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Ciencias Dos Materiais 8 PDF
Ciencias Dos Materiais 8 PDF
A corrosão é um fenômeno
que ocorre com os materiais metálicos; enquanto a degradação afeta os materiais poliméricos.
Neste primeiro tópico, abordaremos as propriedades ópticas dos materiais, as quais são a resposta
de um material quando submetidos a uma radiação eletromagnética, dentre elas, especialmente a luz
visível. Portanto, discutiremos alguns conceitos básicos importantes para esse estudo e veremos as
propriedades ópticas da refração, reflexão, absorção, cor, entre outras.
Refração
Quando a luz incide na superfície de um material transparente e é, então, transmitida para o seu interior,
ela sofre uma diminuição em sua velocidade e é desviada em relação à sua direção de incidência. Esse
fenômeno de desvio da luz observado na interface do material com o meio externo, ou outro material
diferente, é chamado de refração.
A intensidade do fenômeno de refração em um material é dada em termos do índice de refração,
simbolizado por n, que é definido como a razão entre a velocidade da luz no vácuo, c = 3.108 m/s, e a
velocidade da luz no meio (material), v, conforme mostra a equação:
n=
c
v
O índice de refração n também tem relação com a
fração da luz incidente que é refletida na superfí-
cie, além de mudar a trajetória da luz incidente. A
intensidade da refração está relacionada, também, Feixe incidente
com o tamanho dos átomos e íons que constituem
o material refrator e, quanto maior forem esses θ
átomos ou íons, maior será a redução da veloci-
dade da luz quando atravessar a interface e, con-
Vácuo (ou ar)
sequentemente, maior será o índice de refração
(CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
O índice de refração pode ser escrito em fun- Vidro
sen i
n
sen r
Feixe refratado
A partir dessa equação, é possível determinar o ân-
gulo de refração da luz em um material específico, Figura 1 - Esquematização da refração da luz na interface
conhecendo-se o índice de refração desse material de dois meios distintos: vácuo e o vidro
e o ângulo de incidência da luz sobre ele (Figura 1). Fonte: Shackelford (2013, p. 374).
UNIDADE 8 225
Na Tabela 1, são fornecidos os índices de refração Reflexão
de alguns materiais cerâmicos e poliméricos. Os
materiais metálicos são opacos à luz visível, por- Nem toda a luz que incide sobre um material
tanto, a luz não atravessa esses materiais. transparente é refratada. Quando a luz incide em
uma interface entre dois meios, cujos índices de
refração são diferentes, e parte dessa radiação lu-
Índice de minosa é dispersa (refrata) na interface dos meios
Material refração médio
e uma parcela é refletida nessa interface, o fenô-
Quartzo (SiO2) 1,55
Mulita ( 3Al2O3 2SiO2) 1,64 meno é conhecido como reflexão.
Ortoclásio (KAlSi3O8) 1,525 A fração da luz incidente que é refletida é cha-
Albita (NaAlSi3O8) 1,529 mada de refletividade (ou refletância) R, e pode
Coríndon (Al2O3) 1,76
ser calculada pela seguinte relação:
Periclásio (MgO) 1,74
R=
Espinélio (MgO Al2O3) 1,72 IR
Vidro de sílica (SiO2) 1,458
Vidro de borossilicato 1,47 I0
Vidro de sílica de cal de soda 1,51-1,52
Vidro de ortoclase 1,51 Na qual IR é a intensidade do feixe de luz refletido
Vidro de albita 1,49 e I0 é a intensidade do feixe de luz incidente.
Polímeros termoplásticos Para o caso particular da luz incidir perpen-
Polietileno dicularmente na superfície (normal à superfície)
Alta densidade 1,545
Baixa densidade 1,51 i 0 , então a refletividade pode ser calculada
Cloreto de polivinila 1,54-1,55 utilizando-se a equação:
Polipropileno 1,47
2
Poliestireno 1,59 n n
Celuloses 1,46-1,50 R 2 1
Poliamidas (náilon 66) 1,53 n2 n1
Politetrafluoretileno (Teflon) 1,35-1,38
Polímeros termofixos Na qual n1 e n2 são, respectivamente, os índices de
Fenólicos (fenol-formaldeído) 1,47-1,50 refração dos meios 1 e 2 envolvidos na reflexão.
