Você está na página 1de 26

FORMULÁRIO PARA ELABORAÇÃO DO

RELATÓRIO FINAL
PROJETO PROBEX – 2017

1. IDENTIFICAÇÃO

Título do Projeto: ​A botija é nossa: contação de história e relações de sociabilidade


no Cariri Paraibano
Período de Realização​: Junho de 2017 a dezembro de 2017
Coordenador/Titulação​: Wallace Gomes Ferreira de Souza (Doutor)
Centro/Unidade Acadêmica​: Centro de Desenvolvimento Sustentável do
Semiárido
Área de conhecimento: ​Cultura e memória social
Local de atuação: ​Município de Livramento - PB
Público Atendido (quantificar): ​Moradores das comunidades quilombolas.
Comunidades beneficiadas pelo Projeto: ​Comunidades Quilombolas de
Areias de Verão, Sussuarana e Vila Teimosa.

2. INTRODUÇÃO

O projeto ‘​A botija é nossa: contação de história e sociabilidade no Cariri


paraibano​’ teve desenvolvimento de suas atividades nas três comunidades
remanescentes de quilombo do Município de Livramento-PB (Areias de Verão,
Sussurana e Vila Teimosa). O objetivo do projeto é fomentar espaços de integração
universidade/comunidade bem como ampliar o ambiente formativo dos discentes dos
cursos de Licenciatura em Educação Campo e Ciências Sociais do Centro de
Desenvolvimento Sustentável do Semiárido-CDSA. Tais atividades extensionistas
ampliam a compreensão do espaço formativo e, no caso especifico desta proposta,
contribui na valorização dos sujeitos negros quilombolas dando destaque para um
protagonismo social das respectivas comunidades a qual o projeto se destina. Com
as metodologias, houve a transdisciplinariedade entre as Ciências Humanas e
Sociais e a área das linguagens, particularmente a Literatura, Artes Cênicas e
Educação Musical. As atividades terão como vetor de mobilização a cotação e
registro das histórias que compõe o patrimônio do grupo social (as comunidades
remanescentes de quilombo). Neste sentido, tanto a contação como o registro das
histórias orais estão sendo assumidas neste projeto como instrumentos
metodológicos que possibilita a percepção/experiência com as dinâmicas de
organização desse grupo étnico (regras morais, as interdições, as estratégias de
sobrevivências, as experiências espirituais, dentre outras), na medida em que, tais
histórias possuem um sentido pedagógico, portanto, formativo.
O presente projeto de extensão traz um diferencial um tanto considerável que
é a alusão à famosa botija, que seria um tesouro enterrado, deixado pelos mortos e
entregue por estes últimos, em sonho, aos vivos. Historias que fazem parte do rico
acervo de contações de histórias, típicas do imaginário popular na região em que o
projeto foi realizado. A ideia foi pegar a expressão sem modificar seu sentido
axiológico e sim trocar o que se tinha como conteúdo da botija por histórias, que não
deixam de serem, também, preciosidades culturais, onde os costumes e crenças de
um povo encontram perenidade.
Desse modo, antes das duas intervenções, realizamos um intenso trabalho de
preparação com oficinas de contação de historias, teatro, leituras e também
discursões de textos basilares. Todo esse trabalho girava em torno da consciência
da ação pedagógica que estaríamos realizando durante as intervenções. A diferença
estava em não ter a necessidade de criar uma atmosfera tão idílica, mas sim de
fazer com que o realizado pudesse envolver a comunidade com algo que era dela.
Suas histórias.
Todo o trabalho foi recompensado com o sucesso das duas intervenções
realizadas. Muitas foram às viagens até as comunidades quilombolas, reuniões com
seus representantes, conversas isoladas com membros das comunidades e visitas
em suas casas, onde sempre fomos muito bem recebidos. Muitos dos moradores se
mostravam satisfeitos e curiosos com nossa presença que, mesmo não tendo se
dado de maneira abrupta, causa um estranhamento inevitável. Aos poucos fomos
percebendo traços nos rostos, principalmente das crianças, que denunciavam uma
felicidade crescente. O que para os membros do projeto de extensão, além de ser
gratificante, era algo encorajador.
A cada visita às comunidades, os obstáculos iam sendo reduzidos
significativamente. E o resultado foram duas intervenções em que a descontração,
aprendizado e um espetáculo de tradições reinventadas reinaram.

As tradições se sustentam por uma memória coletiva, requerem atualização prática


(geralmente ritualizada) e organizam o passado em relação ao
presente, tornando o primeiro não primariamente preservado,
mas sim continuamente reconstruído (GRUNEWALD, 2012, p.
186).

3. OBJETIVOS E PROPOSTAS ALCANÇADAS


A extensão proporcionou a ampliação da compreensão do espaço ocupado
pelos quilombolas, trazendo à tona suas memórias afetivas para com seu território e,
contribuindo com fundamental importância para a afirmação identitária dos sujeitos
negros daquela localidade. O projeto de extensão se propôs a contribuir para a
construção e fortificação de uma identidade étnica cotidiana daqueles quilombolas,
onde suas subjetividades de lutas históricas pudessem ser compreendidas,
respeitadas e tratadas como tal. Buscando ressaltar àqueles indivíduos a relevância
de sua percepção de si como fator ímpar de sua identidade social, de pensar em si
como membro ativo da sociedade em que vive.
Com objetivo de suscitar espaços de integração universidade/comunidade
bem como ampliar o ambiente formativo dos discentes do curso Ciências Sociais do
Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido-CDSA. Tais atividades
extensionistas ampliaram a compreensão de espaço formativo e, no caso especifico
desta proposta, contribuiu na valorização dos sujeitos negros quilombolas dando
destaque para um protagonismo social das respectivas comunidades a qual o
projeto se destinou. Através das atividades de mobilização a cotação e registro das
histórias que compõe o patrimônio do grupo social (as comunidades remanescentes
de quilombo). Tanto a contação como o registro das histórias orais assumidas neste
projeto possibilitou a experiência com as dinâmicas de organização desse grupo
étnico. Promovendo uma interação e estreitando as relações entre a comunidade e
a universidade, alçando assim, os objetivos definidos pelo projeto, no quais, foram
os seguintes:

