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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

Obturação dos canais radiculares: análise do volume da guta


percha por µCT, da resistência de união do material obturador por
push out e da interface adesiva por MEV

Renata de Araújo Coelho


Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gariba Silva

Ribeirão Preto
2012
Renata de Araújo Coelho

Obturação dos canais radiculares: análise do volume da guta


percha por µCT, da resistência de união do material obturador
por push out e da interface adesiva por MEV

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia


da Universidade de Ribeirão Preto, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Doutor em Odontologia, área de concentração
Endodontia.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gariba Silva

Ribeirão Preto
2012
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
Técnico da Biblioteca Central da UNAERP

- Universidade de Ribeirão Preto –

Coelho, Renata de Araújo, 1978 -.


C672o Obturação dos canais radiculares: análise do volume da guta
percha por µCT, da resistência de união do material obturador por
push out e da interface adesiva por MEV / Renata de Araújo
Coelho. - - Ribeirão Preto, 2012.
71f.: il. color. + anexo.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gariba Silva.

Tese (doutorado) - Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP,


Odontologia, área de concentração: Endodontia. Ribeirão Preto,
2012.

1. Odontologia. 2. Endodontia. 3. Canais radiculares -


Obturação. 4. Microtomografia computadorizada. I. Título.
CDD: 617.6342
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Pesquisas em Odontologia

da Universidade de Ribeirão Preto.


Dedicatórias
Aos meus queridos pais,

Maria Elza de Araújo Coelho e José Martonio Alves Coelho,

por sempre tentarem amenizar os tombos que tenho levado no decorrer da vida, aos

ensinamentos sobre caráter e honestidade.

Ao amor da minha vida,

Thiago Bianchini de Almeida,

pelo companheirismo, amizade e por trazer mais brilho e alegria para a minha vida.

Te amo!

Aos meus irmãos,

Rafaella, Rodney e Rodger de Araújo Coelho,

pela torcida a favor.

Aos meus sobrinhos,

Matheus, Gabriel e Enzo pela alegria proporcionada a toda família,

sou apaixonada por vocês.


Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo Gariba Silva, por ceder seu precioso tempo e

compartilhar seus conhecimentos para me ajudar a construir este trabalho, sua

orientação sempre muito engrandecedora.


À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Ribeirão Preto -

UNAERP, Profa. Dra. Yara T. Corrêa Silva Sousa, agradeço por ter tido tempo todas

as vezes que precisei conversar, por sempre estar disposta a achar o melhor caminho

para conduzir as mais diversas situações. Por ser uma profissional muito competente e

ao mesmo tempo uma pessoa amável e amiga. Saiba que tenho um carinho todo

especial por ti.

Aos professores do curso de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de

Ribeirão Preto, Prof. Dr. Antônio Miranda da Cruz Filho, Prof. Dra. Aline

Evangelista Souza Gabriel, Prof. Dr. Carlos Eduardo Saraiva Miranda, Prof.

Celso Bernardo de Souza Filho, Profa. Dra. Danielle C. Furtado Messias, Prof.

Dr. Danyel Elias da Cruz Perez, Prof. Dr. Edson Alfredo, Prof. Dr. Luiz Pascoal

Vansan, Prof. Manoel Henrique Cintra Gabarra, Profa. Dra. Melissa Andréia

Marchesan, Profa. Dra. Neide Aparecida de Souza Lehfeld, Prof. Dr. Ricardo

Gariba Silva, Prof. Dr. Silvio Rocha Correa da Silva, Profa. Dra. Yara T. C. Silva

Sousa, obrigada pelos ensinamentos doados.

Ao Prof. Dr. Manoel de Sousa Neto, por ter me ajudado de diversas maneiras

durante a execução desta pesquisa. Tenho uma admiração muito grande pelo

pesquisador que é e me orgulho de ter sido sua aluna.


Ao Prof. Dr. Edson Alfredo, pela contribuição imprescindível na realização da

metodologia.

Ao Prof. Dr. Silvio Rocha Corrêa da Silva, pela ajuda na estatística desta pesquisa.

Ao colega João Felipe Bonatto Bruniera, pela colaboração na execução do

experimento.

À colega Graziela Bianchi Leoni, pela ajuda prestada na execução do experimento.

Aos colegas de turma, Alessandro Rogério Giovani, Flávia Sens Fagundes,

Francisca Tereza Coelho Matos, Fuad Jacob Abi Rached Júnior e Suellen

Zaitter, pelos aprendizados ao longo desses anos.

À Cecília Maria Zanferdini e Joana Néia Vieira, secretárias da pós-graduação, pelo

pronto atendimento sempre que solicitado.

À Marina Janólio Ferreira e Amarildo Marques da Silva, pela atenção doada

durante todos esses anos.

Aos funcionários da clínica de Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto, Ana

Carolina Dias, Ana Paula Jacomoni, Carla Scandar Teixeira, Cláudio de Paula
Joaquim, Prof. Danilo Alessandro de Oliveira, Evaldo Antônio Evangelista,

Fábio Juliano do Santos, Fabíola Domenes de Sousa, Juliana Volgarini, Lúcia

Helena Bianchi, Marilena Heredia, Regina Lúcia Ramos, Sérgio Pereira de

Mendonça e Simone Andréa D. G. Baroni pela gentileza durante todo o período da

minha pós-graduação.

 
Saber que se sabe o que se sabe, e saber
que não se sabe o que não se sabe; eis a
verdadeira ciência.

Confúcio
Resumo
____________________________________________________________________________________________________Resumo

No presente estudo, analisou-se, após diferentes preparos cervicais, o volume do cone

principal de guta percha quando da sua seleção e o volume da guta percha na massa

obturadora, por meio de microtomografia computadorizada (μCT); a resistência de

união do cimento à dentina radicular, por meio do teste de push out e a interface

dentina/cimento obturador por microscopia eletrônica de varredura (MEV). Quarenta

caninos superiores humanos, preparados pelo sistema K3 Endo até a lima 55/.02,

irrigação-aspiração com NaOCl 2,5%, inundação final com EDTA 17%, foram divididos

em 4 grupos (n=10): SP – sem preparo cervical, GG – preparo com Gates-Glidden, LA

(LA Axxess) e SX (SX ProTaper). Realizou-se μCT - SkyScan 1174 (50 kV, 800 mA, 40

W, resolução espacial 30 µm, ciclo 360º), para avaliar a adaptação do cone na

extremidade apical. Após obturação com cimento AH Plus por meio da técnica da

condensação lateral ativa, realizou-se novamente μCT para avaliar o volume de guta

percha na massa obturadora, em relação ao volume do canal radicular. Em seguida os

espécimes foram cortados em slices de 1 mm e testados em máquina universal de

ensaios (Instron 4444). O segundoslice de cada amostra foi analisado por MEV. Na

seleção do cone, a guta percha preencheu 66,58±17,12% no SP; 79,39±11,86% no

GG; 74,68±21,62% no LA e 77,10±11,82% no SX, do volume do canal. Após a

obturação, 94,91±5,51%; 96,22±3,59%; 92,68±4,14% e 87,09±18,22%. Houve

diferença entre o SP e os demais: SP- T=-4,001 (p=0,016); GG- T=-2,250 (p=0,109);

LA- T=-0,767 (p=0,523), e SX- T=-1,047 (p=0,354). No push out todos os grupos se

apresentaram estatisticamente semelhantes (p=0,15), com valores de 4,70±2,1 MPa

para o SP; 2,37±1,54 MPa para o GG; 3,62±1,85 MPa no LA e 4,26±2,33 MPa no SX. A

MEV mostrou tags em todos com exceção do SP, com gaps. O preparo cervical não

afetou a resistência adesiva do material obturador, entretanto, demonstrou maior

imbricação do mesmo com a dentina evidenciada pelo maior número de tags e ausência

de gaps.
Summary
___________________________________________________________________________________________________Summary

This study analyzed the volume of the main gutta-percha cone about its selection and
the volume of gutta-percha on the filling mass after different cervical preparations by
using Computerized Microtomography (µCT); the bond strength of the sealer to the
dentin by push out test and the interface dentin/filling by using Scanning Electron
Microscopy (SEM). Forty human upper canines, which was prepared by K3 Endo system
until #55/.02, irrigation-aspiration with 2.5% NaOCl, final irrigation with 17% EDTA,
were divided into 4 groups (n=10): SP – no cervical preparation; GG – prepared with
Gates-Glidden; LA – prepared with LA Axxess and SX – prepared with SX ProTaper. To
evaluate the cone adaptation to the apical end, it was performed µCT – SkyScan 1174
(50 kV, 800 mA, 40 W, spatial resolution 30 µm, cicle 360o). After obturation with AH
Plus using lateral condensation technique, µCT was performed again to evaluate the
volume of gutta-percha on the filling mass in relation to the volume of root canal.
Samples were cut in 1 mm slices and tested in universal testing machine (Instron 4444),
while intact slices were analyzed by SEM. In the cone selection, gutta-percha filled
66.58±17.12% in SP; 79.39±11.86% in GG; 74.68±21.62% in LA, and 77.10±11.82%
in SX, of the total root canal volume. After the obturation, 94.91±5.51%; 96.22±3.59%;
92.68±4.14%, and 87.09±18.22%. It was observed a significant difference between SP
and the other groups: SP- T=-4.001 (p=0.016); GG- T=-2.250 (p=0.109); LA- T=-0.767
(p=0.523), and SX- T=-1.047 (p=0.354). In push out test, all the groups were statically
similar (p=0.15) (values: 4.70±2.1 Mpa for SP; 2.38±1.54 MPa for GG; 3.62±1.85 MPa
for LA, and 4.26±2.33 MPa for SX). All the groups presented tags when analyzed by
SEM with exception for SP, which presented gaps. The preparation of the cervical
samples did not affect the bond strength of the filling material, which presented higher
imbrication with the dentin when the preparation of the samples was performed. This
was indicated by the presence of tags and absence of gaps on the groups analyzed.
Sumário
Resumo

Summary

Introdução ...................................................................................................... 01

Revista da Literatura........................................................................................ 07

Proposição....................................................................................................... 61

Material e Métodos.......................................................................................... 63

Resultados...................................................................................................... 75

Discussão........................................................................................................ 83

Conclusões...................................................................................................... 91

Referências Bibliográficas................................................................................. 93

Anexo

Introdução
A obturação dos canais radiculares visa essencialmente o preenchimento de todo

o espaço preparado e limpo dos canais, de forma tridimensional (ARI et al., 2010). A

obturação tridimensional, bem compactada, previne a percolação e a microinfiltração de

exsudatos periapicais para o interior dos canais radiculares, a reinfecção e cria ambiente

biológico favorável para a cura (WU et al., 2006; ARI et al., 2010).

Para obturar os canais, rotineiramente, é feita a associação da guta percha, sob a

forma de cones ou plastificada, com os cimentos obturadores. Para alcançar o


- 2 - Introdução______________________________________________________________________________________________

hermetismo, dois pontos são fundamentais na obturação do canal radicular: a seleção

do cone principal e a utilização de um cimento obturador; caso contrário, poderá ocorrer

o fracasso do tratamento endodôntico (PINEDA et al., 2005). Convém salientar que,

quanto maior a área ocupada pela guta percha, considera-se que maior é a qualidade

da obturação dos canais radiculares (SOUZA et al., 2009), visto que o espaço a ser

ocupado pelo cimento obturador, responsável pela infiltração e falhas na obturação ao

longo dos tempos, é reduzido (WU et al., 2002).

De acordo com as especificações da American National Standards Institute n° 78,

os cones de guta percha devem apresentar calibre e conicidade compatíveis com as

limas endodônticas convencionais e devem se adaptar perfeitamente à região apical do

canal radicular, de modo a proporcionar vedação apical que impeça a entrada de fluidos

teciduais periapicais, microrganismos e seus produtos no canal radicular já obturado

(KOPPER et al., 2007).

Apesar de toda evolução em relação às normas de padronização, percebe-se que

nem sempre há coincidência numérica entre o instrumento utilizado no preparo apical e

a numeração do cone principal, estabelecido pela norma ISO n° 3630-1. O travamento

do cone, muitas vezes, não assegura a sua correta adaptação à porção apical do canal,

que somente acontece quando há correspondência entre a forma da secção do canal

com a do cone, o que poderá comprometer a qualidade do selamento apical na

obturação, devido à obliteração incompleta do sistema de canais radiculares (PINEDA et

al., 2005).
_______________________________________________________________________________________________________Introdução - 3 -

Para a correta seleção do cone principal de guta percha, realizam-se alguns

testes, dentre os quais: o visual, no qual o cone selecionado e pré-mensurado com a

medida do comprimento de trabalho, percorre todo o canal radicular até encontrar o

ponto de referência do dente; o tátil, que permite a verificação do travamento pelo tato

e que é confirmado por um exame radiográfico periapical, revelador do seu

posicionamento ao atingir o limite mais apical do comprimento de trabalho (WAECHTER

et al., 2009). Esses testes, porém, não são precisos já que podem sofrer interferências

de alterações anatômicas tal como ocorre com os instrumentos endodônticos durante a

exploração inicial do canal radicular. Nestes casos essa dificuldade é contornada

mediante o alargamento prévio do terço cervical do canal, com a eliminação de

possíveis interferências (CONTRERAS et al., 2001; TAN; MESSER, 2002; BARROSO et

al., 2005; PÉCORA et al., 2005; VANNI et al., 2005; IBELLI et al., 2007; CECCHIN,

2009). Tais interferências ocorrem pela contínua e progressiva formação de dentina na

câmara pulpar que estreita o diâmetro do canal radicular, principalmente no terço

cervical (BAUGH; WALLACE, 2005). Um novo conceito de preparo do canal radicular foi

introduzido a partir da ampliação reversa, em que a manipulação do canal é realizada

de cervical para apical, mediante a utilização da associação de limas endodônticas com

outros instrumentos para ampliar a porção cervical do canal radicular, com o objetivo de

melhorar a eficiência das manobras de limpeza e de modelagem do canal sem criar

deformações e desvios. Assim, grande importância se dá ao preparo da embocadura do

canal radicular (SILVEIRA et al., 2008). Além disso, a realização do preparo de cervical

para apical promove menor quantidade de material extruído para além do forame apical
- 4 - Introdução______________________________________________________________________________________________

durante o preparo do canal radicular, o que torna o ato operatório mais seguro,

principalmente nos casos de necrose pulpar (ER et al., 2005).

O correto preparo do terço cervical e o do terço médio permitem que os

instrumentos sofram menos interferências ao percorrerem essas regiões, e suas ações

fiquem mais concentradas no terço apical. Além disso, o alargamento dos terços cervical

e médio permite que o instrumento tenha acesso mais retilíneo ao terço apical, o que

reduz a possibilidade de ocorrência de acidentes durante o preparo biomecânico

(TORABINEJAD, 1994).

A seleção correta do cone, bem como a sua perfeita adaptação no batente apical,

influencia diretamente na qualidade da obturação do canal radicular, cujo controle de

qualidade pode ser feito por meio de radiografias periapicais, ou também por meio da

tomografia computadorizada (TC) (GARIB et al., 2007; ABUABARA et al., 2008; SILVA

FILHO, 2011).

Na Endodontia, a tomografia computadorizada de feixe cônico (cone-beam

computed tomography - CBCT) é utilizada para o diagnóstico periapical, avaliação da

anatomia do canal radicular, de defeitos relacionados às lesões de reabsorção radicular,

elucidar suspeitas da existência de perfurações e no planejamento de cirurgias

parendodônticas (PATEL; HORNER, 2009a ; IOANNIDIS et al., 2011), bem como para

detectar a ocorrência de fraturas (ÖZER, 2011), com superioridade em relação ao

exame radiográfico convencional (GAMBARINI et al., 2011; ZHANG et al., 2011).

Microtomografias computadorizadas de alta resolução (µCT) são um tipo de

tomografia computadorizada por feixe cônico (CBCT) utilizadas para avaliar formas
_______________________________________________________________________________________________________Introdução - 5 -

tridimensionais e volumes dos canais radiculares na Endodontia experimental (IKRAM et

al., 2009; MOORE et al., 2009; VIER-PELISSER et al., 2010). Essa técnica apresenta

como vantagem o fato de não exigir preparação dos dentes avaliados, com destaque

para a natureza não destrutiva do processo (YIN et al., 2010; VIER-PELISSER et al.,

2010; SOMMA et al., 2011). Além disso, a µCT permite a obtenção de imagens com boa

resolução geométrica, em tempos relativamente curtos de aquisição, mediante

procedimentos operacionais simples, protocolos de varredura rápidos, com baixos

custos de aquisição da imagem e de manutenção do aparelho (SCHAMBACH et al.,

2010). Deve ser destacada a possibilidade de observar ex vivo fraturas dentais, lesões

cariosas, secções do esmalte e da dentina (NAGASAWA et al., 2010) e estudar as

técnicas de preparo do canal radicular (PETERS et al., 2010), porém com a limitação de

amostras experimentais reduzidas (PETERS; PAQUÉ, 2011).

Há que se considerar, em relação à guta percha e à sua falta de adesividade, o

fato de que, mesmo que esteja bem adaptada às paredes dos canais radiculares, deve

existir, na massa obturadora, um meio cimentante que promova a união dos cones de

guta percha entre si e destes com a dentina (CHANDRASEKHAR et al., 2011), de modo

que a massa fique aderida às paredes dentinárias.

