Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Art. 8 No primeiro dia util do mez de Setembro de 1882, e de então em diante todos
os annos em igual dia, se procederá á revisão do alistamento geral dos eleitores, em
todo o Imperio, sómente para os seguintes fins:
II. De serem incluidos no dito alistamento os cidadãos que requererem e provar em
ter adquirido as qualidades de eleitor da conformidade com esta lei, e souberem ler e
escrever.
§ 1º A prova de haver o cidadão attingido a idade legal será feita por meio da
competente certidão; e a de saber ler e escrever pela lettra e assignatura do cidadão
que requerer a sua inclusão no alistamento, uma vez que a lettra e firma estejam
reconhecidas por tabellião no requerimento que para este fim dirigir.
A pessoa iletrada chega humilde e culpada, mas aos poucos descobre com orgulho
que também é um ‘fazedor de cultura’ e, mais ainda, que a condição de inferioridade
não se deve a sua incompetência, mas à sua humanidade roubada. (...) Alfabetizar é,
em última instancia, ensinar o uso da palavra.
Durante o período militar, a educação de adultos adquiriu pela primeira vez na sua
história um estatuto legal, sendo organizado em capítulos exclusivo da Lei nº
5.692/71, intitulado ensino supletivo. O artigo 24 desta legislação estabelecida com
função do supletivo suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que
não a tenham conseguido ou concluído na idade própria. (VIEIRA, 2004, P. 40).
A mudança de ensino supletivo para educação de jovens e adultos não é uma mera
atualização vocabular. Houve um alargamento do conceito ao mudar a expressão de
ensino para educação. Enquanto “ensino” se restringe à mera instrução, o termo
“educação” é muito mais amplo compreendendo os diversos processos de formação.
(SOARES, 2002, P. 12).
Ainda na mesma década, após o impeachment de Collor, e já firmado o novo Governo
de Itamar Franco, foi elaborado o Plano Decenal de Educação (PDE) e criado a Comissão
Nacional de Educação de Adultos (CNEJA) com o intuito de assegurar durante dez anos, “que
crianças, jovens e adultos tenham conteúdos mínimos de aprendizagem que atenda as
necessidades elementares da vida contemporânea”. (MENEZES, 2001).
No ano de 1996, com a publicação da nova LDB nº 9.394/96, o Governo de Fernando
Henrique Cardoso deixou de lado o Plano Decenal de Educação e implantou uma reforma
politica institucional da educação publica, os artigos reafirmam o direito dos jovens e adultos
trabalhadores ao ensino (PNAC), reafirmando a institucionalização da modalidade Educação
de Jovens e Adultos, com iniciativa entre o Governo e os Municípios, com parcerias entre
ONG’s, universidades e grupos informais. No art. 37 da LDB, “a educação de jovens e
adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino
Fundamental e Médio na idade própria”.
§ 1º Os sistemas de Ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos, que não
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O poder público viabilizará e
estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.
No ano de 2007, foi criado pelo Governo Lula o Programa Brasil Alfabetizado,
instituído pelo Decreto nº 6093 de 24 de abril, objetivando a universalização da alfabetização
de Jovens e Adultos. Uma grande conquista para EJA, pois o Governo passou a valorizar essa
modalidade de ensino, deixando de ser apenas assistencialista e passando a compreender a
escola como inclusão social desse indivíduo. Outra conquista importante para EJA foi a
inclusão no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB, auxiliando em
questões básicas, como reservar recursos para Educação de Jovens e Adultos.
A EJA não objetiva apenas conscientizar sobre a opressão sofrida pelas classes
dominadas, e sim possibilidades para superá-la. Ela possibilita ao indivíduo a capacidade de
compreensão de seus direitos e desempenhar ações que revertam os problemas sociais em
defesa de uma sociedade mais justa.
A educação inclusiva é uma abordagem de desenvolvimento das necessidades de
aprendizagem para jovens e adultos. O principio da educação inclusiva foi adotado na
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade
(Salamanca, Espanha, 1994). E segundo (UNESCO, 1994): “a educação inclusiva é uma
abordagem desenvolvimental que procura responder às necessidades de aprendizagem de
todas as crianças, jovens e adultos com focos naqueles que são vulneráveis à marginalização e
exclusão”.
