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Introdução
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Trata-se, em relação à ordem de suas publicações, dos quatro seguintes livros: Da Divisão do Trabalho
Social, As Regras do Método Sociológico, O Suicídio e As Formas Elementares da Vida Religiosa.
Para efeito de simplificação, quando citados, eles serão designados pelas abreviações: [DT], [R], [Su] e
[FE]. As outras referências entre colchetes fazem menção do nome do autor e da data de publicação da
obra; quando for o caso, duas datas podem ser mencionadas: a primeira indica a data em que foi escrito e a
segunda indica a data de publicação da obra utilizada e citada na bibliografia. Estas referências remetem à
bibliografia no final da obra.
1
I – Émile Durkheim: 1858 – 1917
dariedade Família Suicídio logia: logia Reli- Socia- tória Psico- Peda-
gogia
social direito crimi- gião lismo da logia
e nal socio-
costumes
logia
2
Exame nacional francês que permite o acesso ao ensino superior. (N.T.)
3
Concurso público que habilita para o ensino no nível médio e superior. (N.T.)
2
1887-1888 1887-1888
1888-1889 1888-1889
1889-1890 1889-1890
1890-1891 1890-1891
1891-1892 1891-1892
1893-1894 1893-1894
1894-1895 1894-1895
1895-1896 1895-1896
1896-1897 1896-1897
1897-1898 1897-1898
1898-1899 1898-1899
1899-1900 1898-1900
1900-1901 1900-1901
1901-1902 1901-1902
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mudada para “ciência da educação e sociologia”. Suas inúmeras atividades, editoriais (no
L’Année Sociologique), administrativas e de pesquisa, o levam, em comparação ao
período de Bordeaux, a variar menos os temas de seus cursos; não obstante, pode-se
ressaltar novos cursos, como aqueles sobre a história do ensino escolar na França [1904
– 1905, in Durkheim, 1938] ou sobre a relação entre a filosofia pragmática e a sociologia
[1913 – 1914, in Durkheim, 1955]. Em 1912, ele publica sua última grande obra: As
Formas Elementares da Vida Religiosa.
Com a guerra, as atividades da equipe durkheimiana - dispersada seja no front,
seja no Ministério da Armada, este confiado a Albert Thomas – e de Durkheim são
momentaneamente suspensas. Com o objetivo de contrabalançar a propaganda alemã,
Durkheim organiza um comitê para a publicação de estudos e documentos sobre a guerra;
ele próprio redige um e colabora em outros dois [Durkheim, 1915a, 1915b, 1916]. No fim
do ano de 1916, em razão de se encontrar doente, ele pára todas suas atividades. A morte
de seu filho André, no front sérvio, lhe causa um golpe muito duro. Contudo, ele retoma
o seu trabalho e começa a redigir o início de “sua moral”, como ele falava para Mauss.
Ele morre em 15 de novembro de 1917. Além destas informações gerais, o livro
monumental de Marcel Fournier contém tudo que o que é possível saber sobre a vida de
Durkheim.
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Estado data de dezembro de 1905 -, Durkheim dedica claramente seus esforços em favor
de um ensino laico e se ocupa da reflexão sobre as condições nas quais uma moral laica
pode substituir a moral religiosa sem que com isso haja um enfraquecimento do sentido
da obrigação moral. Este aspecto de seu pensamento, que coincide com o momento que
ele ocupa a cadeira de Ciência da Educação da Sorbonne, onde seu curso é obrigatório
para os estudantes que se destinam ao ensino, o arrasta para uma polêmica levantada por
aqueles que veem no seu ensino um perigo à tradição.
Em 1897, após longa hesitação, Durkheim cede aos apelos de Célestin Bouglé
(1870 – 1940) e se lança na criação de uma revista; esta desempenha um papel central na
relevância que passa a ter a sociologia francesa e, sobretudo, a sociologia durkheimiana.
