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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E
LINGUÍSTICA

A SALA DE AULA INVERTIDA E O PAPEL DA TECNOLOGIA


PARA DESENVOLVER A AUTONOMIA NO APRENDIZ DE
LÍNGUA INGLESA

LUCIANA DE FREITAS BORGES

LÍNGUA INGLESA

LINHA DE PESQUISA: ENSINO E APRENDIZAGEM DE


LÍNGUA ESTRANGEIRA

JANEIRO, 2018
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Resumo: Esta pesquisa trata-se de uma reflexão sobre a técnica de sala de aula invertida e o
uso de recursos tecnológicos para o desenvolvimento da autonomia dos aprendizes de língua
inglesa. A sala de aula invertida é um procedimento em que permite o aluno ter acesso ao
conteúdo antes da aula, através de vídeos, e assim possibilita maior aproveitamento das aulas
com práticas de interação controladas ou livres; e um feedback aos alunos individualmente, ao
invés, de aulas centralizadas em explicações do professor frente à sala. Tendo isso em vista,
pretendemos identificar de que formas esse procedimento pode contribuir para o
desenvolvimento da autonomia do aprendiz de língua inglesa, proporcionando ao aluno maior
contato com a língua alvo fora do espaço de aula; e investigar a percepção desses aprendizes e
da professora quanto a essa forma de ensino. Sendo este um estudo de caso de cunho
descritivo e intervencionista com abordagem qualitativa e finalidade básica aplicada. A
pesquisa será realizada com alunos de uma turma nível básico não iniciantes do curso de
inglês da escola de idiomas do SESC Goiás. Para a coleta de dados utilizaremos um
questionário inicialmente, enviaremos vídeos do conteúdo antes das aulas e ao final do
semestre analisaremos as percepções dos participantes e a evolução no desenvolvimento da
autonomia, por meio de entrevistas com os aprendizes, e através de relatórios de observação
de aula da professora. Essa pesquisa se baseia nas concepções de Autonomia na aprendizagem
(PAIVA, 2016) e (LITTLE, 2007); na abordagem da sala de aula invertida (BERGMANN e
SAMS, 2016) e no uso de tecnologias na aprendizagem autônoma de língua estrangeira
(SALBEGO, 2014).

Palavras-chave: Sala de aula invertida, Autonomia, Tecnologia no aprendizado de línguas

Introdução:

No processo educacional, a interação e a construção coletiva de conhecimento são


fundamentais na visão sociohistórica. Ou seja, nesse processo interacional em que aluno e
professor trabalham juntos é que ocorre a aprendizagem. O aprendiz, nessa visão de ensino, é
co-construtor de sua aprendizagem (GARDEL e MORAIS, 2008). O papel da autonomia que
buscamos ressaltar nesta pesquisa, se dá, devido ao destaque recebido ao longo dos anos em
várias pesquisas em que muitas delas indicam que o aluno autônomo é mais bem sucedido
(GARDEL e MORAIS, 2008).
Atualmente, com o uso crescente de tecnologias pelas pessoas, vemos alunos desde
crianças a idosos utilizando celulares smartphones com acesso à internet e redes sociais como
facebook, instagram, whatsapp e etc. Até mesmo, nossa própria experiência de aprendizagem
de inglês como LE está relacionada ao uso de tecnologias. Pois através dela, foi possível ter
acesso a conteúdos de nosso interesse. Se essas pessoas usassem do tempo que passam
conectadas à rede para fins de aprendizagem, a internet seria uma ferramenta poderosa no
contato o idioma e assim podendo tornar esses alunos mais autônomos como observa Santana
Ofugi (2016). E confirma Salbego (2014) que o uso dessas tecnologias associadas ao
aprendizado de línguas pode trazer benefícios ainda mais efetivos no desenvolvimento das
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habilidades linguísticas se realizado de forma autônoma. Portanto, a aplicação de tecnologias


