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SÃO PAULO
2016
SÃO PAULO
2016
III
Banca Examinadora
Aprovado:
RESUMO
ABSTRACT
This monograph presents a bibliographic study and practical work on arts education in
early childhood education. The aim was to show how it’s possible, simple and rich work
with arts to improve the practice of educators in the pursuit of a meaningful learning that
involves working with all forms of arts since the first years of education. The critical and
reflective analysis of the pedagogical practice and methodological texts allowed a real
work, which was applied in the classroom throughout the school year. This study
addressed the questions of the importance of art from early childhood, the possible
exploits within the school spaces and possibilities of a work that awakens the
imagination and creativity, bringing with it a number of proposals and materials like the
photos used with babys and children. Finally, the work presents a reflection on the
organization and operation of school spaces as facilitators of early learning.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
CAPÍTULO 1: A arte na primeira infância......................................................................3
CAPÍTULO 2: Explorações e experiências estéticas: as expressões de bebês e
crianças através da arte..................................................................................................9
CAPÍTULO 3: O espaço escolar como facilitador da criatividade e imaginação....20
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................26
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................29
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INTRODUÇÃO
1. OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA
PROBLEMA
acústicos diferenciados.
No campo da dança e do teatro, a descoberta do corpo pode ser trabalhada por
meio de apreciação e experimento, com músicas de diversos ritmos, levando bebês e
crianças e mudarem seu ritmo de acordo com a entonação da música e da batida. Na
experimentação do corpo na contação e reprodução de histórias.
A rede de ensino de artes na educação infantil pode ser extensa e bem bordada,
mas depende de uma organização didática intencional e pré-elaborada rica em detalhes
que tornem a aprendizagem significativa e prazerosa para crianças tão pequenas.
A formação de professores é essencial no trabalho com crianças da educação
infantil, especialmente porque nesta idade não há um especialista para esta
modalidade. Na educação infantil, o ensino de artes é entendido como parte integrante
de todo o ensino, não podendo ser desvinculado dos demais momentos em que bebês
e crianças estão aprendendo.
É por meio das artes que a criança experimenta, vivencia e interage com o
mundo. O desenvolvimento está diretamente ligado com a aprendizagem de artes e
assim, a formação que possibilita ao profissional da educação essa visão apurada e a
construção de atividades que estimulação essa aprendizagem é essencial e parte
integrante da educação infantil.
lixas podem significar uma conquista plena do trabalho do corpo em todas as suas
possibilidades.
Com crianças, especialmente as mais pequenas, é preciso abrir o leque de
possibilidades estéticas na aprendizagem de artes. A pintura de desenhos prontos, feita
sempre com giz ou lápis sentado na mesa, nada mais é do que um momento de
disciplina do corpo. Pintar dentro dos limites pré-estabelecidos e sempre na mesma
posição, com os mesmos recursos, não pode ser considerado um trabalho efetivamente
artístico, pois a criança ao invés de explorar suas potencialidades e conhecer o mundo
por meio da arte, ela é limitada a um pequeno mundo em que deve respeitar um limite
planejado de silêncio e ordem.
A criança pequena ao receber um desenho pronto, mesmo que de um
personagem ou objeto que ela conhece e aprecia, tende a pintar todo o desenho e logo
o que já estava posto desaparece, fazendo com que perca o interesse rapidamente.
Com bebês e criança, entendemos que eles podem muito mais, é preciso oportunizar
às crianças experiências diversificadas de desenhos, ampliar seu repertório, oferecer
diferentes gravuras, fotos, obras de arte, livros e outras para garantir a ampliação do
repertório pela construção de boas referências para assim o desenho fazer sentido para
elas no intuito de a cada dia melhorar a qualidade estética do mesmo.
Neste capítulo, pretendemos mostrar experiências estéticas desenvolvidas com
crianças de 0 a 3 anos, discutir e entender essas práticas para exemplificar o trabalho
com artes na primeira fase da educação infantil.
A criança na fase maternal tem o prazer em descobrir o mundo, e essa
descoberta se dá no dia a dia com diferentes recursos e oportunidades de criação. Nem
sempre o adulto precisa estar em cima, é importante que o professor crie um ambiente
que possibilite a imaginação e deixe a criança criar livremente.
