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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

KEILA YURI KAKAZU

ANÁLISE CINEMÁTICA
TRIDIMENSIONAL DA PROVA DE
5.000 METROS

Campinas
2010
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA
BIBLIOTECA FEF - UNICAMP

Kakazu, Keila Yuri.


K123a Análise cinemática tridimensional da prova de 5.000 metros / Keila Yuri
Kakazu. -- Campinas, SP: [s.n], 2010.

Orientadores: Ricardo Machado Leite de Barros; Jerusa Petróvna


Resende Lara.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de
Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.

1. Biomecânica. 2. Cinemática. 3. Atletismo. 4. Corrida. I. Barros,


Ricardo Machado Leite de. II. Lara, Jerusa Petróvna Resende. III.
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física. IV.
Título.
dilsa/fef

Título em inglês: Three-dimensional kinematic analysis of 5.000 meters running.


Palavras-chave em inglês (Keywords): Biomechanics; Kinematics; Athletics; Running.
Banca Examinadora: Jerusa Petróvna Resende Lara; Ricardo Machado Leite de Barros.
Data da defesa: 16/11/2010.
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KEILA YURI KAKAZU

ANÁLISE CINEMÁTICA
TRIDIMENSIONAL DA PROVA DE
5.000 METROS

Trabalho de Conclusão de Curso


(Graduação) apresentado à
Faculdade de Educação Física da
Universidade Estadual de Campinas
para obtenção do título de Bacharel
em Educação Física.

Orientador: Ricardo Machado Leite de Barros


Co-Orientador: Jerusa Petróvna Resende Lara

Campinas
2010
KEILA YURI KAKAZU

ANÁLISE CINEMÁTICA
TRIDIMENSIONAL DA PROVA DE 5.000
METROS

Este exemplar corresponde à redação


final do Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação) defendido por
Keila Yuri Kakazu e aprovado pela
Comissão julgadora em: 16/ 11/ 2010.

Ricardo Machado Leite de Barros


Orientador

Jerusa Petróvna Resende Lara

Campinas
2010
Dedicatória

Dedico esse trabalho a todos que de alguma forma fizeram parte da minha
vida durante todos esses anos, rumo à conclusão do curso de Educação Física. Aqueles que
me incentivaram, me ajudaram e me apoiaram a fazer aquilo que eu gostava, independente
de qualquer outro motivo.
Dedico então esse trabalho à minha mãe que sempre me apoiou,
aconselhou, me fazendo tentar ver o lado bom das coisas, além de me incentivar a nunca
desistir e não deixar de fazer o que eu sempre gostei, independente das dificuldades
encontradas, e por ficar acordada todas as noites me esperando voltar da faculdade. Ao
meu pai, que apesar de não ter muito conhecimento, e nem muito contato com a área de
educação física, sempre buscou alternativas e maneiras de me incentivar e aconselhar a
obter sucesso na minha vida profissional, fazendo com que eu sempre tivesse vontade de
crescer.
Aos meus pais, também, pelo suporte emocional e financeiro, dando-me a
oportunidade de dedicação aos estudos e à construção da minha vida profissional, sempre
zelando por um futuro melhor para mim.
E ao meu irmão por agüentar meu estresse todo esse tempo e, apesar de
todas as discussões, sempre mostrar-se disposto a me ajudar quando necessário interessado
pelos assuntos abordados pela área de educação física, confiar na minha competência
profissional e por ser paciente e compreensivo.
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Agradecimentos

Apesar de a monografia ser um trabalho individual ela não seria possível


sem a ajuda e o apoio de muitas pessoas. E eu não poderia deixar de agradecer a todos que
fizeram parte da conclusão desse trabalho.
Agradeço a primeiramente a Deus por ter chegado até aqui, pois o
caminho foi árduo, uma vez que foi necessário ingressar num curso de física e matemática
para eu descobrir que a educação física era realmente a faculdade que eu queria fazer, e
Ele me ajudou a ter perseverança e força de vontade para tentar mudar de curso, passando
novamente no vestibular da Unicamp e, assim, correr atrás de um sonho.
Agradeço muito o meu orientador Ricardo Machado Leite de Barros, que
é um grande exemplo de dedicação e competência profissional, muito bem conceituado na
área de biomecânica, competente, inteligente e respeitado no mundo acadêmico. Ele me
ajudou, abrindo portas em momentos cruciais de minha graduação, me motivando a seguir
a área acadêmica e a não deixar de estudar nunca, me ensinou que para ser um bom
profissional é necessário sempre buscar aprender, e ser o mais independente possível.
A minha co-orientadora Jerusa Petróvna Resende Lara, uma pessoa
responsável, competente, prestativa, inteligente, esforçada e paciente, que se dedicou a essa
monografia tanto quanto eu, sempre estando disposta a me auxiliar e a me ensinar e, muitas
vezes deixando de trabalhar em seu mestrado para me ajudar. Ela, que teve que me aturar
durante um semestre inteiro lhe importunando durante a disciplina de biomecânica, da qual
ela era PED, posteriormente foi meu “braço direito” no desenvolvimento e conclusão da
minha iniciação científica e agora, mostrando-se mais uma vez competente e paciente,
sendo minha co-orientadora de monografia.
Ao amigo Tiago Guedes Russomanno, que ao perceber meu grande
interesse pelo atletismo durante as aulas da disciplina de atletismo, na qual ele era PED,
me convidou a conhecer o Laboratório de Instrumentação para Biomecânica (LIB) e,
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posteriormente me incentivou a realizar uma pesquisa de iniciação científica nessa área,


que foi onde tudo começou.
Ao professor Orival Andries Junior, um eterno apaixonado pela Educação
Física e pelo esporte, em especial o triathlon, homem dedicado e inteligente, sendo para
mim uma grande referência na pedagogia da natação, modalidade esportiva que sou
apaixonada e a qual trabalho atualmente. Que muito mais do que um professor, tornou-se
um amigo, e proporcionou-me a oportunidade de ser bolsista do programa de auxílio
didático (PAD) de sua disciplina, me ensinando como ministrar e me comportar diante de
uma sala de aula.
Aos maiores responsáveis pela escolha de minha carreira e por minha
formação esportiva, de trabalho em equipe, de meu caráter, e referencia como
profissionais: Rodrigo de Campos Salles e Estevan Pachelli, meus técnicos de natação.
Apaixonados pelo trabalho que realizam me mostraram que o mais importante para se obter
o sucesso profissional é amar e se dedicar ao que faz que não basta apenas ser bom e
competente, é preciso ir bem mais além das piscinas para conhecer e treinar um atleta.
Obrigada pelos anos de dedicação aos meus treinos e competições, aos conselhos, por
serem bem mais que técnicos e amigos, por nunca deixarem de me ajudar, por me fazerem
crescer e me tornar a pessoa que sou hoje, por serem como “meus paizões”.
Aos meus amigos de Indaiatuba que me ajudaram e me apoiaram em cada
decisão da minha vida, em cada mudança, que me agüentaram durante anos. Aos meus
amigos do “cursão”, curso 51 da UNICAMP, que durante um ano inteiro me ouviram
choramingar pelos cantos dizendo que eu havia escolhido o curso errado, e sempre
tentando me fazer levantar a cabeça e sorrir, mesmo com a minha insatisfação e
infelicidade, e que festejaram junto comigo quando eu finalmente consegui ingressar na
Educação Física. E também aos meus amigos de faculdade, em especial a turma do 07
DIURNO (minha turma) e da equipe de natação da UNICAMP (USSR), que me
proporcionaram muitos momentos de alegria e descontração.
Agradeço especialmente meus padrinhos, minha família e em especial a
todos da família Mansano, por sempre estarem ao meu lado e serem tão compreensivos.
Ao meu namorado Endrigo que tem se mostrado muito paciente e
compreensivo com o meu mau humor, sempre tentando me proporcionar momentos
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inesquecíveis, dentro e fora da faculdade, e por me mostrar que ainda vale a pena acordar
cedo e ir para a faculdade no último ano de graduação.
À Unicamp por ceder o espaço físico para a realização das coletas de
dados. Ao Laboratório de Instrumentação para Biomecânica, da Faculdade de Educação
Física da Unicamp e todo o pessoal que lá se encontra por sempre estarem dispostos a
ajudar, seja quem for a obter sucesso em suas pesquisas.
Agradecimento aos membros da banca que aceitaram o convite para
contribuir na finalização deste trabalho.
KAKAZU, Keila. Análise cinemática tridimensional da prova de 5.000 metros. 2010.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)-Faculdade de Educação Física. Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