Uretanos 1,5-1,6
Epóxis 1,55-1,60 Se a luz estiver sendo transmitida do vácuo ou
Elastômeros do ar (meio 1) para um material sólido (meio 2),
Copolímero de polibutadieno/ 1,53
poliestireno considerando que o índice de refração do ar é
Poliisopreno (borracha natural) 1,52 praticamente igual a 1, a relação fica simplificada,
Policloropreno 1,55-1,56 conhecida como fórmula de Fresnel:
2
Tabela 1 - Índices de refração n para alguns materiais cerâ- n 1
R S
micos e alguns materiais poliméricos nS 1
Fonte: Shackelford (2013, p. 374 e 375).
Em que ns é o índice de refração do material sóli-
O “brilho” característico de diamantes e obras do. Analisando essa equação, podemos perceber
de arte feitas de vidro é devido ao alto índice que a refletividade é maior para materiais sólidos
de refração desses materiais que permite múlti- com índices de refração grandes, e menor para
plas reflexões da luz no interior desses materiais materiais que apresentam índices de refração pe-
(SHACKELFORD, 2013). quenos (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
Dentre as cerâmicas e os polímeros, existem materiais opacos e materiais transparentes à luz visível. Os
materiais transparentes, geralmente, exibem uma aparência colorida. Esse comportamento se deve a
absorção da luz visível na forma de energia (fóton de luz) que pode ocorrer devido à promoção de um
elétron da banda de valência do átomo para a banda de condução, dessa forma, são criados elétrons
livres na banda de condução e, consequentemente, buracos positivos na banda de valência, como
podemos observar na Figura 2.
Elétron
condução
condução
Espaçamento Banda de
Banda de
excitado
(livre)
Espaçamento
Energia
entre as
bandas
entre as
bandas
Eg ΔE ΔE
Buraco
Banda de
Banda de
valência
valência
Fóton Fóton
absorvido Emitido
(a) (b)
Entretanto, para que essa promoção aconteça, a energia dos fótons deve ser maior que a energia Eg que
separa as bandas de valência e de condução desse material. Isto é, a condição para que haja a promoção
de elétrons da banda de valência para a banda de condução é que
hv > Eg
> Eg
hc
l
No espectro eletromagnético, o comprimento de onda mínimo para a luz visível é de, aproximada-
mente, λ = 0,4 μm (400 nm) e o máximo é de λ = 0,7 μm (700 nm), como podemos ver na Figura 3.
UNIDADE 8 227
Comprimento de onda
Ondas de
radio
Micro-ondas
Infravermelho
Luz
visível
Ultravioleta
Raios X
Raios gama
Nessas condições, a energia máxima e mínima dos fótons da luz visível são, respectivamente:
e
hc (4, 13.1015 eV s )(3.108 m/s )
1, 8 eV
l( máx ) 7.107 m
Dessa forma, materiais não metálicos (polímeros e cerâmicas) com Eg maiores que 3,1 eV não absor-
vem nenhum fóton de energia do espectro de luz visível e, portanto, esses materiais, se tiverem pureza
elevada, serão visivelmente transparentes e incolores.
De forma similar, em materiais cuja energia entre as bandas, Eg, é menor que 1,8 eV, toda a energia
da radiação luminosa é absorvida pelo material, e esses materiais são visualmente opacos.
Finalmente, para materiais com energia entre as bandas, Eg, entre 1,8 eV e 3,1 eV, apenas uma parte
do espectro visível é absorvida e, portanto, esses materiais são coloridos.
Apesar dessa abordagem simples sobre absorção de energia ser verdade, existem outros fatores
e mecanismos que ocorrem em muitos materiais envolvendo a energia fornecida pela luz, mas essa
abordagem mais aprofundada não será tratada nesse material (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
Transmissão
Muitas cerâmicas, vidros e polímeros são materiais nos quais a luz pode atravessar de forma eficaz. O
grau de atravessamento da luz é indicado pelos termos:
• Transparência: capacidade de transmitir uma imagem clara através do material.
