Você está na página 1de 23

LEI DE CRIMES

AMBIENTAIS
LEI 9.605/1998
GABRIEL HENRIQUE DA SILVA
DISCIPLINA: GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
PROFESSORA SUZANA MARIA DE CONTO
 Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos
nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e
de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa
jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a
sua prática, quando podia agir para evitá-la.

 Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e


penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Contra a fauna (arts. 29 a 37)

 São as agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em


rota migratória, como a caça, pesca, transporte e a
comercialização sem autorização; os maus-tratos; a realização
experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro
meio, independente do fim. Também estão incluídas as agressões
aos habitats naturais dos animais, como a modificação,
danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro
natural. A introdução de espécimes animal estrangeiras no país
sem a devida autorização também é considerado crime
ambiental, assim como a morte de espécimes devido à poluição.
 Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o
perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
 Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
 Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
 I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de
domínio público;
 II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem
licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
 III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
Contra a flora (art. 38 a 53)
 Causar destruição ou dano a vegetação de Áreas de Preservação
Permanente, em qualquer estágio, ou a Unidades de Conservação; provocar
incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões
que possam provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda,
exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de
origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com esta; extrair
de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia,
cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural
de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas
de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia;
comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
Área de Preservação Permanente

 Segundo o atual Código Florestal, Lei nº12.651/12:


 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas;
Unidade de Conservação (UC)

 Unidade de Conservação (UC) é a denominação dada


pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC) (Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000) às áreas naturais
passíveis de proteção por suas características especiais. São
"espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção da lei" (art. 1º, I).
 As UCs têm a função de salvaguardar a representatividade de porções
significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e
ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o
patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais
o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às
comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas
sustentáveis.
 As unidades de conservação da esfera federal do governo são administradas
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nas
esferas estadual e municipal, por meio dos Sistemas Estaduais e Municipais de
Unidades de Conservação.
 Segundo a legislação vigente, as UCs são criadas por meio de ato do Poder
Público (Poder Executivo e Poder Legislativo) após a realização de estudos
técnicos da importância ecológica dos espaços propostos e, quando
necessário, consulta à população.
Balões – art. 42
 Dentre os crimes contra a flora, um dos mais notórios é a soltura de balões.
Diante dos grandes riscos e prejuízos que os balões juninos podem provocar,
especialmente na época da seca, o que antes era só contravenção (delito de
pouca importância), agora é crime. O art. 42 estabelece que fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação é crime com pena de um a três anos de
detenção e/ou multa. Conforme o art. 59 do Dec. 6.514/08, a multa é de 1 mil a
10 mil reais por balão.
Poluição e outros crimes
ambientais (art. 54 a 61)
 Todas as atividades humanas produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no
entanto, apenas será considerado crime ambiental passível de penalização a
poluição acima dos limites estabelecidos por lei. Além desta, também é
criminosa a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana,
mortandade de animais e destruição significativa da flora. Assim como, aquela
que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica
que torne necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção
de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou
irreversível.
 São considerados crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursos
minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-
recuperação da área explorada; a produção, processamento, embalagem,
importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte,
armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas
ou nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; a operação de
empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em
desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de crime
ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam causar
dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.
Empreendimento sem licença
ambiental – art. 60
 Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em
qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas
legais e regulamentares pertinentes:

 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.
Contra o ordenamento urbano e o
patrimônio cultural (art. 62 a 65)
 Ambiente é um conceito amplo, que não se limita aos elementos
naturais (solo, ar, água, flora, fauna). Na verdade, o meio ambiente
é a interação destes, com elementos artificiais -- aqueles formados
pelo espaço urbano construído e alterado pelo homem -- e
culturais que, juntos, propiciam um desenvolvimento equilibrado da
vida. Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da cultura
também configura um crime ambiental.
 Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

 Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento


urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Contra a administração ambiental
(art. 66 a 69)
 São as condutas que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua
função fiscalizadora e protetora do meio ambiente, seja ela praticada por
particulares ou por funcionários do próprio Poder Público. Comete crime
ambiental o funcionário público que faz afirmação falsa ou enganosa, omitir a
verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos
de autorização ou de licenciamento ambiental; Ou aquele que concede
licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais,
para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato
autorizativo do Poder Público. Também comete crime ambiental a pessoa que
deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, quando tem o
dever legal ou contratual de fazê-la, ou que dificulta a ação fiscalizadora sobre
o meio ambiente.
 Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou
qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório
ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
omissão:(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
11.284, de 2006)
 § 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
 Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 11.284, de
2006)
 § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano
significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa,
incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Infrações Administrativas – art. 70 a
76
 São infrações administrativas quaisquer ações ou omissões que violem regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
A Lei de Crimes Ambientais disciplinou as infrações administrativas em seus arts.
70 a 76, e foi regulamentada pelo Dec. 6.514/08.
 O Poder Público, no exercício do poder fiscalizador, ao lavrar o auto de infração
e de apreensão, indicará a multa prevista para a conduta, bem como, se for o
caso, as demais sanções estabelecidas no decreto, pela análise da gravidade
dos fatos, dos antecedentes e da situação econômica do infrator. A aplicação
de sanções administrativas não impede a penalização por crimes ambientais, se
também forem aplicáveis ao caso.
 Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração ambiental,
poderá apresentar representação às autoridades integrantes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). A autoridade ambiental não tem
escolha: uma vez ciente, deverá promover imediatamente a apuração da
infração ambiental sob pena de corresponsabilidade.
SISNAMA
 O Sisnama está estruturado e com base na lei 6.938/81, que institui a criação de
um Conselho de Governo que reúne ministérios e a Casa Civil da Presidência da
República para a elaboração das diretrizes voltadas ao meio ambiente, além
de órgãos fiscalizadores do meio ambiente como:
 Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é formado por membros
do Governo Federal, Estadual e Municipal, além de contar com profissionais do
meio ambiente e até mesmo líderes comunitários que tenham engajamento e
preocupação com o assunto;
 Ministério do Meio Ambiente (MMA), que elabora, aplica e supervisiona as
normas ambientas em todo o país;
 Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), que é o grande executor das normais ambientais anteriormente
definidas pelos órgãos governamentais;
 Órgãos Seccionais, que são as entidades estaduais responsáveis por todo o
processo e, por fim, os Órgãos Locais ou Entidades Municipais, que controlam e
gerenciam as boas práticas ambientais nos municípios.
 Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções,
observado o disposto no art. 6º:
 I - advertência;
 II - multa simples;
 III - multa diária;
 IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração;
 V - destruição ou inutilização do produto;
 VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
 VII - embargo de obra ou atividade;
 VIII - demolição de obra;
 IX - suspensão parcial ou total de atividades;
 X – (VETADO)
 XI - restritiva de direitos.
 § 8º As sanções restritivas de direito são:

 I - suspensão de registro, licença ou autorização;

 II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

 III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

 IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em


estabelecimentos oficiais de crédito;

 V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até


três anos.
 “A Lei 9.605/98 tem como inovações marcantes a não utilização do
encarceramento como norma geral para as pessoas físicas
criminosas, a responsabilização penal das pessoas jurídicas e a
valorização da intervenção da Administração Pública, através de
autorizações, licenças e permissões”. (MACHADO, Paulo Affonso
Leme. Direito ambiental brasileiro. p. 659.)

 Zenildo Bodnar afirma que enquanto jurisdicionou como Juiz da


Vara Federal Ambiental de Florianópolis, realizou, juntamente com
toda a equipe, uma pesquisa nos processos criminais e constatou
que de um total de aproximadamente 700 (setecentos)
procedimentos, 50% estariam fulminados pela prescrição.
(BODNAR, Zenildo. O concurso de crimes ambientais: artigos 48 e 64
da Lei 9.605/98, possibilidade e necessidade. Revista de Direito
Ambiental, São Paulo, v. 16, n. 62, p. 267, abr.-jun. 2011.)
 “Conforme pesquisa, os processos na Justiça Federal eram
demorados e poucos foram concluídos ou estavam a caminho da
efetiva responsabilização dos infratores. Em 91% dos casos judiciais,
o Ministério Público Federal propôs acordos de transação penal.
Até março de 2003, de 55 casos, apenas um caso foi concluído e
seu processo durou 522 dias úteis. Outros 18% estavam cumprindo
transação penal, mas 70% desses casos estavam com atraso no
cumprimento do acordo. Ainda um caso – ou 2% do total –
aguardava suspensão processual. Em 62% dos casos a Justiça
Federal não encontrou os acusados, principalmente devido à
suposta mudança de endereço dos mesmos. Além disso, 10% dos
processos aguardavam despacho inicial do juiz para proceder a
citação e agendamento da audiência e 6% dos casos
aguardavam a solução de problema processuais, como conflito de
competência entre Justiça Federal e Estadual para julgamentos de
crimes ambientais”. (BRITO, Brenda. BARRETO, Paulo. Sugestões para aumentar a
eficácia da lei de crimes ambientais no IBAMA e nos Tribunais de Justiça no setor florestal
do Pará. Disponível em: https://imazon.org.br/publicacoes/sugestoes-para-aumentar-a-
eficacia-da-lei-de-crimes-ambientais-no-ibama-e-nos-tribunais-de-justica-no-setor-florestal-
do-para/)

Você também pode gostar