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Ciência dos Materiais

Imperfeições em metais

Prof. Volker Franco Steier


Imperfeições em metais
■ Imperfeições na estrutura cristalinas são irregularidades no arranjo
periódico dos átomos nos cristais.
■ Todos os materiais contêm grandes números e variedades de defeitos.
■ A quantidade e tipo das imperfeições depende da forma como o cristal foi
formado.
■ A classificação das imperfeições cristalinas é feita frequentemente de acordo
com a geometria ou dimensão do defeito.
■ Não existem materiais sem imperfeições!
Imperfeições só são visível
com equip. especiais

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Defeitos na estrutura cristalina
Cristais reais apresentam inúmeros defeitos,
que são classificados por “dimensionalidade”.

Defeitos pontais Defeitos lineares Defeitos planares Defeitos volumétricos


(Dimensão 0) (Dimensão 1) (Dimensão 2) (Dimensão 3)

Vazios, Impurezas Discordâncias Interfaces e com- Vazios, fraturas, inclu-


tornos de grãos sões, outras fases

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos pontais (Dimensão 0)

Vazios
■ Quanto maior a energia térmica, maior será a chance dos
átomos saírem de suas posições, deixando um vazio.
■ Exemplo: Cobre: 20°C = 107, 1083°C = 1017 [vazios/cm3]
Cobre têm 1023`Átomos/cm3
■ Vazios são importante para a difusão

Cristal

Vazios

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos pontais (Dimensão 0)

O número de vazios em equilíbrio no material é uma função da temperatura.

NV = Número de vazios
N = Número de posições atômicas
Qv = Energia de ativação
T = Temperatura absoluta [K]
k = Constante de Boltzman= 1,38x10-23 J/át. K = 8,62x10-5 ev/át.K

Com o crescimento da temperatura, a quantidade de vazios está


aumentando exponencialmente.
Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos pontais (Dimensão 0)

Calcule o número de vazios em equilíbrio, em vazios atômicos por metro cúbico,


de cobre a uma temperatura de 1000ºC. A energia para a formação de um vazio
é de 0,9 eV/átomo. O peso atômico e a massa específica a 1000ºC para o cobre
são de 63,5 g/mol e 8,4 g/cm3, respectivamente. A constante de Boltzman é
igual a 8,62x10-5 ev/át.K

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos pontais (Dimensão 0)
Impurezas
 Impurezas poderão assumir dois tipos de posições. Intersticial e substitucional
 Além disso, existem dois tipos de impurezas: a) desejadas b) não desejadas
a) Ex.: Aço Carbono ou Alumínio Cobre
b) Ferro  Enxofre
 Só átomos com diâmetro parecido podem ocupar os espaços da estrutura cristalina
(Ex.: Ferro-Niquel)
 A solubilidade é limitada e depende dos materiais
 Se a quantidade máxima estiver ultrapassada, Intersticial
Substitucional
os metais formarão uma mistura de cristais

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos substitucionas do mesmo tamanho
Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos substitucionas do mesmo tamanho

No caso dos defeitos substitucionais, os átomos do soluto ou átomos de


impurezas tomam o lugar dos átomos hospedeiros (do solvente) ou os
substituem.

Exemplo: Cu-Zn; Cu-Sn

Dependendo do tamanho do soluto no solvente: a estrutura do solvente se


deforma, ou seja, ocorre uma distorção na rede cristalina, causando
tensões de compressão ou tração.

Os átomos de soluto (ou substitucionais) podem ter:


■ Mesmo tamanho que o átomo do solvente
■ Tamanho menor do que o átomo do solvente
■ Tamanho maior do que o átomo do solvente

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos substitucionas do mesmo tamanho

átomo átomo átomo


substitucional do substitucional menor substitucional maior
mesmo tamanho

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos substitucionas do mesmo tamanho

Em uma solução sólida substitucional, para que os materiais possam se


misturar totalmente, existem algumas regras (Regra de Hume-Rothery):

■ Seus raios atômicos não difiram mais do que 15%


■ Tenham a mesma estrutura cristalina
■ Tenham eletronegatividades similares
■ Tenham a mesma valência

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menores

Átomos intersticiais (soluto) estão posicionados nos interstícios (ou espaços


vazios) das células cristalinas do solvente, formando uma solução sólida
intersticial.

