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INTRODUÇÃO
O Direito caminha e evolui com a sociedade, devendo ser compreendido de acordo com
o contexto social em que está inserido.Em qualquer dimensão da vida social,
Empresarial, Pública ou Privada, é imprescindível que os agentes possam tomar como
sérios os documentos emanados de órgãos de Estado incumbidos de lhes atribuir fé
Pública. No ordenamento jurídico angolano este poder ( de atribuir fé pública a actos
jurídicos) está adstrito, essencialmente, às Conservatórias de Registo Civil, Comercial
ou Predial, ou seja, qualquer documento oficial, emanado de uma Conservatória de
Registo, que ateste um acto, faz prova bastante da existência jurídica desse acto.
A lei atribui aos Conservadores um tal poder que qualquer negligência ou má fé sua
poderá causar prejuízos irreparáveis ao tráfico jurídico, ou seja, às pessoas que todos os
dias e a todas as horas praticam actos jurídicos. Por causa desse poder atribuído aos
Conservadores, a lei é clara quando impõe um conjunto de requisitos a que qualquer
acto de registo deve obedecer. Por exemplo, o Registo de um bem imóvel a favor de
determinada pessoa só deve ser feito com base num Título Translativo do direito a
registar.
PROBLEMA
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Tendo em conta o facto de Angola ter estado “mergulhada” numa situação de guerra
durante décadas, verificou-se, consequentemente, a destruição total ou parcial de grande
parte das infraestruturas de registo de civil, bem como a destruição dos seus Arquivos.
Para responder a questão que nortea o problema da nossa pesquisa, fazemo-nos valer de
hipóteses, que segundo a concepção de Rudio (1980 como citado em Oliveira, 2011)
"são suposições que se fazem na tentativa de explicar o que se desconhece". (p.13).
Trata-se de respostas provisórias para solucionar o problema de investigação. Assim,
foram levantadas as seguintes hipóteses:
H1: Podemos impugnar a decisão do Conservador nos registos através de recursos que
confirmam a não aplicabilidade da lei;
H2: Podemos impugnar a decisão do Conservador nos registos por meio dos Códigos de
registos vigentes, quando se notar um mal proceder da acção judicial;
H3: Podemos impugnar a decisão do Conservador nos registos por meio de agravo de
instrumento;
OBJECTIDO DO ESTUDO
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Segundo Lakatos e Marconi (2007) “toda pesquisa deve ter um objectivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”.
Objectivo geral
Objectivos específicos
JUSTIFICATIVA
O estudo do tema escolhido tem no nosso entender particular relevância pelo facto de
apesar de ser uma área recentemente alterada pelo legislador carece de alterações
fulcrais para que a segurança jurídica se mantenha.
Optamos pelo tema “Impugnação das decisões do Conservador nos registos civil,
comercial e predial em Angola” por três razões: primeiro, por ser um tema que explora o
pensamento jurídico e exercita a capacidade da contrariedade; segundo, por ser um
problema registado nas nossas Instituições quer de Registo ou de Notariado e, terceiro,
para fazer um reparo aos diplomas legais, quanto a sua desarticulação Temporal e
Espacial.
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
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LIMITAÇÃO E DELIMITAÇÃO
Tendo em conta o tema que nos propusemos discutir, torna-se impossível desenvolvê-lo
de forma abrangente. Por esta razão, limitaremos e delimitaremos o nosso estudo.
Limitação espacial
Limitação temporal
O nosso estudo foi realizado num período de tempo compreendido entre os meses
Agosto e Novembro, conforme o cronograma definido.
1.1.1. Registo
Segundo Lopes (2011 como citado em Viegas, 2014, p.30) “o registo resulta da
necessidade de guardar, para efeitos posteriores, a memória dos factos susceptíveis de
produzir efeitos de direito, factos jurídicos, com o escopo principal de fazer prova da
ocorrência daqueles, bem como, conferir-lhes publicidade”. O autor relata que devemos
distinguir entre registos administrativos e registos de segurança jurídica, uma vez que a
publicidade e a certeza jurídica dos factos publicitados não é caraterística de todos os
registos públicos.