A educação de jovens e adultos é um segmento educacional que visa atender alunos
que não tiveram condições ou oportunidades de concluir seus estudos em tempo regular,
devido a vários fatores sociais. Ela é um instrumento de mudança social e pessoal que
assegura incluir os alunos socialmente e alcançar condições necessárias ao exercício da plena
cidadania, exercendo seus direitos e deveres. Devendo ser uma educação multicultural, uma
educação que amplie o conhecimento e a diversidade cultural do individuo. GADOTTI,
(1979) afirma que “uma educação para compreensão mutua, contraria a segregação por
motivos de raça, sexo, cultura ou outros tipos de configurações de discriminação”.
Nos últimos 20 anos, o encarceramento cresceu 379%, enquanto que a população do
país cresceu apenas 30%, ou seja, são 300,96 presos por 100 mil habitantes. Ainda, é
importante destacar que o perfil da população carcerária é composto por homens,
pretos ou pardos, jovens e com baixa escolaridade (CONECTAS, 2014).
Nessa perspectiva, evidencia-se a relevância do papel dos Direitos Humanos como
principio da dignidade humana, revertendo ou atenuando a exclusão e o encarceramento
seletivo.
A primeira cadeia construída em Manaus foi ao fim do século XVIII, pelo Governo de
Arthur César Ferreira Reis, porém o prédio foi destruído no ano de 1821 devido a um
incêndio que começou na cobertura feita de palha. Sem um lugar especifico, os presos
acabaram ficando em prédios alugados pelo Governo, mas sem as mínimas condições de
higiene e segurança.
Somente entre os séculos XIX e XX, que a população carcerária da Capital teve a
atenção devida do poder publico, não obstante como uma ação humanitária, e sim com o
proposito de assegurar o bem-estar das famílias ricas da época, propondo um local para alocar
aqueles que eram punidos por perturbar a ordem pública, com intuito de criminalizar a
pobreza, pois compreendiam que o ambiente marcado pela pobreza e violência geravam
delinquentes perturbadores da ordem social.
Em março de 1907, pela Lei 957/1908, foi inaugurada a Casa de Detenção de Manaus,
localizada na Av. Sete de Setembro, onde funcionou também a Cadeia Pública
Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, fechada em 2018. A Casa era a única unidade
prisional da capital manauara e atendia os municípios do interior do Amazonas. Como a
população carcerária cresceu rapidamente, o Governo da época Jonathas Pedrosa, sugeriu a
transferência da Casa de Detenção de Manaus para o distrito de Paricatuba, ocorrido em 1916.
Porém, em 1924 os detentos foram novamente transferidos para Manaus devido à falta de
estrutura física e a dificuldade que os familiares tinham para visitar os detentos, perpetuando
por mais cinco décadas.
Exclusivamente, com a elaboração do Código Penal de 1940, que o Brasil aplicou a
progressão de pena. Entretanto, em Manaus só foi efetivada em 1982, com a criação da
Colônia Agrícola Anísio Jobim, onde passou a atender o regime semiaberto, no entanto não se
pensava em fornecer nenhum tipo de aprendizado ao recluso.
Segundo dado da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária - SEAP, no ano
de 1999 sob o governo de Amazonino Mendes, foi inaugurado na localidade da Colônia
Agrícola, o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ), integrando também a
Penitenciaria Feminina de Manaus, o Centro de Detenção Provisório de Manaus (CDPM) em
2011, e a nova Cadeia Feminina, inaugurada em 2014, com instalações de berçário, ala
infantil e centro médico.
Em 2002, inaugurou a Unidade Prisional do Puraquequara - UPP, uma área de 10.000
metros quadrados, com instalações moderna, dispõe de escola, quadra poliesportiva, cozinha,
refeitório, padaria, almoxarifado, biblioteca e espaço administrativo.
[...] atuar pela higiene social como um médico assistente de um organismo social
para prescrever remédios eficazes no combate à morbidade criminal. Assim, evitar-
se-iam tantos os focos de infecção criminal como a pobreza, a miséria e a falta de
educação moral. (p. 201).
ARANHA, Maria Lucia Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. São
Paulo: Moderna, 2006. 3ed.
SOARES, Leôncio José Gomes. Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A,
2002, p. 8 – 12.
SOLAZZI, José Luís. A ordem do castigo no Brasil. São Paulo: Imaginário: Editora da
Universidade Federal do Amazonas, 2007.