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Cadeia de Suprimentos

André Paes Viana


Luana de Oliveira Alves
Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda

Curso Técnico em Administração


Educação a Distância
2019
Cadeia de Suprimentos
André Paes Viana
Luana de Oliveira Alves
Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda

Curso Técnico em Administração

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | out. 2019


Professor(es) Autor(es)
André Paes Viana Catalogação e Normalização
Luana de Oliveira Alves Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda
Diagramação
Revisão Jailson Miranda
André Paes Viana
Luana de Oliveira Alves Coordenação Executiva
Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda George Bento Catunda
Renata Marques de Otero
Coordenação de Curso Manoel Vanderley dos Santos Neto
Leticia Alves de Melo
Coordenação Geral
Coordenação Design Educacional Maria de Araújo Medeiros Souza
Deisiane Gomes Bazante Maria de Lourdes Cordeiro Marques

Design Educacional Secretaria Executiva de


Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Educação Integral e Profissional
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Izabela Pereira Cavalcanti Escola Técnica Estadual
Jailson Miranda Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Roberto de Freitas Morais Sobrinho
Gerência de Educação a distância
Descrição de imagens
Sunnye Rose Carlos Gomes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

V614c
Viana André Paes.
Cadeia de Suprimentos: Curso Técnico em Administração: Educação a distância / André Paes
Viana, Luana de Oliveira Alves, Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda. – Recife: Escola Técnica
Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, 2019.
81 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Caderno eletrônico produzido em outubro de 2019 pela Escola Técnica Estadual Professor
Antônio Carlos Gomes da Costa.

1. Administração de operações. 2. Administração da cadeia de suprimentos. 3. Indicador –


Cadeia – Suprimento. II. Título.
CDU – 658.56

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 6

1.Competência 01 | Entender o conceito e a operação da Cadeia de Suprimentos ............................. 7

1.1 Origens: do artesão à Revolução Industrial ................................................................................................7

1.2 O desenvolvimento da tecnologia .......................................................................................................... 10

1.3 Globalização ............................................................................................................................................. 14

1.3.1 Operações logísticas.............................................................................................................................. 16

1.3.2 Compreendendo a cadeia de suprimentos ........................................................................................... 21

2.Competência 02 | Conhecer os processos de fornecimento ............................................................ 25

2.1. Conhecendo o processo de compras (Gestão de Aquisição e Suprimentos) ......................................... 26

2.1.1 Comprar ou Fazer (make or buy) .......................................................................................................... 28

2.1.2 Estratégias de Compras ........................................................................................................................ 31

2.1.3 Portfólio de Estratégia de Compras ...................................................................................................... 35

2.1.3.1 Compra de rotina ............................................................................................................................... 35

2.1.3.2 Compras de “gargalos” ...................................................................................................................... 36

2.1.3.3. Compras para alavancagem .............................................................................................................. 36

2.1.3.4 Compras críticas ................................................................................................................................. 37

2.2 Conhecendo o processo de armazenagem .............................................................................................. 37

2.2.1 Benefícios Econômicos ......................................................................................................................... 39

2.2.1.1 Consolidação e fracionamento de carga ........................................................................................... 39

2.2.1.2 Estocagem sazonal ............................................................................................................................ 40

2.2.2 Classificação quanto à propriedade ..................................................................................................... 41

2.2.2.1 Depósitos próprios ou alugados........................................................................................................ 41

2.2.2.2 Depósitos terceirizados ..................................................................................................................... 41

3.Competência 03 | Conhecer os processos de expedição ................................................................. 43

3.1 Distribuição .............................................................................................................................................. 51


3.1.1 Denominações usuais na expedição ..................................................................................................... 52

4.Competência 04 | Operações Just in Time........................................................................................ 61

4.1 Origem e conceitos do JIT ........................................................................................................................ 61

4.2 Objetivos do Just in Time ......................................................................................................................... 64

4.3 Filosofia Just in Time ................................................................................................................................ 66

4.3.1 Eliminando o desperdício ...................................................................................................................... 67

4.3.2 Envolvimento dos funcionários............................................................................................................. 68

4.3.3 Esforço de aprimoramento contínuo .................................................................................................... 69

4.4 Como implementar o Just in Time ........................................................................................................... 70

4.5 Vantagens do Just in Time ........................................................................................................................ 73

4.6 Desvantagens do Just in Time .................................................................................................................. 74

Conclusão ............................................................................................................................................. 76

Referências ........................................................................................................................................... 80

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 81


Introdução
Caros estudantes,
Começamos mais uma disciplina: Cadeia de suprimentos
Mas, do que se trata?
É algo que você já detém algum conhecimento?
Se sim. Que bom!
Esta é uma oportunidade para revisar, ampliar ou mesmo se apropriar!
E se ainda não tem conhecimento, não se preocupe, pois vamos juntos trilhar esse
caminho de um novo aprendizado para que você compreenda o que é uma cadeia de suprimentos,
como lidar com as decisões referentes à escolha dos processos, fornecedores, transporte e
distribuição de produtos, além de entender de que forma podemos eliminar o desperdício e assim
manter a qualidade dos produtos/serviços e a satisfação dos clientes, que é o principal foco de toda
a Administração de uma organização. Portanto, conhecer e saber lidar com as atividades que geram
vantagem competitiva para as organizações, como a cadeia de suprimentos, é primordial.
Para sua melhor compreensão dividimos esse e-book em quatro competências.
Na primeira você irá conhecer um pouco sobre a cadeia de suprimentos, dentro de um
processo histórico; definir cadeia de suprimentos e entendê-la como parte integrante da logística;
identificar as principais operações da cadeia de suprimentos. Já na segunda vai ser possível você
entender sobre o apoio da atividade de compras na gestão de cadeia de suprimentos; compreender
as decisões relacionadas a armazenagem; compreender as diferenças entre armazenagem e
estocagem. E na terceira vamos abordar sobre a definição de expedição dentro do contexto da Cadeia
de Suprimentos; definir distribuição dentro do contexto da Cadeia de Suprimentos; conhecer sobre a
importância do processo de expedição para a Cadeia de Suprimentos e como valor agregado para o
consumidor final. Na última vamos tratar do Just in Time, conhecer a origem do sistema; compreender
a filosofia; sua implementação e identificar as vantagens e limitações.
Aproveite e bons estudos!

6
Competência 01

1.Competência 01 | Entender o conceito e a operação da Cadeia de


Suprimentos
Olá, Estudante!
Antes de explicarmos sobre o que é uma cadeia de suprimentos é importante que você
entenda um pouco sobre a origem dessa atividade que está relacionada com a evolução da produção
de bens. Tudo inicia com os artesãos que trabalhavam em oficinas e fabricavam peças para
comercializar em pequenas quantidades. Com a mudança nos modelos de produção ao introduzir o
uso de máquinas nos processos de fabricação, inicia-se o processo de industrialização produzindo
grandes quantidades de produtos, que é o que acontece no nosso contexto atual.
Existem muitos detalhes interessantes desta história. Vamos conferir?

1.1 Origens: do artesão à Revolução Industrial

A origem do conceito da cadeia de suprimentos está relacionada com a evolução da


produção dos bens. Para iniciarmos nossa viagem pela história é importante falar de uma
personagem central: o artesão. Esse, por sua vez, podia atuar como autônomo sendo, ele mesmo, o
proprietário da oficina ou poderia exercer seu ofício trabalhando na oficina artesanal de outros, onde
recebia homens de negócios para comprar suas peças, essa forma de trabalho ficou conhecida como
sistema doméstico, conforme representação na figura: O trabalho dos artesãos.
O artesão era dono dos meios de produção (instalações, ferramentas manuais e matéria-
prima), realizando todas as etapas do processo de produção. A produtividade dependia do ritmo e da
habilidade do artesão. Por isso, o artesanato não garantia uma produção volumosa.
Ainda existe este tipo de produção, porém, observamos que em algumas regiões do Brasil,
o artesanato voltou-se para a produção de artigos de luxo, peças artísticas e de decoração etc.

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Competência 01

Figura 01: O trabalho dos artesãos


Fonte: Blog do Enem - https://blogdoenem.com.br/revolucao-industrial-historia-enem/
Descrição da figura: No interior de uma casa com paredes sem acabamento e iluminada pela luz do sol que entra
timidamente por uma janela à direita, há a imagem de um homem com bigode e calvanhaque e touca vermelha na
cabeça. Ele veste camisa de manga comprida e suas mãos estão sobre os fios encaixados no tear, sobre o qual o homem
se apoia em um pedal largo para manuseá-lo. No chão à frente do tear está um recipiente semelhante a uma bacia onde
dentro desta existe o cabo de algum tipo de utensílio que está encoberto por alguns fios de linha. À esquerda da figura
existe uma mulher vestida com saia longa e blusa de manga comprida com lenço na cabeça sentada de perfil em um
pequeno banco de madeira girando a roda do tear. Ao lado direito da mulher há um cesto de bebê com um bebé dentro
encoberto por um pequeno lençol. Ao lado do cesto existe uma menina vestida com saia na altura do joelho, de casaco,
com meias longas e sapato sentado ao chão brincando com uma boneca que veste saia. Ao fundo, preso na parede
existe um quadro com pintura de flores dentro de um vaso decorando o ambiente.

Na figura 1 observamos quando um artesão e sua esposa trabalhavam em uma oficina


doméstica. Podemos perceber que há uma criança no cesto e outra brincando ao lado enquanto os
pais trabalham. O sistema doméstico de produção não separava a vida familiar das tarefas do
trabalho.
Com o passar do tempo, e principalmente devido ao crescimento da população que gerou
o aumento do consumo, o trabalho artesanal deu lugar a outras formas de organização da produção,
a outro espaço de manuseio das encomendas: as fábricas. Nestes espaços os artesãos deixaram de
ser os donos dos instrumentos, por outro lado, eram capazes de atender uma maior quantidade de
encomendas, por dois fatores: 1) a introdução da máquina no processo produtivo e 2) por poder
contar com a força de trabalho de outros artesãos, com o propósito de atender as demandas dos
comerciantes.
Iniciava-se assim a revolução industrial. A primeira fase desta revolução foi marcada pela
introdução do carvão e ferro como insumos para a produção, o surgimento da máquina a vapor, a
transformação das oficinas em fábricas, a passagem do artesão de pequena oficina a operário e a

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Competência 01

urbanização. Já na segunda fase ocorre a substituição do vapor pela eletricidade, do uso dos
derivados de petróleo, substituição do ferro pelo aço, evolução dos meios de comunicação e
transportes e expansão da industrialização. O setor mais representativo dessa época foi o
automobilístico, pois introduziu novas técnicas de produção que foram adotadas por outras
empresas.
Essas novas técnicas ficaram conhecidas como Fordismo, pois seu criador se chamava
Henry Ford. De acordo com o fordismo, a produção deve ser em escala – em grandes quantidades –
a fim de reduzir os custos, diminuir os preços e aumentar os lucros com a venda de mais produtos.
Ao mesmo tempo, Ford percebeu que a produção em escala deveria ser direcionada para o consumo
em massa, isto é, era necessário ampliar o mercado consumidor. Para implementar o modelo fordista
de “produção em massa e consumo em massa”, os produtos passariam a seguir uma padronização.
Por exemplo, a Ford passou a fabricar o mesmo modelo de carro durante vários anos.
Tempos depois, por volta da metade do século XX, o modelo fordista parecia ter esgotado
a sua capacidade de oferecer novos produtos. Isso fez com que a indústria ampliasse os seus
horizontes com uma variedade muito maior, ou seja, produtos mais personalizados, por exemplo. Foi
quando a Ford passou a fabricar diferentes tipos de modelos de carros.

Curiosidade:
Você sabia que dizem que o insight para o processo de produção em massa,
através de esteiras mecânicas aplicadas por Henry Ford no processo de produção
dos veículos surgiu quando da visita dele a um abatedouro de bovinos? Nesses
frigoríficos, os animais eram suspensos de cabeça para baixo por uma corrente
que corria presa à uma calha, passando de um funcionário para o outro.

Para saber mais acesse o link: https://www.vista-se.com.br/o-que-o-consumo-


da-carne-tem-a-ver-com-as-linhas-de-montagem-de-producao-em-massa/

Voltando a nossa mudança no processo produtivo... a população estava crescendo e o


consumo aumentando, eleva-se assim a produção e consequentemente passa a existir uma
necessidade de escoamento dos produtos por diferentes rotas, que até então eram utilizados por
navios (embarcações). Ou seja, a partir da revolução industrial houve uma evolução, também dos
transportes. Uma dessas evoluções ocorreu em 1830, quando George Stephenson inventou a

9
Competência 01

locomotiva a vapor, e consequentemente surgiram as ferrovias que evoluíram rapidamente. Com as


estradas de ferro e as embarcações a vapor, o transporte das mercadorias ficou mais rápido, o custo
do transporte foi reduzido, e aumentou a troca de mercadorias1. Mas não parou por aqui, você sabe
que a Ford começou a fabricar carros e depois disso surgiram outras fábricas que por meio da
tecnologia foram aprimorando os transportes que existem hoje? O avião, por exemplo, surgiu em
19062.
Assim, o que anteriormente demorava meses ou anos para ir de um ponto ao outro do
globo terrestre, atualmente pode ocorrer simplesmente em algumas horas ou dias. E isso graças ao
desenvolvimento da tecnologia. Não é impressionante? Sobre isso vamos explorar mais na próxima
sessão.

Antes de seguir adiante, que tal conferir o Fórum da competência? Vamos lá?

1.2 O desenvolvimento da tecnologia

Estávamos falando de como os transportes foram evoluindo e isso aconteceu por conta
do desenvolvimento tecnológico. Já imaginou você ter que caminhar até o pólo do EAD? Graças à
tecnologia existem carros, ônibus e moto para você chegar até o pólo.
Mas, o que é Tecnologia, mesmo?
De acordo com o dicionário Houaiss (2019)3 podemos definir tecnologia como: teoria
geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou
mais ofícios ou domínios da atividade humana.
Para situar você um pouco na história do desenvolvimento das tecnologias queremos
convidá-lo para uma pequena viagem no tempo. Vamos?

1
Troca de mercadoria no sentido de escambo, troca do valor monetário por um bem.
2
Saiba mais sobre a história da aviação em: <https://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm>. Acesso em: setembro,
2019.
3
Disponível em: <https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v3-3/html/index.php#0>.Acesso em: agosto, 2019.

10
Competência 01

O primeiro ano da nossa visita no tempo é em 14 de fevereiro de 1876 no escritório de


patentes de Nova York, onde Alexander Graham Bell, deu entrada no registro de patentes do que
seria à invenção do telefone4. Pois é, este aparelho que hoje, mas parece peça de museu, foi também,
à sua época, uma das invenções responsáveis por “encurtar” distâncias geográficas. Veja na figura 2
o modelo do primeiro telefone.

Figura 02: Primeiro Telefone 1875


Fonte: Commons Wikimedia Org5
Descrição da figura: Ao centro da figura existe uma espécie de campainha, em formato cilíndrico fixada por dois
parafusos sobre uma base quadrada. Acima desta campainha há uma espécie de campainha menor de tamanho
equivalente ao tamanho de um carretel de linha de uma polegada, que está suspenso por uma trave onde há na parte
superior da trave um parafuso borboleta de cada lado, quase ao centro da trave, que ligam cada um, à direita e à
esquerda um fio com pequenas voltas ao cilindro menor que fazem contato com o cilindro maior por meio de uma
haste que prende os dois cilindros.

4
Disponível em: <https://www.sohistoria.com.br/biografias/graham/>. Acesso em: agosto, 2019.
5
Disponível em:<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:First_Bell_telephone_1875.png >

11
Competência 01

Curiosidade: você sabia que a primeira ligação telefônica, via cabo, na qual foi
possível ouvir nitidamente a voz de Graham Bell, aconteceu a 10 metros de
distância de uma sala à outra. Acredita?

Agora que assimilamos o telefone como uma tecnologia que encurtou distâncias, esta
foi, e ainda é uma tecnologia que muito contribui para com o desenvolvimento dos processos da
cadeia de suprimentos.
Continuando nossa viagem no tempo, nossa parada agora acontece no ano de 1843. Veja
a figura 3, um aparelho muito similar ao aparelho telefônico: o fax.

Figura 03: Aparelho de Fax antigo


Fonte: Thehiresolution - http://thehiresolution.net/throwback-thursday
Descrição da Figura: Peça cilíndrica apoiada na horizontal sobre base com duas hastes e na parte superior um carretel
com agulhas que gravavam a imagem no fax.

Mas para que serve o fax?


O fax é uma tecnologia das telecomunicações usada para a transferência remota de
documentos por meio da rede telefônica. Como não existia computador, nem celular, o fax resolvia
o problema de enviar documentos de forma mais rápida. Isso ajudou bastante a cadeia de
suprimentos. Mais adiantevocê vai conseguir entender o porquê.
E os computadores quando surgem?

12
Competência 01

O primeiro computador eletromecânico foi construído por Konrad Zuse, um alemão, que
chegou a oferecer a máquina ao governo alemão em 1936, no entanto, o governo estava ocupado
demais com a Segunda Guerra Mundial e não aceitou a oferta e o projeto ficou parado. Foi netsa
época da guerra que surgiu os computadores atuais, só que nos EUA, eles foram mais rápidos. A
Marinha dos Estados Unidos, em conjunto com a Universidade de Harvard, desenvolveu o
computador Harvard Mark I, que ocupava 120m³, imagina o tamanho desse computador? Grande
não acha? Mas com o tempo ele foi aperfeiçoado até chegar nos tamanhos atuais. A tecnologia é
incrível, concorda?
Os primeiros computadores demoravam para calcular números, imagina digitar textos
imensos como estes que você faz ao realizar os trabalhos do seu curso técnico em EAD.
Como está o seu entendimento até aqui?

