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GESTÃOdeRISCOS
Março 2010 | edição 53
GERENCIAMENTO DE RISCO
NO TRANSPORTE DE CARGAS
ANÁLISE
Educação para a gestão da mobilização e segurança nacional
SEGURANÇA PÚBLICA
Repressão X Prevenção: um novo paradigma
Ponto de Vista
Editorial
Análise
Gerenciamento de Riscos no Transporte Rodoviário................7
Acontece
Segurança Pública
Repressão X Prevenção: um novo paradigma..........................25
Análise
Educação para a gestão da
mobilização e segurança nacional . .......................................27
Ler&Saber
A economia do Brasil anda de caminhão. É no transporte rodoviário de cargas que está a riqueza da nossa
nação. Nosso país tem km de rodovias e uma frota de caminhões.
Se “onde tem dinheiro, tem ladrão”, no transporte rodoviário de cargas, os riscos de furto e, principal-
mente, roubo são enormes. Além desses, outros riscos como, por exemplo, acidentes, são também muito
comuns ao se percorrerem longas distâncias, com muita carga e sob responsabilidade principal de um mo-
torista, humano.
João Carlos da Silva nos presenteia nesta edição com o artigo Gerenciamento de Risco no Transporte Ro-
doviário, resultado de um MBA em Logística Empresarial e Supply Chain Management; repleto de dados
atualizados e teoria claríssima que auxiliarão a todos os gestores de logística.
Se um dos maiores riscos do transporte de cargas é a corrupção, essa é um perigo a todos os cidadãos. Lara
Mendes, através de sua dissertação de mestrado que virou livro, demonstra na Ler & Saber como os atos de
corrupção atingem de maneira indireta mas fatal a todos os atores sociais, que sofrem com os entraves da
consequente taxa de juros alta.
Na mesma coluna, você verá na resenha do livro de Andre Macieira Risco Positivo que “A sorte favorece
quem tem a mente preparada. A gestão de riscos positivos não vai trazer sorte para sua organização, mas
vai deixá-la mais bem preparada para explorá-la.”
Na Acontece, estão as Noites de Autógrafos dos livros acima e outros eventos da Brasiliano pelo país.
Dois novos contribuintes inauguram nesta edição. Armando Nascimento, traz um arigo na área de Segu-
rança Pública, falando da mudança necessária ao modelo de contenção da violência brasileiro, focando-se
principalmente no perfil profissional no profissional de segurança pública: o policial. Para Armando, o novo
profissional deve ser o policial do conhecimento.
Seguindo essa linha de pensamento deixada em aberto por Nascimento, sobre reformas necessárias no
âmbito da formação do cidadão, Lícia Mendes traz um artigo científico que alerta a sociedade e o governo
da importância do conhecimento e do preparo do cidadão brasileiro para o civismo e patriotismo. A autora
propõe reformas no sistema educacional com base em modelos já adotados previamente, como forma de
formar um novo cidadão, mais comprometido com a nação.
Mariana Fernandez
Editora
ANÁLISE
Gerenciamento de Risco no
Transporte Rodoviário
João Carlos da Silva
1. Introdução
As empresas brasileiras não possuem a prática de formalizarem seu gerenciamento de riscos
no transporte rodoviário. Diante dessa constatação, tais organizações e seus profissionais preci-
sam criar e implantar planos eficientes, adaptando-se às mudanças rápidas que acontecem no
mundo globalizado para essa nova realidade de mercado.
Este artigo pretende oferecer subsídios suficientes para as firmas de logística, que realizam transporte
rodoviário e para seus executivos / tomadores de decisão, planejarem um gerenciamento de riscos baseado
em modelos já existentes e comprovadamente eficientes. Dessa forma, será possível transformar a incerteza
total em uma incerteza parcial e controlada, gerando valor agregado para empresa e negócios, reduzindo
a exposição aos riscos pertinentes a esses e criando um diferencial competitivo no mundo empresarial.
Pelos gráficos apresentados podemos notar a importância do assunto, não só pela quantidade
de ocorrências nos três primeiros semestres do ano de 2009 no Estado de São Paulo, com um
total de 5.836 ocorrências (gráfico 01), mas também, pelos valores astronômicos envolvidos na
modalidade criminosa, mais de R$ 214 milhões de reais (gráfico 02).
www.brasiliano.com.br Análise | 7
Gráfico 01 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 - Ocorrências Gráfico 02 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 - Valores
Acumulado / 2009 - 5.836 ocorrências Acumulado / 2009 - R$ 214,154 Milhões
Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009. Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
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A ciência da administração do risco con- as mãos, essa formalidade prescreve
siste em maximizar as áreas onde temos nossa conduta futura, ainda que as con-
certo controle sobre o resultado, enquanto dições mudem a ponto de desejarmos ter
minimizamos as áreas onde não temos ab- feito um acordo diferente.
solutamente nenhum controle sobre esse
Nessa linha de raciocínio, algumas
e onde o vínculo entre causa e efeito está
pessoas protegem-se dos resultados incer-
oculto para nós. É difícil encontrar uma
tos de outras formas, elas contratam um
causa onde não parece haver nenhuma,
serviço de limusines para evitar a incerte-
não podemos atribuir uma causa especí-
za de andar de táxi ou de ônibus, outras
fica a um resultado quando, na verdade,
possuem sistemas de alarmes instalados
apenas as leis da probabilidade estão em
em suas residências, para reduzir o risco
ação. Na falta de informações, temos de
de assaltos. No entanto, reduzir a incerteza
recorrer aos raciocínios indutivos e tentar
não é barato, e nunca será reduzida a zero,
adivinhar as chances, há uma relação entre
já que se trata de um conceito relativo e
a evidência e o evento considerado, mas
não absoluto.
não necessariamente mensurável.
