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STF: RÉU POR FURTAR R$ 30 EM MOEDAS, REFRIGERANTE, CERVEJA E CACHAÇA É

ABSOLVIDO

O homem foi preso na saída do estabelecimento com o furto que totalizava menos de R$ 30 e
condenado a 1 ano e 9 meses Um furto de R$ 30 recebeu condenação de quase dois anos de prisão
e subiu instância após instância até o Supremo Tribunal Federal (STF), onde o réu teve a pena
substituída pela absolvição em nome do princípio da insignificância. O ministro Gilmar Mendes, relator
do caso, reverteu a condenação de um homem por furto de R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-
Cola, de 290 ml, duas garrafas de cerveja, de 600ml cada, e uma garrafa de cachaça, totalizando R$
29,15.

Gilmar Mendes afirma que as duas Turmas da Corte têm decidido no sentido de afastar a aplicação
do princípio diante de reincidência. Neste caso, no entanto, ele diz que, juntamente com o decano,
ministro Celso de Mello, tem se posicionado de forma diversa.

“Levando em conta que o princípio da insignificância atua como verdadeira causa de exclusão da
própria tipicidade, equivocado é afastar-lhe a incidência tão somente pelo fato de o recorrente possuir
antecedentes criminais”, apontou o relator. Para ele, quando se trata do também conhecido princípio
da bagatela, as circunstâncias objetivas do delito é que devem ser analisadas, não os atributos, como
diz o ministro, do agente.

Além disso, o relator do caso afirmou que “não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho estatal
movimentem-se no sentido de atribuir relevância à hipótese de furto” de tal tamanho, como o foi esse
das garrafas de bebidas de cerveja, refrigerante, cachaça e algumas moedas. Ele destaca, ainda, que,
no caso, não houve prejuízo material já que o réu foi pego e preso no estabelecimento, mais um motivo
pelo qual deve incidir, de acordo com o ministro, o postulado da bagatela.

O crime patrimonial, explica Gilmar Mendes na decisão, tem como consequência ampliar o patrimônio
do autor e reduzir o da vítima. E, no caso concreto, há os elementos para a configuração da aplicação
do princípio, como a ofensividade mínima, a ausência de periculosidade, a inexpressividade da lesão
causada.

Assim, o ministro invalidou a condenação penal que foi imposta ao réu pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo, e mantida em monocrática por ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a um ano e 9
meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, concedendo o habeas corpus e determinando a
absolvição do homem.

Caso aconteceu em Mauá (SP). Homem foi condenado por furtar 4 garrafas e R$ 4,15 em moedas, e
Defensoria Pública recorreu. Para Gilmar, não é ‘razoável’ dar relevância ao episódio. O ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), absolveu nesta sexta-feira (14) um homem
condenado por furtar o equivalente a R$ 29,15 em um restaurante em Mauá (SP).

Conforme o processo, esse homem furtou uma garrafa de refrigerante; duas garrafas de cerveja; uma
garrafa de cachaça; e R$ 4,15 em moedas. O caso aconteceu em 2019. Na primeira instância da
Justiça, esse homem foi condenado a 1 ano e 9 meses de prisão, e a segunda instância manteve a
condenação.

A Defensoria Pública de São Paulo, então, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não
analisou o mérito do habeas corpus. No STF, os defensores públicos argumentaram que era possível
aplicar o princípio da insignificância no caso e, por isso, não haveria a necessidade de fixação da pena.

Ao analisar o caso, Gilmar Mendes entendeu que não seria “razoável” o direito penal e “todo o aparelho
estatal” se movimentarem “no sentido de atribuir relevância” ao caso.

“Destaco, ainda, que, no caso em apreço, não houve sequer prejuízo material, pois os objetos foram
restituídos à vítima, mais um motivo pelo qual deve incidir, por conseguinte, o postulado da bagatela,
sobretudo porque a consequência nuclear do crime patrimonial é acrescer o patrimônio do autor e
minorar o da vítima”, escreveu o ministro na decisão.

ANA POMPEU – REPÓRTER

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