Assim, diante da importância da obturação hermética dos canais radiculares para

garantir o sucesso da terapêutica endodôntica, da importância da seleção do cone

principal de guta percha para se alcançar o hermetismo do selamento dos canais e da

resistência de união da massa obturadora às paredes dos canais, percebe-se a


- 6 - Introdução______________________________________________________________________________________________

necessidade do estudo da adaptação do cone principal, a qualidade da obturação

realizada em condições análogas àquelas realizadas na clínica odontológica.


Revista da Literatura
Para facilitar a leitura e o entendimento desta revista, optou-se pela sua divisão em

tópicos, sendo que, neles, os artigos são apresentados em ordem cronológica.

I – PREPARO CERVICAL DOS CANAIS RADICULARES

CARRASCOZA; PENSE (1994) realizaram um estudo comparativo envolvendo a

técnica escalonada e a técnica de preparo cervical, avaliando a presença de desvio


- 8 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

apical, conicidade dos preparos e regularidade das paredes dos preparos. Após sete dias

do preparo das duas técnicas, efetuou-se a moldagem de cada canal radicular com

material de impressão à base de silicona. Os dentes foram então descalcificados e, logo

após, removeu-se a estrutura dental remanescente, com o intuito de obter os modelos

de canal preparado. Os resultados mostraram que a técnica de preparo cervical

promoveu menor índice de desvio apical, melhor preparo cônico contínuo e exibiu uma

melhor regularidade das paredes do preparo do que a técnica escalonada. Como base

nos resultados pode-se concluir que o preparo cervical antes da realização da

instrumentação permite a realização de um tratamento endodôntico com melhor

qualidade.

IBARROLA et al. (1999) avaliaram a influência da ampliação cervical na passagem

da lima até o forame apical e na performance do localizador apical Root ZX. Um

instrumento calibre 10 foi introduzido no canal até o localizador indicar que o forame

apical fosse atingido. Neste comprimento, os instrumentos foram presos com

cianocrilato na região coronária e as raízes foram lixadas até que o forame apical e o

instrumento fossem vistos. As amostras foram analisadas com aumento de 25 vezes e a

mensuração da constricção apical até a ponta do instrumento foi mensurada. Os dados

obtidos mostraram maior diferença (0,4 mm) entre as discrepâncias no grupo em que

não foi realizada ampliação cervical, quando comparado ao grupo em que foi realizada a

ampliação cervical (0,04 mm). Assim, os autores concluíram que a ampliação cervical

facilitou a passagem do instrumento até o forame apical e melhorou o desempenho do

localizador apical Root ZX.


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 9 -

CONTRERAS et al. (2001) compararam o primeiro instrumento que se prende no

ápice, no comprimento de trabalho, antes e após o preparo cervical com brocas Gates

Glidden (calibre 2, 3, 4, 5 e 6) e Radip Body Shapers (calibre 1, 2 , 3 e 4). Neste estudo,

a determinação do instrumento apical inicial, em cem canais mesiais de primeiros e

segundos molares inferiores, foi realizada por meio da sensibilidade táctil, e confirmada

por tomadas radiográficas. A discrepância entre a lima ajustada no comprimento de

trabalho, antes e após o alargamento cervical, foi verificada nos dois grupos. Os

resultados evidenciaram que houve diferença entre os valores dos diâmetros das limas

com e sem alargamento, e que o aumento das limas que se ajustaram no ápice foi de

até dois diâmetros, tanto para o grupo alargado com Gates-Glidden, quanto para o

grupo alargado com Rapid Body Shaper, porém sem diferença estatisticamente

significante entre os tipos de alargadores cervicais utilizados. Os autores concluíram que

a realização do alargamento prévio da região cervical permitiu a escolha mais precisa do

instrumento apical inicial.

WU et al. (2001) avaliaram a qualidade de obturações de canais radiculares

ovais, feitas com as técnicas da guta percha fria e aquecida em dois grupos de pré-

molares inferiores, que, depois de instrumentados, foram obturados pela técnica da

condensação lateral fria e da condensação vertical da guta percha aquecida. Os autores

se valeram do estudo da infiltração marginal apical, detectada com o modelo de

transporte de fluido. Após esse teste, os dentes foram seccionados a 2 e 4 mm do

ápice, e a área do canal foi mensurada. A qualidade das obturações foi calculada como

porcentagem da área do canal ocupada pela guta percha (PGP). Os resultados


- 10 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

mostraram que a grupo do aquecimento apresentou maior PGP do que o da guta percha

fria, apenas a 4 mm do ápice. Concluíram que a compactação vertical da guta percha

aquecida permite alcançar obturações de melhor qualidade do que aquelas feitas com

condensação lateral fria, em canais ovais.

BARBIZAM et al. (2002) estudaram, por meio de análise histológica, a capacidade

de limpeza promovida pela instrumentação rotatória com instrumento de Ni-Ti em

canais radiculares achatados no sentido mesio-distal, irrigados com água destilada. Os

resultados mostraram que, em canais radiculares com achatamento mesio-distal, a

técnica de instrumentação manual com limas de aço inoxidável é mais eficiente na

limpeza, quando comparada à instrumentação rotatória com instrumento de Ni-Ti e que

nenhuma das técnicas testadas foi capaz de limpar completamente os canais

radiculares.

TAN; MESSER (2002) fizeram um estudo com o objetivo de determinar o tipo de

instrumento (tipo K e Lightspeed) e o impacto do preparo cervical na determinação do

instrumento apical inicial que se prende no comprimento de trabalho. Cada canal foi

calibrado usando instrumentos tipo K e Lightspeed seqüencialmente mais calibrosos até

se prender no comprimento de trabalho, antes e após o preparo dos terços cervical e

médio. Os resultados mostraram que, em geral, a média estimada do diâmetro

anatômico com instrumentos Lightspeed foi maior do que com os instrumentos tipo K.

Os autores concluíram que a detecção da região de constricção apical e a determinação

do diâmetro do instrumento que se prende no comprimento de trabalho são realizadas

por meio da sensibilidade táctil do profissional, e estão baseadas na suposição de que o


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 11 -

canal radicular é atresiado em sua porção apical. Assim, a lima passaria sem restrições

até este ponto. Os métodos tradicionais de determinação do diâmetro anatômico da

região apical têm subestimado o real diâmetro desta região. O mais correto seria

determinar o tamanho de cada canal individualmente e, posteriormente, o instrumento

mais adequado para promover a limpeza e modelagem da região apical.

WU et al. (2002) avaliaram se o primeiro instrumento que se prende no

comprimento de trabalho corresponde ao real diâmetro anatômico do canal. No primeiro

grupo, foram utilizados instrumentos tipo K e, no outro, instrumentos Ligthspeed. Sem

ver os instrumentos, um avaliador inseriu-os no canal, aumentando seus calibres

seqüencialmente a partir da lima 10. Quando a sensação de travamento na região apical

ocorria, esse valor foi anotado e o instrumento fixado no comprimento de trabalho. Os

ápices foram então seccionados e analisados em microscópio com 40x de aumento. A

discrepância entre o diâmetro do canal e do instrumento foi avaliada. Em 90% dos

canais o diâmetro do instrumento foi menor do que o diâmetro do canal, sendo que

essa não houve diferença estatisticamente significante entre os dois grupos. Em 25%

dos canais, o instrumento não tocou em nenhuma parede do canal radicular no

comprimento de trabalho e, em 75% dos canais, o instrumento entrou em contato com

pelo menos uma parede do canal. Os autores concluíram que o uso do primeiro

instrumento que se prende no comprimento de trabalho para medir o diâmetro

anatômico do canal não é um método confiável para orientar o alargamento apical.

JARRETT et al. (2004) compararam a densidade apical de obturações de canais

radiculares realizadas com várias técnicas, em 70 molares superiores, cujas raízes


- 12 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

palatinas foram instrumentadas até o #60, e obturadas com o cimento Kerr’s Pulp Canal

Sealer, com 7 técnicas diferentes. As raízes palatinas foram separadas das coroas,

descalcificadas, e seccionadas horizontalmente a 2 e a 4 mm do ápice. As secções foram

fotografadas através de microscópio, e se estabeleceu a área do canal que foi ocupada

pela guta percha. O Simplifill – utilizado como preconiza o fabricante - e o Thermafil

apresentaram a maior média de área obturada, mas nem um nem outro foram

estatisticamente melhores do que a compactação mecânica lateral ou a compactação

vertical aquecida (WVC, técnica de Schilder), mas foram melhores do que a

condensação lateral fria, WVC (onda contínua) e o grupo do Simplifill modificado. A

condensação lateral mecânica e a WVC (Schilder) apresentaram área estatisticamente

significante com mais guta percha do que a WVC (onda contínua) e a técnica do

Simplifill modificada. A condensação lateral fria e a WVC (onda contínua) apresentaram

mais área obturada do que o Simplifill modificado. O Simplifill, como recomendado pelo

fabricante, o Thermafil, a condensação mecânica lateral e a WVC (Schilder) propiciaram

obturações mais completas de guta percha nos níveis de 2 e 4 mm do ápice do que as

técnicas de condensação lateral fria, WVC (onda contínua) e o Simplifill usado de forma

modificada, concluíram os autores. Até o presente momento, a guta percha associada a

um cimento obturador é o material mais utilizado na obturação, sendo que o cimento é

quem promove o selamento, embora alguns deles apresentem contração durante o

endurecimento, enquanto outros são suscetíveis à desintegração. Consequentemente, a

quantidade de cimento obturador deve ser reduzida ao mínimo, a uma fina camada
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 13 -

presente entre a guta percha e as paredes dos canais. Para se conseguir isso, a

quantidade de guta percha na obturação deve ser maximizada.

BARROSO et al. (2005) avaliaram a influência do pré-alargamento cervical na

determinação do instrumento apical inicial em raízes vestibulares de pré-molares

superiores por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os dentes foram divididos

em 5 grupos, de acordo com o tipo de alargamento realizado no terço cervical e médio

de cada canal:Grupo 1- sem alargamento cervical; Grupo 2 – brocas Gates-Glidden (90,

110); Grupo 3 – instrumentos K3 Orifice Openers; Grupo 4 – instrumentos ProTaper;

Grupo 5 – brocas LA Axxess. Foram realizadas secções transversais e observadas por

microscopia eletrônica de varredura e a diferença entre o menor diâmetro do canal e o

diâmetro do instrumento apical inicial foi calculada para cada amostra. Os autores

concluíram que o alargamento dos terços cervical e médio tornou a determinação do

diâmetro anatômico mais precisa no comprimento de trabalho e que o pré-alargamento

do canal realizado com brocas LA Axxess evidenciaram maior precisão do travamento

das limas no diâmetro anatômico.

PÉCORA et al. (2005) investigaram a influência do preparo cervical com

diferentes instrumentos na determinação do instrumetno inicial apical (IAI) que mais se

ajusta ao chegar ao comprimento de trabalho. Os autores utilizaram 40 incisivos

centrais superiores foi determinado o comprimento de trabalho de cada espécime e os

dentes foram divididos em 4 grupos: G1 – determinação do instruemnto inicial apical

sem preparo cervical e médio; G2 – alargamento dos terços médio e cervical com

brocas Gates Gliden (90, 110 e 130); G3 – preparo dos terços médio e cervical com
- 14 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

instrumentos Quantec Flare e G4 - preparo com brocas LA Axxess. A determinação do

IAI foi realizada manualmente com limas tipo K em ordem crescente de diâmetro a

partir da lima 08 até se chegar ao instrumento que permitisse ao operador ter a

sensação tátil do mesmo estar firmemente ajustado ao comprimento de trabalho, o

instrumento selecionado de cada dente foi registrado. Os ápices foram observados em

lupa estereoscópica e calculado a diferença entre o diâmetro da lima e do canal. A broca

LA Axxess apresentrou a menor diferença entre os valores dos diâmetros (lima e

forame). Os autores concluíram que os canasi preaprados com as Brocas LA Axxess

criaram uam relação mais precisa entre o diâmetro do IAI e o diâmetro anatômico.

PINEDA et al. (2005) compararam os níveis de infiltração apical de corante azul

de metileno em pré-molares superiores, birradiculares, com raízes divergentes e ápice

completamente fechado, quando uma das raízes foi instrumentada com a técnica

escalonada e a outra raiz com o Sistema Profile. Os dentes foram instrumentados com

limas K-Flexofile e limas do sistema Profile, e obturados com cones de guta percha e

cimento Endofill, usando-se a técnica de condensação lateral. A infiltração apical foi

avaliada por medida linear, em lupa estereoscópica, por dois examinadores. Os

resultados mostraram que, independentemente da técnica de instrumentação utilizada,

aconteceu infiltração. Observou-se que os maiores níveis de infiltração aconteceram nas

amostras que foram instrumentadas com a técnica rotatória. Nesses dentes, a matriz

apical não foi conformada. Estatisticamente, os valores de infiltração entre os grupos

experimentais não foram significantes (p=0,0753). Segundo os autores, durante o

preparo do canal, faz-se a sua modelagem para posterior obturação, que deve ser o
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 15 -

mais hermética possível para propiciar a marcha da cicatrização, promovendo o sucesso

da terapia. Para que isso seja possível, a escolha do cone principal e a utilização de um

cimento obturador são pontos fundamentais nessa etapa do tratamento. A não-

observância desses princípios pode levar ao fracasso do tratamento endodôntico, devido

à infiltração através do forame apical.

RAYMUNDO et al. (2005) avaliaram in vitro, por meio do exame radiográfico, a

qualidade do preenchimento de canais laterais de 60 dentes extraídos, utilizando

cimento de Grossman em conjunto com a aplicação de diferentes técnicas obturadoras,

ou seja, McSpadden, híbrida de Tagger, Thermafil e condensação lateral. Os resultados

foram obtidos com a análise das radiografias finais, em que se observou a superioridade

do sistema Thermafil em relação às demais técnicas testadas para o preenchimento dos

canais laterais. Os autores informaram que a guta percha, quando no estado plástico,

preenche de forma mais eficiente o sistema radicular, e que as técnicas

termoplastificadas proporcionam melhor selagem apical e aspecto mais homogêneo e

denso à massa obturadora quando comparada àquela proporcionada por outras

técnicas, como a da condensação lateral.

VANNI et al. (2005) avaliaram a influência do pré-alargamento cervical na

determinação do instrumento apical inicial em raízes mésio-vestibulares de molares

superiores por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os dentes foram divididos

aleatoriamente em 5 grupos (n=10), de acordo com o tipo de alargamento realizado:

Grupo 1: sem alargamento cervical; Grupo 2: brocas Gates-Glidden; Grupo 3:

OrificeOpener; Grupo 4; ProTaper; Grupo 5: LA Axxess. Os autores concluíram que o


- 16 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

pré-alargamento dos terços cervical e médio permitiu uma melhor determinação do

instrumento apical inicial. O Grupo 5 (LA Axxess) obteve a melhor adaptação no

diâmetro anatômico no comprimento de trabalho em raízes mésio-vestibulares de

primeiros molares.

LAZZARETTI et al. (2006) avaliaram a influência do alargamento cervical prévio,

com brocas Gates-Glidden, instrumentos Orifice Openers e brocas LA Axxess, na

determinação do comprimento real de trabalho do canal mésio-vestibular de primeiros

molares inferiores. Foram realizadas medidas da odontometria antes e após o preparo

do terço cervical. A leitura de duas tomadas radiográficas foi realizada com a utilização

de um paquímetro digital para averiguar a discrepância entre ambas as tomadas

radiográficas. Os dados mostraram que todos os grupos apresentaram diminuição do

comprimento de trabalho após a realização da ampliação cervical. Além disso, os grupos

preparados com instrumentos Orifice Opener e LA Axxess apresentaram os melhores

resultados. Os autores concluíram que o preparo cervical prévio reduz as interferências

da entrada dos canais radiculares e permite a determinação do comprimento de

trabalho com maior precisão.

WU et al. (2006) avaliaram questões relacionadas ao tratamento endodôntico e o

combate à infecção dos canais radiculares, bem como alguns aspectos relacionados à

infecção residual no tratamento, em artigo de revisão de literatura. Para os autores, o

desenvolvimento de tratamentos que possam efetivamente eliminar a infecção radicular

é uma prioridade na pesquisa endodôntica clínica. Doenças que se seguem ao

tratamento endodôntico realizado estão frequentemente associadas com a realização de


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 17 -

procedimentos operatórios deficientes, que não removem a infecção intracanal. Essa

situação, esclarecem os autores, pode ser corrigida pela via não cirúrgica. Entretanto,

infecção remanescente, em áreas inacessíveis, extrarradiculares, aqui incluída a dentina

extruída além do forame apical, com bactéria presente nos túbulos dentinários, cistos

radiculares verdadeiros, e reações de corpo estranho, requerem intervenção cirúrgica.

Todo o espaço preparado e limpo do canal radicular deve ser preenchido pela

obturação, com o objetivo de evitar patologias posteriores. Não se pode deixar espaços

que permitam a instalação e proliferação de microrganismos, esclarecem os

pesquisadores.