O raciocínio indutivo
leva-nos a certas con- Gráfico 03 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009
clusões curiosas, ao Estado de São Paulo - Regiões
Acumulado no ano: 5.836 ocorrências
tentarmos enfrentar as
incertezas com que nos
deparamos e os riscos
que assumimos. Por
que entramos num jogo
para perder? Aposta-
mos porque estamos
dispostos a aceitar a
alta probabilidade de
uma perda pequena Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
na esperança de que a
baixa probabilidade de
ganhar muito dinheiro nos favorecerá. Para
3. Roubo de Carga na
a maioria das pessoas, de qualquer modo,
apostar é mais um entretenimento do que logística rodoviária
um risco. (Bernstein, 1998, pág. 37 - 40).
A cadeia logística é uma nova visão em-
Consequentemente, o número de riscos presarial que direciona e aprimora o de-
contra os quais podemos nos segurar é sempenho das empresas, tendo como meta
bem inferior ao número dos que corremos reduzir o lead time entre o pedido, a pro-
no decorrer da nossa vida. Enfrentamos dução, a demanda e a entrega até o consu-
a possibilidade de em algum momento midor final, de modo que o cliente receba
fazer a opção errada e nos arrepender- seus produtos ou serviços no momento em
mos por isso. Nos negócios selamos um que deseja, de modo que suas necessida-
acordo assinando um contrato ou dando des sejam atendidas.
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Para que essa meta seja alcançada é neces- É possível que a necessidade leve a
sário que a empresa possua um sistema de in- empresa a utilizar mais de um modal.
formação eficiente que atenda todas as suas As principais metas para a utilização do
necessidades, com todos os pormenores dos sistema multimodais são: redução de custo
ativos da empresa. Outro fator relevante é o total, redução de tempo de trânsito em
controle de acesso aos microcomputadores longos percursos, redução de impacto am-
e aos diversos setores da organização, pois biental, redução do congestionamento nas
não podemos sinalizar o princípio da priori- rodovias e melhora do nível de serviço.
dade de proteção (Pozo, 2004, pág. 59). Embora os maiores prejuízos no trans-
porte de cargas se devam ao crime de
Gráfico 04 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 São Paulo (Capital) - Locais roubo, outros riscos ou ameaças têm se
Acumulado no ano: 3.154 ocorrências
revelado importantes, tais como: apro-
priação indébita, acidentes (colisão, tom-
bamento, adernamento e deslizamento de
carga), avarias (estragos ou perecimento)
e contaminação ambiental por produtos
químicos. Todos esses fatores são poten-
cializados em virtude do péssimo estado
de conservação da malha rodoviária do
país, como já mencionado.
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cargas, onde têm sido registradas perdas Diante disso, o desvio e roubo de carga,
bastante consideráveis. está se tornando cada vez mais comum em
nossas estradas, em decorrência da facili-
As más condições de conservação das
dade de abordar os motoristas e pela infi-
nossas estradas é um dos fatores facilita-
delidade de outros motoristas em troca de
dores para o roubo de cargas, pois não
um montante em dinheiro, em troca de sua
permitem que os veículos transportadores
própria vida ou da vida de seus familiares.
consigam manter uma velocidade constan-
Uma ferramenta que ajuda a reverter esse
te, fazendo com que diminuam considera-
quadro é o Gerenciamento de Risco (Ruiz,
velmente sua velocidade.
2009, pág. 180-185).
Assim, estradas mal conservadas permi-
tem que grupos armados tomem o con-
4. Gerenciamento de
trole dos caminhões, devido à necessida-
de de redução de sua velocidade; bem Riscos no Transporte
como a frota fragmentada em pequenas Rodoviário de Cargas
empresas, sem programa de manuten-
A constante busca pelo aumento da
ção preventiva nos veículos, aciona vários
produtividade e a maior participação no
problemas mecânicos que facilitam situa-
mercado tem provocado a alta competi-
ções semelhantes.
tividade entre as empresas. Esse grande
Nesse cenário, as empresas estão à mercê desafio nos dias atuais leva à busca por
de grupos fortemente armados, e cada instrumentos cada vez mais eficazes na
vez mais organizados, que na maioria das gestão empresarial. Nesse contexto, a Lo-
vezes contam com informações de dentro gística Empresarial se apresenta como um
das próprias empresas. Em muitos casos poderoso instrumento de competitividade
as quadrilhas já sabem o tipo de carga e diferencial de mercado entre as empresas.
que o veículo transporta, seu valor total e
Os conceitos de “Just in time” e de cadeia
o itinerário a ser seguido pelo caminhão,
de suprimento “Supply Chain Management”
informações que, seguramente, colheram
são uma realidade para o aumento da pro-
na própria transportadora, ou de moto-
dutividade e competitividade. O produto
ristas insatisfeitos e desejosos de ganhos
certo, na hora certa, no local desejado e
adicionais, que acabam envolvendo-se em
conforme as especificações dos clientes, são
situações ilícitas, ou de falhas no controle
fatores que indicam a capacidade operacio-
dessas informações.
nal da logística da empresa. A garantia disso
implica no adequado controle de prevenção
de perdas, em função dos riscos implícitos
no transporte de cargas rodoviário.
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um programa de prevenção de perdas, são O seguro representa apenas uma fração
estudadas medidas para administrar e/ou do custo total do risco, o objetivo das em-
reduzir a freqüência e abrandar a severi- presas é manter um processo permanen-
dade dos danos causados (econômicos, te de controle e redução de todos esses
físicos e psicológicos). custos, sendo a soma de todos os valores
que a empresa disponibiliza e utiliza para
Gráfico 05 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 São Paulo - obter um produto novo ou serviço, sem
Rodovias Federais / Estaduais necessariamente ter como objetivo o lucro.