● Fomentar espaços de integração universidade/comunidade;


● Ampliar o ambiente formativo dos discentes do curso de Licenciatura em
Ciências Sociais;
● Registrar as histórias orais que compõe o patrimônio sociocultural das
comunidades remanescentes de quilombo – Areias de Verão; Sussuarana,
Vila Teimosa;
● Através da educação ambiental proporcionamos uma discussão acerca da
convivência com o semiáriado.

4. METODOLOGIA
O método se inseriu numa proposta qualitativa no campo da etnografia. A
categoria mito foi introduzida como ação pedagógica nos campos das Ciências
Sociais e das linguagens, agindo com fundamental importância para a afirmação
identitária dos sujeitos negros daquela localidade. Assim, a conotação de histórias
como meio metodológico possibilitou a percepção/experiência com as dinâmicas de
organização desse grupo étnico no processo de afirmação de memória como
processo identitário. Inicialmente através de mapeamento de histórias locais, e,
posteriormente trabalhando a oralidade de memória, como modo de rebuscar no
passado afetividades entre o povo e o território, deste modo, proporcionando
debates de caráter político e étnico.
O texto teatral e seus elementos foram utilizados como conceitos de
construção para o desenvolvimento das atividades, além da conceituação de
categorias dramáticas para a ampliação de possibilidades narrativas a serem
utilizadas em campo. Conjuntamente com a construção de atividades corporais
como ordem pedagógica, possibilitando o norteamento das intervenções nas
comunidades, viabilizando a interação entre o público e os componentes da
extensão.
Sob uma concepção de caráter dinâmico, o projeto de extensão "A botija é
nossa", se propôs a trabalhar, no ano de 2017, a educação ambiental através de
uma perspectiva lúdica em suas intervenções. Buscando construir mutuamente com
os sujeitos processos de análises críticas e reflexivas acerca da convivência com o
semiárido, a boa utilização dos recursos hídricos, e os efeitos nocivos do uso de
agrotóxicos para com a saúde humana.
O lúdico faz parte fundamental na vida humana e sua influência é
determinada por fatores culturais, políticos e também éticos. PEREIRA, 2011. Deste
modo, é dada a importância da utilização desta categoria para a construção mútua
do conhecimento, no que tange o exercício da reflexão acerca do meio ambiente e
as práticas sociais dos sujeitos que nele estão incorporados, bem como para a
ampliação dos conhecimentos da comunidade e da universidade, através da troca
de saberes entre a ciência e o senso comum.
Ao falar do meio ambiente através de uma interação lúdica, a atividade
intervencionista, através da contação de histórias, buscou narrar o respeito para com
a natureza, problematizando a relação do homem com a terra e as relações
comerciais que os permeiam, e que por muitas vezes influenciam o mau consumo da
água, e a utilização de agrotóxicos que degradam o solo e prejudicam a saúde
daqueles que consomem seus alimentos. No entanto, os conflitos ambientais que
foram abordados, não se limitavam apenas a questões ecológicas, como bem nos
lembra PEREIRA, 2011, tais quesitos também são adversidades políticas, éticas,
econômicas e sociais.
Trabalhar com tal multiplicidade de dilemas requer grandes possibilidades de
exercícios reflexivos para proporcionar aos sujeitos a melhor forma de apreender
saberem possíveis. O desenvolvimento criativo que a atividade lúdica voltada para o
meio ambiente proporciona é uma busca por um diálogo que por muitas vezes é
silenciado, é a porta de entrada para uma discussão que atinge a todos nós que
compartilhamos do mesmo solo, que bebemos da mesma água, que respiramos o
mesmo ar. O saber científico transmitido de forma recreativa, aproxima conceitos
acadêmicos de realidades que às vezes não possuem acesso aos mesmos.
Durante muitas décadas a problemática da estiagem assola a regiões
semiáridas, sendo que 85% do território abrangente localizam-se no Nordeste e,
18% do estado de Minas Gerais). Primordialmente, é importantíssimo entender que
as condições climáticas de tal região implicam numa série de desdobramentos
históricos, como por exemplo, a integração do Rio São Francisco, a região do
semiárido abrange 1.262 municípios brasileiros, de acordo com o ministério da
integração Nacional, cerca de 26,52 milhões de brasileiros vivem em tal região.
Vislumbra-se que um dos fenômenos recorrentes são os períodos de longas
estiagens, segundo alguns meteorologistas há ciclos contínuos de baixos índices
pluviométricos, as secas ou estiagens são fenômenos climáticos causados pela
insuficiência de precipitação pluviométrica ou irregularidade da distribuição de
chuvas em diferentes localidades do semiárido, isto é, há algumas regiões situadas
no ciclo da seca cujos índices pluviométricos são baixíssimos, causando assim,
desequilíbrios hidrológicos. Normalmente a ocorrência da seca se dá quando a
evapotranspiração ultrapassa por um período de tempo a precipitação de chuvas.
As dificuldades enfrentadas pelas populações localizadas no ciclo da seca
são exorbitantes, visto que, ao estender tal período, animais morrem, falta água
potável, plantações são dilaceradas pela escassez de chuvas, entre outras. Diante
disto, busca-se entender o paradigma da seca, entre inúmeras questões surge à
necessidade de compreender o conceito chave, convivência com o semiárido,
conviver é situa-se das condições climáticas, culturais, econômicas e sociais do
ambiente onde os indivíduos pertencem, neste sentido, a problemática central é
saber conviver com as condições semiáridas. O projeto a Botija é Nossa, deteve
grande parte da produção acadêmica em entender esse diálogo
social-político-econômico-histórico dos indivíduos inseridos em tal região, buscou-se
trabalhar com as implicações deste ecossistema.
Neste sentido, foi trabalhado com a comunidade esse tema, entre as
problemáticas discutidas, o manejo consciente da água esteve sempre em pauta
para estabelecer uma convivência saudável com tal ecossistema com o intuito de
conscientizar a todos o quanto a água é importante e fundamental para a nossa
sobrevivência, pois sem a água não existiria vida em nosso planeta, se as pessoas
tiverem essa conscientização sem dúvidas irão usar a água de uma forma
consciente. Com isso o grupo apresentou as formas e os cuidados que devemos ter,
e a economia foi o ponto fundamental, sabendo utilizar de forma consciente sem
desperdícios por mais que a nossa região sempre passa por dificuldades em relação
à água, mas se cada um se comprometer em economizar, aos poucos tudo irá
melhorar, além de colaborar com o meio ambiente, a prática de economia de água e
seu consumo consciente, é fundamental já que vivemos em uma região com tantas
deficiências em relação à água.
Por tanto atitudes conscientes são fundamentais para garantir que a água
continue disponível, por passarmos já por privações com poucas chuvas durante o
ano, se não tivermos a preocupação de economizar o pouco que temos a situação

