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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
MECÂNICA
DISCIPLINA LOGÍSTICA EMPRESARIAL I
SEMESTRE 2022.2

SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE TRANSPORTE


(TMS)

Maria Jara Rodrigues Pernambuco - 471332


Sávio José Baima Lemos Carneiro- 471115
Tânia Heliala Rocha de Oliveira - 495305
Victor Duarte Tavares da Costa - 470622
Jéssica Maria da Silva Alves - 473170

FORTALEZA - CE
2022
SUMÁRIO

1. Introdução 3
1.1 Origem da logística e cadeia de suprimentos 3
1.2 Transportation Management System (TMS) 4
2. Estudo de casos 4
2.1 A avaliação do transportation management system (TMS) nas operações
logísticas de uma indústria brasileira de bebidas 4
2.2 Sistema de gerenciamento de transportes aplicado a uma média
transportadora de cargas diversas 8
2.3 Melhoria da integração da cadeia de suprimentos pela implementação do
TMS - Transport Management System. 14
2.3.1 - Problema/Oportunidade 15
2.3.2 Método 15
2.3.3 Situação anterior ao projeto. 17
2.3.4 Situação atual. 18
2.3.5 Análise dos resultados. 20
3. Conclusão 22
4. Referências 23

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1. Introdução

1.1 Origem da logística e cadeia de suprimentos

A origem da palavra logística vem do grego “Logistikos’’, possuindo como seu


significado cálculo e raciocínio no sentido matemático. Conforme o dicionário
Aurélio, a palavra logística vem do francês “logistique” tendo como um de seus
significados “a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de:
projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição,
reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou
administrativos”. Portanto podemos definir a logística como a satisfação do cliente
ao menor custo ou até mesmo como a arte de prever para prover.

Figura 1 - Logística de Guerra 1943.

Fonte : Pagina Operações militares blog, 2016.

Outro conceito muito próximo da logística é o de supply chain management


(SCM), que teve seu surgimento em meados do século XX como parte da revolução
industrial. Utilizando-se de linhas de montagem para acelerar a produção, as
empresas reduziram o tempo estimado do processo de compra de insumos,
fabricação dos materiais e entrega dos produtos ao cliente, esse método recém
descoberto possibilitou que as empresas elevaram bastante seus lucros

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Podemos atestar então que, o termos logística e supply chain têm uma
profunda similaridade, já que ambos têm a intenção de satisfazer o cliente com o
menor gasto possível

1.2 Transportation Management System (TMS)

No início da década de 1990, surgiram no mercado softwares de


armazenamento de informações e integração de sistemas. Dentre eles, o
Transportation Management System ou Sistema de Gerenciamento de Transporte
(TMS).
O TMS se trata de um software online para o setor de transportes, sendo
responsável pelo controle e coordenação da administração em geral. Esse sistema
direciona, de forma incorporada, a distribuição do produto com programação
automática da situação da entrega do cliente com agendamento de entregas e
rastreamento. Essa ferramenta também consegue diferir e medir os custos na
cadeia de transporte e até mesmo os custos da gestão dos recursos materiais.
Entre eles: as perdas de manutenção da frota e índices de avarias nas entregas.

2. Estudo de casos
Apresentamos três estudos de casos que estão inteiramente ligados ao
Sistema De Gerenciamento de Transportes (TMS). Tais estudos foram baseados em
artigos, revistas e periódicos que estão disponíveis na referência bibliográfica.