1.1.1.1. Publicidade
Numa visão clássica, Carlos de Almeida (como citado em Guerreiro, 2010) nos
apresenta um conceito de publicidade como:
Segundo Lima e Varela (2010 como citado em Viegas, 2014, p.32), “o objecto da
publicidade são as situações jurídicas, pese embora, regra geral, se inscrevam nos
registos actos, o que é publicitado são situações jurídicas, sendo certo que são estas que
interessam aos particulares, na medida em que podem afectar direitos de terceiros”.
A publicidade tem, ainda, como reduto limite, a função de garantir a verdade dos factos
constantes dos registos, é aquela que “oferece” a veracidade dos factos neles constantes,
na medida em que assegura o controlo da sua legalidade e bem assim, permite a
verificação dos factos anteriores deles constantes (Viegas, 2014). Assim, percebe-se que
o registo não implica um efectivo conhecimento dos factos publicados, nem a
averiguação dos mesmos, quanto à sua veracidade e existência. Torna-se inegável que o
registo funciona como garantia de exatidão e veracidade dos factos e situações jurídicas
dele constantes.
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Os registos fazem prova plena dos factos deles contantes, são, assim, “documentos
autênticos, atestados por um conservador, não obstante a consistam em prova que pode
ser ilidida através de recurso às vias judiciais” (Viegas, 2014, p.35).
No tocante ao Código Civil (CC) português, Lima e Varela (2010, como citado em
Viegas,2014, p.35) fazem menção do art.º 369 descrevendo que:
Assim, percebe-se através da descrição do diploma acima que quem tem a seu favor o
registo não precisar provar que é o autor do direito nele inscrito, pois esta prova pode
ser ilidida. Vale-nos realçar que esta presunção está delimitada ao registo definitivo,
sendo que ao registo provisório esta presunção se fragmenta, devido a sua validade
condicionada a constatação de factos futuros.
Na concepção de Lopes (2011 como citado em Viegas, 2014, p.38), os registos são
definidos em cinco (5) modalidades: a) definitivo ou provisório; b) obrigatório ou
facultativo; c) constitutivo ou declarativo; d) aquisitivo ou consolidativo; e) por
depósito ou por transcrição.
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O registo é obrigatório por imposição da lei, seja expressamente, seja por via da
estipulação de prazos para o seu pedido e da estipulação de sanções para a
extemporaneidade do pedido. Será facultativo quando a lei não estabelece qualquer
prazo para o pedido de registo, nem determine quaisquer sanções para a omissão
daquele.
documentos que instruem aquele facto sujeito a registo. Segundo Ferreira (2015, p.21) ,
são funções do Conservador as seguintes:
Os actos de registo têm por finalidade publicitar direitos privados e, são recorríveis em
fase contenciosa para os Tribunais comuns. Se fossem actos administrativos estavam
sujeitos à impugnação para o tribunal administrativo. Assim, percebe-se que os actos
típicos do conservador não são actos administrativos, não se encontrando sujeitos ao
Código do Procedimento Administrativo.
Uma das questões que levanta discussão entre os doutrinários que defendem esta função
é o facto de se admitir a existência ou não do duplo controlo da legalidade feita sobre
acúmulo pelas entidades tituladoras e a jusante pelo conservador. Gonsález ( como
citado em Ferreira, 2015) defende que deveria ser eliminado o controlo efetuado pelos
conservadores, na medida em que, pela sua apreciação, não é sanado qualquer vício de
que o acto enferme.
disciplinado num diploma específico, o Código Civil. Ou seja, o Direito Civil passou a
ser apenas aquele conjunto de regras existentes nos Códigos Civis.
No tocante ao Registo Comercial, Coelho (2011) afirma que “os bens e serviços de que
todos precisamos para viver - isto é, os que atendem às nossas necessidades de
vestuário,alimentação, saúde, educação, lazer etc. — são produzido em organizações
econômicas especializadas e negociadas no mercado”.(p.21). O autor argumenta que
estruturar a produção ou circulação de bens ou serviços significa reunir os recursos
financeiros (capital), humanos (mão de obra), materiais (insumo) e tecnológicos que
viabilizem oferecê-los ao mercado consumidor com preços e qualidade competitivos.