​ falta de consciência da população sobre a importância


vai se agravar ainda mais, a

de economizar água faz com que hábitos inadequados sejam mantidos a todo
tempo. Foi jusante por isso que o grupo trabalhou com esse tema mostrando a
importância da água e que o desperdício só irá trazer prejuízos para comunidade,
atitudes conscientes é a chave, digamos não ao desperdício.
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O Projeto ​“A botija é nossa: contação de história e relações de sociabilidade
no Cariri Paraibano”, vigência em 2017, contou com inúmeros encontros para a
familiarização do tema, pois, antes de tudo conhecemos um pouco do percurso
histórico de luta e resistência das comunidades quilombolas, como também,
aprendemos algumas técnicas de contação de histórias, usada como uma valiosa
ferramenta para estimular o sentimento de pertencimento, além de uma afirmação
positiva de assuntos e outras abordagens, como o modo de relação do homem com
o semiárido.
Os encontros aconteciam, na maioria das vezes quinzenalmente para a
discussão temática e a elaboração da intervenção. Logo de início o coordenador do
Projeto, que é um estudioso do assunto, lançou uma atividade na qual cada
participante encontrou uma história que repercutisse preferencialmente no passado,
na época da escravidão no País. Essas historietas, cada qual contou utilizando-se
de um instrumento reciclado que harmonizasse com a narrativa, propiciando numa
verdadeira viagem temporal.
A troca de experiências e as discussões foram muito significativas para o
grupo se engajar e prosseguir para as etapas seguintes. Sem demora os encontros
se sucederam para o planejamento da atividade prática, escolhida entre nós uma
mini dramatização como recurso que uni a contação junto com a incorporação de
elementos variados para compor a narrativa na investida de conscientizar, expor,
levantar um diálogo e aproximar toda a comunidade para fazer conosco um grande
show de participação e compartilhamentos de suas histórias.
O tema escolhido para a atividade no começo foi à convivência com o
semiárido, agregando também as relações entre diferentes gerações, suas
concepções valorativas na utilização da água, a presença de seres místicos na
narrativa e outros elementos que foram pensados para fazer com que os ouvintes
soubessem o quanto é importante conhecer a história, valorizar suas raízes e de
quebra utilizar o recurso hídrico de forma sustentável, visto o quanto é escasso em
algumas localidades.
Contamos com a elaboração de um figurino e dias depois partirmos para
nossa aventura de contadores e conhecedores de relatos da força de resistência
relatada pelos moradores da comunidade Cacimba Nova, onde levamos o projeto de
extensão para além das comunidades que estávamos desenvolvendo os trabalhos.
A experiência com a comunidade de Cacimba Nova distrito de São João do
Tigre foi um princípio norteador de como podemos dar as mãos uns aos outros e
fazermos valer tudo aquilo que nos foi ensinado, O Projeto de Extensão “A Botija é
nossa” fez uma intervenção naquelas comunidades rica em saberes e experiências,
uma comunidade de garra independente de sua subsistência. Ao decorrer do dia
tivemos e partilhamos com eles saberes, através de palestras e discussões com os
professores de Educação do Campo e Ciências Sociais, estas contribuíram para que
a aquela localidade viesse a adquirir seus direitos como quilombolas.
O acolhimento foi tão caloroso e os sorrisos das crianças, jovens e adultos
embelezaram o galpão aonde ocorreu à apresentação. Houve a presença do grupo
de capoeira, todo o galpão estava caracterizado com elementos que compõem a
história quilombola, a história daquela comunidade. Foi perceptível a união e a
preocupação da nova geração em continuar com suas raízes e vozes para
afirmarem que existem sim comunidades quilombolas que resistem no Brasil, no
Cariri Ocidental e não permitirá nenhum direto a menos, nenhum Quilombo a menos.
Concluímos nossas atividades no XI Encontro de Extensão Universitária da
UFCG (XIENEX), que ocorreu entre os dias 12 a 14 de dezembro de 2017, Campus
de Sousa – CCJS, onde duas integrantes do grupo apresentaram o trabalho
intitulado: “​A integração entre a universidade e as comunidades quilombolas de
Livramento – PB”,​ trabalho este decorrente das pesquisas desenvolvidas ao longo
do projeto.