2.1 A avaliação do transportation management system (TMS) nas operações


logísticas de uma indústria brasileira de bebidas
O mundo globalizado está em constante mudança, essas mudanças
impulsionadas pela tecnologia e informação impactam diretamente nas novas
necessidades do mercado consumidor. Baseando-se nisso, o sistema logístico das
empresas tem papel fundamental como impacto de competitividade, em atender o
cliente cada vez mais rápido e com maior qualidade. Logo, as empresas buscam
cada vez mais, investimentos em tecnologias logísticas, como diferencial de seus
segmentos.
Na indústria de bebidas brasileira, não é diferente dessa realidade, já que
11,5% do PIB do Brasil está direcionado a custos logísticos, sendo que ao

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analisarmos esses custos logísticos em atividades como transporte, estoque e
armazenagem, compromete 8,7% da receita líquida das empresas brasileiras.
Dessa forma, dentre uma das maiores indústrias de bebidas do Brasil, a
Kaiser atua em todo o território nacional. A estrutura da empresa é composta por
alguns departamentos, que fisicamente estão descentralizados na área de atuação
e proporcionam o suporte necessário às atividades corporativas da empresa. As
operações logísticas da empresa ocorrem entre as mais de trinta fábricas e cem
CDs, distribuídos em distintas regiões do Brasil, envolvendo atualmente, a operação
envolve, aproximadamente, 25.250 pessoas, sendo 24.000 terceirizados e 1.250
próprios.
Assim, a Kaiser realizou a implementação de um TMS (TRANSPORTATION
MANAGEMENT SYSTEM) visando o controle das atividades logística, mas o
destaque da contribuição está nas atividades primárias por fornecer grande
quantidade de dados necessários para a empresa usar no acompanhamento e
execução das demais etapas do processo. A importância do software para os
processos secundários está na leitura que este faz da TI da empresa prestadora de
serviços, alimentando assim o ERP da empresa com as informações necessárias
para acompanhar o andamento do processo. Pois uma das grandes dificuldades
presentes nesse tipo de operação é a integração com empresas terceiras que
prestam serviço de frente junto a Kaiser.

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Figura 2 - Fluxo de integração com TMS

Fonte: Goettems, 2014.

Dentre as etapas implementadas do TMS, na primeira etapa é a entrada do


pedido sendo realizada por um EDI - Eletronic Data Interchange, que proporciona
uma automatização no processo ao integrar junto ao OMS ((Order Management
Systems) da empresa. Na segunda etapa, promessa de disponibilidade, é verificado
os níveis de estoque, através do WMS para determinar a evolução do pedido para a
próxima etapa, como também para organizá-los por prioridades. Na etapa 3 envolve
os processos de abastecimento, gerenciamento e monitoramento da frota em tempo
real, e aquisição de dados. Após essa etapa, o material segue para a expedição e o
controle da carga, nos quais tanto a frota como a carga são monitorados.
Tecnologias como EFID e GPS - Global Positioning System, enviam informações em
tempo real para o TMS sobre controle dos combustíveis e lubrificantes inclui
aspectos, como a integração com o sistema de alimentação eletrônica e o Custo
Total da Frota (CTF) (Total Fleet Control - TFC).

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Figura 3 - Programação do transporte

Fonte: Andrade et al. 2016.

Para avaliar os impactos no sistema logístico, causados pela implementação do


TSM, foram definidos algumas métricas divididas em grupos como Gestão,
Operacional e TI. A metodologia de avaliação escolhida foi qualitativa, comparando
as opiniões dos entrevistados responsáveis por cada setor envolvido na operação
antes e depois da implementação do sistema. Dessa forma, a análise obtida é que o
sistema implementado gerou ganhos práticos para empresa, sendo o seu principal
impacto nas estampas de agendamento da coleta, montagem da carga e
roteirização, como mostra o gráfico abaixo.
Gráfico 1 - Comparativo de grau de contribuição do TMS na integração entre a operação de
transporte e as demais atividades logísticas

Fonte: Andrade et al. 2016.