Próxima parada é o ano de 1950, com breve recorte da atividade daquele que foi
considerado pioneiro por iniciar e implantar um sistema de comunicação, via dados. Estamos falando
de J.C.R. Licklider, do Instituto de Tecnologia do Massachussetts - MIT que foi recrutado pelo exército
dos Estados Unidos da América (EUA), depois de teorizar sobre uma rede galáctica de computadores
em que era possível acessar qualquer dado. Surge assim a internet.
E para instigar você a ampliar o seu conhecimento sobre a história da, “grande rede”, a
internet, vamos apresentar de forma cronológica o desenvolvimento desta, a partir de 1969. Vamos
lá!
• 1969 - Primeira conexão entre a Universidade da Califórnia e o Stanford Institute, a
quase 650 quilômetros.
• 1971 - Já são 15 pontos na rede. Parte disso possível por causa do Network Control
Protocol.
• 1972 - É feita a primeira demonstração pública em um evento de computação. Neste
ano é inventado o e-mail.
• 1975 - Neste ano uma agência de defesa dos Estados Unidos assume o controle do
projeto. A rede ainda não tem um pensamento comercial, só militar e científico.
• 1984 - A rede é separada em duas. Parte para comunicação e troca de arquivos
militares, a MILNET, e parte civil e científica ainda chamada de ARPANET.

13
Competência 01

• 1985 - A internet já estava mais estabelecida como uma tecnologia de comunicação


entre pesquisadores e desenvolvedores [...aos poucos, ela sairia das universidades e
começaria a ser adotada pelo mundo corporativo e por último pelo público
consumidor].
• Depois disso muitas outras coisas aconteceram até a gente chegar ao formato de
sites, plataformas digitais, redes sociais digitais, aplicativos, etc.

Fonte: Adaptado de Techmundo6


Não é incrível como ao longo da história a humanidade foi desenvolvendo,
instrumentos/ferramentas e, meios que contribuem até os dias atuais para abreviar o “tempo”? Você
pode se interessar, por meio da internet, por algum produto que esteja em algum país distante
geograficamente e adquiri-lo por meio do acesso ao seu smartphone. Quer um exemplo?

Vamos pensar que você queira comprar uma camisa original, de uma banda
musical de muito sucesso, e de origem Japonesa. E que você queira comprar
direto da loja de produtos daquela banda (lozalizada no Japão), mas sem você
sair daqui do Brasil. Você então, por meio do acesso ao site da banda, realiza o
pedido, escolhe onde quer recebê-lo, e dentro de alguns dias, você receberá o
produto no endereço escolhido. Tudo isso sem você precisar se deslocar da sua
cidade para ir até o Japão! Isso não é fantástico?
E qual o propósito mesmo de tratarmos destas ferramentas, que têm como
premissa “encurtar distâncias”?
É aí que chegamos ao ponto principal, e que desemboca em mais um tópico
importantíssimo referente a cadeia de suprimentos. A Globalização. Vamos em
frente!

1.3 Globalização

Vamos tratar então de definir a palavra?


Este termo faz referência ao intercâmbio, ou seja, as trocas relacionadas, as questões
econômicas, políticas e culturais. Devido ao processo acelerado no desenvolvimento dos meios de
comunicação, as organizações e os cidadãos do mundo inteiro têm realizado trocas de um lado para
o outro utilizando apenas os meios de comunicação digital.

6
Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/mercado/129569-historia-origem-da-internet-video.htm> Acesso, setembro 2019.

14
Competência 01

Percebe como os meios de comunicação, a informática e os transportes que citamos antes


são importantes para o nosso cotidiano? E todos eles contribuíram para que o mundo se tornasse
globalizado? Diz-se que vivemos em uma “aldeia global”. Você sabe o que é isso?

Anota aí! Aldeia Global


Um autor de nome McLuhan, no ano de 1960, escreveu: a informação
transmitida eletronicamente contribui para abolir virtualmente as separações
geográficas entre os centros de decisão, de produção e de distribuição à escala
mundial.
Fonte: McLuhan (1960) citado por Nunes (2019) Disponível em:
<https://knoow.net/cienceconempr/gestao/aldeia-global/>

Então, lembra do exemplo da compra da camisa lá no Japão? Fisicamente você está no


sofá da sua sala, conectado a sua rede Wi-Fi. E hipoteticamente, também está fisicamente retirando
da prateleira com as suas próprias mãos, a camisa que você quer, mas que está lá, do outro lado do
mundo! Agora, essa frase faz todo sentido, não é mesmo?
No que tange a globalização, em termos de negócios para empresas atuarem no mercado
global, além de potencializar as vendas, podem também impulsionar oportunidades de aumento da
eficiência operacional. A eficiência operacional é realizável, ao menos em três áreas:
• Compra estratégica de matéria-prima e de componentes.
• Obtenção de vantagens trabalhistas significativas, que podem ser obtidas para
instalação de produção e distribuição localizadas em países em desenvolvimento.
• A legislação tributária favorável pode fazer com que o desempenho das operações
que agreguem valor seja altamente atraente em países específicos.
Fonte: Adaptado de Bowersox et al. (2014, p. 28)

Desta forma, a globalização permitiu com que as empresas se instalassem em outros


países diferentes da sua origem, o que aumentou a participação destas no mercado. No entanto, a
decisão de expandir a operação para outros países não é fácil e gera um investimento que muitas
vezes as empresas não possuem capacidade para suportar. Nesses casos muitas delas adotam as

15
Competência 01

atividades de exportação, no caso das vendas para países estrangeiros. Mas e no caso de vender para
dentro do próprio país?
Fácil de responder! Entenda que no caso de vender para dentro do próprio país, as
empresas podem fazer parcerias com distribuidores de outros Estados. Percebe como a globalização
facilitou tudo isso?
Se a empresa necessita de matéria-prima de outro Estado ela estabelece um acordo com
o fornecedor para que seja feita a entrega.
Voltando ao exemplo da camisa japonesa. qual é mesmo o caminho percorrido por ela, a
partir do momento em que você a comprou lá no Japão, para chegar até você?
É aqui que apresentamos mais uma palavra: Logística.
E o que isso significa?
Vamos descobrir a seguir.

1.3.1 Operações logísticas

Mas porque eu preciso entender de logística se estamos querendo explicar sobre a cadeia
de suprimentos?
Porque a logística é uma área importante, e que já existia antes do surgimento da cadeia
de suprimentos, ou seja, o conceito de cadeia de suprimentos surgiu como uma evolução natural do
conceito de Logística.
Lembra dos grandes impérios da Grécia e Roma que estudamos em história? A logística
foi responsável pelo sucesso e fracasso de muitos desses impérios. Naquela época existia um grupo
de militares, que eram os responsáveis por garantir recursos e suprimentos para a guerra. Assim o
conceito de logística se insere nesta movimentação de bens, e mais na frente vamos explorá-lo com
maior clareza.
Um dos grandes personagens da história dessa época é Alexandre, O Grande. Existem até
filmes sobre ele e você provavelmente já ouviu falar. Como imperador, ele tinha uma visão
estratégica, determinação e disciplina, e assim criou o mais móvel e rápido exército da época. Ele
trouxe inspiração para vários outros personagens da história mundial e para a evolução do conceito
logístico nas organizações ao redor do mundo.
Contudo, por muito tempo, especialmente no Brasil a área de logística tinha uma
importância secundária nas organizações, e para muitas delas, a logística era considerada como o

16
Competência 01

setor responsável pela expedição de produtos ou o setor que contratava serviços de transportes.
Mas, após o fim da Segunda Guerra Mundial, as organizações notaram que era muito grande a
importância de se ter um departamento para cuidar da logística, pois a demanda crescia em um ritmo
acelerado, e os consumidores tornavam se cada vez mais exigentes. A partir dos anos 50 e 60, as
empresas começaram a se preocupar com a satisfação do cliente. Foi então que surgiu o conceito de
logística empresarial, motivado por uma nova atitude do consumidor.
Mas o que é mesmo a logística?
A logística é a área que trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem
que facilitam o planejamento, a operação e o controle de todo o fluxo de mercadorias e informação,
e vai desde a fonte fornecedora até o consumidor (o cliente).

Lembra das guerras que falamos antes?


A fonte fornecedora era os impérios, e o consumidor era os militares que estavam em
combate e necessitavam de suprimentos, como alimentação, armas etc.
Lembra dos artesãos que falamos antes?
A logística para eles era mais simples, pois eles mesmos produziam e comercializavam. Já
na industrialização, surgem vários outros atores no processo, além dos donos de indústrias, como o
distribuidor, os comércios menores etc.
Agora vamos pensar em uma organização deste século. Imagine uma situação em que
você acorde com a decisão de comprar um celular novo. Você se dirige até uma loja revendedora de
celular e lá verifica que só existem os modelos expostos e que não há estoques guardados de outros
modelos. Você chama um vendedor, este com auxílio de um computador lhe atende, mostrando a
você as diferentes opções que a fábrica possui e que não estão ali. O vendedor lhe apresenta os
diferentes modelos, as configurações, cores conforme a sua necessidade. Por exemplo, se você deseja
um celular com uma câmera melhor, ele lhe apresenta um modelo que atenda seu desejo, e então
você escolhe e rapidamente, a partir daí o vendedor aciona a fábrica para fazer o processamento do
pedido e você efetua o pagamento. Pronto, você já é dono de um novo celular! Mas você quer receber
logo o celular, e está empolgado para testar a câmera, então pergunta ao vendedor o dia da entrega.
O vendedor verifica junto a fábrica, por meio de um sistema de controle da distribuição física que a
data de entrega será no final da semana seguinte e pela manhã, no endereço da sua residência. Isso

17
Competência 01

é realmente interessante concorda? Percebe que nesta história todos os pontos principais do sistema
de logística são apresentados? Vamos resumir eles aqui:
1. O cliente: perceba que tudo começou e terminou no cliente.
2. Área comercial: o vendedor que atendeu à solicitação do cliente, o setor de
marketing que treinou pessoas e por meio das ferramentas de marketing criou um
produto que despertasse interesse no consumidor, o setor de informática que criou
o sistema de controle da distribuição física, e possibiliou informar dia e hora de
entregar da mercadoria.
3. A fábrica: ao receber a confirmação do pedido comunica ao setor de produção, rede
de suprimentos e setor de distribuição física.
4. A administração: gerencia tudo, desde o momento de compra dos produtos ou
matérias primas, recebimento do pedido de compras dos clientes, contas a pagar e a
receber etc.
5. O mercado: o que incluíra o novo consumidor e seu celular nas estatísticas de vendas.
6. O fornecedor: aquele que fornece o celular a loja revendedora, que por meio do
computador recebeu o pedido e providenciou ao cliente.
7. A transportadora: a que verificou o roteiro de entrega na região que você como
cliente deseja receber seu celular.
8. O cliente: novamente aparece, pois tudo começa e termina aqui. Você pode se tornar
um cliente fiel a marca, se suas expectativas forem atingidas e assim induzir outros a
comprar os produtos, além disso você pode solicitar a garantia da marca, no caso do
seu celular apresentar algum defeito.

Para ficar mais claro o foi dito sobre a logística, e você verificar onde estão todos os atores
principais desse processo, veja a figura 4.

18
Competência 01

Figura 04: O processo de gerenciamento logístico


Fonte: Christopher (2010)
Descrição da figura: A figura descreve através de um fluxograma com caixas de texto contendo na parte superior: Fluxo
de materiais de valor adicionado, clientes, fluxo de informações sobre as necessidades, fornecedor de forma circular
ligados por setas. Na parte interior do círculo saída uma seta de mão dupla da caixa de texto onde está escrito
fornecedor, a seta na parte interna liga esta caixa a um outro fluxo: compras, fabricação, distribuição física e clientes.
Estando a sequencia: compras, fabricação e distribuição física dentro de uma caixa nomeada como indústria. Onde a
total desta figura representa o processo de gerenciamento logístico.

Pela figura 4, podemos dizer que a logística trata da criação de valor - valor para os
clientes e fornecedores da empresa, e valor para todos aqueles que têm interesses diretos no êxito
da empresa (BALLOU, 2010).
Lembra do exemplo da camisa da banda musical do Japão, que falamos logo no começo
desta competência?
Antes de chegar até você, a camisa pode ter passado pelos mais diferentes lugares, tipos
de transportes, tecnologias da comunicação e sistemas de gerenciamento que lhe permitiram, por
exemplo, ir a um show aqui no Brasil com a camisa original da banda de sucesso lá do Japão.
Isso é valor para o cliente! Entende?
Dentro da logística, ainda é importante você saber que ela deve ser vista por meio de duas
grandes atividades que são denominadas de: primárias e de apoio.
As atividades primárias identificam aquelas que são de importância fundamental para
obtenção dos objetivos logísticos de custo e nível de serviço que o mercado exige.

19
Competência 01

São três: Transportes (Modais); Manutenção de estoques; e Processamento de pedidos.


(POZO, 2007).
1. Transporte: uma das atividades logísticas mais importante, pois absorve de um a dois
terços dos custos logísticos. Nenhuma organização opera sem realizar movimentação
de matérias-primas ou produtos acabados para ser levados até o consumidor final.
Falaremos mais sobre essa atividade na competência 3.
2. Manutenção de estoques: atividade para alcançar um grau razoável de
disponibilidade do produto em face de sua demanda, sendo necessário manter
estoques para atender as necessidades do cliente prontamente, ou seja, o estoque
adiciona valor de tempo enquanto o transporte adiciona valor de lugar. Falaremos na
competência 4 sobre a necessidade de manter os estoques no nível mais baixo
possível quando não, eliminá-los.
3. Processamento de pedidos: é a atividade que dá início ao processo de movimentação
de materiais e produtos bem como a entrega desses serviços.

Já as atividades de apoio são aquelas, que dão suporte ao desempenho das atividades
primárias. Para que seja possível ter sucesso na empresa, busca-se atender plenamente os clientes.
As atividades de apoio são: armazenagem; manuseio de materiais; embalagem; suprimentos,
planejamento e sistema de informação (POZO, 2007).
1. Armazenagem: atividade que envolve a gestão dos espaços necessários para manter
os materiais estocados. Envolve fatores como localização, dimensionamento da área,
arranjo físico, equipamentos de movimentação etc.
2. Manuseio de materiais: está associado com a armazenagem e manutenção de
estoques. Envolve a movimentação dos materiais no local de estocagem, que pode
ser tanto estoque de matéria prima como de produtos acabados. Lembra dos
supermercados grandes que possuem aquelas pessoas andando com carrinhos
movimentando os produtos? É disso que estamos falando.
3. Embalagem: os produtos por serem bastante movimentados devem ter embalagens
adequadas para não ser danificados, evitando assim desperdícios.

20
Competência 01

4. Suprimentos: atividade que proporciona ao produto ficar disponível, no momento


exato, para ser utilizado pelo sistema logístico, além de ser o procedimento de
avaliação e seleção das fontes de fornecimento, definição de quantidades a serem
adquiridas etc.
5. Planejamento: a base que irá servir de apoio a programação detalhada da fabricação,
permitindo o cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado.
6. Sistema de informação: função que permitirá o sucesso da logística, pois contém
todas as informações necessárias de custos, procedimentos e desempenho
É importante entender que os processos logísticos tendem, naturalmente, a ser
classificados como “meios” que suportam e viabilizam processos “fins” como vender, produzir e
entregar. Essa classificação só não é válida para aquelas empresas que são operadoras logísticas,
porque os “fins” delas já são a própria logística em si.
Nas últimas décadas muitas empresas de sucesso mostraram ao mundo que a logística do
meio/fim não se aplica tão facilmente em alguns setores da economia.
Conhece a Empresa Dell?
Aquela empresa de notebook bem famosa?!
Pois ela é um caso de sucesso, suportada por conta dos processos logísticos.
Consegue perceber que a logística é importante mesmo?!
Agora vamos pensar no mundo tecnológico.
Vamos pensar naqueles sites de compra/venda de roupas, celulares, entre outras coisas.
A principal função é vender, certo? Mas pouco valor ele terá se esse processo de venda não vier
acompanhado de um efetivo processo de entrega que faz parte de um dos processos da logística, a
distribuição.
Pronto, agora que você compreendeu o papel da logística podemos voltar a discutir sobre
a cadeia de suprimentos, vamos lá!
Aproveito para lembrar de você ir conferir o fórum, está bem legal! Vai lá e participa!

