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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE CARATINGA - MG.

Processo-crime n.º 0134.16.009514-4

Ojeto: Alegações finais

DANIEL VIANA MARIANO GODOY, já devidamente qualificado nos autos,


por seu defensor dativo, nomeado nos presentes autos conforme fls. 202/203, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, nos autos do processo crime em
epígrafe, com fulcro no artigo 406 do Digesto Processual Penal Brasileiro, apresentar, em
forma de memoriais, as pertinentes ALEGAÇÕES FINAIS; o que faz mediante os termos
infra aduzidos:

1 - DO BREVE RELATO DOS FATOS

Tratam os presentes autos de denúncia contra DANIEL VIANA MARIANO


GODOY por suposta infração ao artigo 121, § 2º, I e IV, c/c artigo 14, II, do Código
Penal juntamente com WELINGTON CRISTIE MOREIRA VIANA, supostamente
incurso nos mesmo artigo em concurso material com o artigo 33, caput, da Lei nº
11.343/06, c/c art. 69 do Código Penal.

Narra a exordial que em 13/10/2015, no final da Rua José Altivo Rocha, nº 64,
Centro, Bom Jesus do Galho - MG, o denunciado Welington, ao deparar-se com a vítima
teria pedido ao Réu Daniel que buscasse uma arma de fogo em uma casa abandonada, o
que teria sido feito, tendo Welington, na sequência, efetuado três disparos de arma de
fogo, alvejando a vítima por três vezes. Na ocasião o acusado Welington teria se evadido
do local, permanecendo Daniel em sua residência.

Atente-se ao desmembramento de fls. 172/175 e 178, restando nestes autos


apenas o acusado Daniel.

Denúncia recebida em 20/01/2016.


Citação válida do peticionante em 20/07/2017, conforme fls. 194/195.

Tempestiva Resposta a Acusação apresentada às fls. 206.

Juntada de cópia de ata de Instrução Criminal e ata de Sessão do jurí de autos


apartados nº 0134.15.015829-0 (Acusado Welington Cristie Moreira Viana) às fls.
208/216.

Designação de audiência de instrução às fls. 221.

Intimação pessoal às fls. 235/236.

Audiência de instrução e julgamento às fls. 240. Ausência do Réu. Decretação de


revelia.

É o breve relatório.

2 - DA NEGATIVA DE AUTORIA A GERAR A IMPRONÚNCIA

2.1 – Da falta de provas e/ou indícios

O Ministério Público, em breve síntese, consigna pela pronúncia do acusado


Daniel, ora Peticionante, alegando terem restado comprovadas a materialidade e indícios
suficientes de participação conforme determina o artigo 403, caput, do Código de
Processo Penal. .

Entretanto, nota-se não existirem nos autos nenhuma prova ou indício capaz de
confirmar ser o Peticionante autor do fato delitivo que lhe é imputado.

Vejamos:

O Ministério Público ao requerer a pronúncia do Réu Daniel o faz com base em


confusa e frágil base comprobatória alegando não se sustentar a negativa de autoria.

Da arguição do corréu e testemunhas não se pode extrair a participação do


acusado vez que, em todos os depoimentos e interrogatórios, nas fases inqueritorial e
judicial, restou afastada a participação, de qualquer forma, do Peticionante no delito
praticado por aquele.

Ainda do relatório da denúncia emitida pela autoridade policial se extrai às fls. 62


que o apontamento de autoria se baseia exclusivamente "em torno da própria confissão de
NEGÃO DA ROSE" (Welington), que por sua vez, nega veementemente a participação
do ora peticionante.

Se não bastasse, os indicios que, supostamente, demonstram a autoria do Réu


Daniel se basem única e exclusivamente nos relatos da vítima que, por diversas vezes, se
contradisse.

Conforme Boletim de Ocorrência de fls.07 a vítima chegou mesmo a alegar que


quem se encontrava no momento dos fatos eram o acusado Welington e um terceiro
envolvido chamado de Túlio: "se aproximaram Welington Cristie Moreira Viana e Túlio
Vinícius de Souza Silva, estando Welington de posse de uma arma de fogo".

