia da Religião foi criado em Copenha-
gue, com seu proprio catedrático e um numero igualmente pequeno
de alunos. Não existia nenhum periodico, nenhum aluno nem asso-
ciação de professores, nenhuma Associação Dinamarquesa para a
Historia da(s) Religião(ões).
Em 1982, existiam duas associações, uma em Copenhague e uma
em Aarhus, ambas organizando conferências e ambas envolvidas
na publicação dos periodicos CHÁOS e Religionsvidenskabeligt
Iidsskrifi. Também em 1982,foi fundada a DAHR, Associação Dina-
marquesa para a Historia das Religioes. No início, a DAHR contou
com a filiação de oito estudiosos, todos eles formados nos depada-
mentos de Historia das Religiões em Copenhague e Aarhus. Socio-
logos da religião, como também teologos, ainda que empregados
nos departamentos mencionados, não tinham permissão nem para
400
jensen, tirn. lmaginário - usp, flo 8, pág. 396-41 B,2AAZ
solicitar sua filiação. No mesmo ano outro departamento, chamado
de Centro para o Estudo das Religiões, foi estabelecido na Universi-
dade de Odense, hoje a Universidade da Dinamarca Meridional.
As coisas continuaram mudando durante as décadas de 1980 e
1990. Hoje os três departamentos podem ostentar um total de per-
to de 1000 graduandos e pos-graduandos. Em Copenhague e em
Aarhus o corpo docente cresceu para mais ou menos 10 professo-
res associados e professores assistentes cada, enquanto em
Odense existem 6, e mais de 16 alunos de doutorado estiveram li-
gados aos departamentos nos últimos anos. Em Aarhus há 2 cate-
dráticos, Armin W. Geerlz e (mais recentemente) Per Bilde. As cá-
tedras de Copenhague estão Vagas no momento, e Odense está
em processo de preenchimento de sua cátedra.
A DAHR hoje tem mais ou menos 70 membros, entre eles vários
sociologos da religião e até alguns teologos, porém so aqueles em-
pregados nos 3 departamentos mencionados. Há clubes locais de
professores e de alunos em cada um dos departamentos, e os pe-
riodicos mencionados ainda estão em circulação.
Em todos os departamentos, o currículo básico da graduação inclui
historia das religiões/religião comparada, com cursos introdutorios
sobre tradições religiosas passadas e presentes, história da disci-
plina, método e teoria e algum tipo de fenomenologia da religião.
Em contraste com 1970, também inclui (de formas e em graus va-
riados) sociologia da religião, (historia do) cristianismo, e (com vá-
rios nomes e conteúdos) historia da Filosofia Europeia/ldéias Euro-
péias/Filosofia Religião. Em todos os 3 departamentos, a antiga
disciplina chamada Historia do Cristianismo está sendo lenta mas
continuamente integrada no estudo comum/historia das religiões,
embora a religião cristã ainda ocupe uma porcentagem maior do
que qualquer outra religião no currículo de graduação comum.
o impulso para mais teoria - e uma muliidão de métodos
Em 1995, em sua aula inaugural, o professor Armin W. Geertz, se-
cretário geral da IAHR, lançou um programa para o desenvolvimen-
40L
 jensen, tim. lmaginário - usP, tlo B, pag. 396-418,2042
to do estudo das religiões em Aarhus, um programa explicitamente
alinhado com uma declara çao emitida na conferência de especialis-
tas da IAHR sobre "Estudos de Religião no Contexto das Ciências
Sociais: Relações Metodologicas e Teóricas", em Varsóvia, em
1969. Um dos objetivos centrais dos delegados em Varsovia, como
também de Geerlz, era tornar possível "uma mudança na atenção
"avaliação e
ao signiÍicado da religião na interação social", e uma
uso de teorias sociais e modelos inovadores além daqueles de dis-
ciplinas cognatas".
ParaGeertz, o tempo presente é ou deve Ser uma era de pos-em-
pirismo, pós-positivismo e pos-modernismo, e um momento em que
o historiador das religiões deve repensar seu empreendimento. As
competências tradicionais, historico-filologicas, comparativas e tex-
tuais, devem ser reexaminadas criticamente e suplementadas por
competências, teorias e métodos das ciências sociais e das ciências
cognitivas, da lingüística, da filosofia das ciências humanas e so-
ciais, da análise do discurso, da narratologia, da semiotica etc. Deve
ser cap az de lidar com críticas pos-modernas como as questões do
orientatismo, da construção do exotico, da falsidade ideologica de
outras culturas, da política de ciência e da crítica Íeminista etc.
Para Geertz, em 1995 e hoje, a teoria é o começo de (quase) tudo,
e uma teorização filosoficamente solida e o início de uma verdadei-
ra ciência da religião. O ponto de partida, de acordo com um dos ar-
tigos recentes de Geertz, é: 1 . A clarificação das "teorias primais
que informam nossas teorias gerais da religião e as definições sub-
seqüentes de religião e dos esquemas tipologicos que derivam des-
"teoria antro-
sas teorias gerais", e 2. A elaboração de uma ampla
pologica, isto é, uma teoria sobre a constituição dos seres
humanos". A abordagem de Geertz da religião é além disso carac-
terizada por ele proprio como segue. a religião é "um produto hu-
mano e cultural, uma espécie de sobreposição em relação às estru-
turas e aos mecanismos biologicos, psicologicos, culturais e cada de 1970, quando a Religionsphenomenologie de Geo Widen-
sociais". Conseqüentemente, ele sustenta "que as perguntas levan-
tadas pela religião devem ser respondidas no estudo secular da re-
ligião por meio de insights obtidos em biologia, psicologia cognitiva
e cultural, antropologia cultural e sociologia".
402
jensen, tim. lmaginário - usp, flo 8, pag. 396-41 8,2002
Desnecessário dizer que Geertz está alinhado não so com a decla-
raçáo de Varsovia mas também com tendências e inclinaçÕes de
muitos setores do estudo acadêmico das religiões. Seu esforço para
desteologizar o estudo da religião e baseá-lo em uma teoria antro-
pologica, a mudança do estudo de coisas divinas para o estudo de
coisas humanas e sociais é - felizmente - um esforço empreendido
por muitos estudiosos. É, eu penso, também um esforço que abre
caminho para uma aproximação entre o que considero o modo bra-
sileiro "tradicional" e o modo europeu tradicional de estudar religião.
Na verdade, pode-se dizer que ele de alguma maneira pede aos es-
tudiosos europeus que aprendam com seus colegas brasileiros.
A necessidade (e a possibilidade) de acompanhar todo tipo de aná-
lise, interpretação e explicação especializada com uma "grande
teoria" explícita plenamente desenvolvida pode certamente ser dis-
cutida. E alguns estudiosos dinamarqueses, naturalmente, têm sido
um pouco relutantes em seguir totalmente Geertz rumo à Teoria.
Apesar disso, não pode haver nenhuma duvida de que as questões
teoricas e metodologicas se tornaram muito mais uma parte inte-
grante assim como explícita das atividades até desses críticos mo-
derados, e métodos histórico-filologicos têm sido suplementados
por uma multidão de métodos, especialmente entre os estudiosos
mais jovens. Enquanto exercícios de teorizaçáa e exercícios meto-
dologicos mais abstratos se tornaram definitivamente populares em
Aarhus, estudiosos por todo o país contribuíram para repensar a fe-
nomenologia da religião/religião comparada em uma era pós-posi-
tivista, pos-eliadiana e pos-moderna. O mesmo vale para o estudo
de "fenômenos" religiosos diferentes, especialmente o ritual, assim
como para o proprio conceito de religião.
Também na Dinamarca, portanto, caminhamos muito desde a dé-
grens e M. Eliade serviu como a(s) estrada(s) real(is) para o estudo
comparativo da religião/fenomenologia da religião, ê â Comparative
religion, de E. Sharps, para a introdução a historia do estudo das
religiões, de suas teorias e de seus métodos.
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403 i
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 jensen, tim. lmaginário - usp, flo B, pá9. 396-418,2002
Hoje, a iniciação e a introdução ao estudo das religiões ainda apa-
nha o neofito por meio de exercícios fenomenologicos comparati-
vos, e o vocabulário parece em grande medida o que era antes. Po-
rém, auspiciosamente, nenhum estudante passa por esses
exercícios sem ser informado de que os tipos e termos com que es-
tamos lidando, seja "religião" ou qualquer outro, não são naturais,
dados, coisas ou espécies de primeira ordem,'mas nomes, condi-
ções e ferramentas analíticas de segunda ordem. lnferidos por de-
dução, não por indução. Nenhum aluno pode escapar da historio-
grafia de nossos conceitos e ferramentas analíticas fundamentais,
nem das discussões dos problemas teoricos e metodologicos relati-
vos ao uso de (todo tipo de) comparação no estudo das religiões,
O que não mudou, porém , e a convicção compartilhada pela maioria
dos estudiosos dinamarqueses, de que os estudos interculturais
comparativos, sejam eles tipologicos ou genéticos, são um srne qua
non para que o estudo das religiões se torne uma ciência da religião
em geral. Ainda que o empreendimento deva ser acompanhado e
suplementado por teorias antropologicas e sociologicas mais gerais
e pela introdução de temas e conceitos como "poder" e "gênero".
Porém, o desprendimento das abordagens e modos mais tradicio-
nais de estudar e representar religião e religiões não é implementa-
do da noite para o dia. lsso se revela, por exemplo, no manual intro-
dutorio (Gyldendals Religionshisfon'e . Ritualer. hlytologi. lkonografi,
Ksbenhavn: Gyldendals Forlag, 1994 e depois) editado por T. Jen-
sen, M. Rothstein e J. Podemann Sgrensen, que por muitos anos
(tambem na Noruega) serviu para introduzir estudantes em nosso
campo. Como observam corretamente os estudiosos noruegueses
l. Salid Gilhus e L. Mikaelsson, ele ainda e muito tradicional. Negli-
gencia a questão do gênero, não consegue apresentar as religioes
vivas de forma atualizada, realista e localizada. Também, embora o
capítulo sobre cristianismo seja um esforço para romper com o mo-
do como os teólogos apresentaram essa religião, o desenho desse
capítulo e também do resto simplesmente é ainda muito teologico e
tradicional. Apesar do esforço para dar rnais atenção ao ritual e à
iconograÍia, o livro está ainda muito centrado em textos, deuses e
religião da elite.
404
jensen, tím. lmaginário - usp, flo 8, pág. 396-4 1g,2OA2
as nüvelüs
O lugar mais obvio para procurar as rnudanças de direção é o tra-
balho de estudiosos jovens (professores assistentes e atunos de
doutorado) formados durante os últimos 10-15 anos. Tomado em
conjunto, o trabalho deles evidencia esforços significativos para usar,
testar e desenvolver uma ampla variedade de teorias e métodos em
estudos de uma variedade igualmente ampla de assuntos. A "mu-
dança lingüística", narratologia, semiótica, estruturalismo pesado e
leve, as ciências cognitivas, análise do discurso, análises de metá-
foras etc. provavelmente entraram nos departamentos de estudo
das religiões na Dinamarca um pouco mais tarde do que entraram
em outros departamentos dentro das ciências sociais e humanísti-
cas, mas, como os títulos e áreas temáticas brevemente menciona-
dos a seguir mostrarão, agora, mais definitivamente, eles estão lá.
Em Misticismo & cognição, desenvolvimentos cognitivos de Sáo
João CrLtz, Birgitta Mark usou insights de ciência cognitiva, contri-
buindo para outro entendimento de São João da Cruze também do
misticismo. Em um estudo sobre Cientologia e a relação historica e
estrutural entre terapia e religião, Dorthe Refslund Christensen
igualmente demonstrou a fertilidade de se aplicar a teorização cog-
nitiva. Jesper Ssrensen, outro aluno de doutorado de Aarhus (agora
professor assistente em Odense), em sua tese sobre magia, ritual,
mapeamento conceitual e formação de categorias, aplicou teorias
das ciências cognitivas, da semiótica, da antropotogia simbolista,
enriquecendo não so o estudo da magia e do ritual, mas também
discussões dentro da propria ciência cognitiva, especialmente sobre
a relação entre cognição e cultura. Sorensen, em um trabalho ante-
rior, também demonstrou como as teorias de Lakoff & Johnson po-
dem ser usadas com sucesso em um estudo de Teosofia.
Em Copenhague, Oluf Schônbech aplicou Lakoff & Johnson mais a
análise de discurso em um estudo de um monge italiano, Petrus Da-
miani, e do uso por ele de metáforas corporais para construir um dis-
curso edificante e uma autocompreensão retigiosa (cristã). Finn
Madsen concluiu recentemente uma tese sobre estruturas de orga-
nização na tradição Vaisnava de Hare Krishna, e alguns anos atrás
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 jensen, tim. lmaginário - usp, flo B, pág. 396-418, 2002
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cle doutorado em Copenhague trabalham presentemente com te-

