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PROGRAMAS DE RÁDIO PARA CRIANÇAS

E O MOVIMENTO DA CANÇÃO INFANTIL LATINO-AMERICANA E CARIBENHA:


contribuições para o campo educacional
Ana Consuelo Ramos
ana.consuelo@hotmail.com

Docente – Escola de Música da UEMG


Doutoranda em Educação – PUC Minas
Brasil

Forma de apresentação: audiovisual


Vinculação ao tema do Congresso: Pensamento Educacional da América Latina

Resumo
A partir do estudo da canção para crianças, refletimos sobre sua produção e
veiculação pelo Movimento da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha
(MOCILyC), discutindo conceitos de infância e cultura infantil; música e canção para
criança e suas diferentes formas de difusão na atualidade. O objetivo principal da
pesquisa é analisar programas de rádio coordenados por integrantes do Movimento,
destacando objetivos, público a que se dirigem, bem como seus pressupostos
filosóficos e conceituais. Os procedimentos de pesquisa têm caráter qualitativo,
focalizando a divulgação da produção do MOCILyC por meio de quatro países
participantes – Brasil, Colômbia, Cuba e México. A metodologia envolve entrevistas
aos fundadores do Movimento, como Rita del Prado e Jorge Sossa, e aos
coordenadores dos programas de rádio: Serelepe: uma pitada de música infantil
(Brasil), Con alma de niños: una expedición al mundo infantil (Colômbia) e @ Ton y
Son: canciones para la infância y alrededores (México). As crianças ouvintes também
são sujeitos privilegiados deste estudo.

Palavras-Chave: Infância, Cultura, Música para crianças, Canção latino-americana e


caribenha.

Introdução
Essa pesquisa, em andamento, focaliza a canção para crianças, a partir da produção
do Movimento da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha (MOCILyC1) e da

1
A sigla MOCILyC refere-se ao nome do Movimento em espanhol: Movimiento de la Canción Infantil
Latinoamericana y Caribeña. Disponível em: https://www.facebook.com/mocilyc (Acesso em
11/11/2014).

1
divulgação desta em programas de rádio, e de rádio web, produzidos ou coordenados
por seus integrantes. O estudo visa, ainda, a averiguar as contribuições desse
Movimento para a cultura infantil, discutindo os conceitos de infância e cultura infantil,
música e canção para criança, e suas diferentes formas de difusão na atualidade. A
abordagem da pesquisa, de caráter qualitativo, envolve entrevistas semiestruturadas
a fundadores do MOCILyC como Rita del Prado (Cuba) e Jorge Sossa (Colômbia),
para se verificar as ideias iniciais do Movimento e a coordenadores de três programas
de rádio – Eugenio Tadeu (Brasil), Jorge Sossa (Colômbia) e Julio Gullco (México).
Haverá uma roda de conversa com crianças para se obter uma amostragem da
recepção e audiência dos programas selecionados.

As questões levantadas sugerem diálogos nos âmbitos da Educação, da Música e da


Comunicação como forças relevantes para a construção do conhecimento e o
enriquecimento da cultura infantil, em favor da criança, por meio da música dedicada
a esse público.

A canção para crianças ou canção infantil


Apresento uma breve revisão bibliográfica que traz reflexões sobre a canção e suas
diferentes acepções, funções, formas de recepção e apropriação, uma vez que,
frequentemente, há uma fusão dos conceitos de canção e música, isto é, designa-se
à canção, que é considerada um gênero musical, a condição de música, indistinta e
genericamente.

As canções ou cantigas de ninar fazem parte do cotidiano familiar e estabelecem-se


como meio de comunicação entre pais e filhos. Aliadas aos brinquedos de roda
integram significativamente o universo da criança, refletindo diretamente sobre a
cultura de toda a sociedade. Muito se tem estudado sobre essa aparente
informalidade na educação infantil que, quando bem direcionada em contextos
escolares, podem valorizar ainda mais a canção como meio de inter-relação e de
expressão (ILARI, 2002; BEYER, 2005; BRITO, 2003); dentre outras.