IBELLI et al. (2007) avaliaram a influência do pré-alargamento da região cervical

na determinação do instrumento apical inicial em incisivos laterais superiores. Os

autores utilizaram 40 incisivos que foram divididos de acordo com o instrumento de

alargamento, no GI: não foi realizado alargamento, GII: foi alargado com instrumentos

Orifice Opener, Grupo 3: brocas Gates-Glidden e Grupo 4: LA Axxess. Foi realizada a

odontometria de maneira manual uma lima manual n° 8 foi inserida nos canais

passivamente, o instrumento mais calibroso que transmitiu sensação de travamento no

comprimento de trabalho foi preso ao conduto com cianoacrilato e posteriormente

fotografado, depois a diferença entre o menor diâmetro do canal e o diâmetro do

instrumento apical inicial foi calculada. A maior discrepância observada foi no GI (sem

preparo cervical) e o grupo que reproduziu de maneira mais correta foi o GIV (LA

Axxess), com isso, os autores puderam concluir que o alargamento da região cervical de
- 18 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

incisivos laterais superiores com LA Axxess refletiu com maior precisão o diâmetro

anatômico no comprimento de trabalho desse grupo dental.

KOPPER et al. (2007) avaliaram o diâmetro da ponta de cones de guta percha

principais, de 1ª e 2ª séries, de várias marcas, para avaliar se estavam de acordo com a

especificação da American National Standards Institute/American Dental Association

(ANSI/ADA) n. 78. A mensuração dos cones revelou que apenas os cones de número 15

não diferiram entre as marcas estudadas, sendo que o diâmetro da ponta dos cones de

guta percha números 35 e 55, da Tanari, 15, 45 e 70, da Endopoits, e 20, 25, 30, 35,

40, 45, 50, 55, 60, 70, 80, da Dentsply-Maillefer, apresentou diferenças estatisticamente

significativas (p≤0,05) quando comparado ao valor estabelecido pela especificação da

ANSI/ADA n. 78. Concluíram que os cones de guta percha números 35 e 55 da Tanari,

números 15, 45 e 70 da Endopoints e todos, com exceção dos de número 15, da

Dentsply-Maillefer, não estão de acordo com a especificação da ANSI/ADA n. 78.

Segundo os autores, os cones de guta percha principais, de acordo com a especificação

citada, devem apresentar calibre e conicidade compatíveis com as limas endodônticas

convencionais, e suas seleções constituem etapa importante no procedimento de

obturação, já que deverão se adaptar perfeitamente na porção apical do canal radicular,

proporcionando vedação apical que impeça a entrada de fluidos teciduais periapicais,

microrganismos e seus produtos no canal radicular já obturado. Caso a padronização

dos cones principais esteja adequada, o cone de calibre compatível com o do último

instrumento empregado na confecção do batente apical, terá a adaptação desejada.


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 19 -

ABUABARA et al. (2008) estudaram a ocorrência de duas raízes palatinas no

primeiro molar superior permanente, bem como a capacidade da CBCT de diagnosticar

essa ocorrência anatômica. Para a pesquisa, analisaram 37 pacientes, que foram

submetidos ao exame tomográfico. Apenas um dente (2%) apresentou duas raízes

palatinas, ou seja, 4 raízes no total, e 5 canais, o que faz com que essa possibilidade de

ocorrência deva ser considerada quando do tratamento desses dentes. A CBCT mostrou-

se eficiente para o diagnóstico da morfologia dos canais radiculares, e muito eficiente na

Endodontia.

SCHMITZ et al. (2008) investigaram a influência do preparo cervical com

diferentes instrumentos rotatórios na determinação do instrumento inicial apical em

raízes mésio-vestibulares de molares inferiores. Os autores utilizaram 50 molares com

os forames apicais mesiais separados. Os dentes foram divididos em 5 grupos de acordo

com o instrumento utilizado para o preparo cervical, no G1 o instrumento inicial apical

foi determinado sem a realização do preparo dos terços médio e cervical do dente; G2,

o preparo cervical foi realizado com brocas Gates-Glidden, G3, instrumentos do sistema

ProTaper, G4, preparo cervical realizado com EndoFlare e G5, brocas LA Axxess. Após a

determinação do comprimento de trabalho, o instrumento inicial apical foi determinado

pela sensibilidade táctil do operador, com a lima que mais se ajustava ao comprimento

de trabalho. Após determinado o instrumento apical inicial as limas foram fixadas com

cianoacrilato em posição e os espéciems foram cortados transversalmente a 1 mm do

ápice, e as secções foram examinadas em microscopia eletrônica de varredura. O G1

apresentou a maior porcentagem de discrepância entre o diâmetro do canal e o


- 20 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

diâmetro do instrumento, o G5 (LA Axxess) apresentou menor índice de discrepância

entre os diâmetros. Os autores concluíram que o preparo cervical melhora a adaptação

do instrumento apical inicial em raízes mésio-vestibulares de molares inferiores.

CECCHIN (2009) avaliou a influência do alargamento cervical na determinação do

instrumento apical inicial (IAI) no compriemento de trabalho de canais de primeiros

molares superiores e a forma desses canais a 1 mm do ápice. Os dentes foram divididos

em 5 grupos (n=10) de acordo com o tipo de preparo do terço médio e cervical

empregado, GI: sem preparo cervical; GII: preparo com brocas Gates Glidden; GIII:

AET (S1, SC, S2 e S3); GIV: GT Rotatory File (20/.06, 20/.08 e 20/.10) e GV: La Axxes

(20/06 e 35/06). O diâmetro das limas foi sucessivamente aumentado até se obter

sensação de travamento no comprimento de trabalho então foram realizadas secções

transversais e análise em MEV para o cálculo da porcentagem que o instrumento

ocupou da região apical (IAI), a forma do canal foi classificada em oval, circular ou

achatada. De acordo com os resultados encontrados o autor pode concluir que o canal

mésio-vestibular apresentou predomenantemente forma achatada, o canal disto-

vestibular forma circular e o canal palatino forma oval; e preparo dos terços cervical e

médio permitiram melhor adaptação do IAI e ainda, entre os instrumentos analisados o

preparpo cervical com a broca LA Axxes proporcionou melhor adaptação do instrumento

apical inicial no comprimento de trabalho.

CAMARGO et al. (2009) avaliaram a acurácia de diferentes localizadores apicais

após realização de preparo cervical. Quarenta incisivos inferiores tiveram o preparo

cervical com limas do sistema ProTaper (SX e S1) e após foi realizado determinação do
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 21 -

comprimento de trabalho. Os localizadores apicais utilizados foram: Root ZX, Elements

Diagnostic Unit e Apex Locator, Mini Apex Locator e Apex DSP foi realizada aferição do

comprimento de trabalho antes e após o preparo cervical. De acordo com os resultados

encontrados todos os localizadores apicais avaliados se mostraram eficientes na

medição do comprimento de trabalho, exceto o Apex DSP que obteve pior acurácia.

WAECHTER et al. (2009) avaliaram e compararam as medidas do diâmetro D1 de

cones estandardizados e secundários calibrados com régua calibradora, por meio da

medição do primeiro milímetro dos cones com um paquímetro digital. Para isso, os

autores utilizaram dez cones de guta percha estandardizados de cada calibre (#25, #30,

#35 e #40), marcas Dentsply/Maillefer e Tanari, e cones secundários B8 calibrados por

régua calibradora, perfazendo o total de 160 cones analisados. Verificou-se, também

seus diâmetros a 1 mm da ponta do cone (D1), com o auxílio de um paquímetro digital

eletrônico. Em uma das marcas, houve diferença estatisticamente significante entre os

cones padronizados e os calibrados. Quando se comparou o calibre dos cones

padronizados das duas marcas, também ocorreu diferença estatisticamente significante,

o que não aconteceu com os cones calibrados por régua calibradora. Concluíram que os

cones Tanari, em média, apresentaram resultado superior aos calibrados e aos da

marca Dentsply, nessa ordem. Os autores esclarecem que a falta de adaptação do cone

principal ocasiona falha na obturação do canal radicular, tendo como consequência a

presença de “espaços vazios”, o que gera diferentes graus de infiltrado inflamatório,

sendo mais grave quanto maior a distância entre a ponta do cone principal e o término

do preparo. A falta de compatibilidade do cone principal com o calibre da lima memória,


- 22 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

que muitas vezes não é percebida clinicamente pelos profissionais durante a prova do

cone, é capaz de ocasionar sobreobturação ou subobturação, podendo levar ao

insucesso da terapia a longo prazo.

SILVEIRA et al. (2010) avaliaram, por meio de MEV, a adaptação do primeiro

instrumento apical após preparo cervical em canais mesio-vestibulares e mesio-linguais

de molares inferiores. Após abertura coronária e determinação do comprimento de

trabalho foi realizado preparo cervical com brocas de Batt (2 e 4) e Gates Glidden (2 e

3) a partir dai se deu o preparo crown-down a partir da lima 45 até que se conseguisse

atingir o comprimento de trabalho, foi utilizado como referência a sensibilidade tátil dos

avaliadores. Após a primeira lima a atingir o comprimeto foi presa ao canal com

cianoacrilato e as raízes foram seccionadas perpendicularmente 1 mm do ápice. Foi

utilizada então MEV (Zeiss DSM 940A, Oberkochen, Alemanha - 200X) para avaliação da

região apical e software (Image J ) para quantificar as paredes tocadas pela lima. Os

resultados mostraram que a lima estava em contato com a parede do canal em 47,83%

e 31,73% nos canais mesio-vestibulares e canais mesio-linguais, respectivamente. Os

autores concluíram que a técnica utilizada nesse estudo não permitiu que a lima tocasse

em todas as paredes na região apical das raízes.

TENNERT et al. (2010) investigaram a discrepância entre o diâmetro apical inicial

de canais radiculares e o diâmetro que é determinado pelo instrumento apical inicial

após preparo cervical realizado com instrumentos rotatório de NiTi. Foram utilizados 40

molares inferiores e seus canais mésio-vestibulares foram divididos em 4 grupos. GI:

não foi realizado preparo cervical; GII: preparo cervical com FlexMaster, GIII: preparo
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 23 -

cervical realizado com ProTaper e GIV: preparo cervical realizado com RaCe. As limas

eram trocadas até que fosse sentida resistência na parede do canal no comprimento de

trabalho. Os autores concluíram que o preparo cervical aumenta a acurácia da

determinação do instrumento inicial. Houve diferença estatística entre os instrumento

utilizados para determinar o diâmetro apical inicial sendo que o RaCe obteve o melhor

resultado seguido do ProTaper e FlexMaster

DUARTE et al. (2011) avaliaram o efeito do pré-alargamento cervical com três

instrumentos rotatórios diferentes: LA Axxess, Gates-Glidden e OrificeShaper em raízes

mesiais de molares inferiores. Foram utilizados para esse estudo 53 raízes mesiais de 27

molares inferiores. Os dentes foram incluídos em resina acrílica e divididos

aleatoriamente em 3 grupos de acordo com o instrumento: G1, Gates Glidden 2 e 3; G2,

LA Axxess 20/.06 e 35/.06 e G3, Orifice Shaper 30/.06 e 40/.06. Foi feito uma secção

horizontal nas raízes 3 mm abaixo da junção amelo-cementária e então capturadas

imagens com câmera digital Nikon D70 (Nikon,Tokyo, Japão) antes e após a

instrumentação. Por meio de software Image Tools foram calculados em espessura o

aumento da área do canal e a espessura da dentina remanescente nas paredes mesial e

área de furca. A LA Axxess foi o instrumento que provocou maior desgaste na área

cervical após uso do primeiro instrumento. Os autores puderam concluir que os

instrumentos analisados promoveram aumento significante na área do canal radicular e

removeram dentina das paredes distal e mesial. Deve-se ponderar o uso da broca Gates

Glidden nº 3 e LA AXXEES 35/.06 no preparo cervical de raízes mesiais de molares

inferiores.
- 24 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

II – TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

COTTON et al. (2007) realizaram revisão de literatura sobre a tecnologia do feixe

cônico na Tomografia Computadorizada (TC), assim como as vantagens sobre a TC e

radiografias convencionais. Os autores citaram vários casos clínicos solucionados com a

ajuda da TC: patologia de origem não endodôntica, fratura radicular, reabsorção interna

e reabsorção cervical. De acordo com a literatura, a habilidade de visualizar uma área

de interesse em três dimensões beneficia profissionais experientes e não experientes. A

alta resolução das imagens da TC obtida com a tecnologia do feixe cônico tem auxiliado

na prática endodôntica. Como vantagens em comparação com a TC convencional cita-se

o aumento da acuidade no diagnóstico, alta resolução, tempo de escaneamento

reduzido, e redução da dose de radiação. E em relação às radiografias convencionais a

TC (feixe cônico) elimina superposição de estruturas adjacentes e mostra mais

informações clínicas de interesse. Os autores concluíram um diagnóstico acurado leva a

um resultado clínico melhor, a TC (feixe cônico) se prova uma inestimável ferramenta

na prática de uma endodontia moderna.

GARIB et al. (2007) realizaram revisão de literatura a respeito da tomografia

computadorizada, incluindo informações concernentes à aquisição de imagens, dose de

radiação e interpretação do exame tomográfico, com distinção entre a tomografia

computadorizada tradicional e a tomografia computadorizada de feixe cônico. A

tomografia computadorizada tradicional e a tomografia computadorizada de feixe cônico


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 25 -

permitem a obtenção de imagens em cortes da região dento-maxilo-facial, no entanto, a

única característica que apresentam em comum refere-se à utilização da radiação X. O

princípio pelo qual se obtém e se processam as imagens, a dose de radiação e o custo

do aparelho são completamente distintos entre os dois exames tomográficos. Os

autores concluíram que a tomografia computadorizada elimina sobreposições, tem

resolução nítida atribuída ao grande contraste da imagem e as reconstroem nos planos

axial, coronal, sagital e oblíquo, podendo também gerar uma visão tridimensional da

estrutura de interesse. E afirmaram que devido principalmente ao reduzido custo

financeiro e à menor dose de radiação, espera-se um crescente uso e difusão da

tomografia computadorizada de feixe cônico ocorrendo num futuro bem próximo na

Odontologia.

HAMMAD et al. (2009) investigaram e mediram a porcentagem do volume de

espaços vazios e lacunas em canais obturados com diferentes materiais obturadores,

por meio de microtomografia computadorizada. Os autores selecionaram 48 dentes

unirradiculares para o experimento. As coroas foram removidas e as raízes

instrumentadas com o sistema rotatório ProTaper até a lima F3. Os espécimes foram

aleatoriamente divididos em 4 grupos (n=12) de acordo com o material obturador

utilizado: G1, obturação com cones de guta percha e cimento TubliSeal pela técnica de

condensação lateral; G2, obturação com cones e cimento EndoRez, técnica da

condensação lateral; G3, raízes obturadas com cones Resilon e RealSeal, técnica da

condensação lateral e G4, obturação com cone principal único de guta percha e cimento

GuttaFlow. Após 72 horas, os dentes foram escaneados em microtomógrafo (SkyScan


- 26 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

1072, Kontich, Bélgica). Após o escaneamento a porcentagem de espaços vazios e

lacunas foram calculados. As raízes obturadas com guta percha apresentaram menor

índice de espaços vazios (1,02%) em comparação com as obturadas com Resilon/Real

Seal (4,28%). No terço cervical, as raízes obturadas com guta percha apresentaram

menor porcentagem de volume de espaços vazios (1,1%) e os obturados com GutaFlow

e cone único os maiores volumes (4,8%). No terço apical, os canais obturados com

GuttaFlow apresentaram menor porcentagem de volume de espaços vazios e lacunas

(1,5%) em relação aos obutrados com RealSeal (7,5%). Diante os resultados

encontrados, os autores concluíram que em nenhum dos materiais utilizados conseguiu-

se uma obturação sem espaços vazios ou lacunas e a guta percha com o TubliSeal

apresentaram obturações mais compactas.

HUYBRECHTS et al. (2009) analisaram espaços vazios em obturações de canais

radiculares, por meio de diferentes sistemas de imagens: analógicos, digitais e

tomografia computadorizada de feixe cônico. Os autores usaram 2 caninos inferiores

extraídos para fazer a análise. As coroas foram removidas, os canais foram

instrumentados com o sistema rotatório GT até a lima 40/.08 até 5 mm além do ápice,

depois de secos os canais foram preenchidos com TopSeal (cimento resinoso radiopaco)

introduzido por seringa e após foi introduzido um fio de aço (200, 300, 350, 500 ou 800

µm) progressivamente até o mais calibroso. O excesso de material foi removido e os

orifícios selados. As imagens das raízes foram realizadas com 5 diferentes sistemas de

imagens (Sigma CCD, Vistascan PSP, DigoraOptime PSP, filme E-speed, Accuitomo

CBCT). Em seguida os fios foram removidos das raízes e novas imagens foram
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 27 -

registradas e por fim a resina foi removida de dentro dos canais e novas imagens

realizadas. Os autores puderam concluir que para espaços vazios maiores ou iguais à

350 µm todos os sistemas foram capazes de detectar, para espaços menores que 350

µm as imagens digitais intra-orais apresentaram detecção similares e foram melhores

que os sistemas analógicos e a tomografia computadorizada. A tomografia

computadorizada de feixe cônico não parece oferecer informações adicionais sobre a

detecção de espaços vazios nas obturações dos canais radiculares observados.

IKRAM et al. (2009) avaliaram, por meio de microtomografia computadorizada, a

quantidade de tecido duro desgastado após remoção de tecido cariado, preparo do

dente para tratamento endodôntico e preparo para instalação de pino intra-radicular.