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2.2 Sistema de gerenciamento de transportes aplicado a uma média
transportadora de cargas diversas
A função de uma transportadora é movimentar produtos da origem da carga
até seu destino final, e em muitos casos devolver à sua origem, quando os materiais
não serão mais utilizados, quando há insucessos na entrega ou simplesmente foram
recusados pelo destinatário.
Para a atividade ocorrer normalmente, todos os envolvidos no processo
devem trocar informações e acompanhar o que está sendo feito. Portanto, a
tecnologia torna possível que um sistema seja capaz de monitorar o processo como
um todo, fundamental para que o negócio do transporte prospere no tempo.
Com o objetivo de realizar serviços de excelência para satisfação dos
clientes, as empresas que pertencem a esse segmento (logística e transporte)
utilizam um sistema de gerenciamento de transporte (TMS), cuja escolha deve levar
em consideração as características da operação e necessidades da empresa.
O artigo em questão traz uma transportadora especializada no segmento de
cargas e encomendas urgentes e atua no interior de São Paulo há quase uma
década. Seus principais clientes efetuam vendas virtualmente (e-commerce), bem
como catálogos e mídias impressas, TV por assinatura e telemarketing. Para
garantir um bom nível de serviço, a transportadora conta com cem veículos próprios
e agregados e sua missão é ser referência como provedor de soluções logísticas e
transportes de cargas fracionadas na região sudeste. Para isso, busca oferecer ao
mercado uma completa e diversificada estrutura física e tecnológica e potencial
humano.
O sistema de gerenciamento de transportes que a transportadora utiliza é o
SSW, um sistema online, que permite que as atualizações aconteçam a todo
instante, além do mais, foi desenvolvido especialmente para transportadoras de
carga fracionada, por isso os idealizadores do SSW têm uma vasta experiência
neste segmento, o que garante que o software atenda às necessidades da empresa.
Antes da empresa contratar um sistema para fazer o gerenciamento de todos
os processos que fazem parte do transporte, e assim atender a solicitações de
clientes, diariamente preenchiam-se planilhas eletrônicas para informar ocorrências
de entrega. Atualmente essas informações são visualizadas no sistema da
transportadora e visualizadas no sistema do cliente, essa atualização é feita via EDI.

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O sistema é separado por opções, cada opção possui sua numeração e uma
funcionalidade diferente: atendimento ao cliente, cálculo de frete, controle de prazos
de entrega, relatórios gerenciais, emissão de CTRC de entrega e devolução,
cadastro de agregados, cadastro de clientes, entre outros itens fundamentais para
gestão de uma empresa no segmento de transportes.
Cada funcionário possui um login de acesso que constitui em uma senha e
nome para ingressar no sistema. As funções disponíveis são liberadas de acordo
com o cargo ocupado e as funções que o colaborador exerce na organização.
Portanto, um colaborador que trabalha na conferência de mercadorias, não tem
acesso às informações financeiras.
Antes do TMS ser implantado, para efetuar a conferência de cargas que
estava sendo recepcionada, o conferente se baseava no manifesto enviado pelo
cliente (um documento com a relação de todas as notas fiscais), e de acordo com a
etiqueta de volume, era realizado uma marcação no manifesto que indicava que o
volume de fato estava sendo recebido. Atualmente, quando um veículo chega à
transportadora para descarregar mercadorias, um arquivo XML contendo todos os
dados das notas fiscais é inserido no sistema. A partir disso, o conferente utiliza o
leitor de código de barras para conferir todos os volumes individualmente. Nesta
conferência, o software emite automaticamente uma etiqueta própria da empresa na
qual é colada na caixa, nesta etiqueta contém informações do tipo: sigla da filial
destino e a numeração da praça.
A praça é a cidade de entrega, por isso é um processo essencial para que os
volumes sejam endereçados corretamente, evitando que tenha perda de tempo ao
localizar o volume, o que pode acarretar atrasos na entrega final.
Sobre o rastreamento de pedidos, antes do TMS ser aplicado, havia uma
demanda muito grande por parte do cliente que solicitava informação sobre
situação de todas as entregas, todavia, a transportadora não conseguia informar
instantaneamente o local onde as mercadorias estavam, e a falta de resposta
revertia em débitos. Já atualmente, visando excelência no atendimento, um volume
pode ser rastreado de ponta a ponta, logo, assim que ele dá entrada na
transportadora, e em alguns casos, até a devolução do produto, o cliente consegue
rastrear sua entrega através da internet, o que agrega transparência na operação e
satisfação do cliente.