Helle Hinge, também em Copenhague, concluiu sua tese sobre cir-
cuncisão feminina no Egito. Questões de poder e autoridade, identi-
dade e discursos específicos de gênero foram centrais para uma te-
se sobre muçulmanos jovens em Chicago de autoria de Garbi Smith.
O impacto das ciências sociais nos atuais estudos sobre religião
assim como a mudanÇa para a religião contemporânea também po-
dem ser vistos no trabalho de Marianne Q. Fibiger (agora professo-
ra assistente em Aarhus), que combinou análises historico-filológi-
cas clássicas de prática de templo hinduísta no Sri Lanka e na
Dinamarca com trabalho de campo antropologico e entrevistas, âo
mesmo tempo levando em conta teorias gerais sobre cultura, siste-
mas culturais e sociais de C. Geertz, A. Giddens e N. Luhman. Lars
Albinus, igualmente professor assistente em Aarhus, escreveu sua
tese de Ph.D. sobre demonologia grega antiga usando e desenvol-
vendo a análise assim como métodos historico-filologicos tradicio-
nais. No mesmo departamento, Rita Geertz recentemente publicou
sua tese de Ph.D. sobre visões de mundo das canções mágicas no
folclore dinamarquês tradicional aplicando as teorias de visão de
mundo desenvolvidas por Goodman, Geertz e Paden.
:' Presentemente em Aarhus, Jorn Borup está trabalhando em zen-
budismo contemporâneo no Japão, desenvolvendo os insights do
debate orientalista e fazendo trabalho de campo no Japão. Lene
Kühle, usando o conceito de "campos" de Bourdieu, está conduzin-
do entrevistas com representantes das várias organizações religio-
sas na Dinamarca em um esforço para analisar e descrever a trans-
I ii
ses sobre lugares sâgrados muçulmanos na índia (Soren Lassen),
a lgreja ortodoxa russa depois de Putin (Annika Hvithammar), here-
ges na ldade Média (Brit lstoft), hermetismo e gnosticismo (Tage
Petersen), educação e legislaÇão religiosas (Niels Reeh), e religião
no cyberespaço (Morten Thomsen Hojsgaard). Em Odense, o pri-
meiro aluno de doutorado (Kristian Rasmussen) realiza pesquisa
sobre aspectos religiosos contemporâneos do esporte, usando
uma ampla variedade de teorias e métodos do estudo das religioes
e de outros estudos culturais.
Esse levantamento indica que as mudanças que aconteceram não
se devem, é claro, apenas ao chamado de Armin Geertz. Devem-
se também a prontidão dos veteranos para ensinar truques aos no-
vatos - e permitir que eles os apresentem. E tambem não se de-
vem só ao impulso geral dentro da academia para a teoria e para o
uso de uma multidão de métodos. Eles se devem, como menciona-
do acima, em grande medida à "volta" das religiões a esfera pública
(mídia) e à historia ocidental presente, O trabalho dos novatos mui-
to evidentemente serve tambem para demonstrar a emancipação
contínua da história e do estudo das religioes das perspectivas teo-
togicas, uma emancipação que anda de mãos dadas com a tendên-
cia geral a integrar a historia das religiões/estudo das religiões na
família dos "estudos culturais".

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tli
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Í ferência e a transformação de poder na relação entre o Estado rltfftü religÍam i:r:n[,*ilp*renein

r ilj
dinamarquês e as tradições religiosas. Anita Leopold aplica cogni- Vamos olhar mais de perto uma das mudanças de direção mais sig-
ção e teoria da metáfora em seu trabalho sobre sincretismo em ge- nificativas, a mudança para o estudo da religião contemporânea.
ral e na era helenística, e Marianne Schleicher usa métodos histori-
Em 1970 os cursos básicos de historia geral das religiões, incluindo
co-filologicos combinados com análise literaria e de gênero em sua
religião comparada de tipo descritivo/tipologico, introduziam os alu-
interpretação da intertextualidade, do misticismo e da teologia em
nos a muito mais religiões do que nos fazemos hoje. Todavia, o fa-
contos de fadas judeus do começo do século XlX.
to de que algumas delas tinham sobrevivido e ainda estavam vivas
Em Copenhague, Kâte Ostergaard Jacobsen está finalizando uma
não evitava que os cursos parassem logo depois do nascimento
tese sobre Tahara e Hammam no Marrocos, combinando trabalho
das religiões, ê o estudo era centrado exclusivamente nos textos
de campo e análise Íilologica com teorias tiradas da antropologia
clássicos.
simbolista e da teoria da práxis de Pierre Bourdieu. Outros alunos

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Hoje, os alunos não conseguem entender que era sempre possível lenística da perspectiva do estudo dos NMRs e de religiões de mi-
dar um curso sobre Islã e parar em, digamos, al-Ghazzali- Hoje o norias-maiorias.
lslã não so está vivo "lá fora", fora da Europa e da Dinamarca, mas
O mesmo tipo de abordagem atualizada acompanha as introduções
tambem e uma realidade viva aqui e agora, e o lslã tem estado em
as religiões indígenas. Aqui, como no caso do lslã e da religião gre-
alta na agenda pública por mais de 15 anos. Então, mesmo que os
ga, o uso passado e presente dessas religiões na construção do
textos clássicos ainda sejam lidos e os métodos para tazê-lo sejam "nós" e de uma identidade européia não pode ser negligenciado.
discutidos, textos e questões metodologicas de um tipo muito dife-
Além disso, religiões indígenas estão ainda vivas e presentes, seja
rente têm de ser apresentados desde o início: vozes muçulmanas
nas práticas ou na espiritualidade da Nova Era, incluídos certos
contemporâneas, ern livros ou na internet, debates publicos sobre
movimentos ecologicos, ou em cortes e foruns internacionais onde
muçulmanos e integração, sobre muçulmanos e gênero, sobre mu-
são travadas batalhas sobre direitos a remanescentes ancestrais e
çulmanos, direitos humanos e democracia, diálogo inter-religioso direitos territoriais. Esses temas também precisam ser incorpora-
entre muçulmanos e cristãos, discussões orientalistas etc. Também
dos no estudo e no ensino.
devem ser discutidas questões sobre como comunicar e represen-
tar o lslã para uma audiência de muçulmanos e antimuçulmanos Embora esse desenvolvimento possa parecer ter acontecido quase
que reagem diretamente às representações. Além disso, há as visi- por si so, parte dele não aconteceu sem resistência e disputa. Isso
tas a mesquitas locais, entrevistas com imãs, construção e análise é verdade especialmente no estudo dos NMRs e da Nova Era.
de questionários sobre crenças e práticas muÇulmanas. Quando eu dava aula no departamento em Copenhague sobre as
religiões afro-brasileiras (candomblé, umbanda etc.) em 1986, um
Embora esse desenvolvimento seja especialmente evidente no que
de meus alunos, M. Rothstein, queria se especializar em candom-
diz respeito ao lslã, ele na verdade abrange o estudo e o ensino de
ble. Os "veteranos" do departamento eram bastante relutantes. De
todas as religiões vivas, incluído o cristianismo. Esse desenvolvi-
acordo com a tradição, todos tinham de ser iniciados na Historia
mento, inclusive os esforços para estudar "religiões na localidadê",
das Religiões por meio do domínio de um idioma clássico, de prefe-
como também para estudar o modo como os grupos religiosos te-
rência grego, latim, sânscrito, árabe ou algum semelhante, Conse-
matizam suas tradições em relação a questões eticas e políticas,
qüentemente, não bastava dominar o português efazer trabalho de
torna necessário usar métodos antes empregados quase unica-
campo no Brasil. Se Rothstein quisesse levar adiante seu interes-
mente pelos sociólogos ou pelos antropologos da religião, e no - se, teria de aprender Yorubá "clássico" - ainda que isso realmente
estudo da renovação de tradições que ocorre em relação a, por
(naquele tempo pelo menos) não tivesse tanta importância para a
exemplo, questões éticas - conceitos e perspectivas da filosofia.
maioria dos especialistas em Brasil, exceto como um símbolo de
Esse impulso para o presente e o interesse em, por exemplo, reli- idade e tradição.
giões minoritárias e Novos Movimentos Religiosos (NMRs) e evi-
Rothstein desistiu do projeto, mas a hora da mudança havia chega-
dente em praticamente todas as áreas. Ele apagou há muito tem-
do, e ele logo embarcou em algo muito pior (na opinião de seus crí-
po a linha divisoria entre a historia das religioes e a sociologia da
ticos) que as religiões afro-brasileiras, a saber, os NMRs, aplicando
religião, e tem, como indicado acima, grandes conseqüências para
teorias, métodos e terminologia da historia das religiões/religião
os currículos. Não tenho certeza de que meus colegas em Cope-
cornparada como tambem da sociologia da religião.
nhague ou em Aarhus agem como êu, mas já há muitos anos
meus cursos sobre religião grega e helenística incluem material Hoje, Rothstein e sem duvida o principal especialista dinamarquês
sobre o estudo dos NMRs hoje e o estudo das religiões na era he- no estudo comparado de NMRs, mas não e mais o único. Ele, a his-

