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TRIBUNA DA DEFENSORIA
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29 de janeiro de 2020, 9h49 Imprimir Enviar 62

Por Diego de Azevedo Simão

WEBSITE ROTAS
 Ouvir: Inconstitucionalidade das nova 13:41

A Lei 13.964/2019, de 24 de dezembro de 2019, inseriu significativas


modificações na legislação processual penal, na legislação penal e na
legislação de execução penal.
LEIA TAMBÉM
No que toca à execução penal, a novel legislação apresenta irrefutáveis TRIBUNA DA DEFENSORIA
retrocessos, posto que viola o sistema progressivo de cumprimento de pena, Defensoria e pacote anticrime:
não contribui para a ressocialização (objetivo declarado na LEP), aumenta o enunciados e primeiras impressões
tempo de aprisionamento e o gasto público com execução penal, além de
TRIBUNA DA DEFENSORIA
não existir nenhuma comprovação de que o recrudescimento da lei penal
O compromisso da Defensoria com o
diminuirá a criminalidade (falácia sustentada por quem defende essa
combate à tortura no Brasil
espécie de legislação simbólica e populista).
TRIBUNA DA DEFENSORIA
A progressão de regime prisional, a partir da vigência da lei em 23/01/2020,
A prescrição após o julgamento em
exigirá um maior período de cumprimento da penal, conforme abaixo
primeiro grau
demonstrado[1]:
TRIBUNA DA DEFENSORIA
Requisitos objetivos para progressão de regime de acordo com Disciplina CADs, inspeções e a inserção da
alterações do "Pacote Anticrime" - Lei 13.964/2019 legal Defensoria na socioeducação
anterior
TRIBUNA DA DEFENSORIA
A Defensoria e a proteção de
Sem violência ou Primário 16% - Artigo 112, inciso 1/6 - adolescentes ameaçados de morte
grave ameaça I, da LEP Artigo
112 da TRIBUNA DA DEFENSORIA
LEP Ainda precisamos falar sobre a
Reincidente 20% - Artigo 112, inciso
violência obstétrica
II, da LEP
TRIBUNA DA DEFENSORIA
Com violência ou Primário 25% - Artigo 112, inciso 1/6 -
grave ameaça III, da LEP Artigo População em situação de rua,
112 da estudos, dinheiro e amor
Reincidente 30% Artigo 112, inciso LEP
IV, da LEP
Facebook Twitter

Crime hediondo ou Primário 40% Artigo 112, inciso 2/5 - Art. Linkedin RSS Feed
equiparado V, da LEP 2º, § 2º,
da Lei
Se houver morte: 50%, 8.072/90
vedado o livramento
condicional - Artigo
112, inciso VI, alínea
"a", da LEP

Reincidente 60% - Artigo 112, inciso 3/5 - Art.


VII, da LEP 2º, § 2º,
da Lei
Se houver morte: 70%, 8.072/90
vedado o livramento
condicional - - Artigo
112, inciso VIII, da LEP
USE O CUPOM GANHEI400
PARA ECONOMIZAR R$400
Comando, individual ou coletivo, de 50% - Artigo 112, inciso 1/6 -
organização criminosa estruturada VI, alínea "b", da LEP Artigo
para a prática de crime hediondo ou 112 da
equiparado LEP

Milícia privada 50% - Artigo 112, inciso 1/6 -


VI, alínea "c", da LEP Artigo
112 da
LEP Inspiron 13 7000
10a geração do processador
Intel® Core™ i7

No que diz respeito ao Livramento Condicional, o instituto também sofreu


impacto significativo com a vedação da concessão do direito ao livramento, Compre agora
vejamos[2]:

Requisitos objetivos para livramento condicional Lei atual  


de acordo com alterações do "Pacote Anticrime" -
Lei 13.964/2019 +

Sem violência Primário Sem alteração Mais de 1/3 -  


ou grave específica Artigo 83, do
ameaça Código Penal

Reincidente Sem alteração Mais de 1/2 -  


específica Artigo 83, do
Código Penal

Com violência Primário Sem alteração Mais de 1/3 -  


ou grave específica Artigo 83, do
ameaça Código Penal
Reincidente Sem alteração Mais de 1/2 -  
específica Artigo 83, do
Código Penal

Crime Primário Se houver morte é Mais de 2/3 -  


hediondo ou vedado o Artigo 83, do
equiparado livramento Código Penal
condicional - Artigo
 
112, inciso VI,
alínea "a", da LEP

Reincidente Se houver morte é Mais de 2/3,  


vedado o vedado para
livramento reincidentes
condicional - Artigo em crimes
desta
 
112, inciso VIII, da natureza-
LEP Artigo 83, do
Código Penal

Comando, individual ou Se houver Mais de 1/3  


coletivo, de organização elementos para
criminosa estruturada para primários e
a prática de crime hediondo probatórios que mais de 1/2
ou equiparado indiquem a para
manutenção do reincidentes -
vínculo associativo, Artigo 83, do
é vedado o Código Penal
livramento
condicional - Artigo
2º, §9º, da Lei
12.850/13

Milícia privada Sem alteração Mais de 1/3  


específica para
primários e
mais de 1/2
para
reincidentes -
Artigo 83, do
Código Penal

Quanto ao tempo de cumprimento de pena, a alteração do artigo 75 do


Código Penal alterou o tempo máximo de cumprimento de penas privativas
de liberdade em 10 (dez) anos, elevando de 30 (trinta) para 40 (quarenta) o
perído máximo de prisão, o que, sem qualquer dúvida, impactará tanto no
superencarceramento quanto no aumento de gastos públicos.