Segundo Fernandes (2010 como citado em Viegas, 2014) , define estado pessoal (lato
sensu) como sendo uma qualidade da pessoa, relevante na fixação da sua capacidade e
de que decorre a investidura automática num certo conjunto de direitos e vinculações.
(p.52). Na sequência do que vem sendo exposto, podemos afirmar que o estado civil é
um estado pessoal obrigatoriamente sujeito a registo civil.
Resulta do art.º 4 do CRC que a força probatória do registo civil apenas pode ser ilidida
mediante propositura de acções de estado e de acções de registo, uma vez que os factos
comprovados pelo registo apenas podem ser impugnados se for pedido o cancelamento
ou retificação dos assentos ou averbamentos.
As acções de registo são aquelas que têm por objeto o próprio registo, ou melhor, os
erros cometidos na elaboração do registo, ou aquelas em que se pede o suprimento do
registo. Assim, neste tipo de acção o que está em causa é apurar da regularidade ou
irregularidade do registo e não o conteúdo do facto registado. Já nas acções de estado o
objecto da acção é o estado que o registo representa, ou seja, saber se o registo está
correcto porque a factualidade nele descrita era a existente à data em que foi lavrado.
De acordo com o art.º 3 CRC os factos cujo registo seja obrigatório não podem ser
invocados, quer pelo próprio, quer pelos seus herdeiros, quer por terceiros, enquanto
não for lavrado o respetivo registo. Neste sentido, afirmamos que a falta de registo não
pode ser invocada como meio de prova ou de oposição pelas pessoas a que respeite a
omissão daquele ou seus herdeiros, ou por terceiros, uma vez que a omissão do devido
registo implica a promoção do mesmo, produzindo, nos casos previstos na lei, efeitos
retroativos.
Os meios de prova dos factos sujeitos a registo civil encontram-se previstos no art.º 278
do Cód. Reg. Civ. e são a certidão, o boletim, a cédula pessoal ou o bilhete de
identidade. Do art.º 5 do CRC resulta que a prova do facto sujeito a registo apenas pode
ser feita depois do registo daquele, pelo que, apenas nessa altura passa a produzir os
devidos efeitos. Assim, quando se verifique a omissão de um registo de casamento ou de
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óbito, apenas poderá ser feita prova do mesmo, após o registo prévio do facto de que se
pretende fazer prova.
Assim, caso se trate de um registo que devesse ser lavrado por inscrição, o registo
omitido deve ser efetuado mediante decisão judicial passada em julgado; se o registo
tiver sido feito através de transcrição, o funcionário deverá requisitar à entidade
competente, assim que tomar conhecimento da omissão, o título necessário para o lavrar
– caso não haja sido lavrado o original, o funcionário deverá diligenciar junto da
entidade competente para que proceda ao suprimento da omissão por meios próprios, de
acordo com as leis aplicáveis e que remeta à conservatória o respetivo título; caso não
seja possível a obtenção do título destinado à transcrição, deverá tomar-se o
procedimento enunciado em primeiro lugar.
Cabe ressalvar que esta obrigação de supressão da omissão impende sobre quaisquer
funcionários do registo civil, bem como sobre os agentes do Ministério Público (MP),
que assim que tenham conhecimento da omissão devem promover todas as diligências
necessárias, por si ou por intermédio das entidades competentes, a fim de regularizarem
a situação.
Segundo Bumba e Viegas (2013 como citado em Viegas 2014, p.55) “os factos que
consubstanciam objecto de registo civil são registados por via de assentos ou
averbamentos”. Os assentos podem ser lavrados por inscrição ou transcrição. O assento
compreende o texto do registo e os averbamentos lavrados na sua sequência ou na sua
margem.
De acordo com os autores, os assentos são lavrados por inscrição ou por transcrição. No
primeiro caso, sempre que declarados directamente na Conservatória competente para o
efeito; no segundo caso, sempre que lavrados com base em declaração prestada em
outra conservatória, ou em sentença judicial, ou certidões emitidas por organismos de
registo civil estrangeiros, como é o caso do assento de nascimento lavrado no
estrangeiro.