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toria, e a RENNER (Rede de Pesquisa sobre Novas Religiões, ago- visõessobrereligiãopreSSupostospelamaioria.Levandoemconta

ra operando com um foco especial em novas religioes e glob aliza-
jovens e uma legião
ção) abriram o caminho para vários estudiosos
de alunos que se especializam em NMRs - e com a exceção de al-
guns poucos isolados (principalmente teologos de um certo tipo),
ninguem hoje considera o estudo de NMRs, da Nova Era e das reli-
giões contemporâneas em geral inferior ou algo a ser deixado para
"legítimos" sociologos da religião.
rie t*rr* du n'l;er{im pera ã
Vilhelm Gronbech, o velho grande nome da História da Religião na
Dinamarca, é famoso por ter combinado seus empreendimentos
acadêmicos com participação ativa nos debates públicos como crí-
tico cultural, usando seu estudo das religiões para promover seus
ideais para a cultura e a sociedade ocidentais e dinamarquesas.
Mas o envolvimento no debate publico por parte de estudiosos da
religião não terminou com Grsnbech. H. Siiger, A. Hvidtfeldt e P.
Bilde, entre outros, tambem têm atuado nesse campo.
Eu penso, porem, que é correto dizer que o envolvimento no debate
público por parte de estudiosos da religião dinamarqueses foi reno-
vado e reforçado durante os últimos 10 a 15 anos. Minha entrada em
cena data de 1 974, quando tentei apresentar M. Eliade ao público em
um ensaio publicado em um jornal intelectual de esquerda. O ensaio
criticava o modo como o ritual Hopi era representado para o público
L
certas modificações de ideologia e de estrategia (devido a mudan-
Ças na historia das religiões, nos discursos públicos sobre religião,
assim como em minha visão pessoal e acadêmica da religião), isso
foi central para minha agenda "ativista" desde então. Uma agenda
que tem algumas semelhanças com as agendas de, digamos, K.
Rudolph e, mais recentemente, R.T. McCutcheon.
Cerca de Zldois anos depois, em 1996, Rothstein e eu havíamos
tido tal sucesso em apresentar os estudiosos da religião (ou, para
üsfelü pÚhliell
ser preciso, nós mesmos) como peritos e também como intelec-
tuais culturais que eu fui incluído em um painel de intelectuais que
redigiam uma coluna crítica bi-semanal no principal semanário da
Dinamarca. Hoje, Rothstein, que já em 1996 conseguira solapat a
posição privilegiada do famoso teologo e apologista anticulto Jo-
hannes Aagaard como o primeiro e único especialista a quem se
devia recorrer em assuntos sobre NMRs, tem sua propria coluna
crítica bi-semanal em um diário.
Em 1996, no entanto, eu escrevi outro ensaio, "Rend mig i religio-
nen . . .", effi outro diário. O título pode ser (educadamente) traduzi-
do como algo do tipo: "Religião... e daí?" ou "Religião, quem se im-
porta!". O título sinaliza que as coisas mudaram desde 1974. Em
1g74eu queria mais (sobre) religião nos jornais. Em 1996 eu dificil-
mente conseguia respirar. a religião estava em todos os lugares
nos noticiários, em revistas femininas, em seções especiais dedica-

por um poeta dinamarquês Com um gosto forte por "nativos" como al-
I ternativa mental e ecologica. Ele apresentava a interpretação de Elia-
de da "religião arcaica" como um desdobramento radical da "alterida-
de" do "outro", louvando Eliade por seus esforços em apresentar tais
"mundos estrangeiros" a um publico mais amplo e subscrevendo o
apelo de Eliade (no ensaio programático "Um novo humanismo") aos
estudiosos da religião para não deixarem que jornalistas, poetas e
fi ,t
das a religião e ética, até em textos de esquerda. Todo o mundo es-
crevia sobre religião, todo o mundo parecia interessado em religião
porem ainda muito freqüentemente de uma maneira acrítica.
-
Essa situação, eu indagava, desafia os estudiosos da religião a re-
visar suas atividades e o modo como eles representam as religiões
para o público crescentemente interessado? Além disso, ela não

outros dominassem o discurso publico sobre religião.

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'ri:i força mais estudiosos a entrar no campo de batalha público, cultu-
l
Portanto, o ensaio tentava promover o estudo das religiões, nossa ral e político, combinando seu saber com uma agenda ativista, críti-
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profissão (e nossas carreiras), assim como meu interesse de base ca e política? A repolitização da religião não equivale inevitavel-
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ideologica em usar o estudo das religioes para desafiar os valores e mente a politização do estudo e da representação da religião?
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Em 1996, portanto, não havia necessidade de pedir ao publico que
se interessasse mais por religião. Havia, porérn, um apelo renova-
do para que o(a) estudioso(a) da religião aparecesse em público
com suas análises da "religião" como um construto historico e so-
cial. Um apelo para desconstruir a religião como algo sui generis,
para analisar como a retorica sobre religião é usada na luta perma-
nente pelo direito de definir a realidade e o "normal", e como um
marcador de identidade pessoal e cultural, de "singularidade" e de
"alteridade."
A necessidade do ensaio de 1996 parece indicar que os esforços
para promover uma abordagem erudita da religião haviam fracas-
sado. Que o discurso público sobre religião estava longe de adotar
uma perspectiva crítica, historica e comparativa. Que os esforços
para desconstruir o conceito de religião dominante - protestante lu-
terano e provinciano para desafiar estereotipos e reificações, in-
-,
cluídos os muçulmanos, do lslã e de qualquer outra religião não ha-
viam deixado vestígios. Que nossa participação em debates
públicos sobre a posição legal das religiÕes minoritárias e sobre o
conteúdo e o status do ensino de religião nas escolas públicas tinha
sido totalmente em vão.
Bem, êu não penso assim. Certamente, nos não conseguimos tra-
zer (de volta) o Esclarecimento para todas as pessoas e para todos
os discursos sobre religião. Os discursos neo-românticos e neona-
cionalistas assim como os religiosos ainda predominam. Mas não
foi tudo em vão. Os estudiosos que participaram, como especialis-
tas e como críticos culturais, do debate publico sobre religião são
em parte responsáveis pelo maior número de alunos nos departa-
mentos. Eles ajudaram a tornar o estudo acadêmico das religiões
mais conhecido e mais visível. Ajudaram jornalistas e outros a tra-
çar urn quadro (no fim das contas) mais nuançado das várias reli-
giôes, especialmente do lslã e dos NMRs. Alem disso, eles conse-
guiram quebrar o monopolio geral dos teologos como especialistas
em tudo o que há de religioso e como os exclusivos resenhadores
de livros nos jornais.
lgualmente, os muitos livros didáticos para Educação Religiosa no
liceu (antes escritos quase so pelos proprios professores de Educa-
41,2
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ção Religiosa) publicados durante o final da década de 1980 e a dé-
cada de 1990 por uma gama de estudiosos ajudaram a ligar a ma-
teria escolar de forma ainda mais estreita ao estudo secular, não
teologico e acadêmico das religiões.
Outro resultado até mais manifesto da participação ativa de estu-
diosos no debate publico sobre religião (como também dos muitos
artigos e livros escritos sobre o conceito de religião, novas reli-
giões, religiões de minorias, relações lgrejaiEstado e assim por
diante nos periodicos acadêmicos) foi a mudança na política do Mi-
nistério de Assuntos Eclesiásticos em 1998: até então, o bispo de
Copenhague, o primus inter pares dos bispos dinamarqueses, fun-
cionava como conselheiro para o ministério em assuntos relativos a
requisições de estatuto legal como denominação religiosa. Em
1998, o bispo foi substituído por um comitê de especialistas, enca-
beçado por Armin Geertz. Esse comitê consultivo consiste em um
historiador das religiões (Armin Geertz), uma sociologa da religião
(Margit Warburg), um teologo não ordenado (Jorgen Stenbak) e
uma professora de direito (Eva Smith). Eu considero isso uma vito-
ria para o estudo secular e acadêmico da religião - e urna excelen-
te conseqüência de uma combinação felizentre estudiosos que têm
uma atuação publica e outros que atuam basicamente no rnundo
acadêmico.
A atividade erudita e política acima indicada naturalmente suscita
oposição e crítica. Também por parte de colegas. Nos não transfor-
mamos nossa disciplina em um instrumento a serviço da sociedade
secular, pluralista, e essa transformação é algo melhor do que ser-
vir ao lado oposto? Nos não retornamos a uma espécie de crítica
ingênua da religião? Nos não usamos a comparação de maneiras
que não estão longe do que faziam os pais de igreja, Frazer, Max
Müller ou M. Eliade, isto é, para propaganda em vez de ciência?
Nos não ajudarnos criar interesse religioso na religião, êffi lugar de
interesse no estudo crítico da religiáo? Nos corrompemos o estudo
acadêmico puro da religião ao nos tornarmos públicos?
Essas e muitas outras perguntas podem e devem ser levantadas e
discutidas em detalhe em relação a questões teoricas e metodolo-
gicas e em relação a longa historia do estudioso da religião como
4L3
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jensen, tim. lmaginário - usp, ffo B, pá9. 396418, 2002

crítico cultural. Eu tratei de algumas dessas questões em 1996, e nhsmr'r'nç*ms f[nmig