Acumulado no ano: 1.149 ocorrências
Dentre os custos existentes podemos citar:
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em determinada alternativa ao aqueles decorrentes de falhas no
invés de aplicar em outra, capaz produto ou serviço quando estes
de proporcionar maior benefi- se encontram no mercado e/ou
cio, refere-se também, ao valor são adquiridos pelo consumidor
liquido de caixa perdido quando final. Falhas externas ocasionam
se optou por uma alternativa em grandes perdas em custos intan-
detrimento de outra; gíveis, como destruição da ima-
6. Custos de qualidade: São os gem e credibilidade da empresa;
custos associados com a obten- 11. Custos perdidos: São valores já
ção e manutenção da qualidade gastos no período, e que, mesmo
em uma organização, tanto em que ainda não sejam contabiliza-
manufatura quanto em serviços; dos totalmente como custos, o
7. Custos de prevenção: são to- serão no futuro;
dos os custos
incorridos para Gráfico 06 | Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 Dias da semana
evitar que falhas Acumulado no ano: 5.836 ocorrências
aconteçam. Tais
custos têm como
objetivo controlar
a qualidade dos
produtos, de for-
ma a evitar gastos
provenientes de
erros no sistema
produtivo;
8. Custos de avalia-
ção: São os custos
necessários para
avaliar a quali-
dade do produto
pela primeira vez
Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
e assim, detectar
falhas e inconsis-
tências antes que o produto seja 12. Custos ambientais: É apenas um
posto no mercado; subconjunto de um universo mais
9. Custos de falhas internas: Os vasto de custos necessários a uma
custos das falhas internas são adequada tomada de decisões;
todos aqueles incorridos devido 13. Custos “out-off-pocket”: São os
a algum erro do processo pro- custos que aparecem quando a
dutivo, seja ele falha humana ou empresa opta por fazer reformas
falha mecânica; internas que exigam a compra de
10. Custos de falhas externas: Os materias e a contratação de mão
custos de falhas externas são de obra, ou quando uma área da
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empresa é preparada para a utili- Não podemos esquecer ainda, que o Geren-
zação para outra função daquele ciamento de Risco é composto por diversas fer-
que era usada antetriormente ramentas de segurança e tem por objetivo apre-
(Ruiz, 2009, pág. 69 – 73); sentar uma solução integrada para a empresa,
com diminuição real e imediata das perdas até
5 Planejamento que se possa atingir o índice zero de sinistro ou
aceitável para a empresa (Brasiliano, Metodolo-
O Gerenciamento de Riscos pressupõe
gia para a Identificação de Riscos Estratégicos,
um planejamento estratégico entre a alta
revista Proteger 2004, pág. 25 e 26).
direção da empresa e a área de seguran-
ça, possuindo alguns fatores críticos de
sucesso: 6 Ferramentas
5.1 Identificação de riscos: Levantamen- Para obter os resultados desejados, o
to feito através das características da ope- Gerenciamento de Riscos lança mão de
ração de logística, sendo identificados e algumas ferramentas combinadas entre si
apontados. ou isoladas, conforme a necessidade do
projeto. Essas ferramentas são a combina-
• Análise de riscos: É verificada a
ção da tecnologia empregada na seguran-
freqüência das rotas, mix de car-
ça com o homem através de um processo
gas, pontos de maior probabilida-
organizacional, ou seja, normas e procedi-
de de sofrer perdas, entre outros.
mentos. São ferramentas utilizadas no pro-
cesso de Gerenciamento de Risco:
Gráfico 07| Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 Honorários
Acumulado no ano: 5.836 ocorrências • Rastreamento da frota: Atividade
Horário Ignorado = 159 ocorrências (2,73%)
que experimenta um crescimento
muito forte, ainda que com a
liderança de mercado concentra-
da na tecnologia de transmissão
dos dados via satélite; bem como
os modelos de rastreadores e
bloqueadores que utilizam o
sistema híbrido (GPS ou não, ra-
diocomunicação combinado com
a telefonia celular digital);
• Acompanhamento via fone:
Monitoramento realizado atra-
Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
vés de ligações efetuadas pelos
Além disso, a estratégia do plano de Ge- motoristas em postos de controle
renciamento de Risco a ser implantado tem avançados no eixo rodoviário.
que focar o ativo humano da empresa, com Nesse ponto existe um prepos-
atenção especial para os envolvidos dire- to da empresa para efetuar o
tamente no transporte das mercadorias, controle e acionar o plano de
equipes de escolta, se for o caso, e também contingência, se for o caso;
nas equipes de pronta resposta das organi- • Escolta armada: Uma das mais
zações policiais, se for necessário. onerosas ferramentas tendo em
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relativo à perda da sua segurado-
ra e ganham com a revenda do
produto fraudado.