Vinte pré-molares extraídos que apresentavam cárie com envolvimento pulpar foram

selecionados. Os espécimes foram escaneados por microtomógrafo (GE Pre-clinical

Imaging, Londres, ON, Canadá) e registrado o volume de tecido duro. Esse registro foi

realizado após cada procedimento feito no dente (a espessura de cada fatia foi de 21

µm): remoção de tecido cariado, acesso à câmara pulpar, ao canal radicular, preparo

para espaço de retentor intra-radicular. Com exceção do preparo do canal radicular,

todos os procedimentos realizados aumentou significativamente a quantidade de volume

de tecido duro perdido. Os autores concluíram que o acesso à cavidade e preparo para

pino são procedimentos que o tratamento endodôntico mais causam perda de tecido

duro. A perda de estrutura dentária coronal causada pelo espaço para pino fundido é

maior do que a causada pela preparação de pino de fibra do mesmo tamanho. Esses
- 28 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

dados devem ser levados em consideração no planejamento de tratamento endodôntico

e protético-restaurador dos dentes.

MOORE et al. (2009) estudaram as alterações morfológicas no terço apical do

canal radicular após o preparo com três técnicas, em 40 molares, que foram submetidos

à µCT antes e após a instrumentação com (G1) limas tipo K usando a técnica da força

balanceada, (G2) igual ao anterior, associada ao refinamento apical da preparação com

o instrumento rotatório FlexMaster taper 0,04, (G3) com uso híbrido de

ProTaper/FlexMaster, tendo sido 8 dentes desprezados por problemas nas imagens. O

terço apical foi avaliado em relação à quantidade de dentina removida, sua secção,

transporte, e como as dimensões da área preparada correlacionavam com as do

instrumento final utilizado. Os resultados mostraram que a preparação apical média

para os três grupos foi, respectivamente, #30, #30 e #40. A quantidade de dentina

removida com a instrumentação híbrida foi pequena, mas a secção mais circular

(p<0,001), que se adaptava mais perfeitamente à secção do último instrumento

utilizado, (p<0,001) foi alcançada. Houve menor tendência de transporte com o uso de

instrumentos rotatórios de níquel-titânio. Em relação ao uso da tecnologia da µCT, os

autores realçam que se trata de método analítico não destrutivo, que permite aos

pesquisadores examinarem os efeitos da instrumentação dos canais radiculares em três

dimensões.

MOURA et al. (2009) analisaram imagens de lesões apicais em dentes com

tratamento endodôntico a fim de obter uma relação entre a presença de lesão apical e o

comprimento da obturação do tratamento endodôntico. Foram examinados 100 dentes


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 29 -

anteriores (72 incisivos superiores, 4 incisivos inferiores e 24 caninos superiores), 21

pré-molares superiores, 79 pré-molares inferiores, 37 molares superiores e 63 molares

inferiores. Foram observadas imagens de radiografias periapicais (técnica do

paralelismo) e tomografia computadorizada (modelo MCT-1; J. Morita Mfg Corp, Kyoto,

Japão). A presença de lesão periapical foi observada mais frequentemente em molares,

independentemente do método de diagnóstico empregado, e foi observada 16 vezes

maior quando observada por meio de tomografia computadorizada. Os autores

concluíram que as lesões periapicais são encontradas em todos os comprimentos de

obturação analisados e detectadas com mais freqüência quando a tomografia

computadorizada é utilizada.

PATEL; HORNER (2009), em artigo editorial, afirmaram que a CBCT constitui-se

em um dos principais avanços relacionados à aquisição de imagens de dentes e dos

ossos da região maxilofacial. Em poucos minutos, as imagens obtidas com a CBCT

reconstruídas permitem que se tenham informações tridimensionais da região

investigada, com doses menores de radiação para o paciente do que aquelas existentes

quando da realização de tomografias médicas, porém são elas maiores do que aquelas

recebidas pelo paciente durante o exame radiográfico dental de rotina. Todas as

especialidades odontológicas têm lançado mão desse recurso, e isso se reflete no

aumento do número de artigos científicos que estão sendo publicados relacionados à

CBCT, porém não no campo da Endodontia. Nesta área da Odontologia, a CBCT tem

sido utilizada para várias aplicações, incluindo o diagnóstico periapical, a avaliação da

anatomia do canal radicular, avaliação de defeitos de reabsorção, de suspeitas de


- 30 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

perfurações e no planejamento de cirurgia endodôntico, com exceções isoladas. A

literatura é dominada por relatos de casos e estudos observacionais sem um padrão de

referência. Há a necessidade de que sejam realizados estudos bem delineados,

validados, para avaliar a utilização da CBCT para o diagnóstico e tratamento de

problemas endodônticos.

PATEL et al. (2009a) compararam a precisão da radiografia periapical digital e da

CBCT na detecção de defeitos ósseos artificiais em mandíbulas humanas secas. Para a

pesquisa, prepararam artificialmente lesões de tamanhos variados na região periapical

da raiz distal de seis molares inferiores permanentes. Realizaram-se varreduras e

tomadas radiográficas digitais com, respectivamente, CBCT e CCD digital antes e após a

criação de cada lesão periapical. Determinaram-se a sensibilidade, a especificidade, os

valores preditivos positivos e negativos e as curvas de características do operador

receptor (ROC), bem como a reprodutibilidade de cada técnica. De modo geral, a

sensibilidade foi de 0,248 para a CBCT e 1,0 para a radiografia periapical digital, ou

seja, estas técnicas permitiram a identificação das lesões em 24,8 % e 100 % dos

casos, respectivamente. Ambas as técnicas apresentaram especificidade de 1,0. Os

valores de ROC Az foram de 0,791 para a radiografia periapical e 1,0 para a CBCT,

respectivamente. Os resultados obtidos sugerem que a CBCT é um recurso de imagem

valioso na detecção de dentes com problemas endodônticos, tais como pulpites e

periodontite periapical, tanto nos casos de lesões grandes quanto no das pequenas. Já

as radiografias periapicais intraorais foram mais precisas no diagnóstico de lesões

periapicais grandes do que no das pequenas, o que reflete, provavelmente, o aumento


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 31 -

de volume da destruição óssea. Os autores concluíram que, com a radiografia intra-oral,

os fatores externos (interferências anatômicas e geometria pobre de irradiação), que

fogem ao controle do clínico, dificultam a detecção das lesões periapicais. A CBCT

remove esses fatores externos, segundo os pesquisadores, e, além disso, permite ao

clínico selecionar as visões mais relevantes da área de interesse examinada, o que

resulta em melhoria na detecção da presença ou ausência de lesões periapicais

artificiais.

PATEL et al. (2009b) compararam a precisão da radiografia intraoral periapical

com a CBCT para a detecção e tratamento de lesões de rebsorção dental interna e

externa. Para isso, os autores realizaram radiografias intra-orais digitais e a CBCT em 5

pacientes com reabsorção dental interna e em 5 com rebsorção interna, tendo como

controle outros 5 pacientes que não apresentavam reabsorção e que foram submetidos

aos mesmos exames. Estabeleceu-se um diagnóstico “referência padrão” para cada

dente, bem como um plano de tratamento. Foram determinadas a sensibilidade,

especificidade, os valores preditivos positivos, os valores preditivos negativos e as

curvas de características do operador (ROC), bem como a reprodutibilidade de cada

técnica, para a precisão do diagnóstico e da opção de tratamento escolhida. Os valores

de ROC Az para a radiografia intra-oral foram 0,780 e 0,830 para a precisão diagnóstica

da reabsorção interna e cervical externa. Os valores de ROC Az para a CBCT foram

1.000 para ambas as reabsorções, ou seja, interna e reabsorção cervical externa. Houve

uma significativa maior prevalência (P = 0,028) para a correto opção de tratamento

escolhida com CBCT em comparação com radiografias intraorais. Os autores concluíram


- 32 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

que a CBCT foi eficaz e confiável na detecção da presença de lesões de reabsorção.

Embora a radiografia intraoral digital tenha demonstrado aceitável nível de precisão, a

exatidão superior da CBCT pode resultar em revisão das técnicas radiográficas usadas

para avaliar o tipo de lesão de reabsorção presente. A maior precisão do diagnóstico

CBCT também resultou em aumento da probabilidade de correto tratamento das lesões

de reabsorção.

SBERNA et al. (2009) realizaram análise quantitativa e qualitativa da anatomia do

canal radicular e o grau de alargamento durante a instrumentação por meio de

microtomografia computadorizada quantitativa periférica (Pqct). O estudo realizado foi

de caráter preliminar com apenas um dente analisado. Foi realizada abertura coronária

em uma raiz de primeiro pré-molar superior recém extraído e odontometria visual. Um

único operador instrumentou o dente com S1 Protaper. O instrumento foi acionado por

9 s com movimento longitudinal e depois mais 9 s com deslocamento lateral em apenas

um lado sendo o outro utilizado como controle. O dente foi escaneado por

microtomógrafo (Research SA+; Stratec Medizintechnik GmbH, Pforzheim, Germany) em

plano horizontal, produzindo 36 imagens transversais com distância de 0,5 mm. O

tempo total de varredura foi de 4 horas. Os autores concluíram que a metodologia de

reconstrução 3D, baseada em imagens obtidas pela Pqct, merece uma avaliação mais

sistemática para validar totalmente a sua aplicação na prática clínica como uma

ferramenta para análise qualitativa e quantitativa dos procedimentos endodônticos.

NAGASAWA et al. (2010) utilizaram a µCT para obter imagens de 55 dentes humanos

cariados e extraídos, o que permitiu o estudo da morfologia e progressão dos defeitos


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 33 -

causados pela cárie nos dentes, bem como um raro estudo na morfologia da cárie na

região da câmara pulpar, propiciando, assim, uma ferramenta útil e método eficiente

para o aprendizado dos estudantes. O estudo permitiu observar fraturas dentais, lesões

cariosas, secções do esmalte e da dentina.

PAQUÉ et al. (2010) avaliaram bi e tridimensionalmente, por meio de µCT, o

ajuste no comprimento de trabalho de lima K, após instrumentação do canal radicular.

Os autores usaram 12 molares superiores humanos e realizaram o escaneamento antes

e após a instrumentação dos canais radiculares. Os canais tiveram o terço médio e

cervical instrumentados com sistema rotatório PROFILE e brocas Gates Glidden e os

terços apicais foram instrumentados passivamente com limas tipo K, até ser selecionada

uma que ficasse justa ao comprimento de trabalho. Os dentes foram então escaneados

pelo sistema de microtomografia (µCT 40; Scanco Medical, Bruttisellen, Suíça). A área

média do canal ocupado pelos instrumentos no comprimento de trabalho foi menor que

40% em todos os tipos de canais estudados. Os autores concluíram não haver um

ajuste satisfatório da lima ao ápice devido sua forma não corresponder à anatomia do

canal radicular dos molares superiores.

PETERS et al. (2010) descreveram a habilidade de remoção de dentina de um

novo instrumento de níquel-titânio (lima auto-ajustável) por meio de µCT. Foram

selecionados 20 dentes pela semelhança do volume e geometria de seus canais. Os

dentes foram divididos em dois grupos, no grupo I os canais foram preparados com as

limas do sistema SAF com 1,5 mm de diâmetro e o grupo II com 2,0 mm. A

instrumentação foi iniciada com 2 minutos contínuos e depois os dentes foram


- 34 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

escaneados. As tomadas foram realizadas depois de 3, 4, 5 e 6 minutos de

instrumentação. No grupo II nenhum escaneamento foi feito após 6 minutos de

instrumentação. Um modelo virtual dos canais foi construído e as imagens superpostas.

Após análise das imagens, os autores concluíram que após 5 minutos de instrumentação

pequenas áreas não foram instrumentadas, a aplicação clínica desse novo sistema

dependerá da quantidade de dentina que se deseja remover com a instrumentação.

SANFELICE et al. (2010) avaliaram ex-vivo, por meio de CT, avaliaram a

quantidade de dentina removida da parede distal da raiz mesial de primeiros molares

utilizando quatro instrumentos no terço cervical. Uma tomografia inicial foi realizada em

todos os espécimes. As raízes mesiais foram separadas dos dentes formando quatro

grupos de oito raízes (8 mésio- vestibulares e 8 mésio-linguais). Grupo GG, o terço

cervical das raízes foram preparadas com brocas Gates-Glidden n° 1 e 2; Grupo PT o

desgaste foi realizado com brocas do sistema Pro-Taper S1, SX e S2; Grupo K3 uso do

sistema K3, 25/.08 e 25/.10 e Grupo LA onde as raízes foram preparadas com brocas LA

Axxess 20/.06 e 35/.06. Após o desgaste do terço cervical foi realizada uma nova

tomografia interpondo as imagens para aferição do desgaste. Os autores concluíram

que todos os instrumentos analisados são seguros para realização do desgaste do terço

cervical de raízes mesiais de molares inferiores.

SCHAMBACH et al. (2010) destacaram o incremento do uso da µCT na última

década. Para os autores, isso se deve aos avanços técnicos que levaram ao aumento da

resolução espacial e temporal do procedimento, que permitiram aos pesquisadores

obterem resultados anatômicos mais detalhados. Segundo os autores, inicialmente, a


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 35 -

µCT demonstrou excelente resolução espacial, mas pobre contraste de tecidos moles.

Com os avanços na sensibilidade dos sensores de raios X, houve notável melhora na

resolução geométrica e temporal, bem como na velocidade de aquisição das imagens.

Em acréscimo, com a introdução de novos contrastes, permitiu-se avaliar in vivo tecidos

moles e morfologia dos vasos, tudo isso com operacionalidade simples, protocolos de

varredura rápidos, com baixos custos de aquisição e manutenção do aparelho.

VIER-PELISSER et al. (2010) analisaram a anatomia do sistema de canais

radiculares de 10 pré-molares superiores humanos trirradiculares, com o uso da µCT, na

melhor resolução do aparelho SkyScan 1072. Após a varredura dos dentes, as imagens

adquiridas foram processadas e trabalhadas, e se constatou que secção transversal dos

canais foi heterogênea, ao longo do comprimento das raízes. A localização do forame

apical variou, com tendência a se localizar na direção palatina ou distal. O corno pulpar

vestibular foi maior que o palatino. A distância média da parte mais cervical do teto da

câmara pulpar para bifurcação e trifurcação foi de 3,13 e 5,08 mm, respectivamente. As

características anatômicas internas da cavidade pulpar dos dentes puderam ser

identificadas pela µCT, e revelaram heterogeneidade, concluíram os autores.

Importantes avanços tecnológicos na área da imaginologia oral e dentária têm sido

introduzidas nos últimos anos, incluindo a tomografia computadorizada. A natureza não-

invasiva delas permite o uso de dentes para outros fins, ou para uso como controles

para os procedimentos futuros de tratamento. Objetos são reconstruídos bi ou

tridimensionalmente, e as imagens em fatias podem ser recriadas em qualquer plano,

de forma bi ou tridimensional. A anatomia interna e a externa podem ser demonstradas


- 36 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

de forma simultânea ou separadamente e ser avaliadas qualitativamente e

quantitativamente. A introdução da µCT na pesquisa odontológica tem facilitado o

estudo da anatomia do canal radicular, com melhorias substanciais no software e no

hardware, diminuindo-se o tamanho do voxel para cerca de 30-40 µm, o que permite

aumento considerável de resolução da imagem.

YIN et al. (2010) avaliaram a eficácia de instrumentação de canais em forma de

C com o uso do sistema ProTaper e instrumentos manuais por meio de micro tomografia

computadorizada. Os autores selecionaram 24 molares inferiores inicialmente

escaneados por microtomógrafo que apresentavam canal em forma de C, as coroas

foram seccionadas 2 mm abaixo da junção amelo-cementária. Os dentes foram

separados aos pares e instrumentados com sistema rotatório ProTaper ou técnica step-

down com limas tipo K e brocas tipo Gates-Glidden. Os espécimes foram submetidos à

análise volumétrica, o volume pré-operatório do canal foi determinado pelo número de

voxel, em vermelho; e após instrumentação em verde. Foi feita a sobreposição das

imagens em 3D, o próprio programa mudava a cor para amarelo onde elas se

sobrepunham. A análise da área foi realizada sobrepondo as imagens antes e após

instrumentação. Os canais instrumentados com o sistema ProTaper mostraram maior

porcentagem de áreas não instrumentadas que os tratados com limas manuais, porém a

instrumentação com sistema rotatório produziu menos transporte apical e menor

incidência de perfurações. Os autores concluíram que o uso combinado das duas

técnicas é recomendado para obter um melhor debridamento na prática clínica.


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 37 -

ENDAL et al. (2011) realizaram estudo a fim de obter análise tridimensional da

área de istmo entre os canais mesio-vestibulares de molares inferiores por meio de µCT

e medir a quantidade de debris e cimento obturador nessa região após instrumentação,

irrigação e obturação dos canais. Os autores fizeram três escaneamentos distintos:

antes e depois da instrumentação e após a obturação dos condutos com o sistema

Thermafil. Os autores puderam concluir de acordo com seus resultados que uma

quantidade considerável de lama dentinária é produzida e retida no istmo durante a

instrumentação com o sistema rotatório dos canais mesiais de molares inferiores, apesar

da instrumentação contínua que foi realizada durante e após a instrumentação. A lama

dentinária pode, portanto, impedir parcialmente a penetração do material de obturação

na região do istmo.