5.1 A PEÇA TEATRAL


Como aperfeiçoamento de nossas atividades, elaboramos uma peça teatral
para trabalharmos com a comunidade o tema convivência com o semiárido. Segue o
roteiro:
Roteiro para peça de Teatro:

A MISSÃO DE BERIMBAU

Roteiro:
● JÉSSICA APARECIDA CASTRO;
● JÉSSICA KALLYNE ARRUDA SILVA;
● LEORNARDO BATISTA TEIXERA;
● ROSANA DE MEDEIROS SILVA;
● WAGNER BERTO DOS SANTOS DINIZ.

Argumento:​
A peça de teatro foi desenvolvida com o intuito de provocar uma reflexão a
respeito da educação ambiental, e da convivência com o semiárido. Partimos de
uma abordagem lúdica para expor o tema por considerar que para o público alvo,
seria mais atrativo. Aproveitamos o ensejo da temática da extensão ​A botija é nossa
para fazer esse trabalho acontecer abordando os seguintes sub-tópicos: o
desperdício de água e o uso de agrotóxicos nas plantações. Nesse sentido, criamos
quatro personagens bem dinâmicos, construídos, em todas as suas características,
a partir das vivências e experiências dos grupos locais onde a peça foi apresentada.
Esse é um trabalho pensado e realizado exclusivamente para aquele momento e
para aquelas pessoas, coisa que fica evidente quando observamos todo o enredo.

Personagens

AVÔ:​ Um velhinho agricultor que não convive muito bem com a modernidade
e prefere viver a vida tranquila no campo ao lado de seu neto. Ele é direto em suas
respostas e não tem muita paciência pra conversa comprida.

Berimbau: ​Um menino curioso, e impaciente. Na flor da adolescência,


Berimbau não quer fazer as tarefas que seu avô manda, pois prefere brincar com os
amigos, matar passarinho com seu estilingue e brincar de bola.

MOÇA DO POÇO:​ É quem aconselha Berimbau a economizar água e a


esperar as plantas crescerem no tempo delas, sem a ajuda de fertilizantes e
agrotóxicos. Sua principal batalha é contra o desperdício, que ilude Berimbau a
utilizar produtos venenosos na plantação e a gastar água desnecessariamente.
DESPERDÍCIO: ​Possui um álibi perfeito e é capaz de enganar qualquer um
na tarefa de vender seus produtos e fazer com que as pessoas gastem água.
Berimbau é sua principal vítima. Tem a figura de uma moça que anda sempre bem
vestida e oferece seus produtos a todas as pessoas.

- Cena I -

A história inicia quando Berimbau é mandado por seu avô a ir cuidar da


horta e colher alguns temperos para o almoço. Porém ele é um jovem que
quer estar em casa conectado as suas redes sociais assim como os demais
jovens de sua idade. Ele também gosta de ficar brincando de bola e atirando
em passarinhos com sua baladeira. Para ele, sempre é um sacrifício ir cuidar
da terra, principalmente quando os resultados não aparecem de imediato ou
por as pragas devorarem tudo. Berimbau tem pressa de voltar logo para casa
e seus cuidados com a horta são reduzidos, reclama por todo dia regar e não
aparecer resultados imediatos. Além disso, ele adora brincar com água e
desperdiçar, mas, é policiado por seu avô, que não permite que ele brinque
com água.

Berimbau:​ Eu queria sabe o que? Num tem aqueles irrigadores bem grandão?
Pronto, queria um daquele, porque eu gosto de brincar com a água. O poço cheio
de água e meu avô querendo poupar água. Oxente!

Avô:​ Oh Berimbau!?

Berimbau:​ Que foi vô, que foi?!

Avô:​ Meu filho, ague isso direito! Eu já tinha lhe ensinado, porque você sabe que
sofro desses negocio nos ossos, não posso tá fazendo, se pudesse eu não lhe
pedia;

Berimbau:​ Vô eu estou perdendo meu tempo, vô;

Avô:​ Você também só quer saber de brincar de “bila”, não quer saber de estudar, é
um bisaco velho do lado atrás de matar passarinho. Menino não pode ser assim
não, tem que poupar a água, você tá tomando três banhos na semana pra quê?

Berimbau:​ Mas vô, eu passo uma hora aguando esse negócio, “homi” vô, gasta
muita água com isso, as plantas com sede, vô.

Avô:​ Meu filho, não faça zuada não que eu já tô ficando até sem ar aqui, é uma
quentura, abafado. Bora, bora, ague isso ai, “vamo”, ague direito. Vou em casa;
Berimbau:​Ta certo vô. “Homi” vai prála...

- Cena II -
Berimbau fica irritado com seu avô, mas mesmo assim fica colocando
água nas plantas. Quando de repente, surge uma figura inesperada.

Desperdício:​ Olá, garoto!

Berimbau:​ Opa, quem é você, moça?

