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Brasil:
a nação revisitada
O que vinha da França era civilizado. O que estava aqui era primitivo e não
prestava. Essas idéias acabaram quando acabou a guerra. Terminado o conflito,
que durou quatro anos, a Europa já não era a mesma. Ruínas. Desolação. Cidades
inteiras desapareceram. A “Cidade Luz” já não brilhava.
Muita gente perdera a vida, muita gente perdera a ilusão de ver um mundo
melhor. Desmoronara a idéia de progresso indefinido. Desmoronara a Europa
como modelo de civilização e desenvolvimento.
O fim da guerra foi o fim dessa ideologia chamada liberalismo. Afinal de
contas, que comunidade era essa, na qual os irmãos se matavam nos campos de
batalha? Que liberdade mais enganosa fazia alguns países enriquecerem à custa
de outros? Que igualdade de condições permitia que uns tivessem todos os
direitos e outros mal conseguissem sobreviver?
Em 1916, um escritor chamado Spengler escreveu um livro que ficou famoso:
Utopia é uma
A decadência da civilização ocidental . Esse livro anunciava a decadência da
referência
Europa e a aurora do Novo Mundo. Era na América que ia surgir a nova
imaginária a uma
civilização. situação perfeita.
Era mais uma utopia! Mas essa imagem tão promissora teve papel importan- De tão perfeita, é
te. Levou os brasileiros a se olharem. Perplexos, eles chegaram à conclusão de sempre irrealizável.
que quase nada sabiam sobre a nossa cultura!
Mais uma vez foi o escritor Lima Barreto quem chamou a atenção para o fato:
“Nós não nos conhecemos uns aos outros, dentro do nosso próprio país.”
Era necessário encarar o país. Até então, o Brasil tinha, ou desejava ter, a cara
da França. Podia ser uma máscara bonita, de Pierrô. Mas o que estava por trás
dela?
EmA tempo
U L A Se nós dermos um salto na história e chegarmos a 1992, vamos ver os
estudantes que saíram de cara pintada para as ruas. Eles reivindicavam um
A U L A
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Desenho de
Cícero Dias para
o livro Macunaíma.
Essa foi uma das propostas do modernismo: acabar com as velhas opiniões
sobre o Brasil, sobre a nossa cultura. Ser moderno era estar a par das inovações
artísticas e intelectuais. Mas ser moderno era, sobretudo, absorver essas informa-
ções de forma criativa e crítica.
A cultura exprime o jeito de ser de cada nacionalidade. Ela não está só nos
livros, mas nas cirandas, vaquejadas, marujadas; está no vatapá, tacacá, arroz de
cuxá; nas histórias de botos encantados, da mula sem cabeça, do Saci Pererê. Interpretação
sociológica quer
Também são cultura o casario colonial, as igrejas barrocas e as carrancas do rio
dizer interpretação
São Francisco...
mais fiel às
O que o modernismo mostrou é que a cultura não está apenas nas grandes características de
cidades, mas nas várias regiões brasileiras. Na década de 1930, o modernismo uma sociedade.
tomou grande impulso no Nordeste. Foi o movimento do regionalismo literário
literário.
Os romances de Jorge Amado falam da Bahia, José Lins do Rego descreve os
engenhos de açúcar; Graciliano Ramos conta a vida de Alagoas, Érico Veríssimo
a do Rio Grande do Sul. Já em Pernambuco é Gilberto Freyre quem busca uma
nova interpretação sociológica para a cultura brasileira. Esse movimento deu
origem a uma nova imagem do Brasil.
Nesta aula, vimos como as mudanças ocasionadas pela Primeira Guerra Últimas
Mundial afetaram culturalmente o nosso país. Vimos também como os nossos palavras
artistas e intelectuais construíram uma nova imagem do Brasil, de acordo com
os tempos modernos.
Mas os efeitos da guerra não pararam por aí. Em 1929, a crise econômica
mundial gerou uma onda de desemprego nos campos e fábricas. O governo
republicano caiu no descrédito popular.
É dessa crise política que vamos falar na nossa próxima aula...
Exercício 1 Exercícios
Explique a frase de Lima Barreto: “O intelectual brasileiro anda, come,
dorme e sonha em Paris”.
Exercício 2
Identifique uma proposta do movimento modernista.