desde então eles foram abordadas em várias ocasiões. Mais recen- Estou convencido de que a grande maioria dos estudiosos na Dina-
temente, algumas delas forarn discutidas em um seminário em Aa- marca aprova os desenvolvimentos mencionados neste texto - ain-
rhus em '1999 sobre valores no estudo das religiões e na Educação
da que possam não concordar com minha descrição deles. lsso é
Religiosa nas escolas. A convocação do seminário foi oportuna,
verdade, acredito, também para o desenvolvimento geral da Histo-
mas também mostra que estamos longe da vitoria final. Nos pode-
ria das Religiões de como era praticada e concebida em 1970 para
mos ter feito alguns progressos desde 1970, ma§ em 1970 o estu-
o presente Estudo das Religiôes como uma disciplina multimetodo.
do acadêmico da religião não era obrigado a se repensar em ter-
logica que tenta se emancipar de sua herança teologica a fim de se
mos de um debate publico sobre valores, ou seja, sobre o pano de
tornar um estudo sobre humanos e sociedades em vez de deuses.
fundo de uma demanda pública para que cada e todo cidadão aju-
de a criar ou recriar valores - valores no mais das vezes não idên- De um modo gerat, também estou convencido de que o estudo
ticos aos valores da análise crítica da religião. das religiões na Dinamarca até agora conseguiu atingir um equilí-
brio entre tradição e renovação, entre, por exemplo, trabalho mais
A convocação do serninário, o pedido de Armin Geertz de mais teo-
clássico historico-filologico com religiões e textos antigos e o es-
ria e mais métodos, ê meu apelo aos colegas para entrarem no de-
tudo das religiões contemporâneas. A maioria dos veteranos que
bate publico em maior número testemunham não so o progresso de
,desenvolvem teoria e método no estudo do ritual e do mito, na re-
um estudo mais científico da religião e sua maior influência no de-
ligião comparada e em geral, âo mesmo tempo continua seus es-
bate público: junto com outros desenvolvimentos na sociedade e no
tudos mais especializados effi, por exemplo, religião egípcia (J.
debate dinamarqueses, podem igualmente bem ser vistos como
Podemann Sorensen), religiões indianas (M. Aktor, E. Reenberg
testemunhos do progresso do mencionado clirna cultural neonacio-
Sand), religião nordica antiga (J.P. Schodt), religião do Velho
natista, neo-romântico e pró-religioso que talvez seja uma ameaça
Testamento e do Novo Testamento (K. Nielsen, L. Kruse Blinken-
ao próprio estudo crítico da religião e ao projeto de Esclarecimento
berg, P. Bilde, H.J. Lundager Jensen), historia da igreja cristã (C.
adotado por alguns estudiosos da religião.
Riis, C. Breengaard), religião grega, romana, helenística e celta
Finalmente, pode ser mencionado que a DAHR, em sua reunião (T. Jensen, P. Bilde, J. Vanggaard, L. Albinus, J. Podemann
anual mais recente, relacionada a uma discussão crítica de um tex- Sorensen, M.L. Warmind), judaísmo (P. Steensgaard Paludan),
to oficial sobre os chamados valores essenciais na educação reli- religiões indígenas (A.W. Geertz, T. Tybjerg), lslã (J. Sinding Jen-
giosa em todos os níveis, incluídas as universidades, fez um deba- sen, J. Skovgaard Petersen), e muitos deles ultimamente contri-
te intenso sobre o possível papel da DAHR em assuntos relativos a buíram para uma serie revisada das fontes textuais das religiões
política de educação religiosa, como tambem à política de religião e
do mundo. O estudo de religião contemporânea, então, ainda é
identidade. Embora alguns membros quisessem que a DAHR assu-
compensado por estudos sobre tradições religiosas clássicas, o
misse um papel político, defendendo o estudo não-teologico secu-
trabalho de campo ainda é compensado pelo trabalho historico-
lar das religiões como também uma sociedade pluralista secular, a
filologico e por reflexões teóricas, metateóricas e metodologicas
maioria dos membros advertiu contra isso. Alguns até ameaçaram
com trabalho empírico.
deixar a DAHR se ela desse qualquer passo nessa direção - uma
indicação, talvez, de desacordo sobre que aspecto deveria ter uma lsso, porém, não significa que o desenvolvimento e a situação
agenda política para o estudo das religioes, e que valores básicos presente não apresentam problemas, especialmente problemas
ela envolveria. pedagogico/didáticos e práticos. Para mencionar so alguns:

4L5
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Quando nós pudermos não mais nos lirnitar a algumas notas so-
bre a introdução ao trabalho de campo por Malinowski e seus se-
guidores, mas pudermos ter certeza de que aqueles (inumeros)
de nossos alunos que não estão se especializando em religioes
passadas mas nas presentes, religiões vivas, podem aplicar mé-
todos de trabalho de campo e estão bem versados nas discus-
sões mais recentes sobre teoria, método, representação, gênero,
poder, construção de identidade, comunicação intercultural, reli-
gioes de minoria, imigraÇão, globalizaçáo etc., como, então, nos
(e eles) encontraremos tempo para a iniciação tradicional em
uma filologia específica? Há muito tempo nos demos aos alunos
de pos-graduação a possibilidade de aprender outros idiomas
que não os clássicos, percebendo que seria um tanto estranho
se um aluno que se espe cializa na religião Hopi contemporânea,
na religião cristã no México, 0o Brasil ou na Africa, ou em discur-
sos muçulmanos na internet, tivesse de passar 1-2 anos apren-
dendo latim, grego, sânscrito ou uma língua semelhante a fim de
ser um de "nós".
Contudo, confrontados com todas as coisas que temos de ensinar
aos alunos agora que a História das Religiões tradicional mudou
para o muito mais amplo Estudo das Religiões, pode ser difícil
sustentar mesmo a demanda modificada pelo tipo tradicional de
competência filologica. E claro que talvez ainda seja útil para um
aluno que se especializa em pentecostatismo na Dinamarca con-
seguir ler o grego do Novo Testarnento. Mas isso é tão importan-
te que nos queremos que ele ou ela passe 1-2 anos aprendendo
grego quando em vez disso poderia desenvolver outras habilida-
des ou o mesmo tipo de competência metodologica sem realmen-
te aprender um idioma? Percebendo que não temos mais tempo
para apresentar aos alunos a mesma gama de religiões que era
apresentada na década de 1970, e que esse tipo de conhecimen-
to "enciclopédico" das religiões do mundo foi extremamente valio-
so para tornar os veteranos estudiosos bastante competentes em
religião comparada, será que não e hora de abrir mão da deman-
da por uma filologia e conseguir mais tempo para mais religiões,
passadas e presentes?
4L6
jensen, tim. lmaginário - usp, ro 8, pág. 396-41 8,2002
Por outro lado, embora eu seja definitivamente favorável à mudan-
ça para a religião contemporân ea, a uma multidão de métodos e
análises não so de mito e de ritual, mas também de poder e de gê-
nero, me preocupo sobre se nos futuros poderemos atingir um
equilíbrio. Quantos especialistas mais nos Vedas, na religião gre-
ga, na religião egípcia, para nomear so algumas áreas clássicas,
nós conseguiremos produzir? Quantos alunos capazes de ler o Al-
corão, alem de analisar a al-Jazeera ou as páginas da internet ad-
ministradas por muçulmanos dinamarqueses? E, bem ciente de
que a utilidade da categoria "mito" pode ser discutida e de que
nossos estudos tradicionais do mito talvez tenham nos levado pa-
ra longe do que "é realmente a religião", eu certamente odiaria ver
"mito" e outros termos e fenômenos semelhantes desaparecerem
completamente.
Nos temos também de encarar o fato de que nossa deconstrução
do que chamamos "religião", como também a deconstrução da His-
toria das Religiões tradicional, pode ser o primeiro passo para a
desconstrução tambem de departamentos específicos de Estudo
das Religiões. Mas, não vejo nenhuma alternativa. lsso e parte inte-
grante do esforço contínuo para desteologizar nossas atividades e
tornar o estudo das religiões um empreendimento verdadeiramente
científico, crítico e autocrítico.
Pode-se dizer, então, que o estudo das religiões na Dinamarca
está em crise, em uma especie de "indefinição", sem fase seguin-
te de integração a vista. Porém, até agora compartilho a opinião
expressada tambem por A. Geertz: se o estudo das religiões na
Dinamarca está em crise, numa indefinição, trata-se - como mui-
tas crises em fase Iiminar - de uma crise criativa. O que talvez
precisemos, porem, é de inspiração e colaboração com estudio-
sos ao redor do mundo, especialmente estudiosos da religião
que nunca estudaram as tradições que a maioria de nos estudou.
Por outro lado, nos podemos ser de alguma ajuda quando se tra-
ta da implementação de atgumas das muitas virtudes que - afinal
- também são parte integrante da antiquada Historia das Reli-
gioes. Afinal, departamentos especiais para o estudo das reli-
giões, emancipado da teotogia, não são tão ruins, B aqui nos te-
411
 jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pá9.396-418,2002
mos alguma experiência em instalar e administrar esses depaúa-
mentos, ainda que ao mesmo tempo estejamos desconstruindo
noções tradicionais de religião e noções tradicionais do estudo
das religiões.
Resumo: Neste texto, o autor apresenta um panorama do desen-
volvirnento dos estudos da religião na Dinamarca e defende a idéia
de que uma integração entre o modo europeu tradicional e o modo
brasileiro "tradicional" de estudar religião pode ser proveitosa para
ambos.
Palavras-chave: estudos da religião, Dinamarca, Brasil, tradição
versus renovação.
41_ B
jensen, tim. lmaginário - usp, ro 8, pag. 419-444,20A2
ihm str,rdy *f r*ligi*rrs in rienrilfirk
Tim Jensen.
Except for some knowledge about Brazilian research in so-called
Afro-Brazilian religion(s), my knowledge of the study of religion(s) in
Brazil is limited. This goes for knowledge about ongoing and pub-
lished research as well as the institutional settings of relevant
research. Nevertheless, lwill take the risk and share some of my
prejudicated impressions as to how the Brazilian scene differs from
the European and Danish scenes.
For one thing, the Brazilian field comprising studies of religion(s)
seems to be much less influenced by classical philological-histori-
cal approaches than is the case in Europe and Denmark. Conse-
quently, subject areas like the ancient, some times dead, religious
traditions of the world (for instance ancient Greek and Roman reli-
gions, ancient Egyptian, Mesopotamian, Vedic, Chinese religions)
rarely have been the main focus of Brazilian scholars, nor a must
for students at those departments where some kind of study of reli-
gions (under whatever name) has been offered. Likewise, it is my
impression that there is no tradition in Brazil for a comparative reli-
gions/phenomenology of religion (understood and practized as the
systematic counterpart to the history of religions) as a sine qua non
for the Study of Religions/History of Religions as is the case in most
European departments, where the students are introduced to the
*
religions of the world, past and present, and to theoretical and Associate Pr,cíessor, Depi,
oí the Study oi Religions,
methodological issues connected with various kinds of comparative University of Southern Den-
religion/phenomenology of religion. niarl,i, Odense.
419
 í \
jensen, tim. lmaginário - usp, 0o B, pá9. 419-444,2002
il: One of the reasons for this, it seems, is that the study of religions in
)
Brazil has been dominated on the one hand by anthropological and
il
i;
sociological approaches, and on the other hand, by theological
I
approaches. And this state of affairs then, has to do with a tradition
for studying living religious traditions, not the least in Brazil and
Latin-America, and the fact that religion, including of course the
Christian religion, primarily (but not exclusively) in its Catholic vari-
ety, has been and still is a dominant factor in society as well as at
the universities. Likewise, the study of religion(s) in Brazil has been
and still is integrated in various studies of (Brazilian) culture(s), eth-
nic and religious majorities and minorities, the construction and
reconstruction of ethnic and national identities, processes of accul-
turation, syncretisrns etc.
To my (limited) knowledge, one of many consequences of this is
that departments of the History of Religions (or the Science of Reli-
gion, or the Study of Religion) as these are known especially in the
European countries but to some degree also in North-America are
rare in Brazil. Consequently, while a European or Northern-Ameri-
can "historian of religions" (or "scholar in comparative religions"), in
spite of the many, many variations in curricula, academic traditions,
relations to theological departments and theological traditions, can
be said to be (and himself feels Iike being) a member of a communi-
ty of scholars defined in relation to education, approaches, terminol-
ogy, institutional settings, a set of journals and periodicals, member-
ship of national and international associations for the history/study
of religions, this is not so for Brazilians scholars of religion. lf they
partake in a scholarly community, this most often will be constituted
by anthropologists, sociologists, psychologists or theologians.
Some of them, naturally, may be members of say the Brazilian
Association for the History of Religions, and some may even study
religion in the "European Way". But they are not that many, and
many of them actually have had a theological upbringing and aÇa-
demic affiliation. A fact that makes them more akin to many of the
members of e.g. the American Academy of Religion than to e.g.
members of the Danish Association for the History of Religions,
almost all of whom have been educated at non-theological depart-
420
I
jensen, tim. lrnaginário - usp, flo B, pá9. 419-444,2002
ments for the History of Religions/Study of Religions, and who, at
least so far, have been through a traditional schooling comprising a
historic-philologically based specialization in one ancient religion as
well as comparative religions/phenomenology of religions.
Finally, it is my impression, that due to the factthatthe study of reli-
gions in Brazil looks like this and to a large degree is focused on
living religious traditions, not the least in Brazil, many Brazilian
scholars take it for granted that their scholarly research has a polil
ical side to it. Religion matters (in many ways) in Brazil, and so
does the study of religions. I mention this in passing, only because
later on I shall consider the role of the Danish scholar as a public
opinion maker.
ln spite of, or rather because of, these differences in the lay-out of
the study of religions in Brazil and in Europe, the following short
report and considerations as to traditions, developments and recent
tendencies in one of the European countries, Denmark, may be of
some interest to at least some Brazilian scholars. The develop-
ments mentioned cannot be seen as pertaining to all the European
countries, at least not to the same degree, but I find it safe to say
that at least some of the countries are going through experiences
similar to the ones mentioned in this report, just like some of the
Danish developments most certainly must be seen as local imple-
mentation of international tendencies and developments. lt ought,
however, be clearly stated, that e.g. those European countries and
national associations affiliated to EASR, the European Association
for the Study of Religions, established year 2000 in Cracow,
Poland, in spite of all similarities and in spite of similar develop-
ments, differ from one another in many a way.
The period ldeal with spans the last 30 years, i.e. from about NTA
b 2A02, the period I myself have been in the business. The devel-
opments and changes I deal with will be the number of students, of
employed scholars, and of departments, the theories, methods and
number of theories and methods discussed and used, trends and
tendencies among younger and older scholars, the rise in public
interest in religion, the revival of religion, the repolitization of reli-
gion and of the study of religions, and, finally, the question of strik-
421,
 jensen, tim. lmaginário - usp, fio B, pá9. 419-444,2002 jensen, tim. lmaginário - usp, ro g, pág.
419-444,2002

