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As Interfaces Entre Depressão e Psicanálise

Resumo: Este artigo tem como objetivo identificar a


depressão por meio do viés psicanalítico com enfoque na
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prevenção, diagnóstico, tratamento. Realizou-se uma


revisão de literatura sobre a temática em livros e
periódicos, e bases de dados de pesquisa científica. O
uso atual de antidepressivos e dos processos
psicoterápicos são essenciais para o tratamento da
depressão. O diagnóstico da depressão é facilitado por
meio da presença dos sintomas descritos como: apatia,
irritabilidade, perda de interesse, tristeza, atraso motor
ou agitação, idéias agressivas, insônia, fadiga e anorexia.
Com base nos achados da literatura, depressão é um
transtorno de humor severo que pode comprometer a
vida familiar e social do indivíduo.
Palavras-chave: prevenção, diagnóstico, tratamento

Introdução
O sofrimento psíquico e o esvaziamento afetivo do
homem moderno têm levado a depressão. O que se
observa hoje é uma nova concepção do luto e da
depressão, agregada ao novo homem deste século. Um
homem com inúmeras possibilidades, porém perdido,
desamparado e que não sabe do que é preciso para ser
suprido. Entretanto, como a psicanálise compreende os
estados depressivos do homem atual?

A depressão é um transtorno do humor com dados


epidemiológicos distribuídos por faixa etária: infância,
adolescência e senectude se não tratada corretamente,
pode perdurar por muito tempo, com prejuízos a vida dos
pacientes.

O termo “depressão” vem do latim e da junção de dois


radicais: depressio e onis, que agrega a
palavra depressun cujo sentido é baixo. A psicanálise tem
dissertado sobre a etiologia dos quadros depressivos e se
percebe a prevenção em episódio de suicídio da
depressão (GABBARD, 1998).
Assim, o objetivo deste estudo foi identificar a depressão
por meio do viés psicanalítico com enfoque na
prevenção, diagnóstico, tratamento. Ademais, propõe-se
uma reflexão sobre as interfaces entre a depressão e
Psicanálise.

A Prevenção da Depressão na Visão Psicanalítica

FREUD (1917) estabeleceu uma diferença entre luto e


depressão melancólica. A perda real de um objeto refere-
se ao luto. Na melancolia o objeto perdido é mais
emocional que real. Além disso, segundo o autor, o
paciente melancólico sente uma profunda perda de auto-
estima, acompanhada de auto-acusação e culpa,
enquanto que, a pessoa de luto mantém um senso de
auto-estima razoavelmente estável.

Ainda de acordo com FREUD (1917) o quadro de


depressão melancólica tem relação com a
autodepreciação, estado em que os pacientes
depressivos tendem a sentir raiva de si mesmos. Mais
especificamente, a raiva é dirigida internamente pelo fato
de o self do paciente se identificar com o objeto perdido
(GABBARD, 1998).

FREUD (1923) acrescentou que os pacientes melancólicos


tem um superego severo por relacionar a própria culpa
em direção aos objetos amados. Assim, manter a
dinâmica da depressão supõe ao sujeito que a instância
do ego poderia matar a si próprio apenas tratando-se
como um objeto. Isso implica no fato de o suicídio
resultar no deslocamento de desejos destrutivos em
relação a um objeto internalizado que é dirigido contra
o self .
MELANIE KLEIN (1996) agregou a depressão à perda do
objeto amado. Os estados maníaco-depressivos podem
ser reflexos da falha da infância em estabelecer objetos
internos bons.

De acordo com STELLA, GOBBI, CORAZZA e COSTA,


(2002) para identificar os fatores que estariam
desencadeando o surgimento de um processo depressivo,
ou até mesmo agravando uma depressão existente, é
importante verificar se o paciente possui alguma doença
clínica que esteja associada à depressão, como também
o uso de alguma medicação pode causar sintomas
depressivos.
Diagnóstico e Aspectos Clínicos da Depressão

O diagnóstico da depressão perpassa por várias etapas:


anamnese com o paciente e a família, exame
psiquiátrico, exame clínico geral, avaliação neurológica,
identificação de efeitos adversos de medicamentos,
exames laboratoriais e de neuroimagem. Estes são
procedimentos para verificar o diagnóstico da depressão.

A depressão tem causas desconhecidas, porém, fatores


genéticos, psicológicos, ambientais, anatomopatológicos
e bioquímicos podem estar envolvidos na sua gênese e
evolução.

Em pacientes idosos, a depressão costuma ser


acompanhada por por queixas somáticas, hipocondria,
baixa auto-estima, sentimentos de inutilidade, humor
disfórico, tendência autodepreciativa, alteração do sono e
do apetite, ideação paranóide e pensamento recorrente
de suicídio. Sabe-se que nos pacientes idosos deprimidos
o risco de suicídio é duas vezes maior do que nos não
deprimidos (PEARSON, BROWN, 2000).