como ferramentas de aprendizagem possibilitam os aprendizes a selecionar conteúdos que
atendem seus próprios interesses que não teriam acesso em sala de aula, como também de
realizarem atividades direcionadas ao que contribuem com suas motivações individuais.
Pessoas com diferentes motivações buscam constantemente estudar línguas
estrangeiras. E em salas tão heterogêneas seria muito difícil para um professor alcançar e
suprir as necessidades individuais de aprendizagem dos alunos. E apesar de um grande
número de pessoas estudarem uma língua estrangeira, por essas línguas não fazerem parte das
formas de comunicação no Brasil, esses alunos são limitados em suas experiências de
vivência do idioma estudado, sendo então, condicionados a práticas comunicativas somente
em sala de aula por algumas horas semanais.
Na busca por encontrar recursos complementares para aumentar o contato dos
aprendizes com a língua estrangeira, a desenvolver autonomia dos alunos com o uso de
tecnologias e potencializar o aprendizado do idioma, foi que encontramos na técnica da sala
de aula invertida bastante relevância para os objetivos propostos. Nesse modelo, o aluno faz
em casa o que era feito em sala de aula, e o que tradicionalmente era feito como trabalho de
casa, agora é realizado em sala de aula (BERGMANN e SAMS, 2016).
Com base no que foi dito, o estudo aqui apresentado caracteriza-se como estudo de
caso qualitativo que será realizado em uma turma de nível básico no Centro de idiomas do
SESC, que oferece aulas de línguas estrangeiras aos comerciários e seus dependentes; cuja
sala de aula tem a média de 20 alunos por turma. Cabe aqui ressaltar, que o estudo aqui
descrito será realizado como recurso complementar à abordagem comunicativa utilizada pela
escola e cumprimento de todas as normas e exigências pré-estabelecidas pela escola.

Objetivos:

Esse projeto tem como objetivo geral analisar as formas de contribuição da sala de
aula invertida e as tecnologias como recurso complementar ao ensino e aprendizagem de
língua inglesa em prol do desenvolvimento da autonomia do aluno. E como objetivos
específicos: a) relacionar aspectos da técnica de sala de aula invertida com o uso de
tecnologias no ensino de idiomas; E b) refletir sobre as perspectivas do aprendiz e da
professora sobre essa forma de ensino.
Dessa forma para delinear a pesquisa aqui descrita, as seguintes questões serão
investigadas: A) Quais as contribuições da sala de aula invertida e o uso de tecnologias na sala
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de língua inglesa? B) E quais são as perspectivas do aprendiz e da professora quanto a esse


método de ensino?

Justificativa:

A necessidade dessa pesquisa surgiu, a partir de questionamentos levantados em


reuniões pedagógicas com profissionais graduados, mestrados e doutorados na área de Letras,
no mesmo centro de línguas a se realizar o estudo de caso. Onde ressaltávamos a importância
da autonomia, e a necessidade de não somente conscientizar nossos alunos, mas também
promover estratégias para o desenvolvimento dessa autonomia. Com a acessibilidade e
aumento do uso de tecnologias por aprendizes, buscar então formas de usar dessa ferramenta
para potencializar o aprendizado se mostra uma área de pesquisa pertinente para o ensino e
aprendizagem de língua inglesa. E a sala de aula invertida, é uma metodologia que vem sendo
muito usado em diversas áreas, e tem por característica promover uma sala descentralizada da
figura do professor e estimular a autonomia do aprendiz. Por outro lado não poderíamos
deixar de pensar em muitos alunos que são limitados de tempo de estudo e poderiam enfrentar
desafios quanto ao se prepararem previamente às aulas, assim podendo prejudicar sua
compreensão e uso das estruturas utilizadas. Portanto, um estudo sobre o tema poderá
contribuir com a área do ensino e de aprendizagem de língua inglesa.

1. Referencial teórico:

Considerando o contexto descrito na seção introdutória deste trabalho, é fundamental


elucidarmos, em primeiro lugar, conceitos sobre a autonomia e sua relevância para a
aprendizagem de uma língua estrangeira. E em seguida, tratarmos a respeito do uso de
tecnologias na aprendizagem autônoma. Por fim, discorrermos sobre essa metodologia da sala
de aula invertida para os fins de ensino de línguas.

1.1 Autonomia

A autonomia, como atenta Paiva (2006), não é um conceito fácil de definir devido a
sua complexidade. No ensino de línguas esse termo acompanhou o surgimento da abordagem
comunicativa, pois antes disso, o aluno não tinha oportunidades de produções criativas, já que
o ensino predominante anterior era por meio de repetições de frases e sons sem se preocupar
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na contextualização (SALBEGO, 2014). E em um estudo sobre a autonomia Paiva (2006) usa


da definição de Winisewska (1998, p24) em que diz: “a autonomia do aprendiz pode ser
descrita como a habilidade em assumir o controle sobre a própria aprendizagem a fim de
maximizar todo o seu potencial”. E ela usa de muito outros autores para sintetizar que:
A autonomia depende de mudanças internas e de condições externas. As mudanças
internas, que podem ser identificadas com o limite do caos, podem dar origem à
autonomia e as condições externas, favoráveis ou desfavoráveis, podem levar o
aprendiz a comportamentos mais autônomos, principalmente quando os alunos têm
objetivos claros e desejam muito assumir o controle por sua própria aprendizagem.
(PAIVA, 2006. p.120)