RESUMO

As corridas de fundo são conhecidas atualmente em virtude da grande exigência fisiologia,


psicológica, técnica e tática dos atletas. Para que o atleta consiga obter um bom resultado na
prova, é necessária a manutenção da técnica e da velocidade durante toda a duração da mesma.
O presente trabalho objetiva analisar parâmetros lineares e angulares da prova de 5.000 metros,
através de uma analise cinemática tridimensional. Para as coletas dos dados foram utilizadas
seis câmeras digitais a 60 Hz. Analisou as duas últimas passadas de cada volta, dentro de um
volume delimitado. O Sistema Dvideow foi utilizado para a reconstrução e análise cinemática
3D (Figueroa, et.al., 2003). Utilizou-se o modelo de corpo rígido de 18 pontos proposto por
Zatsiorsky (1990) para delimitar o corpo do atleta. Os pontos foram marcados manualmente
digitalizados no Sistema Dvideow, para delimitar 12 segmentos corporais. O software
matemático MATLAB foi utilizado para o tratamento dos dados e análise das variáveis,
permitindo uma análise quantitativa intra-atleta. Os resultados referentes à metodologia
mostram que houve uma queda significativa no comprimento de passadas (p<0.05), com relação
ao número de voltas, enquanto que na frequência de passadas não foi possível encontrar o
mesmo resultado (p=0.0997), conseqüentemente a velocidade sofreu uma queda e o tempo de
contato do pé com solo aumentou. Com relação aos parâmetros angulares, foi possível
identificar os máximos e mínimos dos ângulos de quadril, joelho e tornozelo, e seus
comportamentos durante a prova. Finalmente, pode-se afirmar que a continuidade desse trabalho
pode, futuramente, auxiliar técnicos e seus atletas.

Palavras-Chaves: biomecânica; cinemática; atletismo; corrida.


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KAKAZU, Keila. Three-dimensional kinematic analysis of 5.000-meters running. 2010.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)-Faculdade de Educação Física. Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

ABSTRACT

The long distance running are currently known because of strong demand physiology,
psychology, technique and tactics of the athletes. In order to the athlete can get a good result
at trial is necessary to maintain technique and speed throughout its duration. This paper aims
to analyze linear and angular parameters of the 5,000 meters running, through a three-
dimensional kinematic analysis. For the collections of data were used six digital cameras at
60 Hz perianal up the last two strides of each round, within a limited volume. Dvideow
System was used for reconstruction and 3D kinematic analysis (Figueroa, et.al. 2003). We
used the rigid body model of 18 points proposed by Zatsiorsky (1990) to delimit the athlete's
body. The points were marked manually scanned the system Dvideow, to define 12 body
segments. The mathematical software MATLAB was used for data processing and analysis
of the variables, allowing a quantitative analysis of intra-athlete. The results concerning the
methodology showed that there was a significant decrease in the length of steps (p <0.05),
with the number of turns, while the frequency of passes could not find the same result (p =
0.0997), therefore the speed fell and the time of foot contact with the soil increased. With
respect to the angular parameters, we could identify the maximum and minimum angles of
hip, knee and ankle, and their behavior during the race. Finally, it can be affirmed that the
continuation of this work could someday help coaches and athletes.

Keywords: biomechanics; kinematics; athletics; running


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Posicionamento das câmeras ...................................................................... 23


Figura 2 - Modelo de marcação dos 18 pontos corporais ............................................ 24
Figura 3 - Definição dos ângulos analisados ............................................................... 26
Figura 4 - Porcentagem do ciclo de corrida ................................................................. 27
Figura 5 - Comprimento e frequência de passadas pelo número de voltas ................. 29
Figura 6 - Regressão linear do comprimento e frequência de passadas ...................... 30
Figura 7 - Velocidade média por número de voltas .................................................... 31
Figura 8 - Tempo de contato médio ............................................................................ 32
Figura 9 - Regressão linear da velocidade média e tempo de contato ......................... 33
Figura 10 - Ciclo iniciando-se pela perna direita, lado direito ...................................... 36
Figura 11 - Ciclo iniciando-se pela perna direita, lado esquerdo .................................. 38
Figura 12 - Ciclo iniciando-se pela perna esquerda, lado direito .................................. 40
Figura 13 - Ciclo iniciando-se pela perna esquerda, lado esquerdo .............................. 42
Figura 14 - Regressão linear dos parâmetros angulares, lado direito ............................ 44
Figura 15 - Regressão linear dos parâmetros angulares, lado esquerdo ........................ 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variáveis lineares......................................................................................... 34


Tabela 2 - Variáveis angulares dos movimentos articulares......................................... 43
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

PD Passadas
PS Passo
COMP Comprimento
FREQ Frequência
Vm Velocidade média
t.cont. Tempo de contato
DP Desvio padrão
VEL. Velocidade
V Volta
Máx.Ext. Máximo de Extensão
Máx.Flex. Máximo de Flexão
Quad D Quadril direito
Quad E Quadril esquerdo
Joe D Joelho direito
Joe E Joelho esquerdo
Plant D Plantar direito
Plant E Plantar esquerdo
Dors D Dorsal direito
Dors E Dorsal esquerdo
FEF Facudade de Educação Física
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
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SUMÁRIO

1 Introdução ......................................................................................................................... 14
2 Referencial Teórico .......................................................................................................... 15
2.1 A Cinemática ............................................................................................................... 15
2.2 O Sistema para Análise da Cinemática .......................................................................... 16
2.3 Corridas de Fundo ........................................................................................................... 16
2.4 Fatores que Influenciam na Alteração da Técnica e Desempenho de Corridas de
17
Fundo......................................................................................................................................
3 Justificativa........................................................................................................................ 19
4 Objetivo ............................................................................................................................. 20
4.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 20
4.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 20
5 Materiais e Métodos.......................................................................................................... 21
5.1 Materiais .......................................................................................................................... 21
5.2 Métodos ........................................................................................................................... 22
5.2.1 Sujeito .......................................................................................................................... 22
5.2.2 Aquisição de Dados ...................................................................................................... 22
5.2.3 Medição ........................................................................................................................ 23
5.2.4 Sincronização e Calibração .......................................................................................... 25
5.2.5 Variáveis Experimentais .............................................................................................. 26
5.2.6 Análise de Dados .......................................................................................................... 27
6 Resultados ......................................................................................................................... 28
7 Discussão ........................................................................................................................... 47
8 Considerações Finais ........................................................................................................ 50
9 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 51
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1 Introdução

Nos dias atuais, as corridas de fundo vêm se tornando cada vez mais
populares, sendo praticada por profissionais e amadores, e conhecidas por suas grandes
exigências, tanto no treinamento, quanto na hora da prova. Além disso, para que o atleta
possa concluir a prova num menor tempo possível, é preciso que este consiga manter uma
boa manutenção da técnica e velocidade durante toda a duração da prova, sendo tais fatores
abordados pela área de biomecânica.
Este trabalho foi realizado com o intuito de verificar a analise da técnica
durante a prova de fundo, no caso os 5.000m, a fim de, assim, colaborar com a melhoria do
desempenho de um atleta, e também, possibilitar a expansão da pesquisa para demais atletas.
Após estas considerações iniciais, será apresentado a seguir um breve
referencial teórico, no intuito de discutir os principais aspectos dos temas abordados nesse
estudo: cinemática, análise cinemática tridimensional, corridas de fundo, e fatores que
influenciam na técnica de um corredor.
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2 Referencial Teórico

2.1. A Cinemática

A cinemática é a parte da Física que trata da „geometria‟ do movimento de


um corpo, procurando obter relações entre as grandezas posição, velocidade e aceleração do
corpo e o tempo em que ocorre o movimento (BERR & JOHNSTON, 1991).
Dentro da Biomecânica existe uma área de estudos metodológicos que
trata da obtenção de variáveis cinemáticas com o objetivo de descrever e analisar o
movimento humano. Para isso é necessária a elaboração de um modelo do corpo humano,
sendo possível destacar dois modelos físicos: o modelo do ponto material e o modelo de
corpos rígidos (PATERNIANI, 2001).
O primeiro modelo considera o ponto material como uma quantidade
limitada de matéria, no qual as dimensões podem ser desprezadas. Em análises
biomecânicas, o modelo do ponto material pode ser utilizado, por exemplo, para calcular a
variação da velocidade de um corredor durante determinada prova, onde a localização deste
ponto poderia ser estimada e medida e, medindo-se o tempo da passagem, seria possível
obter uma estimativa da velocidade média do atleta em cada intervalo considerado. No
entanto, caso houvesse interesse de analisar outras variáveis como variações de angulações e
rotações de membros, seria interessante adotar o segundo modelo (modelos de corpos
rígidos).
Um corpo rígido pode ser definido como um sistema formado por um
conjunto de partículas cujas posições relativas permanecem fixas durante o movimento do
corpo (SYMON, 1986). Onde são possíveis os movimentos de translação, rotação em torno
de um eixo e diversas combinações de translações e rotações (movimentos gerais).
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2.2. O Sistema para Análise Cinemática

A análise cinemática tridimensional de movimentos humanos é uma


metodologia freqüentemente utilizada em biomecânica, tendo sido adotada para o estudo da
marcha humana, na análise de gestos esportivos, no estudo da coluna vertebral durante o
movimento, na análise dos movimentos da caixa torácica durante a respiração entre várias
outras aplicações. Além disso, a análise cinemática tridimensional pode ser considerada um
potente instrumento de avaliação, que permite uma análise quantitativa de movimentos
(SARRO, 2003).
O sistema utilizado para a análise cinemática tridimensional de
movimentos humanos foi um sistema de videogrametria desenvolvido por Barros et al.
(1999) e instalado no Laboratório de Instrumentação para Biomecânica da Faculdade de
Educação Física da UNICAMP, denominado Dvideow – Digital Video for biomechanics for
Windows 32 bits.
O sistema Dvideow consiste em equipamentos não dedicados e em um
programa de computador que permite a utilização de marcadores passivos e ativos sob
diferentes condições experimentais, garantindo a confiabilidade de resultados, simplicidade
de operação e baixo custo. Possibilita reconstrução bidimensional e tridimensional do
movimento, a partir de sequência de imagens obtidas por câmeras de vídeo (BARROS et al.,
1999).