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Para rastrear o pedido, o cliente tem a opção de acessar tanto o site da loja,
quanto no próprio site da transportadora, utilizando informações como número da
nota fiscal e CPF/CNPJ do comprador. Ao rastrear a entrega, o cliente tem acesso a
informações em tempo real, como: data e horário de chegada do volume na
transportadora, data da transferência, saída para entrega e ocorrências.
As ocorrências são informações geradas após um insucesso na entrega, ou
finalização da mesma. São inseridas pelo expedidor após a prestação de contas do
entregador, porém não é interessante que um volume retorne para a transportadora
devido um insucesso, portanto assim que identificado o insucesso e realizado a
baixa no sistema, é realizada uma tratativa (ativo com o cliente destinatário) que
visa solucionar a pendências para que a entrega seja concluída.
Abaixo, está a tabela de ocorrências disponível no sistema SSW, sendo que
cada uma é identificada por um código numérico diferente. É importante ressaltar
que algumas ocorrências podem significar que haverá uma nova tentativa de
entrega mesmo sem a realização da tratativa, e outras significam que o volume será
encaminhado ao setor de devolução.

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Tabela 1 - Lista de ocorrências de entregas

Fonte: Borges, 2013.

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Antes do sistema ser implantado, a atividade de localizar um comprovante de
entrega em meio a várias se tornava uma tarefa complicada. Para essa atividade a
transportadora recebia solicitações de vários clientes, no qual, determinados
comprovantes deveriam ser enviados para análise ou apenas confirmação de
entrega, para isso, buscava-se no arquivo morto, o que demandava mão-de-obra e
tempo de procura.
Atualmente, assim como as ocorrências são visualizadas pelos destinatários,
também é possível visualizar no site o comprovante assinado pelo recebedor. O
comprovante é o próprio CTRC assinado pelo recebedor. Na transportadora, antes
da utilização do TMS, as baixas eram feitas manualmente (digitava-se nome do
receptor, documento, data e horário da entrega). Ademais, com o auxílio a de um
scanner capaz de digitalizar cinquenta comprovantes por vez, a empresa ganha
tempo, diminui recursos de mão de obra e alimenta o sistema com uma maior
rapidez, fazendo que o cliente pagador tenha a confirmação da entrega com mais
agilidade.
A emissão de conhecimentos de transportes de cargas somente é realizada
após a chegada do veículo com a carga na transportadora, com base nas notas
fiscais correspondentes das mercadorias em uma determinada opção no sistema,
no qual o prazo de entrega é calculado automaticamente de acordo com o CEP
destinado.
No instante em que os conhecimentos são emitidos, cálculos e verificações
são efetuados automaticamente pelo sistema, como: situação do cliente, impostos,
valor do frete, cidade destino. Somente após a emissão desses conhecimentos
inicia-se o descarregamento do veículo.
O controle de prazos de entrega antes do TMS ser aplicado, funcionava por
meio do Excel e controle visual, onde as datas de entrega eram carimbadas nas
notas fiscais. Após o sistema ser aplicado, em uma determinada opção no sistema,
é possível obter informações de quantidade total de volumes que estão no armazém
da matriz e filiais, separadamente, bem como os prazos de entrega. Essa
funcionalidade é muito utilizada para realização de programação de entregas,
separação de rotas, etc.
O TMS utilizado pela transportadora oferece treinamentos em vídeo
periodicamente, além de proporcionar alterações necessárias para o negócio. Os
treinamentos mostram de maneira prática como cada opção no sistema deve ser