Assim, diante desse novo regramento, verifica-se um significativo aumento


de tempo de prisão, com o aumento do período para a obtenção de
progressão de regime e vedação ao livramento condicional, construção
legislativa que contrariou, diretamente, a força normativa da decisão
prolatada em 09/09/2015 pelo STF, nos autos da ADPF 347, de relatoria do
Min. Marco Aurélio, que declarou o estado de coisas inconstitucional no
sistema penitenciário brasileiro.
Na ADPF 347, diante do inegável quadro de superlotação carcerária
existente no país e das desumanas condições de encarceramento, a decisão
liminar reconheceu que "Presente quadro de violação massiva e persistente
de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de
políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de
natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema
penitenciário nacional ser caracterizado como 'estado de coisas
inconstitucional (ADPF 347 MC, Rel. Min. Marco Aurélio. j. em 09/09/2015).

Nessa quadra, a superlotação carcerária, embora há tempos presente no


sistema penitenciário nacional, foi reconhecida pelo STF no ano de 2015 (na
ADPF 347) como caracterizadora do "estado de coisas inconstitucional", e
resultou na determinação de medidas para reduzir o superencarceramento,
dentre elas, a realização de audiência de custódia em todo o território
nacional.

Assim, o reconhecido "estado de coisas inconstitucional" passou a exigir que


toda e qualquer manifestação do Estado, seja por meio de decisões de juízes
e tribunais, ato do Poder Executivo ou medida Legislativa, tal qual a Lei
13.964/2019, observe a trágica realidade do sistema penitenciário nacional.

Justamente por isso, a Lei 13.964/2019 violou a autoridade da decisão do STF


na ADPF 347 em ao menos dois pontos: o primeiro, por não observar o
quadro trágico do sistema penitenciário brasileiro no processo legislativo; o
segundo, porque a elevação do tempo para obtenção de progressão de
regime, a previsão de novas hipóteses de vedação de livramento
condicional, e o aumento do tempo máximo de prisão (de 30, para 40 anos),
irá resultar em maior tempo de aprisionamento e em significativa piora no
quadro de superlotação carcerária, o que, portanto, vai na contramão da
decisão do STF.

Não bastasse isso, ao impactar em maior período de encarceramento, a nova


lei também violou a Constituição Federal, especificamente o artigo 113, da
ADCT, introduzido pela EC n. 95, de 2016, a qual expressamente prevê que "A
proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou renúncia de
receita deverá ser acompanhada da estimativa do seu impacto orçamentário e
financeiro."

Em decisão cautelar prolatada na ADI 6299 no dia 22/01/2020, o Min. Luiz


Fux suspendeu a eficácia dos artigos 3º-A a 3º-F, do CPP (Juiz das Garantias),
introduzidos pela Lei 13.964/2019, em decisão que, dentre outros
argumentos, sustentou a violação ao artigo 113 da ADCT, vejamos:

Outrossim, a criação do juiz das garantias viola o Novo Regime Fiscal da


União, instituído pela Emenda Constitucional n. 95/2016. O artigo 113 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescentado por essa emenda
constitucional, determina que “[a] proposição legislativa que crie ou altere
despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada da
estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro." Não há notícia de que a
discussão legislativa dessa nova política processual criminal que tanto
impacta a estrutura do Poder Judiciário tenha observado esse requisito
constitucional.

Em suma, concorde-se ou não com a adequação do juiz das garantias ao


sistema processual brasileiro, o fato é que a criação de novos direitos e de
novas políticas públicas gera custos ao Estado, os quais devem ser discutidos e
sopesados pelo Poder Legislativo, considerados outros interesses e prioridades
também salvaguardados pela Constituição. Nesse sentido, não cabe ao Poder
Judiciário definir qual a prioridade deve ser mais bem contemplada com o uso
do dinheiro arrecadado por meio dos tributos pagos pelos cidadãos – por
exemplo, se a implantação do juiz das garantias ou a construção de mais
escolas, hospitais, ou projetos de ressocialização para presos. Afinal, esse
ônus recai sobre os poderes Legislativos e Executivo. No entanto, por estrita
aplicação da regra constitucional do artigo 113 da ADCT – aprovada pelo
próprio Poder Legislativo – compete ao Judiciário observar se os requisitos
para concretização dos interesses que o legislador preferiu proteger
obedeceram às formalidades exigidas, especialmente quanto ao estudo de
impacto orçamentário.