2.3. Corridas de fundo

A corrida é uma das modalidades mais antigas do atletismo, no qual o


objetivo é percorrer determinada distância num menor tempo possível. Ela pode ser dividida
em corridas de curta distância ou velocidade (100m, 200m ou 400m rasos), média distância
ou meio fundo (800m ou 1500m), e longa distância ou fundo (5.000m, 10.000m, 42.195m-
maratona).
De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) a estrutura
do passo de meio fundo e fundo se dá da seguinte maneira: a posição do pé no contato com o
solo varia de acordo com a intensidade da corrida; a perna livre balança à frente com ângulo
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aberto ao joelho; a extensão do quadril, perna e pé, na fase de impulso, pode ser completa
(meio fundo) ou incompleta (fundo); a elevação do joelho é menos; o movimento dos braços
é mais curto com pouca extensão do cotovelo.
Além disso, o passo é dividido em três fases, sendo elas: apoio, vôo e
apoio. Sendo importante ressaltar que na fase de apoio o principal objetivo é obter uma
eficiente ação do pé, e as características técnicas se dão da seguinte forma: primeiro contato
com a parte exterior do calcanhar em corridas mais lentas; parte média (metatarso) do pé
tem o primeiro contato em corridas mais rápidas; o pé roda de trás para frente, em
movimento de “mata-borrão” para executar o impulso.
Cabe ressaltar que cada corredor apresenta uma faixa de variação do
comprimento e freqüência das passadas. Quanto maior a estatura do corredor, e/ou seu
comprimento de pernas, maior poderá ser seu comprimento das passadas. Por outro lado,
longas passadas geram maior impacto do pé com o solo. Já o oposto ocorre com a freqüência
das passadas; quanto maior a estatura do corredor, e/ou seu comprimento de pernas, menor
poderá ser sua freqüência (HUNTER et. al., 2004).

2.4. Fatores que Influenciam na Alteração da Técnica e Desempenho de Corridas de


Fundo
De acordo com a distância a ser percorrida, encontramos diversos fatores
que influenciam no bom desempenho do corredor. No caso das provas de fundo e meio
fundo podemos citar alguns fatores táticos e técnicos como o comprimento e freqüência da
passada, técnica de corrida, entre outros. As técnicas de corrida dos atletas se diferenciam de
diversas maneiras. Fatores como a flexibilidade (e.g. Graib et al., 1996; Nelson et al.,2001),
função neuromuscular (e.g. Paavolainen et al., 1999 a, 1999b), estrutura corporal (e.g
Cavanaght and Kram,1989), distribuição das fibras musculares (e.g. Bosco et al., 1982,
Kyröläinen et al.,2003), anos de treinamento e histórico de lesões (e.g. Slawinski and Billat,
2004), tem sido estudados para explicar essas diferenças.
Foi observado também, que as variáveis cinemáticas de corredores de
meio fundo são similares às dos corredores de longa distância. Uma ótima mecânica de
corrida garante ao atleta que todo seu potencial neuromuscular está sendo utilizado,
melhorando a economia e o desempenho da corrida do atleta (Skof and Stuhec, 2004).
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Corridas de longa distância demandam do corredor um equilíbrio


energético, devido às características dessa prova que exigem grande consumo energético,
determinação e condição aeróbia. Além, disso, há conhecimento de que, nas corridas de
média e longa distância, a performance máxima depende da otimização da capacidade
aeróbia e dos fatores biomecânicos, que juntas determinam o gasto energético do atleta
(Slawinski and Billat, 2004).
Lenskinen (2009) realizou um estudo comparativo sobre a cinemática
entre corredores de elite e corredores de nível nacional durante os 1.500 metros. O objetivo
do estudo foi determinar as diferenças entre a cinemática de corrida dos grupos em questão,
analisando a segunda volta dos 1.500m, dados coletados durante a final do Campeonato
Mundial de 2005. Para a coleta dos dados foram utilizadas duas câmeras que operam em alta
velocidade, a 200 Hz. As variáveis analisadas foram os ângulos de joelho, tempo de contato
do pé com o solo, velocidade angular do joelho, velocidade, comprimento de passada. Como
resultado concluiu que os corredores de elite utilizam a energia elástica de forma mais
eficiente, com a combinação do mínimo de trabalho concêntrico, que levam a melhora do
desempenho de suas corridas.
Outros autores também realizaram estudos parecidos, comparando
corredores de distância de elite com bons corredores. Dillaman (1975) concluiu que os
corredores de elite apresentam comprimento de passo (CP) maior numa velocidade dada, em
corridas de distância, enquanto que Kunz & Kaufmann (1981) estudaram em um tiro de
corrida, e Cavanagh (1977) encontrou um CP mais curto. Porém, Cavanagh não encontrou
valores significativos nos ângulos da coxa com a vertical ou no ângulo do joelho, torques
musculares totais durante a fase de oscilação.
Observando alguns estudos realizados, podemos citar interessante,
também, os estudos que relacionaram os fatores biomecânicos e a economia de corrida,
verificado por Kyröläinen, Belly & Komi (2001), que analisou a cinemática, cinética e
atividade muscular, para explicar a economia de corrida em diferentes velocidades,
concluindo que diversos fatores influenciam no gasto de energia, porém, sem encontrar
nenhum parâmetro exclusivamente biomecânico que pudesse influenciar, ou explicar, a
economia de corrida.
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3 Justificativa

De acordo com a literatura, grande parte dos estudos relacionados à


biomecânica da corrida realiza-se em situações experimentais controladas, tornando-se
difícil a obtenção de dados comparativos do desempenho em situações de competição. Isso
ocorre em virtude de que informações como padrões de movimento, são frequentemente
influenciados durante a competição, devido às estratégias ou presença de outros corredores,
o que acaba dificultando o isolamento dos fatores biomecânicos para o desempenho.
Tendo em vista os estudos citados no capítulo 2.4, mostrou-se interessante
analisar a cinemática da prova dos 5.000m, avaliando o comprimento e freqüência de
passadas, tempo de contato do pé com o solo, velocidade média no decorrer da prova, além
de parâmetros angulares relacionados aos membros inferiores (quadril, joelho e tornozelo).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a cinemática tridimensional dos 5.000
metros, de um atleta, sendo comparados dados do atleta de acordo com variáveis obtidas
através das imagens capturadas pelas filmagens, em cada volta do percurso, totalizando treze
voltas, dentro de um espaço delimitado.
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4 Objetivo

4.1 Objetivo Geral

 Análise cinemática tridimensional da prova de 5.000 metros.