WILLE e OLIVEIRA (2008, p.01) relatam sobre o uso da canção como ferramenta no
ensino fundamental, e explicam que “uma das funções da escola deve ser o

2
estabelecimento de links, de significados entre os objetos culturais midiáticos e o
saber elaborado”. Mencionam como as canções são empregadas nas comemorações
tradicionais escolares, argumentando que, muitas vezes, as atividades musicais
nesse âmbito, carecem de sentido estético e humano significativos. OLIVEIRA (2002,
p.207) descreve o papel social e educativo da canção, afirmando que: “a função social
refere-se ao objetivo da canção em favorecer o desenvolvimento do caráter, da
socialização, do civismo e da disciplina”. A função educativa “focaliza na formação de
hábitos e atitudes (...) na maioria das vezes, a canção não tem função musical em si
mesma, consistindo, portanto, em um recurso para ensinar outras disciplinas”.

Nas aulas de Música em escolas especializadas, educadores defendem o valor da


canção como recurso pedagógico desde o primeiro contato do aluno com o
instrumento musical (RAMOS e MARINO, 2003). Grande parte dos materiais para o
ensino do instrumento, na sua fase inicial, traz melodias com letra o que é
exemplificado em GAINZA (1987); CASTRO (2004); dentre outros.

MACHADO (2009) apresenta um mapeamento da produção discográfica direcionada


para crianças das décadas de 1990 e 2000, catalogado em seis categorias: repertório
de domínio público infantil, repertório autoral, arranjos de canções populares,
repertório de outros países, registros de contexto pedagógico e histórias com música.

Mas ficam as questões: o que podemos considerar como ‘canção para criança’ e o
que caracterizaria, de fato, o ‘infantil’ em uma canção? Essas concepções serão
tratadas na minha pesquisa, a partir de referenciais teóricos e, também, por meio das
entrevistas aos fundadores e integrantes do Comitê Permanente do Movimento da
Canção Infantil Latino-americana e Caribenha (MOCILyC).

O escritor e músico argentino, Luis María Pescetti, um dos fundadores do MOCILyC,


afirma que existem três elementos que fazem o ‘infantil’ nas canções para crianças
pequenas: “1) o evidente: as letras referem-se a um mundo infantil. 2) Na maioria dos
casos, musicalmente, se trabalha com uma grande economia de recursos, e utilizando
uma linguagem, tanto verbal como musical, muito simples. 3) A presença do jogo”. No
entanto, a discussão vai além do exposto, pois ele também acredita que é
perfeitamente possível que uma criança possa interessar-se por outros temas. Explica

3
que suas experiências com um programa de rádio mostraram que os meninos aceitam
os mais variados e complexos materiais desde que o jogo esteja presente, ou seja,
desde que se conserve o clima infantil (PESCETTI, 2005, p.23).

Não é necessário que se cumpram essas três características ao


mesmo tempo, e na mesma intensidade ou importância. A presença
de uma ou duas de maneira significativa, clara, permite que a outra ou
as outras duas se possam ‘forçar’ com um tratamento mais complexo.
De todas as maneiras ficará o ‘sabor do infantil’ e seguirá interessando
às crianças (PESCETTI, 2005, p.25)2.

É pertinente também refletir sobre a concepção de universo infantil defendida pelos


professores e músicos Eugenio Tadeu e Miguel Queiroz, integrantes do MOCILyC:

O universo infantil não está separado do resto do mundo. A infância é


crucial na vida do ser humano – deixa marcas e influencia muito a
história de vida de todos nós. Não é um período só de alegria e prazer,
sem preocupações ou conflitos. Pelo contrário, é uma época de
efervescência, em que as dores do crescimento, o processo de
autoconhecimento e o questionamento do mundo e das relações nos
deixam cheios de dúvidas e conflitos. Por ser uma etapa da nossa
vida, a infância não é eterna. Ela passa e precisa passar. Ela faz parte
do nosso processo de emancipação. Dela devemos conservar o amor
pela vida, a capacidade de se maravilhar com o mundo e ao mesmo
tempo estranhá-lo – de questionar, de olhar para dentro de nós
mesmos (QUEIROZ e TADEU, 2003)3.