O L’Année Sociologique, que é publicado pela primeira vez em 18985; até 1907,
cada volume era composto de dissertações (mémoires) originais e, sobretudo, de inúmeras
críticas de livros e artigos que tratam de alguns temas considerados essenciais para a
sociologia nascente. Após este ano, em virtude da carga de trabalho tornar-se muito
pesada para os colaboradores desejosos de fazerem avançar seus trabalhos pessoais, a
revista só é publicada a cada três anos e não mais apresenta dissertações (mémoires)
originais; os durkheimianos publicam, dentre outras, numa coleção criada pelo mesmo
editor da revista.
Os colaboradores com os quais Durkheim se cerca formam uma equipe de qualidade
notável: frequentemente são antigos alunos da École Normale Supérieure e quase sempre
agréges6; em graus diversos, quarenta e seis pessoas colaboram com o L'Année
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Após a interrupção devido à Primeira Guerra e uma efêmera reaparição entre 1925 e 1927, o L’Année
Sociologique (3ª série) volta a ser publicado após a Segunda Guerra sob os auspícios da Presses
Universitaires de France, com dois números por ano.
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Diz-se daqueles que fazem e são aprovados na agrégation; ver nota nº 3. (N.T.)
5
Sociologique. O grupo formado não é muito homogêneo, como muitas vezes gosta-se de
dizer. Os colaboradores têm opiniões diferentes sobre o que é a sociologia e avaliam sem
complacência algumas partes da obra do próprio Durkheim (notadamente sobre As
Regras do Método Sociológico e sobre O Suicídio, que estão bem longe de ter
unanimidade). Durkheim procura ter somente uma base mínima de acordo entre aqueles
"trabalhadores", que aceitem a ideia de uma sociologia feita cientificamente, pois que se
trata, segundo ele, de diferenciar-se dos diletantes que obstaculizam o domínio dessa
ciência. O objetivo teórico que Durkheim traça para a revista é ambicioso. Sua ideia é que
"do L'Année Sociologique se origine uma teoria que, exatamente oposta ao tão grosseiro
e tão simplista materialismo histórico, apesar de sua tendência objetivista, fará da religião,
e não mais da economia, a matriz dos fatos sociais" [Carta a Mauss de junho de 1897 in
Durkheim 1998, 71 e 91].
Contudo, o objetivo explícito da revista é definido do seguinte modo: “os sociólogos têm
uma necessidade premente que é de serem regularmente informados das pesquisas que
são desenvolvidas nas ciências especiais, tais como história do direito, dos costumes, das
religiões, estatística moral, ciências econômicas, etc., pois é aí que se encontram os
materiais com os quais a sociologia deve se construir” [1898, in Durkheim, 1969, 31].
Por um lado, trata-se de garantir que o tipo de informação fornecida ao sociólogo
seja majoritariamente resultante das pesquisas que são feitas nas ciências conexas sem
que, por isso, se exponha aos riscos de permanecer nas generalidades. É necessário saber
aproveitar os materiais disponíveis para fazer avançar concretamente a ciência social; as
dissertações (mémoires) publicadas são também precisamente destinadas “a mostrar com
alguns exemplos como estes materiais podem ser trabalhados” [ibid., 34]. Por outro,
trata-se de organizar este trabalho de informação por meio de uma classificação útil à
constituição da sociologia. Durkheim dá muita importância a esta classificação; ele a vê
como uma das coisas duráveis que o L’Année Sociologique pode produzir trabalhando
“para determinar progressivamente os quadros naturais da sociologia. Com efeito, é a
melhor maneira de apresentar as pesquisas de objetos definidos e, por isso mesmo, liberar
nossa ciência das vagas generalidades onde se encontra presa. [...] Por isso não houve ano
algum que não tenhamos procurado aperfeiçoar nossa classificação primitiva” [1901, in
Durkheim, 1969, 294].