• Golpes dessa natureza são co-
muns em proprietários de cami-
nhões com dívidas. Além de be-
neficiarem-se do valor do produto
vista que lança mão do recurso fraudado, pagam alguém para
humano como parte fundamen- atravessar o caminhão para um
tal no processo de segurança, país vizinho (Bolívia, por exemplo)
apoiado, na maioria das vezes, vendem-no por um custo menor
por um dos sistemas de localiza- que o valor venal, dá-se a queixa
ção citados anteriormente. Utili- de roubo, livram-se da dívida e
zada tanto no perímetro urbano ainda terminam com um pequeno
como em rodovias, conforme a lucro;Operação presença: Consis-
necessidade de proteção face te na presença física de um repre-
ao valor agregado. Justifica-se sentante da empresa contratada
o emprego da ferramenta nas para prestar o serviço dentro das
cargas de alto risco associada à instalações do contratante;
inexistência de tecnologia embar- • Treinamento “in loco”: Consiste
cada nos caminhões ou carretas; na atividade sistêmica de treina-
• Pesquisa sócio-econômica e crimi- mento de toda equipe envolvida
nal: Consiste no levantamento da com o processo de logística,
vida econômica, das referências principalmente dos motoristas e
sociais e do passado criminal do ajudantes, cujos treinamentos são
motorista, ajudante, ou qualquer feitos a cada viagem antes do iní-
outro integrante do processo de cio dessa. Esses treinamentos são
transporte e logística. As estatís- denominados “briefing” com os
ticas comprovam que somente a motoristas e ajudantes, os quais
implementação dessa ferramenta poderão ser em grupo. Porém,
reduz em média, 30% do volume para tal, deverão ser adequado à
de roubo de carga numa opera- realidade da operação do embar-
ção de logística. cador para não engessá-la;
• A ferramenta visa evitar “o • Endomarketing: Ferramenta que
golpe”, ou seja, o motorista ou visa sensibilizar todo o público in-
equipe entregam a carga ao terno no embarcador e transpor-
receptador, que paga em mé- tador para a importância da ativi-
dia 50% do valor de nota fiscal, dade de Gerenciamento de Riscos
simulando o roubo. Há casos como ferramenta fundamental
em que até transportadores para garantir a continuidade do
ou embarcadores não idôneos seu negócio e consequentemen-
beneficiam-se duplamente desta te a sobrevivência dentro de um
fraude, pois recebem o montante cenário altamente competitivo;
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• Normas e procedi- Gráfico 08| Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009
mentos: Documen- Tipos de Carga (Incindência por tipo)
tação que regula Acumulado no ano: 5.836 ocorrências
a atividade de
Gerenciamento de
Riscos. As normas
contêm todas as
exigências impos-
tas pela segurado-
ra. Serve também
para regular o pro-
cesso de auditoria
e controle da exe-
cução do projeto Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
de Gerenciamento
de Risco; • Serviço de investigação: Trabalho
• Formação de comboio: Consiste preventivo e corretivo que visa
na formação de um conjunto identificar os autores do crime. É
organizado de veículos, formando uma atuação constante e alta-
uma única coluna de deslocamen- mente responsável pela redução
to, cujo ponto de origem e ponto do crime de roubo de carga e
de destino é comum a todos, principalmente pela sua recu-
criando assim, uma resistência e peração (http://www.brasiliano.
consistência muito maior do que com.br/blog/?p= 194, 15 de
em veículos isolados. É muito junho de 2009).
mais fácil o roubo de um único
veículo, do que vários veículos; 7 Aspectos relevantes
• Segregação da informação: Con- Para que haja uma ampla visão de todos
siste no ato de regular o fluxo de os fatores que possam influenciar no pro-
informações dentro do processo cesso de Gerenciamento de Riscos, aconse-
de logística (notas fiscais, pedi- lha-se que a prestação do serviço seja rea-
dos de faturamento, romaneios lizada por uma empresa especializada, ou
de embarque, controles de seja, que não esteja vinculada à seguradora
baixa em estoques, relatórios de ou à própria empresa. A independência é a
auditoria interna, controle na peça-chave para o sucesso de toda opera-
balança, entre outros) dividindo ção. As vantagens para a empresa contra-
e fracionando as informações tante são inúmeras, como por exemplo:
com a finalidade de evitar a fuga
voluntária ou não. Vale lembrar
que a informação é extremamen-
te valiosa para a prática delituosa
de roubo de carga.
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ráfico 08| Roubo de Cargas - Jan a Set / 2009 Tipos de Carga mais visadas 8 Conclusão
Em R$ milhões - Acumulado ao ano
O Gerenciamento de Riscos no transporte
rodoviário de cargas é hoje uma ferramen-
ta vital para o embarcador e transportador,
visando reduzindo os riscos operacionais.
Diante disso, precisamos entender a dinâ-
mica dos fatores facilitadores e quais são
os fatores motrizes e dependentes, para
assim, otimizarmos a exposição dos riscos
conhecidos e dos desconhecidos, mapean-
do e medindo todos, com o envolvimento
de toda a empresa; esse gerenciamento
Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP, Novembro 2009.
deve possuir um perfeito equilíbrio entre
foco do negócio (disponibilidade e de-
• Contratação de seguros adequa- sempenho) x objetivos do negócio (plane-
dos, com maior poder de nego- jamento estratégico) x foco em seguran-
ciação; ça (controles), criando assim condições
• Redução de riscos com conse- para um crescimento sustentado para a
qüente redução de prêmios; empresa, reduzindo a probabilidade de
prejuízos financeiros.
• Bens e vidas humanas preserva-
dos; Diante de todos os fatos apresentados
• Manutenção do fluxo produtivo; neste trabalho, alicerçado nos gráficos 08
e 09 (páginas 15 e 16), podemos perceber
• Permanência da empresa no
de forma irrefutável a importância e a dife-
mercado;
rença que um consistente Gerenciamento
• Garantia de abastecimento com
de Riscos pode fazer para as empresas, ou
aumento de produtividade e
seja, cabe ressaltar, que em valores acumu-
competitividade;
lados neste período, esta prática delituosa
• Viabilização das carteiras de acumulou para as empresas um prejuízo
seguro no transporte rodoviário superior a R$ 214 milhões de reais.
de cargas.
Comparando com o mesmo período
A perfeita união entre as ferramentas do
do ano anterior, chagamos as seguintes
Gerenciamento de Riscos e os aspectos re-
constatações:
levantes acima mencionados irá garantir a
redução dos sinistros envolvendo roubo de • Registrou-se um aumento sig-
carga no transporte rodoviário, porém, esse nificativo tanto em ocorrências
processo precisar ser contínuo, com cons- (16,96%) como em prejuízos
tante identificação da exposição, medição, (22,59%), em relação à média
análise, controle, avaliação e financiamen- mensal do ano anterior.
to. A alta direção da empresa precisa estar • Quanto à localização das ocor-
comprometida com todo o processo e im- rências, o roubo de cargas está
plementação do Gerenciamento de Riscos. altamente concentrado (82,0%)
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na Capital e demais Municípios devidamente gerenciadas, podem causar
da Região Metropolitana um impacto significativo sobre o sucesso
Esses números são compreendidos e justi- de uma empresa, considerando seu am-
ficados devido ao alto valor agregado dos biente de atuação.
produtos transportados, bem como, sua Fatores dependentes: São aqueles que de-
atratividade e rápida liquidez nos merca- pendem de outras circunstâncias para sua
dos paralelos, que são abastecidos por este concretização e estão dentro da área de
tipo de modalidade criminosa. atuação da empresa.
