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RECORTE HISTÓRICO DE SANTA MARIA: ESTUDO

ATRAVÉS DA PALEOGRAFIA
Análise paleográfica de documentos preservados no Arquivo da Câmara Municipal de
Vereadores de Santa Maria
ENEIDA IZABEL SCHIRMER RICHTER
JARA REJANE PEREIRA DA SILVA
SÔNIA ELISABETE CONSTANTE
FRANCISCO FAJARDO
ALUNOS DO 5º SEMESTRE DA DISCIPLINA DE PALEOGRAFIA 2010
- UFSM

RECORTE HISTÓRICO DE SANTA MARIA: ESTUDO


ATRAVÉS DA PALEOGRAFIA
Análise paleográfica de documentos preservados no Arquivo da Câmara Municipal de
Vereadores de Santa Maria

SANTA MARIA, RS
Universidade Federal de Santa Maria
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

REITOR
Prof. Felipe Müler

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


Prof. Rogério Ferrer Koff

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO


Profª Denise Molon Castanho

COORDENADOR DO CURSO DE ARQUIVOLOGIA


Prof. Daniel Flores

Equipe:

Coordenadora - Eneida Izabel Schirmer Richter

Assessores externos - Francisco Fajardo


Jara Rejane Pereira da Silva

Colaboradora - Sônia Elisabete Constante

Transcrição e análise paleográfica - alunos do 5º semestre da disciplina de paleografia 2010


(UFSM)

Diagramação e capa - Diego da Silva Oliveira


Silvana Aparecida de Sousa
DEDICATÓRIA

Dedicamos a todos aqueles que, com seu interesse e sua perseverança,


contribuem para que a memória de Santa Maria não se perca no tempo.
AGRADECIMENTOS

Ao Arquivo Geral da Câmara Municipal de Santa Maria.

Ao Curso de Arquivologia da UFSM.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 7
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS _____________________________________________ 9
3 REFERENCIAL TEÓRICO _______________________________________________11
4 METODOLOGIA _______________________________________________________ 13
5 TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE PALEOGRÁFICA _____________________________15
5.1 Ata de 17 jul. 1869 ______________________________________________________ 15
5.2 Ofício de 3 maio 1880 ____________________________________________________19
5.3 Ofício de 30 jan. 18?? ____________________________________________________24
5.4 Divisão da Paróquia de Santa Maria em secções eleitorais em 10 set. 1888 _________ 29
5.5 Justificativa de ausência de 07 fev. 1891 _____________________________________ 33
5.6 Ata de 24 ago. 1891 _____________________________________________________ 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________42
INTRODUÇÃO

O texto versa sobre documentos da segunda metade do século XIX referentes a Santa
Maria que estão preservados no Arquivo Geral da Câmara Municipal de Vereadores de Santa
Maria.

A realização da análise paleográfica é uma tarefa final do estudo documental que


requer muita observação por parte do paleógrafo. Após a descrição do documento nos seus
aspectos gráficos, materiais e complementares, faz-se o resumo do conteúdo, com a data
tópica e cronológica, salientando a cota de localização, e a instituição arquivística aonde o
documento esta preservado.

Os aspectos gráficos relacionam-se com a escrita. São os seguintes itens a serem


estudados: (a) o tipo de letra com suas variações; (b) o ductus, que é o traçado da letra feita
pelo escrevente; (c) o ângulo da escrita, se é destrógira, sinistrógira, perpendicular, sendo que
o instrumento para escrever e o suporte também têm influência; (d) módulo, se a letra é
pequena, grande ou e tamanho mediano; (e) peso da letra varia conforme a “mão que
escreve”, havendo uma relação entre os traços grossos e finos, ou seja, nos traços
descendentes e ascendentes; (f) uso de letras maiúsculas e minúsculas; (g) a distribuição das
palavras nas frases, refere-se a união indevida ou ao seccionamento das mesmas; (h)
disposição da acentuação e pontuação no texto.

A análise dos aspectos materiais refere-se ao suporte que foi usado para registrar a
informação. Salienta-se: (a) a presença de filigramas, que é a marca do fabricante do papel;
muitas vezes buscam-se anotações de heráldica; (b) o instrumento utilizado para escrever ; (c)
a dimensão da caixa de texto, primeiro horizontal e depois vertical, e do papel, em milímetros;
(d) o estado de conservação é uma observação as vezes subjetiva; (e) a forma como o
documento se apresenta, se é em unidade documental, em livro de registro ou em volume
encadernado.

Os aspectos complementares referem-se: (a) data tópica e data cronológica, portanto,


data e local da criação do documento; (b) a relação autor e escrita, informando se o
documento foi elaborado por uma pessoa (hológrafo) ou por mais de uma (heterógrafo).
Geralmente, em documentos manuscritos, o texto é escrito pelo calígrafo (escrevente com boa
letra) e assinado apenas pelo autor intelectual; (c) é importante ressaltar se o documento é
original ou cópia, e o tipo de cópia, voltando o estudo à Diplomática. “Todos podem dar pistas
acerca del processo através del cual se deja Constancia de um hecho social”.(Parra, 2005, p.
77), pois a produção de fontes escritas implicam na necessidade de registrar fatos através da
escrita.

A apresentação do documento será examinada no que concerne às margens,


interlinhas, movimentos da mão em relação á linha de base (se o movimento é ascendente,
descendente ou ondulado), engrossamento das letras, o apoio do instrumento escritor (forte,
leve, constante, desigual), a ortografia.

“A base da análise gráfica é o exame do ductus e este exame tem uma importância
capital” (Mirot, 1982). Observam-se as maiúsculas e minúsculas em seus aspectos de
destaque, sem negligenciar o final das letras.