1.3.2 Compreendendo a cadeia de suprimentos

Em primeiro lugar você precisa compreender que sem cadeias de suprimentos eficientes,
o mundo praticamente para. Mas por quê? Elas são responsáveis, entre outras coisas, por colocar

21
Competência 01

comida na sua mesa, providenciar a cama em que você dorme, o carro em que você anda, a roupa
que você veste e, provavelmente, até o chão em que você pisa. Entender seu funcionamento e como
gerenciá-la da melhor maneira possível, é de extrema importância.
Independente do tamanho da organização, sempre existirá uma cadeia de suprimentos.
Ela pode ser simples, compreendendo seu negócio, seus clientes e seus fornecedores. E pode ser mais
complexa, aglutinando fornecedores de fornecedores, representantes, provedores de serviços
terceirizados e intermediários em geral, por exemplo.
Como já falamos, a cadeia de suprimento é uma rede de organizações envolvidas nos
diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços destinados
ao consumidor final. Esses processos envolvem fornecedores-clientes e ligam empresas desde a
fonte inicial de matéria prima até o ponto de consumo do produto acabado. Em outras palavras,
abrange todos os esforços envolvidos na produção e liberação de um produto final, desde o,
(primeiro) fornecedor do fornecedor até o último cliente do cliente.
Achou difícil?
Vamos pensar na McDonald’s. Uma rede de produtos alimentícios, que precisa de
agilidade e estoques no nível ideal (nem em excesso, para não ter prejuízos com desperdícios, nem
escassos, para não comprometer a composição dos produtos de seu portfólio). Nesse sentido, o papel
do Prestador de Serviços Logísticos, conhecido pela sigla PSL, é fundamental. É ele quem vai
intermediar os processos e ligar a necessidade das unidades da rede, que ficam por exemplo em
Recife, com os fornecedores que podem supri-las. Assim, a estrutura da cadeia logística do
McDonalds's se organiza basicamente desta maneira: primeiro temos os agropecuários e indústrias
que fabricam carne, vegetais, etc, depois temos os fornecedores que entregam os produtos ao PSL,
que é responsável por distribuir entre os restaurantes os produtos para que você, que é o último
cliente, poder consumir aquele hambúrguer, sorvete, batata frita, etc. Ficou fácil agora, concorda?
Veja que você é o último cliente, o restaurante que você comprou é cliente do PSL, e assim por diante.
É importante você saber que vários autores da área utilizam a expressão Rede de
Suprimentos (Supply Network), ao invés de Cadeia de Suprimentos (Supply Chain), isso porque a
lógica de rede remete-nos a uma estrutura mais complexa em que raramente existe uma linearidade
na execução dos processos e/ou atividades e o contato com o cliente final não tende a ser exclusivo
do elo final da rede, até porque é difícil definir qual é o último elo da rede.

22
Competência 01

O grande desafio das organizações consiste em operar de forma eficiente e eficaz, com
vistas a garantir a continuidade de suas operações, obrigando-as constantemente a buscar vantagens
competitivas. Assim, o gerenciamento da cadeia de suprimentos visa responder a questão de como
agregar mais valor e, ao mesmo tempo, reduzir os custos, garantindo aumento da lucratividade nas
operações da organização. Mas a logística também não visa a mesma coisa? Qual então a diferença
entre logística e cadeia de suprimentos?
Bem, enquanto a logística concentra-se nas operações da própria empresa, a cadeia de
suprimentos olha desde o início (o primeiro fornecedor) até os elos finais da corrente de fornecedores
e clientes. E com uma visão mais ampla e panorâmica do que a visão logística. Além da preocupação
de todas as empresas com o que ocorre ao longo de toda a sua cadeia, é necessário um intenso grau
de colaboração entre empresas ao longo da cadeia de suprimentos para que se atinja maior eficiência.
A logística, como vimos anteriormente, trata da movimentação e da armazenagem de
produtos e, para tais operações, utiliza modais de transporte, sistemas de informações, recursos
humanos e outras ferramentas para executar suas atividades. Desse modo, a logística é apenas uma
parcela envolvida com as atividades existentes em uma cadeia de suprimentos. Já as atividades da
cadeia de suprimentos estão ligadas à estratégia da empresa e são divididas em várias operações que
veremos a seguir.
As operações na cadeia de suprimentos, segundo Bertaglia (2003) , podem ser
classificadas em: planejamento, compras, produção e distribuição. Vamos juntos descobrir cada uma
das operações!
1. Planejamento: o objetivo é propiciar uma visão clara do processo como um todo,
avaliando perspectiva estratégicas de demanda e abastecimento. Essa visão
determinará de que forma as decisões tomadas isoladamente podem afetar os
diferentes processos ou seus componentes. Para atingir a integração do
planejamento, as empresas necessitam concentrar os seus esforços em algumas
atividades que afetarão seu desempenho, tais como: desenvolvimento de canais,
planejamento de estoque, produção e distribuição, envolvendo transporte etc.
Nesse caso, o conhecimento do mercado, recursos internos, a disponibilidade de
recursos externos e as atividades de integração são fatores que influenciam na

23
Competência 01

elaboração dos planos. É importante também que esteja alinhado com o plano de
negócios da empresa.
2. Compras: é o processo de aquisição de materiais, componentes, acessórios e
serviços, incluindo também a seleção de fornecedores, contratos de negociação,
monitoração contínua de pedidos a fim de evitar atrasos. É muito mais que comprar
e monitorar, é estratégico que envolve custo, qualidade e rapidez nas respostas.
Assim é necessário que o profissional dessa área tenha entendimento global de
negócios e tecnologia.
3. Produção: o processo fundamental é converter um conjunto de matérias em um
produto acabado ou semiacabado. A estratégia adotada aqui afeta significativamente
toda a cadeia de suprimentos, por isso deve estar sempre alinhada com as demais
operações.
4. Distribuição: está relacionada a movimentação de material de um ponto de produção
ou armazenagem até o cliente. Inclui várias atividades: gestão e controle de estoque.
manuseio de materiais ou produtos acabados, transporte, armazenagem,
administração de pedidos etc.

De forma geral, com o gerenciamento da cadeia de suprimentos, a organização consegue


tornar-se mais ágil e mais flexível do que seus concorrentes, permitindo assim maior competitividade.
É importante, entender cada uma das operações envolvidas, por isso nas próximas competências
vamos tratar um pouco mais sobre cada uma delas.
Pronto! Você agora já possui uma noção inicial sobre o que é uma cadeia de suprimentos
e quais suas principais operações. Vamos estudar nas próximas competências sobre outros processos
importantes, como: fornecimento; expedição e Just in Time.
Vamos lá?!

24
Competência 02

2.Competência 02 | Conhecer os processos de fornecimento


Olá, estudante!
Extremamente rico o conteúdo da Competência 1, não é mesmo? Agora que você
conheceu brevemente a evolução histórica da Cadeia de Suprimentos, assim como, se apropriou de
alguns conceitos importantes, vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento e embarcar juntos
nesse universo?
Pois bem!
Antes de iniciarmos esta competência, precisamos ter em mente que os fornecedores são
essenciais para qualquer negócio, independente do seu porte, (pequeno, médio ou grande). Aqui
compreenderemos que há um esforço da Cadeia de Suprimentos no sentido coordenar as etapas
desde o fornecedor do fornecedor até o cliente do cliente, para a entrega de um produto e/ou serviço
na hora certa e com o menor custo final.
Vamos juntos conhecer um pouco sobre os processos de fornecimento?
Mas antes, vamos entender o que é um processo.
Existe uma área específica do conhecimento que se dedica exclusivamente ao estudo da
história ou origem das palavras. Esta área é chamada de etimologia. A palavra processo, segundo sua
etimologia é uma palavra que tem origem no latim procedere, que significa método, sistema, maneira
de agir ou conjunto de medidas tomadas para atingir algum objetivo.
Com base nesse entendimento, pode-se afirmar que, como por exemplo, fornecer
suprimentos para a cadeia de suprimentos.
Até aqui, tudo tranquilo no entendimento?
Para entender melhor o processo de fornecimento, é necessário que você compreenda
sobre as questões relacionadas a compras, pois todas as organizações, seja ela industrial, atacadista
ou varejista, compram, ou seja, adquirem matérias-primas, serviços ou suprimentos que apoiam suas
operações. Ainda nesta competência trataremos sobre armazenagem, seus processos, diferença
entre armazenagem, estoque e centro de distribuição e entenderemos os benefícios e sua
classificação quanto à propriedade.

25
Competência 02

2.1. Conhecendo o processo de compras (Gestão de Aquisição e Suprimentos)

A aquisição de matérias-primas, suprimentos e componentes representa um fator


decisivo na atividade de uma empresa, pois dependendo de como é conduzida, pode gerar lucro ou
prejuízo nos processos. Dessa forma, temos a área de compras como um importante componente na
organização, em função, sobretudo do contato direto com os fornecedores e, além disso, a área de
compras é também responsável por selecionar e desenvolver fornecedores que servirão de base para
o crescimento da empresa no longo prazo.
Martins et Al (2006), reconhece que a função de compras também pode ser chamada de
suprimentos ou aquisição, ele defende que ela assume um papel verdadeiramente estratégico nos
negócios, isso mesmo! Estratégico! Devido ao volume de recursos, principalmente financeiros
envolvidos, deixando cada vez mais para trás a visão preconceituosa de que é um centro de despesa
e não um centro de lucros.
É com esse entendimento que temos que observar a área de compras, como um centro
de lucros da organização!
Como abordado anteriormente, as compras envolvem a aquisição de matérias-primas,
suprimentos e componentes para o conjunto da organização. Entre as atividades associadas a elas
incluem-se:
• Selecionar e qualificar fornecedores;
• Avaliar desempenho de fornecedores;
• Negociar contratos;
• Comparar preço, qualidade e serviço;
• Pesquisar bens e serviços;
• Programar as compras;
• Estabelecer os termos das vendas;
• Avaliar o valor recebido;
• Mensurar a qualidade recebida, enquanto esta não estiver incluída entre as
responsabilidades do controle de qualidade;
• Prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da demanda.

26
Competência 02

Com todas estas atribuições já deu para notar a real importância deste setor para a Cadeia
de Suprimentos, não é mesmo?
Mas, vamos em frente!
Veja na figura 5, um exemplo de fluxo de compras na Cadeia de Suprimentos:

Figura 05: fluxo de compras na Cadeia de Suprimentos


Fonte: Adaptado de OLIVEIRA; WAGNER, 2018.
Descrição da figura: Fluxograma com etapas de um sistema de gestão ERP

Na figura acima, observamos o processo de compras sendo executado a partir da


informação gerada pelo sistema ERP7. Neste exemplo, o sistema gera uma requisição informando a
necessidade do produto, o comprador gera a solicitação de cotação que é enviada para os
fornecedores. Por sua vez, os fornecedores respondem a cotação que será analisada pela empresa
solicitante. Após análise, uma ou mais cotações (fornecedores) são selecionadas. O gestor de compras
avalia a proposta e gera o pedido que é recebido pelo fornecedor selecionado. O fornecedor envia o
pedido que é fisicamente recebido e alimentado novamente no sistema ERP.

7
Assunto que você pode conferir no e-Book de Tecnologia da Informação do Curso Técnico em Administração.

27
Competência 02

Assim como toda a organização, para que a atuação da área de compras seja realizada de
maneira mais efetiva, se faz necessário que ela trabalhe de forma estratégica, pois vimos que dela
são exigidas muitas atribuições.
Neste momento, você pode estar se perguntando: - Mas como elaborar uma estratégia
de compras eficaz?
O processo de compras realmente é complexo e diversificado, e é exatamente por este
motivo que é preciso pensar estrategicamente para que os objetivos do setor e da empresa possam
ser alcançados. Utilizamos aqui autores que são importantes para essa discussão, como Bowersox et
al (2014), que para eles existem três importantes passos para pensar estrategicamente nas compras:
• Primeiro, devemos tomar as decisões pertinentes a quais produtos e serviços
devem ser produzidos ou realizados internamente e qual devem ser adquiridos de
fornecedores externos (terceirizados);
• Segundo, pensando nessa situação de compras, temos que traçar alternativas
estratégicas para lidar com esse processo;
• Terceiro, também devemos determinar abordagens para criar um portifólio de
estratégia de compras.
A partir destes passos os autores acreditam ser possível fomentar um bom cenário de
estratégias das compras.
Vamos detalhar um pouco mais esses passos?
E aí, comprar ou fazer? Eis a questão!

2.1.1 Comprar ou Fazer (make or buy)

Pensar sobre estes fatores requer uma decisão precisa e bem estruturada. É necessário,
como dito anteriormente que a empresa analise quais produtos e serviços devem ser internamente
executados ou, quando necessários, adquiridos de fornecedores externos. Esta decisão é classificada
como suprimento interno versus terceirização, também conhecida em inglês como make or buy.
Observe adiante, o exercício adaptado a partir do livro de Martins e Alt (2006, p.96). Sobre
o caso da Empresa Meshmax8.

8
Empresa fictícia elaborada pelos autores, 2019.

28
Competência 02

Meshmax, empresa de médio porte localizada em Petrolina é fabricante de filtros,


utilizados em máquinas de refrigerantes. A empresa recentemente desenvolveu um novo sistema de
filtragem com uma tripla camada capaz de filtrar três vez mais a água, o que torna a bebida ainda
mais adequada para o consumo. O gerente de projetos quer decidir se a Meshmax deverá comprar
ou fabricar esse novo sistema de filtragem. Estão disponíveis os seguintes dados:
FABRICAR
COMPRAR
PROCESSO A PROCESSO B
Volume (unidade/ano) 10.000 10.000 10.000
Custo Fixo (R$) 100.000 300.000 -
Custo Variável
75 70 80
(R$/unidade)

Quadro 01: Quadro comprar/ Fabricar


Fonte: Dicionário de Logística GS1 Brasil, 2019. Disponível em:
<https://enspangola.co.ao/moodle/pluginfile.php/425/mod_resource/content/1/Dicionario_logIstica.pdf>. Acesso em:
setembro, 2019.

a) A Meshmax deve utilizar o processo A, o processo B, ou comprar?


Solução:
O custo total (CT) é dado pela função do custo fixo (CF) e do custo variável (CV)
multiplicado pela quantidade (q), ou seja, CT = CF + CV x q. Temos, então:
Fazendo-se q = 10.000 unidades, temos:
(CT)A = R$850.000 / ano
(CT)B = R$1.000.000 / ano
(CT)comprar = R$800.000 / ano
Logo, neste caso, comprar é a melhor opção.
E quanto à escolha pela terceirização?

Vamos a um exemplo!

29
Competência 02

A prefeitura de Caruaru identificou que precisará ajustar sua


estratégia de coleta seletiva de lixo, para atender de forma satisfatória todo o
município. Com investimentos do Governo Federal, por meio do programa Minha
Casa Minha Vida um novo bairro foi construído com cerca de 300 ruas. O gestor
responsável pela limpeza urbana deseja saber se estende a coleta para o novo
bairro ou se subcontrata o serviço, terceirizando-o a um preço anual por rua de
R$ 150,00. Se decidir realizar o serviço, incorrerá em custos fixos anuais de
R$10.000. Os custos variáveis da coleta são estimados em R$ 80,00/rua ano. Qual
a melhor solução para o gestor da limpeza urbana?
Solução:
As equações do custo total (CT) são:
CT = CF + CV x (número de ruas N)
(CT)recursos próprios = 10.000 + 80 x N
(CT)terceiros = 150 x N
Para N = 300 ruas, teremos:
(CT)recursos próprios = 10.000 + 80 x 300 = R$34.000/ano
(CT)terceiros = 150 x 300 = R$45.000/ano

Dessa forma, a melhor opção verificada para o gestor da limpeza urbana é a utilização dos
recursos próprios. Ou seja, terceirizar o serviço as vezes não será a melhor opção. Um fator
importante para ser pensado sobre este processo é ter ciência que a decisão pela terceirização,
implica na empresa abrir mão do controle para um fornecedor.
Não ficou claro? Veja, esse “abrir mão do controle”, significa que a empresa deverá
assumir os riscos, sobretudo, caso deseje terceirizar sua atividade fim. Em regra, o processo de
terceirização deve ser utilizado como vantagem na realização de atividades menos importantes, pois
como foi anteriormente abordado os recursos financeiros que seriam investidos na execução de
determinadas atividades, poderão ser melhor empregados nas atividades internas. Todo processo de
decisão sobre “comprar ou fazer” deve ser bem pensado e calculado.
Na oportunidade, que tal você dar uma lida no material complementar antes de continuar
a leitura do e-Book?

