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Direito das Empresas I

Fontes de Direito do Trabalho

As fontes de direito do trabalho são todos os modos de produção e de revelação de normas


jurídicas no domínio laboral. Por ordem hierárquica temos:

1. A Constituição.; 2. Fontes Internacionais.

3. Leis do trabalho CT;

4. Convenções coletivas de trabalho.

1. A Constituição
Aplicabilidade direta
As normas da constituição da república dividem-se em normas diretamente aplicáveis e normas
não diretamente aplicáveis. As primeiras concedem diretamente direitos aso cidadãos, que
quando violados podem ser invocados em tribunais. São geralmente de caracter moral. O
capítulo II da CRP (direitos, liberdades e garantias) é composto por um conjunto de normas que
resultam numa aplicabilidade direta para os cidadãos. Constitui um exemplo de noma
diretamente aplicável o artigo 3º da CRP:

Artigo 13.º (Princípio da igualdade)

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a


lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de


qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo,
raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou
ideológicas, instrução, situação económica ou condição social.

No entanto, nem todas as normas da CRP têm esta aplicabilidade direta e imediata. Algumas
normas traduzem um princípio e objetivos sociais que dificilmente poderão ter uma
aplicabilidade direta e imediata. Têm geralmente uma componente financeira. Para ser aplicável
requer legislação complementar e formas de concretização que não dependem somente da lei.
constitui um exemplo de normas não diretamente aplicáveis o seguinte artigo da CRP:

Artigo 58.º (Direito ao trabalho)

Todos têm direito ao trabalho.

O direito à habitação é igualmente uma norma que não possui aplicabilidade direta. Isto quer
dizer que um cidadão não pode ir a um tribunal e reclamar que este direito lhe seja satisfeito.

A constituição e o trabalho

Artigo 18.º (Força jurídica)


1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e
garantias são diretamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e
privadas.

2. A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos


expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao
necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos.

3. As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias têm de revestir


carácter geral e abstrato e não podem ter efeito retractivo nem diminuir a
extensão e o alcance do conteúdo essencial dos preceitos constitucionais.

A constituição e o direito coletivo do trabalho

Artigo 54.º (Comissões de trabalhadores)

1. É direito dos trabalhadores criarem comissões de trabalhadores para


defesa dos seus interesses e intervenção democrática na vida da empresa.

2. Os trabalhadores deliberam a constituição, aprovam os estatutos e


elegem, por voto direto e secreto, os membros das comissões de
trabalhadores.

3. Podem ser criadas comissões coordenadoras para melhor intervenção na


reestruturação económica e por forma a garantir os interesses dos
trabalhadores.

4. Os membros das comissões gozam da proteção legal reconhecida aos


delegados sindicais.

5. Constituem direitos das comissões de trabalhadores:

a) Receber todas as informações necessárias ao exercício da sua catividade;

b) Exercer o controlo de gestão nas empresas;

c) Participar nos processos de reestruturação da empresa, especialmente no


tocante a ações de formação ou quando ocorra alteração das condições de
trabalho;

d) Participar na elaboração da legislação do trabalho e dos planos


económico-sociais que contemplem o respetivo sector;

e) Gerir ou participar na gestão das obras sociais da empresa;

f) Promover a eleição de representantes dos trabalhadores para os órgãos


sociais de empresas pertencentes ao Estado ou a outras entidades públicas,
nos termos da lei.

É importante referir que comissão de trabalhadores é diferente de sindicatos pois os primeiros


são uma organização dentro da empresa.
2.Direito Internacional
Constituído por convenções e acordos internacionais que Portugal celebrou e que por
isso vigoram diretamente em direito interno ou ordenamento jurídico português.

Artigo 8.º (Direito internacional)

2. As normas constantes de convenções internacionais regularmente


ratificadas ou aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação
oficial e enquanto vincularem internacionalmente o Estado Português.

As Convenções Internacionais Gerais.

 A Declaração Universal dos Direitos do Homem- que constitui fonte de


interpretação da própria Constituição, segundo o art. 16º:

Artigo 16.º (Âmbito e sentido dos direitos fundamentais)

1. Os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem


quaisquer outros constantes das leis e das regras aplicáveis de direito
internacional.