A redação do relatório, diz Mirot (1982) será claro e preciso, com terminologia
uniforme e compreensível. Muito esclarecedores serão desenhos reproduzindo letras em
questão.

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2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A paleografia é uma ciência de grande importância para o conhecimento da história


da humanidade, pois ao realizar o estudo das escritas antigas, ela auxilia no desvendar dos
enigmas do ser humano e da sociedade. Considerando sua importância este trabalho é uma
forma de verificar como a história de Santa Maria foi construída, já que aborda a pesquisa nos
documentos antigos encontrados na Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, RS.

Para compreender os fatos históricos, visão de mundo e ações em uma determinada


época, a paleografia é fundamental. Este estudo histórico de Santa Maria, através da análise
paleográfica de documentos do período de 1860 a 1890, preservados no Arquivo da Câmara
Municipal de Santa Maria são muito pertinentes aos estudos históricos. Em vista disso, e
verificando que faltam estudos referentes aos documentos do Arquivo da Câmara Municipal
de Santa Maria pensou-se na realização desta pesquisa. Além disso, essa será uma forma dos
acadêmicos da disciplina de Paleografia (DCT 1012), do Curso de Arquivologia da UFSM,
realizarem a prática dos estudos paleográficos.

A paleografia foi utilizada durante muito tempo como um instrumento para a


compreensão de documentos antigos. Hoje é vista como uma fonte para o entendimento da
história de uma sociedade. Em vista, disso será possível melhor compreender a história de
Santa Maria, RS, através de uma análise paleográfica realizada em documentos da Câmara
Municipal. É possível compreender melhor os documentos que tiveram uma análise
paleográfica, assim como entender a história de uma comunidade através destes estudos.

O Objetivo Geral é realizar estudos sobre a análise paleográfica em documentos do


Arquivo Geral da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria. Os objetivos específicos
são:

a) Selecionar os documentos de acordo com os seguintes critérios: não exceder uma página;
estar em bom estado de conservação; ser documentos interessantes para a história de Santa
Maria; ter letra com traçado diversificado;

b) Transcrever os documentos selecionados;

c) Analisar os documentos de acordo com os aspectos gráficos, materiais e complementares;


d) Contextualizar o documento na história local de Santa Maria.

Uma das atribuições da profissão de arquivista, descrita pela Lei nº 6.546, “refere-se
ao desenvolvimento de estudos de documentos culturalmente importantes”. Em vista disso,
este artigo demonstra sua importância por realizar atividades paleográficas em documentos da
Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, o que proporciona o contato com uma
documentação de cunho histórico e relevante para a sociedade santa-mariense. Dessa forma, a
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), consegue aprimorar o desenvolvimento
cultural no município, oportunizando a prática do estudo de análise paleográfica, a
compreensão da história da região e sua contextualização. Através desse trabalho será possível
a participação em eventos, proporcionando um conhecimento sobre a região de Santa Maria e
a valorização dos documentos antigos.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

As escritas antigas representam uma fonte de conhecimento da história da


humanidade. Tendo como objeto de estudo estas escritas, a Paleografia apresenta-se como
uma importante ciência. De acordo com González e Sánchez (1999), seu nascimento ocorreu
no século XVII, sendo empregado pela primeira vez o nome Paleografia pelo monge
beneditino Bernard de Montfaucon. Nessa época iniciou o desenvolvimento da metodologia
orientada para a leitura, transcrição, datação, identificação e classificação das escritas.

Franklin Leal e Richter (2003) explicam que a Paleografia estuda os caracteres


externos do documento, sendo considerado documento paleográfico aquele que é antigo e
manuscrito. Para isso, é necessário conhecer a tradição histórica do país em que foi produzido
o documento, dessa forma é possível verificar a antiguidade histórica-documental.

O estudo das escritas antigas proporciona o conhecimento da história de um povo.


González e Sánchez (1999) indicam o século XIX e início do XX, como o começo para o
estudo da relação entre a escrita e a sociedade. Segundo os autores, foi o italiano Giorgio
Cencetti quem propôs a ideia de que o objeto da Paleografia não poderia ser apenas a
interpretação de documentos antigos, mas também o estudo dos elementos exteriores, o que
levaria a um conhecimento amplo da história e cultura em geral.

Para a realização da análise paleográfica, Pietro (1999) propõe que seja construída
uma ficha de identificação, onde constarão dados como data, resumo do conteúdo e
localização do documento. Também é importante, como salienta o autor, realizar uma
descrição das características materiais, como o material em que se encontra o documento,
estado de conservação, forma, encadernação, entre outros.

Pietro (1999) observa que existem duas influências contrárias que as escritas podem
seguir. A primeira é chamada por ele como “a da mão”, ou seja, o fato de que ao escrever uma
pessoa pode simplificar traços para fazer de forma rápida seu trabalho. Já a segunda é
chamada como “a do olho”, referente à regularização das transformações gráficas, o que
facilita o reconhecimento dos traços por quem escreveu.

Durante a análise paleográfica alguns elementos precisam ser considerados. Segundo


Pietro, primeiramente deve-se observar a morfologia, a forma das letras, assim como os sinais
utilizados tanto para numeração como para pontuação. Uma questão relevante é verificar se o
documento foi escrito por apenas uma pessoa ou mais. Dessa forma, é preciso considerar o
“Ductus” que é a ordem dos traços; o “ângulo da escrita”, referente a posição do instrumento
que foi utilizado durante a escrita; o “ângulo de inclinação”, que diz respeito ao formato das
astes das letras direitas; o “módulo”, refere-se as dimensões da letra como altura e largura; o
“peso” que é a relação entre traços grossos e finos das letras.