Impureza tipo intersticial: ocorre quando o soluto apresenta um raio atômico


bem menor que o raio atômico do solvente. Os átomos do soluto ficam entre os
átomos da rede cristalina do solvente. Isso, produz uma distorção na rede.

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menores

Número de interstícios na estrutura CCC = 42

■ Existem 18 posições intersticiais (octaedro):


6 Centro das faces posições (½, ½, 0)
12 Centro de arestas (½, 0,0)

■ Existem 24 posições intersticiais (tetraedros) :


4 tetraedros para cada face (½, ¼, 0)
Como a célula unitária tem 6 faces x 4 tetraedros = 24
Interstícios (somente a metade foi desenhado).

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menores

Número de interstícios na estrutura CFC = 21


Existem 13 posições intersticiais em octaedros e 8 posições intersticiais em
tetraedros = 21

■ Existem 13 posições intersticiais (octaedro):


1 Centro do octaedro de coordenadas (½, ½, ½)
12 localizados no centro das arestas (½, 0,0)

■ Existe 8 posições intersticiais (tetraedro):


Centro do tetraedro de coordenadas (¼, ¼, ¼)

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menores

36,2 pm
19 pm

29,3 pm
52,3 pm

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menores
Mesmo que a estrutura CCC tenha mais interstícios, no sistema de Fe-C a estrutura
CFC contem mais C.
Podem explicar isso?

Cúbica de corpo centrada Cúbica de face centrada


(Ferrita) (Austenita)

solubilidade máxima solubilidade máxima


do Carbono 0,02 % do Carbono 2,06 %

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Átomos intersticiais são menor

CCC - tetraedro 36,2 pm


19 pm
Tamanho de carbono = 67 pm
29,3 pm
CFC - octaedro 52,3 pm
Cúbica de corpo centrada Cúbica de face centrada
(Ferrita) (Austenita)

solubilidade máxima solubilidade máxima


do Carbono 0,02 % do Carbono 2,06 %

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos pontais (Dimensão 0)

Nas ligas metálicas, átomos de impurezas são adicionados intencionalmente


para conferir características específicas ao material, como aumentar a sua
resistência mecânica, sua resistência à corrosão, ou outra propriedade
específica.

Essas impurezas afetam em maior ou menor grau as propriedades dos


metais.
■ Se a influência das impurezas é mínima ou nula diz-se que o metal é
comercialmente puro, possuindo pureza variável entre 99,0 a 99,99%.
■ Alguns metais como o cobre, zinco e chumbo podem, por exemplo, ser
produzidos com uma pureza próxima a 99,99%.

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Exemplos

Prata 925. É uma liga composta por 92,5% de prata


e 7,5% de cobre. O cobre aumenta a resistência mecânica
de prata significativamente.

Latão é uma liga metálica formada por cobre e zinco


com porcentagens de zinco variando entre 3 e 45% em
peso. A liga é usado pelo mesmo motivo, aumentar a
resistência do material.

Ouro 18k (ou 750) é uma liga composta por 75%


ouro e 25% de cobre.

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Defeitos na estrutura cristalina
Cristais reais apresentam inúmeros defeitos,
que são classificados por “dimensionalidade”.

Defeitos pontais Defeitos lineares Defeitos planares Defeitos volumétricos


(Dimensão 0) (Dimensão 1) (Dimensão 2) (Dimensão 3)

Vazios, Impurezas Discordâncias Interfaces e com- Vazios, fraturas, inclu-


tornos de grãos sões, outras fases

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

■ Os cristais tem defeitos em linhas, chamadas discordâncias.


■ Uma discordância é um defeito linear ou unidimensional em torno do qual
alguns átomos estão desalinhados.
■ Estas imperfeições podem ser introduzidas nos materiais metálicos durante
processos como: a solidificação e a deformação plástica.
■ Um metal contém em média entre 106 e 108 cm de discordâncias por cm3.
■ Quando o metal sofre deformações plásticas, a quantidade das
discordâncias aumenta para 1012cm por cm3.