GAMBARINI et al. (2011) discutiram o uso do CBCT no diagnóstico diferencial de

um caso clínico de parestesia labiomandibular causada pela extrusão de material

obturador endodôntico para o interior do canal mandibular, em uma paciente de 59

anos de idade. Para os autores, o uso da CBCT ganhou popularidade recentemente,

entre os endodontistas. As imagens podem revelar informações adicionais relevantes

sobre a morfologia do canal radicular e das estruturas adjacentes, a natureza e a

relação de lesões periapicais com o ápice radicular e a espessura do osso cortical e do

esponjoso, que não podem ser obtidas pelas radiográficas convencionais Ainda mais, o

exame realizado com a CBCT expõe o paciente a significantemente menos radiação

quando comparada à tomografia computadorizada convencional, e é capaz de fornecer


- 38 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

imagens tridimensionais detalhadas do dente, do sistema de canais radiculares e dos

tecidos adjacentes.

IOANNIDIS et al. (2011) apresentaram o relato de um caso clínico de um

paciente com 7 molares unirradiculares, portadores de canal único, circunstância

confirmada por meio de exame radiográfico e com CBCT. Segundo os autores, a

aplicação de novas ferramentas de análise no diagnóstico, como a CBCT, para a

avaliação pré-operatória da morfologia incomum de canais radiculares tem sido

destacada, auxiliando a escolha e realização corretas da intervenção endodôntica em

casos complicados e desafiadores. A CBCT foi desenvolvida na década de 90 para

produzir imagens tridimensionais da região maxilo-facial, com doses de radiação

consideravelmente menores do que aquelas emitidas quando da realização de uma

tomografia computadorizada convencional. A qualidade de imagem da CBCT é superior

à da tomografia computadorizada helicoidal para a avalição do osso esponjoso,

ligamento periodontal, lâmina dura, esmalte, dentina e polpa, esclarecem os autores.

MEDER-COWHERD et al. (2011) analisaram, por meio de µCT, a morfologia das

raízes palatinas de molares superiores e a verificação da presença e forma da

constricção do canal radicular no terço apical dessas raízes. Foram utilizados 40 molares

superiores. Suas raízes palatinas foram seccionadas 10 mm do ápice e ajustadas em

base de isopor sendo escaneadas 8 por vez, uma cobertura de isopor foi disposta sobre

o conjunto formando um “sanduíche” com as raízes para evitar qualquer tipo de

deslocamento. As imagens foram avaliadas por 5 endodontistas que deveriam classificar

cada imagem em 5 diferentes formas de constricção: única, paralela, delta, cônica ou


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 39 -

dilatada. 65% das raízes não apresentaram contricção na região apical (1-3 mm). A

minoria (35%) possuía constricção (única, cônica). Em relação à morfologia os autores

encontraram 35% paralela, 19% única, 18% cônica, 15% dilatada e 12% delta. Os

pesquisadores concluíram que a anatomia apical das raízes palatinas estudadas

apresentam grande variação. Uma porcentagem significante das amostras não

apresentou constricção apical, se isso é verdade em relação aos outros grupos de dente,

a constrição apicalnão deveser usado como ummarcadoranatômico para o preparo do

canal e obturação.

ÖZER (2011) comparou a precisão do diagnóstico de fraturas verticais simuladas

(VRF) por meio da CBCT com diferentes resoluções de voxel, em 60 dentes, 30 deles

com a fratura e outros 30, sem ela. Para isso, utilizou o tomógrafo i-Cat com diferentes

resoluções de voxel (0,125, 0,2, 0,3 e 0,4 mm), e os resultados foram examinados por

três observadores calibrados, em relação à sensibilidade, especificidade, probabilidade e

precisão do acerto do diagnóstico. A probabilidade de acerto foi de 24,5 para o voxel de

0,125 mm, 24,24 para o voxel de 0,2 mm, e 13,2 para o de 0,4 mm. Os resultados de

precisão diagnósticas confirmaram a probabilidade como 0,97, 0,96, 0,93 e 0,92,

respectivamente. Para o autor, a CBCT é confiável para a detecção de VRF simuladas, e

o protocolo com o uso de 0,2 mm de voxel foi o melhor, considerando-se a baixa

exposição à radiação e a boa performance de diagnóstico. A qualidade da imagem das

tomografias computadorizadas são descritas como sendo a visibilidade de estruturas

importantes para a realização do diagnóstico. Vários fatores infuenciam essa qualidade,

tais como os ajustes de miliamperagem, o tamanho do voxel, o campo de visão (FoV), e


- 40 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

o tipo de sensor do escaner, esclarece o autor. O diagnóstico com a CBCT oferece

imagens tridimensionais, sem a sobreposição de estruturas adjacentes, e também é

uma técnica não invasiva, de grande precisão. Entretanto, pondera, a dose de radiação

é equivalente àquela dispensada ao paciente durante a realização de 4 a 15 radiografias

panorâmicas, e, infelizmente, a qualidade da imagem é diretamente relacionada à

exposição à radiação. O tamanho do voxel tem correlação com a qualidade da imagem

(contraste e resolução) e a dose de exposição.

PAQUÉ et al. (2011) analisaram quantitativamente por meio µCT, o preparo do

canal radicular utilizando a técnica de um único instrumento ProTaper F2. Os

pesquisadores utilizaram 25 molares inferiores com duas raízes mesiais separadas e

avaliaram mudanças no volume de dentina, grau de desvio do canal e forma da parede

do canal. Foram avaliados dois grupos: grupo 1 os dentes foram instrumentados com a

seqüência padrão do sistema ProTaper e no grupo 2 a instrumentação foi realizada com

a técnica do instrumento único. Os espécimes foram escaneados antes e após a

instrumentação. De acordo com os resultados obtidos não houve diferença estatística

nos parâmetros anatômicos. A técnica de instrumento único proporcionou um alcance

mais rápido ao comprimento de trabalho quando comparada à técnica convencional.

PETERS; PAQUÉ (2011) descreveram as propriedades de manipulação do canal

radicular de um novo instrumento de níquel-titânio – self-adjusting file (SAF) – em 20

molares inferiores, com o uso de µCT, com resolução de 20 µm. Alterações no volume

do canal radicular, área e geometria dos canais foram comparadas com valores pré-

operatórios. Determinaram-se, também, o transporte do leito do canal e as áreas não


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 41 -

instrumentadas. Os resultados mostraram que o volume e a superfície dos canais

aumentaram significantemente no canal mésio-vestibular, no disto-vestibular e no

palatino. O transporte médio dos canais, nos terços apical e médio, variaram entre 31 a

89 mm. As superfícies não preparadas variaram de 25,8% a 12,4%, de 22,1% a 12,0%,

e de 25,2% a 11,3% nos canais mésio-vestibular, disto-vestibular e palatino,

respectivamente. Os autores concluíram que o uso da SAF propiciou a obtenção de

canais radiculares homogêneos, circunferenciais e com pouco transporte. A µCT,

esclarecem os autores, foi introduzida na Endodontia experimental há mais de uma

década e é utilizada em estudos quantitativos e tridimensionais, para avaliar a

performance de várias técnicas de instrumentação. Uma limitação potencial do estudo

realizado, segundo os pesquisadores, é o tamanho relativamente pequeno da amostra

de 60 canais no total, para este tipo de estudo, mas que é similar ao dos recentes

estudos baseados na tecnologia da µCT.

SOMMA et al. (2011) avaliaram, por meio de µCT, a qualidade de obturações

realizadas com três diferentes técnicas de obturação: condensação lateral, Thermafil e

System B. Os autores utilizaram 30 dentes unirradiculares. As coroas foram removidas e

as raízes intrumentadas com o sistema rotatório ProTaper, depois divididas em três

grupos de acordo com a técnica de obturação utilizada, sendo n=10. Os espécimes

foram escaneados (SkyScan 1072; SkyScan, Kartuizersweg, Bélgica) e avaliou-se com

auxílio de software o volume da obturação, do canal e dos espaços vazios e sua

distribuição. Estatisticamente não foram encontradas diferenças entre os espaços vazios


- 42 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

e sua distribuição em nenhuma das técnicas utilizadas e todas tiveram resultados

satisfatórios em relação à obturação.

VERSIANI et al. (2011) avaliaram preparo de canal radicular de canais ovais e

achatados com sistema rotatório (k3) e limas auto-ajustáveis (SAF) por meio de

microtomografia computadorizada. Foram utilizados 40 incisivos inferiores escaneados

antes e após a instrumentação (n=20). As alterações no volume do canal, área de

superfície e geometria transversal foram comparadas com os valores antes da

instrumentação. De modo geral os valores dos diâmetros maiores, menores e perímetro

não foram diferentes estatisticamente. No terço cervical, a porcentagem de dentina

removida das paredes dos canais foi maior nos dentes instrumentados com as limas

auto-ajustáveis. Os autores concluíram que instrumentos SAF instrumentaram os canais

achatados homogeneamente e circunferencialmente e atingiram áreas que o sistema

rotatório não tocou.

SILVA FILHO (2011) avaliou a adaptação do cone principal de guta percha

quando da sua seleção, a presença da guta percha na massa obturadora, e o volume

dessa massa em relação ao volume do canal radicular, por meio de microtomografia

computadorizada (μCT), e se houve extravasamento do cimento obturador, em 20

incisivos centrais superiores humanos, preparados com instrumentos rotatórios até o #

50/.02, foram divididos (n=10) em GI – convencional e GII – convencional + moldagem

térmica do extremo apical do CT. Realizou-se uma μCT (SkyScan 1174, 50kV, 800mA,

40W, resolução espacial 30µm, ciclo 360º). Os canais foram obturados pela técnica da

condensação lateral + cimento AH Plus. Realizou-se nova μCT. O autor constatou que o
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 43 -

cone convencional ocupou 35,83±15,05% do canal antes da obturação, e 38,72 ±

11,64% depois. Para a moldagem, ocupou 23,14±7,74% e 26,98±20,40%. As

porcentagens de volume da guta percha e da massa obturadora em relação ao canal

foram 61,28±11,64 e 87,76±9,98 para a convencional, e 73,00±20,41 e 89,96±9,08,

para a moldagem. Estatisticamente, não houve diferença significante entre a

convencional antes e depois da obturação (t= 0,5542, 9 GL, p= 0,593), e na moldagem

(t= 0,7069, 9 GL, p=0,4975); no volume de guta percha na convencional e na

moldagem (t=1,577, 18 GL, p= 0,132) e no volume da massa obturadora nos canais

obturados (t=0,516, GL=18, p=0,612). Concluiu que a escolha convencional do cone e

a moldagem térmica não permitiram sua adaptação no CT e a presença da guta percha

nos canais obturados foi semelhante nos diferentes métodos.

ZHANG et al. (2011) investigaram as variações anatômicas da configuração de

molares superiores permanentes de 269 pessoas chinesas. Para isso, utilizaram a CBCT.

No total, foram analisados 299 primeiros molares superiores e 210 segundos. Segundo

os autores, as raízes mésio-vestibulares apresentam maior variação no seu sistema de

canais radiculares do que as disto-vestibulares e as palatinas. A configuração dos canais

dos segundos molares é mais variada do que a dos primeiros. A CBCT é um método que

pode melhorar a detecção e mapeamento do sistema de canais radiculares na raiz

mésio-vestibular, com o potencial de melhorar a qualidade do tratamento endodôntico,

A CBCT pode fornecer cortes axiais, transversais e tangentes e fornece informações

completas sobre os canais radiculares, em diferentes direções, que não poderiam ser

detectada por meio de radiografias convencionais ou técnicas clínicas.


- 44 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

ZASLANSKY et al. (2011) avaliaram cortes transversais de canais radiculares e

materiais obturadores em imagens obtidas por três métodos de microscopia e dois de

tomografia. Para isso, utilizaram seis canais radiculares obturados pela técnica da

condensação lateral, com cones de guta percha e cimento AH-26, que foram

escaneados com constraste de fase e micro tomografia reforçada com synchrotron. As

imagens reconstruídas das secções dos dentes foram comparadas com secções de

raízes úmidas e imersas em acrílico, que foram avaliadas também por microscopia de

luz e de elétron (EM), e também por microtomografia (μCT). Os diferentes constrastes

da guta percha, os espaços vazios, o cimento obturador e a dentina radicular foram

identificados e correlacionados. A borda interna do canal, o contorno da guta percha e a

margem externa de um espaço vazio foram delineados manualmente, e as áreas

fechadas foram repetidamente mensuradas por três observadores, calibrados.

Estabeleceu-se a porcentagem de guta percha/área obturada do canal (PGP). A μCT

reforçada pelo contraste de fase revelou interfaces internas e volumes tridimensionais

detalhados de espaços vazios acentuados, de partículas micrométricas e de fendas

existentes nas raízes obturadas. Houve excessos nas observações de imagens obtidas

pela microscopia de luz, ao passo que houve faltas com a μCT e a EM. As diferenças

excederam 40%, entretanto, os valores de PGP obtidos por todos os métodos ficaram

em 5% para a mesma secção. Concluíram que a μCT reforçada pelo contraste é um

método eficiente, não destrutivo, para o estudo ex vivo das interfaces no interior dos

canais radiculares e dos cimentos obturadores, dotado de resolução micrométrica.

Porém, deve-se tomar cuidado quando se usar a μCT, o microscópio de luz e a EM para
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 45 -

a quantificação da extensão da guta percha em obturações dos canais radiculares, para

não se alterarem as dimensões das áreas avaliadas.

III– PROPRIEDADES DOS CIMENTOS OBTURADORES

GROSSMAN (1976) estudou propriedades físicas dos cimentos obturadores de

canais radiculares, dentre elas a adesividade. Os cimentos testados foram: AH 26,

Diaket, KerrSealer, Mynol, N2, N2 no-lead, Procosol, RC2B, Roth 801, Roth 811,

Tubliseal e cimento de óxido de zinco/eugenol. Os resultados demonstraram que quanto

menor o tamanho das partículas, mais fácil é a manipulação do cimento, tornando a

mistura mais suave e com melhor escoamento. Todos os cimentos apresentaram

contração quando expostos à temperatura ambiente por 5 a 7 dias. A adesividade foi

avaliada por meio de balança onde a tração foi exercida com incrementos de pesos de

100 gramas e a força transmitida por sistema de correntes. Os cimentos AH 26 e Diaket,

que são resinosos, apresentaram maior adesão que os cimentos à base de óxido de

zinco/eugenol que constituiu o grupo de pior desempenho.

OKŞAN et al. (1993) avaliaram a capacidade de penetração dos cimentos

endodônticos: Diaket, N2 Universal, SPAD e Forfénan nos túbulos da dentina radicular,

frente à remoção ou manutenção da camada de smear. A presença da camada de

smear impediu a penetração dos cimentos nos túbulos dentinários, enquanto sua

remoção com EDTA permitiu a penetração em maior profundidade do Diaket, N2 e

SPAD. O Forfénan apresentou a menor capacidade de penetração.


- 46 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

DE DEUS et al. (2002) avaliaram a capacidade de penetração nos túbulos

dentinários dos cimentos endodônticos Endofill, Sealapex, AH Plus e Pulp Canal Sealer.

Foram utilizados 72 incisivos centrais superiores, que foram divididos em 4 grupos, e

subdivididos em função do uso ou não do EDTA a 17% como irrigante final. Após a

obturação, as raízes foram seccionadas no sentido mésio-distal e foi escolhida a secção

de melhor qualidade visual para ser analisada em MEV. O foco de observação foi a

interface dentina/material obturador e foi mensurada a penetração dos cimentos nos

túbulos dentinários. O Sealapex apresentou menor penetração, e os melhores

resultados ocorreram quando da irrigação final com EDTA. O cimento Pulp Canal Sealer

apresentou a maior capacidade de penetração no interior dos túbulos dentinários. Os

autores concluíram que a manutenção da camada de smear influenciou negativamente

na capacidade de penetração dos cimentos testados para o interior dos túbulos

dentinários.

LEE et al. (2002) compararam, in vitro, quatro tipos de cimentos endodônticos

(Kerr, à base de óxido de zinco e eugenol; Sealapex, à base de hidróxido de cálcio; AH

26, à base de resina epóxi; Ketac-Endo, à base de ionômero de vidro) quanto à adesão

à dentina e à guta-percha. Cilindros de alumínio (5 mm de diâmetro) foram

posicionados, com auxílio de cera, sobre superfícies planas de dentina coronária e de

guta percha e foram preenchidos com um dos cimentos estudados. Após o tempo de

endurecimento, suas resistências à tração foram mensuradas. Os cimentos

endodônticos apresentaram a seguinte ordem crescente de adesão à dentina: Kerr <


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 47 -

Sealapex < Ketac-Endo < AH 26, enquanto que a adesão à guta percha ocorreu na

seguinte: Ketac-Endo < Sealapex < Kerr < AH 26.

SALEH et al. (2003) avaliaram, por meio de MEV e espectroscopia de energia

dispersiva por raios x, as interfaces entre cimentos endodônticos/dentina e

cimento/guta percha rompidas após o teste de resistência de união. As superfícies de

dentina, condicionadas com ácido fosfórico a 37% por 30 s, ácido cítrico a 25% por 30

s, EDTA 17% por 5 min e água destilada (controle) foram unidas ao disco de guta

percha com os cimentos testados: cimento Grossman, Apexit, Ketac-Endo, AH Plus,

RoekoSealAutomix e RoekoSealAutomix com um primer experimental. A espectroscopia

de energia dispersiva por raios x traçou os componentes dos cimentos nas superfícies

rompidas. Os cimentos Grossman, RoekoSealAutomix com primer experimental e AH

Plus/EDTA penetraram nos túbulos dentinários quando a superfície foi tratada com

ácidos, formando tags de cimento que permaneceram obliterando os túbulos após o

rompimento da união. Os autores concluíram que não houve relação entre o aumento

da resistência de união à dentina e a penetração dos cimentos endodônticos para o

interior dos túbulos dentinários.

