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PIREHOWSKI, Dariane
STANISKI, Adelita
INTRODUÇÃO
estar atento para os processos produtivos que conformam hoje o ser trabalhador
do campo, e participar do debate sobre as alternativas de trabalho e opções de
projetos de desenvolvimento locais e regionais que possam devolver dignidade para
as famílias e as comunidades camponesas (CALDART, 2008 p.24).
DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS
Nas escolas não existe disciplina específica para trabalhar educação ambiental
devendo ser trabalhada na interdisciplinaridade, sendo todos os educadores responsáveis por
repassarem os conhecimentos para os alunos em todos os anos escolares.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais, nos
objetivos do Ensino Fundamental o aluno deve ser capaz de “perceber-se integrante,
dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações
entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente” (BRASIL, 1999, p.
07). Cabe destacar que os alunos investigados da Escola Estadual da Ressaca Padre Anchieta
além de agentes que reconhecem o lugar que vivem e que promovem transformações,
pertencem a área rural, sendo a educação do campo reconhecida por diretrizes próprias no
Estado do Paraná.
A educação de campo surge decorrente da pressão dos movimentos sociais pelo
acesso a educação tendo em vista a falta de políticas públicas voltadas aos agricultores
familiares, que muitas vezes deixavam de estudar pela dificuldade de se chegar até a escola
enfrentando longas distâncias, estradas em mal estado de conservação (CALDART, 2010).
Assim, foram estabelecidos os princípios da educação do campo: “respeito à diversidade do
campo em seus aspectos sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero,
geracional e de raça e etnia” (BRASIL, 2010).
Para Silva e Fagundes (2010) o campo aparece como local de disputa entre a
agricultura modernizada do agronegócio e o camponês pequeno agricultor familiar, nessa luta
de classes é necessário a escola trazer reflexão do social, para que se consiga fazer um
desenvolvimento do campo com práticas menos nocivas ao meio ambiente, as quais
mantenham a biodiversidade, com redução do uso de agrotóxicos, entre outros. Assim:
Pensando no futuro nada mais evidente do que investigar as gerações atuais para
despertar um olhar crítico dos alunos sobre os problemas ecológicos. Para Moreira (1995, p.
50) “nas escolas não se aprendem apenas conteúdos sobre o mundo natural e social;
adquirem-se também consciência, disposições e sensibilidades que comandam relações e
comportamentos sociais do sujeito e estrutura sua personalidade”. Levando em consideração a
importância do tema na educação do campo, foram investigados como se configuram as
práticas produtivas das famílias como também as atitudes individuais dos alunos.
Apesar de residir na área rural a ocupação dos pais não esta ligada a agricultura, 80
% trabalham na prestação de serviços, sendo que apenas 6 % indicaram a agricultura como
fonte de renda, 3% praticam a atividade de granjeiro, 3% sobrevivem da aposentadoria e 8 %
não responderam ( principais motivos não moram com o pai).
Entre as atividades de prestação de serviço o destaque foi para pedreiro onde 37%
dos pais trabalham. Os demais 43 % indicaram como trabalho: motorista, prefeitura, leiteiro,
borracheiro, empresa de suínos, soldador, maquinista, entregador de materiais, serviços
gerais, empresa de ração, em fazenda, caminhoneiro, operador de maquina, tratorista e
serraria.
O trabalho em sua maioria desenvolvido na área urbana é decorrente da facilidade
de acesso ao centro da cidade e da busca por melhores oportunidades, pois, com a
mecanização no campo muitas famílias não conseguiram adquirir essas tecnologias, ou por
não poder competir no mercado agrícola, buscam outras formas de sobrevivência.
Apesar de a agricultura não ser a atividade principal de sobrevivência, os sistemas de
produção tradicionais, sua cultura ainda são mantidos. Pois pequenas áreas de cultivos foram
relatadas por 53% dos alunos onde os pais plantam: verduras, milho verde, feijão, soja,
morango, beterraba, alface, batata e árvores frutíferas. Com destaque para milho, feijão que é
um dos principais cultivos e a soja cultivada por uma minoria das famílias dos alunos. Os
demais demonstraram que seus pais já não apresentam vínculo com a terra apesar de viver em
uma área rural.
Com relação a atividades desenvolvidas pelas mães, 68% indicaram ser donas de
casa, cuidam do lar. O que se verifica como uma cultura do bairro, já que a maioria das
meninas ainda são ensinadas pelos seus pais para casar e exercer a função de dona de casa,
fato que se verifica no âmbito escolar devido aos casos de evasão decorrente do casamento. O
restante 32 % estão no mercado de trabalho e desenvolvem atividades no setor de prestações
de serviços.