Aqui pretendemos mostrar e discutir experiências estéticas em todas as grandes
categorias de artes, teatro, música, dança e artes plásticas com crianças de 0 a 3 anos,
em uma vivência de um CEI da prefeitura de São Paulo.
Na linguagem teatral, com crianças pequenas, as professoras de uma turma de
Berçário II, com bebês de idade entre um e dois anos, as professoras criaram uma
proposta de despertar a criatividade e as diferentes significações com objetos do
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cotidiano que poderiam ser usados de acordo com a imaginação das crianças. Pedaços
de pano entregue em uma atividade com uma proposta artística teatral, podem virar
inúmeras possibilidades, crianças exploraram os panos tornando-os cachecol, outras
criaram brincadeiras ligadas a passar embaixo, em cima do pano, alguns reproduziram
um pano que cobre uma criança, como em um embalo que a mãe lhe dá, outros até
mesmo preferiram limpar as mesas, é nesse momento que os professores observam,
registram e interagem para entender e escutar as crianças. Um pedaço de pano que
pode não parecer nada para adultos, em um pequeno trabalho, foi significado e
ressignificado diversas vezes com infinitas possibilidades de interação. Os panos foram
trabalhados ao longo do mês, panos diferentes, em ambientes diversos e com
propostas amplas, criaram uma gama de atividades como as descritas abaixo:
Figura 1: Criança com um pedaço de pano, transformando-o em um cachecol
Figura 3: Neste momento, a professora amarrou os panos e as crianças brincaram de puxar uma a outra.
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Figura 4: Proposta da professora: amarração dos panos em um corredor para que as crianças
inventassem maneiras de passar (em cima, embaixo)
Figura 7: Atividade de pintura e colagem. A professora desenhou o corpo no chão, e depois as crianças
pintaram e colaram as partes do corpo no desenho. Atividade com tinta, lápis e colagem.
A criança está inserida em um mundo que produz cultura, que cria elementos
artísticos e que devem ser levados em consideração nos planejamentos pedagógicos.
Desde muito pequenos a visita a teatros e exposições que sejam adequados a faixa
etária podem agir como formadores de uma criança que se relaciona com a cultura e
cria um repertório extenso capaz de entender e admirar, no seu tempo, diferentes
formas de expressão artísticas.
A linguagem artística da música e da dança são muito trabalhadas com crianças
pequenas. É essencial no trabalho com bebês e crianças, desenvolver momentos de
dança e proporcionar a experiência de vivenciar diferentes estilos musicais. A dança é a
arte do movimento. Para dançar, não é necessário haver sempre música, sons
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corporais e do ambiente podem ritmar uma dança, mas aqui neste trabalho, vamos nos
atentar a dança com a música e a linguagem corporal ritmada.
Na escola, a dança permite a criança, evoluir o domínio do seu corpo,
desenvolver e aprimorar movimentos, descobrir novos espaços, explorar a lateralidade,
equilibrio e superar limitações.
O momento da dança implica em uma atividade que vai além da imitação de
gestos propostos pelo professor. Quando pensamos em dança, temos que ter em
mente que a criança é livre para explorar o seu corpo e criar diferentes formas de
explorar os ritmos. Assim como o desenho no papel sentado sempre a mesa é uma
forma de disciplinar o corpo, também a dança, em que o aluno é sempre refém da
imitação o é.
É importante ter a figura do professor junto na dança, mas sempre respeitando a
criança e sua maturidade. Alguns alunos têm prazer em imitar o professor, outros
preferem criar suas próprias coreografias, assim, o professor não deve criticar ou proibir
o aluno de dançar conforme sua imaginação.
É difícil imaginar que uma criança que ouça uma música alegre não tenha
vontade de dançar, é nato do ser humano se movimentar com o som. O trabalho com
música aguça os sentidos do nosso corpo como a visão, o tato e principalmente a
audição.