GESI et al. (2005) investigaram, por meio de teste de push out, a resistência de

interface e os tipos de fratura em canais obturados com sistema Epiphany/Resilon e

guta percha com AH Plus. A técnica de termoplastificação foi realizada com System-B e

Obtura II. Os segmentos de raiz foram obtidos pelo seccionamento 2 mm abaixo da

junção amelocementária o que resultou na obtenção de 33 slices de 3 a 4 mm de

espessura no grupo do Resilon e 30 no grupo do AH Plus. O teste de compressão foi


- 48 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

realizado em Máquina Universal de Ensaios à velocidade de 0,5 mm/min e a força

expressa em MPa. A análise da fratura sob MEV no grupo do Epiphany/Resilon mostrou

tags de resina nos túbulos dentinários enquanto, no grupo do AH Plus, a dentina intra

radicular permaneceu coberta pelo cimento com bolhas remanescentes. Os autores

concluíram que a força de interface do cimento Epiphany/Resilon à dentina não foi

superior ao do cimento à base de resina epóxica (AH Plus).

SOUSA-NETO et al. (2005) avaliaram o efeito da aplicação de lasers Er: YAG e

Nd: YAG na dentina radicular humana sobre a adesividade do cimento obturador à base

de resina epóxi, pelo método do push-out. Noventa caninos superiores foram

seccionados transversalmente na junção amelo-cementária e a 8 mm da mesma,

criando um cilindro de raiz que foi incluído em resina acrílica autopolimerizável. Os

canais radiculares foram preparados e divididos aleatoriamente em 9 grupos. No grupo

I, a dentina foi tratada com 2 ml de EDTA-C a 17% por 5 minutos. Do grupo II ao V, a

dentina foi tratada com laser Er:YAG com os seguintes parâmetros: 8 Hz, 200 mJ; 8 Hz

e 400 mJ; 16 Hz e 200 mJ; 16 Hz e 400 mJ, respectivamente. Do grupo V ao IX, a

dentina foi tratada com laser Nd: YAG com os seguintes parâmetros: 10 Hz e 1 W; 10

Hz e 2 W; 15 Hz e 1 W; 15 Hz e 2 W, respectivamente. Os condutos foram preenchidos

com cimentos à base de resina epóxi e submetidos ao teste do push-out na máquina

universal de ensaios. A análise estatística dos resultados evidenciou diferença ao nível

de 1% entre os tratamentos com os lasers Er: YAG e Nd: YAG com maiores freqüências

e o EDTA-C 17%. Concluíram que o aumento da freqüência dos lasers,

independentemente do aumento da potência, provocou aumento na adesividade do


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 49 -

cimento obturador à base de resina epóxi em relação ao grupo tratado com EDTA-C a

17%.

UNGOR et al. (2006) analisaram a força de adesão do Epiphany/Resilon

comparada a diferentes combinações de guta percha e AH Plus. Canais radiculares de

65 dentes unirradiculares foram instrumentados com sistema ProTaper e obturados pela

condensação lateral como a seguir: GI- AH Plus /guta percha; GII- AH Plus/Resilon;

GIII- Epiphany/Resilon; GIV- Epiphany/guta percha; GV- apenas guta percha (controle).

O preparo para o teste de push out consistiu na obtenção de segmentos de raízes com

1,13 mm de espessura pelo seccionamento perpendicular ao longo eixo logo abaixo da

junção amelocementária. O material obturador foi submetido à compressão com ponta

de 1 mm de diâmetro acoplado à Máquina Universal de Ensaios à velocidade de 1

mm/min até que ocorresse o deslocamento da obturação. A tensão foi expressa em

MPa. Análise estatística revelou que houve diferença estatisticamente significante entre

os grupos (p<0,001) e o grupo Epiphany/guta percha apresentou adesão superior aos

outros grupos. O GV teve pior desempenho. A inspeção da superfície sob lupa

estereoscópica com aumento de 20X revelou falha predominantemente adesiva à

dentina em todos os grupos. O sistema Epiphany/Resilon não foi superior em adesão à

combinação do cimento AH Plus com a guta percha.

SKIDMORE et al. (2006) avaliaram por meio do teste de push out, a resistência

ao cisalhamento de espécimes preenchidos com Resilon/Epiphany e Guta percha/Pulp

Canal Sealer EWT. Utilizaram 12 dentes anteriores humanos que foram instrumentados

e irrigados com hipoclorito de sódio a 5,25% e EDTA a 17%. Foram separados em 2


- 50 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

grupos de acordo com a obturação realizada: GI- Guta percha/Pulp Canal Sealer EWT;

GII- Resilon/Primer/Root Canal Sealant. Posteriormente, as raízes foram seccionadas

perpendicularmente ao longo eixo do dente em 15 slices de 1 mm de espessura e

submetidas à Máquina Universal de Ensaios para o teste. Não houve diferença

estatisticamente significante entre o grupo Resilon/Epiphany (1,51 MPa) comparado ao

grupo guta percha/Pulp Canal Sealer (0,66 MPa). Os espécimes de cada grupo foram

analisados por MEV que revelou falhas predominantemente adesivas em ambos os

grupos. Foram analisados também 4 espécimes intactos, ou seja, que não foram

levados ao teste de push out, e foram observados gaps na interface dentina/cimento.

FISHER et al. (2007) compararam a força de adesão de materiais obturadores

por meio do teste de push out. As raízes de 25 dentes foram instrumentados e divididos

em 5 grupos para obturação (n=5): GI- Kerr EWT/guta percha; GII- AH Plus/guta

percha; GIII- Epiphany/Resilon; GIV- sistema de obturação Activ GB; GV- EndoREZ. As

raízes foram seccionadas para obtenção de secções de 1 mm dos terços apical, médio e

cervical. O teste revelou diferença estatisticamente significante, com maiores valores

para o grupo AH Plus/guta percha. Os grupos I e IV obtiveram maiores valores de

adesão comparados aos grupos III e V.

JAINAEN et al. (2007) avaliaram, por meio de push out, a força de adesão na

interface dentina-cimento com e sem a presença do cone principal na obturação

endodôntica. Foram avaliados três diferentes cimentos resinosos: AH Plus, EndoRez e

Resilon. Pré-molares com dois canais separados foram instrumentados com o sistema

rotatório Profile. Os dentes foram divididos em três grupos, em cada dente uma raiz era
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 51 -

preenchida com o cimento e um cone e o outro canal apenas com cimento. Após essa

etapa foram confeccionadas slices de 1 mm de dentina da região média das raízes. Os

tipos de falhas após o teste foram observados em MEV. Em geral, o cimento a base de

resina epóxica obteve maior força de adesão. O teste de push out demonstrou maior

força na adesão nos espécimes sem o cone principal, ou seja, preenchido apenas com o

cimento. Os cimentos se comportaram de maneira diferente quando estavam associados

ao cone, formando uma fina camada, comparados com a massa apenas de cimento. As

falhas foram coesivas nos espécimes com a presença do cone, com presença de

cimento na superfície do canal. Nos espécimes preenchidos com cimento apenas, as

falhas foram adesivas demonstrando paredes de dentina limpas de cimento. Os autores

puderam concluir que a força de adesão dos cimentos à parede do canal foi menor

quando associados ao cone principal.

RESENDE et al. (2009) avaliaram as propriedades físico-químicas e analisaram a

morfologia da superfície dos cimentos AH Plus, Epiphany, Epiphany SE, Epiphany com

solvente Thinning Resin. Utilizaram 5 amostras de cada cimento para cada teste: tempo

de endurecimento, radiopacidade, escoamento, solubilidade, alteração dimensional e

análise da morfologia por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os testes

seguiram a preconização da especificação 57 da ANSI/ADA (2000) e os resultados

mostraram que as alterações dimensionais (2,43±0,46%) do Epiphany SE e a

solubilidade (3,25±1,74%) do Epiphany foram maiores do que os valores aceitáveis. Os

demais testes cumpriram os limites preconizados. A microscopia eletrônica revelou que

o Epiphany SE é mais organizado, compacto e homogêneo do que o AH Plus e o


- 52 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

Epiphany.

SOUZA et al. (2009) compararam dois cimentos endodônticos a base de resina

(AH Plus e Epiphany com polimerização dual) em relação à escoamento, tensão de

polimerização e resistência de união à dentina. O escoamento foi verificado pelo

diâmetro do cimento não polimerizado (0,5 mL) após 7 min de compressão (20N) entre

placas de vidro. A tensão de polimerização foi monitorada por 60 minutos em discos de

1 mm de espessura colados à duas placas de vidro em máquina de teste universal. A

resistência de união à dentina foi analisada por meio de teste de push out e o tipo de

falha de união foi verificada em MEV. Após analisar os resultados obtidos, os autores

concluíram que o Epiphany apresentou maior fluidez e tensão

de polimerização e menores valores de resistência de união à

dentina do que o AH Plus. Portanto, pode estar implícito que o AH Plus proporciona um

melhor selamento.

TEIXEIRA et al. (2009) compararam o teste de tração com o teste de push out

para avaliar a adesão do cimento AH Plus à dentina e à guta percha, e avaliaram as

falhas das interfaces por meio de microscopia eletrônica de varredura. Estabeleceram 3

grupos (n=7): GI- secções transversais de caninos foram incluídas em resina acrílica e

os canais preparados e obturados para o teste de push out; GII- secções longitudinais

dos cilindros de dentina foram incluídas em resina acrílica para o teste de tração; GIII-

cilindros de guta percha foram incluídas em resina acrílica para o teste de tração. As

médias obtidas em MPa foram: GI (8,8±1,13); GII (5,9±1,05) e GIII (3,8±0,55) e

foram estatisticamente diferentes entre si (p<0,05). A análise por MEV mostrou


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 53 -

predominância de falhas adesivas e mistas para o AH Plus.

ARI et al. (2010) avaliaram a capacidade de selamento apical do Hybrid Root

SEAL (MetaSEAL), conjuntamente com diferentes técnicas de obturação dos canais

radiculares. Para isso, utilizaram 68 molares inferiores humanos extraídos, com raiz

única e reta, ápices fechados, que foram preparados pela técnica de instrumentação

step-back, e divididos em 4 grupos experimentais (n=15). 8 dentes foram preparados

como controle (3 positivos, 3 negativos e 2 mais para calcular 100 % de infiltração). Os

grupos experimentais foram obturados pela técnica de condensação lateral fria,

condensação vertical, Thermafil e Ultrafil. A movimentação de fluidos ao longo dos

canais obturados foi medida. Os resultados mostraram que a técnica de condensação

lateral fria e da condensação vertical apresentaram significantemente menos movimento

de fluido do que os grupos do Ultrafil e Thermafil, sendo que este apresentou os

maiores valores de movimento de fluido. Os autores destacaram que o objetivo final dos

procedimentos endodônticos é a obturação tridimensional total do sistema de canais

radiculares. Para isso, utiliza-se, rotineiramente, a guta percha associada a cimentos

obturadores, combinadas a várias técnicas. A guta percha não adere às paredes dos

canais, e várias tentativas são feitas para solucionar a questão da obturação. A técnica

de obturação da condensação lateral fria é a mais difundida para esse propósito. A

condensação vertical é tida como a que proporciona maior densidade da guta percha na

porção apical da obturação, e oblitera canais laterais e foraminas, de forma consistente.

Há, ainda, a tentativa de fusão da guta percha, como no caso do Thermafil e do Ultrafil,

com o objetivo de se obter uma massa homogênea do material e fazê-lo penetrar nos
- 54 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

túbulos dentinários. A guta percha, esclarecem os autores, no interior dos canais

radiculares, não é dimensionalmente estável, o que faz com que seja utilizada associada

a um cimento obturador. Um selamento pobre pode resultar em falhas na região apical,

que se tornam sítio de alojamento de fluidos tissulares. Assim, a vedação apical é

desejável para prevenir a presença de bactérias remanescentes e suas endotoxinas,

bem como a de fluidos tissulares originas a partir do ápice radicular. A obturação

tridimensional dos canais radiculares, bem compactada, previne a percolação e a

microinfiltração de exsudatos periapicais para o interior do espaço dos canais, previne a

reinfecção e cria ambiente biológico favorável para a cura, esclarecem os

pesquisadores.

COSTA et al. (2010) compararam, por meio do teste de push out e MEV, a força

de adesão à dentina radicular dos cimentos à base de metacrilato Epiphany SE,

Epiphany e Hybrid Root SEAL em diferentes condições experimentais. Raízes de 60

caninos padronizadas em 17 mm de comprimento foram instrumentadas pela técnica

coroa-ápice com limas manuais acopladas ao contra-ângulo oscilatório NSK até a lima

#60. Os canais foram irrigados com 2ml de hipoclorito de sódio a 1% a cada troca de

lima e ao final do preparo com 5 ml de EDTA a 17% por 5 minutos, seguido de 5 ml de

água destilada. Após secagem com cones de papel absorvente, as raízes foram divididas

em 6 grupos (n=10) de acordo com a obturação realizada: GI- Epiphany SE; GII-

Epiphany e primer; GIII- Epiphany, primer e solvente; GIV- Epiphany e adesivo Clearfill

DC Bond; GV- Epiphany, adesivo Clearfil DC Bond e solvente; GVI- Hybrid Root SEAL.

Posteriormente, cada raiz foi seccionada em 9 secções de 1 mm de espessura, três para


______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 55 -

cada terço. A primeira secção foi submetido ao teste de push out, o segundo para MEV

e o terceiro também para MEV, porém com descalcificação prévia. O cimento Hybrid

Root SEAL apresentou maiores valores de adesão em MPa (5,27±2,07; p<0,05) do que

os outros grupos, Epiphany SE (0,40±0,23), Primer/Epiphany (0,78±0,45),

Primer/Epiphany/solvente (0,57±0,28), Clearfil DC/Epiphany (0,40±0,24), Clearfil

DC/Epiphany/solvente (0,50±0,41), que foram estatisticamente semelhantes (p>0,05).

Não houve diferença estatisticamente significante entre os terços. A análise das falhas

na interface revelou predominância de falhas adesivas nos grupos I, II, IV e V. No GIII

ocorreram falhas mistas e no GVI, coesivas. Na análise das fotomicrografias, foram

observados gaps no terço cervical do GI, em todos os terços do GII e poucos gaps nos

GIII, GIV e GV. O GVI apresentou boa adaptação e justaposição ao longo de toda a

interface. Nos espécimes submetidos à descalcificação prévia à MEV foi observada a

morfologia dos tags, que apresentaram-se colapsados e embaralhados nos grupos I e

II, e nos outros grupos estavam arranjados de forma mais homogênea e livre.

Concluíram que o cimento Hybrid Root SEAL teve melhor resultado, e que a utilização

do primer, do solvente e do adesivo não influenciaram no teste de push out.

KIM et al. (2010) realizaram artigo de revisão de literatura sobre os cimentos a

base de resina metacrilato. Segundo os autores, quatro gerações desses cimentos têm

sido avaliadas comercialmente. Três dos quais foram introduzidos no mercado nos

últimos 5 anos quando o conceito de adesão simultânea do cimento ao material

obturador e à dentina foram popularizados. A primeira geração foi introduzida em

meados do ano de 1970. O seu uso foi diminuído em conseqüência de suas


- 56 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

características clínicas, biológicas e físicas. Com o avanço dos adesivos com sistemas

auto-condicionantes, foram reintroduzidos no mercado no começo do século 21 para

atender a introdução de materiais obturadores adesivos. Três diferentes gerações

destes cimentos desde então, estão disponíveis comercialmente, embora alguns estudos

in vitro sobre capacidade de selamento, auto-condicionamento, remoção e

biocompatibilidade mostrem que os cimentos convencionais apresentam melhor

potencial. Os autores concluíram com base em dados disponíveis na literatura que ainda

não está claro os benefícios do uso desses cimentos até esse momento de seu

desenvolvimento.

MARIN-BAUZA et al. (2010) avaliaram, in vitro, o tempo de endurecimento (TE),

escoamento (ES), radiopacidade (RP), estabilidade dimensional (ED), solubilidade (SB)

dos cimentos AH Plus, Epiphany SE, Hybrid Root Seal, Polifil, Apexit Plus, Sealapex,

Endométhasone e Endofill, seguindo a Especificação 57 da ANSI/ADA. Para determinar o

TE, anéis de aço inoxidável foram preenchidos com os cimentos e testados com agulha

Gillmore. Para o ES, o cimento foi colocado em placa de vidro e, após 180s, colocou-se

um peso de 120g sobre este. Após 10 min, os diâmetros dos cimentos foram aferidos.

No teste RP, moldes de teflon circulares foram preenchidos com os cimentos,

radiografados e a densidade radiográfica determinada por meio do software Digora.

Para o teste ED, moldes cilíndricos foram preenchidos com os cimentos, cobertos por

lâmina de vidro e armazenados à 37 oC. As amostras foram medidas, armazenadas em

água por 30 dias para, então, serem secas e novamente medidas. Para o teste SB,

moldes circulares, com fio de nylon em seu interior, foram preenchidos com os
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 57 -

cimentos, presos às placas de vidro e armazenados à 37 oC. As amostras foram

pesadas, colocadas em água destilada e deionizada e, após 7 dias, secas e pesadas

novamente. Os líquidos foram analisados em espectrômetro. Quanto ao TE, o AH Plus,

Epiphany SE, Hybrid Root Seal, Apexit Plus e Endofill estão de acordo com a ANSI/ADA.