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4 METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho será utilizado como base o método indutivo
comparativo, assim como o método analítico. Será indutivo, pois parte do específico para o
geral, do individual para o total. Será comparativo por haver a comparação dos aspectos
gráficos dos documentos e analítico, por referir-se aos aspectos gráficos, materiais e
complementares, na análise paleográfica.

De acordo com Marconi e Lakatos (1991) no método indutivo realiza-se a observação


dos fenômenos, havendo uma descoberta de relações e generalizações. Já o método
comparativo busca realizar comparações entre os fenômenos ou objetos de estudo. O método
analítico, por sua vez, faz um estudo e avaliação das informações encontradas visando
explicar o contexto em que se encontra.

Para atingir os objetivos propostos primeiramente será realizada a seleção dos


documentos na Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria. Posteriormente se fará a
leitura da documentação, assim como sua transcrição. A análise documental ocorrerá de
acordo com os princípios da análise paleográfica observando os aspectos materiais, gráficos e
complementares. Por último será realizada a contextualização documental com a história do
Município.

Inicialmente, os grupos elegeram um documento para ser estudado de acordo com a


análise paleográfica, dando um recorte na história de Santa Maria. Na seqüência foi feita a
transcrição de acordo com as Normas para Transcrição de Documentos Manuscritos (II
Encontro Nacional de Paleografia. São Paulo, 16 e 17 de setembro de 1993). Partiu-se para a
análise dos aspectos gráficos, materiais e complementares. Elaborou-se o resumo do
documento escolhido e procedeu-se ao comentário de cada peça documental, com base em
bibliografia concernente ao tema tratado nos documentos. Esses foram digitalizados e
finalmente foi criado, por cada grupo, um título para cada documento.

A análise dos aspectos materiais refere-se ao suporte que foi usado para o registro da
informação. Salienta-se (a) a presença de filigramas, que é a marca do fabricante do papel,
muitas vezes buscam-se anotações de heráldica, (b) o instrumento utilizado para escrever; (c)
a dimensão da caixa do texto e do papel, em milímetros; (d) o estado de conservação é uma
observação às vezes, subjetiva; (e) a forma como o documento se apresenta, se é em unidade
documental, em livro de registro ou em volume encadernado. Todos os documentos integram
os volumes de documentos.

Os aspectos complementares referem-se (a) a data cronológica e data tópica,


portanto, data e local da criação do documento; (b) a relação entre o autor e escrita,
informando se o documento é hológrafo (assinado por uma só pessoa) ou por mais de uma
pessoa (heterógrafo). Geralmente, em documentos manuscritos, o texto é escrito pelo
calígrafo (escrevente com boa letra) e é assinado apenas pelo autor intelectual; (c) é
importante ressaltar se o documento é original ou cópia e o tipo de cópia, voltando o estudo à
diplomática. “Todos podem dar pistas acerca del processo a través del cual se deja constancia
de um hecho social” (Parra, 2005, p.77), pois a produção de fontes escritas implica na
necessidade de registrar fatos através da escrita. Todos os documentos são originais.

A apresentação do documento será examinada no que concerne à margens,


entrelinhas, movimentos da mão em relação à linha da base, se o movimento é ascendente,
descendente ou ondulante, engrossamento das letras, o apoio do instrumento escritor (forte,
constante, desigual). “A base da análise paleográfica é o exame do ductus e este exame tem
uma importância capital” (Mirot, 1982). Observam-se as maiúsculas e minúsculas em seus
aspectos de destaque, sem negligenciar o final das letras. A redação do relatório, diz Mirot
(1982) será claro e preciso, com terminologia uniforme e compreensível. Muitos
esclarecedores serão desenhos reproduzindo letras em questão.

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5 TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE PALEOGRÁFICA

5.1 Ata de 17 jul. 1869


5.1.1 Transcrição do documento

Província de São Pedro do Rio Grande do Sul


Palácio do Governo em Porto Alegre 17 de julho de 1869

Havendo o Douctor Jaime d’ Almeida Couto / eleito deputado Provincial por


ambos os dis / trictos, feito opção pela eleição que lhes foi / dada pelo 2° Districto,
cumpre que Vossas mercês / expreção as convenientes ordem para que / se reunão os
Collegios eleitorais no Quarto Do / mingo (26) do mês de setembro próximo / futuro
que marca para elegerem um depu / tado provincial por este 1° Districto elei / toral. /
Do mesmo modo providenciarão vossas mercês / para que, no dia immediato
aquelle / em que se concluírem os trabalhos da dita / eleição, se reunão os collegios
eleitorais a fim / de, conforme ordenou o Excelentíssimo Senhor Ministro / do Império
por aviso de 16 de junho último / proceder à organização da nova lista tríplice / que
deve ser apresentada á Sua Mages / tade O Imperador, visto ter fallecido o Douctor /
João Jacintho de Mendonça que faria / parte da outra lista.

Deus Guarde á Vossas Mercês.

João Sartorio

Presidente e Vereadores da Câmara


Municipal de Santa Maria da
Boca do Monte.

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5.1.2 Análise paleográfica

Aspectos Gráficos:

A letra é humanística cursiva intermediária com a corrente do final do século XIX, de


traçado regular, com inclinação à direita e certa complexidade de leitura. O módulo é médio e
pouco rápido, embora algumas maiúsculas tenham um traçado maior como é o caso do “a”,
“g”, “j”. O “h” inicial do texto está em tamanho avantajado em relação ao restante dos outros
símbolos gráficos.
Na unidade 9 da data tópico-cronológico a haste inferior ultrapassa a linha. Na letra
“d” maiúscula, a sua barriga com traços curvos, apresenta um floreio próprio como se fosse
um automatismo.
A escrita apresenta peso equilibrado, mantendo-se de forma homogênea no decorrer do
texto, tornando-se mais forte nas maiúsculas iniciais, e nas letras como o “f”, “p”, “q”, em
que o escrevente aperta a pena e desprende mais tinta, engrossando a letra. Na letra “p” a
haste oblíqua inferior deixa a mostra o sentido destrógiro da letra.
A velocidade é média, ductus mais rápido, e o calibre é grande, as letras maiúsculas e
minúsculas apresentam-se corretas. O texto apresenta a marca de nasalidade, o til, o acento
agudo, crase. A pontuação considera-se que foi utilizada adequadamente para a época, pois
não existiam regras fixas.