30
Competência 02

Terceirização: como essa tendência mundial reflete no Brasil? ou copie o


endereço e cole no seu navegador: http://blog.seguridade.com.br/terceirizacao-
como-essa-tendencia-mundial-reflete-no-brasil/

2.1.2 Estratégias de Compras

De forma geral, toda empresa possui o setor ou a pessoa (profissional) responsável pela
realização das compras. Bowersox et al. (2014, p.90) identifica quatro abordagens estratégicas para
compras, são elas:
• Compras pelo usuário;
• Consolidação de volume;
• Integração Operacional dos Fornecedores;
• Gerenciamento de Valor.
Para que você compreenda de forma mais rápida a estratégia de compras pelo usuário,
veja esse exemplo:
Patrícia trabalha na Meshmax, aquela empresa que trabalha produzindo filtros para
máquinas de refrigerantes. Pois bem, na empresa, Patrícia é responsável pelos serviços gerais e todos
os meses ela precisa fazer um check-list de todos os itens que estão chegando ao fim para que possa
fazer a reposição (sacos de lixos, desinfetantes, vassouras, álcool, sabão em pó, sabonete líquido,
papel toalha, lustra móveis etc.). Na Meshmax existe um setor responsável pela compra dos
suprimentos para a fabricação dos filtros, porém quando as compras são referentes aos materiais de
escritório ou mesmo aos materiais de serviços gerais, essa atividade passa a ser do responsável pelo
setor que solicitou o material e dessa forma não sobrecarrega o setor de compras. Na estratégia de
compra pelo usuário, os próprios funcionários podem determinar suas necessidades de compras.
Já que estamos aqui falando sobre estratégias de compras, o que seria a estratégia de
consolidação de volume? Vamos supor a seguinte situação:
A empresa Meshmax, no início de suas atividades na década de 1980, tinha como prática
a aquisição dos seus materiais através de diversos fornecedores. Esta era a realidade da empresa à
época. Os proprietários observavam vantagens significativas nesta conduta, pois recebiam cotações

31
Competência 02

de diferentes empresas fornecedoras e acreditavam que manter diversas fontes impediria o processo
de dependência de fornecedor. No entanto, esta já é considerada uma visão ultrapassada no processo
de compras. Atualmente, consolidar volume, quer dizer trabalhar com um número reduzido de
fornecedores.
Mas qual vantagem estratégica em reduzir o número de fornecedores?
Veja, bem! Consolidar as compras em poucos fornecedores, aumenta a capacidade de
negociação da empresa junto ao fornecedor, assim, também é vantajoso para o fornecedor, pois este
tem garantido o seu volume de vendas.
É importante ter em mente que apesar das vantagens apresentadas, manter um único
fornecedor é um risco para empresa. É por esse motivo que certificar fornecedores, poderá minimizar
futuros contratempos.
A Meshmax, compreendendo estes novos conceitos sobre consolidação de volume,
entendeu que não se tratava de manter uma única fonte de suprimento. Ela percebeu que era
necessário utilizar uma quantidade menor de fornecedores quando comparado a períodos
anteriores. Um fator importante e que já temos ciência é que o pessoal da Meshmax já compreende
bem e aplica a estratégia da consolidação de volume. Mas precisamos conversar sobre a estratégia
utilizada que é chamada de integração operacional dos fornecedores. O nome já deixa claro sobre o
que se trata, mas caso você ainda não tenha percebido, vamos ao exemplo para clarear as ideias.
O gestor de compras da Meshmax resolveu integrar seu principal fornecedor ao seu
sistema operacional interno.
Mas, como assim?
Ele abriu as informações internas das vendas para o fornecedor?
Isso mesmo! Vamos a explicação?!
Primeiro, para que essa prática de integração ocorra, é importante que exista confiança,
parceria e contratos que a regule. Um dos principais propósitos da integração operacional dos
fornecedores é o de permitir que o fornecedor tenha acesso direto às informações de compra e
venda, assim o fornecedor fica ciente sobre quais são os produtos mais vendidos.
Com base nestas informações, o fornecedor poderá se posicionar de forma mais eficaz,
pois à medida que acompanha as informações no sistema de vendas consegue realizar um

32
Competência 02

planejamento mais adequado e o comprador, no caso aqui a Meshmax, receberá seus suprimentos
sempre dentro do prazo.
O que pode-se destacar, deste modelo estratégico de compras, é a melhoria no processo
de comunicação, pois a integração operacional, tende a melhorar o fluxo das informações, reduz o
tempo do pedido e elimina erros de comunicação.
Percebeu agora que ambos os lados são beneficiados?
Para que você possa compreender um pouco melhor sobre cliente-fornecedor, sugiro
acessar o material disponível através do link de QR-Code disponível a seguir.

A relação entre empresas e fornecedores tornou-se cada vez


mais consistente, gerando um clima de confiabilidade e
segurança. Utilize o QR-Code e saiba mais.

Quando observada, a estreita construção de confiabilidade entre empresa (cliente) e


fornecedor, por meio do processo de integração operacional, cria-se a oportunidade para o chamado
gerenciamento de valor.
Desenvolver o gerenciamento de valor para a empresa Meshmax é fundamental, pois este
é um tipo de relacionamento mais abrangente e sustentável.
Lembra que no exercício anterior a Meshmax estava planejando a produção de novos
filtros para serem utilizados nas máquinas de refrigerantes com uma melhor capacidade e mais
tecnologia?
Então, o entendimento é que o envolvimento com o fornecedor possibilita a efetivação
de mudanças nas estratégias da compra, saindo do estilo tradicional que como vimos, corresponde
aquele tipo de compra baseada no conflito, onde (acreditava-se que manter diversas fontes impediria
o processo de dependência de fornecedor), para o conceito de compras mais contemporâneo e
colaborativo, utilizado pela Meshmax.
Para a elaboração dos novos filtros, ou seja, na etapa inicial de um projeto, como é aqui
nosso exemplo, busca-se um menor custo total, assim como, a adequação nos processos de qualidade
que vão sendo incorporados as etapas da construção do novo produto (dos filtros). Além das
vantagens apresentadas anteriormente, o envolvimento com o fornecedor desde as etapas do início

33
Competência 02

do projeto pode reduzir custos. Dessa forma, quanto maior o nível de envolvimento do fornecedor
com o projeto, maiores são as possibilidades de a empresa lucrar com o conhecimento e as
competências desse fornecedor.
Para tornar mais clara essa relação entre empresa versus fornecedor, veja a situação a
seguir (adaptado: BOWERSOX, et al., 2014, p.92):
O engenheiro de projetos da Meshmax estava completando o esquema de montagem dos
novos filtros que seriam testados em uma das máquinas de refrigerantes quando, durante o processo,
o engenheiro do fornecedor (que já havia sido designado apesar de a produção ainda não ter iniciado)
perguntou se a terceira camada do filtro poderia ser alterada em cerca de 1,3mm. O engenheiro de
projetos da Meshmax, depois de alguma consideração, respondeu que isso poderia ser feito sem
qualquer impacto no produto final; e ficou curioso para saber por que o fornecedor havia solicitado
a alteração. A resposta foi que, ao reduzir a terceira camada do filtro, ele poderia utilizar as
ferramentas e moldes já existentes para fabricar o novo filtro numa espessura um pouco mais fina.
Com o projeto original, seria necessário um enorme investimento de capital para comprar as novas
ferramentas para fabricação. Quando analisados os custos, notou-se uma redução de
aproximadamente 25% a 30% no custo da fabricação do filtro.
Ficou claro para você o quanto foi importante a intervenção do engenheiro do
fornecedor? Ambas empresas obtiveram vantagens. A Meshmax que vai pagar um pouco menos pela
fabricação do novo modelo de filtro e a empresa fornecedora que irá utilizar equipamentos já
disponíveis o que otimizará a fabricação e o tempo de entrega.
Todo esse processo de estratégias de negociação, foram vistos, nestes exemplos, no setor
de compras, mas o processo de negociação é importante e deve envolver outros setores da empresa
(marketing, financeiro, contabilidade, comercial, entre outros), assim através da cooperação de todos
a empresa alcançará seus objetivos de maneira mais eficaz.
Por fim, chegamos à etapa sobre portfólio de estratégias de compra. No caso, portfólio
será entendido como etapas que a empresa utilizará para selecionar melhor seus fornecedores, ou
seja, ela formará um portfólio de fornecedores excelentes.
Adiante conversaremos um pouco mais!

34
Competência 02

2.1.3 Portfólio de Estratégia de Compras

Precisamos reforçar o entendimento de que o processo de compra não é igual para todas
as situações, pois cada insumo é diferente e requer uma perspectiva distinta. Muitas organizações,
de maneira equivocada, demandam a mesma energia para os procedimentos de compras. Uma coisa
é a aquisição de uma pequena quantidade de itens, outra é a realização de uma compra estratégica.
O ideal é que seja despendido tempo e recurso de maneira proporcional para cada tipo de compra.
Uma estratégia que deve ser adotada para obter êxito é a chamada análise de gasto, esta
ferramenta possibilita que os gestores identifiquem quanto está sendo gasto em cada tipo de produto
ou serviço.
Vamos ao exemplo?
Uma análise de gastos na empresa Meshmax constatou que os equipamentos de proteção
individual (EPI) descartáveis, utilizados pelos 20 operários da produção, (propé, touca, máscara e
luvas), eram provenientes de 8 fornecedores. Através da análise de gastos é possível determinar uma
estratégia de compra mais adequada para cada um dos produtos necessários para a empresa.
É dessa forma que se vai construindo um portfólio estratégico de compras!
Bowersox et al. (2014, p.95), identifica quatro abordagens para determinar a compra de
rotina, compras de gargalo, compras de alavancagem e compras críticas, como estratégias
adequadas de compras.
Vejamos, nos tópicos adiante cada uma delas.

2.1.3.1 Compra de rotina

De modo geral, a compra de rotina oferece baixa percentagem do gasto total da empresa.
O não fornecimento, não compromete as atividades fins e geram apenas alguns incômodos. Podemos
imaginar a falta de material de escritório, falta de sacos de lixo, de papel higiênico, de sabonete
líquido. Estes itens são de fácil aquisição utilizando-se, por exemplo, o “cartão de compras”, um tipo
de cartão de crédito coorporativo para que os usuários comprem justamente estes itens rotineiros.

35
Competência 02

2.1.3.2 Compras de “gargalos”

Compra de itens de “gargalo”, também é considerada como de baixa percentagem nos


gastos da empresa, porém diferente do item anterior, nestes casos o risco de fornecimento é alto e
desta forma são percebidos como de alto impacto em operações importantes para o comprador. São
considerados “gargalos”, qualquer obstáculo que possa influenciar o andamento e o resultado dos
processos em uma empresa.
Pra você compreender melhor, são itens encontrados em um pequeno número de
fornecedores. O ideal é que o gestor de compras da empresa firme contratos de longo prazo para
assegurar a continuidade do fornecimento ou mantenha várias fontes de fornecimento.

2.1.3.3. Compras para alavancagem

Aqui temos como itens os commodities para os quais existem muitas fontes de
fornecimento.
Não sabe ou não está lembrando o que são os commodities?

As commodities costumam ser classificadas em 4 grupos


gerais, são eles: agrícola, ambiental, financeiro e mineral.
Ficou curioso? Utilize o QR-Code e saiba mais.

Agora que você já acessou a matéria sobre commodities, ficou mais fácil de entender o
motivo pelo qual existem muitas fontes de fornecimento, não é mesmo?
Pois bem, as compras para alavancagem envolvem pouco risco de fornecimento, no
entanto, o gasto nesses produtos é relativamente alto. Nestas situações é significativo que o gestor
de compras trabalhe na estratégia de consolidação de volume.
Recomendo que você volte um pouco a leitura para recordar sobre o que tratamos sobre
este assunto no item 2.1.2.

36
Competência 02

2.1.3.4 Compras críticas

Compras críticas se- referem justamente àqueles itens e serviços estratégicos para a
empresa. São aqueles que geram um alto impacto e uma falha pontual no fornecimento pode gerar
danos catastróficos.
Neste sentido, dado a sua importância e ao risco envolvido, há uma forte tendência em
concentrar as compras em fornecedores específicos. Aqui, então, faz-se necessário estabelecer as
estratégias de integração operacional do fornecedor e lembrar do gerenciamento de valor.
Vamos agora entender o que acontece com os insumos após a etapa de compras. Este
processo é chamado de armazenagem, vamos conhecer ele a seguir.

2.2 Conhecendo o processo de armazenagem

Figura 06 - Processo de Armazenagem


Fonte: https://www.inotec.de/branchen/lager-logistik/
Descrição da figura: Armazém de alto compartimento com corredor de estantes do lado esquerdo, no meio
profissionais manuseando maquinários, no fundo mercadorias a serem despachadas

Entender o processo de armazenagem é fundamental para executar uma boa gestão da


cadeia de suprimentos.
Mas o que seria o armazenamento?

37
Competência 02

Assim como vimos na competência 1 sobre o desenvolvimento histórico da cadeia de


suprimentos, aqui, também, convém mais uma vez esse “olhar pelo retrovisor da história”, pois ele
nos auxiliará a compreender que o processo de armazenamento da forma que conhecemos hoje,
passou por algumas transformações ao longo de sua história.
Na era pré-industrial o armazenamento era realizado em casa mesmo, de maneira
individual, em quartos, porões, garagens. Tínhamos aí o início da armazenagem. Com o
desenvolvimento da sociedade, com a criação de estradas e de outras formas que facilitariam o
escoamento de matéria-prima e produtos, o armazenamento passou a ser realizado pelos
atacadistas, varejistas e, também, pelos próprios fabricantes.
A partir desta mudança a armazenagem passa para o setor de atacado e varejo, e sentiu-
se a necessidade de criar grandes galpões, capazes de armazenar linhas completas de produtos. A
forma mais comum de armazenagem deu-se por meio de estruturas porta-paletes,
convenientemente dispostas a facilitar o acesso de equipamentos de elevação e transporte, observe
a figura 7 com diversos modelos.
Para o armazenamento é necessário desenvolver cuidados contra contaminantes
internos e externos, cuidados com a iluminação, incêndios e os produtos devem ser sempre
armazenados de forma a facilitar a localização.

Figura 07: Diversos modelos de paletes utilizados para armazenagem.


Fonte: http://www.guialog.com.br/paletes.htm
Descrição da figura: Diversos modelos paletes. A figura apresenta 15 modelos de peças em madeira de tamanhos
aproximados de 2mX1mx30cm de altura.

38
Competência 02

Antes de avançarmos nos estudos sobre armazenagem, acredito ser relevante distinguirmos
esses três termos: armazenagem, estoque e centro de distribuição.
Você sabe a diferença entre eles?
Apesar da semelhança, cada um tem um objetivo distinto.
Vamos conhecer?
• Armazenamento – ação de reter, armazenar, guardar um determinado bem.
• Estoque – quantidade de mercadoria, quantidade de produtos armazenados para fins
específicos.
• Centro de Distribuição – além de armazenar produtos, atende também a pedidos.
Agora que já sabemos sobre o armazenamento, vamos estudar um pouco mais sobre
algumas especificidades deste importante componente dentro da cadeia de suprimentos?
Que o processo de armazenagem é importante, isso sabemos. Mas, quais os benefícios
econômicos ele pode trazer?

2.2.1 Benefícios Econômicos

Os benefícios econômicos da armazenagem surgem dentro de uma perspectiva de


armazenamento estratégico. Este modelo de armazenagem está relacionado à presença local.
Para esclarecer, este termo também é compreendido como depósito local e os estudos
apontam que há grandes vantagens nos depósitos locais, pois estes aumentam de forma significativa
a participação no mercado e como consequência a lucratividade. O fato de se ter uma rede de
depósitos estrategicamente localizados, proporciona aos principais clientes, confiança e a segurança
que estão apoiados logisticamente, devido à proximidade do seu fornecedor.
Tem-se, então, que a implementação da armazenagem próxima dos principais clientes,
persegue a diminuição do custo total. Vejamos dois exemplos de benefícios econômicos básicos:
consolidação e fracionamento de carga e estocagem sazonal.

2.2.1.1 Consolidação e fracionamento de carga

39
Competência 02

A consolidação e fracionamento de carga é um tipo de benefício econômico que ocorre


sempre que diversas fontes (empresas) são combinadas, agrupadas em quantidades exatas em um
único grande carregamento para um destino específico. Além do benefício econômico existente, pelo
fato de dividir a tarifa de frete com outras empresas, tem-se o tempo de entrega pontual e redução
do congestionamento na doca de recebimento. Doca é o nome dado ao local responsável por receber
as cargas e as redistribuir.
Para você entender melhor doca, observe adiante a figura 7, adaptada de Bowersox 2014,
p.230).

Figura 08: Consolidação e fracionamento de carga


Fonte: Os autores
Descrição da Figura: A figura apresenta duas caixas de texto em separado, estando uma acima da outra. A caixa
superior está nomeada com consolidação e dentro dela ao lado esquerdo de cima para baixo esta escrito Empresa A,
Empresa B e Empresa C unidas por uma seta direcionada para a palavra DOCA que está ao centro da Figura. Da Palavra
Doca saí uma única seta com direção à direita onde constam as letras A, B e C divididos por quadrados onde acima
destas consta escrita a palavra clientes. No quadro inferior nomeado com a palavra Fracionamento, consta no centro na
parte interna à esquerda a palavra Empresa A com uma seta direcionada para centro do quadro para a palavra doca de
onde saem três setas direcionadas para direita sendo a seta superior Cliente A, a seta ao centro Cliente B e a seta
inferior cliente C. Tem-se assim, o processo de consolidação e fracionamento da carga.

2.2.1.2 Estocagem sazonal

Aqui temos a situação de produtos que são fabricados o ano inteiro, mas que são vendidos
em grande volume, em determinadas épocas do ano, a exemplo de produtos escolares, enfeites de
natal, etc. E, temos também produtos que tem sua produção apenas em determinadas épocas do
ano, é o caso de produtos agrícolas, que dependem da safra para sua produção. O armazenamento

40
Competência 02

eficiente em ambos os casos, precisa atender as restrições impostas tanto pelos produtores de
insumos como pelos consumidores.

2.2.2 Classificação quanto à propriedade

O processo de armazenamento ocorre em depósitos que podem ser classificados quando


à sua propriedade. A decisão relacionada ao depósito é estritamente financeira e os depósitos podem
ser classificados de diversas formas, aqui veremos: depósitos próprios ou alugados ou depósitos
terceirizados. Vejamos nos tópicos adiante alguns detalhes sobre cada um.

2.2.2.1 Depósitos próprios ou alugados

Nos casos em que a empresa opta pelo gerenciamento ou aquisição da armazenagem em


depósitos próprios ou alugados a empresa ficará responsável pelos custos (manutenção, reparos),
pela flexibilidade (horário de atendimento a cliente, condicionamento correto das mercadorias) e
todos os outros aspectos intangíveis que estejam relacionados. Esse modelo apresenta algumas
desvantagens e como exemplo podemos citar a infraestrutura física, pois nem sempre o local
disponível tem uma natureza física favorável para o correto manuseio de carga e descarga de
mercadorias.