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Nos termos do art.º 10 do Cód. Reg. Civ. os órgãos normais do registo civil são as
delegações municipais do registo civil e a Conservatória dos Registos Centrais.
Contudo, tal como dispõe o art.º 11, excecionalmente, determinados órgãos especiais
podem desempenhar funções de registo civil, tais como, os agentes diplomáticos e
consulares angolanos no estrangeiro; os comissários, os capitães, mestres ou patrões de
embarcações particulares angolanos e os comandantes de aeronaves; as entidades
designadas por regulamentos militares; e quaisquer indivíduos em casos especialmente
previstos na lei.
Bumba e Viegas (2013 como citado em Viegas, 2014) todos estes órgãos especiais
desempenham, a título excepcional, funções de registo civil e devem obedecer ao
preceituado do diploma do registo, nas partes que lhes é aplicável. Os actos praticados
por estas entidades são integrados na ordem jurídica angolana, sendo competente para
tal a Conservatória dos Registos Centrais e apenas podem provar-se mediante certidão
emitida por esta conservatória.
Dispõe o art.º 119 do Cód. Reg. Civ. que o nascimento ocorrido em território angolano
deverá ser declarado verbalmente na conservatória da área do nascimento, no prazo de
30 dias, contando do dia seguinte ao nascimento, aplicando-se para o efeito de
contagem de prazo o disposto no art.º 279 CC angolano. O registo de nascimento é
lavrado através de assento, pese embora existam casos em que será lavrado por
transcrição, como é o caso do registo do abandonado (art.º 135 Cód. Reg. Civ.).
O declarante do registo de nascimento deve ser maior de idade, a menos que se trate do
pai ou mãe biológicos (que podem ser menores), ou se trate do próprio registando no
âmbito de uma declaração tardia de nascimento, de acordo com o art.º 125 Cód. Reg.
Civ. que dispõe que quando o registando tiver mais de 14 anos de idade poderá requerer
a inscrição tardia no registo, pese embora devam ser ouvidos em auto os pais do
registando.Viegas (2014) relata que na prossecução do objevtivo pretendido pelo Estado
angolano de se proceder ao registo de todos os nascidos em território nacional, o art.º
112 do CRC prevê as sanções aplicáveis no caso de não se proceder à devida
comunicação.
Neste sentido, se decorrido o prazo legal, e a declaração de nascimento não houver sido
feito, tanto os funcionários do registo civil, como as autoridades administrativas ou,
ainda, qualquer pessoa que tome conhecimento do facto, devem participar o facto ao
MP, que por sua vez deve promover procedimento criminal contra quem se encontra em
incumprimento (a pessoa obrigada a prestar a devida declaração), bem como deve
proceder à recolha dos elementos necessários a fim de se regularizar a situação
registal180, suprimindo a omissão.
O acto de inscrever-se no Registo das Empresas é uma das obrigações de todo indivíduo
motivado a exercer uma actividade económica organizada para a produção ou circulação
de bens e/ou serviços, antes de dar início a exploração de seu negócio. Coelho (2011,
p.59) aponta três actos do registro de empresa: a matrícula, o arquivamento e a
autenticação. Nesta senda, o autor discorra os actos, argumentando que:
a) Matrícula é o nome do acto de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes
comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais.
Trata-se de profissionais que desenvolvem actividades paracomerciais.
b) Arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do
empresário que exerce sua actividade económica como pessoa física, bem como
à constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades empresárias.
c) Autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são
os livros comerciais e as fichas escriturais. Nesse caso, a autenticação é condição
de regularidade do documento, já que configura requisito extrínseco de validade
da escrituração mercantil.
O autor afirma que todo empresário individual e a sociedade empresária que não
procederem a qualquer arquivamento no período limite estabelecido devem comunicar
ao Órgão ministerial responsável que ainda se encontram em actividade, sob pena de
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Se, no futuro, o empresário pretender reactivar o registro, deverá obedecer aos mesmos
procedimentos relacionados com a constituição de uma nova empresa, não tendo o
direito de reivindicar o mesmo nome empresarial anteriormente adoptado, caso este
tenha sido registrado por outro empresário.