Desperdício:​ Eu vim lhe perguntar se essa horta é sua?

Berimbau:​ É, é minha;

Desperdício:​ Ela tá tão murchinha, você não tá cuidando dela?

Berimbau:​ É por que meu avô disse que era pra aguar com bem pouquinha água;

Desperdício:​ Mas como é que você quer que ela cresça sem colocar água?

Berimbau:​ Mas não pode gastar água!

Desperdício:​ Claro que pode, como é que uma planta cresce se não colocar água,
meta água, tem água pra quê? Pra isso!

Berimbau:​ Eu já disse a ele que tô perdendo meu tempo aguando assim, moça;

Desperdício:​ Se você esta dizendo que já aguou, por que ela não cresce? Por que
ela continua murcha?

Berimbau:​ É mesmo, né moça?!

Desperdício:​ Mas eu tenho um produto ali, que é uma magicazinha, que eu tenho
pra lhe oferecer;

Berimbau:​ O que, moça?

Desperdício:​ Você está interessado no produto?

Berimbau:​ Eu tô!

Desperdício:​ Olha, é só uma pitada que essa horta num instante cresce;

Berimbau:​ Eu vou ficar perdendo tempo? Nãm me mostre;

Desperdício:​ Vou lhe mostrar agora... Todos os agricultores gostam do meu


trabalho, se interessam por meu trabalho;

Berimbau:​ahh essa moça é boazinha!

Desperdício​: Você quer conhecer?


Berimbau:​ eu quero, eu quero!

Desperdício:​ vou lhe mostrar o produto agora;

(Ela mostra o produto em uma garrafa branca com uma figura estranha desenhada)

Berimbau:​ moça, e essa caveira ai?

Desperdício:​ é pra matar a fome, é símbolo de matar fome;

Berimbau:​ isso não mata a pessoa não?

Desperdício:​ Não rapaz, eu vou lhe ensinar como usar. Mas precisamos de muita
água. Vá buscar lá bem rapidinho, vá!

Berimbau:​ Mas eu já aguei moça;

Desperdício:​ Mas precisa de mais;

Berimbau:​ e se meu avô souber?

Desperdício:​ Isso fica em segredo pra nós dois aqui. Isso aqui é nova tecnologia,
coisa de ponta! Vá buscar a água...

Berimbau:​ tá bom, vou pegar.

- Cena III -

Ao chegar no poço para pegar água, berimbau encontra-se com a moça


do poço, que lhe questiona sobre o excessivo gasto de água.

Moça do poço:​ Bom dia, Berimbau!

Berimbau: ​Opa!

Moça do poço:​ buscando água aqui pela terceira vez, só nessa parte da manhã?!

Berimbau:​ Moça do poço!? Tem uma moça aqui dentro do poço? O que é q você
quer, moça?

Moça do poço:​ Eu quero conversar com você sobre o desperdício de água;

Berimbau:​ mas moça, me desculpe!

Moça do poço:​ Berimbau, temos que usar água com consciência, aprender a
conviver com nosso semiárido;

Berimbau:​ mas moça, eu só peguei um balde e vou pegar outro;


Moça do poço:​ cuidado com o desperdício, Berimbau, cuidado!

- Cena IV -

Berimbau, embora um pouco envergonhado com as advertências da


Moça do Poço, volta com a água para a horta, onde estava o desperdício.

Desperdício
(Pegando o balde de água e colocando o agrotóxico)
Vamos meu filho, que eu tenho muitos cantos pra visitar, tem outros agricultores
que querem comprar. Olhe deixe eu lhe dizer, você vai botar um pouco junto com a
água e pode danar água, muita água. Esse fedor aqui é pras moscas não pousarem
nas plantas.

Berimbau
(Tapando veementemente o nariz devido o mal cheiro)
Eita moça, que fedor!

Desperdício:​ todos que usam aprovam, a plantação cresce rápido. Pode aguar
com vontade, rapaz o São Francisco tá passando ai na porta, pra gente poder
gastar essa água.

Berimbau:​ é mesmo, né moça?!

Desperdício:​ tomar banho só uma vez? Tem que tomar banho três, seis vezes por
dia. Deixar chuveiro e torneira ligados, se preocupe não. Agora vou embora, mas
amanhã eu volto e trago mais!
Berimbau:​ mas tá fedendo, moça!

Desperdício:​ se preocupe não que isso passa com o tempo. Agora vou ali em outro
sítio.
Berimbau:​certo moça, obrigado!
- Cena V -
Berimbau, confuso, fica sem saber em quem acreditar. Não sabe se
segue as orientações da Moça do Poço ou do Desperdício. Ele fica falando
consigo mesmo enquanto caminha pra casa levando alguns legumes da horta.

Berimbau:​ e agora, o que eu faço? Escuto a moça do poço, que pra mim é
boazinha ou escuto essa magrelinha aqui? Tô nervoso, vô vai saber que joguei
esse negocio fedorento aqui;

Berimbau:​ Oi, vô. Trouxe isso lá da horta;

Avô:​ pensei que não vinha mais. “Pucaridade” meu filho, que catinga é essa, é sua
ou desse negocio?

Berimbau:​ vô eu gastei bem pouquinha água, do jeito que o senhor disse, só um


balde, certo?!
Avô:​ sua cara não nega que você gastou o poço todo!

Berimbau:​ foi não, vô... olha, tô indo caçar passarinho;

Avô:​ pois tá bom, vou ajeitar isso aqui pra gente almoçar;

- Cena VI -

Com medo de ser descoberto ele sai de casa para seu caçado ainda
mais preocupado e perturbado. Ao retornar para casa se depara com seu avô
doente.