• Translucidez: transmissão de uma imagem difusa através do material.
• Opacidade: nenhuma transmissão de imagem através do material.
IT I 0 (1 R)2 ebl
Rβ
Feixe refletido
R
=
=
de painéis feitos normalmente de silício. Material
IA IT
A T que, ao absorver essa energia, promove elétrons
I0 I0
da banda de valência para a banda de condução,
Onde IA é a intensidade de luz absorvida pelo ma- deixando buracos positivos para trás e, como
terial e, dessa forma, a soma das frações de radia- consequência, esses elétrons e esses buracos
ção luminosa refletidas, absorvidas e transmitidas dão origem a uma corrente elétrica.
tem que ser igual a 1 (unidade) (CALLISTER;
RETHWISCH, 2013).
R AT 1
UNIDADE 8 229
Cor
As cores que enxergamos nos materiais transparentes são resultado da absorção seletiva de compri-
mentos de onda específicos da luz, o que significa dizer que a cor é o resultado da combinação dos
comprimentos de onda transmitidos através do material. Por essa razão, os materiais como diamante
e os vidros inorgânicos são incolores, pois eles absorvem igualmente todos os comprimentos de onda
da luz visível.
Já o sulfeto de cádmio, por exemplo, possui um Eg de 2,4 eV, então ele só absorve comprimentos
de onda com energias superiores a 2,4 eV, ou seja, da luz visível ele não absorve os comprimentos de
onda correspondentes à faixa de energia que vai de 1,8 eV até 2,4 eV, e nessa faixa de comprimentos
de ondas estão as cores amarelo, laranja e vermelho. Portanto, o sulfeto de cádmio apresenta coloração
amarelo alaranjado, que representa a composição de comprimentos de onda do feixe de luz transmitido
por esse material.
Os vidros coloridos são o resultado da inserção de íons de impureza ao vidro ainda no estado fun-
dido. São eles: íons de Cu2+ (dão coloração azul esverdeado), Co2+ (dão coloração azul violeta), Mn2+
(dão coloração amarela) entre outros mais.
Luminescência
Uma característica muito interessante que alguns materiais apresentam é a capacidade de absorver
energia e, então, reemitir essa energia na forma de radiação luminosa. A essa característica, damos o
nome de luminescência.
O que acontece nos materiais luminescentes é que eles absorvem a energia do fóton e, com isso,
ocorre a promoção do elétron da banda de valência (estado fundamental) para a banda de condução
(estado excitado). Quando esse elétron promovido sofre um decaimento para um estado de menor
energia (estado fundamental), ele libera um fóton de energia. Se esse fóton liberado possuir energia
entre 1,8 eV e 3,1 eV (energia dos fótons da luz visível), ele será visível.
A energia absorvida pelos materiais luminescentes para a excitação dos elétrons pode ser de origem
eletromagnética (luz, ultravioleta etc.) ou pode ser de outras fontes, como energia térmica, mecânica,
química etc.
Os materiais luminescentes são classificados com relação ao tempo de resposta, como:
• Fluorescentes: são os materiais luminescentes nos quais o intervalo entre a absorção e a ree-
missão dos fótons é muito curto, geralmente menores que 10 nanosegundos (praticamente
instantâneo).
• Fosforescentes: são os materiais luminescentes nos quais o intervalo entre a absorção e a ree-
missão dos fótons são maiores.
Certamente uma das maiores revoluções no campo a potência do sinal em longas distâncias, muitas
das comunicações foi a utilização das fibras óticas vezes, são utilizados repetidores que amplificam
para a transmissão de dados. Enquanto a transmis- e regeneram o sinal transmitido.
são de dados por meio de condutores, como fios Quanto à constituição, as fibras óticas são forma-
de cobre, dá-se por meio da condução elétrica (por das por um núcleo por onde os pulsos de luz viajam,
elétrons), a transferência de dados nas fibras óticas um recobrimento em torno do núcleo limita a traje-
acontece por transporte eletromagnético (fótons) tória dos pulsos dentro do núcleo, e um revestimen-
que é um processo muito mais veloz. Com isso, os to externo, que protege o núcleo e o recobrimento
sistemas de comunicação e transmissão de dados contra os possíveis danos que o cabo possa sofrer,
experimentaram uma melhora enorme na veloci- como podemos ver na Figura 5, a seguir.
dade e na densidade das informações transmitidas
após a implantação das fibras óticas.
