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Bacon RESENHA
Bacon RESENHA
No prefácio do Novo Organum, Francis Bacon (séc. XVI/XVII) afirma que a sua
via (como prefere) ou método, como costumamos conhecer, é de fácil apresentação,
enquanto objeto do conhecimento, mas, para a sua época, não tão fácil de ser aplicado
por conta de obstáculos históricos no desenvolvimento da cosmovisão científica. Neste
sentido, tece seu raciocínio propositivo no estudo dos graus de verdade originados das
percepções sensíveis sob nova ótica (distanciando-se da perspectiva aristotélica baseada
na crença da ciência por meio da autoridade clássica): uso de critérios metodológicos
para o desvelamento do objeto. Em sua proposição, deixa claro que sua ênfase não
pretende anular a reflexão científica ou mesmo dar-lhe um valor secundário, mas que
“... haja finalmente dois métodos, um destinado ao cultivo das ciências e o outro
destinado à descoberta científica”(Bacon,1999, p.29). Deste último, especificamente, o
propósito seria “... conhecer a verdade de forma clara e manifesta” (Id.,p.30).
O Novo Organum foi organizado didaticamente por Bacon em duas partes (Livro
I e II). Nas duas partes desenvolve sua proposta metodológica em forma de aforismos.
Aforismos são breves sentenças de índole afirmativa, negativa ou interrogativa que
podem contemplar e finalizar um raciocínio ou podem se encadear com outros
aforismos derivados ou não. Assim, o livro I é composto por 130 aforismos e o Livro II
por 52.
A leitura do livro não é cansativa, uma vez que o autor procura na escrita, seguir
o método ou a via que propõe: o pensamento indutivo. O seu ponto de partida é o
conhecimento do homem como sujeito e intérprete da natureza, mas que limita o seu
avanço por conta de um apego à agentes obstaculizadores. Em muitos dos aforismos,
observamos que Bacon faz menção à limitação do desenvolvimento científico,
condicionada pela teologia, sem negá-la ou rejeitar ele mesmo o cristianismo, mas pela
estagnação de um mundo determinado e revelado. Para ele, o mundo deveria ser
descoberto pela experimentação científica, podendo sem maiores prejuízos, coexistir a
fé e a ciência, como segue ao final de sua obra: “Pelo pecado o homem perdeu a
inocência e o domínio das criaturas. Ambas as perdas podem ser reparadas, mesmo
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que em parte, ainda nesta vida; a primeira com a religião e a fé, a segunda com as
artes e com a ciência.” (p.218).
Passo a passo, Bacon levanta argumentos da necessidade de um novo
conhecimento e fortalecimento da ciência pela educação do pensamento mobilizado
pela experiência, como observaremos a seguir nas duas partes de sua obra.
a) Ídolos da tribo: a tribo para Bacon corresponde à raça humana, os ídolos surgem
quando o homem se deixa perceber a realidade a partir de apenas uma perspectiva, por
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b) Ídolos da caverna:
Bacon observa que cada pessoa tem sua caverna particular, seu raio de conformação,
assim a tendência dos indivíduos é observar e conceber a realidade por meio da luz que
estão habituados, Desta maneira alguns vão se guiar pelas diferenças do objeto, outros
pela semelhanças à luz de sua própria caverna (mundo concebido) e ambas orientações
poderão estar equivocadas
c) Ídolos do foro:
Ou ídolos do mercado ou da feira são erros caracterizados pela ambigüidade das
palavras e comunicação entre os interlocutores. Algumas palavras podem ser usadas em
sentidos diferentes por interlocutores e ambos concordarem aparentemente. Mas se
contextualizadas as convergências se dissipam e o diálogo se mostra tal como é.
d) Ídolos do teatro:
São causados ou surgem a partir dos sistemas filosóficos e em regras de demonstração
sem sustentação, portanto, falseadas como num teatro em que a verdade é somente um
detalhe e o que importa é a divagação. Os ídolos do teatro são caracterizados como
invenções acerca da verdade por meio dos sistemas filosóficos sem ter base na realidade
propriamente ditam. Dito de outra maneira os ídolos do teatro se materializam pela
aceitação irrefletida de falsas teorias acerca da natureza, do universo e do próprio
homem.
Para ele estes ídolos eram responsáveis pelo não progresso da ciência e pela
forma como o homem era educado, reproduzindo-se uma tipologia de homem,
distanciado do mundo real. Por isso propõe o caminho correto para se encontrar a
verdade contida no livro da natureza materializado no método indutivo – que consistia
na observação e experiências com fenômenos particulares para se chegar a
conhecimentos e causas mais gerais.
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União – análise da mistura de dois produtos diferentes e que são utilizadas para
finalidades similares – a sua união geraria ou não o mesmo resultado quando encontrado
juntos ?
Nestes aforismos, Bacon descreve cada uma destas instâncias exemplificando suas
características. Dentre estas as mais importantes são as seguintes:
Considerações finais
Bacon é considerado o precursor da ciência moderna. Embora sua visão aponte
para o reducionismo científico por meio da indução, sua contribuição certamente abriu
possibilidades para a eclosão do século do método (XVII). A este respeito
Bernardo Jefferson de Oliveira (2002, p. 16) destaca que:
Referências
BACON, F. Coleção Os Pensadores. Tradução e notas de José Aluysio Reis de
Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
LIMA, P. G. Fundamentos teóricos e práticas pedagógicas. Engenheiro Coelho:
UNASP, 2008.
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