O fabricante do Endométhasone não menciona seu TE, o Polifil é um cimento

experimental e o Sealapex não endureceu o suficiente para a realização do teste.

Considerando-se o ES, RP e SB, os cimentos testados estão de acordo com a ANSI/ADA.

Em relação à ED, todos os cimentos apresentaram-se em desacordo com a ANSI/ADA.

Verificou-se, também, que ocorreu maior liberação de K+ no Endométhasone e Hybrid

Root Seal, Na+ no Apexit Plus, AH Plus e Endométhasone, Zn2+ no Epiphany SE, Endofill,

Endométhasone e Polifil.

STOLL et al. (2010) avaliaram a força de adesão de diferentes cimentos com

cones de Resilon ou guta percha. Os cones foram incluídos em tubos plásticos

preenchidos com resina, seccionados longitudinalmente e polidos. Os cimentos AH Plus,

RealSeal (multi-componente), RealSeal SE (componente único) e Hybrid Root Seal

(componente único) foram manipulados e inseridos em cavidades de 0,5 mm de

profundidade preparadas em molde de resina transparente de 2,5 mm de espessura e 2

mm de diâmetro. Cada cimento foi colocado em contato com os cones, totalizando 8

grupos (n=10). Os cimentos de cura dual foram fotopolimerizados e armazenados em

estufa por 48 horas. Após este período, realizou-se o teste de cisalhamento em Máquina

Universal de Ensaios a 1 mm/min. Os resultados em MPa apontaram diferença

estatisticamente significante (p<0,05) na comparação entre: cone Resilon (1,4) X guta


- 58 - Revista da Literatura_____________________________________________________________________________________________

percha (0,8), cimento adesivo (1,4) X não-adesivo (0,2) e material de componente único

(1,9) X material multi-componente (0,3). Concluíram que os cimentos adesivos de

componente único influenciaram positivamente na adesão aos cones, mesmo que o

Resilon tenha atingido maiores valores, não foi significativamente diferente da guta

percha nestes cimentos. Afirmaram ainda, que os cimentos da nova geração podem ser

utilizados em clínica sem nenhuma desvantagem.

FLORES et al. (2011) avaliaram as propriedades físico químicas e a morfologia

dos cimentos AH Plus, GuttaFlow, RoekoSeal e Activ GP. Cinco amostras de cada

cimento foram avaliadas para os testes do tempo de endurecimento, alteração

dimensional, solubilidade e radiopacidade, de acordo com a especificação nº 57 da

ANSI/ADA. Para o teste da solubilidade, 50 mL de água destilada e deionizada foram

utilizados e os ions metálicos foram mensurados por espectrometria de absorção

atômica. A morfologia da superfície externa e interna das amostras foi examinada em

MEV. O AH Plus apresentou o maior tempo de endurecimento (580 min ± 3,05), Activ

GP não obteve valores médios de radiopacidade (1,31±0,35 mm Al) e solubilidade

(11,8±0,43%) aceitáveis pela ANSI/ADA, sendo estatisticamente diferente dos demais

cimentos (p<0,05). O Cimento GuttaFlow foi o único que atendeu os padrões exigidos

pela ANSI/ADA no teste da alteração dimensional (0,44±0,16%). A espectrometria

revelou liberação dos íons Ca2+, K+, Zn2+ no cimento Activ GP (32,57±5,0, 1,57±0,22 e

8,20±1,74 μg mL-1, respectivamente). Os autores concluíram que o cimento GuttaFlow

foi o único que obteve os padrões exigidos pela Especificação 57/ADA em todos os
______________________________________________________________________________________Revista da Literatura - 59 -

testes. A análise em MEV revelou que as superfícies de todos os cimentos tiveram

mudanças morfológicas após o teste de solubilidade.


Proposição
Os objetivos do presente estudo foram analisar, depois de utilizadas diferentes

técnicas de preparo cervical do canal radicular e obturação por meio da condensação

lateral ativa:

a. no milímetro apical do comprimento de trabalho, o volume de guta percha

quando da seleção do cone principal e o seu volume presente na massa obturadora -

ambas as situações em relação ao volume do canal - por meio de microtomografia

computadorizada (μCT);
- 62 - Proposição_____________________________________________________________________________________________

b. a resistência adesiva da massa obturadora à dentina radicular por meio do

teste de push out;

c. a interface entre a dentina radicular e o cimento obturador por meio de

microscopia eletrônica de varredura (MEV).


Material e Métodos
O projeto de pesquisa do presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade de Ribeirão Preto (Anexo).

1. Seleção da amostra

Foram selecionados 40 caninos superiores previamente conservados em solução

de timol 0,1%, radiografados no sentido mésio-distal e examinados com lupa

estereoscópica em aumento de 4X (Illuminated Magnifying Glass, Tokyo, Japão) com o

objetivo de verificar a existência de canais únicos, sem curvaturas acentuadas, forame

apical totalmente formado e ausência de trincas e imperfeições para padronização da


- 64 - Material e Métodos_______________________________________________________________________________________

amostra. Os dentes selecionados foram lavados em água corrente por 24 h antes do

uso, raspados com curetas periodontais (Hu-Friedy, Rio de Janeiro, Brasil), limpos com

jatos de bicarbonato e água (ProfiNeo, Dabi Atlante, Ribeirão Preto, Brasil) e

armazenados na temperatura de 4 ºC, imersos em água destilada até o momento do

uso (Figura 1).

Figura 1: Seleção dos dentes. A)


Amostra de canino superior
selecionado; B) Radiografia no
sentido mésio-distal.

2. Preparo dos corpos de prova

Todos os dentes foram submetidos aos procedimentos endodônticos, descritos, a

seguir.

Foi realizada cirurgia de acesso e remoção do tecido da câmara pulpar dos dentes

utilizando broca esférica diamantada 1016 (Microdont LTDA, Socorro, SP, Brasil)

acionada em alta rotação (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) refrigerada à água e
_______________________________________________________________________________________Material e Métodos - 65 -

irrigação da câmara pulpar com 5 mL de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (NaOCl)

e aspiração. Em seguida, uma lima tipo K #10 foi introduzida nos canais até que se

pudesse observá-la no forame apical, a partir dessa visualização o instrumento foi

recuado em 1 mm obtendo-se assim o comprimento de trabalho para instrumentação

dos espécimes. O instrumento inicial de trabalho foi determinado pela sensação tátil do

operador de que a lima estava ajustada no comprimento real de trabalho, previamente

determinado.

Os dentes foram divididos aleatoriamente em 4 grupos distintos (n=10) de

acordo com o alargamento cervical a ser empregado antes de sua instrumentação:

SP: Sem preparo cervical;

GG: Preparo cervical com brocas Gates–Glidden #4 e #5 (Figura 2A);

LA: Preparo cervical com a broca LA Axxess #20/.06 (Figura 2B);

SX: Preparo cervical com instrumentos rotatórios de Níquel-Titânio (Ni-Ti) do

sistema ProTaper SX (Figura 2C).

Durante o preparo cervical, entre cada troca de instrumento foram realizadas

irrigação e aspiração com 2 mL de hipoclorito de sódio 2,5% e depois do preparo, foi

determinado o instrumento inicial de instrumentação.

Os dentes foram instrumentados com auxílio do sistema rotatório K3 Endo

(SybronEndo, Glendora, CA, EUA), na seguinte seqüência: #30/.02, #30/.04, #35/.02,

#40/.02, #45/.02, #50/.02, #55/.02 (Figura 2D) até que o último instrumento

atingisse o comprimento de trabalho. Em cada troca de instrumento o canal radicular foi


- 66 - Material e Métodos_______________________________________________________________________________________

irrigado e aspirado com 2 mL hipoclorito de sódio 2,5% e mantido inundado durante

toda a instrumentação.

Figura 2: A) Brocas Gates Glidden; B) LA


Axxess; C) SX (ProTaper); D)
Instrumentos rotatórios K3 Endo.

Após a instrumentação, os condutos foram inundados com 0,5 mL de EDTA

líquido 17% (Farmácia de manipulação Daterra, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) por 5

min e secos com cones de papel absorvente (Dentsply Maillefer, Petrópolis, Brasil) e em

seguida, foi realizada a prova do cone.

O calibre do cone principal de diâmetro 55/.02 foi aferido com o auxílio de uma

régua calibradora (Ângelus, Londrina, Brasil). Em seguida, o cone foi submetido aos três

testes que, uma vez positivos, definiram a sua escolha: visual – percorreu todo o
_______________________________________________________________________________________Material e Métodos - 67 -

comprimento de trabalho, tátil – travou no comprimento de trabalho, e o radiográfico –

estava no comprimento de trabalho radiográfico (Figura 3).

Figura 3: A) Vista palatina do canino na prova


do cone principal com demarcações na mesial e
distal; B) Vista vestibular do canino na prova do
cone principal com demarcações no cone e
cúspide; C) Cimento uitlizado para obturação.

3. Microtomografia computadorizada

Cinco dentes de cada grupo foram submetidos à análise por microtomografia

computadorizada.

Escolhido o cone principal para cada dente, foram feitas marcações nas

superfícies do cone, com caneta para retroprojetor (Faber-Castell, Manaus, Brasil), que

ficaram em contato com a região distal, mesial, vestibular e palatina do dente a fim de

colocá-lo em sua posição de origem após sua remoção e reinserção.


- 68 - Material e Métodos_______________________________________________________________________________________

Os espécimes foram, então, submetidos ao exame tomográfico (Figura 4A) com o

uso de microtomógrafo SkyScan 1174 (SkyScan, Kontich, Bélgica) (Figura 5), cujos

parâmetros de exposição foram estabelecidos em 50 kV, 800 mA, 40 W de potência

máxima, resolução espacial estabelecida em 30 µm de tamanho do pixel, para o ciclo de

evolução da tomada tomográfica estabelecido em 360º. Os cortes avaliados foram

selecionados a partir da visualização da guta percha na extremidade apical e somados

mais 49 cortes, ou seja, 50 cortes de 30 µm totalizando 1,5 mm.

A B
Figura 4: Imagens obtidas em microtomógafo. A) Prova do cone;
B) Obutração final.

A coincidência/discrepância entre os volumes do canal e do cone (mm3) foi

considerada como significado de adaptação/não adaptação do cone principal de guta

percha no canal radicular, expressa como a porcentagem do volume do cone em relação

ao volume do canal radicular, obtida pela seguinte fórmula: (volume do cone ÷ volume

do canal radicular) x 100.

Cada dente foi submetido à obturação pela técnica da condensação lateral ativa

com auxílio de espaçadores digitais C e D (Dentsply Maillefer, Petrópolis, Brasil) por


_______________________________________________________________________________________Material e Métodos - 69 -

meio da técnica da condensação lateral ativa e cimento obturador AH Plus (De Trey-

Dentsply, Konstanz, Alemanha) (Figura 3C), manipulado com espátula flexível no 24 F,

de acordo com as recomendações do fabricante, e de cones acessórios R8 (Dentsply

Maillefer, Petrópolis, Brasil). Os dentes foram radiografados para avaliação da qualidade

da obturação e armazenados em estufa a 37oC e umidade relativa 95% pelo período

correspondente a três vezes o tempo de endurecimento do cimento, previamente

determinado de acordo com a Especificação 57 da ANSI/ADA, que para o AH Plus, no

presente estudo, determinou o tempo de espera de 520 min.

Realizou-se novo exame tomográfico (Figura 4B), da mesma forma e com os

mesmos parâmetros descritos anteriormente, com a finalidade de se determinar o

volume percentual da guta percha presente na massa obturadora em relação ao volume

do canal, com o auxílio da seguinte fórmula: (volume da guta percha ÷ volume do canal

radicular) X 100.

Figura 5: Microtomógrafo SkyScan 1174.


- 70 - Material e Métodos_______________________________________________________________________________________

4. Teste de push out

Todos os 10 dentes de cada grupo foram fixados em placas de acrílico, com

auxílio de cola quente, e seccionados em máquina de corte (Isomet 1000, Buehler, EUA)

com velocidade de 350 rpm. As coroas dos espécimes foram desprezadas, e foram

obtidos slices de aproximadamente 1,0 mm de espessura. O primeiro slice do terço

apical foi submetido ao teste de push out na Máquina Universal de Ensaios Instron 4444

(Instron Corporation, Canton, MA, EUA) dotada de célula de carga acoplada ao sistema

oscilante e sistema de garra (Figura 6A). Um dispositivo fixo de aço inoxidável foi

utilizado para posicionar os corpos de prova, de modo que a face com menor diâmetro

do canal radicular ficasse voltada para cima e alinhada à haste empregada para

pressionar o conjunto cimento/cones de guta percha (Figura 6B). A ponta da haste

possui 2 mm de comprimento e diâmetro de 0,4 mm. A máquina foi calibrada para

aplicação da carga à velocidade constante de 0,5 mm/min e os valores da força

cisalhante máxima, expressa em kN, necessária para o deslocamento do cimento foram

registrados e posteriormente convertidos em MPa com o auxílio da fórmula:

σ= F/A,

sendo que o cálculo da área (A) foi obtido de acordo com a fórmula a seguir:

A = π (Rm + rm) h, sendo,

A = área de adesão do cimento; π= 3,14;

Rm = raio médio do canal coronário calculado por: Rm = (Rc + rc) / 2;

rm = raio médio do canal apical calculado por: rm = (Ra + ra) / 2;

Rc = raio maior do canal coronário; rc= raio menor do canal coronário;


_______________________________________________________________________________________Material e Métodos - 71 -

Ra = raio maior do canal apical; ra = raio menor do canal apical;

h= espessura do corpo de prova.

Figura 6: A) Máquina Universal de Ensaios Instron


4444; B) Ponta da haste posicionada no centro da
obturação do slice.

Após o teste de push out, os corpos de prova foram observados com auxílio de

lupa estereoscópica (Stemi 2000C, Zeiss, Jena, Alemanha) em aumento de 40X, para

análise do tipo de falha ocorrida. As falhas foram consideradas adesivas quando

ocorreram nas interfaces dentina/cimento/cone; coesivas quando a ruptura aconteceu

no cimento e mistas quando foram verificados ambos os tipos de falhas no mesmo

corpo de prova.

5. Microscopia Eletrônica de Varredura


- 72 - Material e Métodos_______________________________________________________________________________________

O segundo slice do terço apical, no sentido ápice coroa, do corpo de prova foi

preparado para análise por microscopia eletrônica de varredura - MEV (JSM 5410, JEOL

Ltda, Tókio, Japão) (Figura 7). A superfície dos corpos de prova foram regularizadas e

polidas com lixa d’água carbureto de silício 400, 600 e 1200 (Norton, Lorena, SP, Brasil)

sob movimentos intermitentes em forma de “8”. Em seguida foram levados para cuba

ultrassônica por 20 min e imersos, sequencialmente, em etanol com concentrações

crescentes (25%; 50%; 75%; 80% e 100%), ácido clorídrico (6 mol/L) e hipoclorito de

sódio 2,5%. Após 24 horas em desumidificador, os corpos de prova foram fixados 3 a 3

com fita adesiva dupla face (3M, São Paulo, SP, Brasil) em stub metálico circular, de 10

mm de diâmetro e 5 mm de altura, e levados ao aparelho metalizador (Bal-Tec AG,

Balzers, Liechtenstein, Alemanha) para serem recobertos por fina camada da liga ouro-

paládio. Os espécimes foram analisados em visão panorâmica (35X) para localização das

áreas representativas e, posteriormente, em aumento de 1000X.

Figura 7: Microscópio eletrônico de varredura.


_______________________________________________________________________________________Material e Métodos - 73 -

6. Análise estatística

Os dados obtidos na análise por µCT e push out foram submetidos a testes

estatísticos preliminares, com o auxílio do software SPSS 19 (IBM- New York, USA), com

objetivo de verificar a distribuição amostral que se mostrou normal. Foi aplicado o teste

T pareado, para se verificar o volume da guta percha em relação ao volume do canal

radicular, nas duas circunstâncias analisadas. Para a resistência de união os grupos

foram comparados por meio de análise de variância. Todos os testes foram realizados

com nível de significância de 5% (α= 0,05).


Resultados

1. Porcentagem do volume do cone em relação ao volume do canal x

porcentagem do volume de guta percha presente na massa obturadora


- 76 -Resultados______________________________________________________________________________________________________

Os dados apresentados, neste estudo, correspondem à diferença percentual

entre o volume do cone e o volume do canal na extremidade apical do comprimento de

trabalho, antes e após a obturação do canal. Os valores obtidos são apresentados na

Tabela I.

Tabela I. Valores originais, médias e desvios padrões, do volume percentual da guta percha em relação ao
volume do canal radicular no milímetro apical do comprimento de trabalho, obtidos a partir de diferentes
tipos de preparo cervical, quando da seleção do cone e da obturação do canal radicular.
Sem preparo Gates-Glidden LA Axxess ProTaper SX
(SP) (GG) (LA) (SX)
Seleção do cone 47,31 75,76 97,66 83,74
62,50 92,50 70,87 61,92
93,67 88,88 71,75 73,02
69,45 77,29 90,93 73,71
59,99 62,55 42,20 93,12
Média±DP 66,58 ± 17,12 79,39 ±11,86 74,68 ± 21,62 77,10 ± 11,82

Obturação 87,26 96,86 98,07 97,45


99,91 90,38 94,31 96,01
97,08 98,58 91,00 97,66
91,09 95,68 86,75 55,07
99,23 99,60 93,30 89,28
Média±DP 94,91 ± 5,51 96,22 ±3,59 92,68 ± 4,18 87,09 ± 18,22

Foi realizado teste de normalidade, por meio do teste de Kolmogorov-Smirnof, e

os 4 grupos apresentaram distribuição normal. Em função da normalidade dos grupos

testados e do tipo de análise requerida e da relação entre o volume do cone e da

obturação foi feito o teste T – pareado.