Berimbau: ​eita o que foi que eu fiz, gastei muita água... e agora? A moça do poço
disse “você tá me gastando”, será que eu tô doido?! Tô confuso, vou pedir ajuda a
moça do poço! Vou pra casa, já está tarde.
Vô, cheguei! Demorei por que estava caçando passarinho;

Avô:​ eu tô com uma coisa ruim!

Berimbau:​ que foi vô?

Avô:​ eu não sei, acho que é a pressão, acho que errei no sal...

Berimbau:​ é por que o senhor já tá velhinho, vô;

Avô:​ você vai ficar velho também;

Berimbau:​ Mas vai demorar. E o senhor tá sentindo o que?


Avô​: não sei, estou tonto, um negocio ruim...

Berimbau:​ o senhor comeu o que vô?

Avô:​ o feijão com aqueles negócios que você trouxe;

Berimbau:​ o senhor colocou muito sal no feijão?

Avô:​ não, coloquei o tanto de sempre. Mas, quando coloquei no fogo, aí foi que
fedeu! Agora me diga: o que foi que você colocou naqueles legumes?! você botou
alguma coisa diferente, Berimbau?

Berimbau:​ mas vô, não coloquei nada de diferente, só água;

Avô:​ tá bom, vou tomar um chá de boldo pra ver se melhoro;


Berimbau:​ tá certo vou ali e já volto pra ver ser o senhor tá bom;
Avô:​ volte logo!
- Cena VII -
Berimbau se vê completamente perturbado, pois sabe que a doença do
seu avô é culpa do produto que o desperdício colocou na horta. Desesperado,
ele vai procurar ajuda da moça do poço.

Berimbau:​ Culpa minha meu avô está doente! O que eu faço agora?! E se ele
morrer vou ficar sozinho no mundo... Aguando essa horta. Já sei! Vou pedir ajuda a
moça do poço;
(E, seguindo para o poço...)
Moça do poço?! Eiii... Vim pedir sua ajuda!

Moça do poço:​ oi, Berimbau?

Berimbau:
(Olhando radiantemente para a moça do poço...)
Moça do poço, ahh... Você é mais cheinha que a outra mulher lá!!!

Moça do poço:​ tenho saúde! Aquela ali só toma veneno;

Berimbau​: mas ela fala tão bem...

Moça do poço​: ela falou o que pra você?

Berimbau:
(Explica de maneira confusa)
Ela disse que eu não deveria perder tempo aguando minha horta com pouca água,
e me disse também que era pra usar muita água pois minhas plantinhas estavam
com sede, e eu não ia ter tempo pra brincar;

Moça do poço​: Berimbau!? E o que foi que teu avô te disse, menino?

Berimbau: ​ele está doente, por isso mesmo que eu estou aqui, moça.
Moça do poço: ​tu não pode tá gastando água. Eu te falei, não usa água
desnecessariamente!

Berimbau: ​Mas... Uma outra moça...

Moça do poço: ​Já sei quem é, o nome dela é Desperdício, ela é minha rival de
muito tempo;

Berimbau​: você é intrigada dela?

Moça do poço:​ sim, faz tempo. Mas, faça o seguinte:


( segurando um objeto curioso)
isso aqui foi um Pajé a muitos anos atrás que me deu, é um maraca sagrado;

Berimbau:​ Eu faço o que com isso?

Moça do poço​: quando Desperdício aparecer, você chacoalhe que eu vou resolver;
Berimbau:​ sim moça, mas meu avô vai ficar bem?

Moça do poço:​ rapaz, eu já não sei, depende do SUS; (risos)

Berimbau:​ tá bom moça, pois eu já vou;

- Cena VIII -

Com o auxílio da Moça do Poço, Berimbau parte para a horta onde, a


sua espera estava o desperdício.

Desperdício​: cadê esse menino que não chega?

Berimbau​: oi, moça;

Desperdicio:​ vamos começar o trabalho?

Berimbau:​ mas ainda tá fedendo um pouquinho;

Desperdicio:​ mas isso aqui é pra comer, né pra cheirar não. Não se preocupe com
nada, vamos começar isso logo;

Berimbau:​ A senhora tem uma lábia...

Desperdicio:​ eu tô vendendo meu produto, e sei que o você vai ganhar milhões e
milhões, nem vai ficar mais com seu avô pegando no seu pé. Venha logo que tenho
que ir embora;

Berimbau:​ não sei se quero continuar com isso...

Desperdicio:​ por isso seu avô coloca você pra trabalhar feito um miserável!
Berimbau:​ mas é porque eu gosto do meu avô...

Desperdício:​ então vamos dar orgulho ao seu avô, deixando essa plantação linda?

Berimbau:​ sim, mas deixar fedendo?!

Desperdício:​ mas seu avô não sente mas o cheiro de nada, aquilo o olfato já
acabou faz tempo;

Berimbau: ​me dê isso aqui, não vou usar mais isso;

Desperdício:​ vamos menino, vamos aguar essas plantas!

Berimbau:​ eu já sei de tudo!!!

Desperdício:​ tudo o q, menino?


Berimbau: ​você acha que vai me fazer tá gastando a água do poço do meu avô?

Desperdício:​ rapaz, a gente tem tanta água...

Berimbau: ​vou dar um tiro com minha “balinheira” mesmo no seu papo.

Desperdício​: tá pensando que eu tenho medo de você, Berimbau? O que você vai
fazer agora?

Berimbau: ​tenho um negocio aqui...