O processo de transmissão de informações por
fibra ótica se inicia com as informações alimenta-
das, sendo transformadas em um sinal eletrônico
em bits (“zeros” e “uns”) por um codificador. Em
Recobrimento
seguida, esse sinal elétrico é convertido em um
sinal óptico (fótons), utilizando um conversor elé-
trico óptico. A saída do conversor elétrico óptico Núcleo Revestimento
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 8 231
dipolos magnéticos são afetados por campos mag- onde μ é o parâmetro chamado permeabilidade,
néticos, assim como os dipolos elétricos são afe- que é uma propriedade do meio específico no qual
tados por campos elétricos. Dentro de um campo o campo H passa e onde B é medido. As unidades
magnético, a própria força desse campo exerce um de μ são H/m (henry por metro) e de B é o T (tesla)
torque que tende a orientar os dipolos em relação que equivale a Wb/m2 (weber por metro-quadra-
a ele. A bússola é um exemplo desse efeito, onde a do), ou seja, 1 T = 1 Wb/m2. Caso o meio seja o
agulha alinha-se com o campo magnético da Terra. vácuo, utiliza-se a permeabilidade do vácuo μ0, que
O campo magnético é caracterizado, em dire- é igual a 4.10-7 H/m (ou 1,257.10-6 H/m).
ção e magnitude em qualquer ponto próximo a Lembrando que um Henry (1 H) é equivalente
esse campo magnético, pela grandeza vetorial H, a um weber por ampère (H = Wb/A). A relação en-
denominada intensidade do campo magnético, tre a permeabilidade de um meio μ e a permeabili-
definida para uma bobina cilíndrica (solenoide) dade do vácuo μ0 é denominada permeabilidade
como sendo: relativa μr, que pode ser conveniente, uma vez que
é uma grandeza adimensional (sem unidades).
H=
NI
l µ
µr =
Onde N é o número de espiras com espaçamento
µ0
compacto e l é o comprimento total em metros
(m), que conduz uma corrente de intensidade Diamagnetismo e
igual a I, em ampères (A), portanto H é dado em Paramagnetismo
ampère/metro (A/m) (CALLISTER; RETHWIS-
CH, 2013). Os materiais sólidos altamente condutores, como
os metais ouro e cobre, possuem permeabilidades
relativas (μr) menores, porém muito próximas,
ao valor unitário (1), por volta de 0,99995. Esses
materiais são chamados de diamagnéticos, que é
uma forma de magnetismo, não permanente, que
S N persiste apenas enquanto um campo magnético
está sendo aplicado.
Os materiais diamagnéticos, em geral, são
constituídos de átomos cujas camadas eletrônicas
são fechadas, dessa forma, não há momento de di-
polo magnético atômico resultante. Todos os ma-
teriais apresentam comportamento diamagnético,
Figura 6 - Representação das linhas de força de um campo
magnético em um ímã uma vez que os átomos que os compõem sempre
terão camadas eletrônicas fechadas. Contudo, de-
Na região ao redor de um gerador de campo mag- vido à fraca intensidade do sinal diamagnético,
nético, podemos definir a indução magnética ou esse efeito só será dominante em sistemas que
densidade do fluxo magnético, simbolizada por não possuam átomos com momento de dipolo
B, definida como: magnético permanente.