2.2.2.2 Depósitos terceirizados

A escolha por depósitos terceirizados normalmente é estabelecida por contratos de longo


prazo e essa escolha poderá trazer benefícios quanto à flexibilidade, economia com recursos
administrativos e humanos, mão de obra especializada, equipamentos adequados, entre outras. Um
outro diferencial dos depósitos terceirizados é que muitos oferecem serviços logísticos integrados
como: gerenciamento de transportes; controle de estoques; processamento de pedidos e
devoluções, serviços ao cliente.
Percebeu que nas duas possibilidades de armazenamento existem vantagens?

41
Competência 02

Pois é! A empresa poderá optar, inclusive, por uma combinação entre parte da sua
produção em depósito próprio ou alugado e parte em depósitos terceirizados. A decisão ficará a
critério da gestão sempre com o objetivo de redução no custo total.

Antes de concluirmos esta competência, acesse o link veja o artigo da empresa


Cargo X, sobre estas e outras possibilidades de armazenamento
https://cargox.com.br/blog/tipos-de-armazenagem-saiba-qual-o-mais-
adequado-para-sua-empresa

Então, estudante, o que achou desta competência?


Espero que tenha compreendido que o processo de fornecimento envolve um
posicionamento estratégico da gestão da empresa.
Vamos para nossa próxima competência!

42
Competência 03

3.Competência 03 | Conhecer os processos de expedição

Antes de iniciarmos esta competência, vamos recordar que na competência 1, no tópico


referente às tecnologias de comunicação usamos como exemplo do “encurtamento de distâncias”, a
hipótese de que você comprou um produto em uma outro país. Lembra? Para este produto chegar
até você, no nosso exemplo hipotético, o mesmo passou por diferentes lugares (transportes) e
virtuais (sistemas), ou seja, o ato de você incluir o produto no carrinho de compras (no site), realizar
o pagamento e este ser confirmado pela empresa, desencadeou dentro da empresa, pequenas ações:
separar fisicamente, registrar no sistema para baixa do produto no estoque, sendo integrada a
emissão da nota fiscal. E na sequência, pode ter ocorrido as ações de: embalar, incluir endereço de
entrega, incluir documentos auxiliares de identificação da mercadoria e despachar para destino. Até
aqui, ainda estamos tratando do produto dentro da empresa. E ainda, dentro da empresa, existe o
departamento de expedição. É aqui, onde começamos a definir os termos que conduzirão nosso
aprendizado, nesta competência. Adiante?
Mas antes… Você sabia que existe a atividade de antecipação da expedição?

A antecipação de expedição (FORWARDING) consiste


na consolidação de informações relacionadas aos produtos
e seu transporte anterior ao envio de remessas.
Fonte: Dicionário de Logística GS1 Brasil, 2019.

Sobre a questão da atividade de antecipação da expedição podemos compreender que é


o registro, que ocorre através de um sistema de gerenciamento: input - processamento de dados -
output. Conforme pode ser visto no e-book de Tecnologia da Informação. Ou seja, aquela ação que
tem início quando da confirmação da compra do produto por e-commerce, referente à entrada:
confirmação da compra, processamento de dados, o que se está sendo comprado, baixado no
estoque, informado ao financeiro, emitida a nota fiscal; e a saída: os demais desdobramentos
necessários para que o produto chegue ao comprador e/ou consumidor final.
Lembre-se de que as ferramentas de tecnologia de informação ajudam, inclusive na
elaboração dos planos de reposição de itens auxiliando outras operações da cadeia de suprimentos.
Para entender mais sobre essa antecipação da expedição, acesse o artigo no link: Gestão da Cadeia
de Suprimentos. (https://esales.com.br/blog/gestao-de-cadeia-de-suprimentos-integrada-a-ti/)

43
Competência 03

Agora que entendemos sobre a antecipação da expedição, vamos mergulhar na


compreensão sobre o que trata a expedição dentro da cadeia de suprimentos. Vamos começar
definindo a palavra expedição: ato de expedir; remessa; despacho rápido. No entanto, para a cadeia
de suprimentos, é importante pontuar que a expedição pode ser compreendida como: um local, uma
ação e/ou procedimento. Vamos conferir alguns termos técnicos referentes a expedição? Observe o
quadro 1, a seguir:

• EXPEDIÇÃO (SHIPPING) - Função que oferece instalações para a expedição de


peças, produtos e componentes. Inclui embalagem, identificação, pesagem e
carregamento de veículo para transporte.
• EXPEDIÇÃO DE PEDIDO (ORDER SHIPMENT) - Atividade que se dá do momento
em que o pedido é colocado no veículo até o pedido ser recebido, verificado e
descarregado no destino do comprador.
• EXPEDIÇÃO DE TRANSFERÊNCIA (HANDOVER SHIPMENT) - Expedição entregue
por um agente de transportes de frete, mas que foi transferida a outro agente
de transportes conforme estipulado pelo consignatário para liberação em
alfândega e entrega, conforme incoterms.

Quadro 02: Significado de Expedição dentro da Logística


Fonte: Dicionário de Logística GS1 Brasil, 2019. Disponível em:
<https://enspangola.co.ao/moodle/pluginfile.php/425/mod_resource/content/1/Dicionario_logIstica.pdf>. Acesso em:
setembro, 2019.

Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos


Internacionais de Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um
contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos
do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padronizado de
definições e determinando regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o
exportador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o
responsável pela contratação do seguro. Disponível em:
http://www.aprendendoaexportar.gov.br/index.php/negociando-com-
importador/incoterms.
Acesso em: agosto, 2019.

44
Competência 03

Retomando o nosso exemplo da compra de produto por e-Commerce em um outro país


é provável que este tenha passado por essas diferentes etapas. Ou ao menos, por estas: de
identificação, pedido e transferência. Conforme consta no quadro apresentado 1, com significados
para expedição.
Ainda sobre o processo de expedição, há também a função de agente de expedição. As
atribuições deste profissional consistem em: facilitar, por exemplo, a chegada de um navio - liberação,
carga ou descarga e pagamento de tarifas em um porto específico. Ver mais em Dicionário Logística,
2019.
Foi mencionado anteriormente que produtos podem ser transportados por navios,
quando citamos das responsabilidades do agente de expedição, vamos fazer uma breve referência a
comercialização internacional ou Comércio Exterior (COMEX). O que também é denominado de
mercado - espaço (físico ou virtual), onde ocorrem as transações comerciais de compra e venda de
produtos dos mais diferentes lugares do mundo. Os produtos advindos dos mais diferentes lugares
precisam ser enviados ao seu destino final. Para que isso ocorra é necessária a atuação de um
profissional denominado de Agente de Cargas - Este é responsável por gerenciar e coordenar todos
os recursos de uma empresa e colocá-los à disposição para o alcance dos objetivos do negócio.
Ver mais em: Atribuições do Agente de Cargas.
E, é nesse ponto que começamos a compreender a expedição como algo inerente ao
desdobramento de processos internos da empresa responsável pelo envio e, ao mesmo tempo
externo a empresa. Pois a depender do volume e distância geográfica envolvidos entre o
envio/destino, a encomenda pode ser entregue ao consumidor final com ou sem o uso de agentes
intermediários9. - Ao tomarmos como exemplo uma das atividades do agente de cargas, de gerenciar
todos os recursos de uma empresa, este precisa ter conhecimento do tipo de mercadoria que está
sendo movimentada e ter uma visão holística da cadeia de expedição, com ênfase nas etapas a seguir:

• Transporte
• Recebimento

9
Compreender agentes como profissionais e/ou empresas envolvidas no processo de transporte, armazenamento, expedição, movimentação da
mercadoria.
45
Competência 03

• Armazenagem de matérias-primas (no caso de produção de bens), materiais (no caso


de serviços) e produtos (mercadoria acabada).

Passamos agora a ampliar o nosso entendimento referente a expedição, para além de um


local físico de retirada de mercadorias. Mas também, como um ponto de espera/transição das
mercadorias que aguardam seus modais para envio ao destino, que seria denominado de: área de
expedição.

Área de Expedição - É a área demarcada nos armazéns,


próxima das rampas/plataformas de carregamento, onde os
materiais que serão embarcados/carregados são pré-separados
e conferidos, a fim de agilizar a operação de carregamento.
Fonte: Dicionário Logístico

Mas para que os envios cheguem em conformidade aos destinos, o Gerente de Expedição
precisa optar pelo melhor modal ou modais! Ao que importa dizer, em relação aos modais de
transporte, nota-se que estes correspondem às formas usadas para que os produtos e as mercadorias
sejam levadas do endereço em que são fabricadas até o seu destinatário final.
Logo, se faz necessário um breve recorte sobre transporte - O transporte é uma área
operacional da logística, que movimenta e posiciona geograficamente os estoques. Pozo (2007),
autor de referência na área de logística, diz que: “o transporte é essencial na organização, para levar
de alguma forma, até o consumidor final, as suas matérias-primas ou produtos acabados” ou serviços.
Os modais utilizados são: rodoviário, ferroviário, hidroviário, dutoviário e aeroviário”.

46
Competência 03

Figura 09: Exemplo de transporte modal


Fonte: Transporte Intermodal e Modal, 2019.
Descrição da figura: BR com vários tipos de modais: rodoviário, hidroviário e aeroviário. Ao lado esquerdo temos uma
carreta com lateral amarela e uma listra preta no meio. Um foco de luz solar intensa no meio da rodovia, acima um
avião decolando e ao fundo um navio de carga ao lado esquerdo.

Ainda sobre os modais de transporte, o autor referência na área de Gestão Logística da


Cadeia de Suprimentos, Bowersox (2014), elenca algumas necessidades relacionadas ao transporte
que podem ser satisfeitas de três maneiras:
• Através de uma frota particular de veículos;
• Através de contratos com especialistas dedicados ao transporte;
• Através do contrato de serviços de uma ampla variedade de transportadoras que
prestam diferentes serviços, conforme o necessário, de acordo com os tipos de carga.
Ainda segundo Bowersox (2014), três fatores são fundamentais de serem observados, do
ponto de vista logístico:

1. Custos do transporte - destaca-se o pagamento por carregamento entre duas


localizações geográficas e as despesas de manter as mercadorias em trânsito - à partir
do endereço de partida (origem) ao endereço final (destino).
2. Velocidade do transporte - o tempo necessário para completar uma movimentação
específica.
3. Consistência do transporte - refere-se às variações no tempo necessárias para realizar
uma movimentação específica de carregamentos.

47
Competência 03

Dentro da cadeia de suprimentos os transportes podem ser subdivididos em: intermodal


e multimodal. Para o autor Bowersox (2014), o transporte intermodal combina dois ou mais modais
para obter vantagens da economia inerente de cada um, e assim fornecer um serviço integrado por
um custo mais baixo. Já, sobre o transporte multimodal, pode-se dizer que é todo transporte
efetuado por mais de um modal (marítimo, terrestre ou aéreo), afirma Martins (2006) outro autor
que estuda a cadeia de suprimentos.
Sobre o tipo de modal para o traslado da mercadoria, esta é uma decisão de grande
responsabilidade do gerente de expedição. Compete a este profissional dar a devida atenção a
logística de armazenagem e distribuição. Pois, “uma vez que, se ele não for feito da maneira correta,
podem ocorrer prejuízos na qualidade do produto” e consequentemente para as empresas
envolvidas no processo movimentação da mercadoria (ver mais no seguinte link: O que são modais
de transporte).
Uma vez decidido o tipo de modal escolhido o gerente de expedição deve combinar os
sistemas de: movimentação de materiais e de armazenagem, além de ser flexível. O que é
corroborado, pelo autor Martins (2006), autor já conhecido aqui, quando afirma que:

Sabendo quando e qual o melhor modal a ser utilizado para o transporte de seu
produto, ainda em estágio de matéria-prima ou já industrializado, uma empresa pode
aumentar sua margem de lucros diminuindo os custos de distribuição, os gastos com
produtos avariados e logística reversa (MARTINS, 2006, p.406).

Para firmar o quão é relevante a necessidade de ser assertiva a decisão do gerente de


expedição, em relação aos modais apresentamos, vejamos no quadro 2, a seguir exemplo de modais
para itens distintos.

Modal aéreo Transporte marítimo


O transporte aéreo é uma das principais formas O transporte marítimo, por meio de navios
de agilizar a distribuição de mercadorias por especializados, é um dos grandes trunfos que
meio de aviões comerciais ou aeronaves permite a importação e exportação de
adaptadas para o transporte exclusivo de mercadorias em grandes quantidades. Essa
cargas. A sua demanda tem aumentado opção utiliza os oceanos como rotas para
significativamente nos últimos anos, mas ainda conectar as transações entre países.

48
Competência 03

não é o suficiente para superar o modal Geralmente, é utilizado para todos os tipos de
rodoviário. encomendas, desde que em grande volume.
Esse tipo de transporte é frequentemente Isso ocorre porque os pedidos são
utilizado para o envio de cargas de alto valor acondicionados em contêineres e depois
agregado, tais como equipamentos eletrônicos, acomodados no navio. Apenas a lentidão dos
que exigem maior segurança até a sua chegada navios e o risco de naufrágios afetam essa
ao destino. Outra área que utiliza esse tipo de operação.
transporte são os produtos perecíveis, como:
flores; alimentos; e medicamentos.
O custo elevado é um dos principais
empecilhos para o crescimento dessa
modalidade, que, muitas vezes, não é
compensado pela eficiência e maior segurança.

Quadro 03: Exemplo de utilização de modal: Aéreo e Marítimo


Fonte: Adaptado de Bsoft, 2019. Disponível em: <https://www.bsoft.com.br/blog/principais-tipos-de-modais-de-
transporte>. Acesso em: agosto, 2019.

Do que foi apresentado sobre os modais no quadro 2, você conseguiu perceber que a
decisão por determinado modal também se dá pelo tipo de carga que será transportada? No que
tange ao que foi apresentado até agora, a afirmação é até óbvia, não é mesmo?

Curiosidade
Você sabia que a Intermodalidade, nas ferrovias,apesar de o transporte de
minério e carvão representar aproximadamente 80% do volume total, as
ferrovias têm procurado diversificar as cargas transportadas. A movimentação de
contêineres, por exemplo, tem revelado uma expansão bastante positiva. Desde
1997, a movimentação de contêineres cresceu quase 142 vezes. Em 2018, foram
mais de 492 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)
transportados por ferrovias. Ver artigo completo em: ANTF .
Fonte: Associação Nacional dos Transportes Ferroviários, 2019.

Em síntese, podemos afirmar que quanto mais perecível for a carga a ser movimentada,
maior a necessidade do curto prazo (rapidez entre o despacho e a entrega), o que por vezes, onera
os custos referentes à logística e impacta na lucratividade da empresa. Isso são os impactos da

49
Competência 03

decisão pelo modal ou sistema de modal, quando esta não é assertiva, ou há ocorrências que
impedem o trânsito do item ao destino, no tempo previsto para entrega.
Somada às variáveis já mencionadas, que devem está no “radar de decisão” do gerente
de cargas, compete lembrar que ainda há necessidade de transporte com acondicionamento
específico, para o tipo de carga a ser movimentada. Este é o caso, por exemplo, das flores naturais.
Para este tipo de artigo é imprescindível que se mantenha a qualidade do que precisa ser entregue,
desde a sua origem, e mais uma vez, ao destino final, em perfeito estado para distribuição,
comercialização e/ou consumo. E por vezes, há situações na quais, o profissional responsável pela
expedição da carga precisa decidir por um sistema de transporte multimodal, entende?

Você sabia que no Brasil o transporte multimodal é constantemente utilizado


para o transporte de commodities, que são produtos de origem primária como
café, arroz, soja etc.
Fonte: Adaptado de Datamex, 2019.

Mas, espera! Você quer lembrar o que são commodities?

Commodities são produtos que funcionam como matéria-prima. Eles,


geralmente, são produzidos em larga escala e podem ser estocados sem perder
a qualidade. Dessa forma, o mercado de commodities têm seus preços
definidos pela oferta e procura desses materiais primários. Fonte: Toronto
Investimentos, 2019.

Assim, do que foi apresentado até agora sobre: expedição, funções relacionadas a
expedição e modal, por certo você já é capaz de fazer uma síntese em ao menos cinco linhas do que
aprendeu até aqui, não é mesmo?
Vamos experimentar?
Então, como você se saiu?
Acredito que bem!

50
Competência 03

E após esse pequeno exercício de memorização, que tal trocar uma ideia com os colegas
para se apropriar do conhecimento adquirido e voltar ao e-Book de Cadeia de Suprimentos onde na
sequência vamos tratar de distribuição sob a óptica da expedição?

Vamos adiante agora para o próximo subtópico desta competência!

3.1 Distribuição

A distribuição trata de um dos pontos críticos do negócio da cadeia de suprimentos. De


acordo com o autor já apresentado, Martins (2006, p.405), no livro Administração de Materiais e
Recursos Patrimoniais “O transporte e o bom suporte de um serviço de atendimento ao cliente, são
parte importante da distribuição e eficazes instrumentos para o relacionamento de marketing”.
Pois bem, lembra do nosso exemplo hipotético de você ter comprado algo de outro país,
através das tecnologias de comunicação? Ou mesmo da menção das flores sendo transportadas por
avião? É como se neste instante, os produtos citados finalmente passassem pelas últimas etapas de
movimentação/transporte para chegarem ao destino. Mas, o que é distribuição, mesmo?