As empresas de logística que transportam Fatores motrizes: São aqueles que acontecem
produtos dentro do Estado de São Paulo não independentemente da atuação de outros
podem deixar de possuir um Gerenciamen- fatores, estão fora do âmbito da empresa.
to de Riscos planejado e formalizado, com
Logística:
todas as ferramentas aqui apresentadas, re-
duzindo assim a incerteza do risco, para que Conceito militar: Organização teó-
não engrossem as próximas estatísticas. rica da disposição, do transporte
e do abastecimento de tropas em
operação militar;
9. Glossário
Conceito empresarial: Planejamen-
Adernamento: Processo ou efeito de
to, implementação e controle efi-
adernar (deslocamento da carga,).
ciente e eficaz do fluxo e armaze-
Avarias: Qualquer dano, deterioração ou nagem de mercadorias, serviços
desgaste que ocorra a algo. e informações desde o ponto de
Briefing: Conjunto de informações pas- origem até o ponto de consumo
sadas em uma reunião para o desenvolvi- com o objetivo de atender às
mento de um trabalho, sendo muito utili- necessidades do cliente.
zadas em Administração. Parada: Fim ou termo do movimento de
alguma coisa, especialmente da corrida.
Colisão: Ato ou efeito de colidir.
Perecimento: Coisa ou direito que deixa de
Contaminação ambiental: Transmissão de
existir por perda, destruição ou extinção.
germes nocivos ou de doença infecciosa ao
meio ambiente. Planejamento estratégico: Processo geren-
cial contínuo e sistemático, que diz respei-
Deslizamento de carga: Deslocamento de
to à formulação de objetivos para a seleção
uma porção da camada superior da carga.
de programas de ação e para sua execução,
Espera: Local próprio para se esperar levando em conta as condições internas e
alguém ou alguma coisa. externas à empresa e sua evolução esperada.
Estrago: Deterioração, processo de des- Rework ou retrabalho: refazer um determi-
truição, apodrecimento. nado trabalho devido à má qualidade em
Falhas do fornecedor: falta de perfeição; sua execução.
defeito ou erro do fornecedor. Refugo: Posto de lado, refugado; resto.
Fatores críticos de sucesso: como con- Reteste: Recolocar a prova, resubmeter a
dições ou variáveis que, caso não sejam avaliação.
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Segregar: Separar com o objetivo de RUIZ, Rodrigo Hernan Gonzalez; Logística
isolar, de evitar contato; desligar, desunir, de Exportação: Trevisan; São Paulo, 2009;
desmembrar. SLYWOTZKY, Adrian. Do risco a oportu-
Tombamento: Ato ou efeito de tombar, nidade, as 7 estratégias para transformar
deitar por terra; fazer cair; derrubar. ameaças em fatores de crescimento. São
Paulo: Campus, 2007;
FETCESP: Federação das empresas de
transporte de carga dentro do Estado de Revista eletrônica
São Paulo BRASILIANO, Antonio Celso Ribeiro. Me-
todologia para a Identificação de Riscos
10. R eferências Estratégicos, Revista Proteger, número 45,
Livros: abril/maio 2004.
sumário
www.brasiliano.com.br Análise | 19
na Brasiliano
Mariana Fernandez
Seminário da Febraban
www.brasiliano.com.br Acontece | 21
Noites de Autógrafos
Mais de duzentos convidados prestigiaram os autores Ana Maria Ribeiro, Elisandro Longo e Antonio Celso Ribeiro Brasiliano na
O evento lançou as obras: Gestão de Risco Operacional: para um sistema de abastecimento de água, Guia
prático para a elaboração de fluxograma e Gestão de Risco Corporativo – Método Brasiliano Avançado.
Os autores André Zanetic e Túlio Kahn também ficaram muito felizes em receber seus convidados no último dia 23, na noite
de autógrafos de seus livros A Questão da Segurança Privada e As Formas do Crime, respectivamente. O evento contou
As celebrações tiveram lugar na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos e lançaram títulos da Sicurezza Editora.
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Ana Maria Ribeiro (Gerenciamento de Risco Operacional: para um
Na ocasião recebi muitos convites de empresas de engenharia, associações, universidades, para fazer
outras noites de autógrafos, palestras, consultorias, ministrar cursos, o que me causou orgulho e satisfação.
Um dos momentos mais emocionantes foi quando vi o meu pai chegando e vindo na minha direção.
Não pude conter minhas lágrimas de emoção, que foram amenizadas por um longo abraço de pai e
filha. Quando eu mostrei o livro ao meu pai, focando o sobrenome “Ribeiro”, herdado e gravado para
a eternidade, percebi nossas emoções.
O lançamento deste livro é uma excelente oportunidade de divulgação do meu trabalho, e ao mesmo
tempo de troca de experiências com outros profissionais que atuam no tema.
Dessa forma, fico muito agradecida ao Brasiliano e à Enza pela excelente oportunidade.”
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O evento foi também muito especial por ter sido o lançamento de meu primeiro livro (de outros que,
acredito, deverão vir no futuro próximo). Além de um bom começo foi uma ótima oportunidade para
ampliar a divulgação do trabalho que venho realizando na área.”