2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais


devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração
Universal dos Direitos do Homem.

 Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

 No âmbito do Conselho da Europa a Carta Social Europeia.

A Organização Internacional do trabalho (OIT)- Convenções


Trata-se de uma organização especializada no âmbito das Nações Unidas.

Direito Comunitário
 O princípio da livre circulação de trabalhadores;
 A não discriminação em função da nacionalidade;
 A Coordenação dos regimes de segurança social;
 O Fundo Social Europeu como suporte financeiro para o fomento do emprego
qualificado.
Muitas das alterações do código do trabalho resultam da transposição para o direito interno de
normas comunitárias.

3.Direito Interno
Artigo1.º(Fontesespecíficas)
O contrato de trabalho está sujeito, em especial, aos instrumentos de
regulamentação coletiva de trabalho, assim como aos usos laborais que não
contrariem o princípio da boa fé.

Concluímos, assim, que internamente o trabalho é regulamentado por instrumentos de


regulamentação do trabalho. Estes, por suas vezes, podem dividir-se em negociais e não
negociais.
Artigo2.º
1 — Os instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho podem ser
negociais ou não negociais.

2 — Os instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho negociais são


a convenção coletiva, o acordo de adesão e a decisão arbitral em processo
de arbitragem voluntária.

Instrumentos negociais de regulamentação coletiva do trabalho.


Convenções coletivas:

 coletivos: as convenções celebradas entre associações sindicais e associações de


empregadores. Regulamentam um setor de atividade.
 Acordos coletivos: as convenções celebradas por associações sindicais e uma
pluralidade de empregadores/diferentes empresas. Neste caso, o acordo só vincula as
empresas que o celebram não todo o setor. Ao contrário do que acontece no código do
trabalho, ode as normas são uniformes, pode haver normas que acabam por favorecer
mais uns trabalhadores do que outros.
 Acordos de empresa: as convenções subscritas por associações sindicais e um
empregador para uma empresa ou estabelecimento. Uma mesma empresa pode
celebrar acordos com vários sindicatos.
Instrumentos não negociais de regulamentação do trabalho
 o regulamento de extensão;
 o regulamento de condições mínimas;
 decisão de arbitragem obrigatória.

Relacionamento entre o Código do Trabalho e os IRCT


Artigo3.º
As normas legais reguladoras de contrato de trabalho podem ser afastadas
por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, salvo quando
delas resultar o contrário.

3. As normas legais reguladoras de contrato de trabalho só podem ser


afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho que, sem
oposição daquelas normas, disponha em sentido mais favorável aos
trabalhadores quando respeitem às seguintes matérias:

a) Direitos de personalidade, igualdade e não discriminação;

b) Protecção na parentalidade;

c) Trabalho de menores;

d) Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida,

com deficiência ou doença crónica;

e) Trabalhador -estudante; …
As normas do código do trabalho podem ser substituídas pela regulamentação coletiva
do trabalho. Este é o princípio, mas existem algumas exceções que ocorrem quando o
este código impede tal substituição. Nas matérias em que isto acontece a
regulamentação coletiva em princípio só pode alterar as normas legais se forem mais
favoráveis para o trabalhador

Relacionamento entre o CT e contratos individuais de trabalho


Artigo3º

4.As normas legais reguladoras de contrato de trabalho só podem ser


afastadas por contrato individual que estabeleça condições mais favoráveis
para o trabalhador, se delas não resultar o contrário.

É interessante notar que o código do trabalho pode geralmente ser afastado pelos RCT no
estanto o contrato de trabalho só o pode fazer se for mais favorável para o trabalhador. Isto
acontece porque no primeiro caso os interesses do trabalhador já se encontram
salvaguardados por um sindicato que representa e negoceia os direitos dos trabalhadores.
Desta forma se houver alguma situação menos favorável para o trabalhador esta será
compensada de alguma forma. No segundo caso o trabalhador está em desvantagem, mais
desprotegido e não tem tanto poder negocial.

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