“O papel da autonomia que buscamos ressaltar nesta pesquisa, se dá, devido ao


destaque recebido ao longo dos anos em várias pesquisas em que muitas delas indicam que o
aluno autônomo é mais bem sucedido” (GARDEL e MORAIS, 2008). E Little (2007) vai
além, ao alertar que é desnecessário um professor esperar desenvolver autonomia em seus
alunos se eles mesmos não sabem o que é ser autônomo, para que assim, suas práticas reflitam
em suas ações.

1.2 Uso de tecnologias no ensino de línguas estrangeiras

Na construção da aprendizagem de uma língua estrangeira, parte do conhecimento


pode ser desenvolvido por meio da busca autônoma. Como sugere Salbego (2014) quando
parafraseia Dickinson (1994,p.4) “um aprendiz é aquele que tem responsabilidade sobre seu
próprio aprendizado”. E continua dizendo que a junção de autonomia com o uso das
tecnologias forma uma combinação que contribui para o desenvolvimento dos aprendizes de
inglês.
Muitas vezes o uso de tecnologias pelos aprendizes de línguas estrangeiras são
apenas como fonte de entretenimento, sem se atentar que a mesma poderia contribuir à sua
aprendizagem. E o professor ao conhecer desses recursos tecnológicos e utilizar para fins
educativos pode apresentar ao seu aluno uma nova experiência de aprendizagem
(MUENCHOW; RIBAS; RODRIGUES, 2017). O uso de tecnologias como ferramenta
didática pode melhorar a aprendizagem dentro da sala de aula, aprimorar e desenvolver novos
conhecimentos fora do ambiente escolar. “Na sala de aula de língua estrangeira (LE), por
exemplo, a utilização de TIC é de grande importância, pois é por meio delas que se pode
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trazer materiais autênticos e atualizados para serem trabalhados em sala de aula” (SALBEGO,
2014).
No ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, as tecnologias de informação
possibilitam várias vantagens como: o uso de conteúdo individualizado de acordo com os
interesses e as necessidades específicas de um aprendiz de línguas, algo que as aulas e os
materiais didáticos não oferecem; uso de vídeos, artigos, novidades atuais e interessantes ao
grupo; permite que o aluno percorra na sua própria velocidade e tempo de disposição;
contribuindo então para sua própria autonomia e aprendizado (MUENCHOW; RIBAS;
RODRIGUES, 2017). E vale lembrar que há materiais de estudo diversificados pelos mais
diferentes fins e separados por habilidades (listening, reading,writing e speaking), filmes e e-
books para que cada aluno personalize seu próprio ensino de acordo com seu nível e
disposição.
Levando esse conjunto de vantagens em consideração e ponderando que o professor
e o aprendiz são responsáveis pelo o manuseio e exploração desses recursos tecnológicos
esses recursos podem proporcionar uma mudança extraordinária na forma de ensino de língua
estrangeira.

1.3 Sala de aula invertida

A técnica da sala de aula invertida é considerada por Moran (2014) uma metodologia
interessante da atualidade que mescla tecnologia e ensino. Segundo Santana Ofugi (2016),
esse tema ainda não foi muito explorado no que tange a aplicação do procedimento. E os
autores da metodologia afirmam que não se tem uma única aplicação do método. Podendo
então ser alterada para a realidade de cada sala de aula (BERGMANN e SAMS, 2016). O
conceito de sala de aula invertida é basicamente o que já foi citado acima, em que o aluno faz
em casa o que supostamente faria em sala; e faz em sala o que faria em casa. E a proposta
sugere que aja uma reflexão na postura do professor. Para que as aulas não sejam com foco
em explicações frente à sala, e centralizadas no professor que se mantém distanciado do
aluno.
Em síntese os procedimentos de inversão segue a seguinte ordem: 1) Conscientizar e
explicar a metodologia; 2) Enviar vídeos explicativos do conteúdo como tarefa de casa; 3)
Utilizar os primeiros minutos da aula para comentários sobre o vídeo e esclarecimento de
dúvidas; 4) Realizar práticas orientadas ou livres de interação do grupo; e por fim 5) Observar
e compartilhar um feedback individual e coletivo.
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Santana Ofugi (2016, p41) referindo aos benefícios da sala de aula invertida cita que
em estudos de diversas áreas da educação alunos e professores demonstraram satisfação e até
mesmo preferiram o método de inversão de sala de aula ao tradicional. Os resultados também
mostraram que os alunos se beneficiaram com a exploração de materiais online e os
possibilitaram maior controle de sua aprendizagem. Ou seja, houve desenvolvimento da
autonomia nos alunos.
Com base nessas referências pudemos observar que pode haver uma mudança na
forma de ensino e aprendizagem se utilizarmos das ferramentas que desenvolve a autonomia e
intensifica o contato do aprendiz com a língua estrangeira.