A distribuição é o conjunto de atividades entre o produto


pronto para o despacho e sua chegada ao consumidor final.
Fonte: Martins (2006, p. 405)

Ainda, o mesmo autor, Martins (2006, p.405), diz que o processo de distribuição já tem
início na fábrica do fornecedor e encerra com a entrega ao cliente final. E como os produtos estão
em constante movimento da fábrica ao consumidor final, importa destacar duas etapas do
movimento desses produtos. Que são:
• Movimento: modal de transporte
• Quem faz a movimentação: o operador de transportes
O mesmo Martins (2006, 406), ainda afirma que “a movimentação física dos bens, para a
maioria dos negócios representa um custo significativo”. O que impacta na competitividade, com
destaque para: Confiabilidade e Controlabilidade. No que tange a confiabilidade, esta trata da entrega

51
Competência 03

no prazo correto, com a embalagem correta, sem danos causados pelo transporte e erros no
faturamento. Já em relação a controlabilidade é indispensável a capacidade de rastreamento e ação.
Destaca-se ainda, que algumas empresas optam por possuir seus próprios meios de
distribuição, o que por vezes exige grande investimento inicial. Este é o exemplo de uma fábrica que
atua no segmento de descartáveis. A fábrica está localizada em São Ludgero - RS e a distribuição da
produção era realizada por frota rodoviária de carretas própria, com tecnologia de sistema de
monitoramento desenvolvido pela própria empresa. Ao menos era assim, que funcionava lá pelos
anos “2000 e idos…” Já àquela época, o custo de uma frota própria era oneroso - porém este também
era um grande diferencial competitivo, para o cliente receber o que era esperado, dentro do prazo
esperado e com a otimização dos recursos, por conta das carretas também servirem de transporte
para outras fábricas do grupo em outros Estados do País.
Em contrapartida, o custo oneroso em ter um sistema próprio de frota faz com que outras
empresas contratem os serviços de terceiros. Tipo de serviço, para o qual há no mercado empresas
especializadas, desde a entrega de pequenos volumes (pacotes) a grandes frotas. Conforme
observado na competência 2. O que nos remete a entender mais sobre denominações usuais na
expedição a partir do item a ser movimentado, observe o subtópico seguinte.

3.1.1 Denominações usuais na expedição

No decorrer desta competência a expedição já foi apresentada como um espaço e como


um desdobramento de processos necessários, para que um item / bem, que denominamos por vezes
de produto, mercadoria ou volume seja movimentado para um determinado local de transporte ou
destino. Assim, para a expedição, no processo de ação da movimentação, o que precisa ser
transportado, a depender da especificidade ou acomodação recebe o nome de carga. No quadro 3,
aborda-se o tipo de transporte de carga, e algumas denominações de carga antecedida pela palavra
transporte, com objetivo de ampliar o entendimento referente a decisão do modal para a expedição.

TIPO DESCRIÇÃO
- é o tráfego de porta-a-porta, de cargas
TRANSPORTE DE CARGA GERAL completas ou fracionadas, embaladas ou não,
que, por sua natureza e característica, utiliza

52
Competência 03

veículos ou equipamentos convencionais,


compreendendo o transporte de produtos
industrializados, produtos químicos
(classificados como não perigosos) e
farmacêuticos, líquidos
é um serviço específico de transporte de carga,
cuja operação compreende a coleta ou a
recepção da carga, tráfego e entrega à
TRANSPORTE DE ENCOMENDAS - domicílio pelo transportador, dentro de um
prazo por este previamente definido, entre
locais de origem e destino pré-fixados;

é o que se realiza mediante a utilização de


carroçaria apropriadas e providas de
mecanismos de carregamento e
TRANSPORTE DE CARGAS SÓLIDAS A GRANEL
descarregamento adequados; compreende o

tráfego de cereais, fertilizantes e outros,
abrangendo também o transporte de produtos
britados, ou em pó a granel.
- é o que se realiza mediante a utilização de
veículos ou equipamentos com tanques ou
cisternas apropriados com dispositivos de
TRANSPORTE DE CARGAS LÍQUIDAS A GRANEL
carregamento e descarregamento adequados,
compreendendo o transporte de água, leite,
óleos alimentícios, vinho e outros.
é o que emprega veículos providos de
dispositivos de fixação e de segurança deste
TRANSPORTE DE CARGA UNITIZADA EM
equipamento, segundo normas técnicas
“CONTAINERES” OU COFRES DE CARGA -
específicas e depende de utilização de
dispositivos de carregamento e
descarregamento;
TRANSPORTE DE CARGAS EXCEPCIONAIS E é o que requer condições especiais de trânsito,
INDIVISÍVEIS - quanto à horários, velocidade, sinalizações,

53
Competência 03

acompanhamento, ou medidas específicas de


segurança nas estradas, bem como de
segurança de propriedade de terceiros e da
própria rodovia, compreendendo o transportes
de materiais, implementos, partes estruturais,
máquinas ou parte de máquinas e
equipamentos, cujas dimensões e/ou peso
excedam os limites fixados pelos órgãos
competentes de trânsito, requerendo,
geralmente, a utilização de veículos especiais.
Quadro 04 - Tipo de Transporte de Carga
Fonte: Adaptado de Guia do TRC - http://www.efficienza.com.br/as-responsabilidades-do-agente-de-cargas-logistico-
no-comex/, 2019.

Continuando nosso aprendizado sobre expedição. Ainda há a carga direta ou inferior,


vejamos sobre elas:

• Carga direta ou carga inferior


A carga direta pode ser descrita como carga direta ou carga inferior. A carga direta ou
direct load trata da expedição retirada. Ou seja, ela é entregue diretamente ao cliente, sem passagem
por terminal de operações. Já a carga inferior. Diz-se da carga inferior a um caminhão ou Less Than
Truckload - LTL. - É uma pequena expedição / pequeno envio. Uma mercadoria que não ocupa todo
o caminhão ou que não tem peso suficiente para qualificar-se para um desconto, por exemplo, devido
a quantidade. Para que essa carga se movimente é necessário o monitoramento desta, através do
princípio da controlabilidade, conforme já mencionamos. E essa controlabilidade é possível através
do documento denominado de conhecimento de transporte.

• Conhecimento de transporte
O conhecimento é um documento que acompanha a mercadoria durante todo o trajeto
da origem ao destino final. Nele estão contidas as informações referentes à origem da mercadoria,
da transportadora responsável pelo despacho e dados de destino. Além da data de saída e número
da nota fiscal que “amarra” a informação do conhecimento a mercadoria em trânsito. Atualmente, o
Governo Brasileiro instituiu o CTe - Conhecimento de Transporte Eletrônico. Você sabe o que é o CTe?

54
Competência 03

Conhecimento de Transporte Eletrônico é um documento de existência apenas


digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar,
para fins fiscais, uma prestação de serviço de transporte de cargas realizada por
qualquer modal (Rodoviário, Aéreo, Ferroviário, Aquaviário e Dutoviário). Sua
validade jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente (garantia de
autoria e de integridade) e pela recepção e autorização de uso, pelo Fisco.
Fonte: Conhecimento de Transporte Eletrônico, 2019.

Pela legislação vigente no ano de dois mil e dezenove, este substitui os documentos
utilizados pelos modais para cobertura de suas respectivas prestações de serviços. Que são:
I. Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo 8;
II. Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas, modelo 9;
III. Conhecimento Aéreo, modelo 10;
IV. Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas, modelo 11;
V. Nota Fiscal de Serviço de Transporte Ferroviário de Cargas, modelo 27;
VI. Nota Fiscal de Serviço de Transporte, modelo 7, quando utilizada em transporte
de cargas.
Os documentos que não foram substituídos pelo CT-e devem continuar a serem emitidos
de acordo com a legislação em vigor (considerada a de 2019 - ano de publicação deste e-Book).
Adiante, na figura 9 é abordado sobre conhecimento de Transporte Eletrônico.
Fonte: Conhecimento de Transporte Eletrônico

55
Competência 03

Figura 10: Imagem de um CTe


Fonte: Como faço para emitir um conhecimento eletrônico, 2019.
Descrição da figura: de um Conhecimento Eletrônico. A figura apresenta um modelo de conhecimento eletrônico com
várias seções a serem preenchidas tendo destaque para as seções, 1. Data e hora da emissão, 2. Modelo, 3. Código de
barra, 4. série. 5. Número do conhecimento 6. Dados da empresa remetente. 7. e 11 Valor à receber. 8. Tomador do
serviço. 9. Tipo do conhecimento eletrônico. 10. Tipo da prestação. 12. Alíquota ICMS, 13. Base de cálculo, 14. Valor
ICMS.

Em síntese a figura 9 retrata as partes que se deve ater mais atenção no momento do
preenchimento de um CTe.
Logo, do que foi versado até aqui, podemos compreender que o conhecimento pode ser
comparado a uma passagem de embarque da mercadoria, para o transporte que ela precisa “pegar”
para chegar ao destino, não é mesmo?
Para ampliar este entendimento vamos recorrer ao termo: Proper Shipping Name. Para o
processo logístico dentro da cadeia de suprimentos significa: discriminação de mercadorias. Que tem
o propósito de descrever produtos específicos em todos os documentos e notificações de expedição,

56
Competência 03

aplicável a produtos (ver mais em: Dicionário de Logística). Ao que por certo, a figura 10, sintetiza um
pouco a importância do CTe para a movimentação da carga.

Figura 11: Conhecimento Eletrônico = Descrição do conteúdo transportado


Fonte: Activecorp. Plataforma Online de Logística, 2019.
Descrição da figura: Notebook do lado esquerdo encontra-se ligado com várias informações na tela, uma seta ao lado
liga a uma CT-e em tamanho médio com vários traços na cor verde que indicam as margens da página e o conteúdo com
vários traços e no título está escrito CT-e. Na frente do documento eletrônico um pequeno caminhão indicando um tipo
de modal associado ao CT-e.

Após a emissão dos documentos, a expedição precisa contar com os espaços necessários
à movimentação dos mais diferentes volumes: Containers, pallets, caixas e/ou cargas das mais
variadas. Perceba então que a “interface” entre a expedição e os modais com a finalidade de facilitar
o carregamento e descarregamento de mercadorias recebe o nome de doca. Ou seja, a doca é o
portão de entrada / saída de volumes. Ela é também uma área de passagem que facilita o acesso para
a realização dos serviços. No caso de centros comerciais como os shoppings, por exemplo, por onde
você acha que saí todo o lixo gerado diariamente nas praças de alimentação deste tipo de
estabelecimento? Pelas docas destinadas a esta finalidade.
Logo a seguir temos a figura 11, que ilustra um espaço de armazenagem e expedição de
transporte rodoviário.

57
Competência 03

Figura 12: Doca com acesso direto ao armazém


Fonte: MecaLux - Layout de Armazém, 2019.
Descrição da figura: A figura apresenta a frente de um armazém com docas numeradas de 1 a 10 da esquerda para a
direita. Na doca 4 há uma caminhão estacionado com a carreta direcionada para a doca. Nas docas 7,8,9 e 10 constam
carrocerias de carretas, sem as cabines, estacionadas com a parte por onde se carregam as mesmas voltadas para as
docas para carregamento.

Na figura 11, tem-se uma doca de acesso direto ao armazém. O piso elevado facilita a
transferência da carga, que pode ser organizada em pallets, para o transporte rodoviário - caminhão.
E ainda, sobre as ações que envolvem a expedição, movimentação, armazenagem, distribuição,
transporte da carga, destinação, etc. é preciso atentar para o DOCK TO DOCK ou DTD. Você sabe o
que é isso?

DTD - DOCK TO DOCK - É o tempo decorrido entre o recebimento da


matéria-prima até a expedição dos produtos acabados.

E mesmo que o processo e expedição - movimentação - distribuição de mercadorias seja


facilitado por sistemas de gerenciamento, têm-se ainda as funções de:
• EXPEDIDOR (FORWARDER) - Responsável por serviços afins e formalidades
envolvidas na operação de transporte dos produtos.

58
Competência 03

• EXPEDIDOR DE FRETE (FREIGHT FORWARDER) - Uma pessoa ou empresa que prepara,


consolida, e desenvolve grandes carregamentos e operações de distribuição, assume
as responsabilidades de transporte desde a origem até o destino.

Aqui, cabe voltar um pouco ao início desta competência. Lembra que mencionamos sobre
as atribuições do gerente de expedição, uma delas é garantir a qualidade do produto desde a origem
ao destino final (de novo)? Que um fator determinante para uma decisão mais assertiva é o tipo de
modal escolhido, conforme os bens / produto / mercadoria a ser movimentado? E ainda
referenciamos que no Brasil os tipos de produtos que mais fazem uso dos modais são as commodities
(café, milho, soja…)?

Lembrou, não foi?

Então, todo esse resgate foi para chamar sua atenção, de que para este tipo de carga
(commodities) há a preconcepção de que estes são itens que atendem aos requisitos de qualidade.
Consequentemente, em relação à movimentação, há um fator complicador. A data limite de
expedição.

Data limite de expedição - Data após a qual um produto não pode ser expedido
para o cliente.

A data limite de expedição é uma informação mais que relevante para o gerente de
expedição. Por ela é possível realizar a alocação de mercadorias em cargas unificadas ou distintas.
Decidir pelo melhor tipo de modal ou sistema de modal que transportará a carga, em tempo hábil até
o endereço de destino. Aqui cabe também atentar que o conhecimento da data limite colabora para
com as ferramentas de gestão do tipo Just in Time (que será abordada na competência 4), de modo
que o insumo e/ou peça esteja disponível ao cliente (montadora / repositor) em tempo hábil ao seu
uso, sem onerar os custos para a empresa, por ter que manter, por exemplo, algum item em estoque
sem previsão de uso.

59
Competência 03

Compete agora afirmar que a expedição é, portanto, auxiliada por os mais diferentes tipos
de sistema. E dentro da cadeia de suprimentos conta com os chamados Supply Chain Management (SCM):

applications, ou seja, ferramentas para o gerenciamento integrado da cadeia de


suprimentos. Sua principal função é possibilitar ao usuário o controle de diversas
funções logísticas simultaneamente, permitindo com isso, analisar os trade-offs
existentes. Além disso, possui uma abrangência que ultrapassa os limites da empresa,
ou seja, integra-se também aos outros membros da cadeia de suprimentos, tais como:
indústrias, atacadistas/distribuidores e varejistas, além de prestadores de serviços
logísticos. Isto torna-se possível graças a conectividade oferecida pelas tecnologias EDI
(eletronic data interchange) e a Internet (NAZÁRIO, 2019).

Desta forma, percebemos que a expedição dentro da cadeia de suprimentos é um


processo contínuo. Pois quando se trata da expedição de um produto acabado é considerado carga
do tipo inferior, como no exemplo do seu produto por internet, recorda? As questões relacionadas
ao despacho deste item, podem envolver um menor custo, caso o cliente opte por aguardar que esta
seja somada a outros pedidos, como o mesmo país de destino. Por exemplo, o que é possível, em
relação ao objeto adquirido, neste caso, ser isento do atributo de perecibilidade.
Por outro lado, quando se trata das commodities a qualidade dos grãos inicia desde o seu
processo de cultivo, a separação, beneficiamento, armazenagem dos grãos, transporte e etc. Sendo
imprescindível dedicar grande atenção ao manuseio, acondicionamento e movimentação da carga,
de modo que se mantenha a qualidade do que está sendo entregue ao mercado (o que é crucial para
a movimentação de qualquer encomenda independente do tamanho e/ou destino).
Agora que concluímos esta competência, podemos ir para a última competência desta
disciplina, a 4. Nela abordaremos sobre o Just in Time. Vamos nos antecipar a entender que este se
refere ao tempo decorrido entre o fato gerador que desencadeia o processo de necessidade de
aquisição, e passa por diferentes processos até o cliente final.
Avante!

60
Competência 04

4.Competência 04 | Operações Just in Time


Que alegria! Chegamos na última competência!
Agora que você já entendeu o que é uma cadeia de suprimentos, quais suas atividades
principais, vamos falar de uma operação bastante conhecida em todas as áreas relacionadas à gestão
da cadeia de suprimentos. Estamos falando das operações Just in Time -JIT, às vezes denominada de
produção Just in Time, compras Just in Time ou entrega Just in Time. Vamos usar a sigla JIT para a
expressão Just in Time daqui por diante para facilitar. Tudo bem?

4.1 Origem e conceitos do JIT

É importante que você entenda primeiro como surgiu essa história do JIT. Lembra das
grandes guerras mundiais? Depois desse período de pós guerras, as potências ocidentais,
principalmente Estados Unidos (EUA) tinha interesse de restabelecer o Japão como potência
industrial, já que ele estava no oriente e poderia ajudar a conter o avanço dos comunistas, que era a
grande preocupação. O Japão é transformado nesse momento na base avançada capitalista do
extremo oriente.
Dentro dessa reconstrução do Japão, muitas técnicas, como o controle estatístico de
processo foi trazido dos EUA, principalmente por meio de W.E. Deming, americano, aquele
responsável pelo ciclo PDCA (planejar, executar, verificar e agir), você já deve ter ouvido falar dele
em algumas das disciplinas desse curso, se não, certamente ainda irá ler sobre.
Os japoneses não ficaram esperando apenas que os EUA importassem suas técnicas, eles
começaram a melhorar o que era trazido, a exemplo de TaiichiOhno, um japonês, formado em
Engenharia Mecânica que na época era diretor da Toyota (aquela empresa de carros, lembra?). Por
volta da década de 1950, a empresa estava à beira da falência e, por isso, não poderia fazer novos
investimentos em equipamentos e novas invenções. Nesse momento iniciou uma longa colaboração
entre Ohno, ShigeoShingo, consultor de qualidade da Toyota, e Deming (aquele do PDCA), para criar
um sistema de estratégia de manufatura que fizesse a empresa obter lucro e sustentabilidade para
atingir o crescimento. Em 1956, Ohno foi visitar os EUA e observou que os supermercados
recolocavam mercadorias nas prateleiras a partir do momento em que elas eram vendidas. Ele trouxe
a ideia para implantar nas fábricas da Toyota.

