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LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

Institui a Lei de Execução Penal - LEP.

1. OBJETIVO DA EXECUÇÃO PENAL

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado.

EXAME CRIMINOLÓGICO NA LEP

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime


fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da


personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou
informações do processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a


respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários.

CONCEITO DE EXAME CRIMINOLÓGICO:

Originariamente disposto no artigo 8º da LEP (Lei de Execução Penal), o exame


criminológico tem por objetivo a correta aplicação da pena de forma individualizada,
como forma de adequar às características pessoais de cada preso.

Tal análise abrange questões de ordem psicológica e psiquiátrica do apenado, tais como
grau de agressividade, periculosidade, maturidade, com o finco de prognosticar a
potencialidade de novas práticas criminosas.
Para Bitencourt, “o exame criminológico é a pesquisa dos antecedentes pessoais,
familiares, sociais, psíquicos e psicológicos do condenado, para obtenção de dados que
possam revelar a sua personalidade”.

Bitencourt equipara o exame criminológico como uma perícia criminal.

- EXAME CRIMINOLÓGICO PARA PROGRESSÃO DE REGIME

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ

Súmula 439 - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso,


desde que em decisão motivada. (Súmula 439, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
28/04/2010, DJe 13/05/2010)

EXEMPLO EM CASO CONCRETO

Extensa folha penal justifica necessidade de exame criminológico para


progressão de regime

A existência de extensa folha penal é motivo para realização do exame


criminológico para a análise da progressão de regime, em razão da
periculosidade concreta do agente. O entendimento foi aplicado pela
presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, para
indeferir liminar em habeas corpus que buscava a fixação de regime
semiaberto a homem condenado a 17 anos de reclusão por roubo, extorsão
mediante sequestro e receptação.

A progressão para o semiaberto havia sido autorizada no curso da execução


penal. Todavia, após recurso do Ministério Público, o Tribunal de Justiça de
São Paulo condicionou a decisão concessiva da progressão à prévia
realização de exame criminológico.

Ao STJ, a defesa alega que a Lei 10.792/03 não exige a realização do


exame para efeito de progressão, mas apenas a expedição de atestado de
boa conduta carcerária pelo diretor da penitenciária.
Periculosidade

A ministra Laurita lembrou que o tribunal paulista considerou necessária a


realização de exame com base nos argumentos apresentados pelo
Ministério Público, que destacou que o homem possui longa pena a cumprir
e teve comprovada a sua periculosidade pela violência empregada contra a
vítima, que sofreu ferimentos.

“O caso em apreço não se enquadra nas hipóteses excepcionais passíveis


de deferimento do pedido em caráter de urgência, por não veicular situação
configuradora de abuso de poder ou manifesta ilegalidade. Além disso, a
medida liminar postulada é de natureza satisfativa, confundindo-se com o
próprio mérito da impetração, cuja análise competirá ao órgão colegiado, em
momento oportuno”, afirmou a ministra ao indeferir a liminar .

STF E EXAME CRIMINOLÓGICO

SÚMULA VINCULANTE 26

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou


equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

2. FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DO CUMPRIMENTO DA PENA – ART. 33,


PARÁGRAFO SEGUNDO c.c ART. 59 CP

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF

Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não


constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada.

A invocação abstrata da causa de aumento de pena não pode ser considerada, por si
só, como fundamento apto e suficiente para agravar o regime prisional, por não se
qualificar como circunstância judicial do art. 59. 5. A jurisprudência do STF consolidou o
entendimento segundo o qual a hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga,
por si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios
constitucionais da individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das
decisões judiciais, deve motivar o regime imposto observando a singularidade do caso
concreto. 6. Aplicação das súmulas 440, 718 e 719.
[HC 123.432, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 30-9-2014, DJE 201 de 15-10-2014.]

A fixação da pena-base (art. 59) no mínimo legal, porque favoráveis todas as


circunstâncias judicias, e a imposição do regime mais gravoso do que aquele
abstratamente imposto no art. 33 do Código Penal revela inequívoca situação de
descompasso com a legislação penal. A invocação abstrata das causas de aumento de
pena não podem ser consideradas, por si sós, como fundamento apto e suficiente para
agravar o regime prisional, por não se qualificarem como circunstâncias judicias do art.
59. Inteligência do enunciado 718 da Súmula do STF. Precedentes.
[HC 117.813, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 18-2-2014, DJE 44 de 6-3-2014.]

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ


Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com
base apenas na gravidade abstrata do delito. (Súmula 440, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)

- FIXAÇÃO DE REGIME MAIS SEVERO

STF - Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a


pena aplicada permitir exige motivação idônea.

A exasperação da pena-base e o respectivo quantum foram justificados pela


consideração de duas das qualificadoras apuradas como circunstâncias judiciais, de
modo que não se verifica o alegado constrangimento ilegal. (...) 2. A fixação do regime
inicial de cumprimento da pena não está atrelada, de modo absoluto, ao quantum da
sanção corporal aplicada. Desde que o faça em decisão lastreada nas particularidades
do caso, o magistrado sentenciante está autorizado a impor ao condenado regime mais
gravoso do que o recomendado nas alíneas do § 2º do art. 33 do Código Penal.
Inteligência da Súmula 719. O mesmo raciocínio se aplica para impedir a conversão da
pena corporal em restritiva de direitos.
[HC 145.000 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, 1ª T, j. 17-4-2018, DJE 73 de 17-4-
2018.]

Na espécie, a sentença encontra-se devidamente fundamentada, expondo, de modo


inequívoco, as razões de convencimento do magistrado que o conduziram à fixação do
regime inicial fechado. No presente caso, a fixação do regime fechado para o início do
cumprimento da pena, ao que tudo indica, está em conformidade com a Súmula 719
desta Corte, que estabelece que a imposição de regime mais gravoso do que a pena
permite deve vir acompanhada da devida fundamentação, tal como parece ter
ocorrido. (...) verifico que a opção pela fixação do regime inicial fechado deu-se em razão
da gravidade concreta das circunstâncias que envolveram o delito, bem como da
periculosidade revelada por essa prática. Tais fundamentos, a meu juízo, autorizam a
imposição do regime prisional mais gravoso. [RHC 128.827, rel. min. Ricardo
Lewandowski, 2ª T, j. 21-2-2017, DJE 47 de 13-3-2017.]

- CÓDIGO PENAL – ART. 35 AO ART. 42.

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