Os tipos de traços representam a força das relações entre certos membros (aqueles que escrevem pelo menos 1% das
resenhas de livros) da equipe durkheimiana. Os números entre parênteses indicam, em porcentagem do total, a parte de
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cada um na redação das resenhas: os membros do primeiro círculo são responsáveis por 44,1%; os do segundo círculo
por 30% e, finalmente, os do terceiro círculo por 17,8%. Estes três círculos representam, com poucas exceções, o total
dos autores dos 18 “dissertações (mémoires) originais” publicados pelo L’Année Sociologique nos seus dez primeiros
volumes (respectivamente: 12, 6 e 3 – considerando artigos redigidos em co-autorias). Fonte: P. Besnard [1983, 27 e
32].
Esta tarefa foi realizada com sucesso. Embora houvesse um pouco de negligencia com
determinadas áreas, por exemplo, como com a sociologia estética ou a sociologia política
(ver quadro), mesmo assim elas se faziam presentes numa época onde não apresentavam
nenhuma expressão na paisagem universitária ou intelectual. O L’Année Sociologique,
provavelmente, propiciou o encontro de um dos mais prestigiosos grupos de sociólogos
jamais reunidos em torno de uma obra comum [L. Coser, Master of Sociological
Thought, 1971]; é por isto que, numa carta que escreve a Bouglé, em junho de 1900,
Durkheim mostra-se tão orgulhoso: “Com efeito, considere que é o primeiro grupo deste
gênero a se organizar, onde há uma divisão do trabalho e uma cooperação verdadeiras.
Portanto, se durarmos, seremos um bom exemplo; também este é o melhor meio de
preparar a atividade sociológica e de a estimular” [in Besnard, 1976, 174]. Esta carta de
Durkheim a Bouglé indica o caráter “estratégico” da revista, pois a sociologia mantinha-
se como um saber marginal e contestado no ensino superior; sua institucionalização
marcava passo. O sucesso da revista fornece a Durkheim e aos durkheimianos o meio de
provar, pelo trabalho realizado em torno de uma definição precisa do objeto da ciência,
de seu método e de seus resultados, a realidade da sociologia.
Este sucesso não deve obscurecer, todavia, o fato de que a sociologia, na França,
mantém uma condição precária na Universidade e que os próprios durkheimianos
continuam marginais, mesmo eles ocupando antes da Primeira Guerra, ou mesmo entre
as duas grandes guerras, postos intelectualmente prestigiosos na École Pratique des
Hautes Études – Hubert e Mauss, 1901; Simiand, 1911 – e no Collège de France – Mauss,
1931; Simiand, 1933; Halbwachs, 1944 – [Karady, 1976; Cuin et Gresle, 1992, t. 1].
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7. Direito
contratual,
direito
das
obrigações;
8. Direito
penal;
9. A
organização
judiciária
e
a
processual;
10. O
direito
internacional.
IV.
Sociologia
Criminal
e
a
Estatística
Moral
1. Da
estatística
moral
em
geral;
2. Nupcialidade,
divórcios;
3. Da
criminalidade
em
geral;
4. A
criminalidade
conforme
os
países
e
as
confissões
religiosas;
5. A
criminalidade
conforme
a
idade
e
o
sexo;
6. Formas
diversas
da
criminalidade
e
da
imoralidade;
7. O
sistema
repressivo;
V.
Sociologia
Econômica
1. Estudos
gerais,
método;
2. Sistemas
econômicos;
3. Tipos
de
produção;
4. Regimes
da
produção;
5. Formas
da
produção;
6. Valor,
preço
e
moeda;
7. Classes
econômicas
(da
distribuição);
8. Órgãos
da
distribuição;
9. Morfologia
da
distribuição;
10. Elementos
da
distribuição;
11. Relações
entre
os
fenômenos
econômicos
e
os
fenômenos
sociais
de
outras
categorias;
12. Economias
especiais,
agrícola,
comercial
e
industrial.
VI.
Morfologia
Social
1. Bases
geográficas
da
vida
social;
2. Da
população
em
geral;
3. Movimentos
migratórios;
4. Agrupamentos
humanos
e
urbanos;
5. A
casa.
VII.
Diversos
1. Sociologia
estética;
2. A
língua;
3. Tecnologia
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