O registo predial (que também se tem designado como “registo imobiliário”, “registo da
propriedade” e “registo hipotecário”) é sobretudo importante para a realização das
transacções imobiliárias – sua fiabilidade, estabilidade e segurança – bem como para o
crédito hipotecário, que poderá ser tanto mais facilitado, eficiente e “barato” quão mais
aperfeiçoado e garantido for o sistema de registo. Numa visão doutrinária, Guerreiro
(2010) relata que:
A forma como nos diversos países tem sido encarada a publicidade registral, os modos
como ela se organiza e se articula com o direito substantivo, a própria definição dos
objectivos que se pretendem alcançar, bem como os princípios (e regras gerais) que
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vigoram e ainda os efeitos que se visam gerar, deram origem á criação de diversos
sistemas registrais. Estes sistemas têm sido classificados com base em diversos critérios.
Assim, tendo-se em vista o modo como o registo é organizado, diz-se que é um “registo
de base real” se é a partir do prédio – ou seja, com base no prédio – que se registam os
sucessivos factos que se lhe referem e de “base pessoal” se é com base nos titulares dos
direitos que o registo é feito.
Segundo Guerreiro (2010, p.7) , a classificação dos sistemas de registo mais relevante é
a que respeita aos efeitos da publicidade registral. Sob este ângulo poder-se-ão
distinguir fundamentalmente três tipos de sistemas. São eles:
Precisamente por isso, a qualificação dos títulos tem de ser rigorosa e exercida
por juristas habilitados e competentes.
Cada sistema registral é constituído por um conjunto orgânico de normas que tem por
objecto definir e organizar o registo e que no seu conjunto formam o que se poderá
designar como o ordenamento jurídico registral. Nesta senda, estes sistemas permitem
reduzir ao mínimo a conflitualidade e os denominados “custos de transacção”.
O processo de registo começa, portanto, com o pedido para o efeito do registo pelos
interessados. Corroborando Guerreiro (2010) , “um dos princípios que permite que o
sistema registral seja estruturado com exactidão e credibilidade é, consabidamente, o do
trato sucessivo”.(p.47). Para solucionar o problema da falta dos documentos
comprovativos da aquisição do prédio (porque não se sabe onde se encontram ou porque
se terão extraviado), colocou-se ao legislador o problema de procurar a melhor e mais
expedita maneira de resolver a questão.
2.4.Impugnação
ao seu interesse, antes da preclusão, buscando resultado mais vantajoso, por meio de
reforma, invalidação, esclarecimentos ou confirmação daquela, dada por um órgão
superior ou pelo próprio órgão que a proferiu, seja ele administrativo ou judicial”.(p.10).
Ainda, ensina Braga (1941; Capez, 2006, p. 435 como citado em Botelho, 2010):
Segundo Botelho (2010), a questão sobre a natureza jurídica dos recursos divide-se em
três suposições:
Nos argumentos de Mirabete (2006, p. 739 como citado em Botelho, 2010) tem-se
seguinte conceito:
O habeas corpus é uma garantia individual, ou seja, um remédio jurídico
destinado a tutelar a liberdade física do indivíduo, a liberdade de ir, ficar e vir.
Pode ser conceituado, pois, como o remédio judicial que tem por finalidade
evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção
decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. Com ele se pode impugnar atos
administrativos ou judiciários, inclusive a coisa julgada, e de particulares
(2010, p.32).
Corroborando Mirabete (2006, p. 764 como citado em Botelho, 2010) , percebe-se que:
Valendo-se das palavras de Nucci (2006, p. 877 como citado em Botelho, 2010) que “
Revisão Criminal é uma acção penal de natureza constitutiva e sui generis, de
competência originária dos tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com
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Ensina Mirabete (2006, p. 700): O instituto da revisão é um remédio que a lei confere
apenas ao condenado, contra a coisa julgada, com o fim de reparar injustiças ou erros
judiciários, livrando-o de decisão injusta. A revisão criminal é o instrumento colocado a
disposição do indivíduo para que ele possa resgatar seu status dignitatis, ou seja, sua
dignidade enquanto pessoa.