Destaco que o estudo dos conceitos fundantes de cultura, infância e cultura infantil
serão substanciais para responder as referidas perguntas e compreender assuntos
ligados à criança. Pesquisadores como REIS (2013), têm enfatizado a importância de
se analisar o conceito de cultura, na atualidade, e em suas bases histórico-
sociológicas, para se compreender a infância e a criança, argumentando que:

A arbitrariedade dos conceitos relativos à cultura infantil instiga-nos a


penetrar ainda mais na trama montada pela sociedade adulta e
dominante, pois ela tem produzido uma cultura negadora da cultura
infantil, utilizando-se de inúmeros aparatos que mascaram a condição
da criança como sujeito histórico e ativo nas relações sociais (REIS,
2013, p.12).

2
Tradução minha.
3
Queiroz, M. & Tadeu, E. (2003). Direção cênica de espetáculos musicais para crianças – a experiência
do Rodapião. Disponível em: http://www.docstoc.com/docs/113760195/ (Acesso: 29/08/2013).

4
O Movimento da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha
O Movimento da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha caracteriza-se por ser
um espaço para se compartilhar a criação artística e o trabalho acadêmico de músicos
e professores; atividades de oficineiros e profissionais de áreas afins. Os eventos
acontecem em países como: Cuba, Venezuela, México, Argentina, Colômbia, Chile,
Brasil e Uruguai (BRUM, 2005, p.08). Nos Encontros, a utilização da canção para a
infância e suas possibilidades expressivas para as crianças são apresentadas sob a
forma de espetáculos, palestras e cursos.

O Movimento foi criado em 1994, em Havana – Cuba – tendo como fundadores Luis
María Pescetti (Argentina); Luz Mercedes (Tita) Maya, Claudia Gaviria, Jorge Enrique
Sossa e Andrés Huertas (Colômbia); Graciela del Carmem Valenzuela e María Molina
Inestroza (Chile); Alberto Faya, Dolores Rodrigues, Clara Cabrera, Rita del Prado,
Edelis Loyola, Fernando Cabreras, Elsa Hernández e Teresita Fernández (Cuba);
Eréndira Rincón e Andrés Rincón (México); Rosario Anzola e Milagros Santana
(Venezuela)4. De acordo com BRUM (2005), os objetivos e propósitos gerais do
Movimento são:

Impulsionar a comunicação e o intercâmbio artístico e


acadêmico entre cantautores5, compositores, intérpretes,
docentes, terapeutas, comunicadores, promotores e
investigadores de distintas disciplinas cujo trabalho profissional
contemple de maneira substancial a criação, difusão e
investigação da canção para a infância; oferecer panoramas de
usos da canção para a infância desde perspectivas artísticas,
didáticas, terapêuticas e recreativas; promover o estudo da
canção para a infância desde diferentes disciplinas assim como
a realização de estudos interdisciplinares (BRUM, 2005, p.7)6.

Nas palestras dos Encontros, abordam-se temas como: a difusão da canção infantil
(Eugenio Tadeu); a reflexão sobre o espaço inexistente da canção infantil na TV
(María Teresa Corral); “a criança nova ... a criança eterna”: imagens da cultura infantil

4
Informação retirada da Ata de fundação expedida por Casa de las Américas (novembro de 1994,
Havana - Cuba). Disponível em: http://takiancay.org.ar/4encuentro/ (Acesso: maio de 2014).
5
Cantautores: pessoas que cantam canções compostas por elas mesmas, nas quais, sobre a música
costuma prevalecer uma mensagem de intenção crítica ou poética.
Disponível em http://www.wordreference.com/definicion/cantautor
6
Tradução minha.

5
através dos tempos, paralelos com o Brasil contemporâneo (Lydia Hortélio); os
instrumentos das músicas regionais e a canção infantil (Jorge Sossa)7; dentre outros.

O MOCILyC organiza-se em encontros internacionais, bienalmente, e em nacionais.


