História da Igreja.

A Reforma Protestante – Parte 1

ICEB Caucaia pré-adolescentes.
Ednardo Chagas

Introdução.
Nesta aula iremos analisar e aprender juntos um pouco sobre a reforma
protestante. É claro que não teremos como abordar todos os aspectos da reforma e não
teremos como abordar todos os reformadores e nem mesmo todos os locais da reforma
com suas respectivas conseqüências. Mas, iremos abordar a reforma como um todo,
como um acontecimento histórico geral e suas conseqüências para a igreja.
Todos nós precisamos saber antes de tudo, que a reforma protestante é um dos
marcos mais importante para o cristianismo ortodoxo, por que quando olhamos o
acontecimento da reforma protestante, por lentes históricas, ou melhor, dizendo, por
lentes de estudantes cristãos, conseguimos perceber que este marco foi o retorno da
igreja á uma prática e doutrina ortodoxa.
Como podemos perceber a reforma protestante foi um dos acontecimentos mais
importantes da idade moderna, que dá fim a idade média, por tanto aqui, começaremos a
estudar esta nova era: a Idade Moderna. Na reforma protestante, temos uma ruptura, ou
seja, igreja agora rompe com os maus costumes que estavam sendo e que tinham sido
implantados na igreja do século XVI.

RAÍZES DA REFORMA
Nós vimos na introdução do estudo que a reforma protestante é um grande
marco na era moderna da história, mas é claro que a reforma protestante teve algumas
raízes, e elas estão encontradas ainda na idade média. Quando estudamos a história da
igreja e nos deparamos com as raízes da reforma protestante, indubitavelmente iremos
deparar-nos nos pré-reformadores.
Os pré-reformadores são aqueles que antecedem a Lutero, a grande figura na
reforma protestante, o estopim da reforma na igreja. Todos aqueles que vieram antes de
Martinho Lutero, tentando uma reforma na igreja, tanto em questões práticas, quanto em
questões doutrinarias e/ou teológicas, são denominados de pré reformadores, por que
antecederam a grande explosão da reforma protestante.
 A história nos oferta uma gama de nomes quando nos remetemos aos pré-
reformadores, muitos desconhecidos pela igreja moderna, muitos conhecidos somente
por uma nata de estudiosos e intelectuais, mas há alguns que são comuns de se ouvir
falar, quer dizer, que são bem conhecidos nos ciclos de estudiosos e de incultos, que
procuram estudar a história da igreja.
Iremos destacar pelo menos três homens que são considerados como pré-
reformadores pela maioria dos historiadores da igreja e também por historiadores
seculares.
John Wycliffe (1328-1384)
Pouco se sabe sobre a infância de Wycliffe, pouco se sabe também sobre seu
nascimento e sua família, mas sabemos que sua nacionalidade era inglesa, ele nasceu
em York Shire, que é localizado na Inglaterra. De acordo com a história, os pais dele
eram camponeses, mas mesmo vindo de uma família simples e humilde, ainda assim,
Wycliffe ingressou na Universidade de Oxford.
Wycliffe dedicou-se ao estudo de Teologia e Filosofia dentre outras áreas que o
interessavam, logo ele se destacou como um estudante de teologia e obteve o grau de
doutor em teologia. Como um teólogo, ele se destacou pela sua firme defesa de uma
reforma na igreja. Também se destacou por suas firmes criticas ao papado. Perceba, que
na época em que Wycliffe estava era quase um pecado criticar o papa.
Devemos lembrar que o papa é tido até os presentes dias como o vigário de
Cristo na terra, é considerado como o sucessor do apóstolo Pedro. Por tanto, ao
Wycliffe se colocar como um dos críticos do papa, automaticamente ele também se
colocava como um inimigo da igreja, o mais interessante de tudo, era que mesmo com
essas criticas ao papado, Wycliffe era um sacerdote.
Por causa dessas criticas, ele ganhou em sua pessoa uma reputação patriota e
reformista, por que ele defendia os interesses nacionais e também defendia que a igreja
tinha que mudar em alguns aspectos, para ele, a igreja não estava sendo o que ela
realmente deveria ser. Ele defendia reformas na igreja por que encontrava no
comportamento e nos ensinos da igreja incompatibilidades com as praticas e ensinos de
Jesus e dos apóstolos.
Wycliffe ganhou o respeito e consideração da classe popular por causa de sua
simplicidade e pelo seu comprometimento com esta classe, ele se interessava por esse
povo, ele se interessava pela causa deles, tanto que celebrava a missa na linguagem
popular, para que todos eles pudessem entender e celebrar juntos, o que não era de