(Mostra o maraca)

Desperdício: ​o que é isso? Não!

Berimbau​: vou balançar!

Desperdício: ​não, não, não!!!


- Cena IX -

Berimbau balança o maraca e a moça do poço surge. Rutilante. Ela


enfrenta, junto com Berimbau, o desperdício.

Moça do poço​: ora, ora, ora, quem está por aqui?! Por onde você estava andando
mulher, que te procuro faz tempo?

Desperdício​: estava fazendo meu serviço;

Berimbau:​ estava me azucrinando!

Moça do poço:​ fiquei sabendo que o avô do menino ficou doente porque você
colocou agrotóxico aqui na plantação?!

Desperdício:​ mentira, isso é mentira! Ele deve tá com hérnia de disco que não
consegue mais nem ficar de pé!

Berimbau:​ se a Moça do poço pegar você, lhe quebra no meio.

Desperdício:​ meu produto é top!

- Cena X -

Depois de discutirem, ameaça vai e vem. Em um momento de interação


com a platéia, a moça do poço expulsa o desperdício com a ajuda de todos.

Moça do poço:​ vou precisar da ajuda de uns amigos meus, por que estou um
pouco adoentada;

Desperdício:​ não pode comigo sozinha não é? O desperdício reina;


Berimbau:​ ela tem eu e a “balinheira”, cuidado! (risos)

Desperdício:​ tem nem tamanho esse “cibito baleado”; (risos)

Moça do poço:​ o que a gente faz pra acabar com o desperdício?

Platéia:​ “fechar as torneiras”; (todos gritam)

Moça do poço:​ vamos limpar os rios ou não?

Platéia:​ vamos!

Desperdício:​ esse povo é doido, vou embora daqui

Moça do poço:​ venha aqui, mulher, não corra!


(O desperdício foge, todos festejam)

FIM.

6. AVALIAÇÃO DO PROJETO
6.1 – Pelo (s) bolsista (s) e voluntários

Participar de um projeto, mesmo diante de todas as dificuldades, logo veio


algumas dificuldades como: até a comunidade, saber criar esse elo, estrada de difícil
acesso, dentre tantos pontos positivos e negativos, a cada visita, a motivação de
trabalhar naquela comunidade, com aqueles sujeitos aumentava a cada dia.
Podemos dizer que concluímos com êxito, todas as atividades, mesmo essas sendo
poucas, nas comunidades. Mas que antes de irmos, para as mesmas, passamos
por um processo de aprendizado metodologicamente, no qual consideramos que
esses momentos fizeram todo o diferencial, aumentando nos conhecimentos,
ampliando nos olhares, e a parti disso, pode – se dizer que adquirimos uma carga
maior para iniciarmos nossas atividades na comunidade. Desde modo, diante do que
trabalhamos em grupo, nas comunidades, o apoio que tivemos, as parcerias
funcionaram tão bem, a ponto de sairmos com a certeza de que, aqueles sujeitos,
aquelas comunidades, e nós do projeto “A botija é nossa” conseguimos fomentar
essa relação acerca das universidades e comunidades quilombolas e de certa forma
ressaltamos aos quilombolas sua percepção de si como fator ímpar de sua
identidade social, de pensar em si como membro ativo da sociedade em que vive.
Alcançando todos os objetivos, almejado no início do projeto.

6. 2 – Pelo público beneficiado pelo projeto


Notória a satisfação dos sujeitos da comunidade para com as propostas que
eram construídas mutualmente em campo, por vezes em conversas com Ana Silva e
Luzia Santos, foram elogiadas as iniciativas e intervenções feitas. A cada ida às
comunidades era consolidado aos poucos o pacto entre universidade e público, pois,
uma pergunta sempre era feita: quando seria o próximo retorno. O processo de
integração se deu de forma efetiva para ambas as partes.
Trabalhar educação ambiental, contação de histórias, utilizando a categoria
mito como catalizador do processo de socialização e de afirmação de sujeitos
quilombolas, deu o real protagonismo àqueles que ocupam um território tradicional,
que segue em dinamismo, quebrando o paradigma de visão de isolamento social
destes que compõem as comunidades.

7. Avaliação de bolsista (s) e voluntários (pelo coordenador/orientador (es))


A bolsista e os voluntários desempenharam as atividades satisfatoriamente e
demonstraram envolvimento com as atividades propostas. Outro aspecto a ser
ressaltado é a pro atividade do grupo extensionista, sobretudo na elaboração de
estratégias pedagógicas no processo de aproximação com as comunidades, fator
que produziu uma relação afetiva entre os sujeitos extensionistas e os sujeitos
quilombolas. Demonstrando a necessidade de articulação entre a universidade e o
seu entorno, uma vez que o ensino superior deve ser compreendido como um direito
social, portanto, todos indistintamente devem ter acesso. A atividade extensionista
identificou justamente esta lacuna, pois, os jovens em idade para acessar a
universidade não a conheciam. Foi justamente a disponibilidade dos extensionistas
em construir espaços de interação que conseguimos identificar esta fragilidade.
Outra dimensão é a capacidade do grupo em perceber que a produção do
conhecimento não está restrita aos bancos universitários e que, portanto existe
saberes outros.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após as intervenções realizadas, o processo de aproximação com as
comunidades segue em progresso, criando novas pontes e questões a serem
discutidas como instrumentos de consolidação das três dimensões do ensino
superior: ensino, pesquisa e extensão​. ​Trabalhar com contação de histórias deu o
real protagonismo àqueles que ocupam um território tradicional, que segue em
dinamismo, quebrando o paradigma de visão de isolamento social destes que
compõem as comunidades.
Assim, a terra das comunidades quilombolas do Município de Livramento não
é qualquer espaço, é um espaço que se transformou em território pela ação desses
sujeitos sintagmáticos que produzem e dão sentido ao mesmo, ou seja, o carregam
de significados sociais, políticos, históricos e espirituais, portanto, este território
ganha uma identidade, não em si mesma, mas na coletividade que nela habita. Tal
movimento de produção dessa rede de significados passa pelas histórias contadas
de geração em geração, formando uma teia que une esses sujeitos em torno de uma
memória comum (SOUZA, 2014).
Após a reflexão e análise do exposto, os trabalhos da extensão não
cessaram, permanecem desenvolvendo atuações e narrações de tradições nas
comunidades. Existindo constante mapeamento das histórias e personagens locais,
destacando a participação dos quilombolas como protagonistas das ações
realizadas.