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utilizada, como videoaulas. Além do mais, em cada tela, há uma opção de clicar no
campo “ajuda” onde se encontram explicações referentes a todas as possibilidades
que o sistema traz.
Na utilização do sistema, pode ocorrer alguns erros devido a grande
rotatividade dos funcionários, pois nem todos possuem o mesmo nível de
treinamento na empresa, até mesmo os funcionários treinados podem errar e
impactar no nível de serviço. Dentre os erros que ocorrem, a emissão de
conhecimentos de transporte rodoviários para efeito de devoluções, que atualmente
são emitidos manualmente, algumas vezes são emitidos em duplicidade, na qual
sempre um deles permanece pendente no sistema gerando atraso e prejudicando o
desempenho da operação sendo isso o fato que mais gera a “sujeira” no sistema.
Os erros também ocorrem ao preencher quantidade de volumes, peso, e
destinatário final, e em alguns casos a geração de frete indevido (para mais ou para
menos) também prejudica a empresa.
A implantação do TMS acarretou em uma ocupação de veículos melhor
gerenciada, uma vez que a programação de coleta e transferência é realizada com
base nas informações de peso e m³ que são facilmente visualizadas no sistema e
não baseada em feeling do pessoal do operacional. Portanto, não há excesso de
peso no veículo, o que antes gerava altos custos com manutenção e troca da frota,
e, além disso, o espaço é mais bem aproveitado, o que também resulta em redução
de custos. Outro fator importante para a empresa foi que devido à facilidade de
programação de entregas e o total controle sobre os prazos, as multas cobradas
pelos clientes em consequência de atrasos de entregas, diminuíram cerca de 70%.
Sobre os extravios de mercadoria que ocorrem na empresa, com a
implantação do sistema, identificou-se que no primeiro momento o número de
extravios subiu devido à empresa ainda não ter expertise no novo sistema e
também devido ao crescimento acelerado da empresa. Porém ao passar a curva de
aprendizado da equipe, os causadores dos problemas foram eliminados.
No assunto referente a diminuição da mão de obra, de acordo com dados
coletados na empresa, a implantação do TMS para gestão total do transporte
diminuiu custos consideravelmente e os números chegam a 10% do faturamento
anual. Apesar de todas as melhorias que o sistema traz para a empresa, algumas
dificuldades ainda permanecem. Desde a implantação do sistema a maior

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dificuldade da organização tem sido o usuário do sistema que não se empenha em
conhecer as ferramentas que têm disponíveis.

2.3 Melhoria da integração da cadeia de suprimentos pela implementação do

TMS - Transport Management System.


O artigo em questão demonstra a implantação do TMS (Transport
Management System) na melhoria da integração da cadeia de suprimentos em uma
indústria de alimentos e bebidas de tal forma a reduzir custos operacionais e
melhorar o nível de serviço no atendimento ao cliente. Segundo o apresentado no
artigo, empresa estudada encontrava-se em uma situação insatisfatória, onde
clientes reclamavam-se do nível de serviço recebido, transportadoras solicitaram
aumento nas tarifas, fornecedores queixavam-se da demora no processo de
descarga nas unidades recebedoras, as unidades operacionais reportavam atrasos
nas entregas e o orçamento de fretes ficava cada vez mais vulnerável.
A empresa estudada é uma multinacional de grande porte que está
presente no país desde o ano de 2005 e atua na produção de produtos funcionais
no segmento de alimentos e bebidas, possui oito unidades fabris distribuídas nas
regiões Sudeste e Nordeste e atualmente conta com cerca de 3.000 funcionários na
operação no Brasil. A companhia teve crescimento expressivo nos últimos anos e
tem como característica muito marcante aquisições de outras empresas para
expandir seu nicho de atuação.
Neste trabalho estão contidos os critérios e parâmetros utilizados na
seleção e implantação do software TMS escolhido bem como os ajustes efetuados à
operação logística para aprimorar o processo de atendimento a clientes,
possibilitando a redução dos custos totais da cadeia, aumento da eficiência
logística, redução dos trechos improdutivos que resultam na diminuição das
emissões de CO2 e a melhoria substancial nos principais indicadores logísticos da
companhia, melhorando os índices de satisfação dos clientes e tornando-se
benchmarking para as demais empresas do grupo, dando ao leitor uma ideia geral
sobre as atividades realizadas para a obtenção destes resultados.
O objetivo do trabalho foi demonstrar a implantação do TMS (Transport
Management System) por meio da reestruturação dos processos logísticos na
melhoria da integração da cadeia de suprimentos em uma indústria de alimentos e

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bebidas, de tal forma a reduzir custos operacionais e melhorar o nível de serviço no
atendimento aos clientes.