4.2 Objetivos Específicos

 Analisar parâmetros lineares como: velocidade média do centro de


massa, comprimento e frequência de passadas, tempo de contato do pé com o solo, e
relacioná-los.
 Analisar parâmetros angulares como: ângulo de quadril (máximo de
flexão e mínimo de extensão), joelho (máximo de flexão e máximo de extensão) e
tornozelo (máximo de flexão plantar e máximo de flexão dorsal).
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5 Materiais e Métodos

5.1 Materiais

Inicialmente, para a coleta de dados, foi proposta a utilização de 04


câmeras digitais da marca BASLER® A602fc, todas com seus respectivos tripés, para
aquisição das imagens, em fitas Mini-DV. E a transferência das imagens das câmeras para o
computador se daria através de placas de captura, padrão IEEE1394, para que assim as
imagens pudessem ser arquivadas no formato AVI.
No entanto, surgiu a oportunidade de utilizarmos outro tipo de câmeras
digitais, da marca JVC – HD Everio GZ-HD6, que possibilita filmagens em alta definição,
além de trazer a esse estudo benefícios como uma melhor qualidade das imagens para a
aquisição dos dados necessários; maior velocidade de captura das imagens; possibilidade de
utilização de zoom, para melhorar a visualização do atleta; diminuição de custos, visto que a
captura das imagens se dá na memória da própria câmera e pode ser facilmente transferida a
um computador; redução no volume de materiais a serem transportados para a coleta, uma
vez que não há necessidade de levar computadores. Além disso, ao invés de utilizarmos 04
câmeras utilizamos 06 câmeras, o que aumentou ainda mais a precisão na captura e análises
dos dados, e diminuiu o número de erros a serem cometidos nas análises.
A transferência das imagens das câmeras para o computador se deu através
de um cabo simples de USB, sendo que as imagens são arquivadas no formato TOD. Como
dito anteriormente, as imagens de vídeo coletadas durante as coletas de dados foram
arquivadas em formato TOD, sendo assim, foi necessário converter as imagens para o
formato AVI para que fosse possível a utilização do sistema Dvideow (FIGUEROA et al.
2003) para a medição dos dados. Para isso utilizamos o software de conversão Adobe
Premiere Elements 8.0.
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5.2 Métodos

5.2.1 Sujeito:

Para a realização da coleta de dados solicitou-se a participação de um


sujeito do sexo feminino, com idade de 21 anos, do nível amador e com o tempo de treino
superior a 5 anos.

5.2.2 Aquisição de dados:

A coleta de dados foi realizada na pista de atletismo da Faculdade de


Educação Física da UNICAMP, no dia 31/03/2010, onde foi demarcado um volume de
10.0m de comprimento e 2.44m de largura (distância que totaliza a somatória do espaço de
duas raias da pista de atletismo da UNICAMP), para a captura das imagens.
Neste trabalho adotou-se o termo “passada” (PD) para definir um ciclo de
corrida, quando um pé entra em contato com o solo até que o mesmo pé toque o solo
novamente; enquanto que o termo “passo” (PS) foi adotado para definir meio ciclo de
corrida, que é quando um pé entra em contato com o solo até o pé oposto tocar o solo.
(HUNTER; MARSHAL; MCNAIR, 2004).
Definimos o comprimento das passadas como a distância entre o contato
de um dos pés com o solo até o próximo contato do mesmo pé, e a freqüência das passadas
como o número de passadas apresentado em um determinado tempo, no caso segundos.
Foram analisadas as últimas duas passadas que a atleta deu antes de cruzar
a demarcação do final dos 400m da pista de atletismo, 1 volta na pista, durante as 13 voltas
realizadas.
As câmeras foram posicionadas de acordo com a figura 1:
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Figura 1- Posicionamento das câmeras; delimitação do volume de captura das


imagens, sistema de coordenadas, definição de passada. PD: passada.

A filmagem, realizada com as 06 câmeras digitais, se deu com a resolução


em full high definition (FHD), e freqüência de aquisição das imagens de 60 Hz e shutter de
1/1000.

5.2.3 Medição

Neste trabalho foi utilizado o modelo de corpo rígido de 18 pontos


proposto por Zatsiorsky (1990) para encontrar o centro articular de cada segmento corporal.
Os pontos foram manualmente digitalizados no sistema Dvideow (FIGUEROA et al. 2003),
para delimitar 12 segmentos corporais do atleta, sendo eles: cabeça, tronco, braço,
antebraço, coxa, perna e pé de ambos os lados. E assim permitir a obtenção do centro de
massa do atleta.
24

A partir das imagens de vídeo capturadas durante as coletas de dados,


mediu-se manualmente as estimativas dos centros articulares utilizando o sistema Dvideow
o qual, a partir de conceitos matemáticos aplicados ao processamento digital de imagens,
obtém coordenadas 3D dos 18 pontos do modelo de corpo rígido a partir de pontos 2D
(imagem da câmera) desses mesmos pontos.
O sistema Dvideow também foi usado na análise cinemática das imagens
para a marcação dos pontos no corpo dos corredores. Dezoito pontos foram marcados,
manualmente, no corpo do atleta: 1. vertex da cabeça, 2.incisura jugular, 3.centro articular
do ombro direito, 4.centro articular do cotovelo direito, 5.centro articular do punho direito,
6.centro articular do ombro esquerdo, 7.centro articular do cotovelo esquerdo, 8.centro
articular do punho esquerdo, 9.centro articular do quadril direito, 10.centro articular do
joelho direito, 11.centro articular do maléolo direito, 12.calcanhar direito, 13.halux do pé
direito, 14.centro articular do quadril esquerdo, 15.centro articular do joelho esquerdo,
16.centro articular do maléolo esquerdo, 17.calcanhar esquerdo, 18.halux do pé esquerdo.
Assim a reconstrução 3D do modelo de corpo rígido do atleta possuirá 12 segmentos.
O modelo de marcação dos 18 pontos marcados manualmente, para
delimitar os 12 segmentos corporais do atleta pode ser observado na figura 2:

Figura 2- Modelo de marcação dos 18 pontos que delimitam os 12 segmentos


corporais do atleta.
25

Com o uso do software matemático MATLAB realizou-se o tratamento


dos dados obtidos e a análise das variáveis da cinemática tridimensional do atleta. E, através
de manipulações algébricas, foi possível a obtenção de funções que deram origem à tabela e
aos gráficos das variáveis cinemáticas, permitindo uma análise quantitativa intra-atleta, que
serão analisados mais adiante.
A obtenção do centro de massa dos segmentos corporais e do atleta foi
baseada no modelo antropométrico descrito em Zatsiorsky et al. (1990). Para a calibração e
reconstrução das coordenadas 3D do atleta utilizamos o sistema Dvideo.

5.2.4 Sincronização e Calibração

A sincronização das câmeras de vídeo foi realizada utilizando a banda de


áudio, método que consiste em gerar e transmitir um sinal de áudio através de
radiofrequência para receptores conectados à entrada de microfone das câmeras inserindo o
sinal na banda de áudio. E através da utilização de um software consegue-se calcular a
defasagem temporal entre os sinais e depois utilizá-la para interpolar as trajetórias das
projeções sincronizadas, permitindo assim uma melhor acurácia na sincronização das
câmeras (BARROS et. al., 2005).
Para efetuar a calibração móvel das câmeras, foram marcados 10 pontos,
dentro de um volume de 10m de comprimento, 2.44m de largura e 2m de altura, na pista de
atletismo, uma vez que, sabendo as distâncias entre os pontos fixos no chão, e por
triangulação, chega-se numa matriz de referência. E a partir das informações, na localização
espacial do objeto, obtidas através de uma reconstrução tridimensional de suas coordenadas
a cada instante, é estabelecida uma relação geométrica entre o objeto de interesse e sua
imagem, tornando-se possível, assim, obter informações importantes para melhorar a
qualidade de calibração das câmeras.
A sincronização das câmeras, realizada durante a coleta e o teste da
acurácia (resultando em 0.066m), feito posteriormente, permitem a visualização das imagens
de todas as câmeras no mesmo instante em que as ações ocorreram e verifica a exatidão da
medição dos dados, respectivamente. E somente após tais verificações é possível realizar a
análise dos dados.
26

5.2.5 Variáveis Experimentais

No presente trabalho a análise cinemática tridimensional se deu através de


cálculos de variáveis lineares e angulares. As variáveis lineares obtidas foram velocidade
média (Vm) do centro de massa, comprimento de passadas, comprimento dos passos,
velocidade dos passos, freqüência de passadas e tempo de contato do pé com o solo.
Enquanto que para as variáveis angulares foram calculados os ângulos de máximo de flexão
e máximo de extensão de quadril, ângulos de máximo de flexão e máximo de extensão de
joelho, e ângulos de máximo de flexão plantar e máximo de flexão dorsal.
Os ângulos de quadril, joelho e tornozelo foram definidos conforme a
figura 3, descrita abaixo:

FLEXÃO
EXTENSÃO

EXTENSÃO
FLEXÃO
FLEXÃO
DORSAL
FLEXÃO
PLANTAR

Figura 3- Definição dos ângulos analisados: ângulo do quadril; ângulo do joelho;


ângulo do tornozelo. 
27

5.2.6 Análise de Dados

A análise das variáveis lineares e angulares se deu através do software


matemático MATLAB, onde foi possível chegar aos resultados finais. Sendo que o tipo de
análise realizada nesse trabalho, uma análise comparativa intra-atleta, se deu através
comparação de dados discretos e curvas, ou seja, tabelas e gráficos.
Com relação às variáveis lineares, calculou-se o comprimento (COMP.) e
freqüência (FREQ.) de cada passada no decorrer das 13 voltas realizadas pelo atleta, e a
partir da análise de regressão linear, foi possível perceber se as variáveis em questão
aumentaram ou diminuíram significamente no decorrer das 13 voltas. Relacionou-se
também a velocidade média (Vm) do centro de massa e o tempo de contato médio do pé
com o solo (t. cont.) no decorrer de cada volta.
Para a análise dos parâmetros angulares relacionou-se os ângulos com a
porcentagem do ciclo de corrida (0 % 1º contato do pé com o solo; 100 % saída do ultimo
pé), descrevendo cada fase da passada (primeiro contato do pé com o solo, máxima flexão
do joelho, máxima extensão do quadril e joelho, máxima flexão plantar, apoio da outra
perna, e assim por diante). Na figura 4, a primeira metade, em preto, descreve a primeira
passada, enquanto que a segunda metade, em azul, representa a segunda passada analisada.