“Adorei o evento! Dentro das minhas expectativas. Local agradável, tudo bem
documentado através de fotos pela equipe Brasiliano.
sumário
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SEGURANÇA PÚBLICA
Repressão x Prevenção:
Um novo paradigma
Armando Nascimento
Armando Nascimento
Mestre em Administração Pública (UFPE), Especialista em
Estratégia, Especialista em Recursos Humanos(UFPE). Pes-
quisador do Núcleo de Instituições Coercitiva e Criminalida-
de (UFPE), Coordenador da Comissão Interna de Supervisão
(UFPE) e Diretor de Segurança Institucional (UFPE).
sumário
RESUMO
O presente artigo busca alertar a sociedade e o governo da importância do conhecimento
e do preparo do cidadão brasileiro para o civismo e patriotismo. Tal deve ocorrer dentro do
sistema educacional, visando ao desenvolvimento e à prática destes atributos em seu dia-a-dia
e em situação iminente da necessidade de uma mobilização nacional. Realizado após pesquisas
bibliográficas, com o objetivo de identificar a importância e o grau de influência de uma popu-
lação consciente e motivada por esses sentimentos. Foi elaborado para constatarmos que em
situação de iminência de uma mobilização nacional, o cidadão consciente e envolvido por esses
sentimentos passa a ser fundamental para a Segurança Nacional dentro de sua aplicabilidade
sempre norteada em um planejamento estratégico adequado em abrangência e temporalidade.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo busca alertar e mostrar a importância da inclusão da disciplina Educação Moral
e Cívica – EMC, no currículo escolar da educação básica, objetivando o conhecimento e o preparo
do cidadão brasileiro para o civismo e patriotismo.
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Segundo o “Dicionário da Língua Portugue- outros”. Societas é derivado de “socius”, que
sa”, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, significa “companheiro”, conceito esse inti-
civismo é a “devoção ao interesse público; mamente relacionado àquilo que é social. Está
patriotismo” e educação é “o processo de implícito que uma sociedade e seus membros
desenvolvimento da capacidade física, inte- compartilham interesses mútuos ou comuns.
lectual ou moral da criança e do ser humano Como tal, sociedade é muitas vezes usada
em geral, visando à sua melhor integração in- como sinônimo para o coletivo de cidadãos
dividual e social” e “Conhecimento e prática de um país governados por instituições nacio-
dos usos de sociedade; civilidade.”. nais que lidam com o bem-estar cívico.
Numa segunda etapa, a escola atua na ins- Uma atribuição fundamental do Estado e
trução da criança, fornecendo-lhe conheci- sua prerrogativa exclusiva é a segurança na-
mentos referentes a áreas do saber especí- cional. Inerente à noção de Estado nacional,
ficas. Na continuidade ao processo iniciado desde a sua origem, no século XVII, ela consis-
pela família, ela deveria educar para a vida, te em assegurar, em todos os lugares, a todo
através da disciplina, das responsabilida- o momento e em todas as circunstâncias, a
des, do estímulo ao exercício da cidadania integridade do território, a proteção da popu-
e do patriotismo, contudo, no aspecto do lação e a preservação dos interesses nacionais
civismo, o processo deixa a desejar. contra todo tipo de ameaça e agressão.
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para detectar, prevenir ou evitar espio- chegada da família real que,
nagem ou atentados e para proteger in- fugindo de Napoleão3 na
formações confidenciais. Europa, resolve transferir o
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bem, a educação brasileira não sofreu nessa • Ensino fundamental (1º Grau) -
época, qualquer evolução que pudesse ser abrange a faixa etária de 6 a 14
considerada marcante ou significativa. anos e com duração de 9 anos. É
obrigação de o Estado garantir a
A partir do século XX, as estatísticas indi-
universalidade da educação neste
caram melhorias na taxa de analfabetismo e
nível de ensino.
aumento regular da escolaridade média e da
• Ensino médio (2º Grau) e médio
frequência escolar (taxa de escolarização). No
profissionalizante - Duração vari-
entanto, a situação ainda não é satisfatória.
ável entre 3 e 4 anos;
A educação passou a ser vista como base
• Ensino superior - Compreende a
para o desenvolvimento do país mas, infeliz-
graduação e a pós-graduação. Os
mente, consideráveis parcelas dos recursos a
cursos da graduação têm duração
ela destinados não são bem empregadas ou
de 4 a 6 anos. Na pós-graduação,
nunca chegam ao seu destino final, sendo a duração varia de 2 a 4 anos,
desviadas para outras “prioridades” dentro para os cursos de mestrado, e en-
da visão política de interesses do governo. tre 4 a 6 anos, para o doutorado.
Os conteúdos e as atividades didáticas, Na última década do século XX -
voltadas para o conhecimento de nossa 1992/2007, a taxa de analfabetismo de
pátria e de nossos símbolos não são mais pessoas de 15 anos de idade ou mais caiu
utilizados em muitas escolas no país, des- de 17,2% para 9,9 % . O quadro abaixo
favorecendo a familiarização da criança mostra a evolução recente:
com a cidadania, durante a sua formação.
Taxa de analfabetismo das pessoas de
O que se tem presenciado é o desinte- 15 anos ou mais de idade (%)6
resse, por parte do governo, em retornar
Periodicidade: Anual / Abrangência: Brasil
a disciplina de Educação Moral e Cívica
(EMC) à grade escolar da educação fun- Taxa de analfabetismo das
damental. Essa matéria, a partir da Procla- Ano pessoas de 15 anos ou mais
mação da República, atuou não só como de idade
currículo escolar, mas como prática edu-
1992 17,2
cativa. Nessa condição era, até o ano de
1993, utilizada para o ensino e desenvol- 1995 15,5
vimento do sentimento de amor e devoção 1998 13,8
à pátria e aos seus símbolos.
2003 11,5
2.1 O Sistema Educacional Brasileiro 5
2007 9,9
Conforme presente na legislação, o
Sistema Educacional Brasileiro se dá em Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra
resumo desta forma: de Domicílios 1992/2007
5 http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao. 6 http://www.ibge.gov.br/series_estatisticas/exibedados.
html, visitado em18/10/2009. php?idnivel=BR&idserie=ECE304
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Essa queda continua sendo percebida Gráfico 1 - Taxa de escolarização das pessoas de 15 a 17
ao longo dos primeiros anos do século anos de idade Brasil e Grandes Regiões - 1992/2002
XXI, chegando a 11,8% em 2002. No
entanto, apesar dessa redução, o país
ainda tem um total de 14,6 milhões de
adultos analfabetos.