Aspectos materiais:

O documento mede 310mm x 210mm e o tamanho da caixa de texto é de 300mm x


210mm.
O papel é timbrado dando a proveniência do documento – Província de São Pedro do
Rio Grande do Sul Seção 11 – Circular.
Porém no momento da encadernação a legibilidade do documento e o número da seção
ficaram prejudicados. O texto está com a presença de letras mais intensas no lado direito do
leitor. Quanto à Forma, o documento apresenta-se encadernado em um volume.

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Aspectos complementares:

O documento é original e está contido no Livro de Atas da Câmara Municipal de Santa


Maria, volume 1 (1858-1864), na folha 35, anverso.
O documento é heterógrafo sendo que o autor intelectual João Sartorio tem a mão leve
propicia a diferença visível com a mão do escrevente que é pesada.
A mão é tão pesada que no verso do documento a tinta fica quase visível.

5.1.3 Comentário histórico

A Freguesia de Santa Maria da Boca do Monte, que desmembrou-se do município de


Cachoeira do Sul, foi elevada à categoria de vila em 16 de dezembro de 1857.
A emancipação político-administrativo do novo município ocorreu a 17 de maio de
1858, quando foi instalado a 1º Câmara Municipal.
A administração santa-mariense, durante o período da monarquia, foi desempenhada
pelas Câmaras Municipais, cujos exercícios sucederam-se em nº de 9. O vereador mais votado
exercia o papel de Vereador-Presidente. As Câmaras Municipais governam até o advento da
República, pois quando esta foi implantada, houve a reorganização do Estado e foram
nomeados intendentes para o governo municipal. Quando ocorreu a Revolução de 1930,
passou a administração do Município a ser exercida por prefeitos, cujos primeiros
representantes foram nomeados a partir de 1932.
Em 31 de janeiro de 1869, instalada a Mesa da Assembléia Paroquial, teve começo,
em 1º de fevereiro, o processo da “Eleição duplicata para eleitores gerais e eleitores especiais
a que procedem em virtude de ordens do Governo Imperial, transmitidas por ordem da
Presidência da Província.
Em 03 de setembro de 1869 foi nomeado suplente do Juiz Municipal e de Órfãos, na
ordem que segue: Dr. Jaime de Almeida Couto, João Pereira de Miranda, José Alves Valença,
Geraldo Damaceno, Maximiliano José Appel e J. J. Edolo de Carvalho. Eleitos por um
mandato de 4 anos.

Transcrição e análise elaborada por: Andréssia Jociara Dias, Ibanês Bittencourt Facco,
Luiza Corino Haesbaert

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5.2 Ofício de 3 maio 1880

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5.2.1 Transcrição do documento

Illmo Snr

Recibi hontem uma carta de meu procu / rador em Porto Alegre, na qual me
diz / não ter podido receber meus vencimentos / na Provincial, por falta de não ter
essa / Camara Municipal, participado á Ins / trução Publica em Porto Alegre, o dia /
que prencipiei no exercício de meu ma / gisterio n’este lugar: Por isso pesso a V.S. /
se digne fazer a competente participa / ção, caso ainda não tenha feito, como /
refere-se o dº meu procurador na Carta / que me escreve a qual incluzo remetto /
a V.S. pª V.S. verificar.

D.G. á / V.S.

Tronqueiras, 3 de Maio de 1880.

Ilmmo Snr Dr Pantaleão Pinto, Digníssimo Presidente da


Câmara Municipal da Cidade de Santa Maria
da Boca do Monte.

O Professor Público / Manoel Joaquim Pinheiro.

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5.2.2 Análise paleográfica

Título: Ofício
Datação: 03 de maio de 1880
Local de produção: Tronqueiras, Distrito de Arroio do Sol
Resumo: Ofício do Professor Manoel Joaquim Pinheiro à Câmara Municipal afirmando que
não recebeu seu vencimento por não ter sido enviado as informações necessárias para a
Diretoria da Instituição Pública da Província e pede que o façam o mais breve possível
Cota de Localização: AGCV, Cx. I, Vol. III, Doc. 18, Santa Maria, RS, Brasil

Aspectos gráficos:

Gênese: traço iniciado à esquerda


Módulo da letra: médio
Tipo de escrita: escrita humanística cursiva com transição para corrente
Velocidade da escrita: lenta
Ductus: traço espesso no traço descendente
Traço estreito no sentido ascendente
Espaçamento: intervocabulares
Traços sobrescritos
Peso da letra: engrossamento das letras no início das palavras.
Posição na pauta: acima da pauta, transpassada ascendente e descendente
Ângulo da letra: destrógira
Traçado leve
Horizontal
Uso de maiúsculas e minúsculas
Algarismos arábicos
No realce do documento está a abreviatura D.G a V.S. (Deus guarde a Vossa Senhoria)

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Aspectos materiais:

Suporte Material: Papel azulado pautado


Gramatura mais fina do que as demais folhas do volume
Dimensão do suporte: tamanho fora do padrão: 200mm X 320mm
Caixa de texto: 185mm X 165mm
Folha 46mm menor do que o padrão do livro
Instrumento para escrever: pena de aço
Estado de conservação: bom estado de conservação
Formato: folha avulsa
Forma do documento: volume encadernado
Estado de coloração: levemente desbotado
Coloração: tonalidade escura com clareamento
Devido ao peso da escrita a tinta fica quase visível no verso do documento

Aspectos complementares:

Data: 03 de maio de 1880


Procedência: Tronqueiras, Distrito de Arroio do Sol
Localização no arquivo: AGCV, Cx. I, Vol. III, Doc. 18, Santa Maria, RS, Brasil
Original ou Cópia:
Documento elaborado na localidade de Tronqueiras, 5º Distrito de Arroio do Sol, em 03 de
maio de 1880, 9 anos antes da Proclamação da República.
Hológrafo, de autoria integral do Profº Público Manoel Joaquim Pinheiro.