Figura 4-Porcentagem do ciclo de corrida, sendo demonstrados os dois ciclos de passada


analisados.

Através da comparação dos gráficos e tabelas, juntamente com a Figura 4,


foi possível analisar os ângulos do quadril, joelho e tornozelo de cada lado, verificando o
que acontece com os ângulos no decorrer do ciclo para as 13 voltas realizadas, levando-se
sempre em consideração as seguintes variáveis: ângulos de máximo de flexão e máximo de
28

extensão de quadril, ângulos de máximo de flexão e máximo de extensão de joelho, e


ângulos de máximo de flexão plantar e máximo de flexão dorsal.

6 Resultados

Os dados analisados foram obtidos durante cada volta que a atleta deu na
pista de atletismo, totalizando, ao final, um total de 13 voltas, em virtude do posicionamento
das câmeras na marcação de 400m.
Com os dados obtidos, foram feitas comparações lineares de cada volta
com relação ao comprimento, freqüência e velocidade média de cada passada, comprimento,
velocidade e tempo de contato do pé com o solo em cada volta, verificando o desempenho
da atleta durante a simulação de prova. Além de relações com os dados angulares, onde
foram calculados os ângulos de máximo de flexão e máximo de extensão de quadril, ângulos
de máximo de flexão e máximo de extensão de joelho, e ângulos de máximo de flexão
plantar e máximo de flexão dorsal.
De acordo com a relação matemática entre a velocidade, o comprimento
das passadas e a freqüência das passadas (V = λ . f; onde V é a velocidade, λ o comprimento
das passadas e f a freqüência das passadas), a velocidade do corredor pode ser calculada
através do produto do comprimento das passadas e a freqüência das passadas.
A figura 5 faz uma relação entre o comprimento e freqüência das passadas,
relacionada com o número de voltas realizadas pelo atleta.
29

Gráfico do Comprimento e Frequencia da passada X Número de voltas


3 2

Frequência da passada (1/s)


Comprimento da passada (m)

2.5 1.9

2 1.8
0 2 4 6 8 10 12 14
Número de voltas

Figura 5-Comparação entre o comprimento e a freqüência de passadas pelo número de


voltas.

Analisando a figura 5, percebe-se que o atleta apresentou uma queda


gradativa no comprimento da passada até, aproximadamente, a volta 6, posteriormente
obteve um pequeno pico na volta 7, e novamente uma queda gradativa até a volta 11, onde
começou a aumentar de forma gradativa o comprimento das passadas, antes de chegar ao
final dos 5.000m. O gráfico comportou-se dessa maneira devido à possível exaustão
provocada pela corrida, e no que diz respeito ao aumento da velocidade observado na volta
7, pode ser justificado pelo fato do atleta ter se hidratado nesse período, que serviu de
incentivo para melhorar o ritmo de corrida, aumentando o comprimento de passada nesta
volta em especial. Já ao final da prova tal parâmetro volta a subir em virtude do “sprint”
final dado para o término da mesma.
Juntamente com o comprimento das passadas é possível analisar a
freqüência das passadas, que apresentou comportamento oposto, até a volta 3, já que,
enquanto o comprimento das passadas diminuía, a freqüência aumentava. A partir de então
ambas variáveis passaram a comportar-se da mesma maneira, e somente a partir da volta 11
é que passaram a comportar-se de maneira oposta novamente. No que se refere ao período
das três primeiras voltas, a ascensão na freqüência de passada pode ser explicada como um
incentivo que o atleta sofreu ao final da prova.
30

Através da análise de regressão linear, foi possível afirmar que houve uma
queda significativa no comprimento de passadas (p<0.05) com relação ao número de voltas,
enquanto que na frequência de passadas não foi possível encontrar o mesmo resultado
(p=0.0997). A partir da relação entre velocidade, comprimento de passadas de freqüência,
citada anteriormente, pode-se afirmar que a velocidade diminuiu, em razão da diminuição do
comprimento de passadas e, consequentemente o tempo de contato com o pé no solo
aumentou.
A figura 6 ilustra o comportamento da reta de regressão linear no decorrer
dos 5.000 metros, relacionando o comprimento e a freqüência de passadas e o número de
voltas.

Figura 6-Comprimento (R2 = 0.57; p=0.0031) e freqüência (R2=0.23; p=0.0997) de passada


pelo número de voltas.

A partir dos dados supracitados (comprimento e freqüência de passadas)


foi possível calcular a velocidade média do atleta, como citado anteriormente.
A figura 7 apresenta o gráfico da velocidade média do centro de massa em
função do número de voltas.
31

Gráfico da velocidade média x número de voltas


6

5.5
Velocidade média (m/s)

4.5

3.5

3
2 4 6 8 10 12
Número de voltas

Figura 7- Comportamento da velocidade média no decorrer das voltas analisadas.

Pela análise da Figura 7, pode-se dizer que a velocidade do atleta variou da


seguinte forma: manteve-se constante até a volta 4, uma vez que onde começou a sofrer uma
pequena queda até a volta 6; houve um aumento de velocidade na volta 7, seguido de uma
queda até a volta 8, e posteriormente a velocidade manteve-se praticamente constante até a
volta 11, onde sofreu um pequeno aumento de velocidade ao final da volta 11. Vale lembrar
que quanto maior for o comprimento e a freqüência de passadas, maior será a velocidade,
portanto é justificável o fato deste gráfico possuir um comportamento similar ao da Figura 5.
Sendo assim, acrescenta-se que a constância que houve na velocidade até a volta 4, deve-se
ao aumento do comprimento de passadas e a regressão da freqüência.
A figura 8 relaciona o tempo de contato médio dos pés no solo no decorrer
das voltas analisadas.
32

Gráfico do Tempo de contato médio X Número de voltas


0.31

0.3
Tempo de contato (s)

0.29

0.28

0.27

0.26

0.25

0.24
2 4 6 8 10 12
Número de voltas

Figura 8-Comparação da média do tempo de contato do pé com o solo e o número de


voltas.

Através da análise da figura 8 pode-se perceber que há dois picos e um


vale sendo o primeiro na volta 7, indicando uma grande queda no tempo de contato, que
pode ser relacionado aos picos dos gráficos anteriores, onde há um aumento da velocidade,
freqüência e comprimento de passadas. Já o segundo pico, na volta 8, demonstra que houve
um aumento significativo no tempo de contato do pé com o solo, que pode ser atribuído à
queda da velocidade, freqüência e comprimento das passadas.
Após a análise de regressão linear do comprimento e freqüência de
passadas, onde foi possível afirmar que houve uma queda significativa do comprimento de
passadas, realizou-se o mesmo tipo de análise com relação à velocidade média do centro de
massa e o tempo de contato médio do pé com o solo, no decorrer da prova. Onde foi
possível afirmar que houve uma queda significativa da velocidade média (p<0.05), enquanto
que com relação ao tempo de contato médio do pé com o solo não foi possível encontrar
resultados significativos, ou seja, não é possível afirmar que esta variável sofreu um
aumento significativo.
A figura 9 ilustra o comportamento da reta de regressão linear no decorrer
dos 5.000 metros, relacionando a velocidade média do centro de massa e o tempo de contato
médio do pé com o solo durante as 13 voltas.
33

Figura 9– Velocidade média (R2 = 0.57; p=0.0028) e tempo de contato médio (R2 = 0.17;
p=0.1594) de passada pelo número de voltas.

Após a análise de regressão linear do comprimento e freqüência de


passadas, onde foi possível afirmar que houve uma queda significativa do comprimento de
passadas, realizou-se o mesmo tipo de análise com relação à velocidade média do centro de
massa e o tempo de contato médio do pé com o solo, no decorrer da prova. Onde foi
possível afirmar que houve uma queda significativa da velocidade média (p<0.05), enquanto
que com relação ao tempo de contato médio do pé com o solo não foi possível encontrar
resultados significativos, ou seja, não é possível afirmar que esta variável sofreu um
aumento significativo.
A tabela 1, a seguir, foi utilizada a análise dos dados discretos, mostrando
a velocidade média de cada passada e de cada passo, comprimento das passadas e dos
passos, freqüência das passadas e tempo de contato do pé com o solo, em cada passo. Além
disso, foi calculado a média e desvio padrão (DP) de cada variável, de todas as voltas.
34

Tabela 1. Variáveis lineares.