B =µH
UNIDADE 8 233
O diamagnetismo é uma forma muito fraca apresenta dipolos. Já na presença de um campo
de magnetismo, que ocorre quando um campo magnético, há a geração de dipolos e a orientação
magnético causa uma mudança no movimento deles no sentido oposto a esse campo.
do orbital dos elétrons do material, gerando um Na Figura 7(b), vemos o comportamento de
pequeno campo oposto. A magnitude da indução um material paramagnético, que na ausência de
magnética B em materiais diamagnéticos é menor um campo exibe dipolos magnéticos, porém es-
que no vácuo, e quando esses materiais são coloca- ses dipolos são orientados aleatoriamente. Quan-
dos entre os polos de um eletroímã forte, eles são do esse material é colocado sobre a ação de um
atraídos para as regiões onde o campo é mais fraco. campo magnético, os dipolos são orientados na
Por outro lado, existem materiais com permea- direção desse campo.
bilidades relativas maiores, mas também muito Entretanto, tanto os materiais diamagnéti-
próximas à unidade, variando entre 1,00 e 1,01, e cos quanto os paramagnéticos só apresentam
esses materiais apresentam momentos de dipolo magnetização quando submetidos a um campo
permanentes, os quais, na ausência de um campo magnético externo, ambos são considerados não
magnético externo, orientam-se de forma aleatória. magnéticos, além de que a densidade de fluxo
Entretanto, quando é aplicado um campo magnético magnético B presente nesses materiais é quase a
externo nesses materiais, os momentos de dipolo mesma que existiria no vácuo.
permanentes se alinham de acordo com esse campo,
esses materiais são chamados de paramagnéticos.
Ambos os comportamentos diamagnéticos e Ferromagnetismo
paramagnéticos são representados na Figura 7.
(a) Os materiais ferromagnéticos são caracterizados
=0
por exibirem magnetizações muito grandes, es-
pontâneas e que persistem mesmo na ausência de
um campo magnético, diferente das substâncias
paramagnéticas que só apresentam magnetização
enquanto um campo magnético estiver presente.
Os materiais que exibem comportamento fer-
(b)
romagnético são materiais magnéticos. Alguns
=0
exemplos são os metais de transição, como o ferro,
o cobalto, o níquel e outros materiais (CALLIS-
TER; RETHWISCH, 2013).
Armazenamento magnético
Figura 7 - Disposição dos dipolos magnéticos na ausência
e na presença de um campo magnético externo
Fonte: Callister e Rethwisch (2013, p. 687). A importância dos materiais magnéticos se dá,
também, pela sua aplicação como componentes
A Figura 7(a) representa o comportamento de um de armazenamento de informações. É notável a
material diamagnético, na qual podemos observar importância dos dispositivos de armazenamento
que, na ausência de um campo magnético, não magnético no setor da tecnologia; a partir des-
UNIDADE 8 235
acontece é que a resistividade elétrica da maioria cuja movimentação torna-se ordenada e, dessa
dos metais puros (condutores) diminui gradual- forma, os defeitos por átomos de impurezas e as
mente, conforme sua temperatura é reduzida, até vibrações térmicas não causam mais dispersões
alcançar um valor finito muito baixo, que é carac- significativas nesse transporte elétrico, portanto,
terístico para cada metal, na temperatura de 0 K. a dispersão dos elétrons é nula e a condutividade
No entanto, existem materiais que, quando têm é máxima.
sua temperatura reduzida a valores muito baixos, Algumas cerâmicas isolantes elétricas nas
têm sua resistividade elétrica reduzida de valores condições ambientes foram descobertas como
finitos até, aproximadamente, zero, permanecen- supercondutoras a temperaturas críticas TC rela-
do nesse valor conforme a temperatura continua tivamente elevadas. Entre elas está o óxido de ítrio,
a diminuir. A esses materiais específicos, damos bário e cobre (YBa2Cu3O7), cuja temperatura críti-
o nome de supercondutores quando atingem a ca é de, aproximadamente, 92 K. Do ponto de vista
temperatura TC, denominada temperatura crítica, tecnológico, esses materiais são fantásticos, pois
na qual a sua resistividade elétrica é, aproximada- uma vez que eles possuem temperaturas críticas
mente, zero. Para uma melhor compreensão do acima de 77 K, podem ser utilizados como super-
comportamento dos semicondutores frente aos condutores, cujo resfriamento é feito utilizando o
condutores comuns, podemos observar o gráfico nitrogênio líquido, que é muito mais barato que
de resistividade em função da temperatura (Figu- utilizar o hidrogênio líquido ou mesmo o hélio
ra 8) para esses dois tipos de materiais. líquido. Contudo, os supercondutores cerâmicos
têm a desvantagem de serem frágeis, o que difi-
culta a sua aplicação em componentes como em
cabos de instalações elétricas.