2.3.1 - Problema/Oportunidade
A empresa estudada experimentava um período de aumento no volume de
vendas, porém além de acompanhar o crescimento desproporcional dos custos
operacionais, via seus principais concorrentes praticarem preços menores e se
deparava com cada vez mais novos entrantes, perdendo market share (termo em
inglês que significa fatia ou quota de mercado - voltado ao nicho de atuação).
Ademais, sob o aspecto operacional, a empresa encontrava-se em uma situação
também muito insatisfatória, onde clientes reclamam do baixo nível de serviço
recebido (indicador de CFR abaixo de 78%), fornecedores pressionavam a empresa
para mudar a forma de negociação da venda dos insumos de CIF (termo
internacional de comércio para cost, insurance and freight, onde o fornecedor é o
responsável por todos os custos e riscos inerentes à venda e entrega da
mercadoria) para FOB (termo internacional de comércio para free on board, onde o
comprador assume todos os riscos e custos inerentes à aquisição e retirada da
mercadoria) queixando-se da demora no processo de descarga nas unidades
recebedoras,as unidades operacionais reclamavam do nível de serviço recebido das
transportadoras e reportavam frequentes atrasos nas entregas dos insumos (índice
de pontualidade nas entregas inferior a 75%) e o orçamento de fretes da empresa
ficava cada vez mais vulnerável em decorrência de todo este contexto.

2.3.2 Método
Ao constatar com clareza tamanha importância da logística (especialmente
transportes) no nível de serviço e nos custos incorridos, foi realizada análise
minuciosa acerca da sua composição, que segundo complemento das visões
mostradas por FARIA (2010, p. 86) e CAIXETA-FILHO (2014, p. 92) são
basicamente influenciados por: (i) distância percorrida; volume e densidade;
facilidade de acondicionamento e de manuseio; possibilidade de carga de retorno;
processo de carga e descarga; sazonalidade da demanda por transporte;
especificidade da carga transportada e do veículo utilizado; perdas e avarias; vias
utilizadas e pedágios e fiscalização; prazo de entrega; aspectos geográficos; custos

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operacionais; sendo grande parte destes fatores gerenciáveis pela própria
organização.
Após esta constatação foi realizado mapeamento detalhado das oportunidades em
todos os elos da cadeia - contemplando desde o fornecimento dos principais
insumos de produção até o escoamento dos produtos acabados para os clientes -
onde foram mapeadas as iniciativas necessárias à realização do projeto,
destacados a seguir:

1. Revisão dos processos de contratação de fretes para viabilizar a fusão das


operações de INBOUND e OUTBOUND:
- Alteração do modelo de compras de fretes para a operação de INBOUND
(processo de compra e recebimento de insumos dos fornecedores com o
objetivo de abastecimento fabril), migrando as negociações da área de
Compras para a área de Transportes;
- Alteração do INCOTERM (abreviação para international commercial terms,
ou seja, termos internacionais de comércio que fazem parte da
regulamentação internacional para o comércio) utilizado na negociação dos
principais insumos, passando de CIF para FOB;
- Realização de nova licitação (BID) de transportes que unisse as operações
de INBOUND e OUTBOUND (processo de expedição e escoamento de
produto acabado visando o atendimento a clientes), considerando a
realização de circuitos estáticos;

2. Revisão do fluxo de atendimento a clientes:


- Centralização do processo de montagem das cargas, viabilizando a captura
da sinergia entre as operações, localizadas em diferentes estados, dado que
os analistas poderiam passar a discutir a realocação dos veículos que
estariam se deslocando entre as unidades, melhorando o aproveitamento dos
veículos por meio do mapeando das rotas onde havia possibilidade de
utilização das cargas de retorno.