Quanto ao objecto de estudo, recorremos ao estudo de casos múltiplos, que segundo Yin
(2001 como citado em Oliveira, 2011), "o estudo de caso pode ser restrito a uma ou a
várias unidades, caracterizando-o como único ou múltiplo. Tais unidades poderão ser
definidas como indivíduos, organizações, processos, programas, bairros, instituições,
comunidades, bairros, países e, até mesmo, eventos". (p.28).
3.2.Caracterização da amostra
3.2. Procedimentos
Para a elaboração deste trabalho recorremos a técnica de fichamento, que nos permitiu
seleccionar as fontes bibliográficas pela qualidade de informação que detêm, pelo
conteúdo do seu discurso e pelo facto de poderem assegurar a qualidade dos dados da
pesquisa.
3.3. Variáveis
Para Lakatos e Marconi (2001), uma variável pode ser considerada como “uma
classificação ou medida, ou seja, um conceito operacional que apresenta valores,
passível de mensuração”. O nosso estudo suporta duas variáveis e estabelecem entre si
relação de assimetria. Eis as variáveis:
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Em função das hipóteses levantadas, concluimos que a técnica que melhor se articula ao
nosso estudo é a Análise de conteúdo.
A nível do Registo Civil, mostramos como impugnar a decisão da recusa dos nomes e o
processo de alteração e retificação dos nomes.
A nossa discussão teve como base os Diplomas legais que norteam o ordenamento
Jurídico Angolano, nomeadamente a Constituição da Repúbica de Angola, o Código
Civil, os Códigos de Registo Civil, Comercial e Predial com o propósito de repor a
legalidade dos factos quando a acção judicial do Conservador rompe com os
procedimentos legais.
No art. 129º do Código de Registo Civil, o legislador relata que o nome do registando
será o indicado pelo declarante, que neste caso, podemos nos referir ao pai, a mãe ou
outro indivíduo.Valendo-se do raciocínio do legislado, a recusa do nome por parte do
Conservador constitui uma oposição ao referido artigo.
A recusa do nome frisada na alínea segunda do artigo 130º, fazendo menção a nomes de
objetos, animais e qualidade, também é contestável.
Suponhamos que o declarante dita como nome do registando Pedro, cuja gênese é
pedra, este não será recusado por ser um nome vulgar na Língua Portuguesa; se o
declarante ditar como nome do registando Mateus Cuito Bota, serão recusados os nomes
Cuito e Bota por não serem vulgares na onomástica portuguesa? O nome Mateus Cuito
Bota cumpre com o que está ajuizado no art. 130º.
O legislador ao ditar que se faça uma adaptação gráfica e fonética do nome, caso
contrário o nome será recusado acaba por cometer um deslize quanto ao art.º 129º. Por
exemplo, o declarante dita que o nome do registando é Kelson (nome de origem inglesa)
e adaptam em Português para Quilson, nos remete a falsificação de identidade. O registo
visa promover direitos através da publicidade registal. O nome Kelson em algum
momento suscita dúvida.
juridicamente inexistente ou nulo, deve ser rectificado». Neste contexto, devem recorrer
ao pedido de rectificação todos aqueles que constatar uma anomalia no seu processo de
registo, quer de nome mal escrito, data de nascimento alterada ou outra parte deste
processo.
Quando uma empresa efectua um pedido , mediante documentos que comprovam a sua
legalidade, para mudança de sua natureza, isto é, de pequena empresa para média deve
estar ciente do recomendado definido no art.º84 do Código supra citado: «o pedido de
rectificação é acompanhado dos meios de prova necessários e do pagamento dos
emolumentos devidos».