Mister ainda destacar que, segundo a própria vítima, conforme fls. 29, "faz uso de
"remédios controlados", tendo ainda sido juntado aos autos, às fls. 147, certidão judicial
apontando situação anterior em que a vítima sofreu a interdição de seus direitos civis,
permanecendo JESUINA FRANCISCA como sua Curadora e responsável pela
representação para os atos da vida civil, demonstrando a imensa fragilidade
comprobatória de suas alegações.

As demais provas orais colhidas não apontam para a participação Réu Daniel no
crime objeto da ação penal.

Exposto isto, é de se reconhecer que o conjunto probatório colhido não corrobora


a pronúncia do Peticionante, haja vista não haver provas e/ou indícios de que o mesmo
tenha guardado a arma objeto do crime e/ou participado de alguma forma no mesmo.

Em que pese a falta de provas e/ou indícios de autoria para a condenação veja-se
que os mesmos não existem (requisitos exigidos para a pronúncia) não se podendo
condenar, nem tampouco pronunciar alguém, ainda que com base no princípio da in
dúbio pro societate.

O conceituado processualista penal Doutor Eugênio Pacelli de Oliveira assim se


posiciona ao tratar do tema:

“Se a fase do sumário de culpa é reservada à identificação da existência, provável


e/ou possível, de um crime da competência do Tribunal do Júri, nada mais lógico
que se reserve ao juiz. sumariante ou singular, uma certa margem de
convencimento judicial acerca da idoneidade e da suficiência do material
probatório ali produzido.

Quando o juiz, após a instrução, não vê ali demonstrada sequer a existência do


fato alegado na denúncia, ou, ainda, não demonstrada a existência de elementos
indicativos da autoria do aludido fato, a decisão haverá de ser de impronúncia ou
de improcedência da peça acusatória (denúncia ou queixa).”

Restado demostrada a total falta de nexo entre a denúncia e a ação delituosa


imputada através do total rechaçamento do rol comprobatório mister se faz a aplicação do
Código de Processo Penal, em seu artigo 415, inciso II, in verbis:

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:

[...]

II - provado não ser ele autor ou partícipe do fato;

Ora Excelência, na falta de provas conclusivas e ou no mínimo indicadoras de


autoria, deve-se concluir que NÃO RESTOU PROVADA A PARTICIPAÇÃO NA AÇÃO
DELITUOSA, DEVENDO O MESMO SER, DESDE LOGO, ABSOLVIDO.

Sendo diverso o entendimento de Vsa. Excelência no que tange a absolvição do


mesmo, torna-se ainda medida de clara e evidente justiça a aplicação do artigo 414,
caput, do Código de Processo Penal, in verbis:

Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de


indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente,
impronunciará o acusado.

Demonstrado o raso e fragilíssimo arcabouço comprobatório deverá, nesta


situação, ser o Réu/Peticionante IMPRONUNCIADO ante a falta de provas e/ou indícios
de autoria.

3 - DO PEDIDO

Ante ao exposto, pugna a Defesa:


1 - Seja julgado IMPROCEDENTE o pedido de condenação do acusado DANIEL
VIANA MARIANO DE GODOY, declarando sua absolvição com base no artigo 415 do
Código de Processo Penal, em razão da inexistência de suporte probatório mínimo a
indicar a participação do acusado;

2 - Seja decretada, com fulcro no artigo 414 do Digesto Processual Penal Brasileiro, a
IMPRONÚNCIA do acusado DANIEL VIANA MARIANO DE GODOY, dando-se por
IMPROCEDENTE a Denúncia, em razão da inexistência de suporte probatório mínimo a
indicar a autoria do crime imputado;

Termos em que,

Pede Deferimento.

Caratinga, 12 de abril de 2018

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Wesley Vieira Campos

OAB/MG 177.920

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