5.2.3 Comentário histórico

Instrução / Educação Pública de Santa Maria

Nos tempos monárquicos do Brasil, o tema educação, ligada a instituição pública era

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difícil de solucionar e a província não conseguia atender este ramo da administração.
Santa Maria teve sua primeira escola pública em 1838, criada pelo Ministério da
Fazenda e Interior da emergente Republica de Piratini por Decreto de 22 de agosto.
Na circunscrição do 2º Distrito em 1880, foi iniciada a aula ministrada pelo professor
Saturnino José Gonçalvez, com efêmera duração. Após a Proclamação da República é que o
2º Distrito foi contemplado com uma sala de primeiras letras.
Na Freguesia do Pinhal, em 1880, foi criada uma cadeira mista, e para regê-la foi
contratada D. Maria Aldira Pinto. Em Silveira Martins (1884), foram criadas duas aulas, uma
na sede e outra em Vale Vêneto.
Muito aquém das necessidades e solicitações do meio eram as decisões do
departamento da Administração Provincial que estava encarregado da instrução primária.
O ensino particular atendia a demanda, na falta dos poderes públicos, em destaque na
sede da freguesia, com os germânicos mesclando-se com o nacional e influenciando o ensino
da localidade.

Transcrição e análise elaborada por:


Francisco Fajardo
Jarbas Moura
Marcel Ibaldo.

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5.3 Ofício de 30 jan. 18??

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5.3.1 Transcrição do documento

Palácio do Governo em Porto Alegre

30 de janeiro de 18..

Declaro a V.Mcês, em resposta ao seu officio de / 19 de Novembro findo,


que esta Presidencia tem os / melhores desejos de prestar o auxilio autorisado
para / melhoramento da picada do Canabarro na estrada / que de Santa Maria vae
ao rincão de São Pedro, / mas não pode dispensar na lei, como aliás reconhe-/-ce
essa Camara naquelle officio, em relação, às for-/-malidades exigidas para
justificação das despe-/-zas e tomada de contas.

A Directoria Provincial precisa de um balan-/-cete demonstrativo da


applicação da primeira pres-/-tação d’aquele auxilio, afim de poder entregar
a/segunda.

Alem d’este documento convem que Vossas Mercês / me enviem o


contracto das obras da ponte junto à / referida picada, e de quaisquer outras
comprehen-/-didas na verba do mencionado auxilio; ou na / falta, especificação
das diversas empreitadas, com os / preços respectivos, e declaração das
providencias to-/-madas para garantia da execução e conservação / das obras.

Das informações da commissão encarregada / d’essas obras se deprehende


que / ellas estão sendo feitas / por empreitada, mas sem contracto escripto, o que
é muito irregular e inconveniente ao serviço público.

A quantidade e qualidade da obra; o seu preço; / o praso do começo e


conclusão; a responsabilidade / da execução e conservação até recebimento
definitivo, / são condições essenciaes que não devem ser omitti-/-das , e que
exigem contracto escripto.

Deus Guarde a Vossas Mercês.

José Julio Albuquerque Barros

Senhores Presidente e mais Vereadores da / Camara Municipal de Santa


Maria da Bocca do Monte

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5.3.2 Análise paleográfica

Aspectos gráficos:

A letra do documento é uma bela humanística cursiva, escrito em língua portuguesa,


com ductus constante. Quanto ao ângulo da escrita, letra é destrógera, isto é, voltada para a
direita. O escrevente usa automatismos nas seguintes letras: na letra “a” do final das palavras
com um traço voltado para a esquerda; na letra “o” no final da palavra “escripto”, onde o
automatismo pode ter o fim utilitário de servir de traço horizontal para cortar a letra “t”.
Quando o escrevente escreve a palavra “deste”, ele apresenta apóstrofo após o “d”. A letra “t”
apresenta o traço horizontal acima da haste vertical. É marcante a presença da abreviatura do
pronome de tratamento Vossas Mercês (V.Mcês). O escrevente utiliza acentos e pontuação
corretamente. Todo o texto traduz o caráter profissional do escrevente, pois é um trabalho bem
feito e calmo.

Aspectos materiais:

Ao canto superior esquerdo do papel, timbrado, aparece o brasão da Província de Rio


Grande do Sul, identificando, portanto a proveniência do documento. É um documento
público oficial, mostrando subdivisão administrativa com a 5ª diretoria do Palácio do
Governo e organização arquivística.

O suporte utilizado para registro da informação foi o papel sem marca d'água, foram
feitas linhas verticais a lápis para dar margens ao texto. O papel é de boa qualidade, resistente,
com informações no anverso e no verso. A folha mede 210 x 316 mm, sendo que a caixa de
texto do anverso mede 162 x 285 mm e o verso 160 x 233 mm. O documento, originalmente,
foi feito como peça documental e posteriormente encadernada em volume.

