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Preservação Digital do Acervo Iara Ferraz

1
Roberta Cruz Correia (Apresentadora) - Unifesspa
2
Fabiano Campelo Bechelany (Coordenador do Projeto) – Unifesspa
3
Valeria Moreira Coelho de Melo (Coordenador do Projeto) – Unifesspa
PROEX-UNIFESSPA

Eixo Temático/Área de Conhecimento: ​Etnologia Indígena/Antropologia.

Resumo: ​O projeto visa a preservação do acervo etnológico da antropóloga Iara Ferraz, cujo objetivo
é disponibilizar ao público em geral a documentação reunida pela pesquisadora, através da
digitalização dos arquivos e a disponibilização na plataforma AtoM-Unifesspa. Como metodologia, foi
criado um protocolo de organização do acervo, através da digitalização e o escaneamento dos
documentos e a criação de uma tabela de classificação. Foram catalogados 290 documentos, que
incluem assuntos variados, como informações sobre a exportação da castanha na T.I Mãe Maria,
relatórios da antropóloga para a VALE S/A e o convênio com a FUNAI em 1982. Conclui-se a
importância da preservação do acervo pessoal como proteção histórica de documentos únicos e
significativos para futuras pesquisas relacionadas a questões indígenas e a região Sul e Sudeste do
Pará.

Palavras-chave:​ Arquivos Etnológicos; Acervo pessoal; Etnologia Indígena; Preservação digital

1. INTRODUÇÃO

O acervo etnográfico, ou pessoal, objeto deste projeto, pertence à Iara Ferraz. Iara é doutora
em antropologia, título obtido a partir de pesquisas realizadas desde 1978 com os povos da T.I Mãe
Maria. Possuindo uma dissertação de mestrado com o tema “​Os Parkatêjê das matas do Tocantins: a
epopeia de um líder Timbira”. E seu doutorado com o título “De ‘Gaviões’ a ‘Comunidade Parkatejê’:
uma reflexão sobre os processos de reorganização social”. Devido a essas pesquisas, conseguiu uma
grande quantidade de matérias sobre os indígenas da região Sul e Sudeste do Pará.
Os arquivos pessoais como o de Iara Ferraz são entendidos como um conjunto de documentos,
de origem privada, acumulados por uma pessoa física ao longo de sua vida em decorrência das suas
atividades em sociedade. Para Oliveira (2012, p. 33), os documentos produzidos ou recebidos,
mantidos por uma pessoa física, independentemente da sua forma ou suporte representam a vida do
seu produtor bem como suas relações pessoais ou profissionais.
Santos (2012, p. 21), afirma que, ao representarem uma parcela da memória coletiva, os
arquivos pessoais colaboram ao lado dos arquivos de origem institucional para a salvaguarda do
patrimônio documental, além de contribuírem com o entendimento das sociedades modernas. Junto
com isso, vem surgindo um desenvolvimento cada vez mais rápido das novas tecnologias da
informação que tem favorecido os acervos com soluções que se adéquam às diversas necessidades
cotidianas.

1 ​
Ciências Sociais, Faculdade de Ciências Sociais Araguaia-Tocantins (FACSAT), Instituto de Ciências
Humanas, UNIFESSPA, robertacorreia57@gmail.com
2
Doutor em Antropologia. Professor Titular Adjunto da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
(FACSAT/ICH/UNIFESSPA). Coordenador do Projeto de Extensão Preservação do Acervo Iara Ferraz. E-mail:
fabianobechelany@unifesspa.edu.br
3
Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (2016). Professora Adjunta da
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), vinculada à Faculdade de História, na área de
Cultura e História Indígena. É pesquisadora e colaboradora do Laboratório de Cartografia Social do Sul e
Sudeste do Pará/UNIFESSPA e coordenadora do Projeto de Extensão Preservação do Acervo Iara Ferraz.
E-mail: valmelo@unifesspa.edu.br
Nos centros de documentação e informação que trabalham com o patrimônio histórico no
Brasil, por exemplo, no que diz respeito ao armazenamento, disponibilização, recuperação e acesso de
informações até então disponíveis apenas em suportes físicos, especialmente em papel, a atuação da
tecnologia, com ênfase para a informatização, tem promovido resultados evidentes para a preservação
e acesso às informações, com destaque para aquelas que se encontram em meio físico, e que se
fragilizam tanto pela ação do tempo, quanto por agentes externos e internos (SCHIAVINATO,​​2013).