O Brasil chegou ao final do século XX com Gráfico 2 - Média de anos de estudo das pessoas de 7 anos ou
96,9% das crianças de 0 a 6 anos de idade mais idade, por idade pontual e grupos de idade - Brasil - 2002
na escola. Entretanto, em 2007 apenas
44,5% das crianças de zero a seis anos de
idade frequentavam creche ou escola no
país. O percentual ainda é menor se levar-
mos em conta as crianças de zero a 3 anos
de idade. Dessas, apenas 11,7% estão ma-
triculadas em creche ou escola.
TAXA DE FREQUÊNCIA ESCOLAR7
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de População e Indi-
Taxa de frequência à escola
cadores Sociais, Pesquisa Nacional por Amostras de Domicilios 2002
Ano ou creche de crianças de 0
a 6 anos de idade Gráfico 3 - Taxa de defasagem idade/série dos estudantes
1991 27,5 de 7 a 14 anos de idade Nordeste e Sudeste - 2002
2001 34,9
2002 36,5
2003 37,7
2004 40,2
2005 40,8
2006 43,0
2007 44,5
Nota:
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Como visto, a situação educacional do sob a inspiração de Deus;
nosso país não é das melhores e sofremos • Preservação, fortalecimento e
dificuldades com isso. projeção dos valores espirituais e
éticos da nacionalidade;
3. CIVISMO E PATRIOTISMO • Fortalecimento da unidade
Civismo e patriotismo são atitudes e com- nacional e do sentimento de
portamentos que no dia-a-dia, os cidadãos solidariedade humana;
manifestam na defesa de certos valores e • Culto à pátria, aos seus símbolos,
práticas assumidas como fundamentais tradições, instituições e aos gran-
para a vida coletiva, com foco na preser- des vultos de sua história;
vação da harmonia e na melhoria do bem- • Aprimoramento do caráter, com
estar de todos. É o respeito aos valores, às apoio na moral, na dedicação à
instituições e às práticas especificamente família e à comunidade;
políticas de um país. • Compreensão dos direitos e
Durante o período dos governos militares deveres dos brasileiros e conhe-
(1964–1985) houve uma grande expansão cimento da organização sócio-
das universidades no Brasil, nasceu o vesti- político-ecônomica do País;
bular classificatório e para erradicar o anal- • Preparo do cidadão para o
fabetismo, foi criado o Movimento Brasilei- exercício das atividades cívicas
ro de Alfabetização (MOBRAL). com fundamento na moral, no
A partir de 1969 a disciplina de Educa- patriotismo e na ação construti-
ção Moral e Cívica (EMC), de acordo com va, visando o bem comum;
o Decreto Lei 869/68 8, tornou-se obriga- • Culto da obediência à lei, da
tória no currículo escolar brasileiro, jun- fidelidade ao trabalho e da inte-
tamente com a disciplina de Organização gração na comunidade.
Social e Política Brasileira (OSPB). Essas De acordo com o disposto, suas bases fi-
entraram em substituição às matérias de losóficas deveriam motivar:
Filosofia e Sociologia e ficaram caracte-
• Ação nas respectivas disciplinas,
rizadas pela transmissão da ideologia do
de todos os titulares do magisté-
regime autoritário ao exaltar o nacionalis-
rio nacional, público ou privado,
mo e o civismo dos alunos e privilegiar o
tendo em vista a formação da
ensino de informações em detrimento da
consciência cívica do aluno;
reflexão e da análise.
• Prática educativa da moral
Conforme estabelecido à época, Educa- e do civismo nos
ção Moral e Cívica tinha como finalidade: estabelecimen-
• A defesa do princípio democrá- tos de ensino,
tico, através da preservação do através de todas
espírito religioso, da dignidade as atividades
da pessoa humana e do amor à escolares, inclu-
liberdade com responsabilidade, sive quanto ao
desenvolvimen-
8 http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicaco-
to de hábitos
es.action?id=195811
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democráticos, movimentos de Quanto à Organização Social e Política Bra-
juventude, estudos de problemas sileira (OSPB), também criada pelo Decreto
brasileiros, atos cívicos, promoções Lei 869/68, ela estaria articulada com a EMC
extra-classe e orientação dos pais”. e suas finalidades e tinha como objetivos:
A EMC, inicialmente, surgiu com um • Preparação do
papel central e diferencial. Durante o jovem para o exercício conscien-
regime militar, houve um chamamento em te da cidadania brasileira;
todo o país, para que não só nas escolas
• Inserção do jovem na vida políti-
fossem cumpridos os deveres cívicos e pa-
ca e social do país através de um
trióticos, mas por toda a sociedade, através
conhecimento adequado de nos-
de propagandas constantemente repetidas
sas instituições, de nossa estrutu-
na imprensa falada e escrita enaltecendo o
ra governamental, dos processos
potencial industrial do Brasil e o dever de
políticos e administrativos que
cada cidadão na construção do progresso.
asseguram o pleno funcionamen-
Ela foi elaborada ao lado da Segurança Na- to de um regime democrático.9
cional e fazia parte do “Brasil Grande” como Em 14 de junho de 1993, foi publicada a
queriam os militares durante aquele período. Lei 8.663, que revogou o Decreto-lei 869,
Mesmo tendo sido vista por muitos como de 12 de setembro de 1969, retirando a
uma doutrina autoritária do regime militar, EMC e OSPB dos currículos escolares.
a Educação Moral e Cívica trouxe aos indiví-
duos a consciência de seus direitos e deveres 4. MOBILIZAÇÃO NACIONAL
cívicos, bem como o sentimento de amor à
“Mobilização Nacional é medida
pátria e o conhecimento de seus símbolos.
prevista na Constituição Federal
Muitas das crianças que contaram com a e envolve a consciente parti-
EMC em sua formação educacional, são, cipação de cada cidadão
hoje, indivíduos adultos e possuem como brasileiro em ações de
característica o embasamento educacional preparo e execução.