Esses tipos de materiais têm um amplo campo
Resistividade elétrica
2 H 2e H 2 ( gás )
Sendo essas as únicas reações de oxidação e redução que ocorrem no processo, o balanço global (soma das
reações) dá origem à reação eletroquímica global do zinco em solução ácida apresentada anteriormente.
Zn Zn2 2e
2 H 2e H 2 ( gás )
Zn 2 H Zn2 H 2 (ggás)
Outro exemplo comum de corrosão ocorre com o ferro na água (que contém oxigênio dissolvido), dan-
do origem à ferrugem. Esse processo ocorre em duas etapas, na primeira o ferro metálico Fe é oxidado
a ferro Fe2+ cuja forma é Fe(OH)2. Na segunda etapa, o Fe(OH)2 é oxidado novamente e transforma-se
na conhecida ferrugem de fórmula Fe(OH)3, cujo íon ferro é Fe3+.
1
Primeira etapa: Fe O2 H 2O Fe2 2OH Fe(OH )2
2
1
Segunda etapa: 2 Fe(OH )2 O2 H 2O 2 Fe(OH )3
2
Taxas de corrosão
Em sistemas reais, a corrosão é um processo que não está no equilíbrio, afortunadamente, na perspec-
tiva da engenharia, e estamos interessados em estimar as taxas nas quais os componentes corroem.
Essa taxa de corrosão é consequência da ação química e é um parâmetro importante de engenharia.
Podemos expressar a taxa como sendo a taxa de penetração da corrosão (TPC) ou a perda de espessura
do material por unidade de tempo.
TPC =
KW
r At
Onde W é a perda de peso, em miligramas (mg), após um tempo de exposição t em horas (h), ρ é a
massa específica em gramas por centímetro cúbico (g/cm³), A é a área exposta da amostra em cen-
tímetros quadrados (cm²) e K é uma constante. Para uma TPC dada em milímetros por ano (mm/
ano), a constante K é igual a 87,6. Uma estimativa aceitável de TPC em projetos é que ela seja menor
que 0,50 mm/ano.
UNIDADE 8 239
Além disso, pode-se definir a taxa de corrosão em toda a superfície exposta do material, geralmente
termos da corrente elétrica como mostra a relação: formando um depósito ou incrustação nessa su-
r=
i perfície. A ferrugem generalizada em aços e no
nF ferro, e também o escurecimento de pratarias, são
exemplos de corrosão por ataque uniforme.
A taxa r é dada em mols por metro quadrado Em situações nas quais dois metais ou ligas
(mol/m²), i é a corrente elétrica dada em ampe- de composições diferentes são colocadas juntas
res (A), n é o número de mols associados à ioni- e em contato com um eletrólito, pode ocorrer a
zação de cada átomo metálico e F é a constante corrosão galvânica. Nesse tipo de corrosão, o
de Faraday que vale 96500 C/mol (ASKELAND; metal mais reativo sofrerá oxidação (corrosão),
WRIGHT, 2015). enquanto o metal menos reativo estará protegi-
do da corrosão. Em ambientes marinhos (água
salgada é o eletrólito), parafusos de aço (ânodo)
Passividade correm em contato com latão (cátodo) devido à
corrosão galvânica. Além disso, a taxa de corro-
A passividade é um fenômeno exibido por metais, são galvânica aumenta conforme a razão entre
como o cromo, ferro, níquel, titânio e muitas ligas a área do cátodo e do ânodo aumenta, ou seja,
desses metais. Esse fenômeno é caracterizado pela para uma dada área do cátodo conforme a área
perda da reatividade química exibida por alguns do ânodo diminui (aumentando a razão), maior
materiais em alguns ambientes específicos. será a corrosão.