O objetivo destes trabalhos são o de conservar e disseminar as informações obtidas através


do prolongamento de sua existência, através da digitalização dos arquivos, substituindo o manuseio
físico dos documentos pelo digital - criando-se uma cópia de segurança - aliado a facilidade de acesso
e capacidade de organização documental, fazendo com que tais arquivos tenham tempo de vida
inestimável (SCHIAVINATO,​​2013).

2. METODOLOGIA

Para o trabalho com o acervo da pesquisa Iara Ferraz, foi criado um protocolo que consiste na
organização das pastas em caixas com códigos de série (A1, A2, A3...), na leitura de cada documento e
a inserção de um número de série.

Após isso, foram inseridas as informações em uma tabela online, contendo o número de série
de cada documento, o tipo (artigo, jornal, relatório...), título, autor, local, data, uma breve descrição e o
nome da pasta organizado por tema, conforme as indicações feitas pela própria Iara Ferraz (figura 1).

Figura 1. Ficha de organização de documentos.

Os documentos do acervo estão sendo digitalizados através de uma escaneadora de mesa e


uma automática (figura 2), facilitando e agilizando o processo de digitalização e serão depositados na
plataforma AtoM-Unifesspa, software que permitirá estudantes e pesquisadores consultas online ao
acervo completo, junto com um gerenciamento de descrições arquivísticas.
Figura 2. Scanner de mesa, scanner automático e computador com internet utilizado na digitalização.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram catalogados 290 documentos (Figura 3) que incluem relatórios, artigos, livros,
recortes de jornais, cartas, anotações, desenhos, mapas, ofícios, diretrizes, boletins, manuais, cartilhas
e revistas.

Figura 3. Documentos catalogados e distribuídos por temas.

Entre os documentos mais encontrados, 43 destes mostram o processo da exportação da


castanha dos indígenas da T.I Mãe Maria em 1976; 37 contendo os relatórios de Iara Ferraz para a
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e o Convênio com a FUNAI em 1982; 35 a respeito da
Avaliação Projeto Manejo Florestal Xikrin Cateté em 2004; 34 Textos Diversos sobre etnologia
indígena, ecologia, e o Programa Grande Carajás.
O tombamento dos documentos e a digitalização estão em andamento para alimentar a
plataforma AtoM, onde os documentos serão disponibilizados online. Como comparação, podemos
analisar outros acervos. A mesma prática também foi adotada no acervo de obras raras da biblioteca
de história das ciências e da saúde (FIOCRUZ, 2013), onde diferentes tipologias de acervos
digitalizados foram reunidas e integram um único conjunto informacional disponibilizado na Internet.
Espera-se que a digitalização seja finalizada com êxito, os dados obtidos serão disseminados
de forma rápida, eficaz e confiável através do sistema de banco de dados que disponibiliza online sua
visualização documental tanto para pesquisadores da área de patrimônio e relacionados, quanto para
usuários interessados pelo assunto (SCHIAVINATO,​​2013).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A digitalização dos materiais do acervo garante a proteção histórica de diversos documentos,


até então únicos e não disponibilizados ao público, incluindo etnografias da própria antropóloga. Logo,
é perceptível a importância da preservação dessas informações para futuras pesquisas relacionadas às
aldeias indígenas e a região Sul e Sudeste do Pará.

5. REFERÊNCIAS
Ana Luíza, SCHIAVINATO. ​Informatização do acervo cartográfico da EFNOB KM0/Bauru​.
2013. Universidade Estadual Paulista. Bauru, julho 2013.

FIOCRUZ. ​ Digitalizar para preservar e difundir: Estudo de Caso do Acervo de Obras Raras da
Biblioteca de História das Ciências e da Saúde – COC/Fiocruz. XXV Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia, Documento e Ciência da Informação – Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de
2013.

OLIVEIRA, Lucia Maria Velloso de. ​ Descrição e pesquisa: reflexões em torno dos arquivos
pessoais.​ Rio de Janeiro: Móbile, 2012.

SANTOS, Paulo Roberto Elian dos. ​Arquivo pessoal, ciência e saúde pública: o arquivo Rostan
Soares entre o laboratório, o campo e o gabinete. In: SILVA, Maria Celina Soares de Mello e;
SANTOS, Paulo Roberto Elian dos (Org.). Arquivos pessoais: história, preservação e memória da
ciência. Rio de Janeiro: Associação dos Arquivistas Brasileiros, 2012. p. 21-50.

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