61
Competência 04

E na fábrica da Toyota, a ideia trazida por OHNO, permitiu uma operação nivelada entre
os postos de operação, onde o posto precedente repõe apenas as peças certas na quantidade certa
e no momento certo, ou seja, no instante que o posto sucessivo as consumiu, assim como acontecia
nos supermercados, isso prevenia a formação de estoques (OHNO, 1996).
Assim o JIT nascia, um método de gerenciamento da manufatura desenvolvido pelos
japoneses em 1970, que se baseia no conceito de ‘puxar’, ou seja, produzir contra uma demanda. Um
autor de referência sobre esses estudos, Bertaglia (2003), explica melhor com a seguinte frase: “ Não
me dê esse material até que eu precise dele, e quando eu o solicitar, me dê imediatamente, e as
minhas exigências com respeito à qualidade e ao custo devem ser plenamente satisfeitas”. A
preocupação então era satisfazer a demanda do consumidor. Assim, muitas empresas seguiram o
exemplo da Toyota e nos anos seguintes o conceito do JIT ganhou muitos adeptos. Vale aqui
relembrar que o sistema Toyota surgiu depois do Fordismo, aquele que falamos na primeira
competência. Observe a figura 12, ela nos traz um exemplo de fábrica automobilística, neste caso o
da Toyota.

Figura 13: Fábrica Toyota Brasil


Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2016/04/epoca-negocios-unica-montadora-a-ter-alta-nas-
vendas-toyota-diz-manter-aposta-no-brasil.html
Descrição da figura: linha de produção automobilística com três carros enfileirados sendo montados por cinco
profissionais. Estrutura em ferro nas laterais e no teto, com algumas sequências de lâmpadas nas laterais. O piso no
canto esquerdo é verde com algumas linhas brancas espaçadas, seguida de uma lateral amarela e no meio cinza.

Vamos entender melhor o que é JIT?

62
Competência 04

O autor Ballou (2006), explica que o JIT é uma filosofia de planejamento em que todo o
canal de suprimentos é sincronizado para reagir às necessidades das operações dos clientes. Para ser
mais claro ainda, um outro autor importante sobre o tema, Pozo (2007), afirma que o JIT é como uma
filosofia de produção voltada para eliminação de desperdícios no processo total de fabricação das
compras à distribuição. Alinhando esses dois conceitos, podemos dizer que o objetivo do JIT, envolve
a coordenação das atividades de modo que os materiais e produtos adquiridos estejam no local de
produção ou montagem exatamente no momento em que são necessários para o processo de
transformação.
O JIT, se aplicado de maneira correta, reduz ou elimina a maior parte dos desperdícios
que ocorrem nas compras, produção, distribuição e atividades de apoio à produção. Entenda
desperdícios como qualquer quantidade maior do que o mínimo necessário de equipamento,
materiais, componentes e tempo de trabalho absolutamente essencial à operação.
Lembre-se sempre da palavra desperdício quando pensar em JIT, assim fica fácil lembrar
do conceito. Mas essa eliminação é mesmo eficiente? Sim!
Os resultados a longo prazo da eliminação de desperdícios são tão eficientes em termos
de custos e qualidade com atuação direta sobre o consumidor que se tornam uma “arma
estratégica".

ANOTA AÍ!
Como o JIT propicia um sistema de produção mais eficiente e com menos
desperdícios, as empresas ficam menos dependentes da atuação do marketing
para conseguir diferenciar seus produtos e aumentar sua participação no
mercado (POZO, 2007).

Vale destacar que o JIT também não proporciona às empresas apenas uma substancial
melhoria na qualidade dos produtos que elas produzem, mas também permitem reduzir o tempo de
resposta do mercado. O que isso quer dizer? Simples de explicar. Vamos lá! Os produtos novos ou
modificados por sugestões dos consumidores podem ser colocados no mercado na metade do tempo
considerados normal. Ou seja, os produtos chegam mais rápido até você, que é um potencial cliente!
Ótimo isso, concorda?
Nosso velho conhecido Ballou (2006) aponta algumas características principais do JIT que
são importantes para você compreender, observe a figura 13.

63
Competência 04

Produção/compra e
transporte de mercadorias
Relações privilegiadas com Informação compartilhada
em pequenas quantidades
poucos fornecedores e entre compradores e
são frequentes e se
transportadores; fornecedores;
traduzem em níveis
mínimos de estoques;

Eliminação das incertezas


sempre que possível ao
Metas de alta qualidade.
longo do canal de
suprimentos;

Quadro 05: Características principais do JIT


Fonte: Os autores

Agora que entendemos o que é o JIT, podemos então compreender melhor como ele
pode ser usado dentro da gestão da cadeia de suprimentos. Para isso vamos começar entendendo os
objetivos do JIT.

4.2 Objetivos do Just in Time

Vamos destacar alguns objetivos importantes do JIT:


a) Estoques intermediários igual a zero: os estoques intermediários podem elevar-
se caso os tempos de máquinas não estiverem sincronizados. O ideal é manter
sempre igual ou próximo de zero. Por exemplo, imagine uma fábrica de cosméticos,
que mantém estoques altos de insumos, caso os tempos das máquinas no processo
de produção não estejam sincronizados e comece a ficar mais lento pode acontecer
desse estoque aumentar mais ainda, por isso o ideal é manter um estoque baixo,
certo?!
b) Tempo de entrega igual a zero: o tempo de entrega alto, leva ao armazenamento
em quantidades exageradas, maximizando o custo dos estoques, o que pode afetar
de certa maneira outras atividades do processo, como o espaço de armazenagem.

64
Competência 04

d) Zero movimento: movimentações desnecessárias de insumos não agregam valor


ao processo e somente aumentam os tempos inúteis na produção. Então quanto mais
automático for esse processo de movimentação, melhor.
e) Zero paradas de máquinas em função de quebra: o desempenho do equipamento
deve ser monitorado constantemente e eficientemente para evitar quebras e falhas
que venham a interromper o fluxo normal de produção.

ANOTA AI!
Dois tipos de manutenção nas máquinas podem ser feitas: preventiva e
preditiva. A manutenção preventiva como o nome fala previne o risco de
quebras, já a manutenção preditiva, utiliza ferramentas para monitorar o
desgaste físico, o grau de esforço, a temperatura e outros atributos dos
equipamentos.

f) Zero defeitos: uma grande quantidade de defeitos leva a produção de uma


quantidade acima do planejado para atender as necessidades da demanda.
g) Tamanho mínimo de lote: em conjunto com o tempo de preparação, o lote mínimo
deveria ser minimizado para oferecer flexibilidade e com isso também reduz custo de
estoque.

Os objetivos do JIT podem auxiliar em uma melhor gestão da cadeia de suprimentos.


Mas como isso é possível?
Vamos exemplificar para ficar mais fácil você entender.
Imagine uma fábrica de cosméticos chamada Charme e cheiro10. Digamos que esta fábrica
possui dois grandes fornecedores: a Plastique11 que vende as embalagens e o Álcoolite16, fornecedor
de álcool para inserir nos perfumes vendidos. Um dos distribuidores principais, que faz a entrega dos
produtos nas lojas de cosméticos se chama Distribuidora Fácil12. As lojas que recebem os produtos
são várias, e pode até ser uma loja do seu bairro e você pode até ser o cliente final. Se a fábrica
Charme cheiro adotar o Just in Time, objetivando zero defeitos na produção, zero movimentação

10
Empresa fictícia criada pelos autores para este e-Book.
11
Empresa fictícia criada pelos autores para este e-Book.
65
16 Empresa fictícia criada pelos autores para este e-Book.
12
Empresa fictícia criada pelos autores para este e-Book.
Competência 04

desnecessária dos produtos dentro da fábrica, zero parada de máquinas, todo o processo de
produção acontece de forma rápida e todo o fluxo na cadeia de suprimentos, que começa lá no
fornecedor Alcoolite por exemplo, vai sendo gerenciado de forma que o cliente final, como você por
exemplo, receba seu cosmético de forma mais rápida e com qualidade. Percebeu como o JIT ajuda na
cadeia de suprimentos?
Você percebeu que todos esses objetivos visam a eliminação de desperdícios, seja de
tempo ou recursos? Isso faz parte da filosofia do JIT, que vamos explicar melhor no subtópico
seguinte.

Para entender mais como funciona o JIT em uma fábrica assista ao vídeo no
link: https://www.youtube.com/watch?time_continue=29&v=UBgS6k8G5sQ

4.3 Filosofia Just in Time

A filosofia JIT está fundamentada na importância de se fazer às coisas de forma certa


desde a primeira vez, ao invés de investir um tempo enorme no conserto de erros depois que eles
ocorrem. Essa noção é contrária ao modelo empresarial que presume que a qualidade é algo que o
departamento de qualidade verifica depois que uma mercadoria foi produzida. O que pode ser visto
mais detalhadamente na disciplina de Sistemas Integrados de Qualidade.
Mas voltando ao nosso assunto, três razões definem a filosofia JIT: Eliminação de
Desperdícios, o Envolvimento dos Funcionários na Produção e o Esforço de Aprimoramento
Contínuo.

Dica importante
O JIT não é resultado de uma técnica específica, requer um olhar de toda a
organização e deverá ser implantado respeitando-se as características
operacionais e organizacionais de cada empresa.

Agora vamos detalhar cada uma das razões da filosofia JIT a seguir.

66
Competência 04

4.3.1 Eliminando o desperdício

Existem três componentes básicos e igualmente importantes para a eliminação de


desperdícios segundo nosso conhecido Pozo (2007):
• Balanceamento sincronizado e fluxo no processo de produção: cada posto de
trabalho dentro de uma fábrica, por exemplo, produz de forma sincronizada e na
quantidade adequada, gerando um fluxo constante e sem interrupções em todas as
estações da linha. A finalidade portanto, é reduzir as perdas, aumentar a
produtividade, proporcionando assim flexibilidade e capacidade de atender
prontamente a demanda.
• Atitude da empresa em relação à qualidade: diz respeito a ação de fazer certo da
primeira vez, e estimular um clima de criatividade, a mentalidade da qualidade,
autocontrole e prevenção de falhas.
• Envolvimento dos funcionários: este componente é pré-requisito para a eliminação
de desperdício. É necessário que desde os cargos mais baixos até a alta administração
se envolvam nos esforços da eliminação de desperdícios e na solução dos problemas
de produção.
Vamos pensar em um exemplo para facilitar sua compreensão. Lembra da Charme e
cheiro, fábrica de cosméticos? Ela tem uma linha de produção que precisa utilizar de forma
extremamente racional os equipamentos, funcionários, insumos, etc. No entanto, devido uma prática
do antigo administrador, que agora foi demitido ela mantém grandes estoques, o que tem impactado
no fluxo financeiro e levado a prejuízos constantes.
Com a demissão do administrador e a contratação de um novo, a fábrica estuda uma
forma de eliminar seus custos e percebe no Just in Time uma oportunidade de remodelar seu
processo produtivo. Mas, para que isso ocorra ela precisa reestruturar sua cadeia de suprimentos
com seus principais fornecedores, Plastique e Alcoolite, para que eles entreguem os insumos em
tempo real, ou seja, à medida que a linha de produção vai utilizando esses materiais, garantindo assim
o balanceamento sincronizado e fluxo da linha de produção. Além disso, é necessário que os
funcionários estejam envolvidos nesse processo, e para o clima na fábrica ser propício a aceitar
essas mudanças a fim de melhorar a qualidade dos produtos.

67
Competência 04

Vai funcionar em minha empresa? Essa é a primeira pergunta dos altos executivos da
Charme e cheiro que se interessam pelo JIT. O que podemos responder para essas pessoas é o que
sistema JIT pode funcionar em qualquer ambiente produtivo, seja qual for o ramo produtivo. Ele pode
até mesmo funcionar igualmente bem em empresas cuja atividade não envolva produção.
As implicações do JIT são inúmeras, é necessário lidar com fornecedores que tenham
níveis altos e consistentes de qualidade, visto que seus componentes irão diretamente para o produto
final. É necessário um desempenho logístico absolutamente confiável que elimine, ou pelo menos
reduza a necessidade de estoques de materiais de reserva (BOWERSON, et al., 2014).
Agora vamos entender sobre o envolvimento dos funcionários, no tópico seguinte.

4.3.2 Envolvimento dos funcionários

A filosofia JIT visa fornecer diretrizes que incluem todos os funcionários e todos os
processos na organização. Uma cultura organizacional adequada tem sido vista como um importante
fator para apoiar esses objetivos, com a ênfase no envolvimento dos funcionários. Este enfoque
também tem sido chamado de sistema “de respeito pelos homens”, que incentiva a resolução de
problemas por equipes, rotação de cargos (um funcionário passar por vários cargos dentro da
empresa) e multi-habilidades. A intenção é encorajar a responsabilidade pessoal e o engajamento no
trabalho (SENAI, 2015)
É importante destacar que esse envolvimento deve ser contínuo e a administração
superior, como os diretores, gerentes também devem estar envolvidos. Isto significa uma mudança
no relacionamento entre os administradores e outros gerentes, nos critérios de seleção e
substituição, nos critérios de avaliação do trabalho, do relatório de grupo e da comunicação geral. As
metas devem ser revistas, dando-se ênfase às atividades de melhoramento, que ganharam, status
em relação às prioridades dado às atividades de controle.
A participação dos operários por meio dos círculos de qualidade conduz a solução de
problemas e melhorias nos processos, constituindo um meio de motivação e compromisso com o
processo de aprimoramento contínuo, que será explorado a seguir.

68
Competência 04

4.3.3 Esforço de aprimoramento contínuo

Os objetivos do JIT como já vimos normalmente são expressos como ideais, como por
exemplo, quando se fala que os produtos devem estar no lugar certo, na hora certa com qualidade
perfeita sem desperdícios. Mas sabemos que isso nem sempre é possível, assim o JIT tenta se
aproximar ao longo do tempo. Nesse caso o aprimoramento contínuo é uma parte muito importante
para o JIT. A palavra japonesa para aprimoramento contínuo é kaizen, parte chave da filosofia do JIT.
A ideia é fazer mudanças sempre que necessário visando uma melhoria.
Embora você deve estar aí pensando que a direção da empresa é quem deve assumir
essas mudanças, na verdade a responsabilidade dos aperfeiçoamentos é das categorias mais baixas
da organização. Esta filosofia postula o trabalho de equipe. Essas equipes são responsáveis pelas
operações individuais que realizam, pela correta coordenação das operações e pelo
aperfeiçoamento. Lembra quando falamos antes no envolvimento dos funcionários que a intenção é
fornecer responsabilidades para os funcionários? Pois aqui no aprimoramento acontece também.
A filosofia do Just in Time prevê metas amplas e ambiciosas, porém não são alcançadas
da noite para o dia, mas em um movimento contínuo de aperfeiçoamento, o Kaizen:, que se traduz
em: zero defeito, tempo de preparação zero, estoque zero, quebra zero, lead time zero, e lote
unitário.
Para que todas essas mudanças ocorram, a empresa deve formar seus trabalhadores na
aquisição de ferramentas necessárias como: trabalho em equipe; brainstorming (ambiente propício
à geração de ideias e soluções inovadoras); identificação de problemas, diagramas de causa/efeitos
e análise de processos.

É importante eu te relembrar que parte da definição do sistema JIT diz respeito


à eliminação de estoque. Mas tome bastante cuidado, porque muitos tem sido
induzido ao erro de se pensar que o JIT é apenas um programa para redução de
estoques.

69
Competência 04

Entendemos a filosofia do Just in Time. Mas como implementar?


Vamos descobrir na próxima sessão.

4.4 Como implementar o Just in Time

Segundo Bertaglia (2003), os requerimentos básicos para implantar o conceito do JIT


podem ser resumidos em:
a) classificação dos itens de estoque: é necessária para garantir a segmentação por
tipo de item, objetivando definir as principais diferenças e obter uma compreensão
daquilo que se quer controlar. Por exemplo, os itens podem ser classificados em:
matéria prima, itens comprados, itens fabricados, material ou produto em processo,
material de embalagem, entre outros.
b) custo do item: o custo unitário de cada item no estoque deve ser identificado para
eventuais análises de valor, já que o custo com investimento em estoques é
prioritário.
c) demanda: a demanda pelo estoque deve ser definida em um intervalo de tempo
de até um ano, a fim de propiciar o fornecedor um plano de investimento para o
abastecimento de materiais caso não seja suficiente.
d) distribuição ABC: cada segmento de estoque deve possuir a distribuição ABC, cuja
finalidade é possibilitar por meio de análises de consumo, níveis de estoques e valor
do item. Também conhecida como curva ABC, é um método de classificação de
informações para que se separem os itens de maior importância ou impacto, os quais
são normalmente em menor número. São três as categorias, também chamadas de
classes:
o Categoria A: classificação para itens que são extremamente importantes
ou críticos para o negócio.
o Categoria B: classificação para itens de média importância.
o Categoria C: categoria dos itens relativamente sem importância.
e) acordos com fornecedores: deve-se estabelecer acordos com eles em relação à
frequência de entrega e quantidade de itens a serem entregues. É importante que os
funcionários de produção tenham contato direto com os fornecedores.

