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FILOSOFIA GERAL E DO

DIREITO

Professor: Me. Ismael de Córdova

Curso: Direito
7ª fase –Matutino
2020/1
O QUE É A FILOSOFIA DO DIREITO?

É evidente que buscar uma definição precisa de Filosofia é


uma tarefa extremamente complexa, talvez impossível. Mas,
por questões metodológicas, temos a necessidade de
delimitarmos a origem do termo “filosofia”.

Vale ressalvar primeiramente que no Ocidente – nosso


pensamento é fruto da cultura grega – a Filosofia tem seu
berço na Grécia, essencialmente no século VI a.C.
Deste modo, o termo em análise revela a junção de duas
palavras de origem grega:

philia (atração, amizade, amor) + sophia (sabedoria/saber).

Deduzimos então que o filósofo é “amigo do saber”, do


verdadeiro saber, sente uma atração para o conhecimento.
Ora, sendo assim, já podemos ter uma ideia do que
efetivamente significa “filosofar”.

A atitude filosófica implica essencialmente dois pontos:

a dúvida e a crítica.
A dúvida é inerente ao homem. Está enraizada no seu espírito
questionador.

Segundo Aristóteles, o homem começou a “filosofar” diante do


espanto, da admiração, do encantamento (diante do mundo e
dos fenômenos que o rodeiam).

Para ele, a Filosofia é a ciência de todas as causas pelas suas


primeiras causas.
Não há como negar que a dúvida é a tradução do
descontentamento, guiada na busca de uma “resposta”, de
uma explicação para o mundo e fenômenos que nos fascinam,
que nos inquietam.

Para o filósofo a dúvida é eterna. A dúvida leva o homem à


reflexão, isso naturalmente faz com que ele consiga obter, de
algum modo, alguma “resposta”.

Esta resposta, analisada sob uma ótica crítica, o levará a ter


mais dúvidas e assim sucessivamente.
A crítica implica no fato de que – diante destas “respostas”,
obtidas pelo homem – opera-se um exercício de reflexão sobre
as mesmas, questionando-as, inserindo-as diante da realidade,
dos fenômenos que se busca examinar/observar.

Uma das características fundamentais da Filosofia é


precisamente o fato de que ela – ao contrário das demais
ciências é essencialmente crítica (metódica e organizada,
obviamente).
Cabe ainda destacar três características da Filosofia que está
presente desde o século VI a.C.: o conteúdo, o método e a
finalidade. Sendo assim, o conteúdo sempre foi o mesmo, ou
seja: o Todo.

Filosofia não se limita a explicar parcialmente a realidade, isto


é, não é como as ciências naturais que buscam explicar
determinadas “fatias da realidade”, determinados setores de
nossa existência.
Só a Filosofia cuida do todo, do real. Deste modo, não tem um
objeto particular ou específico.

No que tange ao método, evidentemente que a explicação ou


narração filosófica está intimamente atrelada à razão (busca
uma explicação racional e universal das coisas).

E, por fim, a finalidade. Ora, pode-se deduzir que a finalidade


deste ramo do saber é a busca da verdade, a busca da
essência das coisas.
Pois bem: a Filosofia, como vimos, tem seus olhos voltados
para a totalidade das coisas.

Assim, sua área de saber é vasta, pois ela se desdobra em


diferentes ramos e objetos . Podemos exemplificar esta enorme
gama de disciplinas com a Epistemologia, a Cosmologia, a
Ontologia, a Ética, a Estética, a Lógica entre outras.

Cumpre então, esmiuçar a seguinte pergunta: o que é a


Filosofia do Direito?
Tal como o próprio nome evidencia – traduz a
atenção/preocupação da Filosofia com o Direito.

Busca-se a fundamentação do Direito na natureza humana, na


sua realidade, no meio sociocultural em que o Homem está
inserido.

A Filosofia do Direito não estuda apenas o Direito como ele é,


mas também com deveria ser.
Atualmente, podemos salientar que o papel da Filosofia dentro
da Faculdade de Direito encontra-se mais valorizada no âmbito
acadêmico, com o intuito de aprimorar a formação do
“operador/cientista do Direito”.

Ora, nem sempre foi assim: vale lembrar que o papel da


Filosofia do Direito (e da Filosofia), diante da lei, foi relegado a
um segundo plano.
Hoje, diante da posição crítica que assumiu o Direito,
considerando-se que uma de suas principais características é a
interdisciplinaridade, a Filosofia passou a desempenhar um
papel fundamental.
Neste diapasão, ela visa indagar o verdadeiro papel e
legitimidade das leis, a legitimidade do Poder, o melhor regime
político etc.
Constata-se que, hoje, há um papel fundamental a ser
desempenhado pela Filosofia diante da formação do
profissional.
Não podemos esquecer o fato de que o Direito, deparando-se
exclusivamente (e unicamente) com a lei, revelou-se
impotente e insatisfatório para dirimir certas dificuldades.

Aliás, essa “impotência” se revela sob dois prismas: um na


apresentação do próprio Direito – que raramente é apresentado
como um Universo logicamente unificado (o Direito Penal com
o Direito Civil; o Direito Civil com o Direito Administrativo etc.).

Num segundo momento, há uma tendência de se ensinar a


técnica em detrimento da ética.
O grande papel da Filosofia (e, nomeadamente a Filosofia do
Direito): a formação e a visão holística, humanística, capaz de
encarar de modo crítico o fenômeno jurídico.

A Filosofia, assim, proporciona um Norte, um ideal a ser


seguido e que, nem sempre, está em sintonia com o direito
vigente. Isso implica que a Filosofia do Direito indaga,
fundamentalmente, as questões essenciais para a
compreensão do fenômeno jurídico com ênfase em duas
questões centrais:
a) o que é o Direito?
b) b) o que é a Justiça?
Portanto, para apreender os princípios que fundamentam as
diferentes concepções do Direito temos que buscar o essencial
auxílio da Filosofia do Direito, pois ela tem – em relação à
Ciência Jurídica – essa função fundamentadora, ou seja: sem
essa ligação, o estudo do Direito resta incompleto e supérfluo.

Assim, sem a intervenção da Filosofia, nossos códigos, nossas


jurisprudências e nossa doutrina, seriam apenas papéis
molhados e o jurista um cego a deriva

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