O Movimento Brasileiro da Canção Infantil foi fundado em 2010 e surge estreitamente
ligado ao MOCILyC, tendo por objetivo congregar artistas, professores e
pesquisadores que “se ocupem responsavelmente da música ou da canção feita por
ou para crianças”. Estiveram presentes na Assembleia de sua fundação os
profissionais: Ana Favaretto, Cagério de Souza; Cris Brasil e Denise Ursine (do grupo
musical Zirigbum); Cristiane Lima, Gabriel Murilo e Régis Santos (representando o
Serelepe); Laís Paolini; Lydio Roberto; Mara Fontoura; Márcio Coelho; Paulo Bi; Rosy
Greca; Sílvia Lima; Sílvia Negrão; Viviane Beineke e Zé Zuca8.

Outros movimentos em âmbito nacional têm destaque como o MOMUSI9 (Movimiento


de Música para niños), da Argentina, fundado em 1997 por María Teresa Corral,
Daniel Viola, Julio Calvo, Teresa Usandivaras, Florencia Steinhardt, Beba Raspo e
Mariana Cincunegui; e o Movimiento Colombiano de la Canción Infantil, estruturado
em 1998, “(...) a partir dos compromissos que a delegação colombiana adquiriu (...)”
no MOCILyC, em Havana10.

O Brasil sediou o Movimento em âmbito internacional por duas vezes. Em 2003, em


Belo Horizonte, sob a coordenação de Eugenio Tadeu e Jussara Fernandino, com
realização da UFMG e do MOCILyC, apoiados pelo Duo Rodapião11, Pandalelê
(Centro Pedagógico da UFMG), e Escola de Música da UFMG. Em 2011, o MOCILyC
foi acolhido em Ribeirão Preto, sob coordenação de Ana Favaretto e Márcio Coelho,
numa realização de É tudo Cena Dela Produções Artísticas e SESC (Serviço Social
do Comércio) São Paulo, e apoio da UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto), do
UniSEB (Centro Universitário/Sistema Educacional Brasileiro), da Prefeitura Municipal
de Ribeirão Preto e das Secretarias Municipais da Cultura e da Educação.

7 0
4 Encontro realizado (1999), em Córdoba (Argentina): Disponível em:
http://takiancay.org.ar/4encuentro/ (Acesso em 17/10/2014).
8
Disponível em http://movimentobrasileirodacancaoinfantil.blogspot.com.br/ (Acesso: 25/09/2013).
9
Disponível em http://www.momusi.org.ar/ (Acesso em 17/10/2014).
10
Disponível em http://www.fundacionnuevacultura.org/esc_movimiento.shtml (Acesso em /10/2014).
11
O Duo Rodapião é formado por Eugenio Tadeu (docente da Escola de Belas Artes da UFMG) e
Miguel Queiroz (docente da Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais).

6
Com uma trajetória bastante instigante o Movimento configura-se como um importante
referente para a canção infantil. No entanto, uma questão permanece em aberto:
como se faz a difusão da produção cultural e musical do MOCILyC para além dos
eventos e como direcionar a circulação fonográfica?

Programas de rádio
Integrantes do MOCILyC dedicam-se à coordenação de programas de rádio trazendo,
à sociedade, oportunidades de escuta de um repertório que abrange sua produção
musical apresentada nos eventos nacionais e internacionais. O MOCILyC tem
mencionado programas como: Top ombligo, Ombligo verde e Cuando las luces se
apagam veiculados por Radiombligo12 (México); Grillos madrugadores13 (México);
Microbitos infantil14 (México); @ Ton y Son: canciones para la infância y alrededores15
(México); Me extraña araña16 (Argentina); Los limpia orejas17 (Argentina); Con alma
de niños: una expedición al mundo infantil18 (Colômbia) e Serelepe: uma pitada de
música infantil19 (Brasil). Dentre os programas citados, selecionei três para meu
estudo: Serelepe: uma pitada de música infantil; Con alma de niños: una expedición
al mundo infantil e @ Ton y Son: canciones para la infância y alrededores.