70
Competência 04

f) política de estoques: abrange informações que irão determinar se o abastecimento


é automaticamente efetuado pelo fornecedor, ou se uma comunicação formal é
necessária como via telefone, fax, internet, entre outros.
g) pedido mínimo: o JIT deve solicitar pedidos com quantidade econômicas e
estoques de segurança como medida de prevenção, daí a ideia de pedidos mínimos.
h) indicadores de desempenho: para avaliar a efetividade do JIT é necessário definir
os indicadores de desempenho do estoque.

Anota aí! Estoque custa dinheiro!


Para o JIT o estoque é considerado uma fraqueza, em que deve haver todos os
esforços para ser o menor possível.

Contudo muitas pessoas acreditam que o fundamento lógico para eliminar estes estoques
está no fato que eles custam dinheiro. SIM! De fato, a manutenção dos estoques pode custar até 30%
do seu valor.
A verdadeira razão para o JIT recomendar a redução ou eliminação de estoques, é que
eles são inerentemente maléficos. Eles são prejudiciais para o processo de produção porque sempre
escondem problemas. Isto é, eles protegem os problemas das pessoas que querem resolvê-los. Além
de encobrir os problemas ele dá aos produtores meios de conviver com eles, e assim não precisam
resolvê-los, quando na verdade precisam resolver.
É importante que você entenda que a implantação de um sistema Just in Time tem fortes
impactos sobre outros elos da cadeia de suprimento, e não somente a área responsável por cuidar
dos estoques. É necessário haver uma alta confiabilidade nos processos para que a redução dos
estoques não signifique maiores níveis de ruptura e faltas de produto.
Vamos exemplificar para ficar mais fácil você entender, vamos retomar ao case da
empresa Charme e cheiro. Ela mantém uma parceria há muito tempo com a Plastique, fornecedora
de embalagem. Uma vez que o volume diariamente produzido é muito alto, a fábrica mantém altos
estoques das embalagens no seu depósito, afinal, a falta de embalagens seria um problema crítico
para o processo produtivo. Mas manter esse estoque alto custa caro e demanda muito espaço que
poderia ser utilizado para outros fins. Além disso, sabe-se que os anos de parceria com o principal

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Competência 04

fornecedor de embalagens fizeram com que este fornecedor desenvolvesse um profundo


conhecimento sobre o processo produtivo da empresa Charme e Cheiro.
A Charme e cheiro, como você já sabe percebe que precisa gerenciar melhor seu estoque.
Nesse momento os gestores então fazem uma proposta a Plastique: eles deixariam de manter
estoques de embalagens nos depósitos da própria Charme e Cheiro e a Plastique efetuaria as entregas
com frequência maior e direto na linha de produção da fábrica de cosméticos. Com isso, a Plastique
ganharia um contrato temporário de exclusividade de fornecimento com a Charme e Cheiro, e assim
tornaria-se uma excelente oportunidade de negócio para ambos. Além disso, a Charme e Cheiro
reduziria drasticamente os seus estoques de embalagens e a Plastique ganharia um contrato longo
com um grande cliente.
Para que isso seja possível executar essas mudanças, a Charme e Cheiro deve
disponibilizar para a Plastique algumas informações sobre a sua operação, tais quais: tempo de
processamento de produtos, volume diário previsto de produção por item (para que o fornecedor
saiba qual embalagem entregar) e principalmente uma previsão mensal de compra de embalagens,
que servirá de guia para a Plastique comprar os insumos necessários para a produção das
embalagens.
Dessa forma, à medida que o estoque for consumido, os operadores da Charme e cheiro
vão acionar a Plastique e ela efetuará a entrega de novos lotes. A frequência de entregas será maior,
mas com volumes de entrega menores. Entenda que a implantação desse sistema, como retratado
durante toda essa competência exige um forte compromisso e envolvimento de toda a cadeia de
suprimentos, bem como dos funcionários que atuam, além, claro, de ambas as partes envolvidas,
Charme e cheiro e Plastique.
Este exemplo, da Charme e Cheiro é de uma indústria, mas se pensarmos em uma
empresa de serviços, será que se aplica? Sim! Só que de maneira mais simples, imagine uma clínica
veterinária em que o administrador é o próprio gestor da cadeia de suprimentos, ele precisa gerenciar
seu estoque de insumos para que ao receber um cliente de emergência ele consiga ter o que é
necessário para fazer o atendimento. Para isso ele precisa ter uma ideia da demanda do seu estoque,
verificar quais dos insumos são mais importantes, fazendo aquela classificação ABC, pois no caso
desse tipo de serviço, ele lida com a vida dos animais, então certos recursos são extremamente

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Competência 04

críticos, e é necessário que ele tenha controle disso. Normalmente as clínicas costumam ter acordos
de parcerias com fornecedores, o que facilita e agiliza o processo em casos de emergências.
Veja como ficou mais fácil entender com os exemplos? Agora você pode estar aí pensando
“então o JIT tem muitas vantagens, e todas as empresas deveriam adotá-lo!”. Mas infelizmente não
é bem assim, todas elas não precisam adotar, tudo vai depender da necessidade de cada empresa.
Além disso, existem desvantagens na adoção do sistema JIT. Vamos falar um pouco sobre as
vantagens e desvantagens nos próximos tópicos.

4.5 Vantagens do Just in Time

Como vimos, a maior vantagem em se utilizar o conceito de JIT é a redução de custos da


cadeia produtiva como um todo, pois o objetivo principal do JIT é reduzir ou mesmo eliminar todo
estoque e desperdícios nas diferentes etapas de produção. Existem outras vantagens que podem ser
divididas nos seguintes aspectos, segundo o autor já conhecido aqui Bertaglia (2003):

• Redução do tempo de ciclo produtivo: os conceitos com relação à entrega direta do


material ao ponto de consumo e a decorrente redução de pontos de armazenagem
claramente influenciam a redução do ciclo. Outro destaque é que o fornecedor deve
estar próximo do ponto de consumo do material. Por exemplo, a Unilever (que é dona
da Dove que fabrica sabonete, xampus, lembra?), na unidade de Vinhedo, em São
Paulo, alojou vários fornecedores de frascos de xampus dentro de sua planta.
• Redução do nível de estoque: orientação de que os materiais devem ser entregues
de acordo com o ponto de consumo, em quantidades econômicas. Contudo, algumas
empresas preferem manter estoque de segurança em caso de contingência.
• Melhor aproveitamento de espaço: as distribuições dos materiais devem estar de
acordo com o objetivo de se obter um fluxo mais adequado ao processo, além de que
reduzir os números de locais de estoque gera mais espaço disponível.
• Redução no custo de qualidade: a imagem da empresa depende da qualidade de seu
produto. Portanto, o benefício está no ato de reduzir o retrabalho motivado pela
existência de produto defeituoso. Assim, a participação e envolvimento dos
empregados é de suma importância para que o produto seja de qualidade.

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Competência 04

Outras vantagens podem ser mencionadas como:


• Ganho de produtividade;
• Aumento na flexibilidade;
• Redução do trabalho em processo;
• Rápidas respostas dos fornecedores em caso de imprevistos;
• Ciclo de produção curto e fluxo veloz.

4.6 Desvantagens do Just in Time

Existem várias desvantagens e/ou limitações na aplicação do sistema JIT nas


organizações, vamos apresentar alguns a seguir:
• Não se aplica a todos os tipos de negócios: o processo produtivo de produtos que
apresentam uma demanda pouco previsível e com grandes oscilações pode enfrentar
sérios problemas de abastecimento de materiais.
• Risco da perda de produtividade: Outro ponto negativo do sistema é o grande risco
da perda de produtividade em função de paradas da linha de produção por falta de
material em função de atrasos na entrega por partes dos fornecedores externo e,
também, internos.
• O produto não tem disponibilidade imediata: existe um tempo de espera entre a
produção e o cliente receber. Nesse caso as empresas estão sempre tentando
aprimorar a produção visando a redução desse tempo.
• Altos investimentos em treinamento: é necessário um investimento grande em
treinamento para que todas as partes da cadeia de suprimento estejam
perfeitamente alinhadas e comprometidas.
• Resistência a nova cultura: O JIT é uma nova cultura dentro da organização e toda
cultura nova gera resistência por parte das pessoas. É preciso que a organização
esteja preparada para lidar com a resistência.

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Competência 04

• Perda da autonomia: devido à rigidez das regras e a existência de padrões que regem
os ciclos e fluxos do JIT, as pessoas perdem autonomia (individualmente ou em
grupo). As pessoas sentem a pressão para que sigam as regras estabelecidas.

Entendeu que o JIT embora pareça ser vantajoso, possui algumas limitações? Cada
organização deve verificar se tem a capacidade para implementar de forma eficaz e eficiente para
gerar bons resultados.
Esperamos que tenha ficado tudo esclarecido para você, nosso objetivo maior é fazer com
que esse material o ajude a se tornar um profissional mais capacitado.

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Conclusão
Resumo da disciplina
Você recorda o que aprendeu até aqui?
Vamos tentar resumir tudo aqui para que fique o mais claro possível.
Em primeiro lugar você precisa compreender que o gerenciamento da cadeia de
suprimentos engloba o planejamento e a gestão de todas as atividades envolvidas em identificar
fornecedores, comprar, fabricar e gerenciar as atividades logísticas. Inclui também a coordenação e
a colaboração entre os parceiros do canal, que podem ser fornecedores, intermediários, provedores
de serviços e clientes. Então posso dizer que a logística e a cadeia de suprimentos são áreas distintas?
Sim! Enquanto a logística concentra-se nas operações da própria empresa, as atividades da cadeia de
suprimentos envolve o gerenciamento dos produtos até quando eles alcançam o mercado, desde o
primeiro fornecedor até chegar ao cliente final, ela, a Cadeia de Suprimentos possui uma visão mais
ampla e panorâmica do que a visão logística, pois está ligada à estratégia da empresa. Assim, pode-
se dizer que a logística inclui:
• transporte de entrada;
• armazenagem;
• transporte de saída;
• execução;
• logística reversa.

A cadeia de suprimentos, como já vimos, é muito mais abrangente, e envolve:


• compras/aquisição;
• planejamento de fornecimento;
• planejamento de demanda;
• ERP;
• gestão de estoque;
• aprimoramento contínuo;
• fabricação;
• logística.

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Na competência 2, tratamos sobre os processos de fornecimento e dentro deste processo
destacamos as atividades de compras e de armazenagem. Na cadeia de suprimentos a área de
compras assume um papel fundamental para organização, pois é a partir da aquisição de matérias-
primas ou de serviços que as operações da organização irão se desenvolver. Vimos também, que
devemos tomar as decisões pertinentes a quais produtos e serviços devem ser produzidos ou
realizados internamente e qual devem ser adquiridos de fornecedores externos (terceirizados). Este
setor precisa pensar sempre estrategicamente traçando alternativas para lidar com os processos.
Quanto a armazenagem, vimos um pouco sobre seus processos, como também a diferença entre
armazenagem, estoque e centro de distribuição. Um ponto importante que tratamos nesta
competência e que merece destaque foi sobre os benefícios e sobre a classificação quanto à
propriedade do armazenamento.
Na competência 03 aprendemos sobre os processos de expedição. Por essa competência
foi possível saber:
• O que é expedição
• Significados de expedição dentro da logística
• Denominação e atribuições dos profissionais, agente de cargas e gerente de
expedição responsáveis por a tomada de decisão referente a expedição
• Compreender que a expedição é mais que um local de parada/passagem/entrega de
produtos
• Um ponto de destaque na competência 03 foi nos apropriarmos do conhecimento de
que a expedição é mais que o simples despacho de um item ao destino. É o
planejamento de uma ação que considera inúmeras variáveis, que envolvem:
1. O transporte, que pode ser modal ou intermodal;
2. O recebimento;
3. A armazenagem e
4. A Distribuição.

Variáveis que estão contidas na gestão da logística da Cadeia de Suprimentos, a qual


decorre da necessidade de se movimentar algo do local de origem ao destino e que são monitorados

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através de sistemas auxiliados por documentos eletrônicos e físicos que permitem mapear o
percurso, o estado e acondicionamento do que está sendo transportado, até o destino final.
Foi possível também aprender que a principal missão da expedição é garantir a
qualidade do que será recebido. Com o propósito de atender, a contento, todas as etapas e
expectativas dos stackholders envolvidos no processo do envio/recebimento do item para consumo
e/ou prestação do serviço.
Chegamos ao encerramento do e-Book, na competência 4.Onde aprendemos muito mais
coisas sobre a Cadeia de Suprimentos. Vamos tentar criar um rápido resumo de tudo que foi
aprendido nesta competência.
Primeiro começamos a falar sobre as origens do Just in Time, e depois conceituamos para
que ficasse claro como é esse processo. Juntos fomos descobrindo que o Just in Time pode ser
aplicado em qualquer tipo de empresa, que conforme suas necessidades atenda as razões da filosofia
que são três: eliminação de desperdício, envolvimento dos funcionários de produção, e
melhoramento contínuo.
Entendido a filosofia do JIT, vimos os elementos que são necessários para implementar o
JIT, sejam quais: a) classificação dos itens de estoque, b) custo do item, c) demanda, d) distribuição
ABC, acordos com fornecedores, política de estoques, pedido mínimo e indicadores de desempenho.
Além disso, observamos que o JIT possui vantagens e desvantagens. A maior das vantagens é a
redução de custos de produção, outras vantagens podem ser citadas como:

• Redução do tempo de ciclo;


• Redução do nível de estoque;
• Melhor aproveitamento de espaço;
• Redução no custo de qualidade;
• Ganho de produtividade;
• Aumento na flexibilidade;
• Redução do trabalho em processo;
• Rápidas respostas dos fornecedores em caso de imprevistos;
• Ciclo de produção curto e fluxo veloz.

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Dentre as desvantagens podemos citar:

• Não se aplica a todos os tipos de negócios:


• Risco da perda de produtividade;
• O produto não tem disponibilidade imediata;
• Altos investimentos em treinamento;
• Resistência a nova cultura;
• Perda da autonomia.

Aqui encerramos nosso percurso sobre Cadeia de Suprimentos.


E agora sim, você estudante tem o conhecimento necessário para realizar a atividade de
avaliação desta disciplina!
Até breve!

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Referências

BALLOU, R. H. Logística Empresarial, Transportes, Administração de Materiais, Distribuição Física. São


Paulo: 1ª Ed. Atlas, 2010.

BERTAGLIA, Paulo R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003.

BOWERSOX, Donald J., David J. Closs, M. Bixby Cooper. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos -
4ª Ed. 2014.

CHRISTOFER, Martin. Logística e o gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo :


Cengagelearning, 2010.

GORI, R. M. O balanceamento de uma linha de montagem seguindo a abordagem Lean


Manufacturing. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Rio Grande do Sul, 2012.

MARTINS. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 2° Ed, editora Saraiva, São Paulo,
2006.

OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Bookman: Porto Alegre,
1996.

POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais : uma abordagem logística, 4ª


Ed. 2007.

SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Planejamento dos processos produtivos têxteis.
São Paulo: SENAI-SP Editora, 2015.

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Minicurrículo do Professor

André Paes Viana


Mestre em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social (2017) pelo Programa de Pós-
Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social - PGCDS/UFRPE. É especialista em
Gestão Estratégica de Pessoas (2014) pela Faculdade Santa Maria (FSM) em Recife PE . Graduado em
Administração de Empresas (2009) pela Faculdade de Ciências da Administração de Garanhuns FAGA.
Atualmente é professor no EAD por Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na Escola Técnica
Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa (ETEPAC), no curso de Técnico de Administração.
E professor Universitário nos cursos de Administração, Publicidade e Marketing.

Luana de Oliveira Alves


Doutoranda em Administração pela UFPE na linha de pesquisa de Estratégia, operações e
sustentabilidade. Mestre em administração pela UFPE. Possui graduação em Administração pela
Universidade Estadual do Piauí (2013). Especialização em gestão financeira, auditoria e controladoria
pela UNINOVAFAPI (2016). Tem como principais interesses de pesquisa: Estratégia, Inovação,
Sustentabilidade e Marketing. Atuou como professora de Administração Nível Técnico EAD do
Secretaria de Educação de Pernambuco, Brasil.

Lucinea Maria de Lima Freire Lacerda


Mestra em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social pela UFRPE (2015), especialista
em Gestão de Negócios pelo SENAC (2011) e Bacharel em Administração de Empresas pela FAFIRE
(2008). Atua como Coordenadora e docente presencial Instituição de Ensino Superior, da rede
privada, na cidade de Jaboatão no curso de Administração. E na Educação à Distância (EAD) por
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes
da Costa (ETEPAC), no curso Técnico de Administração. Tem interesse por eventos que busquem
articular comunidade acadêmica-sociedade. E pelos temas: Inteligência Artificial, Internet das Coisas
(IOT) e Tecnologia Assistiva.

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