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Suponhamos que alguém adquiriu um prédio e, após o registo constata que houve erro
na titulação quanto a natureza do edifício, este poderá efectuar um pedido de correcção
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Vemos aqui, um medir força entre os artigos 121.º, nº2 e o artigo 135.º, nº1. A
correcção da titulação ajusta-se melhor com uma reelaboração de registo que é isenta de
taxas emolumentares ou encargos legais. Isto pode acarretar a reforma de livros ou ficha
no caso da não reconstituição do registo ( art.º 136º e 137º). Recorre-se ao art. 138, caso
o pedido de correcção for indeferido, para a devida reclamação.
Após o prazo legal da reclamação, se a situação não for regulada, o interessado poderá
impugnar as decisões do conservador devido a não correcção, por negligência ou má fé
deste, recorrendo ao artigo 147 do Código em quest
Numa visão mais acautelada, o legislador adverte no art.º 122 do CRP que « a
rectificacao do registo nao prejudica os direitos adquiridos a titulo oneroso por terceiros
de boa-fe, se o registo dos factos correspondentes for anterior ao registo da rectificação
ou da pendencia do respective processo». Na apreciação dos pedidos que lhe são
dirigidos, o conservador atém-se ao princípio da legalidade , tomando uma decisão na
respectiva qualificação, isto é deferindo, ou, indeferindo, total, ou, parcialmente o
requerido. Logicamente que poderá errar, ou ter uma opinião não aceitável.
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Contra esse eventual erro as pessoas a quem a lei confere legitimidade para o efeito
poderão reagir, pelas vias previstas.
Todo interesssado que pedir uma rectificação do registo predial e ver seu pedido
recusado, deverá fazer recurso e/ou impugnar a decisão do conservador nos termos do
art.º 147º do CRP, na qual o legislador argumenta « Assiste ao interessado o direito de
interpor recurso contencioso contra erros que entenda ter havido na liquidacao da conta
dos actos ou na aplicacao da tabela emolumentar, bem como contra a recusa do
conservador em passar qualquer certidao, depois de desatendido o recurso hierarquico».
CONCLUSÃO
Os registos são elementos que atestam direitos quer de identidade, quer de propriedade,
baseado nos Princípios legalmente definidos. Os registos protegem a autonomia das
pessoas mediante a certeza jurídica ditada pela publicidade registal.
No que tange ao Registo Civil, todo indivíduo carece de um nome que constitui o pilar
da sua identidade, permitindo-lhe exercer o seu direito de cidadania. As relações
interpessoais estão também ligadas a identidade jurídica do indivíduo, o que nos revela
o seu estado pessoal. As actividades económicas que permitem a produção e a
circulação de bens e serviços, garantido assim a subsistência de famílias devem ser
reguladas mediante registo de natureza comercial. A legalização de um negócio permite
uma celebração jurídica normal entre o empresário e/ou sociedade comercial e os órgãos
das Instituições incumbidas a regular o exercício comercial. O mesmo acontece no
Registo Predial, onde está em causa o direito de propriedade.
O processo de registo começa sempre como o pedido de registo pelo interessado e, cabe
ao Conservador a concessão do mesmo. Nos registos, ao proceder do Conservador é
dualística, ou seja, parajudicial ou jurisdicional. Os erros de registo constituem um acto
imprudente da parte dos funcionários das Conservatórias que são vistos como actos
administrativos. Os actos de registo visam publicitar direitos privados.
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Como o conservador é quem confere a legalidade dos registos, as suas decisões podem
transgredir ou ferir os interessados, devido a indisposição consensual, negligência ou
má fé deste nos processos de registo. Neste caso, pode-se impugnar as decisões do
conservador tendo em conta o prazo legal de uma reclamação ou notificação. Para
impugnar as decisões do Conservador deve-se fazer recurso aos meios legais e definir as
acções impugnatórias, como o mandado de segurança e a revisão criminal, de acordo os
dispositivos legais vigentes como os Códigos de Registos.
RECOMENDAÇÕES
6. Que se crie uma ordem dos Conservadores e Notários, para que a acção
parajudicial e jurisdicional dos mesmos tenha eficiência, celeridade nas decisões
tomadas a fins de obter efeito útil;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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REPRO, vol. 246.
Código Civil
Lei nº 1 / 97 de 17 de Janeiro
Lei nº 10 / 85 de 19 de Outubro