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

Discordâncias

 Há dois tipos de discordâncias:


- Discordância em linha (a)
- Discordância em hélice (b)
 São responsáveis pelo fato de que os metais são cerca de 10 vezes mais
dúcteis do que deveriam.

a) b)

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

Discordância em linha

 Discordâncias em linhas (arestas) são perpendiculares ao


plano da página
 A discordância termina no volume do cristal

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

Movimentos das discordâncias através de forças de cisalhamento

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

Movimentos das discordâncias através de forças de cisalhamento

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

Quando duas discordâncias em linha (com


mesma orientação) existem no mesmo plano,
força repulsivas ocorrem entre eles
(igual polos magnéticos). A razão para esse
comportamento e a torção da rede envolta da
discordância (compressão/tração).

No caso de duas discordâncias em linha (com


orientação oposta) existem no mesmo plano, as
forças entre eles são atraentes. Quando eles se
encontram, o erro de apaga. Esse efeito se
chama Recuperação.

+e-=0
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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)
Discordância em hélice

 Discordâncias de hélice (espiral) são deslocamentos das duas áreas


 Discordâncias de hélice pode ser considerado como sendo formada
por uma tensão cisalhante que é aplicada para produzir uma distorção.
 A linha entre A e B é também linear.

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos lineares (Dimensão 1)

■ A discordância mista é

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Defeitos na estrutura cristalina
Cristais reais apresentam inúmeros defeitos,
que são classificados por “dimensionalidade”.

Defeitos pontais Defeitos lineares Defeitos planares Defeitos volumétricos


(Dimensão 0) (Dimensão 1) (Dimensão 2) (Dimensão 3)

Vazios, Impurezas Discordâncias Interfaces e com- Vazios, fraturas, inclu-


tornos de grãos sões, outras fases

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos planares (Dimensão 2)

Os defeitos interfaciais são contornos que possuem duas dimensões e


normalmente separam regiões dos materiais que possuem diferentes
estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas.

Entre essas imperfeições tem-se:


■ Contornos de grão
■ Contornos de macla
■ Falhas de empilhamento

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos planares (Dimensão 2)

Interfaces e contornos de grãos

 Metais são materiais poli-cristalinos formados por muitos mono-cristais


em orientações diferentes
 Os contornos de grãos (independente se o próximo grão está na mesma
estrutura), são defeitos planares
 Contornos de grãos e respectivamente a distorção da rede cristalina
melhoram a estabilidade do material
 A estrutura “amorfo” dos contornos pode introduzir impurezas facilmente

= Estrutura isotropia

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos planares (Dimensão 2)

Contorno de grão Estrutura com textura Estrutura isotrópica

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos planares (Dimensão 2)

Maclas podem surgir a partir de tensões térmicas ou mecânicas. Eles ocorrem


quando parte da rede cristalina é deformada. A macla forma uma imagem
especular da parte da rede não deformada.

Titânio

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos planares (Dimensão 2)

Falha de empilhamento Falha de empilhamento Imagem MET

Falha de empilhamento Falha de empilhamento


intrínseco significa que extrínseco significa que
uma camada está faltando tem uma camada a mais

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Defeitos na estrutura cristalina
Efeito na resistência dos materiais.

Defeitos pontais Defeitos lineares Defeitos planares Defeitos volumétricos


(Dimensão 0) (Dimensão 1) (Dimensão 2) (Dimensão 3)

Vazios, Impurezas Discordâncias Interfaces e com- Vazios, fraturas, inclu-


tornos de grãos sões, outras fases

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Defeitos na Estrutura Cristalina
Defeitos volumétricos (Dimensão 3)

Fratura Precipitados

Inclusões

Outras fases Vazios/poros

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Defeitos na estrutura cristalina
Efeito na resistência dos materiais

Interfaces e com- Vazios, fraturas, inclu-


Vazios, Impurezas Discordâncias
tornos de grãos sões, outras fases

+  +  +  +  Depende da
  
-  - - - forma de defeito

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