Esse comportamento é, possivelmente, devido A corrosão galvânica pode ser reduzida sig-
à formação de um filme de óxido muito fino e nificativamente:
aderente sobre a superfície do metal, e esse filme • Escolhendo metais (os ligas) próximos na
funciona como uma barreira que protege esse série galvânica para produção de junções.
metal contra uma corrosão adicional. Os aços • Utilizando uma área do ânodo tão grande
inoxidáveis são exemplos de ligas metálicas ex- quanto o possível.
tremamente resistentes à corrosão em diversos • Isolando eletricamente metais (ou ligas)
ambientes devido ao fenômeno da passividade. diferentes.
Formas de corrosão
A corrosão pode ocorrer na forma de pites, uma forma muito localizada de ataque corrosivo que for-
ma pequenos buracos no material. Os pites podem ter origem em um defeito superficial, como um
arranhão ou mesmo uma pequena variação na composição. Esse tipo de corrosão é muito traiçoeira,
muitas vezes não detectada, e que acarreta pequenas perdas do material e posterior falha.
Os aços inoxidáveis são razoavelmente susceptíveis a pites, entretanto, a resistência a esse tipo de
corrosão aumenta significativamente com uma adição de, aproximadamente, 2% de molibdênio a
esses aços.
Outro tipo de corrosão muito comum é a erosão-corrosão, uma ação combinada de um ataque
químico e da abrasão mecânica causada pelo movimento de um fluido. No geral, todas as ligas metálicas
são susceptíveis, em maior ou menor grau, a esse tipo de corrosão. Em ligas passivadas, o revestimento
protetor pode ser erodido pela ação abrasiva do fluido e, caso essa barreira não seja recomposta rapi-
damente pelo material, a corrosão pode ser severa.
A erosão-corrosão é frequentemente encontrada em tubulações, principalmente em curvas, cotovelos
e em grandes mudanças de diâmetro, rotores, válvulas, bombas e palhetas de turbinas, que são situações
onde há um escoamento turbulento e colisão do fluido. Por essa razão, uma das formas de reduzir a
erosão-corrosão é modificar o projeto para reduzir ou eliminar efeitos da turbulência e a colisão do
fluido. A escolha de um material resistente à erosão e à remoção de bolhas e partículas do fluido, redu-
zindo sua capacidade de erosão, é outra forma de reduzir a erosão-corrosão.
Dentre os ambientes ditos corrosivos estão a atmosfera (ar úmido contendo oxigênio dissolvido), so-
luções aquosas, solos, ácidos, base, solventes inorgânicos, metais líquidos, sais fundidos e, até mesmo,
o corpo humano. A escolha do material adequado depende do ambiente ao qual ele será exposto, a
seguir são mencionados alguns materiais comumente aplicados a alguns tipos de ambientes:
• Atmosfera: ligas de alumínio e de cobre e aço galvanizado.
• Água doce: ferro fundido, aço, alumínio, cobre, latão e alguns aços inoxidáveis.
• Água salgada: titânio, latão, alguns bronzes, ligas de cobre-níquel e ligas de cobre-cromo-mo-
libdênio.
• Solos: ferro fundido e aços-carbono comuns.
Existem diversas formas de lidar com a corrosão, sendo a mais simples a seleção criteriosa do material
utilizado no projeto, após o detalhamento do ambiente ao qual ele será inserido. Entretanto, o fator
econômico, algumas vezes, pode ser determinante e o material “ideal” seja economicamente inviável
ao projeto. Nesses casos, deve-se empregar outras medidas para lidar com a corrosão.