Os alunos responderam a questões objetivas e subjetivas. Inicialmente partiu-se do
questionamento a respeito da preservação do meio ambiente em meios de comunicação e 72%
relataram ter sim acessado informações sobre o cuidado com o meio ambiente. Entre os
assuntos eles citaram: “não jogar lixo no chão”, “preservar”, “não poluir”, “mundo
melhor”, “não desmatar”, “cuidar da água”, “mundo vai sofrer se não cuidar”, “preservar
é importante”, “cuidar das árvores,”etc. No entanto 27% afirmaram não ter percebido na
televisão ou outros meios de comunicação a presença desses temas.
A importância de estudar educação ambiental na escola foi apontada por 94% dos
alunos, para eles é importante preservar: “para que as futuras gerações não sofram as
consequências dos nossos atos”, “ ter um vida sustentável”, “para que o mundo não seja um
lugar pior de se viver”, “precisamos do planeta”, “ter um cidade limpa sem poluição”,
“porque nosso futuro está nas mãos do planeta”, “viver mais e com qualidade”, etc. Para os
demais 6% dos alunos a educação ambiental não foi percebida ou não souberam opinar.
Ao serem questionados se estudaram educação ambiental na escola 90% responderam
que sim, apontando como disciplinas responsáveis: Ciências 58 %, Geografia 11%, Projeto
Mais Educação 11% e outros 20 %. Os anos que mais abordaram o tema foram do 3º ao 9º
ano, com destaque para o 4º, 5 º e 6 º ano. Ressalta-se o desenvolvimento do tema pelas
diferentes disciplinas já que conforme os PCNs/Meio Ambiente:
É preciso partir do local para o global no ensino para que o aluno compreenda o
quanto é importante sua atitude e que suas ações afetam não somente onde vive, mas geram
resultados para todo o mundo. Os dados obtidos na pesquisa mostraram que 81 % dos alunos
se preocupam com o meio ambiente da cidade/bairro, pelos seguintes motivos: “para ensinar
os filhos‟, “preservar o meio ambiente”, „não faltar água, comida”, “porque é onde
vivemos”, “para ser bonito”, „para fazer bem para nós‟, “por ser importante”, “para ter
uma vida melhor”, “ter oxigênio”, “mantê-la limpa”, organizada e preservada para evitar
doenças e enchentes”, “cuidar de uma porção do mundo”, “será o futuro dos nossos filhos”,
“cuidar do que também é meu” e “pela beleza, por um lugar mais limpo e como
consequência mais valorizado”, etc.
No entanto a preocupação com o meio ambiente não atinge a todos os alunos 19 %
ainda não se preocupam com as ações que realizam em relação ao meio ambiente, o que
demonstra que para alguns, os problemas ambientais aparecem como algo global e distante da
sua realidade, algo visto na escola e não percebem que as pequenas ações do dia a dia também
são parte desse global. Essa valorização do local é essencial para “[...] resgatar os vínculos
individuais e coletivos com o espaço em que os alunos vivem para que se construam essas
iniciativas, essa mobilização e envolvimento para solucionar problemas” (BRASIL, 1988, p.
190).
Os rios próximos a moradia dos alunos são utilizados como meio de entretenimento
pela comunidade, onde 60% dos alunos frequentam e o consideram limpo, verifica-se de
maneira geral que existe preservação. No entanto, ela não é preocupação de todos, pois podem
ser encontrados no local a presença de alguns plásticos, lixos e sacolas. Assim, dentre as
atividades que são desenvolvidas no bairro e que podem prejudicar o meio ambiente foram
citadas: queimadas (32 %), jogar lixo em local indevido (45 %) e desmatamento (23%).
Ao final da entrevista foi sugerido aos alunos que indicassem atividades que
consideram como mais importantes, tendo como resultado, em primeiro lugar preservar as
árvores, em seguida preservar a água, consumir produtos industrializados e por último
comprar aparelhos modernos como celular, computador.
A educação ambiental está incluída no ambiente escolar, através do pensamento e
das atitudes dos alunos. São relatos que demonstram que mesmo sendo crianças e
adolescentes já possuem noções claras de suas ações sobre o planeta.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
CALDART, R. S. Educação do Campo: notas para uma análise de percurso. In: Hilário,
Erivan. (Organização). Educação do Campo: Semiárido, Agroecologia, Trabalho e Projeto
Político Pedagógico. Coleção Cadernos Temáticos, Santa Maria da Boa Vista/PE. Setembro,
2010. p. 15-40.
MELO, M. S. de; MATIAS, L. F.; GUIMARÃES, G. B.; BARBOLA, I. de F.; MORO, R. S.;
CRUZ, G. C. F. da; MORO, P. R.; MOREIRA, J. C. Piraí da Serra - proposta de nova unidade
de conservação nos Campos Gerais do Paraná. Publicatio Uepg Ciências Biológicas e da
Saúde, Ponta Grossa, v. 10, n. 3/4, p. 85-94, 2004.