Serelepe: uma pitada de Música Infantil é coordenado por Eugenio Tadeu Pereira e
veiculado pela Rádio UFMG Educativa, 104,5 FM20, pode ser ouvido também pela
Internet21, aos sábados e domingos às 9h00. Está vinculado à uma disciplina optativa
– Programa de rádio Serelepe – no curso de Graduação em Teatro, na Escola de
Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, desde 2007, pela qual, “os
alunos adentram a pesquisa sobre o que seria a música e a produção cultural, de
forma geral, para crianças (...)” (TADEU, Eugênio; ELLEN, Lorrayne, 2014, p.05). De

12
Disponível em http://www.radiombligo.org/ (Acesso em 17/10/2014).
13
Disponível em http://radio-mexiquense.blogspot.com/2012/05/grillos-madrugadores.html (Acesso
em 17/10/2014).
14
Disponível em http://www.imer.mx/programacion/programacion-por-temas/ (Acesso em 20/10/2014).
15
Disponível em http://www.codigoradio.cultura.df.gob.mx/index.php/programacion/infantiles/ton-y-son
(Acesso em 12/05/2014).
16
Disponível em http://www.meextranaarana.blogspot.com.ar/ (Acesso em 12/05/2014).
17
Disponível em Rádio Província – Buenos Aires – AM1270 (Acesso em 19/10/2014).
http://espacioa.blogspot.com.br/2009/07/los-limpia-orejas-pragrama-de-radio.html
18
Disponível em http://www.unradio.unal.edu.co/nc/categoria/cat/con-alma-de-ninos.html (Acesso em
12/05/2014).
19
Disponível em www.ufmg.br/online/radio (Acesso em 26/10/2012).
20
Informações retiradas do site http://programaserelepe.blogspot.com.br/
21
Disponível em www.ufmg.br/online/radio

7
acordo com PEREIRA et al (2010, p.153) o objetivo do Serelepe é aproveitar o espaço
do rádio para que ele seja “lugar de escuta e de invenção”, para a experimentação de
outras linguagens, outras formas de locução e de exploração de sonoridades,
divulgando trabalhos, considerados pelos próprios integrantes, “coerentes e bem
feitos, mas que não circulam na grande mídia – ou que até circulam, mas em outro
contexto”. Alguns programas encontram-se disponibilizados no Sound Cloud22.

Con alma de niños: una expedición al mundo infantil é um programa da Escuela


Musical Nueva Cultura, com realização e apresentação de Jorge Sossa, um dos
fundadores do MOCILyC, e da professora Clara Calderón, veiculado por UN Radio –
Emissora da Universidad Nacional de Colombia – 98,5 FM, Bogotá. Os programas
são temáticos, acontecem aos sábados, às 7h30 (hora colombiana), podendo ser
ouvidos, também pela Internet, ao vivo, ou a qualquer momento pelo site da rádio23.
Levam em consideração as famílias, apresentando canções de músicos e grupos que
pertencem ao MOCILyC ou de outros que “(...) têm trabalhos musicais respaldados
em sua qualidade e compromisso ético e estético” (SOSSA, 2014)24.

@ Ton y Son: canciones para la infância y alrededores, atualmente25, é coordenado e


apresentado por Julio Gullco. Atuante no MOCILyC, Gullco é pesquisador dedicado à
canção para a infância no México e na América Latina há trinta anos26. O programa é
transmitido pela Radio Código CDMX – Rádio Cultural en linea (Secretaría de Cultura
del Gobierno del Distrito Federal – Ciudad de México), aos sábados, às 10h30 (hora
do México). Os programas possuem um tema e são disponibilizados no site da rádio.