costume da igreja católica.
Mais após um tempo, Wycliffe foi ficando um pouco mais radical, quando
começou a escrever algumas de suas obras, também começou a combater a existência
do papa, afirmando que ele não deveria existir e que o homem comum, os fieis da
igreja, nem mesmo os padres tinham por obrigação se curvar ao poder do papa, por que
ele era o anticristo.
Com isso, a igreja começou a censurar Wycliffe, mas mesmo assim a
popularidade dele crescia, principalmente quando ele começou seu projeto de tradução
das escrituras para o inglês. Wycliffe não terminou esse projeto e nem conseguiu ver o
fruto de seu trabalho, quando muitos bispos começaram a se revoltar também contra as
práticas malditas da igreja.
Wycliffe morreu aos sessenta anos. Alguns anos mais tarde, o seu corpo foi
desenterrado e queimado, como um mártir, ou um traidor da igreja, e foi jogado num
regato próximo. Todos os seus seguidores ficaram conhecidos como lollardos.
John Huss (1369-1415)
O movimento que foi iniciado por John Wycliffe na Inglaterra encontrou
dificuldades após a sua morte, primeiro por conta das restrições e perseguições da igreja
aos seus seguidores, também por ter perdido o seu líder. Mas enquanto isso ocorria na
Inglaterra, em um lugar chamado Boemia, que é republica Tcheca hoje, teve uma
expansão muito grande de Lollardos e dos ensinamentos de Wycliffe.
Na boemia o despertamento teve como líder um reformador chamado John Huss
que era muito simpático as idéias de Wycliffe e que seguia muitas das práticas dele,
como por exemplo, a pratica de pregar no idioma das pessoas, na linguagem comum,
como também sua severidade na condenação das práticas ilícitas e vergonhosas da
igreja.
Huss já ensinava que fazer parte da igreja católica não significava fazer parte da
igreja de Cristo, a igreja invisível, e isto era uma ofensa a alta escala da igreja católica
por que os seus teólogos já haviam afirmado que a igreja católica era a única igreja
verdadeira. Huss, também afirmava que a bíblia era a única regra de fé e pratica do
cristão, com isso, ele negava a autoridade da tradição e também do papa, ou seja, mais
um golpe na igreja.
 Por isso, Huss começou a encontrar inimigos dentro da igreja, no inicio de sua
trajetória, ele não encontrou muitas dificuldades e nem mesmo muita oposição por que
era um dos favoritos da corte, mas isso não durou muito tempo. Por conta de seu forte
ensino contra as indulgencias, Huss foi chamado a comparecer no concilio que ocorreria
em uma cidade chamada Constancia.
No momento em que Huss colocou seus pés no concilio, foi preso, sendo
acusado de heresia. Quando foi a julgamento, ele foi proibido de ter um advogado,
alegaram que hereges não tinham esse direito, ele estava sendo acusado de ser herege
por seguir os ensinos de Wycliffe. Antes de sua morte, as autoridades ainda tentaram
fazer Huss negar tudo que escreveu, assinando uma retratação, mas ele se negou
severamente.
Jonh Huss morreu na fogueira, queimado, morreu em oração e Deus ouviu seu
clamor e encerrou sua vida depressa, antes mesmo que pudesse sofrer tanto, quanto os
outros mártires sofreram.
Jerônimo Savonarola (1452-1498)
Este nasceu em Florença, na Itália e formou-se como médico na Universidade de
Ferrara. Mas ingressou em um mosteiro dominicano em Bolonha no ano de 1473 e logo
depois em 1481 foi enviado como um pregador a ferrara, onde tinha se formado como
médico. Jerônimo foi um pregador por excelência e foi até denominado como reitor do
mosteiro de Florença que era dominicano.
Os sermões de Jerônimo condenavam a sensualidade, os pecados mais
encontrados na cidade e também condenavam os vícios do papa. Nem mesmo o clero e
a igreja como um todo escapou dos sermões sinceros de Jerônimo. A cidade em que
Jerônimo estava pregando era Florença e ela se reformou depois de seus severos
sermões, mas Jerônimo incomodou o Papa Alexandre VI com sua sinceridade e com
suas acusações.
Este papa queria que ele parasse com as acusações contra a igreja e contra o
papado, a tal ponto de o papa subornar a Savonarola com um cargo muito alto na igreja,
mas Jerônimo rejeitou, então a partir daqui inicia-se uma grande e ferrenha briga entre
essas duas partes, que acaba com a excomunhão, prisão, tortura e morte de Jerônimo.
19 anos antes de Lutero fixar as 95 teses, Jerônimo é assassinado enforcado na
grande Praça de Florença, cidade onde entregou seus sermões mais severos. Na próxima
aula, analisaremos a reforma protestante propriamente dita.