e motivacional para o preparo de uma mo- Tais ações possibilita-
bilização em caso de necessidade. ram ao país enfrentar
Esses indivíduos reconhecem em sua pátria e resolver situações de
a mãe gentil que o afaga com suas inúme- pressão ou crise interna-
ras qualidades, mas o castiga caso não reco- cional, interesses, ameaças
nheça suas vulnerabilidades e ameaças. ou agressões estrangeiras ao
nosso povo, tradições, instituições,
Foi com essa disciplina que a escola con-
território e soberania, no menor tempo e
tribuiu para a formação político-social dos
com o mínimo de transtornos para nossa
estudantes, de modo a torná-los cidadãos
população e economia.”10
conscientes e participativos, futuros eleito-
res, trabalhadores e formadores de opinião Para concretizarmos a mobilização,
por intermédio de temas como a estrutura faz-se necessário o envolvimento ativo
de poder no Brasil, as atribuições de um Pre-
9 MUSSUMECI, Victor. Organização Social e Política bra-
sidente da República, de um governador ou
sileira. 23ª ed. São Paulo: Editora do Brasil, 1963. 09.
de um prefeito, etc.
10 http://www.mobilizacaonacional.org.br/
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do cidadão, da organização social e da
empresa, na busca pelos direitos e prote-
ção do patrimônio nacional. Ela se traduz
em pequenas ou grandes ações e pode ser
desempenhada de diferentes formas, em
longo ou curto período.
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cidadão brasileiro através
de participação em come-
morações cívicas, estudo
sobre a estrutura políti-
ca do país, os símbolos
nacionais e as pessoas
que fizeram a diferença
devido a comportamen-
tos exemplares. Esses,
em sendo seguidos pelos
estudantes, os incenti-
variam formando com-
portamentos cívicos e a
serem melhores cidadãos.
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O preparo desta nova geração, com o apri- MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS,
moramento do caráter, apoio na moral, e Thais Helena dos.”EMC (Educação Moral
dedicação à família e à comunidade, seria e Cívica)” (verbete). Dicionário Interativo
bastante melhorado com a compreensão da Educação Brasileira - EducaBrasil. São
dos direitos e deveres dos brasileiros e o co- Paulo: Midiamix Editora, 2002.
nhecimento da organização sócio-político-eco-
MUSSUMECI, Victor. Organização Social e
nômica do país.
Política brasileira. 23ª ed. São Paulo: Editora
Pretendeu-se com este artigo alertar a socie- do Brasil, 1963. 09
dade e o governo para a necessidade da for-
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicio-
mação cívica dos estudantes, com o intuito de
nario.asp?id=364, visitado em 18/10/2009.
formar uma geração de cidadãos patriotas ili-
bados que se dediquem e defendam a pátria, http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_
dentro de um sentimento de idoneidade de_Jesus, visitado em 18/10/2009.
político-administrativa. http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/
barrospinto/2004/07/18/jorcolpin20040718001.
REFERÊNCIAS html , visitado em 18/10/2009.
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Mariana Fernandez
O autor inicia sua obra pondo fim à questão da definição do termo. Risco po-
sitivo não é sinônimo de oportunidade. Risco positivo é risco positivo, por mais
paradoxal que possa soar a expressão “seu uso é intencional e reforça o novo paradigma a
ser construído de que risco em sua essência é um evento ou situação incerta que pode ser mate-
rializado tanto como uma ameaça quanto como uma oportunidade”.
Porque as pessoas em geral e, principalmente, os gestores de risco se focam mais na face das
incertezas que se não mitigadas implicam em ameaças e perdas em vez de se focarem na face
das incertezas que se bem exploradas, alavancam oportunidades com ganhos significativos
para a organização?
Ao longo de cinco capítulos, a obra objetiva “ampliar o entendimento sobre o conceito de in-
certeza e propor uma nova reflexão às áreas de risco operacional que hoje se perguntam ‘como a
gestão de riscos operacionais agrega valor ao meu negócio?’”.
Segundo o autor, que é Coordenador do grupo da ABNT para pesquisa e estudos em gestão de
riscos positivos, o questionamento ganhará outro sentido quando as organizações concentrarem
seus esforços na gestão das incertezas que influenciam positivamente os resultados obtidos.
Macieira propõe às empresas que desejem atuar pró-ativamente nas suas fontes de incerteza
para alavancar oportunidades financeiras lucrativas, que empenhem-se em responder à pergunta:
“quais são nossas deficiências e vulnerabilidades em termos de pessoas, processos e sistemas que
impedem que os ganhos de uma oportunidade potencial sejam explorados no limite?”
Ler e Saber | 38
Essa atitude pró-ativa é, segundo o autor, um dos maiores desafios para os próximos anos.
Quase um terço da obra é composta de anexos, em sua maioria fluxogramas citados ao longo do
texto e que facilita a implementação do framework de gestão de riscos positivos na organização.
“Aqui se faz, aqui se paga” , é o que demonstra Lara Pereira Mendes em sua obra
que prova que o lucro imediato e delituoso da corrupção impossibilita o crescimento
potencial de toda a nação
O objetivo do trabalho de Lara foi o de verificar se os níveis de corrupção, medidos pelo Índice de
Percepção de Corrupção (IPC), influenciam a taxa básica de juros.
Um “negócio” que “movimenta cerca de 1 trilhão de dólares a cada ano, por meio de pagamento
de propinas e subornos ou pelo desvio de recursos públicos para bolso privado”, deve ser estudado
para que o desperdício seja refreado, possibilitanto o redirecionamento monetário aos seus proces-
sos originais e, consequentemente, o desenvolvimento das sociedades.
É nesse sentido que a obra de Lara Mendes auxilia no combate à corrupção, pois conscientiza o
leitor das consequências da prática criminosa, que incide a todos indiscriminadamente, instigando
nele a vontade de primar por uma sociedade mais honesta.
A hipótese levantada pela autora para o problema “é que a corrupção está relacionada a baixa se-
gurança que o Estado oferece ao investidor, seja residente ou não residente, o que significa maior
sumário