Aspectos complementares:

O documento foi elaborado na capital Porto Alegre, no Palácio do Governo. Quando


da encadernação, a dezena e a unidade do ano foram cortadas e não se apresenta, prejudicando
assim a leitura do documento. Acredita-se, porém, que o documento seja do ano 1884 de
acordo com a pesquisa feita pela arquivista responsável pelo acervo da Câmara de Vereadores,
onde o documento encontra-se armazenado.

O documento apresenta como escatocolo “Deus Guarde a V.mcês” e como apostila


“Interado – Archive-se”.

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O documento encontra-se no Arquivo Geral da Câmara de Vereadores de Santa
Maria, Caixa II, volume V.

5.3.3 Comentário histórico

Durante o ano de 1873 a Câmara de Vereadores realizou um contrato com Tristão


Enéas Canabarro, visando a construção de uma ponte sobre o rio Ibicuí e reparos na picada
que lhe dá acesso, conhecida pelo nome de picada do Canabarro, na estrada de rodagem para
o rincão de São Pedro. O contratante não chegou a ultimar a ponte.

O documento trata-se de uma circular do Presidente da província do Rio Grande de


São Pedro, José Júlio de Albuquerque Barros, à Câmara de Vereadores, declarando sua boa
vontade em relação as melhorias na picada de Canabarro.

Transcrição e análise elaborada por:


Angélica Ilha
Débora Feltrin
Luiz Enrique Pilar
Marciéle Lucher

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 28


5.4 Divisão da Paróquia de Santa Maria em secções eleitorais em 10 set. 1888

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 29


5.4.1 Transcrição do documento

Ilustríssimo Senhor

Tendo sido por acto do Presidente da Província, data / de 30 do mez


proximo findo, dividido o 1º districto d'esta pa / rochia em duas secções eleitoraes,
e havendo sido designado / S. Exª a caza de propriedade de Jacob Beck, situada na
rua / do Commércio d'esta cidade para funcionar a 2ª Secção, Cum / pre-me pedir a
V. S.ª, que, na forma do Artº 238 do Regula / mento de 13 de Agosto de 1888,
mande não só preparar / o mesmo edifício collocando-se uma grade no Salão
apropriado / afim de separar a meza eleitoral do publico, como tão bem Forné / cer
meza, urna, papel e mais objectos necessários para tal fim./

Outro sim, peço a V. S.ª que se digne fornecer os dois livros /


despensaveis, competentemente numerados, e rubricados com / terno de abertura e
encerramento feito por V. S.ª, para em um / d'elles se lavrarem as actas do serviço
eleitoral, e no outro se / assignarem os eleitores que comparecerem a mesma
eleição. /

Convindo que todo esse serviço fique prompto até o dia [?] / do corrente,
peço a Vossa Senhoria que se digne de dar todas as providen / cias que o Caso
exige a fim de no dia 26 poder a meza elei / toral se reunir para nomear a outra que
tem de receber / e fazer a apuração dos votos da eleição designada para / 29 do
corrente.

Deos Guarde a Vossa Senhoria

Juizo de Paz do 1º Districto da Cidade de S. Maria / da Bocca do Monte, 10 de


setembro de 1888.

Illº Snr Prez e mais membros da Câmara Municipal desta / cidade.

O 1º Juiz de Paz.

João José Pinto.

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 30


5.4.2 Análise paleográfica

Aspectos gráficos:

O tipo de letra do documento é humanística cursiva, feita com lentidão, e apresenta


um módulo de pequeno a médio, cujo ductus é cuidadosamente bem elaborado. As maiúsculas
tem um módulo maior que as minúsculas, principalmente se está em início de frase.
Observa-se que a letra “t” tem o traço horizontal muito longo. Embora seja uma letra
usual o escrivão tem um cuidado no seu desenho. Pode-se afirmar que o escrevente é um
verdadeiro calígrafo. A haste superior da letra “d” minúscula volta-se para a esquerda num
balanço sinistrógiro. O número 9 da data apresenta a haste vertical inferior ultrapassando a
linha.
Na palavra Vossa Senhoria que está abreviada o “v” une-se ao “s”. O escrevente
mantém o traço constante não havendo presença de traços grossos e finos. Talvez o cuidado
em escrever Deos fosse devido a grande religiosidade que existia, pois o catolicismo foi a
igreja oficial do Império Brasileiro.

Aspectos materiais:

O documento tem trinta e três linhas. Mede 190 cm de largura por 320 cm de altura.
Medida da caixa de texto: horizontal 165 mm – vertical 310 mm
A caixa de texto está inserida numa folha pautada de papel. O papel é de boa qualidade, sem
marcas de oxidação. Como marca d`agua a presença de Al Masso.
Anverso 165 mm X 280 mm

Aspectos Complementares:

Hológrafo, pois o escrevente é o primeiro juiz de paz João José Pinto. O documento
foi elaborado na cidade de Santa Maria da Boca do Monte em 10 de setembro de 1888.

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 31


5.4.3 Comentário histórico

A Rua Doutor Bozano chamava-se rua Pacífica, mais tarde passou a ser conhecida
como Rua do Comércio e só em 1925 recebeu a denominação atual, pelo artigo 49 inciso II da
lei orgânica do município de Santa Maria, que a Câmara de Vereadores aprovou e o prefeito
Vidal Castilho Dania promulgou.
Em 1858, a R. Doutor Bozano possuía apenas de 10 a 12 casas, inclusive a residência
de Rita Maria de Souza, que alugava para o Paço Municipal.
Durante muito tempo, a Rua do Comércio também foi conhecida como Primeira
Quadra, pois na Primeira quadra dessa artéria encontravam-se estabelecidas casas comerciais,
e por isso mesmo concentrava o movimento do comércio, ponto de encontro social.
Aos fins de semana, principalmente, depois da saída das sessões do cinema imperial,
(localizado onde hoje se encontra estabelecida a loja das casas Eny), era ponto de honra para
os jovens passear, desfilar e flertar.
Os moços, em pequenos grupos no leito da rua e as moças passando nas calçadas,
faziam charme e glamurosas - atiravam brejeirice e piscadelas sobre os admiradores. Os anos
40, 50 e 60 testemunharam a história da primeira quadra, que hoje é o Calçadão Salvador
Isaia.
O progresso ou evolução da cidade fizeram desaparecer prédios antigos que
constituíram a memória arquitetônica da “primeira quadra”.