Vm Vm COMP. COMP. COMP. COMP. COMP. COMP. VEL. VEL. VEL. VEL. FREQ. FREQ. t. Cont. t. Cont. t. Cont. t. Cont. t. Cont.
PD 1 PD 2 PD 1 PD 2 PS 1 PS 2 PS 3 PS 4 PS 1 PS 2 PS 3 PS 4 PD 1 PD 2 PS 1 PS 2 PS 3 PS 4 PS 5
(m/s) (m/s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m/s) (m/s) (m/s) (m/s) (1/s) (1/s) (s) (s) (s) (s) (s)
V1 4,98 4,90 2,71 2,67 1,39 1,32 1,38 1,29 5,21 5,17 5,11 5,09 1,84 1,84 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27
V2 5,03 4,93 2,70 2,66 1,39 1,31 1,35 1,31 5,22 5,22 5,26 5,10 1,86 1,85 0,27 0,27 0,27 0,27 0,23
V3 4,96 4,91 2,63 2,55 1,33 1,29 1,32 1,23 5,44 5,14 5,06 5,12 1,89 1,92 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27
V4 4,83 4,79 2,52 2,58 1,25 1,27 1,35 1,23 4,88 4,99 4,87 4,96 1,92 1,86 0,23 0,30 0,30 0,27 0,27
V5 4,38 4,30 2,39 2,28 1,19 1,19 1,10 1,17 4,83 4,54 4,51 4,29 1,84 1,89 0,30 0,27 0,30 0,30 0,30
V6 4,24 4,22 2,39 2,20 1,13 1,26 1,10 1,10 4,48 4,28 4,30 4,37 1,78 1,92 0,30 0,30 0,27 0,30 0,30
V7 4,64 4,58 2,45 2,42 1,23 1,22 1,21 1,21 5,14 4,75 4,50 4,66 1,90 1,89 0,30 0,27 0,17 0,27 0,23
V8 4,14 3,93 2,29 2,12 1,16 1,13 1,05 1,07 4,53 4,38 4,17 3,99 1,81 1,86 0,30 0,30 0,33 0,30 0,30
V9 4,16 4,02 2,28 2,16 1,15 1,14 1,05 1,11 4,46 4,34 4,27 4,17 1,82 1,86 0,27 0,30 0,30 0,30 0,23
V10 4,23 4,11 2,31 2,23 1,16 1,15 1,11 1,12 4,80 4,25 4,33 4,22 1,83 1,84 0,30 0,30 0,30 0,27 0,27
V11 4,07 4,05 2,25 2,14 1,07 1,17 1,07 1,08 4,08 4,20 4,10 4,04 1,81 1,89 0,27 0,30 0,30 0,30 0,27
V12 4,28 4,17 2,32 2,28 1,15 1,17 1,13 1,14 4,52 4,41 4,46 4,32 1,84 1,83 0,27 0,30 0,27 0,30 0,27
V13 4,54 4,40 2,46 2,39 1,23 1,24 1,15 1,24 4,67 4,72 4,77 4,56 1,84 1,84 0,27 0,27 0,27 0,30 0,27
MEDIA 4,50 4,41 2,44 2,36 1,22 1,22 1,18 1,18 4,79 4,65 4,59 4,53 1,84 1,87 0,28 0,29 0,28 0,29 0,27
DP 0,35 0,37 0,16 0,20 0,10 0,07 0,12 0,08 0,39 0,38 0,38 0,42 0,04 0,03 0,02 0,02 0,04 0,02 0,02
(Vm: velocidade medida; COMP: comprimento; VEL.: velocidade; FREQ.: freqüência; t.Cont: tempo de contato; PD: passada; PS: passo; V: volta; DP: desvio padrão).
35

Através dos dados obtidos, também foram feitas comparações angulares,


relacionando os ângulos de quadril, joelho e tornozelo de acordo com o ciclo de passadas. E a
partir da análise das figuras pode-se afirmar que o comportamento das curvas no decorrer de
cada volta apresentou-se semelhante, mantendo certo padrão de movimento.
A figura 9 ilustra as comparações angulares de quadril, joelho e tornozelo
realizadas quando ciclo de passadas se iniciou com a perna direita, além de mostrar somente os
dados do lado direito do corpo. Já a figura 10 também ilustra as comparações realizadas quando
o ciclo de passadas se iniciou com a perna direita, no entanto apresentam dados dos membros
inferiores do lado esquerdo do corpo.
As figuras 11 e 12 mostram as comparações angulares de quadril, joelho e
tornozelo quando o clico de passadas iniciou-se com a perna esquerda, todavia na figura 11
mostram-se os dados do comportamento do lado direito do corpo, enquanto que a figura 12
mostra-se o comportamento do lado esquerdo.
Na figura 9 podemos perceber que quando o ciclo se inicia com a perna direita
o ângulo do quadril direito atinge o ponto de máxima extensão em aproximadamente 20 % do
ciclo, que é quando a perna de apoio que faz o contato com o chão, o joelho direito, encontra-se
estendido, representada na primeira passada dada pelo atleta. Já o máximo de flexão do quadril
ocorre em aproximadamente 70 % do ciclo, que é quando a perna de apoio é a perna esquerda e a
perna de balanço a direita, visto que ela se encontra flexionada, além disso, pode-se afirmar que
o valor de máximo de flexão do quadril direito ocorre durante a segunda passada do ciclo.
Ainda com relação à mesma figura, quando analisamos o ângulo do joelho
direito podemos afirmar que este atingiu seu ângulo de máxima extensão entre 10% e 20% do
ciclo, quando a perna direita está no apoio, representada na primeira passada do ciclo. Enquanto
isso, o máximo de flexão ocorre ente 20% e 30% do ciclo, que é quando a perna direita encontra-
se em fase de balanço, estando flexionada, e a perna esquerda encontra-se como perna de apoio.
Finalizando a análise da figura 9, quando tratamos do ângulo do tornozelo
direito, podemos afirma que o mesmo apresentou o ângulo de máxima flexão dorsal próximo aos
10% iniciais o ciclo, onde a perna de apoio era a perna direita, iniciando o ciclo de passadas. E o
ângulo de máxima flexão plantar se deu aos 60% do ciclo, que é quando o atleta impulsiona o
chão com a perna direita, realizando, simultaneamente o máximo de extensão do joelho e do
quadril, ocorrendo na segunda passada do ciclo.
36

Gráfico do Quadril Direito


180

175
Ângulo do Quadril direito

170

165

160

155

150

V5
145
V7
V8
140 V9
V 10
V 11
135
V 12
V 13
130
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Gráfico do Joelho Direito


180

160
Ângulo do Joelho Direito

140

120

100 V5
V7
V8
V9
V 10
80
V 11
V 12
V 13

60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo
Gráfico do Tornozelo Direito
130

120
Ângulo do Tornozelo Direito

110

100

90

V5
80 V7
V8
V9
V 10
70 V 11
V 12
V 13
60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Figura 10 – Ciclos iniciando-se com a perna direita, lado direito.


37

Na figura 10 encontramos alguns dados diferentes dos encontrados na figura


anterior, uma vez que ela representa o que aconteceu com a outra perna, esquerda, quando o
ciclo se iniciou com a perna direita.
Quando tratamos dos ângulos do quadril esquerdo, podemos afirmar que o
ângulo de máxima extensão ocorreu em aproximadamente 40 % do ciclo, apresentado na
primeira passada, que é quando o joelho esquerdo encontra-se estendido e apoiado no solo. E o
ângulo e máxima flexão do quadril ocorreu ao final do ciclo de passadas, entre 90% e 100%,
que é quando a perna direita é a perna de apoio e a perna esquerda, perna de balanço, encontra-
se flexionada.
Já os ângulos do joelho esquerdo, representados na mesma figura, apresentam
ângulo de máxima extensão entre 30% e 40% do ciclo, onde estava ocorrendo a primeira
passada do ciclo, que é quando a perna esquerda encontra-se no apoio e estendida, auxiliando
na impulsão do atleta. Enquanto isso, o ângulo de máxima flexão ocorre no início do ciclo da
primeira passada, ou seja, nos primeiros 10%, representado quando a perna de apoio é a perna
direita e a perna de balanço a esquerda, que está flexionada.
Ao analisarmos os ângulos do tornozelo esquerdo, podemos afirmar que
apresenta o ângulo de máxima flexão dorsal em aproximadamente 30% do ciclo, quando a
perna esquerda está iniciando o apoio no chão. Por outro lado, o ângulo de máxima flexão
plantar encontra-se em aproximadamente 80% do ciclo, na segunda passada, que é quando o
atleta está se preparando para a impulsão no chão com a perna esquerda.
38

Gráfico do Quadril Esquerdo


180
V5
V7
175 V8
Ângulo do Quadril Esquerdo

V9
V 10
170 V 11
V 12
V 13
165

160

155

150

145

140

135
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Gráfico do Joelho Esquerdo


180
V5
V7
V8
Ângulo do Joelho Esquerdo

160 V9
V 10
V 11
V 12
140 V 13

120

100

80

60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Gráfico do Tornozelo Esquerdo


120
Ângulo do Tornozelo Esquerdo

110

100

90

80

V 5
70 V 7
V 8
V 9
V 10
60 V 11
V 12
V 13

50
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Figura 11 – Ciclos iniciando-se com a perna direita, lado esquerdo.