9. REFERÊNCIAS
ABÍLIO, F. J. P.. Educação Ambiental: conceitos, princípios e tendências.
In: Francisco José Pegado Abílio. (Org.). Educação Ambiental para o Semiárido.
ISBN 9788577456604. 01ed.João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011, v.
01, p. 97-136.

ADAMS, B. G. STRACHMAN, M. Roteiro para peça teatral: a missão de Alice. In:


Educação ambiental em ação [arquivo de dados legíveis por
máquina] v III, n. 9 (2004)- Novo Hamburgo, RS. http://www.revistaea.org ISSN:
1678-0701Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=227.
Acesso em: 15/02/2018

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo-SP: Editora Perspectiva, 2006.


GRUNEWALD, Rodrigo. Tradição; Coordenação geral [de] Antônio Carlos de Souza
Lima / Antropologia e Direito: temas antropológicos para estudos jurídicos. - / Rio de
Janeiro/ Brasília: Contra Capa/ LACED/ Associação Brasileira de Antropologia, 2012,
576 p.

LUZ, Natalia da. Somos mediadores da sociedade e utilizamos a palavra como


principal instrumento. Disponível
em​t​http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/somos-mediadores-da-sociedade-e-utili
zamos-a-palavra-como-o-principal-instrumento-diz-griot. Acesso em 12/02/2017.

MATEUS, Ana do Nascimento Bilucaet al. A importância da contação de história


como prática educativa na educação infantil. Disponível em
http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/viewFile/8477/7227.
Acesso em: 10/02/2018.

O’DWYER, Eliane Cantarino. Os quilombos e as fronteiras da antropologia.


Disponível em: file:///E:/Art%20Botija/ODWYER_Quilombos_e_fronteiras[1].pdf.
Acesso em 10/02/2018.

OLIVEIRA, Marcos Barbosa de. ​Neutralidade da ciência, desencantamento do


mundo e controle da natureza. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662008000100005.
Acesso em 15/02/2018.

RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia,


2005.
SANTIAGO, Emerson. Griot. Disponível em
http://www.infoescola.com/curiosidades/griot/ Acesso em: 09/02/2018.

SCHMITT, Alessandra. TURATTI, Maria Cecõlia Manzoli. CARVALHO, Maria Celina


Pereira de. A Atualização do Conceito de Quilombo: Identidade e Território nas
Definições teóricas. Ambiente & Sociedade. Ano V – N.10, set/2002.

SOUZA, Wallace G. Ferreira de. Famílias, Territórios e Espiritualidades: uma


Etnocartografia de Caiana dos Criolos. Tese (Doutorado). Programa de Pós –
Graduação em Ciências Sociais-PPGCS/UFCG, 2014.

VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do


imaginário infantil. In: Revista criança- do professor de educação infantil, v. 38, p.
10,2005.

10. ANEXOS (ANEXAR DOCUMENTOS RELEVANTES, FOTOS, RELATOS,


DEPOIMENTOS, PRODUÇÃO DE MATERIAL ETC.)
PRIMEIRO ENCONTRO: A troca de experiências e a familiarização.

SEGUNDO ENCONTRO: discussão temática e elaboração da intervenção.


ENSAIO DA PEÇA TEATRAL: “A missão de

Berimbau”.

ENCONTROS: estes aconteciam quinzenalmente.


APRESENTAÇÃO DA PEÇA TETRAL

PARTICIPAÇÃO NO FÓRUM TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO CAMPESIANA DO CARIRI

OCIDENTAL PARAIBANO - CAMCIMBA NOVA/PB


PARTICIPAÇÃO NO XI ENCONTRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UFCG - ENEX
- SOUSA⁄PB
FIGURINO ELABORADO PARA OS MEMBROS DO GRUPO

11. RELAÇÃO DOS NOMES DE TODOS OS MEMBROS DA QUE IPE, EM LETRA DE


FORMA, PARA EFEITO DE CERTIFICAÇÃO

● ANA CRISTINA GOMES BATISTA


● JÉSSICA APARECIDA CASTRO
● JÉSSICA KALLYNE ARRUDA SILVA
● LEORNARDO BATISTA TEIXERA
● LUCAS DE OLIVEIRA CAVALCANTE
● MARIA ADRIANA FARIAS RODRIGUES
● ROSANA DE MEDEIROS SILVA
● WAGNER BERTO DOS SANTOS DINIZ
● WALLACE GOMES FERREIRA DE SOUZA

Local e Data:
_____________________________ ______________________________
Coordenador do Projeto Assessor de Extensão do Centro
Assinatura Assinatura

Você também pode gostar