Transcrição e análise elaborada por:


Laís Siqueira Cargnelutti
Lilian Salles da Silva
Maria Caroline Flores Ciscato

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 32


5.5 Justificativa de ausência de 07 fev. 1891

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 33


5.5.1 Transcrição Paleográfica

Os jurados abaixo assignados attestam / que o cidadão Reinel Alves da Cunha


acha / va-se com sua espoza gravemente doente, quan / do foi citado para
comparecer a 1ª secção do / júri em Sta Maria, no anno proximo passa / do.

Freguezia de São Pedro 7 de Fevereiro de 91

Antonio Candido Alvarez


Lizardo Nunes de Abreu
Frederico Albrecht

5.5.2 Análise Paleográfica

Aspectos Gráficos:

A letra é Humanística, entre cursiva e corrente, do final do séc. XIX de padrão usual,
de traçado regular com inclinação a direita. De velocidade rápida, pressão média e calibre
médio.
O corpo da escrita é regular e de tamanho médio. A pontuação e acentuação são
regulares exceto pela palavra “proximo” (l.5), que encontra-se sem acento. Os pingos dos “i”
se caracterizam por uma altura média com formato de ponto, tamanho pequeno e posposto.

Aspectos Materiais:

Com um selo do tesouro nacional de 200 réis, reforça a validade do documento.


Abaixo-assinado de seis linhas de texto, feito em uma folha de estado regular de preservação,
com manchas escuras causadas por agentes de deterioração.

Aspectos Complementares:

Como os escribas escreviam rápido, não tem o capricho necessário aos documentos
oficiais.

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 34


Na pressa ocasionava que não escreviam, ou esqueciam os milhares e as centenas da
data. Ex: 91, em vez de 1891. Não colocavam o acento em próximo a abreviatura de Sta
Maria.
A letra de Antônio. Se percebe que é um documento heterógrafo. A segunda assinatura
tem a mão mais leve.

5.5.3 Comentário Histórico:

Fevereiro de 1891: É destituída a pedido, a Primeira Comissão de Intendência


Municipal, e nomeada a segunda.
Maio de 1891: Por Ato nº 385, do governo estadual, é elevada à vila a freguesia do
Rincão de São Pedro, hoje São Pedro do Sul, então 3º Distrito do município. Se fosse no
Império, isto significaria a criação do município.

Transcrição e análise elaborada por:


Anderson Nascimento Guilherme
Bruno Fernandes
Caciano Comin
Gabriel Felipe Ludvig
Péterson Obetine

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 35


5.6 Ata de 24 ago. 1891

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 36


Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 37
5.6.1 Transcrição paleográfica

Sessão Extraordinária

Aos vinte e quatro dias do mês de agosto de / mil oitocentos e noventa e


um, reunidos no Pa / ço da Intendência Municipal, sob a Presidên / cia do cidadão
João César de Oliveira, os Intendên / tes, Ramiro de Oliveira e Antônio Appel Filho,
o Presidente decretou aberta a sessão. Lida a / acta da sessão antecedente e posta em
discussão, / tomou a palavra o Intendente, cidadão Ramiro / de Oliveira que propõe a
emenda sobre as distâncias das estradas Caturrita e Bocca do Monte à / São
Martinho, porquanto, é de opinião, que a dis / tancia a percorrer em ambas as
entradas até aquel/ /le município é de trinta e quatro kilometros e não / de vinte e
nove, assim como, a parte que correspon / de a S. Martinho relativamente as referidas
estra / das é de dois kilometros mais ou menos e não de / quatro kilometros como
ficou dicto. Sendo approva / da, ficou prevalencendo a presente emenda e sem effei /
to o que sobre esse ponto consta da acta anterior. Foi / lido: Um officio do
encarregado da arrecadação / do pedágio das mencionadas estradas, comunican / do
que alguns tranzeuntes tem se negado ao pagamen / todo referido imposto. “Ficou
determinado officiar-se / ao Presidente do Estado pedindo providencias a res / peito,
expondo-se a maneira pelo qual procedeu / esta Intendência com a de S. Martinho, na
pro / posta que apresentam à mesma, sobre o accordo re / lativo a cobrança do
pedágio”.
Um requerimento de Jorge Henrique / Tümur, solicitando isenção da multa
na qual / incorreu por não ter comparecido a sessão do ju / ry do dia 25 de junho
próximo findo, dando / como causa achar-se doente, segundo prova / com atestado
anexo, afirmado pelo subde / legado de Polícia, Galvão Álvares de Abreu”/
Deferido[sic] assegurando-se vencido o intendente Afonso Appel Filho / .
Foram apresentados seis listas de pedidos / de móveis e utensilios
necessárias as aulas dos pro / fessores José Maysorrete [?].Roncoroni [?] Camilla
Bion / di [?], Clotilde Nieira Moreira e Maria da Glória / Álvares de Figueiredo.

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 38


“Esta Intendência de / conformidade com o disposta no art.17,§ 3º do Re
/gulamento da Instrução Pública, ordenou que / publicassem editais chamando
concorrentes para / o fornecimento dos referidos materiais”.

Nada mais havendo foi suspenso a / sessão do que lavrei a presente acta.
Eu Ignácio Monteiro do Valle Machado, Secretário inte / rino a escrevi.