Não existe idade mínima para trabalhar a dança, mesmo bebês que ainda não
andam, experimentam a música e se movimentam no ritmo. Muitos tentam bater
palmas e movimentar os pés, com um trabalho sequencial que priorize as danças e as
músicas, bebês e crianças pequenas são capazes de criar coreografias simples e
representa-las. Abaixo pegamos como exemplo um trabalho desenvolvido com turmas
a partir dos 11 meses nos berçários II do Centro de Educação Infantil de um CEU da
Cidade de São Paulo que tem já em seu currículo apresentações de dança ao longo do
ano.
Desde o ingresso no CEI, as crianças frequentam os espaços do teatro e da sala
de dança. A visita semanal a estes espaços, repletos de musicalidade, são
importantíssimos para um trabalho que pretende desenvolver a criança como um todo,
em que ela é capaz de se apresentar para uma grande audiência sem ter medo do
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palco ou das cortinas. A sala de dança, repleta de espelhos, possibilita que a criança
veja seu próprio corpo e se comunique com ele.
Figura 8: bebês com idades que variam entre 6 meses e um ano visitam pela primeira vez o teatro. Na
visita os professores fizeram uma proposta de cantar e interagir com a cortina (abre e fecha) levando as
crianças para conhecer e participar do espaço
Figura 9: Bebês e crianças na sala de dança. Como a sala é grande, há a interação de várias turmas na
atividade.
Figura 10: Apresentação de final de ano. Os alunos dançaram para os pais a música I’m a Believer da
banda Smash Mouth do Filme Sherek. As crianças para a apresentação se fantasiaram de Fionas de
Shereks em alusão ao filme.
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Figura 8: Proposta coletiva musical em que as crianças e a professora batiam em uma caixa plástica
ritimando a música cantada pela professora.
Figura 9: Crianças fora da sala, em espaço aberto criando música a partir de brinquedos de
instrumentos musicais.
Na música o professor pode explorar também os sons que o corpo produz como
palmas, bate o pé, mão na perna, na barriga, na boca, a infinidade de sons que o corpo
produz é um rico caminho de autoconhecimento e aprimoramento musical.
O trabalho com música permite que bebês e crianças desenvolvam o senso
rítmico e a coordenação motora, fatores importantes também para o processo e
aquisição de leitura e escrita
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Dentro da escola, muitos são os espaços que podem ser explorados para a
aprendizagem artística. As explorações dos espaços escolares facilitam a
criatividade e a imaginação dos educandos que podem explorar, interagir e criar.
No espaço escolar, é imprescindível que o aluno reconheça seus traços. Quanto
mais exposições das manifestações artísticas das crianças, mais estes se sentiram
pertencentes dos espaços.
Nas paredes o professor pode colocar fotos de atividades dos alunos, expor
desenhos coletivos e individuais, expor objetos criados com reciclagem, argilas e
até massinhas. O importante é que a criança possa se sentir pertencendo daquele
espaço e criadora de cultura.
Colar figuras de personagens prontos para decorar a sala podem não ter o
mesmo significado e valor para a criança quanto ver seu trabalho exposto. Cada
vez que colocamos o trabalho das crianças em um local que elas vejam, é
importante pensar em uma organização estética, penduradas de maneira
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As crianças são curiosas, elas são chamadas a interagir com aquilo que lhes
desperta o interesse, e é tarefa do educador escutar a criança para entender as
atividades que lhe aguçam a participar. A medida que vamos percebendo a
necessidade da criança, vamos esculpindo nossa aula com base nos interesses e
necessidades dos bebês e crianças.
No espaço escolar, por mais barreiras que o espaço e o tempo possam criar, é
sempre possível inovar. É necessário que o educador esteja atento a gama de
atividades que podem ser oferecidas dentro e fora da sala de aula para criar
propostas interessantes e atrativas para a faixa etária dos alunos.
Em muitos momentos, atividades simples como manuseio de massinhas são
excelentes para desenvolver o tato e a sensibilidade das crianças. O que
pretendemos trabalhar neste capítulo são ações variadas que um espaço escolar
pode proporcionar para ampliar e dar sentido no repertório artístico infantil.