39

Diferentemente das figuras apresentadas anteriormente, a figura 11 apresenta


os dados de quando o ciclo iniciou-se com a perna esquerda, mostrando somente o que ocorreu
com o lado direito do corpo. Além disso, pode-se perceber que a linha vermelha, que representa
a volta 1, comporta-se de maneira um pouco diferente das outras linhas, isto pode ter ocorrido
em razão de uma fase de adaptação durante a primeira volta.
Assim podemos dizer que o ângulo do quadril direito apresentou seu ângulo
de máxima extensão quando o ciclo estava próximo aos 40%, ao final da primeira passada,
quando a perna direita encontrava-se no apoio e a perna esquerda no balanço. O ângulo de
máxima flexão do quadril ocorreu entre 50% e 60% do ciclo, ou seja, o início da segunda
passada, quando a perna de apoio era a perna esquerda e a perna direita de balanço.
Ainda se tratando da figura 11, o ângulo do joelho direito apresentou seu
máximo de extensão quando estava entre 30% e 40% do ciclo, onde a perna direita encontrava-
se estendida e apoiada no chão. Já o ângulo de máxima flexão do joelho apresentou-se próximo
aos 50% do ciclo, que é quando a perna esquerda encontra-se no apoio e a perna direita no
balanço. É interessante ressaltar que tanto o ângulo de máxima extensão quanto o de máxima
flexão ocorreram na primeira passada.
E, finalmente, o ângulo do tornozelo direito teve seu ângulo de máxima
flexão plantar em aproximadamente 80% do ciclo, ao final da segunda passada, quando a perna
direita estava prestes ao sair do solo, dando o impulso ao atleta. E o ângulo de máxima flexão
dorsal ocorreu aos 30 % do ciclo, na primeira passada, uma vez que a perna direita encontrava-
se no apoio e a esquerda no balanço.
40

Gráfico do Quadril Direito


180
V1
V2
175
V3
V4
Ângulo do Quadril Direito

170 V6

165

160

155

150

145

140

135

130
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo
Gráfico do Joelho Direito
180
V1
V2
V3
160 V4
Ângulo do Joelho Direito

V6

140

120

100

80

60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo
Gráfico do Tornozelo Direito
130
V1
V2
120 V3
Ângulo do Tornozelo Direito

V4
V6

110

100

90

80

70

60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Figura 12 - Ciclos iniciando-se com a perna esquerda, lado direito.


41

Apesar de a figura 12 se assemelhar com a figura anterior por iniciar o ciclo de


passadas com a perna esquerda, ela se difere no quesito de que a perna a ser analisada é a perna
esquerda.
Ao analisarmos o comportamento da curva durante o movimento do quadril
esquerdo, podemos afirmar que este atinge o ângulo de máxima extensão aos 20% iniciais do
ciclo da primeira passada, onde a perna de apoio é a perna esquerda, onde ela encontra-se
estendida, pronta para dar o impulso para o atleta. Já o máximo de flexão do quadril é encontrado
próximo aos 70% do ciclo de passadas, quando está ocorrendo a segunda passada; a perna de
apoio é a perna direita e a de balanço a esquerda, onde o quadril encontra-se flexionado.
Quando tratamos do comportamento dos ângulos do joelho esquerdo, podemos
dizer que este alcança seu ângulo máximo de extensão em próximo aos 40% do ciclo, ao final da
primeira passada; nesse ponto a perna de apoio é a perna esquerda e encontra-se estendida. Ao
analisarmos o ângulo de máxima flexão, o encontramos próximo aos 30% do ciclo, pouco antes
de ocorrer o ângulo de máxima extensão. Pode-se afirmar que nesse ponto a perna de apoio é a
perna direita e a esquerda a de balanço, o joelho esquerdo encontra-se flexionado.
Ainda se tratando da figura 12, ao verificarmos os ângulos do tornozelo
esquerdo, podemos concluir que ele apresenta seu ângulo de máxima flexão plantar aos 60% do
ciclo, onde a perna de apoio, esquerda, encontra-se com o tornozelo estendido, e isso ocorre
durante a segunda passada. Por fim, o ângulo de máxima de flexão dorsal é percebido nos 10%
iniciais do ciclo, durante a primeira passada; pode-se afirmar que nesse ponto o tornozelo
esquerdo encontra-se em dorsiflexão, preparando-se para o apoio da perna esquerda.
A tabela 2 foi utilizada para a análise dos dados discretos das variáveis
angulares, mostrando o máximo de extensão e de flexão dos quadris, máximo de flexão e
extensão dos joelhos, máximo de flexão plantar e dorsal de cada lado do corpo analisado, tudo
isso sendo sempre relacionado ao número de voltas realizadas pelo atleta. Além disso, foi
calculado a média e desvio padrão (DP) de cada variável, de todas as voltas
Já as figuras 13 e 14 representam o comportamento das retas de regressão
linear no decorrer dos 5.000 metros, relacionando os parâmetros angulares de quadril, joelho e
tornozelo, quando a passada se inicia com a perna direita e com a perna esquerda,
respectivamente.
42

Gráfico do Quadril Esquerdo


180

175
Ângulo do Quadril Esquerdo

170

165

160

155

150

145

140 V1
V2
V3
135 V4
V6
130
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Gráfico do Joelho Esquerdo


180
Ângulo do joelho Esquerdo

160

140

120

100

V1
V2
80
V3
V4
V6
60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Gráfico do Tornozelo Esquerdo


120
V1
V2
Ângulo do Tornozelo Esquerdo

110 V3
V4
V6

100

90

80

70

60

50
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% do ciclo

Figura 13– Ciclos iniciando-se com a perna esquerda, lado esquerdo.


43

Tabela 2. Variáveis angulares dos movimentos articulares


Máx.Ext. Máx.Flex. Máx.Ext. Máx.Flex. Máx.Ext. Máx.Flex. Máx.Ext. Máx.Flex. Máx.Flex. Máx.Flex. Máx.Flex. Máx.Flex.
Quad D Quad D Quad E Quad E Joe D Joe D Joe E Joe E Plant D Dors D Plant E Dors E
(º) (º) (º) (º) (º) (º) (º) (º) (º) (º) (º) (º)
V1 171,62 142,69 173,03 144,87 164,17 72,23 164,23 75,54 114,85 73,44 104,77 66,45
V2 175,23 135,03 169,72 134,28 175,73 69,80 161,21 69,62 125,40 65,50 117,09 54,91
V3 174,70 133,82 174,29 131,57 169,40 71,95 160,30 70,06 124,30 69,34 116,11 52,68
V4 176,47 137,49 170,21 136,69 172,71 68,32 164,31 75,62 125,71 68,01 115,78 54,59
V5 177,40 134,76 170,73 136,09 171,06 70,26 167,28 74,09 127,54 67,51 113,97 57,27
V6 177,52 139,71 174,60 138,63 169,95 74,35 164,08 78,78 129,77 77,73 112,97 57,12
V7 178,01 137,27 175,59 135,42 170,74 70,43 165,80 71,41 127,18 75,65 112,19 58,36
V8 176,34 143,19 177,49 144,64 169,96 76,37 170,76 78,01 125,29 73,45 109,29 56,74
V9 177,87 140,23 173,90 138,74 173,30 77,51 168,58 74,27 124,19 73,17 113,85 53,95
V10 179,25 140,86 174,51 142,05 172,02 76,50 171,95 78,74 126,89 71,87 110,58 55,81
V11 176,07 140,95 172,78 135,56 172,50 74,98 164,63 75,18 128,13 74,08 116,24 54,28
V12 177,14 141,59 170,86 139,31 174,37 78,87 167,53 78,37 126,37 72,81 119,13 54,13
V13 176,55 137,23 170,87 140,48 175,53 69,06 164,81 70,44 127,66 69,73 113,73 58,31
MÉDIA 176,47 138,83 172,97 138,33 171,65 73,13 165,80 74,63 125,64 71,71 113,52 56,51
DP 1,89 3,11 2,36 3,96 3,05 3,51 3,38 3,37 3,60 3,49 3,75 3,48
(Máx.Ext. = máximo de extensão; Máx.Flex. = máximo de flexão; Quad D = quadril direito; Quad E = quadril esquerdo; Joe D = joelho direito; Joe E = joelho
esquerdo; Plant D = plantar direito; Plant E = plantar esquerdo; Dors D = dorsal direito; Dors E = dorsal esquerdo; DP = desvio padrão)
44