ing a balance between tradition and renewal of the History of Reli- The religious and non-religious interest in religion no doubt
has
gions/the Study of Religions in Denmark - and maybe even in helped pave the way for an (variously motivated) interest
in the aca-
Brazil. demic study of religions. tt has influenced the academic
study of
religions not only in regard to the increased number of
It goes without saying that what follows is but a rough outline, I do students.
The shift towards the study of contemporary religion,
not present anything close to a complete picture of what I call the the inctusion
of methods and theories formerly employed primarily by
study of religions in Denmark, irrespective of the various names of sociology
of religion, and the new role of the scholar of retigion as public
the departments. References to names as well as publications are a
intellectual cannot be understood solely by reference
kept at a minimum. However, mentioning some but not all names to shifts in
directions within the academic world.
and publications forces me to state that only time and space prevent
me from mentioning all. Also, lhave not put too much effort in
explicitly relating or referring to international and European develop- 1ü/Ü*I'Jüü: l:luçjí*üt$, nr:il*imi":3, Í;j13[)firtinr;pt,n fipí;j ,,irJfii:r:imtir:iis
ments, e.g. discussions in the IAHR. Suffice it to say that most of
ln 1970 the number of students at the Department of the
what has happened and is happening in Denmark can and must be History of
Religions at the University of Copenhagen was about
seen in relation to international trends and tendencies - as well as 10. There was
];, .], : ] one professor, and one associate professor. At the University
to extramural developments in the ongoing history of the world, of
Aarhus the situation was the same. Also in 1g70, a new
including the history of the religions we study. Department
of Sociology of Religion was established in Copenhagen
with its
Finally, just a few words about precisely these extra mural develop- own professor and an equally moderate number of
students. fhere
-t ii

ments: We may discuss, criticize and reformutate popular as well as were no periodicals, no students nor teachers associations,
no Dan-
more refined theories of secularization and de-secularization - and ish Association for the History oÍ Religion(s).
1l:'i-F

so we do. There can, however, be no doubt that the object of our ln 1982 there were two associations, one in Copenhagen
and one in
study, religious traditions and religion "as such", has become more Aarhus, both arranging lectures, and both engaged in
issuing the
visible in the world of contemporary history and - not least - in the periodicals CHAOS and Retigionsvidens kabeligt
Tidsskrift. Also in
public debate in Europe and Denmark at least than in 1970. Reli- 1982, DAHR, the Danish Association of the History
of Religions,
gion no longer is something (only) "out there", in the third world, in . t:. .; was founded. DAHR began with a membership of B
scholars, all of
another world or "over there", in the U.S. or Latin-America. Relrgion ,.1 ii .[
them educated at the departments for the History
of Religions ín
is here, visible and intensely debated. Sometimes because "it" Copenhagen and Aarhus. Sociologists of religion as
well as theolo-
seems (in various ways and to varying degrees) to overstep the gians, even if employed at the mentioned departments,
were not
lines supposedly separating "politics" and "religion", the public and allowed to even apply for membership. The same year
another
the private spheres. Religion is no longer interesting only to a van- department, called the Center for the Study of Religions,
,:.:::: :]t
I : r,.,i:.I:..:
was estab-
ishing number of old fashioned religious adherents or to scholars lished at the University of Odense, today the University
of Southern
with a weird and somewhat perverse affection towards the past and Denmark.
iii:ll;iii;:i: :: l:lil::i

the exotic. Today journalists, businessmen, teachers, social work- Things kept changing during the 1980s and 1gg's.
Today the 3
ers, policemen and many more are quite interested in religion, and departments can boast a totat of ctose to 1000 undergraduate
and
quite often they even ask for courses on religion because they need graduate students. ln Copenhagen and Aarhus
the staff has grown
more qualiÍied information on religion. to about 10 senior lecturers/associate professors
and assistant pro-

422
423
 jensen, tim. lmaginário - usp, flo B, pá9. 419-444,20A2
fessors each, while in Odense there are 6, and more than 16 Ph.D.-
students have been attached to the departments during the past
few years. ln Aarhus there are 2 professors, Armin W. Geertz and
(most recently) Per Bilde. Copenhagen's chairs are vacant at the
moment, Odense is in the process of filling it's chair.
DAHR today has about 70 members, among them several sociolo-
gists of religion and even some theologians, however only those
employed at the 3 rnentioned departments. There are local teachers
and students clubs at each of the departments, and the mentioned
periodicals are still in circulation.
At all the departments the basic, undergraduate curriculum compris-
es history of religions/comparative religion, with introductory cours-
es on religious traditions past and present, the history of the disci-
pline, method and theory and on some kind of phenomenology of
religion. ln contrast to 1970, it also comprises (in various ways and
degrees) sociology of religion, (history of) Christianity, and (with var-
ious names and conJents) history of European Philosophy/Euro-
pean ldeas/Philosophy of Religion. At all 3 departments, the former
discipline called History of Christianity is slowly but steadily being
integrated in the common study of/history of religions, even though
the Christian religion still occupies a higher percentage of the com-
mon undergraduate curriculum than any other religion.
iowards rnnre ihenry - and E muliitucle nf meth*çis
ln 1995, in his inaugural lecture, professor Armin W. Geertz, the
Generat Secretary of the IAHR, launched a programme for the
development of the study of religions in Aarhus, a programme
explicitly in line with a declaration issued at the IAHR-expert confer-
ence on "studies on Religion in the context of the Social Sciences:
Methodological and Theoretical Relations" in Warsaw in 1989. A
central aim of the delegates to Warsaw as well as to Geertz, was to
make possible "a shift in attention to the meaning of religion in social
interaction", and an "evaluation and use of innovative social theories
and models as well as those from cognate disciplines".
424
jensen, tim. lmaginário - usp, 0o 8, pág. 419-444,2AA2
To Geertz the present time is or ought be an era of post-empiricism,
post-positivism, and post-modernism, and a time when ihe historian
of religions needs must rethink his enterprise. The traditional, histor-
ical-philological, cornparative and textual competencies must be
critically reexamined and supplemented by competencies, theories
and methods from the social and cognitive sciences, from linguis-
tics, from the philosophy oÍ human and social sciences, from dis-
course analysis, narratology, semiotics etc. lt must be able to cope
with post-modern criticisms like the issues of orientalism, the con-
struction of the exotic, the misrepresentation of other cultures, the
politics of science and feminist criticism etc.
To Geertz, in 1995 and today, theory is the beginning of (almost)
everything, and philosophically sound theorizing is the beginning of
a true science of religion. The point of departure according to one of
Geertz' recent articles is: 1. The clarification of "the primal theories
that inform our general theories of religion and the subsequent defi-
nitions of religion and typological schemes that arise from those
general theories", and 2. The elaboration of a broad "anthropologi-
cal theory, i.e. a theory about the constitution of hurnan beings".
Geertz' approach to religion is furthermore characterized by hirnself
as follows: Religion is "a human and cultural product, a kind of over-
lay in relation to biological, psychological, cultural and social struc-
tures and mechanisms". Consequently, he contends "that questions
raised by religion must be answered in the secular study of religion
by insights achieved in biology, cognitive and cultural psychology,
cultural anthropology and sociology".
Needless to say, Geertz is in line not only with the Warsaw decla-
ration but also with trends and tendencies in many quarters within
the academic study of religions. His effort to de-theologize the
study of religion and ground it in anthropological theory, the move
from the study of things divine to the study of things human and
social is - fortunately - an effort undertaken by many a scholar. lt
is, so I think, also an effort that paves the way for a rapprochement
between what I take to be the "traditional" Brazilian way of studying
religion and the traditional European one. lt actually may be said
425

jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pág. 419-444,2A02
that it somehow asks of European scholars to learn from their
Brazilian colleagues.
The necessity (and possibility) of accompanying every kind of schol-
arly analysis, interpr,etation and explanation with a full fledged,
explicit "grand theory" may of course be discussed. And, Some Dan-
ish scholars, naturally, have been somewhat reluctant to follow
Geertz all the way towards Theory.
ln spite of this there can be no doubt that theoretical and method-
ological issues have become much more of an integral as well as
explicit part of the business even of these moderate critics, and his-
torical-philological methods have been supplemented by a multi-
tude of methods, not the least among the younger scholars. While
more abstract theorizing and methodological exercises definitely
have been popular in Aarhus, scholars all over the country have
contributed to rethinking the phenomenology of religion/compara-
tive religion in a post-positivist, post-Eliadean and post-modern era.
The same goes for the study of different religious "phenomena",
especially ritual, as well as for the concept of religion itself.
ln Denmark too then, Wê have come a long Way since the 70's when
Geo Widengrens Retigionspheno menologie and M. Eliade served as
the royal road(s) to the comparative study of religion/phenomenology
of religion and E. Sharpes Co mparative Religion to the introduction
to the history of the study of religions, its theories and methods.
Today, initiation and introduction to the study of religions still takes
the neophyte through comparative, phenomenological exercises,
and the vocabulary looks to a large degree as it did before. Howev-
er, no student, hopefully, goes through these exercises without
"reli-
being told that the types and terms we are dealing with, be it
gion" or whatever, are not natural, given, first order things or
species out there, but second order names, analytical terms and
tools. lnferred by deduction, not by induction. No student can
escape the historiography of our key concepts and analytical tools,
neither the discussions of the theoretical and methodological prob-
lems pertaining to the use of (every kind of) comparison in the study
of religions.
426
T-l
jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pá9. 419-444,2002
What has not changed, however, is the conviction shared by most
Danish scholars, that comparative, cross-cultural studies, be they
typological or genetic, is a srne qua non for the study of religions to
become a science of religion in general. Even if the enterprise must
be accompanied and supplemented by more general anthropologi-
cal and sociological theories and the introduction of themes and
concepts like "power" and "gender".
However, the break away from the more traditional approaches and
ways of studying and representing religion and religions is not
implemented overnight. This shows for instance in the introductory
handbook (Gyldendals ReligionshrsÍorie. Ritualer. Mytologi. lkono-
grafi , Kabenhavn.Gyldendals For,lag 1994 and later) ed. by T.
Jensen, M. Rothstein and J. Podemann Sorensen, which for many
years (also in Nonruay) has served to introduce students to ourfield.
It is, as Nonruegian scholars, l. Salid Gilhus and L. Mikaelsson right-
ty observe, still too traditional. lt neglects the issue of gender, it does
not succeed in bringing the living religions up to date, down to earth
and into locality. Also, even though the chapter on Christianity is an
effort to break with the way theologians have presented this religion,
the design of this chapter as well as of the rest simply are still too
theotogical and traditional. Despite the effort to focus more attention
upon rituals and iconography, the book is still too focused on texts,
gods and religion of the elite.
the young du6r
The most obvious place to look for the shifts in directions is the work
of young scholars (assistant professors and Ph.D.-students)
brought up during the last 10-15 years. Taken together their work
evidences significant efforts towards using, testing and developing
a wide variety of theories and methods in studies of an equally wide
var:iety of matters. The "linguistic turn", narratology, semiotics, hard
and soft structuralism, the cognitive sciences, discourse analysis,
analyses of metaphors et al. probably entered the departments of
the study of religions in Denmark somewhat later than they entered
other departments within the social and humanistic sciences, but,
427
 r
jensen, tim. lmaginário - usp, 0o B, pag. 4.19-444,20A2
as the titles and subject areas briefly mentioned below goes to
show, now, most definitely, they are there:
ln Mysticism & Cognition, Cognitive Developments of John of
Cross, Birgitta Mark used insights from cognitive science, contribut-
ing to another understanding of John of the Cross as well as of mys-
ticism. ln a study on Scientology and the historicat and structural
relation between therapy and religion, Dorthe Refslund Christensen
likewise demonstrated the fruitfulness of applying cognitive theoriz-
ing. Jesper S@rensen, another Ph.D.-student from Aarhus (now
assistant professor in Odense) in his thesis on magic, ritual, con-
ceptual mapping and category formation applied theories from the
cognitive sciences, semiotics, symbolist anthropology, enriching not
only the study of magic and rituals, but also discussions within cog-
nitive science itself, especially on the relation between cognition
and culture. Sorensen in an earlier work also demonstrated how
theories of Lakoff & Johnson can be put to successful use in a study
of Theosophy.
ln Copenhagen Oluf Schônbech applied Lakoff & Johnson plus dis-
course analysis in a study of an ltalian monk, Petrus Damiani, and
his use of body-metaphors to build an edifying discourse and a reli-
gious (Christian) self-understanding. Finn Madsen recently finished
a thesis on structures of organization in the Vaisnava-tradition of
Hare Krishna, and some years ago, Helle Hinge, also in Copen-
hagen, concluded her thesis on Íemale circumcision in Egypt.
Questions of power and authority, identity and gender-specific dis-
courses were central to a thesis on young Muslims in Chicago by
Garbi Smith.
The irnpact from the social scÍences on present studies on religion
as well as the shift towards contemporary religion can also be seen
in the work of Marianne Q. Fibiger (now assistant professor in
Aarhus) who combined classical historical-philological analyses of
hinduist temple-practice in Sri Lanka and Denmark with anthropo-
logical fieldwork and interviews, while at the same tirne entertaining
general theories on culture, cultural and social systems by C.
Geertz, A. Giddens and N. Luhman. Lars Albinus, likewise assistant
professor in Aarhus, wrote his Ph.D.-thesis on ancient Greek dae-
428
jensen, tim. lmaginário - usp, flo B, pá9. 419-444,20A2
monology, using and developing discourse analysis as well as tradi-
'
tional historical-philological methods. At the same department, Rita
Geertz recently published her Ph.D.-thesis on the worldviews of the
magical songs in traditional Danish folklore applying the theories of
worldview developed by Goodman, Geertz and Paden.
Presently in Aarhus , Jarn Borup is working on contemporary Zen-
buddhism in Japan, carrying on the insights from the orientalist
debate and practising fieldwork in Japan. Lene Kühle, using Bour-
dieu's concept of "fields", is conducting interviews with representa-
tives Írom the various religious organisations in Denmark in an
effort to analyze and describe transfer and transformation of power
in the relationship between the Danish state and the religious tradi-
tions. Anita Leopold is applying cognition and metaphor theory in
her work on syncretism in general and in the Hellenistic era, and
Marianne Schleicher is using historical-philological methods com-
bined with literary and gender analysis in her interpretation of the
intertextuality, mysticism and theology in Jewish fairy-tales from
the early 19Úr century.
ln Copenhagen Kâte Ostergaard Jacobsen is finalizing a thesis on
Tahara and Hammam in Morocco, combining fieldwork and philo-
logical analysis with theories drawn frorn symbolist anthropology
and the praxis-theory of Pierre Bourdieu. Other Ph.D.-students in
Copenhagen presently work with theses on Muslim sacred places in
lndia (Soren Lassen), the Russian-Orthodox Church after Putin
(Annika Hvithammar), heretics in the Middle Age (Brit lstoft), Her-
metism and Gnosticism (Tage Petersen), religious education and
law (Niels Reeh), and religion in Cyperspace (Morten Thomsen
Hojsgaard). ln Odense, the first Ph.D.-student (Kristian Ras-
mussen) is carrying out research on contemporary religious aspects
of sport, using a wide variety of theories and methods from the
study of religions and from other cultural studies.
This survey indicates that the changes that have taken place are, of
course, not only due to the call from Armin Geertz. They are due
also to the readiness of the old dogs to teach the young dogs new
tricks - and allow them to perform them. Neither are they due only
to the general drive inside the academia towards theory and the use
429
 =--

jensen, tím. lmaginário - usp, flo 8, pag. 419-444,2A02

jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pág" 419-444,2002

struction and analyses of questionnaires on Muslim beliefs and

of a multitude of methods. They are, as mentioned above, to a Iarge
practices
extent due to the "come back" of religions into the public sphere "