3. Definição de ferramenta (sistema de informação) que permitisse:


- O agendamento das entregas nos clientes com seu acompanhamento e
gestão on-line (com frequência superior à meia hora), pontuando paradas

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não permitidas e saídas da rota que pudessem acarretar em eventuais
atrasos;
- Localizar facilmente o posicionamento atual dos veículos (especialmente os
que estivessem em trânsito e/ou aguardando descarga em uma determinada
localidade/região) para que pudessem ser realocados em uma nova carga de
retorno;
- Controlar os tempos de direção dos motoristas, assegurando que o tempo
total na condução do veículo não fosse superior a 10 horas diárias e
garantindo também a realização das paradas obrigatórias (intra e
interjornada) - conforme estipulados na Lei 12.619 de 30 de abril de 2012;
- Outros recursos do sistema; Neste universo de alternativas, a empresa
estudada considerou em seu estudo os seguintes softwares: Angel Lira, GKO
Plus, Open TMS, SASCAR e SLIIC.
Desta forma foi possível compreender os aspectos que careciam de maior
atenção, podendo ser alvo dos esforços principais, norteando a cronologia dos
eventos.
O compartilhamento do projeto com os principais stakeholders (clientes e
fornecedores internos e externos) ocorreu antes do início das atividades, sendo de
fundamental importância para garantir que, além de serem convencidos da
necessidade de implementação, os principais elos também pudessem se envolver
não só no fornecimento das informações, mas também se comprometessem na
construção do processo bem como no aprimoramento das ferramentas,
conferindo-lhes ainda mais aplicabilidade.

2.3.3 Situação anterior ao projeto.


As transportadoras enviavam e-mail com uma planilha padrão contendo
informações sobre o posicionamento dos veículos duas vezes ao dia (pela manhã e
após o almoço) e estas informações eram incluídas manualmente (digitadas) em um
sistema. Este processo era muito arcaico e vulnerável. Logística da empresa
estudada pertencem à permite visualizar como era o organograma da área
atividades de programação das coletas, faturamento e expedição das cargas e
monitoramento é possível observar que as áreas de logística e de transportes
contavam com 32 colaboradores, dos quais 16 estavam na logística (01 gerente, 03

17
supervisores e 12 analistas distribuídos nas 08 unidades) e outros 16 colaboradores
em transportes (01 gerente, 02 supervisores, 06 analistas e outros 07 assistentes).

Figura 4 - Fluxo Operacional de Atendimento a Clientes (Anterior).

Fonte: Romanini, 2015.

2.3.4 Situação atual.


A empresa estudada mapeou os requisitos que o software TMS deveria
suprir das opções disponíveis no mercado baseando sua escolha nas seguintes
premissas:
-Cadastros básicos: Controlar veículo e motorista (e controle das respectivas
documentação além de impedir a utilização de motoristas ou veículos bloqueados
bem como para facilitar na verificação da documentação, evitando utilizar-se de
recursos com documentos vencidos.
- Cadastrar também unidades embarcadoras e recebedoras (com as respectivas
geográficas), para permitir o controle dos locais de carga e descarga e respectivos
controles de operação (chegada, saída e tempos de permanência).

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- Controles Logísticos: Check list avaliação das condições dos veículos, arquivando
registros fotográficos que evidenciem eventuais irregularidades encontradas que
impeçam a utilização do veículo.
-Monitoramento das viagens, acompanhando o status atual das entregas
(cumprimento dos prazos estipulados, registrando os tempos início e fim de viagem,
tempos de espera para carga e descarga e o cumprimento das agendas de coleta e
entrega) gerando o posicionamento atual da frota, permitindo a realocação dos
conjuntos com cargas de retorno, viabilizando a sinergia entre as unidades.

Após considerar as principais alternativas de TMS disponíveis no mercado,


ponderar, para cada uma das alternativas escolhidas os recursos contidos na lista
acima, o software TMS escolhido foi o SLIIC1 (vide detalhes na figura abaixo).

Figura 5 - Quadro comparativo das soluções de TMS consideradas

Fonte: Romanini, 2015.