É evidente que a fundamentação apresentada na decisão do Min. Luiz Fux


conduz a segura conclusão de que as normas que aumentam o tempo de
cumprimento da pena, assim como aquelas que elevaram os períodos para a
progressão de regime e vedam o livramento condicional também
afrontaram o comando do artigo 113 da ADCT. Aliás, por certo, o impacto
orçamentário e financeiro será muito maior com o aumento de tempo de
aprisionamento do que com a criação do juízo de garantias.

Ora, seguindo o raciocínio da decisão do Min. Fux pode-se afirmar que não
há notícia de que a discussão legislativa dessa nova política de execução
penal, que tanto impacta os gastos públicos (sobretudo do Poder Executivo)
tenha observado esse requisito constitucional (art. 113, da ADCT). Seguindo a
mesma argumentação apresentada na decisão do Min. Fux, concorde-se ou
não com o aumento do período de encarceramento, o fato é que a criação de
maiores punições e a nova política de encarceramento gera custos ao Estado,
os quais devem ser discutidos e sopesados pelo Poder Legislativo,
considerados outros interesses e prioridades também salvaguardados pela
Constituição.

Nessa ordem de ideias, é induvidoso que o aumento do tempo de


encarceramento impacta diretamente no orçamento, gerando gastos
públicos com a elevação do tempo de prisão, sobretudo em regime fechado.

Bem por isso, a inovação legislativa na execução penal, que recrudesceu o


tratamento penal e elevou o tempo de prisão e, por consequência, resultará
em aumento dos gastos públicos com o encarceramento, deveriam ser
previamente discutidos e sopesados pelo Poder Legislativo, considerando
outros interesses e, inclusive, outras medidas de combate ao
superencarceramento, conforme já decidido no ano de 2015 pelo STF, na
ADPF 347.

Assim, tendo em conta o fundamento exposto no voto do Min. Fux na ADI


6299/DF - violação ao art. 113 da ADCT - e o declarado estado de coisas
inconstitucional no sistema penitenciário nacional (ADPF 347, Rel Min.
Marco Aurélio), há de ser reconhecida a inconstitucionalidade da Lei
13.964/2019 no que toca aos artigos que introduziram modificações no
Código Penal e na Lei de Execução Penal para elevar o tempo de pena, para
aumentar o período para a progressão de regime ou para vedar a obtenção
de livramento condicional.

[1] Quadro elaborado por Bárbara Cristina Lopes.

[2] Quadro elaborado por Bárbara Cristina Lopes.

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Diego de Azevedo Simão é defensor público no estado de Rondônia.


Revista Consultor Jurídico, 29 de janeiro de 2020, 9h49

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COMENTÁRIOS DE LEITORES
5 comentários

RESPEITOSAMENTE É SÉRIO??
Servidor estadual (Delegado de Polícia Estadual)
29 de janeiro de 2020, 14h13

Ontem assisti uma vídeo de um defensor com os mesmos argumentos. Me desculpem.


todos equivocados. A lei nova que agrava a situação do réu só se aplica a casos futuros,
então levaremos 40 anos para se tem o primeiro impacto de tal encarceramento. Mas não
é só isso. A nova lei inovou no tocante a concessão da ordem de prisão e a sua
manutenção. Primeiro que para prorrogar prisão, agora se faz necessário ouvir o réu;
que o fundamento seja contemporâneo, ou seja atual, ao findar o IP o delegado já não
terá a facilidade para se conseguir a prisão de indivíduos perigosos, e a junção desses
quesitos com a obrigatoriedade de se rever a prisão a cada 90 dias abrirá por certo as
portas para a maioria esmagadora de criminosos, pois a somatória é impossível de
superar. Por derradeiro a sociedade ficará muito mais feliz em pagar pela contenção
desses indivíduos, do que pagar através do Estado indenização para as vitimas. Ah, as
vitimas nunca são contempladas, nem lembradas, assim resta chorar. Mas esse mantra
criado pelos que defendem que bandido bom é bandido na rua, não vai colar.

NENHUMA INCONSTITUCIONALIDADE
Max (Advogado Autônomo)
29 de janeiro de 2020, 10h42

Não pode haver a consideração de nenhuma inconstitucionalidade na lei. Embora o STF e


vários juristas adorem defender a igualdade, não é possível dar o mesmo tratamento de
um sujeito que rouba um sanduíche para comer, do que é dado para um Lula da vida que
rouba bilhões dos cofres públicos. Ou o mesmo tratamento de um sujeito que dá um tapa
no bandido que acabou de tentar furtar sua carteira, a um sujeito que integra um
esquadrão da morte.
Elevar a pena, não vai aumentar superencarceramento, porque atinge só presos por
crimes hediondos e/ou violência física grave. O que já deveria ter sido observado há
vários anos, mas parece nunca entrar na cabeça dos legisladores e dos ativistas jurídicos
dos pseudo-direitos humanos. Digo pseudo porque nunca os vi defendendo as vítimas dos
crimes, só os meliantes que os praticam.

BANDIDO AGORA TEM QUE TER IGUALDADE ?


daniel (Outros - Administrativa)
29 de janeiro de 2020, 10h33

Agora não se pode mais diferenciar bandido pela gravidade de crime ? É a igualdade
comunista no crime

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