Foram obtidos os seguintes valores resultantes do T- pareado para os grupos

estudados: SP - T= -4,001 (p=0,016); SX - T= -1,047 (p=0,354); GG - T=-2,250

(p=0,109) e LA - T=-0,767 (p=0,523). De acordo com os resultados, o único grupo que

mostrou diferença estatística significante em relação ao demais foi o SP.

Nas figuras 8 e 9, são apresentadas as imagens obtidas pelo microtomógrafo na

prova do cone e após obturação do canal e, na figura 10, é apresentada a reconstrução

tridimensional parcial de algumas amostras.


____________________________________________________________________________________________ Resultados - 77 -

Figura 8: Imagens obtidas pelo microtomógrafo


computadorizado, no sentido axial da amostra na
seleção do cone. A) SP; B) SX; C) GG e D) LA.

Figura 9: Imagens obtidas pelo microtomógrafo


computadorizado, no sentido axial da amostra após
obturação endodôntica. A) SP; B) SX; C) GG e D) LA.
- 78 -Resultados______________________________________________________________________________________________________

Figura 10: Imagens da reconstrução tridimensional parcial de


amostras dos grupos. As imagens A, C, E e G representam a seleção
do cone nos grupos SP, SX, GG e LA, respectivamente. As imagens
B, D, F e H representam a obturação final de amostras nos grupos
SP, SX, GG e LA, respectivamente. As cores azul, rosa e amarelo
representam, nessa ordem, parte da estrutura dental mineralizada, a
guta percha e o cimento obturador.
____________________________________________________________________________________________ Resultados - 79 -

2. Resistência de união do material obturador à dentina

Os valores originais, médias e desvios padrões, obtidos no teste de push out, estão

demonstrados na Tabela II.

Tabela II. Valores originais, médias e desvios padrões, em Mega-Pascal (MPa), da tensão máxima de
resistência ao deslocamento do cimento de cada tipo de preparo cervical.
SP SX GG LA

6,48 8,62 3,03 1,69


3,81 2,03 2,77 8,28
2,06 3,31 4,29 3,73
2,76 4,27 1,28 3,35
5,90 5,24 2,83 2,71
3,40 1,55 2,09 3,46
8,96 7,80 5,11 4,71
5,64 3,03 1,35 2,58
3,02 3,01 0,82 2,12
5,00 3,81 0,20 3,60

4,70±2,10 4,26±2,33 2,37±1,54 3,62±1,85

Os grupos foram comparados em relação à resistência de união do material

obturador à dentina, no terço apical, por meio de Análise de Variância com um critério

de avaliação (preparo cervical) (Tabela III).


- 80 -Resultados______________________________________________________________________________________________________

Tabela III. Análise de variância para tipo de preparo cervical.


Fonte de Variação Soma de Quadr. Gl Quadr. médio F Probab.
Preparo cervical 30,76 3,00 10,25 2,62 0,065
Resíduo 141,08 36,00 3,92
Total 171,85 39,00

De acordo com a Análise de Variância, os diferentes preparos cervicais (p=

0,15) não apresentaram diferença estatística significante. Na Tabela IV, são mostradas

as médias e desvios padrões da resistência de união do material obturador à dentina

nos tipos de preparo cervical.

Tabela IV. Valores médios e desvios padrões da resistência de união do material obturador à dentina
(MPa), obtidos a partir dos diferentes tipos de preparo cervical.
Grupos X* DP
SP 4,70a 2,10
SX 4,26a 2,33
GG 2,38a 1,54
LA 3,62a 1,85
Valor crítico = 4,762; Nível de significância = 5,00%
*Letras diferentes mostram diferença estatística

Pela análise da Tabela IV, verifica-se que os valores de resistência de união da

massa obturadora dos canais radiculares à dentina, no terço apical, não apresentaram

diferenças estatísticas.

A análise das falhas com aumento de 40X mostrou que no grupo SP (Sem

preparo cervical) e no grupo SX (SX ProTaper) predominaram as falhas tipo mista no

terço apical. No grupo GG (Gates Glidden) e no grupo LA (LA Axxess) predominaram

falhas adesivas. Os resultados com valores percentuais do tipo de falha ocorrida em

cada grupo estão descritos na Tabela V.


____________________________________________________________________________________________ Resultados - 81 -

Tabela V. Tipos de falhas nos diferentes grupos (dados em porcentagem).


Tipo de falha Grupos experimentais
SP SX GG LA Total
Adesiva 10 20 60 40 32,50
Mista 80 70 40 30 55,00
Coesiva 10 10 0 30 12,50

3. MEV

  As fotomicrografias que se seguem relacionam-se à região apical dos grupos

estudados.

Figura 11: Fotomicrografias referentes ao milímetro apical dos grupos


estudados (x 1.000). A – grupo SP, observa-se presença de gap na interface
obturação/parede dentinária com algumas áreas de formação de tags. B –
grupo SX na fotomicrografia pode-se observar presença de tags elucidando boa
adaptação da obturação à parede dentinária. C – grupo GG observa-se
presença de tags e D – grupo LA presença de tags.

De acordo com observação por meio de MEV todos os grupos analisados exceto o
grupo SP, apresentaram boa adaptação do material obturador às paredes dentinárias
podendo ser observada pelos tags formados ao longo da interface (Figura 11 - B, C e
D).
Discussão

A obturação ideal dos canais radiculares traz, no seu conceito, o hermetismo, de

modo que o espaço do canal radicular seja preenchido sem falhas ou espaços. A massa

obturadora, constituída pela associação da guta percha com o cimento, deveria formar

uma massa uniforme, com a interação química entre os seus integrantes, e também à

dentina para evitar a infiltração bacteriana (JAINAEN et al., 2007). Assim, no canal

obturado tridimensionalmente, não haveria a instalação e proliferação de


- 84 -Discussão_______________________________________________________________________________________________________

microrganismos (WU et al., 2006), evitando-se a ocorrência da percolação e da

microinfiltração de exsudatos periapicais para o interior do espaço dos canais e

portanto, da reinfecção, com a criação de ambiente biológico favorável à cura (ARI et

al., 2010).

Nesse contexto, percebe-se a importância dos estudos realizados com o intuito

de aperfeiçoar os procedimentos de obturação dos canais radiculares e dos materiais

endodônticos, como no presente trabalho, o qual teve como objetivo alcançar a

obliteração tridimensional do espaço endodôntico.

Entretanto, para se obter o hermetismo da obturação, destacam-se como de

fundamental importância, a seleção do cone principal de guta percha e o uso do

cimento obturador (PINEDA et al., 2005). Sabe-se que, quanto maior a área ocupada

pela guta percha na massa obturadora dos canais radiculares, melhor é a qualidade da

obturação dos canais radiculares (SOUZA et al., 2009), visto que é reduzido o espaço a

ser ocupado pelo cimento obturador, o qual é considerado responsável pela infiltração e

as falhas na obturação ao longo dos tempos (WU et al., 2002). Dessa forma, manobras

operacionais que aumentassem a presença da guta percha na massa obturadora final

dos canais radiculares deveriam ser encorajadas, e se traduziriam em obturações de

melhor qualidade.

É necessário fazer algumas considerações à respeito da sensação de

“travamento” do cone principal no comprimento de trabalho – teste tátil, confrontando-a

com a não adaptação do cone de guta percha nas paredes do canal radicular

encontrada no presente estudo. O “travamento” do cone principal de guta percha


________________________________________________________________________________________________________ Discussão - 85
-

ocorre, provavelmente, devido ao fato de ele se prender nas paredes do canal radicular,

ao longo do seu trajeto anatômico. Isso transmite ao operador a falsa sensação de

preenchimento do extremo apical do comprimento de trabalho, uma vez que a guta

percha molda-se à região promovendo sua vedação, como desejado pela hipótese ideal

de obturação hermética dos canais radiculares.

Avaliaram-se várias técnicas do preparo cervical, no presente estudo, comparadas

à ausência de preparo pelo fato de que, conforme relatado na literatura, manobras de

preparo cervical favorecem a obtenção de paredes mais regulares dos canais

radiculares, melhorando a qualidade do tratamento realizado (CARRASCOZA; PESCE,

1994) e a ação dos instrumentos endodônticos na região apical (DUARTE et al., 2011;

SILVEIRA et al., 2010; TENNERT et al., 2010; CAMARGO et al., 2009; IBELLI et al.,

2007; BARROSO et al., 2005; VANNI et al., 2005) devido à redução de interferências

anatômicas que lhes possam atrapalhar (LAZZARETTI et al., 2006).

Embora a presença de guta percha na massa obturadora seja um fator

determinante de qualidade da massa obturadora, convém salientar que os vários tipos

de preparo cervical não foram capazes de aumentar a presença desse material no

interior do canal quando da sua obturação final, o que faz constatar, com base na

literatura (SOUZA et al., 2009; WU et al., 2002), que tal manobra não melhorou a

qualidade final da obturação dos canais radiculares, o que desencoraja o seu uso com

essa finalidade.

Se interferências anatômicas negativas ocorrem quando do uso dos instrumentos

endodônticos no interior dos canais radiculares, era de se esperar que a mesma ação
- 86 -Discussão_______________________________________________________________________________________________________

negativa ocorresse quando da seleção dos cones principais de guta percha e obturação

dos canais radiculares, pelo fato de que, se o aspecto negativo atinge instrumentos

endodônticos metálicos, seria de se esperar que o mesmo fator atrapalhasse os cones

de guta percha, desprovidos da rigidez característica dos corpos metálicos.

Nada disso ocorreu no presente trabalho. Os vários tipos de preparo da região

cervical testados não influenciaram na porcentagem de volume do canal ocupada pela

guta percha quando da obturação do canal radicular.

Os resultados mostraram que o volume do milímetro apical do comprimento de

trabalho dos canais instrumentados não foi preenchido totalmente pelo material

obturador. Isso provavelmente ocorreu em função da complexidade anatômica da

região, que não é regularizada pela instrumentação (BARBIZAM et al., 2002); das

deficiências inerentes à técnica de obturação, que não evita a presença de espaços

vazios (ZASLANSKY et al., 2011); conforme mostrado por COSTA et al. (2010), pela

presença de gaps. Outros fatores que, por hipótese, podem estar relacionados ao fato

são as propriedades físico-químicas dos cimentos obturadores, tais como escoamento e

viscosidade, que permitiriam o preenchimento dos espaços vazios (MARIN-BAUZA,

2010; RESENDE et al., 2009), e o fator C, inerente ao cimentos resinosos, e que

provoca a contração desse tipo de material, fazendo com que ocorram espaços vazios

na massa obturadora (FLORES et al., 2011; RESENDE et al., 2009).

Os procedimentos de seleção do cone principal de guta percha seguiram os

parâmetros preconizados para a realização em ambiente clínico, de modo que os

resultados pudessem, com as ressalvas necessárias relacionadas ao transporte de


________________________________________________________________________________________________________ Discussão - 87
-

estudos ex vivo para a prática clínica, ser de utilidade e aplicação clínica. No entanto,

deve ser considerada a imprecisão dos testes visual, tátil e radiográficos utilizados para

a seleção do cone (SILVA FILHO, 2011; WAECHTER et al., 2009). Assim verifica-se falha

nas adaptações de guta percha à região da extremidade apical, o que foi verificado no

presente estudo, pois, em nenhum caso, a extremidade mais apical do cone de guta

percha ocupou 100% (cem por cento) do volume do canal radicular.

Para contornar tal problema, têm sido adotados procedimentos de amolecimento

da guta percha, uma vez que, plastificada, ela penetra em locais de anatomia mais

complexa (PETERS et al., 2010), preenchendo assim, de forma mais eficiente, o canal

radicular (RAYMUNDO et al., 2005). Em função disso, ocorre uma maior adaptação de

guta percha nas paredes dos canais radiculares melhorada, bem como ocorre aumento

da porcentagem desse material na massa de cimento obturador (JARRETT et al., 2004;

WU et al., 2002; WU et al., 2001). Ainda assim, não se alcança a eficiência desejada

(SOMMA et al., 2011; SILVA FILHO, 2011), motivo pelo qual, no presente estudo, não

se considerou a hipótese de se testarem grupos experimentais que avaliassem o

comportamento da guta percha amolecida nas condições pesquisadas.

Para a realização desta pesquisa, foram utilizadas microtomografias

computadorizadas de alta resolução (µCT), que são amplamente utilizadas para avaliar

formas tridimensionais e volumes dos canais radiculares (SOMMA et al., 2011; SILVA

FILHO, 2011; VIER-PELISSER et al., 2010; PATEL et al., 2009a; PATEL et al., 2009b;

IKRAM et al., 2009; MOORE et al., 2009), com a vantagem de não exigirem preparação

dos dentes avaliados, com destaque para a natureza não destrutiva do processo (YIN et
- 88 -Discussão_______________________________________________________________________________________________________

al., 2010; VIER-PELISSER et al., 2010), bem como permitem a obtenção de imagens

com boa resolução geométrica, em tempos relativamente curtos de aquisição, mediante

procedimentos operacionais simples, protocolos de varredura rápidos, com baixos

custos de aquisição e manutenção do aparelho (SCHAMBACH et al., 2010), mostrando

imagens ao longo de toda a obturação do canal radicular, permitindo observar a massa

obturadora, áreas não ocupadas por ela no canal, e outros detalhes de interesse

(SOMMA et al., 2011; ZASLANSKY et al., 2011).

Tendo em vista a pouca adesividade da guta percha, preconiza-se que a

obturação dos canais radiculares seja feita com cimento dotado dessa propriedade

(GOPIKRISHNA et al., 2011; SOUSA-NETO et al., 2008; SOUSA-NETO et al., 2005; LEE

et al., 2002). Embora, em circunstâncias rotineiras a obturação dos canais radiculares

esteja isenta de forças que sejam capazes de deslocá-la, há que se considerar a

hipótese de preparo do canal obturado para a recepção de contenções intrarradiculares.

Nessa hipótese, a massa obturadora deve permanecer no seu local de origem, sob pena

de o procedimento restaurador abalar, interferir ou até mesmo eliminar a qualidade da

vedação ali obtida (UNGOR et al., 2006). Nessa circunstância, torna-se imperioso

estudar a resistência de união da massa obturadora dos canais radiculares à dentina,

principalmente na região apical, local em que se localizará o remanescente da

obturação.

No presente estudo, as manobras cervicais realizadas não influenciaram na

resistência adesiva do cimento obturador às paredes do canal radicular, indicando que

tal aspecto está relacionado com o cimento utilizado e sua relação com as paredes
________________________________________________________________________________________________________ Discussão - 89
-

dentinárias – o que está de acordo com OKŞAN et al. (1993), e que mesmo a ausência

de preparo cervical do canal não influenciou nos resultados.

As manobras de preparo cervical permitiram que houvesse a ocorrência de

melhor imbricação do cimento obturador com as paredes dos canais radiculares,

revelada pela maior presença de tags e ausência de gaps, ocorrência esta mais

frequente no grupo em que não se realizou preparo cervical. Isso provavelmente

ocorreu pelo fato de que, em dentes com região cervical mais alargada, a manobra de

obturação é facilitada, permitindo que se leve mais cimento às partes apicais do canal

radicular (VANNI et al., 2005).

Quanto aos tipos de falha encontrados quando da realização dos testes de push

out, considerando-se a totalidade das amostras, verificou-se a predominância das falhas

mistas, e menor incidência de falhas puramente coesivas. Apesar da presença de tags e

ausência de gaps, o ponto mais frágil da massa obturadora é a sua interface com o

tecido dentinário (DE DEUS et al., 2002). O uso de um único cimento – o AH Plus,

embora dotado de boa adesividade (NEELAKANTAN et al., 2011; JAINAEN et al., 2007;

UNGOR et al., 2006; GESI et al., 2005), não permite comparação com eventuais outros

agentes cimentantes.

Os resultados do presente estudo, com as limitações que lhe são inerentes,

apontam na direção de que pesquisas futuras devem ser realizadas, com o objeto de

aprimorar as propriedades dos materiais obturadores dos canais radiculares e as

técnicas de obturação, tendo como objetivo final o hermetismo do selamento realizado

pela massa obturadora.


- 90 -Discussão_______________________________________________________________________________________________________
Conclusões
Diante das metodologias empregadas e com base nos resultados obtidos neste

estudo, foi possível concluir que:

1. No que se relaciona ao volume da guta percha em relação ao volume do canal

radicular, os diferentes tipos de preparo cervical realizados não foram eficientes em

aumentá-lo quando da obturação final dos canais radiculares;

2. A resistência adesiva da massa obturadora não sofreu alteração quando se

realizaram diferentes tipos de preparo cervical;


- 92 - Conclusões______________________________________________________________________________________________________

3. Constatou-se maior imbricação do cimento com a dentina, evidenciada pela

maior ocorrência de tags e ausência de gaps, com os diferentes tipos de preparo

cervical.
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ANEXO
Anexo

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