[1 presidente] João César de Oliveira


Antônio Appel Filho
Ramiro de Oliveira

5.6.2 Análise paleográfica

Aspectos Gráficos:

Letra humanística com tendência cursiva a corrente. É uma escrita de velocidade


média com traçado homogêneo e a letra tem peso médio.
O módulo da letra é de pequeno para médio, cujo calibre é pequeno, excepcionalmente
algumas letras apresentam hastes inferiores e superiores mais desenvolvidas. O ângulo da
letra é destrógiro.
O documento não apresenta alguns acentos, podendo ser característica da época.
As abreviaturas são incomuns, como estas:

S. Martinho Distrito de Santa Maria:

Art. 17 do Regulamento da Instrução Pública:

Presidente João César de Oliveira:

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 39


Aspectos Materiais:

O documento está incluído num livro de atas com páginas numeradas de 1 á 298, e
rubricado com o apelido “Pitthan”(Vice-presidente em exercício).
Com abertura : “Servirá este livro para nele se lançarem as atas de todas as sessões desta
Camara. Vai por mim rubricado em todas as suas folhas com a rubrica -Pitthan- de que uso, e
leva no fim o termo de encerramento. Sala das sessões da Camara Municipal de Santa Maria
27 de Abril de 1888.”
O Vice Presidente em exercício
José Adolpho Pitthan

Com encerramento: “ Contém este livro duzentas e noventa e oito folhas, todas numeradas e
rubricadas, com o appellido- Pithan- de que uso. Sala das sessões da Câmara Municipal 27 de
Abril de 1888.”
José Adolpho Pitthan

A análise paleográfica foi feita no documento referente a Sessão Extraordinária cujo


anverso ou início da ata está na folha 178, sendo que a mesma termina na folha 178 verso, não
possui marca d’agua, o papel é de boa qualidade, porém ele esta amarelecido e com
pequeníssimos rasgos. A dimensão da caixa de texto na horizontal (Anverso) é de 185mm e na
vertical (Anverso) é 290 mm; horizontal (Verso) é de 180mm e vertical (Verso) é de 230mm.
O tamanho da folha é de 320 X 220 mm.
O texto da ata tem boa apresentação porém a primeira e a segunda assinatura estão
borradas. Supõe-se que ao assinar deve-se ter pressionado mais a pena, o que ocasionou maior
liberação de tinta.

Aspetos Complementares:

O documento foi elaborado no Paço da Intendência Municipal em Santa Maria, dia


24/08/1891.
O documento é heterógrafo, contendo assinatura do autor intelectual. Este foi redigido

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 40


pelo Secretário interino da Intendência, Ignácio Monteiro do Valle Machado. As assinaturas
constantes no final da ata são do presidente da Intendência, José César Oliveira (Oliveira está
abreviado) e por Antônio Appel Filho e Ramiro de Oliveira (Intendentes).

5.6.3 Comentário histórico

A emancipação político-administrativa de Santa Maria ocorreu em 17 de maio de


1958 quando se separou do município de Cachoeira do Sul pela lei nº 400. A administração de
Santa Maria, durante o período da Monarquia foi exercida por Câmaras Municipais que
durante muitos anos funcionaram na rua Dr. Bozano.
Em 15 de abril de 1858, ocorreu a eleição dos sete vereadores que compuseram a
primeira Câmara Municipal. Os vereadores eleitos assumiram em 17 de maio de 1858 (livro
de atas), sendo eles o Ten. Cel. José Alves Valença, João Pedro Niederauer, João Veríssimo
Oliveira, Maximiano José Appel, João Thomas da Silva Brasil, Joaquim Moreira Lopes e
Francisco Pereira de Miranda. O vereador José Alves Valença, mais votado, assumiu o cargo
de Presidente da Câmara Municipal da Vila.
As Câmaras Municipais governaram até a chegada da República (1889) onde houve
a reorganização do Estado e foram nomeados intendentes para o governo municipal. Santa
Maria teve 14 intendentes, o primeiro intendente foi o Coronel Francisco de Abreu Vale
Machado, nomeado no dia 1º de setembro de 1892, governando até 1900. O último foi
Manoel Ribas no período de 1928 a 1932, onde exerceu o cargo até 03 de outubro de 1930
quando explodiu a Revolução, fato esse que causou o fim das intendências.
Após a revolução de 1930, a administração de Santa Maria passou a ser exercida por
prefeitos, cujos primeiros representantes foram nomeados a partir de 1932.
Atualmente, o município é administrado por um prefeito, eleito pelo povo, com
assessoramento de várias secretarias.

Transcrição e análise elaborada por:


Ana Paula Albrecht Mendes
Diego da Silva Oliveira
Greta Dotto Simões
Silvana Aparecida de Sousa

Recorte Histórico de Santa Maria: Estudo através da paleografia 41


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELÉM, João. História do Município de Santa Maria 1797/1933. Santa Maria: editora
UFSM. 2000.

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1979

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Vereadores. 1998.

BLANCO, Ricardo Román. Um “Novo” Tratado de Tordesilhas de 1494. São Paulo


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FRANKLIN LEAL, João Eurípedes. Análise Paleográfica. São Paulo: Arquivo Público do
Estado, 2º Encontro Nacional de Paleografia, em 16 e 17 de setembro de 1993.

RICHTER, Eneida Isabel Shirmer; FRANKLIN LEAL, João Eurípedes. Análise


Paleográfica de Documentos Relativos ao Rio Grande de São Pedro e à Colônia do
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MIROT, Albert. L’ Expertise em Écriture. Stage Technique Internetional d’ Archives.


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RECHIA, Aristilda. Santa Maria Panorama Histórico Cultural. Santa Maria: Editora
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