PESCETTI (2005)27 reflete sobre a produção de programas de rádio dedicados ao


público infantil, atentando para os desafios encontrados, desde as ideias
preconcebidas pela sociedade do que seja o ‘infantil’, até a concessão de espaços
para essas atividades. Acredita numa responsabilidade que faz do trabalho

22
https://soundcloud.com/programaserelepe/programa-serelepe-2014-na-onda-do-radio-bloco-1
https://soundcloud.com/programaserelepe/programa-serelepe-2014-na-onda-do-radio-bloco-2
23
http://www.unradio.unal.edu.co/nc/categoria/cat/con-alma-de-ninos.html.
24
Retirado do programa de 27 de setembro de 2014, Cuéntame un cuento (Acesso em 11/10/2014).
25
Informação pessoal concedida por Julio Gullco em 22/10/2014, via e-mail.
26
Informação retirada do site:
http://www.codigoradio.cultura.df.gob.mx/index.php/programacion/infantiles/ton-y-son
27
Disponível em http://www.luispescetti.com/radio-para-ninos/ (Acesso em 18/10/2014).

8
direcionado à criança uma obra pela qual elas e os adultos possam se interessar e
compreendê-la de acordo com seus distintos níveis intelectuais. “Arte para crianças
com alcance universal é um bom desafio para todo criador. E esse é o território que
creio que devemos explorar” (2005, p.3)28.

Considerações finais
Além das perguntas relacionadas à canção para crianças, levantadas no início deste
trabalho, o engajamento educativo, cultural e político demonstrado pelo MOCILyC
remete-me a questões como: que meios de comunicação estão mais acessíveis ao
Movimento e que tipo de apoio encontram desde instituições e políticas públicas da
Educação? Os programas de rádio e de rádio web seriam eficientes para divulgar a
música produzida no Movimento e para promover o enriquecimento da cultura infantil?
Esse seria um meio facilmente acessado pelas crianças? Elas teriam interesse por
esse tipo de entretenimento, ou esses programas seriam apenas referenciais
educativos para pais e educadores?

Procurarei elucidar estas e outras questões que, por ventura, surjam da escuta atenta
e da coleta de dados. O foco da pesquisa recairá sobre aqueles a quem se dirige o
Movimento, isto é, as crianças, as quais serão as protagonistas do estudo e das
reflexões sobre a cultura e a sociedade. Espero contribuir para o conhecimento e
difusão do MOCILyC, bem como para o desenvolvimento de políticas públicas
voltadas ao público infantil.

Referências Bibliográficas
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de Cognição e Artes Musicais. Eds. DOTTORI, Maurício; ILARI, Beatriz e COELHO
de SOUZA, Rodolfo. 1., 2005. Anais do 1º SINCAM Curitiba: Deartes – UFPR, 2005,
p.350-356.

BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: propostas para a formação
integral da criança. São Paulo: Petrópolis, 2003.

BRUM, Julio. Julio Brum (Org.) Introducción. In Panorama del Movimiento de la


Canción Infantil Latinoamericana y Caribeña. Montevideo: 7º Encuentro de la
Canción Infantil Latinoamericana y Caribeña, 2005, p. 07-12.
28
Tradução minha.

9
CASTRO, Tereza. Cada dedo cada som: canções de crianças para flauta doce. Belo
Horizonte: Mega Consulting, 2004.

GAINZA, Violeta Hemsy de. Palitos chinos: 35 piezas em el estilo de los “chop-sticks”
tradicionales para el aprestamiento y la enseñanza del piano y los teclados em
general. Buenos Aires: Musimed, 1987.

GULLCO, Julio. Julio Brum (Org.) La canción para niños em América latina y el Caribe
como “genérico musical”. In Panorama del Movimiento de la Canción Infantil
Latinoamericana y Caribeña. Montevideo: 7º Encuentro de la Canción Infantil
Latinoamericana y Caribeña, 2005, p. 13-21.

ILARI, Beatriz. Bebês também entendem de Música: a percepção e a cognição


musical no primeiro ano de vida. Revista da ABEM. Porto Alegre: Associação
Brasileira de Educação Musical, v. 07, p.83-90, 2002.

MACHADO, Cecília Marcon Pinheiro. Música para crianças: uma discografia


comentada. 2009. (Monografia de Graduação em Licenciatura em Música) – Centro
de Artes da Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

OLIVEIRA, F. A. A função da canção em livros didáticos: uma análise de conteúdo.


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PESCETTI, Luis María. Julio Brum (Org.) Canciones de siete leguas. In Panorama
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