Experiência aqui é entendida como o ato de experimentar. Ninguém quer
experimentar todos os dias feijão e arroz, não que feijão e arroz seja ruim, é muito
bom, mas nós queremos experimentar todos os sabores que a natureza pode nos
oferecer. Dentro da sala de aula, os professores não podem dar aos alunos apenas
uma forma de arte todos os dias. O desenho, por exemplo, por mais gostoso que
seja, não pode ser todo dia com o mesmo tempero. Imagine uma escola em que
todos os dias, depois da refeição os alunos desenham com giz de cera na folha de
sulfite. Nessa escola, podemos dizer que há um trabalho intencional artístico?
Nessa metáfora proposta, podemos imaginar a criança comendo todos os dias
arroz e feijão com o mesmo tempero e na mesma quantidade, uma hora, ela enjoa.
Quão mais gostoso é cada dia ter algo novo para experimentar, novos sabores,
novos temperos, novas formas de preparar. Até pode ter feijão todos os dias da
semana, mas um dia pode ser feijão branco, no outro preto, carioca, com linguiça,
sem nenhum tipo de carne, com farinha, o desenho, assim como o feijão com arroz
é repleto de preparos, desenhos com diferentes texturas, materiais e em diferentes
espaços mantém na criança o interesse pela arte visual sempre aguçado.
Quando organizamos o espaço para a atividade, uma pergunta que o professor
pode e deve fazer sempre é: este espaço me dá vontade de interagir?
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Figura 10: Sala de aula com caixas e banheiras para as crianças interagirem como a imaginação
permitisse.
Nesta atividade simples, qualquer sala pode ser espaço de criação. A proposta
foi disponibilizar as caixas e as banheiras da própria escola para as crianças
interagirem. Muitos logo entraram na banheira por já conhecerem, outros
exploraram as caixas colocando na cabeça, entrando e saindo das caixas,
experimentando esconderijos e novos significados para os materiais disponíveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
saídas fáceis e acessíveis para o trabalho de artes com crianças pequenas. Cada
experiência aqui relatada, teve o intuito de dar voz ao profissional de educação infantil
no trabalho de artes.
O grande desafio para um trabalho com qualidade está na organização dos tempos
e espaços como facilitadores da aprendizagem. As atividades precisam ser elaboradas
com o tempo que lhes é dado em uma proposta que permita que as crianças explorem
os espaços, criem e se desenvolvam. Não é possível, por exemplo, planejar uma
atividade de 30 minutos para bebês com menos de 1 ano. O tempo está diretamente
ligado a qualidade da atividade. Caso o profissional não tenha em mente um
planejamento minuncioso, ele acabará ficando frustrado ao ter criado uma atividade que
aparentemente não lhe rendeu os frutos que ele imaginou.
As paredes da escola também são importantes no trabalho. A criança que
reconhece sua criação na parede, vai trabalhar cada dia mais para aprimorar a
qualidade estética daquilo que os professores expõem. As paredes falam, e nessa
perspectiva, o trabalho do professor também está refletido no ambiente em que ele cria.
Pensar em um trabalho estético, não é, necessariamente, pensar em uma sala bonita,
em que todos os desenhos foram impressos no computador em alta qualidade. Uma
sala com uma proposta estética, passa principalmente pela estética do trabalho dos
alunos que devem estar sempre expostos em uma altura que a criança tenha acesso
para visualizar e tocar.
O trabalho com artes visuais e com desenho é muito rico e deve ser trabalhado
frequentemente. Entendemos que o trabalho vai muito além de uma atividade em que a
criança fica sentada em uma cadeira, debruçada em uma mesa, pintando na folha A4
um desenho impresso pelo professor. O desenho e a criação da criança implicam em
memórias, observação e imaginação e podem ser explorados em diferentes ambientes
e espaços da escola, com materiais diversos.
Uma aprendizagem de artes significativa, além de necessária para o
desenvolvimento humano, é também uma aprendizagem alegre, que transmite a
felicidade do corpo e da mente. As brincadeiras de roda, de música, de dança e teatro
trazem toda a inocência e a imaginação em momentos que bebês e crianças ganham
liberdade para se expressar de forma global e encantadora.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIERI, Stela. Interações: Onde está a arte na infância? Ed. Edgard Bluter. São
Paulo, 2012
FIGUEREDO, Lenita Miranda de. História da Arte para Crianças. Ed. Cengage
Learning. 2º ed. São Paulo, 2011
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. Ed. Mestre Jou. São Paulo, 1954