R2 = 0.36; p = 0.0300 R2 = 0.13; p = 0.2184

R2 = 0.01; p = 0.7779 R2 = 0.05; p = 0.4554

R2 = 0.29; p = 0.0594 R2 = 0.24; p = 0.0906

Figura 14 – Regressão linear dos ângulos de máxima flexão e extensão de quadril e joelho, e
máxima flexão plantar e dorsal, quando as passadas se iniciaram com a perna direita. (se p <
0.05, o resultado é significativo).
45

Podemos observar na figura 13, através de uma análise da regressão


linear os parâmetros angulares de extensão e flexão de quadril e joelho e flexão plantar e
dorsal, de quando a passada se inicia com a perna direita.
Além disso, pode-se afirmar que na figura 13, o ângulo de máxima
extensão do quadril, foi o único parâmetro sofreu um aumento significativo (p < 0.05),
enquanto o mesmo resultado não pode ser encontrado com os outros ângulos, visto que
no ângulo de máxima flexão do quadril p=0.2184, máxima extensão do joelho p=0.7779,
máxima flexão do joelho p=0.4554, máxima flexão plantar p=0.0594, máxima flexão
dorsal p=0.0906.
Com relação à figura 14, onde observamos a análise de regressão
linear dos parâmetros angulares de quando a passada iniciou-se com a perna esquerda,
podemos afirmar que nenhum dos parâmetros sofreu aumento, ou queda significativa
(p<0.05).
46

R2 = 0.29; p = 0.0596
R2 = 0.07; p = 0.3699

R2 = 0.28; p = 0.0608 R2 = 0.10; p = 0.2861

R2 = 0.06; p = 0.4033
R2 = 0.09; p = 0.3072

Figura 15– Regressão linear dos ângulos de máxima flexão e extensão de quadril e joelho, e
máxima flexão plantar e dorsal, quando as passadas se iniciaram com a perna esquerda. (se p <
0.05, o resultado é significativo).
47

7 Discussão

Em virtude dos grandes avanços tecnológicos que o esporte de alto


rendimento vem sofrendo atualmente, e a busca por melhores resultados cada vez maior,
e mais difícil, fatores que possam influenciar no ótimo desempenho de um atleta são cada
vez mais procurados. No caso da corrida, a técnica é um fator que possui grande
influencia na performance do corredor, sendo inegável a existência de aspectos na
mecânica do movimento que propiciam a melhora do rendimento, com também seu
prejuízo, sendo a performance diretamente relacionada à eficiência do movimento,
influenciada por fatores mecânicos, fisiológicos e psicológicos.
O aprimoramento dos movimentos da corrida (técnica) implica numa
melhora do desempenho do corredor, sendo que esta melhora depende da habilidade de
otimização de cada atleta. Williams e Cavanagh (1987) e Williams, Cavanagh e Ziff
(1987) verificaram, em estudos que corredores podem apresentar eficiência fisiológica,
porém alguns parâmetros biomecânicos indicam ineficiência na técnica. Além disso,
concluíram que os fatores biomecânicos que mais influenciam a técnica de corrida são:
comprimento e freqüência de passadas; movimentação de membros inferiores; posição
dos pés ao tocar no solo; movimentação dos membros superiores; e inclinação do tronco.
Estudos comprovaram que fatores como a amplitude (comprimento de
passadas) e freqüência de passadas, quando alterados afetam o gasto de energia
metabólica, uma vez que, se um indivíduo corre a uma determinada velocidade, já
estipulada, porém altera o comprimento das passadas, faz com que musculaturas
diferentes sejam ativadas, podendo provocar uma força excessiva, não necessária para o
movimento, havendo assim um maior gasto de energia (Cavanagh, 1990).
Vários experimentos indicaram que maiores comprimentos das passadas
geram melhores resultados, no entanto existe uma faixa de variação onde isso ocorre. Foi
verificado que corredores apresentam maior economia em sua atividade quando utilizam
o comprimento das passadas ao qual estão acostumados. No entanto, podemos verificar a
evolução de um corredor iniciante pelo aumento de seu comprimento das passadas no
48

decorrer dos anos de treino. Devemos ressaltar que a mudança no comprimento da


passada deve ser observada em longo prazo, pois a mesma deve ser gradativa.
Quando tratamos da freqüência das passadas, podemos afirmar que ela
contribui para o aumento ou diminuição instantânea da velocidade. Normalmente, o
corredor se sente confortável utilizando uma pequena variação do comprimento das
passadas, e caso necessite de um aumento imediato de velocidade, utiliza-se de um
aumento da freqüência das passadas. Podemos verificar isso em determinados momentos
durante uma competição. É claro que o aumento do comprimento das passadas pode
também ser observado, porém, o mais comum, realmente, é observar o aumento da
freqüência das passadas para se obter um aumento instantâneo da velocidade.
Como foi possível analisar anteriormente, durante a prova dos 5.000m a
atleta apresentou grande variação na freqüência e comprimento das passadas, o que
implicou numa variação significativa da velocidade. Se levarmos em consideração as
citações acima, podemos concluir que a atleta poderia ter um desempenho melhor durante
a prova, em virtude da economia de energia, se tivesse conseguido manter as variáveis
analisadas constantes. Juntamente com o comprimento e freqüência de passados, foi
possível comparar o tempo de contato dos pés com o solo, que também apresentou seu
comportamento inversamente relacionado com a velocidade, ou seja, se a velocidade
aumenta o tempo de contato com o solo é menor, e quando a velocidade diminui a tempo
de contato é maior.
De acordo com o estudo realizado por Kuitunen, Komi e Kyröläinen
(2002), foram encontrados ângulos de máxima flexão e extensão do quadril entre 115º e
190º, ângulos de máxima flexão e extensão de joelhos entre 110º e 150º, e ângulos de
máxima flexão dorsal e plantar entre 100º e 150º, para corredores de velocidade.
Enquanto que nos estudos realizados por Kyröläinen, Belli e Komi (2001) os valores
encontrados foram de 135º a 180º para o quadril, 140º a 150º para o joelho e 100º a 140º
para o tornozelo, relacionando com a economia de energia, ou seja, uma corrida mais
lenta.
Já o estudo realizado por Leskinen et. at. (2009), que comparou
corredores de elite com amadores durante a prova dos 1.500 metros, concluiu que os
ângulos do quadril variam entre 83º e 94º durante a máxima flexão, e entre 132º e 140º
49

durante a máxima extensão, e para os ângulos do joelho há uma variação entre 131º e138º
durante a flexão.
Com relação aos parâmetros angulares, podemos afirmar que eles se
comportaram de maneira praticamente constante, uma vez que não houve quase nenhuma
alteração significativa. Isso significa que, para essa atleta, em especial, os parâmetros
angulares não sofreram quase nenhuma alteração, permaneceram constantes durante o
decorrer de toda a prova dos 5.000 metros.
Além disso, se compararmos os resultados angulares obtidos neste estudo
com o que é apresentado na literatura atualmente, podemos afirmar que para a perna
direita os ângulos de quadril, joelho e tornozelo variaram entre 138º e 176º, 73º e 171º,
71º e 125º, respectivamente. E para a perna esquerda os ângulos de quadril, joelho e
tornozelo variaram entre 138º e 172º, 74º e 165º, 56º e 113º, respectivamente.
Significando que para essa atleta os dados encontrados não foram tão compatíveis com os
encontrados na literatura, isso pode ter ocorrido em razão de a atleta ser de nível amador,
e as provas comparadas serem de distâncias e características diferentes.
Finalmente pode-se dizer que é possível realizar uma análise cinemática
tridimensional da prova dos 5.000 metros dentro de uma pista de atletismo, possibilitando
esse estudo ser aplicado a situações de treinamento e competições. Além disso, a
metodologia utilizada para este estudo mostrou-se bastante interessante e relevante,
comprovando sua eficiência para a realização deste estudo.
50

8 Considerações Finais

O presente estudo mostrou que é possível realizar uma análise cinemática


tridimensional dentro da pista de atletismo, permitindo a análise de parâmetros lineares e
angulares durante o decorrer de toda a prova, além de possibilitar uma comparação intra-
atleta.
No entanto, a mesma análise poderia ser realizada de maneira a comparar
os dados de um atleta com resultados de seu adversário, durante competições, e assim
proporcionar ao técnico e ao atleta parâmetros para melhorar o desempenho durante as
competições.
Por fim, pode-se afirmar que a partir dos resultados obtidos nesse
trabalho, é possível uma expansão do mesmo para que este possa se tornar útil na busca
de melhores resultados no mundo competitivo.
51

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