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Introdução
A Responsabilidade Civil Internacional dos Estados
2. Responsabilidade
Manifestação
Mais adiante, informa o citado autor que houve uma vasta jurisprudência
inter- nacional en matéria de responsabilidad de los Estados, respecto a la
protección de los derechos de los particulares extranjeros.
E aí está o problema que afligia a doutrina e a prática internacional: as repara-
ções destinavam-se apenas aos estrangeiros. A pergunta que não calava era quanto
aos nacionais em seu próprio Estado: caberia a eles alguma forma de proteção aos
seus direitos lesados exatamente pelo Estado que deveria protegê-los?
Importante assinalar que na busca de um sistema internacional efetivo de
prote- ção aos direitos humanos se encontra o reconhecimento por parte dos
Estados de que as normas e obrigações assumidas por eles com o advento da Carta
da ONU são de caráter geral atingindo mesmo os estados que não fazem parte do
sistema onusiano. Na continuidade da lição de Braga (2002:141-142) um terceiro
elemento fun- damental para o surgimento da proteção internacional dos direitos
humanos repousa
por aquela – reveste-se de um caráter supranacional, visto que ao decidir com defi-
nitividade, formando, inclusive, coisa julgada, sobrepõe-se efetivamente às
próprias Constituições nacionais. (Jayme, 2005, p.66).
Neste sentido a CIADH reconhece em suas sentenças o caráter
supranormativo da Convenção:
em relação ao ordenamento jurídico interno, inclusive em relação a
normas constitucionais, porquanto o Direito Internacional dos Direitos
Humanos não reconhece hieraquia das normas internas, de modo que,
mesmo a norma constitucionaol violadora de direitos humanos deve
ser afastada para dar lugar à norma internacional de proteção dos
direitos humanos. (Fernando G. Jayme, 2005, p. 67)
É a CADH que em seu artigo 63, § 1º, reafirma a submissão do Estado à sua
responsabilidade internacional ao prelecionar que:
Há, portanto, responsabilidade por risco no caso de poluição dos mares por
vazamento de petróleo.
No mesmo sentido, várias convenções internacionais adotaram o regime da
responsabilidade por risco, dentre as quais, a Convenção sobre Responsabilidade
Civil por Danos Nucleares (Viena, 1963); a Convenção sobre a Responsabilidade
Civil no Estabelecimento de um Fundo Internacional para Compensações por Da-
nos de Poluição de Óleo (Bruxelas, 1971); a Convenção sobre a Responsabilidade
internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais (Londres, Moscou e Wa-
shington, 1972); a Convenção sobre a Responsabilidade Civil por Dano decorrente
de Poluição de Óleo, resultante de Exploração e Explotação de Recursos Minerais
do Subsolo Marinho (Londres, 1977).
É imperioso sublinhar que algumas Convenções prevêem a responsabilidade
objetiva. Assim, por exemplo, a Convenção de Bamako, Relativa à Interdição da
Importação de Rejeitos Perigosos para a África e ao Controle da Movimentação
Transfronteiriça e a Gestão desses Rejeitos na África (Bamako, 1991), no seu art.
4º., alínea 3, letra “b”: “impõe a responsabilidade objetiva e ilimitada, assim como
a responsabilidade conjunta e solidária aos produtores de rejeitos perigosos”.
No mesmo sentido, tanto a Convenção sobre a Responsabilidade Civil no
Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 9(16-17): 199-216, jan.-dez. 2009 15
Cam- po da Energia Nuclear (Paris, 1960, art. 3º), celebrada pelos países membros
do Or- ganismo Europeu para a Energia Nuclear, como a Convenção sobre a
Responsabili- dade Civil no Campo da Energia Nuclear (Viena, 1963, art. 4º),
concluída no âmbito da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA),
imputam a responsabilidade automaticamente ao país explorador daquela
tecnologia. Da mesma forma, a Con- venção Internacional sobre a Intervenção em
Alto Mar em Caso de Acidente que Provoque ou Possa Provocar uma Poluição por
Hidrocarbonetos (Bruxelas, 1969, art. 3º), concluída no âmbito da Organização
Marítima Internacional (IMO), imputa a responsabilidade ao proprietário do navio
e a Convenção sobre Diversidade Bioló- gica (Rio de Janeiro, 1992, art. 14, alínea
2), patrocinada pela ONU, prevê que:
A Conferência das Partes deverá examinar, com base em estudos que
se levarão à cabo, a questão da responsabilização e reparação, incluin-
do a recuperação e a compensação por danos causados à diversidade
biológica, salvo quando esta responsabilidade seja uma questão pura-
mente interna.
Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo de-
corrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover
a internalizarão dos custos ambientais e uso de instrumentos
econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer
o comércio e os investimentos internacionais.
conclusão
RefeRêncIAs
BRAGA, F.U. Responsabilidad internacional de los Estados en los Derechos
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JAYME, F.G. Direitos humanos e sua efetivação pela Corte interamericana de
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Recebido: 22/9/10
Aprovado: 6/12/10