(media) and into present Western history. The work of the young
dogs most evidently also serves to dernonstrate the continuous
emancipation of the history and study of religions from the theologi-
cal perspectives, âfi emancipation that goes hand in hand with the
general tendency towards integrating the history of religions/the
study of religions into the family of "cultural studies".
t':irunrds cüntÊmpürei"y r*li6intt
Let us take a ctoser look at one of the most significant shifts in direc-
tions, the shift towards the study of contemporary religion:
ln 1970 the basic courses in the general history of religions, com-
prising comparative religion oÍ the descriptive/typological sort, intro-
duced the students to many more religions than we do today. How-
ever, the fact that some of these had survived and were still alive,
did not prevent the courses from stopping short soon after the birth
of the religions, and the study was exclusively centered on the clas-
sical texts.
Today, the students cannot understand that it was ever possible to
give a course on lslam and stop at, say, al-Ghazzali. Today lslam
is not only alive "out there" outside Europe and Denmark, it is also
a live reality here and now, and lslam has been high up on the pub'
lic agenda for more than 15 years. So even if the classical texts are
still read and the methods for doing so are discussed, texts and
methodological questions of quite another kind have to be present-
ed from the very beginning: Contemporary Muslim voices, in books
or on the lnternet, public debates on Muslims and integration, on
Muslims and gender, ofl Muslims, human rights and democracy,
inter-religious dialogue between Muslims and Christians, Oriental-
ist discussions etc. Also, questions about how to communicate and
represent lslam to an audience of Muslims and anti-Muslims
:ii
ii responding directly to the representations must be discussed. On
l
r.. ir
Though this development is especially evident with regard to
lslam, it actually includes the study and teaching of all the living
religions, Christianity included. This development, including the
efforts to study "religions in locality", as well as to study the way
religious groups them atize their traditions in relation to ethical and
political issues, makes it necessary to use methods formerly
employed almost solely by the sociologists or anthropologists of
religion, and - with regard to the study of the renewal of traditions
taking place in relation to e.g. ethical issues - concepts and per-
spectives from philosophy"
This drive towards the present and the interest in e.g. minority reli-
gions and NRMs shows in almost every area. lt has tong ago
blurred the line between the history of religions and the sociology of
religion, and it has as indicated above great consequences for the
curricula. I am not sure that my colleagues in copenhagen or
Aarhus do as I do, but for many years now my courses in Greek and
Hellenistic religion include material on the study of NRMs today and
the study of religions in the Hellenistic era from the perspective of
the study of NRMs and minority-majority religions.
The same kind of up-to-date approach accompanies introductions
to indigenous religions. Here, as in the case of lslam and Greek reli-
gion, the past and present use of these religions in the construction
of "us" and a European identity cannot be neglected. Besides,
indigenous religions are still alive and present, be it in New Age
practices or spirituality, certain ecological movements inctuded, or
in the courtrooms and international fora where fights over rights to
ancestral remains and territorial rights are fought. These matters
also need to be incorporated in the study and teaching.
Though this devetopment may seem to have come about almost
by itself, some of it, however, did not come about without resist-
ance and dispute. This is true especially with the study of NRMs
and New Age. Lecturing at the department in Copenhagen on the

Afro-Brazilian religions (candombté, umbanda et al) in 1986, one

r, ij
iil top of this are visits to local mosques, interviews with imams, con-
lir I

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jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pá9. 419-444,2A02 jensen, tim. lmaginárlo - usp, flo B, pág. 419-444,2002

,'i í:! |] ::
of my students, M. Rothstein, wanted to specialize in candomblé. I think, however, that it is correct to say that the engagement in the
r",i
llr '
I
The "old dogs" at the department were quite reluctant. Accordlng public debate by Danish scholars of religion has been renewed and
to tradition everybody had to be initiated into the History of Reli- reinforced during the last 1 0 to 15 years. My own debut on the
i
i gions through mastering a classical language, preferably Greek, scene dates back to 1974, when I tried to introduce lV. Eliade to the
1,,

it
Latin, Sanscrit or Arabic or the like. Consequently, it was not public in an essay published in a left-wing, intellectual newspaper.
,rl
: good enough to master Portuguese and do fieldwork in Brazil. lf The essay criticized the way Hopi ritual was represented to the pub-
rt

lic by a Danish poet with a strong taste for "natives" as mental and
Iit,

Rothstein wanted to pursue his interest, he had to learn,'classi-

,i

lt introduced Eliade's interpretation of

I

.t:l
J,
cal" Yoruba - even if it really (at that time at least) did not matter ecological alternatives.
,,|
"archaic religion" as a radical unfolding of the "otherness" of the
that much to most adepts in Brazil, except as a symbol of age and
"other", praising Eliade for his efforts to introduce such "foreign
tradition.
worlds" to a broader public and subscribing to Eliade's appeal (in
Rothstein gave up the project, but the time for change had come,
i i i ili'l
the programmatic essay, "A New Hurnanism") to scholars of religion
and he soon set sail towards something much worse (in the opinion not to leave it up to journalisfs, poets, and others to dominate the
of his critics) than Afro-Brazilian religions, namely NRMs, applying public discourse on religion.
theories, methods and terminology from the history of religions/com-
So, the essay tried to promote the study of religions, our profession
parative religion as well as from the sociology of religion.
(and our careers) as well as my ideologically based interest in using
I t:. tl Today, Rothstein is without doubt the leading Danish specialist in the study of religions to challenge the values and views on religion
the comparative study of NRMs, but he is no longer the only one. taken for granted by the majority. Allowing for certain modifications
He, history, and RENNER (Research Network on New Religions, in ideology and strategy (due to changes in the history of religions,
I içtjiii;,:; i; r.::
now running with a special focus on new religions and globaliza- in public discourses on religion as well as in my personal and aca-
. i:i 'l tion) paved the way for a number of young scholars and a host of demic view on religion), this has been centrat to my "activist" agen-
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students to specialize in NRMs - and with the exception of an iso- da ever since. An agenda with some similarities to the agendas of
. tl I lated few (mostly theologians of a certain kind), nobody today con- say K. Rudolph and more recently R.T. McCutcheon.
fírl
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siders the study of NRMs, New Age nor contemporary religions at Sorne twenty-two years later, in 1996, Rothstein and I had succeed-
l

large as inferior or as something to be left for "proper" sociologists ed so well in introducing the scholar of religion (or, to be precise,
of religion" ourselves) as experts as well as cultural intellectuals that lwas
enrolled in a panel of intellectuals delivering a bi-weekly critical col-
umn in Denmark's leading weekly. Today Rothstein, who already in
f rnru-i tí:i* Iv':i"\' tl;rr,lcl'1n ti'r* 1:lrlil[* ri1]hÍ]rH)
1996 had managed to undermine the privileged position of the
Vilhelm Grsnbech, the grand old man of the History of Religion in famous anti-cult theologian and apologist, Johannes Aagaard, âs
Denmark, is famous for having combined his academic enterprises the one and only expert to turn to in matters on NRMs, has his own
bi-weekly critical column in another daily.
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with active participation in the public debates as a cultural critic,
i, .i
rli i
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i, using his study on religions to promote his ideals for Western and In 1996, however, I wrote another essay, "Rend mig i religionen...",
,.] Danish culture and society. But engagement in the public debate by in another daily. The title may be (politely) translated into English as
scholars of religion did not end with Granbech. H. Siiger, A. Hvidt- something like "Religion... so what?" or "Religion, who cares!". The
feldt, and P. Bilde among others have been active in the field too. title signals that things have changed since 1974. ln l gT4lwanted
i;--i.'

, ,:|:

432 433
 jensen, tim. lmaginario - usp, ffo B, pág. 419-444,2002
more (about) religion in the newspapers. ln 1996 I could hardly
breathe: Religion was everywhere in the news, in ladies magazines,
in special sections devoted to religion and ethics, even in left-wing
papers. Everybody wrote about religion, everybody seemed inter-
r l:lil:: :lllif: ii i:.:i
ested in religion - still however too often in an uncritical manner.
Does this situation, I asked, challenge scholars of religion to revise
their business and the way they represent religíons to the increas-
ingly interested public? Moreover, does the situation not force rnore
scholars to enter the public, cultural, and political battlefield, com-
bining their learning with an activist, critical, and political agenda? ls
the re-politicization of religion not inevitably equal to the politiciza-
tion of the study and representation of religion?
ln 1996, then, there was no need to ask the public to take a greater
interest in religion. There was, however, a renerrued appeal for the
scholar of religion to appear in public with his or her analyses of
"religion" as a historical and social construct. An appeal to decon-
struct religion as something sui genefls, to analyze how rhetoric on
religion is used in the continual Íight for the right to define reality and
the "normal", and as a marker for personal and cultural identity, for
"oneness" and "otherness."
The need for the 1996 essay seems to indicate that the efforts to
promote a scholarly approach to religion had failed. That the public
discourse on religion was far from being critical, historical and com-
parative in perspective. That the efforts to deconstruct the dominat-
ing provincial Protestant Lutheran concept of religion, to challenge
stereotypes and reifications, including Muslim ones, of lslam and
any other religion had left no traces. That our participation in public
debates about the legal position of the minority religions and the
content and status of the teaching about religion in public schools
had all been in vain
Well, I do not think so. Certainly, we have nof succeeded in bringing
Enlightenment (back) to everybody and into all discourse on reli-
gion. Neo-romanticist and neo-nationalist as well as religious dis-
courses still dominates. But it has not been all in vain. The scholars
who have participated, as experts and cultural critics, in the public
434
jensen, tim. lmaginário - usp, ro B, pá9. 419-444,20A2
debate on religion, have their share in the increased number of stu-
dents at the departments. They have helped make the academic
study of religions better known and more visible. They have helped
journalists and others to a (after all) more nuanced picture of vari-
l
ous religions, lslam and NRMs especially. Furthermore, they have
succeeded in breaking the general monopoly of theologians as
experts on everything religious and as the sole reviewers of books
in the newspapers.
Likewise, the many textbooks published for: RE in the gymnasium
(earlier written almost only by RE-teachers themselves) during the
late 80's and 90's by a range of scholars have helped link the school
subject even closer to the secular, non-theological academic study
oÍ religions.
Another even more manifest result of the active participation by
scholars in the public debate on religion (as well as of the many arti-
cles and books written on the concept of religion, new religions,
minority religions, church/state relations et al. in the academic peri-
odicals) was the change in policy by the Ministry of Ecclesiastical
Affairs in 1998. Until then, the Bishop of Copenhagen, the primus
inter pares of the Danish bishops, had functioned as counsel to the
Ministry on matters pertaining to requests for legal status as a reli-
gious denomination. ln 1998, the bishop was replaced by a commit-
tee of experts, headed by Armin Geertz, This advisory committee
consists of a historian of religions (Armin Geertz), a sociologist of
religion (Margit Warburg), a non-ordained theologian (Jorgen Sten-
brek), and a professor of law (Eva Smith). I consider this a victory
-
for the secular, academic study of religion and a nice conse-
quence of a lucky combination of scholars going public and others
primarily operating in the academic world.
The scholarly and political activity indicated above naturally invites
opposition and cr,iticism. Also from colleagues. Do we not turn our
discipline into an instrument in the service of the secutar, pluratis-
tic society, and is this turn any better than serving the opposite
side? Have we not returned to some sort of naive criticism of reli-
gion? Have we not used comparison in ways not far from the
church fathers,Frazer, Max Müller, or M. Eliade, that is, for propa-
435
 -rF
jensen, tim. lmaginário - usp, flo 8, pág. 419-444,2002
ganda instead of science? Have we not helped create religious
interest in religion, rather than interest in the critical study of reli-
il ,r I
gion? Have we defiled the pure academic study of religion by
going public?
These and many more questions can and must be raised and dis-
cussed in detail in relation to theoretical and methodological ques-
tions and in relation to the Iong history of the sihotar of religion as
cultural critic. I addressed some of these questions in 1996, and
since then they have been touched upon at various occasions. Most
recently some of the questions were discussed at a seminar in
Aarhus in 1999 on values in the study of religions and in RE in
schools. The call for the seminar was timely, but it also shows that
we are far from the final victory. We may have made some progress
since 1970, but in 1970, the academic study of religion was not
forced to rethink itself in terms of a public debate on values, that is
on the background of a public demand for each and every citizen to
help create or recreate values - values most often not identical with
the values of the critical analysis of religion.
The call for the seminar, Armin Geertz' catl for more theory and
more methods, and my appeal to colleagues to enter the public
debate in larger number, bear witness not only to the progress of a
more scientific study of religion and its greater influence on the pub-
lic debate: Together with other developments in the Danish society
and debate, it may equally well be seen to witness the progress of
the mentioned neo-nationalist, neo-romantic and pro-religious cul-
tural climate that may be a menace to the very same critical study of
religion and the project of the Enlightenment pursued by some
scholars of religion.
Finally it can be mentioned that the DAHR at its Iatest annual
meeting in connection with a critical discussion of an official paper
on so-called core values in religious education at all levels, the
universities included, had an intense debate on the possible role
of the DAHR in matters pertaining to the politics of religious edu-
cation as well as to the politics of religion and identity. While some
members wanted the DAHR to take upon it a political role, defend-
ing the secular non-theological study of religions as well as a sec-
436
jensen, tim. lmaginário - usp, flo 8, pág. 419-444,2002
ular, pluralist society, most members warned against this. Some
even threatened to leave the DAHR if it took any steps in that
direction - an indication, perhaps, of disagreement on what a
political agenda for the study of religions might look like, and what
basic values it would entail.
concluclíng remariis
It is my conviction that the large majority of scholars in Denmark
approve of the developments mentioned in this paper - even if they
may not agree in my description of them. This is true, I believe, also
for the general development of the History of Religions as practised
and conceived of in 197A into the present Study of Religions as a
multi-methodological discipline trying to emancipate itself from its
theological heritage in order to become a study of humans and soci-
eties instead of gods.
By and large, it is also my conviction that the study of religions in
Denmark so far has managed to strike a batance between tradition
and renewal, between e.g. more classical historical-philological
work with ancient religions and texts and the study of contemporary
religions. Most of the old dogs developing theory and method in the
study of rituals and myth, in comparative religion and in general, at
the same time continue their more specialized studies in e.g. Egypt-
ian religion (J. Podemann Ssrensen), lndian religions (M. Aktor, E.
Reenberg Sand), old Norse religion (J.P. Schodt), old Testament
and New Testament religion (K. Nielsen, L. Kruse Blinkenberg, p.
Bilde, H.J. Lundager Jensen), Christian Church history (C. Riis, C,
Breengaard), Greek, Roman, Hellenistic and Celtic religion (T.
Jensen, P. Bilde, J.Vanggaard, L. Albinus, J. podemann sorensen,
M.L. Warmind), Judaism (P. Steensgaard Paludan), indigenous reli-
gions (A W. Geertz, T. Tybjerg), lslam (J. sinding Jensen, J. Skov-
gaard Petersen), and quite a few of them lately have contributed to
a revised series of the textual sources of the religions of the world.
The study of contemporary religion, then, is still balanced by studies
in classical religious traditions, field work is still balanced by histori-
437

jensen, tim. lmaginário - usp, 0o B, pág. 419-444,2AA2
cal-philological work and theoretical, metatheoretical and method-
ological reflections with empirical work.
This, however, does not mean that the development and the present
situation is without problems, not the least pedagogical/didactic and
practical problems. To mention only a few: When we can no longer
limit ourselves to a few notes on the introduction of fieldwork by Mali-
nowski and his followers, but have to make sure that those (quite a
few) of our students who are not specializing in past religions but in
present, living religions, can apply fieldwork methods and are well
versed in the latest discussions on theory, method, representation,
gender, power, identity building, intercultural communication, minori-
ty religions, immigration, globalization etc., how, then, do we (and
they) find time for the traditional initiation into a specific philology?
We have long ago given the graduate students the possibility to learn
other languages than the classical ones, realizing of course that it
would be kind of strange if a student specializing in contemporary
Hopi religion, Christian religion in Mexico, Brazil or Africa, or Muslim
discourses on the internet, would have to spen d 1-2 years learning
Latin, Greek, Sanscrit or the like in order to be one of "us".
Yet, confronted with all the things we have to teach the students
now that the traditional History of Religions has changed into the
much broader Study of Religions, it may be hard to uphold even the
modified demand for the traditional kind of philological competence.
Of course, it may still be useful for a student specializing in Pente-
costalism in Denmark to be able to read New Testament Greek. But
is it so important that we want him or her to spend 1-2 years learn-
ing Greek when instead he or she could develop other skills or the
same kind of methodological competence without actually learning
a language? Realizing that we have no longer the time for introduc-
ing students to the same range of religions as was the case in the
70's, and that this kind of "encyclopedic" knowledge of the religions
of the world has been extremely valuable in making the old dogs
fairly competent scholars in comparative religion, then maybe it is
time to give up the demand for a philology and get rnore time for
more religions, past and present?
438
jensen, tim. lmaginário - usp, ho 8, pag. 419-444,2002
On the other hand: Though I am definitely in favour of the turn
towards contemporary religion, a multitude of methods, analyses
not only of myth and ritual, but also of power and gender, I do worry
whether in the future we will be able to strike a balance. How many
more specialists in the Veda, in Greek religion, in Egyptian religion,
to name but a few classical areas, will we be able to produce? How
many students capable of reading the al-Quran as well as analyzing
al-Jazeera or the internet-pages run by Danish Muslims? And, well
aware that the usefulness of the category "myth" may be discussed
and that our traditional studies of myth may have led us away from
what "religion is really about", I sure would hate to see "myth" and
other like terms and phenomena disappear altogether.
Also, we have to face that our deconstruction of what we call "reli-
gion" as well as the deconstructlon of the traditional History of Reli-
gions may be the first step towards the deconstruction also of spe-
cific departments of the Study of Religions. But, I see no alternative.
It is part and parcel of the continuous effort to de-theologize our
business and turn the study of religions into a truly scientific, critical,
and self-critical enterprise.
The study of religions in Denmark, then, may be said to be in a cri-
sis, a sort of "betwixt and between", with no next stage of integra-
tion in sight. I do, however, so far share the opinion expressed
also by A. Geertz: lf the study of religions in Denmark is in a crisis,
betwixt and between, then - like many a crisis and liminal phase -
it is a creative one. What we may need, however, is inspiration
and collaboration with scholars alt around the world, not the least
scholars of religion who have never been brought up in the tradi-
tions most of us have. Then, ofl the other hand, we may be of
some help when it comes to the implementation of some of the
many virtues which - after all - are also part and parcel of the old
fashioned History of Religions. Also, after all, special departments
for the study of religions, emancipated from theology, are not so
bad, and over here we do have some experience in setting up and
running these departments, even if at the same time we are
deconstructing traditional notions of religion and traditional
notions of the study of religions.
439
 T
jensen, iím. lmaginário - usp, flo B, pá9. 419-444,2AA2
Abstnaat: ln this paper, the author offers a view on the devet-
opment of religion studies in Denmark, and advocates the
idea that an integration of the traditional European way of
studying religion and the Brazilian "traditional" one may
prove advantageous for both.
Key words: religion studies, Denmark, Brazil, tradition vs. re-
neritlal.
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44A
jensen, tim. lmaginário - usp, ffo 8, pág. 419-444,2A02
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blica" (Vries, 2001 )(cf. também Hall ,20A2). Ele tambem afirma, um
Sou grata tamtrém a Jr:na-
- status and perspectives". ln Dansk Íeo/ogisk og religÍonsvidenskabelig tanto profeticamente, que "tratar da violência em relação à religião tlran Reynolds por fontes su-
forskning. Ksbenhavn: Statens Humanistiske Forskningsràd, 23-37
e em toda a complexidade adicionat de suas origens, mediações e plemeniares, a Matthews A,
TYLOCH, W. (ed.) (1990). Sfudies on Religions in the Context of Socia/ Scr- Ojo por úteís acrescirnos, e a
encesi Methodotogical and Theoretical Relations, Warsaw: Polish Soci- efeitos parece um projeto topico". lbrai'rirn Aclo-l(urawa por'

seus comentarios críticos.

ety for the Science of Religions Certamente os trágicos eventos de 11 de setembro de 2001 oca-
WARBURG, M. (1988). "Uncovering Bahai ldentity". ln E. Karlsaune (ed.). sionaram uma multidão de publicações sobre violência religiosa- z Cf.
tl(ingstr:rr, 20001 #i3ti5i
Contemparar y Retigiousity, X. Nordiske konferensen i religionssociolo-
mente motivada, notadamente no que se relaciona ao lslã radical para uma crítica das ligaço*s

gi, Religionsvitenskapelig lnstitut, Universitetet i Trondheim, 79-94. supersintpliiicaclas enirE !slã

ou político.2 Embora o foco dessas publicações tenha geralmen- e víolência, Para textos mais
te sido o Oriente Medio, a Nigeria se destacou em algumas des- nuançados, ver Esposita
in Bahai in Denmark, 1925-1987". ln Geertz, A.W. & J. Sinding Jensen (2002) e Rasliid (2ü02).
sas discussôes por causa de sua história de tensões e violência
(eds.). Retigion, Tradition, and Renewal. Aarhus: Aarhus University
entre muçulmanos e cristãos. Mais recentemente, essas tensões
Press, '1991 ,201-221.

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