Tratamento da Depressão

O tratamento da depressão intenciona reduzir o


sofrimento psíquico causado por esta enfermidade. O
paciente em tratamento diminui o risco de suicídio,
melhora o estado geral dele e garante qualidade de vida.
Com relação aos distúrbios afetivos, o tratamento poderá
incluir psicoterapia individual, terapia familiar,
grupoterapia e psicofarmacoterapia.

Como formas de intervenção, a psicoterapêutica é


indicada para o depressivo como modalidade a
psicoterapia breve – minimiza o sofrimento psíquico do
paciente.

A intervenção com medicações é necessária por meio dos


antidepressivos. Os autores SILVA, SOUZA, MOREIRA e
GENESTRA (2003) alertaram que a depressão não tratada
coloca em risco a vida do paciente e eleva o sofrimento.
Por isso, o tratamento medicamentoso, na opinião dos
autores, constitui o primordial da intervenção terapêutica
para reduzir a duração e a intensidade dos sintomas
atuais e prevenção da recidiva.

A indicação do tipo de abordagem terapêutica dependerá


da precisão diagnóstica e dos riscos inerentes a cada
paciente. Poderá se escolher um tratamento em
consultório, ambulatório institucional ou ambiente
hospitalar. No momento contemporâneo, avalia-se a
necessidade do uso de psicofármacos e se associa a
psicoterapia.
Metodologia

O método utilizado neste trabalho envolveu revisão de


literatura sobre à presente temática em livros, artigos e
base de dados.

Após a compreensão dos autores reunidos, seguiu-se com


análise descritiva e comparação entre cada autor e
subtópicos relacionados.

Resultado e Discussão

Enfatiza-se na literatura (BECK, ALFORD, 2011) que a


depressão é um transtorno grave que pode comprometer
toda a vida familiar e social do paciente, pois destroi
famílias, carreiras e relacionamentos. Nessa direção, os
autores (ESTEVES, GALVAN, 2006) observaram que
preconceitos e estigmas existentes em relação a ter uma
doença mental só podem ser suplantados com o
conhecimento e a informação para o paciente, a família e
a sociedade.

No sentido da prevenção, os autores (ESTEVES, GALVAN,


2006) sugeriram que a base encontra-se nas primeiras
relações objetais dos indivíduos que funcionam como
modelo para todas as relações futuras.

Com relação ao diagnóstico, (BECK, ALFORD, 2011)


apontaram que pelos sintomas – apatia, irritabilidade,
perda de interesse, tristeza, atraso motor, insônia, fadiga
e outros podem facilitar o diagnóstico, assim como
também um bom conhecimento teórico da patologia.

E com relação ao tratamento, a intervenção clínica com


uso de antidepressivos e psicoterapia associada, na
opinião dos autores, mostra-se fundamental. Destacou-se
na literatura essa intervenção com os antidepressivos
tricídicos, os inibidores da monoaminoxidase e os
inibidores seletivos da recaptação de serotonina são
abordados de forma abrangente (LAFER, ALMEIDA,
FRÁGUAS, MIGUEL, 2000).

Os tratamentos farmacológicos e os psicoterápicos são


essenciais para a depressão. Em diversas ocasiões, o
medicamento fará com que o paciente se recupere e
admita a necessidade de se tratar tanto com a
medicação e ou de prevenção quanto com psicoterapia
que ampliará o autoconhecimento e ajudará na
reintegração social e na retomada de sua individualidade
(LAFER, ALMEIDA, FRÁGUAS, MIGUEL, 2000).
A partir da percepção de que a depressão é observada
como um estado sintomático e não como uma categoria
de patologia, a literatura convergiu no sentido de que a
depressão necessita ser prevenida, diagnosticada e
devidamente tratada (SILVA, SOUZA, MOREIRA,
GENESTRA, 2003). Os autores consultados pontuaram a
depressão como forma de sofrimento psíquico vivido
pelos homens da sociedade moderna. No Brasil,
aproximadamente 54 milhões de pessoas em algum
momento da vida terão algum tipo de depressão, sendo
que 7,5 milhões terão episódios agudos ou graves com
risco de suicídio (LAFER, ALMEIDA, FRÁGUAS, MIGUEL,
2000).

Considerações Finais

Com base na literatura consultada, as interfaces entre


depressão e psicanálise podem ser entendidas a partir da
detecção ou diagnóstico do quadro, prevenção e
tratamento combatente.

Na atualidade os relatos ditos aos sintomas depressivos


como desinteresse, apatia, tristeza, nem sempre estão
associados a uma perda. Estes sintomas são
interpretados pela literatura clássica como os indicadores
da depressão e melancolia. Entende-se que outros fatores
podem causar sintomas depressivos, os quais decorrem
das relações e situações do cotidiano vivido pelo homem
moderno.

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