UNIDADE 8 241
Caso seja possível, a mudança do ambiente, Em virtude dessa resistência extrema à cor-
como a diminuição da temperatura do fluido ou rosão, os materiais cerâmicos possuem diversas
da sua velocidade, pode reduzir efeitos de corro- aplicações, como em recipientes de vidro para
são. Além disso, é muito comum a adição de subs- armazenamento de líquidos, cerâmicas refratárias
tâncias em concentrações relativamente baixas em aplicações onde é necessário um isolamento
ao ambiente para diminuir a corrosividade desse térmico e, ainda, resistência a ataques em tempe-
ambiente. Essas substâncias são denominadas raturas elevadas ou em aplicações em ambientes
inibidores, e sua escolha depende tanto da liga corrosivos e pressões acima da atmosférica. Os
metálica quanto do ambiente. materiais cerâmicos são muito mais recomen-
Alguns inibidores funcionam eliminando uma dados que os metais para suportar a maioria dos
espécie quimicamente ativa do ambiente, outros ambientes corrosivos por longos períodos.
fixam-se na superfície que está sendo corroída e
a protegem. Sua utilização se dá, principalmen-
te, em sistemas fechados, como em caldeiras de Degradação dos Polímeros
vapor ou radiadores de automóveis.
Um dos meios mais eficaz de proteção contra Assim como os materiais metálicos, os polímeros
os diversos tipos de corrosão é a proteção catódi- também sofrem deterioração devido à interação
ca. Esse tipo de proteção consiste em fornecer um com o ambiente. Entretanto, o modo como essa
suprimento de elétrons, por uma fonte externa, ao interação ocorre é diferente: nos metais, ocorre
metal que se deseja proteger, transformando esse um processo eletroquímico, enquanto nos po-
metal em um cátodo. límeros os fenômenos são físico-químicos, por
Outra forma de proteção catódica é acoplar essa razão, a deterioração nos polímeros devido
um metal mais reativo ao metal que se deseja pro- ao ambiente é chamada de degradação.
teger. O metal mais reativo funcionará como um Em geral, os polímeros podem deteriorar-se
ânodo de sacrifício, e será oxidado no lugar do por inchamento, dissolução ou por ruptura de
outro metal. O magnésio e o zinco são os metais suas ligações covalentes. Entretanto, devido à
mais utilizados como ânodo de sacrifício devido complexidade química da classe dos polímeros,
aos seus altos potenciais de oxidação. Um exemplo os seus mecanismos de degradação não são com-
de proteção catódica muito conhecido é a galva- pletamente entendidos.
nização, que consiste na aplicação de uma cama- O inchamento ocorre quando um polímero,
da de zinco na superfície do aço, com a finalidade exposto a um líquido, absorve esse líquido, ou
de proteger o aço contra a corrosão. um soluto desse líquido, e as pequenas moléculas
absorvidas ajustam-se no interior do polímero
e forçam a separação das suas macromoléculas,
Corrosão em Cerâmicas resultando em uma redução das forças de liga-
ção intermoleculares e, consequentemente, em
Os materiais cerâmicos são extremamente imunes uma redução da resistência e um aumento da
à corrosão em quase todos os ambientes. Quando ductilidade do polímero. Pode, ainda, ocorrer a
ocorre nesses tipos de materiais, é uma simples diminuição da temperatura de transição vítrea do
dissolução química, diferente dos processos ele- polímero, e caso essa temperatura seja menor que
troquímicos que ocorrem na corrosão dos metais. a temperatura ambiente, o material, que antes era
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ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e Engenharia dos Materiais. 3. ed. São Paulo: Editora Cengage
Learning, 2015.
CALLISTER JR., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução. 8. ed. Rio
de Janeiro: Editora LTC, 2013.
SHACKELFORD, J. F. Ciência dos Materiais. 6. ed. São Paulo: Editora Pearson, 2013.
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1. C.
A afirmativa II está incorreta, pois o ferro (na forma ferrita α), o cobalto e o níquel exibem comportamento
ferromagnético, ou seja, exibem momento magnético permanente mesmo na ausência de um campo
magnético externo.
2. B.
A afirmativa III está incorreta, pois uma parcela da luz incidente em um material sólido transparente atra-
vessa completamente o material; esse fenômeno é chamado de transmissão e está relacionado com os
fenômenos da reflexão e absorção.
• Seleção criteriosa do material adequado, conhecendo-se o ambiente ao qual ele será inserido.
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