Metodologia de pesquisa:

Esta pesquisa se baseia nas concepções de Autonomia na aprendizagem de línguas


estrangeiras (PAIVA, 2016) e (LITTLE, 2007); na abordagem da sala de aula invertida
(BERGMANN e SAMS, 2016) e no uso de tecnologias na aprendizagem autônoma de LE
(SALBEGO, 2014). Esse projeto de pesquisa aqui apresentado caracteriza-se segundo
nomenclatura usada por Gil (1994) sendo um estudo de caso de cunho descritivo e
intervencionista com abordagem qualitativa e finalidade básica aplicada, para assim verificar
as formas que a sala de aula invertida e tecnologias como recurso complementar ao ensino e
aprendizagem podem contribuir com a autonomia do aprendiz de língua estrangeira. E almeja
refletir no método da perspectiva dos alunos e professor. O estudo será realizado em uma
turma de nível básico não iniciantes no Centro de línguas do SESC Goiás, unidade EDUCON
(Educação continuada), que oferece aulas de línguas estrangeiras aos comerciários e seus
dependentes; cuja sala de aula tem a média de 20 alunos por turma e um professor graduado
em Letras com alguma formação complementar.
O período de coleta de dados será de três meses a um semestre letivo e utilizaremos
como instrumento de coleta, um questionário no início das aulas envolvendo questões da
autonomia e uso de tecnologias para fins educacionais; Envio de vídeos do youtube e/ou TED
anteriormente as aulas para discussão do conteúdo do vídeo em sala; entrevistas gravadas com
os alunos participantes e posteriormente transcritas; e relatórios da professora de observação
de aula.
E pretende-se analisar, especificamente, o efeito da implementação da técnica de
inversão, o desenvolvimento da autonomia do aprendiz e a percepção dos alunos e professor
quanto ao método.
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Referências:

ANDRADE, Flávia. Desenvolvimento da autonomia na aprendizagem de língua inglesa em


sala de aula: A visão da professora-pesquisadora. Dissertação mestrado em linguística
aplicada. Universidade Federal de Lavras – MG, 2016

BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de Aula Invertida - Uma metodologia Ativa de
Aprendizagem. LTC, 03/2016. VitalBook file.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4º ed. São Paulo: Atlas, 1987.

LITTLE, David. Language Learner Autonomy: Some Fundamental Considerations Revisited.


Innovation in Language Learning and Teaching - Vol.1, No.1, 2007 (p.14-28)

MUENCHOW, Nicole; RIBAS, Fernanda; RODRIGUES, Jeanne. A utilização de softwares


para o ensino de inglês como L2: o Edilim como ferramenta para promover a
aprendizagem na sala de aula invertida. Dissertação do mestrado em linguística
aplicada. UFMG, 2017.

PAIVA, Vera Menezes. Autonomia e complexidade. Linguagem & Ensino, Vol.9, No. 1, 2006
(77-127)

SALBEGO, Nayara. TIC na aprendizagem autônoma de inglês. Revista educação e inclusão,


Vol.9, No 1, 2014.

SANTANA OFUGI, Mariana; A sala de aula invertida como técnica alternativa de ensino: um
enfoque no desenvolvimento da autonomia do aprendiz de inglês como L2/LE.
Dissertação mestrado em linguística aplicada. UFG, 2016.

SCHMITZ, Elieser; Sala de aula Invertida: Uma abordagem para combinar metodologias
ativas e engajar alunos no processo de ensino-aprendizagem. Dissertação mestrado em
tecnologias educacionais em rede. UFMS – RS, 2016.

Cronograma:

MES/ETAPAS Jul/2018 Ago Set Out Nov Dez Jan/19 Jun


Escolha do tema X
Levantamento bibliográfico X X
Apresentação do projeto X X
Coleta de dados X X X
Análise dos dados X X
Organização do X X
roteiro/partes
Revisão e redação final X
Entrega e defesa X

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