A Figura 4 ilustra, resumidamente, o funcionamento atual do fluxo operacional


de atendimento a clientes (após reformulação), que mantém seu início com a
inclusão de novos pedidos sendo executado pela equipe de Customer Service

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(localizada na Unidade B). A área de Transportes foi incluída na sequência com a
responsabilidade de planejar as entregas, avaliar as capacidades operacionais(de
expedição e de recebimento), agendá-las junto aos clientes e informar o plano de
atendimento às transportadoras (anteriormente responsabilidade de cada uma das
unidades operacionais).Este ajuste permite a realização de sinergias e a captura de
todos os seus benefícios.

A conclusão do processo de centralização da montagem das cargas (ilustrado


resumidamente na Figura 4) possibilitou a reestruturação da diretoria, reduzindo o
número de colaboradores da área mediante a automatização do processo aliado
aos ganhos de eficiência e sinergia obtidos, relacionados na Figura 5 abaixo.

Figura 6 - Fluxo Operacional de Atendimento a Clientes

Fonte: Romanini, 2015.

2.3.5 Análise dos resultados.


A implantação do sistema TMS acompanhado das adequações operacionais
descritas (especialmente a criação da central de programação das cargas) conferiu
à empresa alguns excelentes resultados já mapeados em transportes, como a
redução das tarifas de frete, aumento da ocupação dos veículos, diminuição na

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utilização de trucks e redução dos trechos rodando vazio que também acarretou na
redução das emissões de CO2 Foi possível observar ainda a melhoria substancial
nos principais indicadores de desempenho logístico da companhia

Figura 7 - Relação entre atividades realizadas e as melhorias obtidas.

Fonte: Romanini, 2015.

Ao observar que, além de recuperar sua competitividade e melhorar a


satisfação de seus clientes, o grande desafio a ser superado seria unir as operações
de INBOUND e OUTBOUND sob uma mesma área, a empresa traçou projetou as
atividades em um plano de aproximadamente 04 anos para a sua conclusão
definitiva, que contou com investimento extremamente baixo aplicado na ferramenta
de tecnologia e, por meio do comprometimento dos stakeholders, reduziu os custos
totais da cadeia (especialmente as tarifas de fretes praticadas pelas
transportadoras, que refletiu não só no orçamento de fretes como também no custo
dos insumos), aumentou a eficiência logística (melhorando a ocupação interna dos
veículos e aumento da utilização de veículos com maiores capacidades de carga),
que resultaram no aumento da satisfação dos clientes (internos e externos) e
devolveram a competitividade necessária à organização.

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3. Conclusão

Diante da estrutura tecnológica que as empresas estão inseridas, atualmente,


a criação e manutenção de uma cadeia de distribuição integrada é cada vez mais
necessária. A tecnologia da informação (T.I) é um dos principais meios para a
manutenção de um sistema íntegro e seguro, e é ela que é responsável por manter
a integração da logística da empresa através do sistema de gerenciamento de
transportes (TMS)
O TMS é uma forte ferramenta para aumentar o bom desempenho logístico
de empresas que utilizam fontes de integração das cadeias de distribuição, uma vez
que gera uma melhor performance de cada etapa do processo e favorece o
gerenciamento dos componentes logísticos, proporcionando maior credibilidade nas
tomadas de decisão.
Com a análise dos estudos de caso, é possível perceber a eficiência da
implantação do TMS nas empresas em questão. A ferramenta gerou diversos
ganhos, sendo um deles a rapidez no acesso às informações e a disponibilização de
dados em tempo real.
Diante do exposto, é possível concluir que, apesar do alto investimento
requerido para a implantação e manutenção, o TMS é uma ferramenta essencial
para a saúde logística das grandes organizações, e tende a crescer mediante a
evolução de novas tecnologias e da indústria 4.0.

22
4. Referências
Borges, Amanda Caprara. Sistema de gerenciamento de transporte aplicado a uma
média transportadora de cargas diversas. América - SP, 2013. Disponível em:
http://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/1279/1/20132S_BORGESAmandaCapr
ara_TCCLOG0096.pdf. Acesso em: 27/11/2022.

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